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UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP
 INSTITUTO DE CIÊNCIAS HUMANAS 
CURSO: PSICOLOGIA
CAMPUS - SOROCABA 
 
 
Carolina Oliveira Moraes G93JAH1
Júlia Telhe Matavelli R069JD2
Katharina Vendramel Infante Q99EHD0
Sophia Keiler Chinelli G935FE4
 
 
 
 
CONTEXTOS DE ATUAÇÃO DO PSICÓLOGO
O PSICÓLOGO DO CAPS
 
 
 
 
 
 
 
 
SOROCABA 
2024 
 
 
Carolina Oliveira Moraes G93JAH1
Júlia Telhe Matavelli R069JD2
Katharina Vendramel Infante Q99EHD0
Sophia Keiler Chinelli G935FE4
 
 
 
 
 
CONTEXTOS DE ATUAÇÃO DO PSICÓLOGO
O PSICÓLOGO DO CAPS 
 
 
Trabalho apresentado como exigência para obtenção de nota na disciplina Psicologia Ciência e Profissão e Atividades Práticas Supervisionadas – APS do 1º semestre do curso de Psicologia, sob a orientação da profa. Ma. Leonor Cordeiro Brandão 
 
SOROCABA 
2024
INTRODUÇÃO 
Esse trabalho tem como objetivo estabelecer contato com as várias modalidades de atuação profissional do psicólogo, por meio de entrevistas. O nosso grupo entrevistou 3 profissionais da área de saúde que atuam em uma unidade CAPS, sendo duas delas atuantes em unidade infanto-juvenil (Entrevistada A e C) e uma (Entrevistada B) em CAPS III.
As entrevistas foram realizadas online, nos dias 18 de março e 22 de março. 
Para realização das entrevistas foi utilizado um questionário com os seguintes tópicos: 
A: caracterização do campo de atuação; 
B: população atendida; 
C:formação profissional;
D: mercado de trabalho;
E: desafios enfrentados na área.
Além da descrição das informações obtidas, nosso grupo fará uma reflexão sobre essas informações, relacionando-as com os textos discutidos, ou referenciais pesquisados na disciplina, contando também com um tópico introdutório sobre o CAPS e suas modalidades.
O QUE É CAPS?
 Segundo (Brasil, 2024) “trata-se de uma instituição pública que atende pessoas de todas as faixas etárias que apresentam prioritariamente intenso sofrimento psíquico decorrente de problemas mentais graves e persistentes ou situações clínicas que impossibilitem estabelecer laços sociais e realizar projetos de vida.” E conta com 6 modalidades.
São elas:
CAPS I: Atende pessoas de todas as faixas etárias.
CAPS II: Atende somente maiores de 18 anos.
CAPS i: CAPS infanto-juvenil, atende menores de 18 anos.
CAPS ad Álcool e Drogas: Atende maiores de 16 anos. Focado em pessoas com vícios por álcool e drogas.
CAPS III: Possui atendimento 24 horas. Atende somente maiores de 18 anos.
CAPS ad III Álcool e Drogas: Possui atendimento 24 horas. Atende maiores de 16 anos com vícios em álcool e drogas.
Em relação ao psicológico institucional (Bettoi, 2017) diz: “O psicólogo aqui entra em contato com muitas pessoas que diariamente freqüentam essas instituições, especialmente as de Saúde Pública. Assim, há necessidade do desenvolvimento de métodos e técnicas adequados para o trabalho com grupos. Atividades novas precisam ser desenvolvidas para dar conta das demandas sociais que se apresentam ao psicólogo no seu dia-a-dia. A referência aqui são as coletividades e suas necessidades típicas. Deve-se notar, mais uma vez, que segmentos da população que anteriormente não eram beneficiados com o trabalho do psicólogo, agora o são, quando se observa que um número grande dessas instituições tem a população mais pobre como a diretamente atendida.”
Dessa maneira, é possível entender que os psicólogos do CAPS trabalham majoritariamente em grupos, com necessidades específicas, e sofrimento moderado a grave. Portanto é um trabalho voltado a comunidade, e demandas sociais.
 
