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ARTIGO FORMATADO

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JUSTIÇA RESTAURATIVA
RESTORATIVE JUSTICE
Laila Vitória Costa Sento Sé
Marcio Santana
Rafael Nobre Saraiva Lelis
Vinicius Antônio Teles Melo dos Santos
Yasmin Garcez Rodrigues
RESUMO: O presente trabalho tem o compromisso de abordar a respeito da temática da justiça restaurativa, constatando sobre a ruptura à necessidade de um outro modelo que seria mais eficaz para o fenômeno criminal, em observância com os aspectos teóricos práticos e ainda abordando com coadunabilidade o método de sistema em âmbito jurídico nacional. 
PALAVRAS-CHAVE: Justiça Restaurativa; Modelo Eficaz; Aspectos Teóricos; Âmbito Jurídico. 
ABSTRACT: This work is committed to addressing the issue of restorative justice, noting about the rupture of the need for another model that would be more effective for the criminal phenomenon, in compliance with practical theoretical aspects and also addressing with consistent compliance the system method in the national legal sphere.
KEY WORDS: Restorative Justice; Effective Model; Theoretical Aspects; Legal Scope.
1. INTRODUÇÃO 
O termo de justiça além por ser um conceito abstrato cada indivíduo concebe tal termo de variadas formas de acordo com sua cultura, com meio de convívio social, moralidade, valores etc. Segundo Hans Kelsen (1985, p.34) “Justiça é a virtude que dá a cada um o que é seu” (Justitia porro ea virtus est, quae sua cuique distribuit)”.
No direito de forma geral sempre tenta alcançar o ideal da ordem justa, com seus diversos princípios, leis, como próprio artigo 5° da Constituição Federal cita “todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza”, sob o aspecto criminal não podia ser diferente.
É notório que no nosso sistema de justiça criminal tradicional acumula um histórico de uma crise das mais diversas naturezas. Segundo o Levantamento Nacional de Informações Penitenciárias (Infopen), o Brasil alcançou em 2016 terceira maior população carcerária do mundo com 726 mil presos. No presente ano, o Funpen (Fundo Penitenciário Nacional) repassou R$ 1,2 bilhão aos Estados para obras, reformas, investimento e custeio do sistema penitenciário, mesmo persiste em existir problemas como superlotações em cadeias públicas, presidiários vivendo em condições subumanas, aumento da população carcerária.
Partindo do pressuposto que todo crime é um conflito, mas nem todo conflito é crime, conclui-se que nem todos os tipos penais interessa a vítima a condenação do acusado na pena que irá restringir a  liberdade do mesmo, existem casos ainda que a vítima tem o desejo de reconciliar-se com o ofensor, por exemplo em crimes de violência domestica , em que muitas das vezes o encarceramento do réu acaba por agravar a situação da convivência familiar.
Deste modo, a justiça restaurativa apresenta nova abordagem para  a solução do conflito, se contrapondo ao modelo de justiça tradicional ,  diferente daquela com intuito de restringir a liberdade do réu, objetivando um acordo restaurativo, permitindo a vítima e ofensor expressar-se  acerca do conflito, expondo efetivamente os sentimento passados por aquele fato típico, compartilhando experiências de vida,  gerando empatia para  ambas as partes.
Neste sentido, o presente artigo tem como finalidade abordar os aspectos da justiça restaurativa e a sua aplicação como forma de reforço ao modelo de justiça tradicional.
2. DA CONSTATAÇÃO DE UMA RUPTURA À NECESSIDADE DE UM OUTRO MODELO PARA O FENÔMENO CRIMINAL 
Datada seu início na década de 1970 nos Estados Unidos, a justiça restaurativa nasceu com enfoque ressocializador tornando possível a interação da vítima e ofensor e a sociedade acerca sobre o delito praticado, deste modo chegando em um consenso para solucionar todas as causas e consequências em torno do ato praticado.
Na acertada definição legal contido na Resolução 2002/12 da Organização das Nações Unidas entende-se por práticas restaurativas:
Processo restaurativo significa qualquer processo no qual a vítima e o ofensor, e, quando apropriado, quaisquer outros indivíduos ou membros da comunidade afetados por um crime, participam ativamente na resolução das questões oriundas do crime, geralmente com a ajuda de um facilitador. Os processos restaurativos podem incluir a mediação, a conciliação, a reunião familiar ou comunitária (conferencing) e círculos decisórios (sentencing circles).
Programa de Justiça Restaurativa significa qualquer programa que use processos restaurativos e objetive atingir resultados restaurativos.
