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W BA 08 40 _V 1. 0 FUNDAÇÕES RASAS E PROFUNDAS 2 Eduarda Pereira Barbosa São Paulo Platos Soluções Educacionais S.A 2021 FUNDAÇÕES RASAS E PROFUNDAS 1ª edição 3 2021 Platos Soluções Educacionais S.A Alameda Santos, n° 960 – Cerqueira César CEP: 01418-002— São Paulo — SP Homepage: https://www.platosedu.com.br/ Diretor Presidente Platos Soluções Educacionais S.A Paulo de Tarso Pires de Moraes Conselho Acadêmico Carlos Roberto Pagani Junior Camila Turchetti Bacan Gabiatti Camila Braga de Oliveira Higa Giani Vendramel de Oliveira Gislaine Denisale Ferreira Henrique Salustiano Silva Mariana Gerardi Mello Nirse Ruscheinsky Breternitz Priscila Pereira Silva Tayra Carolina Nascimento Aleixo Coordenador Nirse Ruscheinsky Breternitz Revisor Hudson Goto Editorial Alessandra Cristina Fahl Beatriz Meloni Montefusco Carolina Yaly Mariana de Campos Barroso Paola Andressa Machado Leal Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)_________________________________________________________________________________________ Barbosa, Eduarda Pereira B238f Fundações rasas e profundas / Eduarda Pereira Barbosa, - São Paulo: Platos Soluções Educacionais S.A., 2021. 44 p. ISBN 978-65-89965-14-5 1. Interpretação de parâmetros geotécnicos. 2. Tipos de fundações. 3. Cálculos de recalques. I. Título. CDD 692 ____________________________________________________________________________________________ Evelyn Moraes – CRB-8 SP-010289/O © 2021 por Platos Soluções Educacionais S.A. Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida ou transmitida de qualquer modo ou por qualquer outro meio, eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação ou qualquer outro tipo de sistema de armazenamento e transmissão de informação, sem prévia autorização, por escrito, da Platos Soluções Educacionais S.A. 4 SUMÁRIO Normas e controle de qualidade das fundações _____________ 05 Tipos de fundações __________________________________________ 21 Recalque em fundações _____________________________________ 38 Dimensionamento de fundações e critérios de projeto ______ 53 FUNDAÇÕES RASAS E PROFUNDAS 5 Normas e controle de qualidade das fundações. Autoria: Eduarda Pereira Barbosa Leitura crítica: Hudson Goto Objetivos • Apresentar os principais conceitos e normas de fundações. • Elencar os ensaios de investigação do subsolo. • Apresentar os métodos de determinação da capacidade de carga do solo. 6 1. Conceitos e normas de fundações As fundações em construção civil são estruturas realizadas em obras com a finalidade de transmitir as cargas da edificação para uma camada resistente do solo. Para tanto, as fundações são normalizadas pela NBR 6122 (ABNT, 2019), que estabelece os critérios gerais que regem o projeto e a execução de fundações de todas as estruturas convencionais da engenharia civil, compreendendo obras residenciais, edifícios de uso geral, pontes, viadutos, entre outras. As fundações necessitam ter resistência apropriada para suportar às tensões causadas pelos esforços solicitantes, que, segundo a NBR 6122 (ABNT, 2019), podem ser decorrentes da superestrutura, do terreno e da água superficial e subterrânea, além de ações variáveis especiais, como o tráfego de veículo e carregamentos de construção, caso existam. Paralelamente, o solo deve ter resistência e rigidez adequada para não sofrer colapso, bem como não apresentar deformações excessivas ou diferenciais. A norma NBR 6.122 (ABNT, 2019, p. 5), genericamente, divide as fundações em dois grandes grupos: fundações rasas e fundações profundas. As fundações rasas, também denominadas de diretas e superficiais, são elementos cuja base deve estar “assentada em profundidade inferior a duas vezes a menor dimensão da fundação, recebendo aí as tensões distribuídas que equilibram a carga aplicada”. Já as fundações profundas, transmitem a carga da edificação para o solo “pela base (resistência de ponta) ou por sua superfície