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Apuração de responsabilidade administrativa, civil e penal Além de regular o direito de representação, a Lei n. 4.898/65 define os crimes de abuso de autoridade e estabelece a forma de apuração das responsabilidades administrativa, civil e penal. A Lei de Abuso de Autoridade foi criada em um período autoritário, com intuito meramente simbólico, promocional e demagógico. A despeito de pretensamente incriminar os chamados abusos de poder e de ter previsto um procedimento célere, na verdade cominou penas insignificantes, passíveis de substituição por multa e facilmente alcançáveis pela prescrição. De qualquer modo, a finalidade da Lei n. 4.898/65 é prevenir os abusos praticados pelas autoridades, no exercício de suas funções, ao mesmo tempo em que, por meio de sanções de natureza administrativa, civil e penal, estabelece a necessária reprimenda. Responsabilidade penal O rol das condutas consideradas abusivas é apresentado nos arts. 3º e 4º da lei, que se aplica a qualquer pessoa que exerça cargo ou função pública, de natureza civil ou militar. Os arts. 3º e 4º da Lei n. 4.898/65 preveem os chamados crimes de abuso de autoridade. Em caso de conflito aparente de normas entre as condutas do art. 3º, infraindicadas, e as do art. 4º, prevalecem estas últimas, em face do princípio da especialidade. É que os tipos penais do art. 4º descrevem de modo mais específico as figuras nele contidas, conforme se verá mais adiante. O art. 6º, §§ 3º, 4º e 5º, por sua vez, prevê as sanções penais incidentes sobre esses crimes. 1. Sujeito ativo A Lei de Abuso de Autoridade contém somente crimes próprios, uma vez que apenas podem ser praticados por autoridade, de acordo com o conceito legal contido no art. 5º: “Considera-se autoridade, para os efeitos desta Lei, quem exerce cargo, emprego ou função pública, de natureza civil, ou militar, ainda que transitoriamente e sem remuneração”. Mencionado dispositivo legal será comentado mais adiante. 2. Sujeito passivo Os crimes de abuso de autoridade são de dupla subjetividade passiva: (i) sujeito passivo imediato, direto e eventual: a pessoa física ou jurídica, nacional ou estrangeira; (ii) sujeito passivo mediato, indireto ou permanente: o Estado, titular da Administração Pública. Damásio E. de Jesus, lembrado por Gilberto Passos de Freitas e Vladimir Passos de Freitas, ensina: “É evidente que, às vezes, o Estado, ou outra entidade de Direito Público, é o único sujeito passivo. Exemplo: atentado ao sigilo de correspondência, em que seja o próprio Estado o seu titular.
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