Caracterizando crime sendo uma ação ou omissão gerando danos a uma pessoa seja material ou psicológico é necessário determinar a extensão desse dano e de como repara-los, para isso nada mais justo estabelecer uma linha integrativa para que o réu a vítima e a comunidade apliquem esforços para encontrar soluções e restaurar o convívio harmonioso entre os mesmos.
Segundo a mesma Resolução 2002/12 da Organização das Nações Unidas:
Focando o fato de que essa abordagem permite que as pessoas afetadas pelo crime possam compartilhar abertamente seus sentimentos e experiências, bem assim seus desejos sobre como atender suas necessidades.
Percebendo que essa abordagem propicia uma oportunidade para as vítimas obterem reparação, se sentirem mais seguras e poderem superar o problema, permite os ofensores compreenderem as causas e consequências de seu comportamento e assumir responsabilidade de forma efetiva, bem assim possibilita à comunidade a compreensão das causas subjacentes do crime, para se promover o bem estar comunitário e a prevenção da criminalidade, observando que a justiça restaurativa enseja uma variedade de medidas flexíveis e que se adaptam aos sistemas de justiça criminal e que complementam esses sistemas, tendo em vista os contextos jurídicos, sociais e culturais respectivos. 
Vale ressaltar que com as práticas restaurativas visando o acordo entre indivíduos ( réu, vítima e sociedade em geral) , além de promover citado encontro objetivando responsabilizar o autor da infração , restaurando status quo ante bellum à vítima , é concebido a o mesmo subjetivamente reflexões acerca da capacidade do arrependimento, em contrapartida relação a vítima a experiência do perdão tornando possível a integração social e familiar daqueles infratores.
Conforme preleciona Marcelo Gonçalves Saliba:
A reinserção social não é condicionada pela compensação material dos prejuízos, podendo, muitas vezes, a conscientização do desviante ser alcançada com o ato desprovido de interesse material da outra parte. O despertar da consciência ocorre não somente com o sofrimento material e pessoal da família do delinqüente, a suportar a indenização pelos danos e as dores da punição, mas, principalmente, como ato conscientizador de vislumbrar uma resposta desprendida de interesses materiais para a reconquista da paz. (SALIBA, 2009, p. 171-172). 
Desta forma, para uma busca ao processo restaurativo bem-sucedido não somente vislumbramos no aspecto material do fato em si, mas no conjunto de interesses extrapatrimoniais, sob a ótica do benefício de toda sociedade envolvida a fim de as consequências do fato típico praticado.
A aplicação da justiça restaurativa pode ser flexível, podendo ser aplicada antes, durante e depois da judicialização.
Primeiramente poderá apresentar como mecanismo como forma de desjudicialização do conflito, ou seja, buscando uma solução distinta daquela de propor a lide ao poder judiciário, antes mesmo de ser manejada qualquer ação.
Mas, contudo, nada impede que também poderá ser utilizada dentro do poder judiciário, como forma de reforçar o sistema de justiça tradicional, nesse aspecto estaria apresentado durante o processo, em hipóteses de transação penal em que cumprindo os requisitos estabelecidos em lei poderá o Ministério Público utilizando de métodos restaurativos acordar com o acusado sua pena.
E por fim poderá ser utilizado na fase de execução de sentença, em que um autor de um crime, já estaria cumprindo sua pena e mesmo nessas circunstâncias realiza-se o processo circular para que esse ofensor ele entendaa dimensão danosa do seu ato e que a vítima consiga entender a circunstância daquele ato sob outra visão.
2.1. A CRISE DO SISTEMA PRISIONAL 
O sistema prisional sempre enfrentou um dos seus maiores desafios, que é a precariedade do sistema carcerário, onde resulta em crise nas penitenciárias, por conta da falta de estrutura e como consequência a ineficiência da ressocialização. 
Ao relatar essa situação, Norberto Cláudio (2014, p. 178) que diz:
Infelizmente, no Brasil a realidade carcerária corre à revelia dessa normatização, caracterizando-se muitas de nossas penitenciárias como ambientes absolutamente insalubres, onde se concentram, na mesma cela, número de presos superior à sua capacidade, prejudicando sensivelmente o processo de readaptação do preso à sociedade. Consequência dessa situação desastrosa que atinge o preso é a criação de ambiente negativo ao reajustamento, facilitando a reincidência criminosa que, bem sabemos, atinge níveis alarmantes no país. 
Resultando em um modelo com as funções totalmente diferentes no que está expresso na legislação vigente, de forma que fere os princípios essenciais, a integridade pessoal, transformando-se em um local completamente deletério e desumano para se viver, dificultando a ressocialização do preso. 