 O PSICÓLOGO DO CAPS 
 
A) Caracterização do Campo de Atuação: 
Em relação às atividades feitas como psicólogas na área do CAPS, a psicóloga B tinha diversas funções como o atendimento em grupo, oficinas terapêuticas, atendimentos individuais, visitas domiciliares e o acolhimento, que seria uma triagem. Quando o paciente entra pela primeira vez no dispositivo ele deve passar por uma avaliação para ver quais os sintomas ele possui, para saber se o indivíduo deve permanecer no CAPS ou ser encaminhado para outro lugar, como a UBS. Assim como o PTS, uma obrigação, de fazer um plano de trabalho para o paciente.
Já as Entrevistadas A e C que atendem no âmbito infanto-juvenil, elas começavam com o acolhimento, o trabalho em grupo, às vezes de forma individual e o matriciamento, que seria o contato com outras redes.
O local de trabalho varia conforme a finalidade da unidade CAPS, embora coincida em alguns aspectos. Logo, o ambiente em que a psicóloga B trabalhava possui uma estrutura de casa, com leitos, quarto de enfermaria, entre outros. Já com as Entrevistadas A e C, é um espaço com estrutura escolar, por possuir uma área recreativa, um refeitório e uma quadra, mas ainda assim, similar com a unidade da Entrevistada B por conta de aspectos básicos e necessários em todas as “casas” do CAPS. 
Com a psicóloga A, o essencial é a inteligência emocional, a habilidade de não absorver os problemas dos seus pacientes, portanto, a terapia. Muito autônoma para montar atividades dinâmicas em grupo, e roteirizar sua semana.
        Por parte da Entrevistada B, precisava de mais organização na parte administrativa, pois ficava sobrecarregada com a quantidade de funções que tinha. Pois, além de todo planejamento para com os pacientes, precisava prestar contas de seu atendimento para a prefeitura, na qual se não fizesse, seu trabalho não poderia ser validado. Contudo, ainda sim possui muita autonomia, assim como a psicóloga A.
        Por último, a Entrevistada C, diz que é necessária a condição física boa devido ao fato de as crianças serem bem energizadas, e que também exige muito estudo. Diz também estar sempre em busca de novos conhecimentos. Era tão autônoma quanto as psicólogas anteriores, com atividades flexíveis e até autonomia para atividades ao ar livre, ou outras atividades especiais, mas sempre com a autorização da administração do CAPS.
As três psicólogas afirmaram trabalhar com os mesmos tipos de profissionais. Sendo eles: psiquiatras, médicos, enfermeiros, farmacêuticos, psicólogos, funcionários da limpeza, terapeutas, assistentes sociais, entre outros.
 A satisfação com o trabalho é presente nas três. Segundo elas, a dinâmica do CAPS é interessante, e a capacidade das mesmas de ajudarem seus pacientes e vê-los receberem alta é gratificante, assim como trabalhar em equipe. Mesmo com algumas dificuldades em seus trabalhos, todas afirmam sentirem-se felizes em exercer sua profissão em um ambiente como esse.
B) População Atendida:
 Ao falarmos sobre a população atendida coletamos informações muito parecidas entre as profissionais A e C. Ambas trabalham com o público infanto-juvenil de 1 a 17 anos e após essa idade eles são encaminhados para o CAPS adulto que é a área de atuação da profissional B. 
Todas as psicólogas disseram que os pacientes em sua maioria são de baixa renda, e tem apenas o ensino médio completo.
Em relação ao gênero, as profissionais A e B disseram que é bem distribuído, já a C citou que em seus pacientes infantis a quantidade de meninos e meninas é proporcional, mas que nos adolescentes, dentre os indivíduos do sexo masculino existe maior taxa de descontinuidade do tratamento.
Os pacientes chegam até o CAPS de várias formas. Segundo as profissionais A e C é possível a entrada através do conselho tutelar, por encaminhamento das escolas e por guias dos postinhos de saúde. B e C citaram a entrada pelas UBS’s e que muitos vão por vontade própria. A profissional B ainda disse que é possível entrar pelo SINAM e UPAS, mas que existe uma grande relutância dos pacientes em aceitar o tratamento.
As profissionais A e C disseram que grande parte de seus pacientes iam até o CAPS por terem sofrido violência sexual. A psicóloga A acrescentou que outro motivo era a influência negativa do bairro e dificuldades de adaptação duranteo processo de adoção. Já a profissional B afirmou que entre seus pacientes, enquanto as mulheres em sua maioria procuravam o CAPS por problemas no relacionamento, que iam desde casos de dependência emocional à agressão física, nos homens percebia demandas relacionadas a problemas de vício e agressividade.
Quando perguntado sobre a visão que a população tem da psicologia e dos psicólogos, as três profissionais concordam que as pessoas têm uma visão de que a psicologia é destinada apenas a pessoas consideradas “loucas” e afirmam que dentro do CAPS os médicos são mais valorizados e levados a sério. As profissionais A e C acham que a profissão é valorizada, já a psicóloga B discorda dessa afirmativa. Além disso a profissional A alega que em sua experiência no ramo, o psicólogo é visto como um profissional que é capaz de reverter qualquer mau comportamento ou disfunção do paciente como em um passe de mágica.