lateral (resistência de fuste) ou por uma combinação das duas”, tal que a ponta ou base da fundação deve estar apoiada em uma profundidade de no mínimo 3,0 m ou superior a oito vezes a menor dimensão da fundação profunda. Para o correto dimensionamento, elaboração de projeto e execução de fundações, é indispensável conhecer as normas complementares que visam auxiliar e integralizar a NBR 6.122 (ABNT, 2019), uma vez que 7 são apontados os procedimentos e critérios relativo à investigação do subsolo e parâmetros geológicos (por exemplo, tipo de solo e posição do nível da água) e geotécnicos (resistência, compressibilidade e permeabilidade). Para tanto, no Quadro 1, são apresentadas normas complementares de fundações. Quadro 1 – Principais normas complementares de fundações Normas da ABNT Objetivo da norma NBR 6484: Solo – Sondagens de simples reconhecimento com SPT – Método de ensaio. Especifica a metodologia para execução de sondagens de simples reconhecimento de solos com ensaio de sondagem a percussão. NBR 8036: Programação de sondagens de simples reconhecimento dos solos para fundações de edifícios – Procedimento. Estabelece os critérios na programação das sondagens de simples reconhecimento dos solos destinada à elaboração de projetos geotécnicos para construção de edifícios. NBR 9603: Sondagem a trado – Procedimento. Determina as condições mínimas para sondagem a trado em investigação geológico-geotécnica. NBR 9604: Abertura de poço e trincheira de inspeção em solo, com retirada de amostras deformadas e indeformadas – Procedimento. Define os requisitos mínimos dos procedimentos na abertura de poço e trincheira, tal que estabelece ainda os critérios para retirada de amostras de solo. NBR 8681: Ações e segurança nas estruturas – Procedimento. Estabelece os requisitos exigíveis na verificação da segurança das estruturas usuais da construção civil, bem como as definições e os critérios de quantificação das ações e das resistências a serem consideradas no projeto das estruturas de edificações. NBR 9820: Coleta de amostras indeformadas de solos de baixa consistência em furos de sondagem – Procedimento. Determina os critérios para a coleta, acondicionamento e transporte de amostras indeformadas de solos de baixa consistência em furos de sondagem, para fins de engenharia geotécnica. 8 NBR 10905: Solo–Ensaios de palheta in situ–Método de ensaio. Indica a metodologia adequada para a determinação da resistência não drenada do solo in situ, por meio de uma palheta de seção cruciforme nele inserida e submetida a um torque capaz que cisalha o solo por rotação. NBR 16903: Solo–Prova de carga estática em fundação profunda. Prescreve o método de ensaio para prova de carga estática em fundações profundas. NBR 13208: Estacas–Ensaios de carregamento dinâmico. Estabelece a metodologia de ensaio para carregamento dinâmico em elementos de fundações profundas. Fonte: elaborada pela autora. A NBR 6.122 (ABNT, 2019), ainda indica outras normas básicas que abordam sobre procedimentos de ensaios e requisitos mínimos de concreto (NBR 5.738, NBR 5.739, NBR 6.118, NBR 7.212 e NBR NM 67), solo (NBR 6.457, NBR 6.458, NBR 6.459, NBR 6.180, NBR 6.181 e NBR 6.489) e madeira (NBR 7.190). 2. Investigação do subsolo Os projetos de fundações imprescindivelmente são elaborados e executados com base em ensaios de campo, cujas resultados encontrados permitem estimar de forma segura a estratigrafia do subsolo e as propriedades geológicas e geotécnica dos materiais envolvidos. Velloso e Lopes (2010) orientam que a investigação geológica e geotécnica seja feita em três etapas: preliminar, complementar e executiva. Primeiramente, deve-se realizar uma investigação preliminar, que consiste em um reconhecimento inicial ao local onde será implantado a edificação. Posteriormente, é precisoser feita a investigação complementar ou de projeto, no qual é realizada, no mínimo, a sondagem a percussão para determinar a estratigrafia