Afirma Salo de Carvalho (2003,p.179) sobre a política da ressocialização: 
“As reformas das codificações penais ocidentais da década de oitenta, orientadas pelo movimento da nova defesa social, consagraram a ressocialização do condenado como principal objetivo da pena. A reforma brasileira de 1984, seguindo rumos políticos pelo movimento eurocentrista, encontrou na pedagogia ressocializadora e na concepção meritocrática os signos ideais para edificação legislativa.”
Está expresso na Lei nº7.210/84 de Execuções Penais, no artigo 1º que “a execução penal tem por objetivo efetivar as disposições de sentença ou decisão criminal e proporcionar condições para a harmônica integração social do condenado e do internado”.
Essa ressocialização pode se alcançar, através da aplicação da pena, mas observa-se que esse objetivo tem falhado, pois não está havendo o cumprimento das Leis que regem o sistema penal e como deve funcionar as unidades carcerárias. É de suma importância a ressocialização de uma pessoa que estar presa, mas se o ambiente que o carcerário está convivendo não é propício a oferecer nenhuma base social para voltar a conviver com sociedade, não tem como haver uma ressocialização. 
2.1 VITIMOLOGIA 
Surgiu para observar se a vítima estar recebendo ou não o suporte que é lhe oferecido no decorrer do processo, que é punir o réu e proteger a sociedade e o bem jurídico em questão.
A vitimologia iniciou-se no Brasil acerca do ano de 1958, sendo pouco explorada pelos doutrinadores a cerca desse assunto. 
O primeiro estudante sobre vitimologia foi Benjamin Mendelsohn, que resolveu pesquisar como os judeus se comportava nos campos de concentração nazista. Primeiro ele conceitua a vitimologia como o estudo das vítimas de crimes. Depois de muitos estudos, agentes internos e externos, sendo um deles o ponto de vista psicossocial, definiu como “ciência sobre as vítimas e a vitimização”.
Segundo o autor Alberto Peixoto (2012, p.15) a vitimologia no aspecto marxista: 
“a vitimologia tanto ao nível da infra-estrutura como da superestrutura surge por uma dupla necessidade. Enquanto ao nível da infra-estrutura a vitimologia surge como uma necessidade perante os actos de vitimização, produzidos pelos indivíduos em interacção, para produzir conhecimento científico tendente a compreender e a prevenir a vitimização, na superestrutura a vitimologia surge como uma necessidade para produzir o conhecimento científico de modo a compreender e a minimizar as consequências da vitimização no âmbito da actividade humana gerada na infra-estrutura”
Com o início das pesquisas sobre vitimologia, houve um grande avanço de suma importância para refazer o atual sistema penal. 
Por sua vez Kosovski expõem da seguinte forma: 
[..] a abordagem vitimológica mostrou-se uma esperança, não de resolver o problema da criminalidade, mas de reduzi-lo e dar um tratamento mais humanitário e justo aos segmentos menos favorecidos da sociedade, auscultando-os, dando-lhes voz, incluindo-os como vítimas mais vulneráveis nas decisões sobre o seu destino, com o objetivo máximo de encontrar respostas positivas e benefícios para as partes envolvidas e, assim, aproximar-se da Justiça. O que também é o escopo dos Direitos Humanos e do Restaurativismo (KOSOVSKI, 2008, p.150-151). 
Destarte, a vitimologia por meio da estimulação à realizar mediação, conciliação e reparação, foram destinados a aumentar a participação das vítimas no sistema penal, o grande mérito de dar notoriedade à importância da vítima na solução dos conflitos penais. 
3. ASPECTOS TEÓRICOS PRÁTICOS QUE CERCAM A JUSTIÇA RESTAURATIVA 
A Justiça Restaurativa trabalha principalmente em três dimensões: 
a) da vítima: Na dimensão da vítima a Justiça Restaurativa procura buscar o seu empoderamento, na medida em que o conflito compromete o sentido de autonomia. No sistema tradicional a vítima é vista apenas como objeto de prova, quando em verdade é a principal atingida pelo conflito e deveria participar ativamente de sua resolução. A Justiça Restaurativa oportuniza à vítima esta participação e o conhecimento das medidas que estão sendo adotadas para reparar o mal sofrido. Essa dimensão é essencial no processo restaurativo ainda que ocorra de maneira indireta ou simbólica (exemplo: homicídio, em que a vítima é representada pela família; tráfico de drogas, em que a vítima é sociedade).