As profissionais concordam que a principal contribuição da psicologia é destinada a ofertar saúde à população geral.
As psicólogas A e C acreditam que através da psicologia os pacientes conseguem ter uma maior compreensão de si, aprendendo a lidar com seus próprios sentimentos.
Segundo a Entrevistada C, a psicologia promove autocuidado, autoconhecimento e ajuda a ver as situações difíceis de uma forma mais clara. Para a B tem a função de desmistificar a visão preconceituosa que a sociedade tem dos pacientes e da profissão.
C) Formação Profissional:
Todas as entrevistadas concordam que é necessário continuar estudando sempre já que a psicologia está sempre evoluindo, e que é necessário fazer terapia regularmente para conseguir separar seus problemas e sentimentos dos problemas e sentimentos dos pacientes.
A psicóloga B citou que é necessário muito comprometimento e ética. Todas as psicólogas disseram que não é exatamente necessário a realização de uma pós-graduação, mas que é de suma importância continuar estudando através de livros e artigos, já que a psicologia está em constante evolução e concordam que é necessário manter-se atualizado.
Todas alegaram que gostariam de fazer uma pós-graduação, mas por questões financeiras não tiveram a chance.
D) Mercado de Trabalho:
As psicólogas A e C afirmaram que o mercado de trabalho está em crescimento e a primeira diz também que o mesmo se encontra bom para quem está se formando agora, pois há muitas oportunidades diferenciadas. Também recomendou o convênio como uma boa área para iniciantes. As profissionais B e C acreditam que está difícil entrar no mercado de trabalho pois os psicólogos recém-formados não são valorizados. O profissional B acrescenta que o mercado anda saturado e recomenda as instituições como hospitais e o CAPS como área de início, pois assim o psicólogo tem mais estabilidade por estar em um lugar fixo. 
Todos os psicólogos pensam que a profissão será mais bem valorizada no futuro. As profissionais A e B acreditam que o motivo seja a melhor compreensão da importância da profissão pós-pandemia, e acrescentaram que será mais fácil no futuro se estabelecer como psicólogo pelo mesmo motivo. A Entrevistada A afirma que a população enfrenta maiores problemas na saúde mental devido a ela, gerando assim uma maior procura por psicólogos. Já a profissional B pensa que as consultas online que se normalizaram após o ano de 2020, facilitarão para os profissionais abrangerem sua gama de pacientes. Já a profissional C possui uma opinião oposta aos demais. A mesma crê que a grande quantidade de psicólogos se formando dificulte na procura de emprego.
Todos as psicólogas foram indicadas para o local em que atuam. As profissionais A e C foram estagiárias nos CAPS onde trabalham, já a psicóloga B fez estágio numa terceirizada do local onde atuava. As profissionais B e C disseram que entraram no CAPS pois gostam da área, agora a psicóloga A afirmou que sua entrada se deu por meio da oportunidade ofertada.
Todas as profissionais afirmaram que o CAPS é pouco valorizado, afinal é uma área desgastante e todas elas concordam que não recebem uma quantia adequada comparado a outras áreas. Porém, afirmam que para iniciantes na área é um bom valor, pois ganham em torno de R$2.500 a R$3.000 por mês. A psicóloga A acrescenta que um ponto positivo é a estabilidade. Em contrapartida não há a possibilidade de crescimento na área.
E) Desafios Enfrentados na Área:
Dentre os desafios enfrentados pelos profissionais do CAPS, os entrevistados foram questionados sobre a resistência de seus pacientes em relação ao processo terapêutico. As respostas foram variadas, pois enquanto a Entrevistada A constata que seus pacientes costumam ser bem-dispostos ao tratamento, principalmente os de menor idade, a Entrevistada B alega que em geral há relutância nesse processo. Já a Entrevistada C percebe entre seus pacientes adolescentes a rejeição vinda dos meninos em detrimento das meninas. Sendo assim, ela acredita que esse seja o motivo da maioria da população atendida serem pessoas do sexo feminino.
Quando questionadas sobre a eficiência do modelo grupal característico do CAPS, em geral a resposta foi positiva, e todas consideraram o modelo funcional. Todavia a Entrevistada A afirma que pontualmente, quando julgasse necessário era possível realizar atendimentos individuais com um paciente até que o mesmo se mostre apto a voltar para o grupo.
Levando em consideração a atual luta dos psicólogos na conquista do respeito da psicologia como ciência e profissão, os profissionais foram questionados sobre o preconceito na área. A respeito do tópico as entrevistadas responderam que se sentem respeitadas. Entretanto, apenas a Entrevistada B alega por vezes sentir certo preconceito vindo dos pacientes, nos quais ela acredita que pela idade, e por falta de familiaridade com a área, adotam esse tipo de conduta. 