e classificação dos solos, bem como a posição do nível d’água e a medida 9 do índice de resistência à penetração. Por fim, necessita-se realizar uma investigação na fase de execução das fundações. Na etapa de preliminar, definido como reconhecimento inicial pela NBR 6.122 (ABNT, 2019), deve ser feito visita ao local para avaliar as feições topográficas e eventuais indícios de instabilidade de taludes, de presença de aterro e de contaminação do subsolo, bem como analisar sobre as práticas e a peculiaridades locais de projeto e execução de fundações, bem como avaliar ainda o estado das construções vizinhas, as características geológico-geotécnicas no local, principalmente, quanto a presença de áreas de brejo, minas de água, matacões, afloramento rochoso, entre outros. Durante a etapa de investigação geotécnica complementar, são executadas duas tarefas: a programa de sondagens de simples reconhecimento e a investigação propriamente do subsolo, que pode envolver um ou vários métodos ensaio e análise do subsolo. Para tanto, a investigação do subsolo deve ser feita no mínimo por meio de sondagens a percussão. Na etapa de investigação executiva do projeto de fundações, o profissional de engenharia deve avaliar in loco as escavações onde serão construídas as fundações e comparar se existe divergência com os laudos de sondagens, bem como deve também acompanhar a execução do projeto de fundações, a fim de garantir o correto cumprimento das diretrizes do projeto. 2.1 Programação de sondagens A programação de sondagens de simples reconhecimento dos solos é normalizado pela NBR 8036, que estabelece os critérios para determinar o número, a localização e a profundidade dos furos de sondagens. 10 Para tanto, a NBR 8.036 (ABNT, 1983) especifica que o número mínimo de sondagem deve ser dois, quando a área de projeção em planta do edifício for menor ou igual à 200 m², e três, quando essa área estiver entre 200 e 400 m². Todavia, para áreas maiores a norma estabelece: As sondagens devem ser, no mínimo, de uma para cada 200 m² de área da projeção em planta do edifício, até 1200 m² de área. Entre 1200 m2 e 2400 m² deve-se fazer uma sondagem para cada 400 m² que excederem 1200 m². Acima de 2400 m² o número de sondagens deve ser fixado de acordo com plano particular da construção. (ABNT, 1983, p.1) A localização das sondagens em planta depende da peculiaridade da estrutural, tal que não devem ser distribuídos ao longo de um mesmo alinhamento, com distância máxima de cem metros e devem ser realizadas preferencialmente em locais de maior concentração de carga da edificação no projeto estrutural, como em caixas de escadas e elevadores, caixa d’água e grandes vãos. A profundidade a ser investigada pelas sondagens deve ser calculada em função das características geométricas e do carregamento da edificação, bem como do peso específico médio estimado do solo, conforme estabelece a NBR 8.036 (ABNT, 1983). A norma, ainda, estabelece como critério o bulbo de pressão, tal que a profundidade das sondagens deve ser explorada até onde o solo não seja mais significativamente solicitado pelas cargas da estrutura. 2.2 Ensaios de investigação geotécnica do subsolo A NBR 6.122 (ABNT, 2019) especifica que preliminarmente deve ser feito, no mínimo, uma investigação geotécnica por meio de sondagens a percussão. Caso necessário, deve-se ainda realizar uma investigação complementar quando houver dúvida quanto à natureza do material impenetrável a percussão ou quando houver diferenças entre as condições locais e as indicações fornecidas pela investigação preliminar. 