b) do ofensor: Na do ofensor busca inspirar nele o senso de responsabilização, para que compreenda efetivamente as consequências da sua conduta e o mal causado e contribua, conscientemente, com a construção de mecanismos para a reparação desse mal. O agressor não se sente responsável pelo dano quando é condenado a repará-lo por meio de uma decisão verticalizada. Muitas vezes, sente-se vítima da sociedade quando é condenado a reparar o dano e não percebe que a sua reparação é uma forma de amenizar o mal. Trabalha-se também com o ofensor o sentido de pertencimento. Para que se sinta responsável pela resolução do conflito deve se sentir parte da comunidade que desestruturou com a sua conduta. 
c) da comunidade: Na dimensão comunitária, pretende resgatar e fortalecer o senso de coletividade e o sentimento de corresponsabilidade, no estabelecimento de inter-relações horizontais. Em grande parte das relações conflituosas, a comunidade na qual a vítima e o ofensor pertencem é atingida pelo conflito e deve ter a prerrogativa de colaborar na restauração dos interessados. A participação ativa da comunidade diminui a sensação de impunidade, que muitas vezes decorre do desconhecimento do processo e das medidas aplicadas. O sentimento de inoperância do Estado leva as pessoas a querer fazer “justiça com as próprias mãos”. 
 
3.1. PRINCÍPIOS BÁSICOS
A Justiça Restaurativa é sustentada por diversos princípios, dentre os quais destacam-se os da voluntariedade, do consenso e da confidencialidade.
a) Voluntariedade: A Justiça Restaurativa apenas pode ser aplicada com a aprovação expressa dos interessados, a qual inclusive pode ser retirada a qualquer tempo durante o procedimento. Na busca do diálogo e da compreensão, os interessados devem ser esclarecidos sobre seus direitos, vantagens e consequências, para que então, com o devido conhecimento, sintam-se preparados para optar pelas práticas restaurativas e pela construção conjunta da solução para o conflito.
b) Consenso: A Justiça Restaurativa visa a construção conjunta de um ajustamento entre os sujeitos envolvidos no conflito. Para que haja esse ajustamento, todos devem estar cientes e de acordo com seus direitos e obrigações O consenso aqui tratado não se refere ao acordo eventualmente firmado entre os interessados para resolução do conflito, mas sim quanto a participação e condução da prática. Deve ter uma característica integrativa.c) Confidencialidade: Todas as situações vivenciadas são acobertadas pela confidencialidade e consequentemente não poderão, caso não haja ajustamento entre as partes ser utilizadas como prova endoprocessual. A confidencialidade é essencial para que os interessados se sintam confiantes para exporem suas experiências, seus sentimentos e como a relação conflituosa afetou suas vidas. A regra da confidencialidade é mitigada por autorização expressa das partes, violação à ordem pública ou às leis vigentes.
4. JUSTIÇA RESTAURATIVA NO PANORAMA BRASILEIRO 
A justiça restaurativa tem um papel fundamental na sociedade brasileira, pois exerce uma função de grande responsabilidade no mecanismo jurídico e no reestabelecimento de indivíduos ao meio social. De forma breve e superficial é notório o impacto que uma justiça baseada na teoria da restauração causa na sociedade e no futuro dela. 
Compreender o funcionamento do sistema prisional e punitivo de forma educativa e preparatória gera resultado e influencia no avanço dos meios utilizados para a reeducação do indivíduo e, portanto, contribui para a evolução da sociedade como um todo.
Contudo, podemos compreender de forma ampla que a restauração daquele que cometeu práticas ilícitas e foi condenado só tende a transformar e melhorar a sociedade. Dessa forma, valores são agregados, e essa preparação para devolver o condenado ao meio social resulta em maior facilidade para encontrar emprego e aceitação perante toda comunidade.
Analisando a história, esse instituto é muito relevante e presente onde promoveu mudanças e reviu conceitos, acrescentando, objetivamente, sua contribuição ao surgimento de um novo foco dentro do direito penal. Portanto, deve-se verificar que a legislação local, optou por não seguir a ideia de combater o mal com o mal e tenha se tornado mais preocupada com as questões de âmbito humano, com a análise de que à resolução do conflito de forma mais eficaz e útil a todos os protagonistas do sistema jurídico.
No Brasil, podemos resumir o posicionamento referente ao assunto de acordo com uma explanação feita pelo Ministro Lewandovski que fundamentou com base no art. 1º da Constituição Federal de 1988 “(...) que o povo brasileiro exerce o poder, participa da gestão da coisa pública, seja nos setores da educação, da cultura, esporte, meio ambiente e, agora, no âmbito do Poder Judiciário”; e acrescentou: “[é] um problema que o sociólogo português Boaventura de Sousa Santos chamou de explosão de litigiosidade. Só no Brasil nós temos quase cem milhões de processos em tramitação para apenas 18 mil juízes, dos tribunais federais, estaduais, trabalhistas, eleitorais e militares”.15 
Deixando clara a relação de embate entre a judicialização e a justiça restaurativa no Brasil. O ministro também defende a harmonização e um olhar mais humano para tratar de assuntos dessa categoria, se juntando a uma teoria mais humanitária. 