Ainda pairando por esse tópico, as profissionais foram questionadas sobre algum tipo de má conduta por parte dos pacientes, e se elas se sentiam seguras em seus ofícios. A Entrevistada C alega não ter sofrido nenhum incidente em seu trabalho, já as entrevistadas A e B relatam ter suas próprias medidas de segurança para evitar situações de agressão e outras situações indesejadas. A Entrevistada A afirma que dependendo da situação, requer um profissional a mais dentro de sala, para garantir sua segurança e integridade física, sem maiores procedimentos. Já a Entrevistada B, afirma ter mesa perto da porta de modo que facilite sua saída em caso de incidentes. Esta também diz que brigas verbais ocorrem dentro do grupo, e além de seus atendimentos, esse tipo de situação ocorre da mesma forma com recepcionistas, causando má impressão para quem chega recentemente no Centro de Atenção Psicossocial.
Sobre os desafios da profissão com novos psicólogos que estão adentrando na área, a Entrevistada C diz que percebe muita insegurança e falta de conhecimento para inserção no mercado de trabalho, e recomenda a criação de perfis profissionais nas redes sociais, além de sugerir que o novo profissional não tenha medo de tirar suas dúvidas na área. Sobre isso as entrevistadas A e B concordam que é importante estabelecer contatos e manter uma boa relação com os professores.
ANÁLISE E DISCUSSÃO 
Segundo Bettoi (2013) “É consenso, entre os envolvidos com a profissão, que poucos brasileiros têm sido atingidos diretamente pela nossa atuação profissional, constituindo-se eles na parcela mais privilegiada, econômica e socialmente, da nação. Apenas nos anos recentes a Psicologia tem se aproximado das populações mais pobres, através de sua inserção nos serviços públicos de saúde, apesar desta inserção ocorrer de forma bastante paulatina e cercada de problemas […]”. Esta fala se mostra real quando observado o contexto atual. Em certo momento da entrevista a Entrevistada A diz que muitas vezes os pais das crianças agravam o quadro de seus filhos ao apresentarem para o psicólogo, a fim de conseguir uma vaga na instituição, pois, provavelmente não tem os recursos necessários para levar seu filho em um psicólogoclínico especializado.
Tal situação escancara a dificuldade no acesso à saúde mental no Brasil, já que o CAPS é um dos únicos lugares de atenção psicológica pública presentes no país. Portanto os psicólogos nos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) desempenham um papel fundamental na promoção da saúde mental e no tratamento de transtornos psicológicos. Eles oferecem suporte emocional, terapia individual e em grupo, ajudando os pacientes a entenderem suas questões e a desenvolverem estratégias para lidar com elas. 
Além disso, mostram que sua abrangência social consegue ser mais eficaz em relação a outros tipos de psicólogos já que, atendem sem custos, a população de baixa renda, por exemplo, que em sua maioria não teria acesso a outros tipos de serviços. Para cuidar da saúde mental desses indivíduos, os psicólogos da instituição trabalham em equipes interdisciplinares, colaborando com outros profissionais de saúde para garantir um tratamento eficaz. Sua presença é crucial para a humanização do cuidado em saúde mental, proporcionando um ambiente acolhedor e de apoio para aqueles que necessitam de assistência psicológica.
Através desse estudo foi possível ver que os psicólogos do CAPS enfrentam uma série de desafios em seu trabalho diário, como a alta demanda de pacientes para cada psicólogo, os deixando sobrecarregados, o baixo investimento governamental que torna algumas atividades difíceis de serem realizadas e os pacientes, que em alguns casos não aceitam passar por um tratamento. É notório também que é uma área pouco valorizada, que lida com grande preconceito para com os profissionais e com os pacientes, além das dificuldades salariais, tendo uma grande demanda de trabalho com um salário que não é condizente com as funções exercidas.
Visto isso, concluí-se que os psicólogos atuantes do CAPS têm uma grande importância para a sociedade contemporânea, já que em grande parte atendem pessoas com poucas condições. Mesmo com o baixo nível de investimento, a grande relutância dos pacientes e a quantidade de trabalho, esses profissionais exercem a sua função da melhor forma possível levando saúde a população brasileira.
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
BRASIL. Ministério da saúde. Centros de Atenção Psicossocial. Brasília, 2024 Disponível em: https://www.gov.br/saude/pt-br/composicao/saes/desmad/raps/caps Acesso em: 07 abril. 2024.
BETTOI, Waldir. Psicologia: Ciência e Profissão: Coletânea de Textos Didáticos. Brasil: UNIP, 2013.
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