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@medbynena BRONQUIOLITE E ASMA BRONQUIOLITE 1) Revisão anatomia: ↪ Glote: divide trato respiratório em trato respiratório superior (TRS) e trato respiratório inferior (TRI) ↪ Principal diferença de brônquios e bronquíolos: presença de cartilagem nos brônquios que ajuda a evitar a obstrução e seu calibre maior em relação aos bronquíolos 2) Definição: ↪ Infecção respiratória que acomete crianças menores de 2 anos e cursa inicialmente com sintomas de via aérea superior, evoluindo para infecção e inflamação de via aérea inferior ↪ É uma doença obstrutiva que ocorre a nível dos bronquíolos principalmente ↳ Resultado: *sibilância e **estertores ↳ A bronquiolite é o 1° sintoma de sibilância em uma criança < 2 anos com achados de doença do TRI * Sons agudos que soam como assobios, característicos de ar passando por luz brônquica reduzida ** Respiração ruidosa com um som predominantemente inspiratório e de alta tonalidade causado normalmente por obstrução de vias aéreas 2) Etiologia: ↪ Causada principalmente pelo Vírus Sincicial Respiratório (VSR): responsável por >50% dos casos ↳ Aos 2 anos, praticamente todas as crianças já foram infectadas pelo VSR ↪ Outras etiologias: parainfluenza e adenovírus (importante causa de bronquiolite obliterante), metapneumovírus, coronavírus, rinovírus, influenza e bocavírus humano ↳ Bactérias causadoras de pneumonia não costumam causar bronquiolite mas pode ser observada a co-infecção ↪ Transmissão: após contato com secreções contaminadas, o vírus é inoculado pela mucosa nasal ↳ Membros da família e outras crianças geralmente constituem fontes de transmissão ↳ Medidas de higiene são de extrema relevância para evitar a transmissão do vírus por meio das mãos (lavar bem) ↪ Período de incubação: 3-5 dias @medbynena ↳ Após esse período, inicia sintomas de TRS e, posteriormente, infecção se dissemina para via aérea inferior 3) Características e epidemiologia: ↪ É a causa mais comum de hospitalizações em lactentes ↳ Apesar disso, apenas 2% dos infectados necessita de hospitalização ↪ É mais grave entre o 1°-3° mês de vida da criança ↪ É uma doença sazonal, ocorre mais frequentemente no inverno (meses de março - julho) ↪ Fatores de risco para evolução grave: criança < 12 semanas, tabagismo intradomiciliar, cardiopatia congênita hemodinamicamente instável, prematuridade, imunodeficiência, doença pulmonar crônica 4) Fisiopatologia: ↪ Doença caracterizada por obstrução inflamatória dos bronquíolos com edema, muco e acúmulo de fibrina ↳ Vírus causa efeito citopático, causando invasão e morte celular, resposta inflamatória por efeito imunomediado, com linfocitose principalmente, resposta inflamatória vascular, causando lesão endotelial e, além disso, induz a maior produção de surfactante, que contribui para a congestão pulmonar ↳ Ocorre alteração na relação ventilação / perfusão = hipoxemia, retenção de CO² e acidose respiratória ↳ Resistência à passagem do ar = sibilância e obstrução valvular que aumenta volume residual > há maior retenção de ar e menor relação Ventilação / Perfusão ↳ Pode resultar em atelectasia (colabamento dos alvéolos), comprometimento do parênquima pulmonar, evolução para pneumonia viral ou co-infecção bacteriana secundária ↳ Resultado: edema pulmonar + alteração do tônus vascular + alteração do clearance alveolar ↪ Lactentes apresentam maior suscetibilidade ao desenvolvimento de bronquiolite devido às suas condições anatomofisiológicas: ↳ Parede torácica muito complacente = pressão negativa na inspiração produz colabamento de vias aéreas e atelectasia ↳ Apresentam maior número de leucócitos no conteúdo alveolar = produção de mediadores inflamatórios é mais proeminente 5) Manifestações clínicas: ↪ Período prodrômico: sintomas de vias aéreas superiores (rinorreia, espirros, tosse) ↪ Deterioração do quadro respiratório: tosse paroxística, febre baixa (37,8°-38°C), dispneia, taquipneia e irritabilidade, hipóxia e hipercapnia ↳ Taquipneia interfere na aceitação da dieta ↳ Apneia pode estar presente em crianças < 2 meses (imaturidade do centro respiratório + insuficiência respiratória) ↪ Ao exame físico: sibilos, prolongamento do tempo expiratório, taquipneia e dispneia e pode haver cianose (principalmente perilabial) ↪ Sinais de alarme: ↳ Oximetria < 90%; ↳ Taquipneia > 70 irpm; ↳ Atelectasia na radiografia de tórax; ↳ Idade menor que 3 meses. ↳ Desidratação, anúria e recusa oral indicam um quadro sistêmico exacerbado, necessitando de internação. @medbynena 6) Fatores de risco e fatores de agravo: ↪ Fatores de risco: cardiopatia congênita, prematuridade, imunossuprimidos ↪ Fatores de agravo: tabagismo passivo 7) Diagnóstico: ↪ Essencialmente clínico e epidemiológico (devemos evitar uso excessivo de radiação em crianças) ↪ Achados que sugerem bronquiolite viral aguda: ↳ Idade < 2 anos ↳ História de contato com doente resfriado ↳ Sazonalidade ↳ Dispnéia progressiva ↪ Diagnóstico diferencial: asma (principal), pneumonia, coqueluche, displasia broncopulmonar e Sd de Loeffler ↪ Exames complementares: radiografia e tomografia devem ser solicitados em casos específicos (devemos evitar o uso de radiação desnecessário em crianças) ↳ Achados radiológicos: sinais de hiperinsuflação (timo em vela de barco), infiltrado intersticial, atelectasia, cúpula diafragmática retificada ↳ Indicações para radiografia: acompanhar evolução de criança que piorou, febre alta, queda do estado geral, ausculta alterada 8) Tratamento: ↪ De suporte: tratar hipoxemia, desnutrição e desidratação ↳ Ofertar oxigênio ↳ Hidratação ↳ Internação hospitalar, se necessário ↳ Nebulização com solução salina hipertônica Obs: Uso de corticóides e broncodilatadores é controverso ↪ Uso de corticóides não apresentou aprimoramento significativo no manejo desses pacientes ↪ Uso de broncodilatadores pode ser feito em pacientes que podem se beneficiar dos mesmos (ex: pacientes com história prévia de atopia), mas não são preconizados sempre 9) Critérios para internação: ↪ Apneia ↪ Menores de 3 meses, justamente pelo maior risco de apneia nessa idade ↪ Queda do estado geral ↪ Desidratação e diminuição da diurese ↪ Sinais de desconforto respiratório ↪ Saturação de oxigênio menor que 92% ↪ Recusa alimentar importante @medbynena ↪ Comorbidades como cardiopatias, imunossupressão, broncodisplasia ↪ Prematuros nascidos antes de 32 semanas ↪ Fatores socioeconômicos 10) Prognóstico: ↪ A doença apresenta um bom prognóstico ↪ Geralmente tem duração de 15 dias ↪ Pode evoluir tornando-se uma bronquiolite obliterante: forma cronificada da doença (> 1 mês de duração) que cursa com fibrose dos bronquíolos ↪ Complicações: otite aguda, apneia, pneumonia, atelectasia, miocardiopatia, Sd de Swyer-James-Macleod, doença reativa de via aérea e asma 11) Prevenção: ↪ Anticorpo monoclonal Palivizumabe ↳ Usado preventivamente em pacientes sob maior risco para a infecção (ex: prematuros, portadores de cardiopatias) ↪ Lavagem das mãos e higiene ↳ Evitar que o vírus seja transmitido por meio da contaminação de superfícies por secreções de indivíduos infectados REVISÃO: ASMA 1) Definição: ↪ Definida pela ocorrência de > 3 episódios de sibilância / ano que pode ser associada à sintomas como hiperresponsibilidade das vias aéreas, sensação de aperto no peito e tosse ↪ É uma doença extrínseca, cujo ambiente influencia muito na fisiopatogenia 2) Etiologia e fatores de risco: ↪ A formação da microbiota respiratória guarda relação com o desenvolvimento da asma ↪ Há genes associados ao desenvolvimento de atopia ↪ Fatores predisponentes: - Atopia familiar - História de asma na família (mãe + pai asmáticos = 70% de chance de o filho nascer asmático) - História de atopia (dermatite atópica / alergia alimentar) - Sensibilização a aeroalérgenos 3) Fisiopatogenia: ↪ Degranulação de mastócitos em resposta à algum desencadeante - Liberam citocinas pró-inflamatórias que causam broncoespasmo, edema e hipersecreção ↪ Inflamação das vias aéreas ↪ Obstrução brônquica reversível ou não ↪ Aumento de reatividade ↪ Sensação de apertono peito 4) Desencadeantes de crises: ↪ Infecções virais ↪ Alérgenos ambientais ↪ Fatores irritantes = cigarro / poluentes do ar ↪ Mudanças climáticas ↪ Exercícios vigorosos ↪ Stress ↪ Aditivos alimentares @medbynena ↪ Quadro geralmente piora à noite e ao início da manhã, quando há predomínio de atuação do SNAP 4) Manifestações clínicas: ↪ Sibilos ↪ Tosse ↪ Respiração curta ↪ Dispneia ↪ Sensação de aperto no peito ↪ Características de atópicos: dupla prega ocular, eczemátide, dermografismo, língua geográfica 5) Diagnóstico: ↪ Essencialmente clínico: história de 3 ou + episódios de sibilância no ano ↪ Achados que levam à suspeita: sibilos + tosse + história / sinais de atopia (eczema / dupla prega) ↪ Exames complementares: espirometria pode ser feita a partir dos 6 anos mas não é necessária ↪ Sintomas que ajudam a excluir o diagnóstico de asma: - Desenvolvimento neuropsicomotor prejudicado - Início precoce - Vômitos associados à sintomas respiratórios - Ausência de desencadeantes - Baqueteamento digital (sinal da janela) + cianose + dedo em baqueta de tambor - Hipoxemia fora do contexto de infecções virais - Sibilos contínuos - Ausência de resposta à medicação Obs: Vômitos ↪ Criança com asma pode vomitar devido à maior produção de secreção que leva a formação de escarros ↪ Caso ela encha estômago de escarros, isso pode desencadear um quadro emético que não guarda relação com a fisiopatogenia em si da asma 6) Tratamento: ↪ Corticóides (prednisona) = prevenir crises ↪ Uso de beta 2 agonistas (broncodilatador) - medicação inalatória ↪ Nebulização ↪ Hidratação 7) Manejo emergencial: ↪ Corticóide inalatório ↪ Beta 2 de ação curta ↪ Hidrocortisona endovenoso ↪ Internação caso não haja melhora Obs: Asmáticos não tratados ou corticorresistentes geralmente apresentam colonização por bactérias como Moraxella catarrhalis, Haemophilus e Streptococcus
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