O direito em toda sua extensão abre espaço para a reflexão e revitalização daqueles menos favorecidos. A condenação gera diversos danos ao indivíduo e deve haver alguma reparação, como na teoria exposta por Pallamolla: 
O direito penal torna objetivas demais as partes do processo, reforçando dicotomias, ao enfatizar os papéis da vítima e do agressor, tipificando-os; e focando na retribuição de fatos passados. Tornar a punição menos imediata e mais refletida demonstra-se o grande desafio para a justiça penal de nossos dias. 
Quanto ao objetivo, a justiça restaurativa, ao propor o respeito às partes como um valor fundamental, quer nos fazer pensar acerca da forma mecanicista e desumana como são decididos os destinos dos autores do conflito, sem que suas necessidades e interesses mínimos sejam considerados.
Contudo, o nosso atual modelo de punição não soluciona o problema e causa vários outros danos, pois aquele que cometeu o suposto crime sofre perdas irreparáveis sem compensar o erro inicial que o levou a devida situação, sendo dessa forma insuficiente e ineficiente para o objetivo final de ressocialização. 
5. CONCLUSÃO 
Diante do exposto no presente artigo, podemos concluir que a justiça enfrenta diversas dificuldades em seu próprio mecanismo. Dentre as suas limitações, podemos citar a transição do indivíduo encarcerado em sua volta para a sociedade comum, que é um grande problema não solucionado pelas autoridades competentes. Neste artigo foi explicado desde os princípios básicos e todas as fases dessa modalidade a sua aplicação prática na sociedade, trazendo assim uma reflexão ampla sobre o tema e suas eventuais consequências, positivas ou não.
Todas as informações estão correlacionadas com a crise do sistema prisional que se relaciona diretamente com a restauração do indivíduo e sua convivência na prisão, sendo dessa forma um agravante no processo de ressocialização.
Com o intuito de esclarecer ao leitor o objetivo de uma justiça mais humana e visionária, a explanação desse tema foi feita de forma justa e coerente com a realidade, mostrando a grande necessidade de alteração dos padrões impostos e de uma nova forma de justiça onde a penalização dos atos seja mais eficiente e coesa com a possibilidade de reestabelecer o individuo na sociedade.
Em decorrência disso, podemos concluir que a prisão não oferece mecanismos suficientes para adequar o indivíduo a voltar para o convívio com a sociedade e não tem programas de ressocialização com eficácia. Sendo assim, o que o ocorre muitas vezes é o contato com elementos que cometeram outros delitos e de diferentes áreas, fomentando assim o aumento da criminalidade e das facções dentro das prisões.
REFERÊNCIAS 
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CARVALHO. Salo. Pena e garantias 2ed. rev. atual. Rio de Janeiro, Lumem Júris, 2003.
CARVALHO, Luiza de. Justiça restaurativa: o que é e como funciona. Disponível em: <http://www.cnj.jus.br/noticias/cnj/62272-justica-restaurativa-o-que-e-e-como-funciona>. Acesso em 18.12.2016.
CARDOSO NETO, Vilobaldo C268p. Potencialidades e impasses para a incorporação da justiça restaurativa no Brasil. / Vilobaldo Cardoso Neto; orientação [de] Prof.Dr.Carlos Augusto Alcântara Machado – Aracaju/Se : UNIT, 2016.
____________,Lei nº 7.210/1984. Lei 7.210 de 11 de julho de 1984. Vade Mecum, Saraiva, 2007. 
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PALLAMOLLA, Raffaella. Justiça restaurativa: da teoria à prática. São Paulo: Ibccrim, 2009.
PEIXOTO, Alberto Costa Ribeiro. Propensão, experiências e consequências da vitimização: representações sociais. 425 f. Tese (Doutorado em Sociologia) - Faculdade de Ciências Sociais e Humanas - Universidade Nova de Lisboa. Abril 2012. 
KOSOVSKI, Ester. Vitimologia, Direitos Humanos e Justiça Restaurativa. In: Revista IOB de direito penal e processo penal, ano VII, n. 48, p. 150-151, fev./mar.2008.
KELSEN, Hans.Teoria Pura do Direito.Coimbra: Armênio Amado Editor, 1979. 
______.Teoria Geral do Direito e do Estado. São Paulo: Martins Fontes, 1992.
www.tjpr.jus.br

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