11 A sondagem a percussão é padronizada pela NBR 6.484 (ABNT, 2020), que estabelece o método de ensaio para sondagens de simples com Standard Penetration Test (SPT). Por meio da sondagem à percussão de simples reconhecimento com SPT, é possível a determinação dos tipos de solo em suas respectivas profundidades de ocorrência, a posição do nível d’água e os índices de resistência à penetração ( ) a cada metro. No Brasil, majoritariamente, as fundações de obras de pequeno e médio porte são dimensionadas baseada apenas na sondagem a percussão, pois trata-se de um método ensaio relativamente barato que permite estimar apropriadamente as propriedades físicas e mecânicas do subsolo e, consequentemente, elaborar projetos de fundações seguros e econômicos. O ensaio de SPT consiste basicamente em aplicar golpes em um amostrador-padrão para promover a ruptura do solo, onde esse número de golpes é registrado juntamente com a coleta da amostra do solo e apresentado em um boletim de sondagem. O boletim de sondagem, também laudo de sondagem, deve apresentar os resultados das sondagens em desenhos contendo o perfil do solo com respectivos valores número de golpes, tipo de solo conforme convenção gráfica dos mesmos e posição do lençol freático, entre outras informações auxiliares, conforme ilustra a Figura 1. 12 Figura 1 – Exemplo de boletim de sondagem a percussão com SPT Fonte: elaborada pela autora. Já os ensaios complementares de investigação do subsolo, consistem na realização tanto de sondagens adicionais quanto na instalação de equipamentos para determinar o nível e pressão da água ou outros ensaios de laboratório e campo, como sondagens rotativas, CPT, CPTU, DMT, entre outros (ABNT, 2019). Tal que os ensaios complementares feito em campo visam estimar, principalmente, os parâmetros geotécnicos de resistência, deformabilidade e permeabilidade dos solos e até mesmo uma estratigrafia local mais precisa. A sondagem rotativa é utilizada quando a sondagem a percussão encontra um maciço rochoso, rocha alterada ou até mesmo solo residual jovem que não consegue perfurar. Para tanto, a sondagem rotativa utiliza-se de um conjunto mecanizado projetado para remover amostras dos materiais rochosos por meio da ação perfurante, tal que seja utilizado de modo simultâneo tanto forças de penetração quanto de rotação. O ensaio Cone Penetration Test (CTP) se baseia na cravação de uma ponteira elétrica ou mecânica de forma cônica no solo com uma 13 velocidade constante de 20 mm/s. Esse método não permite a retirada de amostras do subsolo e, por meio da estrutura de reação que compõem a ponteira, consegue determinar indiretamente por correlação a resistência de ponta e atrito lateral. Quando o ensaio utiliza piezocone (ponteira com sensores instalados no seu interior), denomina- se ensaio de Piezo Cone Penetration Test (CPTU), que permite estimar também a pressão neutra, além da resistência de ponta e atrito lateral. O ensaio Dilatometric of Marchetti Test (DMT) consiste na cravação de uma ponteira de metal normalizada, que possui um diafragma. Durante o ensaio, a cada 20 cm, a cravação é interrompida e é aplicado um gás para expandir contra o solo a membrana do diafragma. Por meio deste ensaio, obtém-se diretamente três parâmetros intermediários, que possibilitam a determinação da estratigrafia, a compressibilidade do solo e histórico de tensões já aplicado ao solo. Outro ensaio de campo complementar é da palheta de vane (VST), padronizado pela NBR 10.905 (ABNT, 1989) e utilizado para determinar a resistência ao cisalhamento de solos moles não drenada (argilas). O ensaio consiste na cravação mecânica de um sistema composto por haste com palhetas de quatro pás, com seção cruciforme na ponta, no qual é aplicado um torque capaz de cisalhar o solo por meio de rotação. 3. Determinação da tensão admissível do solo Uma grandeza fundamental de projeto de fundações é a tensão admissível do solo, que é a resistência do solo considerando coeficientes de segurança e ponderação, tal que a resistência de cálculo do solo satisfaça simultaneamente as tensões oriundas do estado limite último e de serviço, conforme estabelecido pela NBR 6.122 (ABNT, 2019).Para o dimensionamento de fundações, é necessário determinar os parâmetros de resistência do solo, expresso em termos de tensão 14 resistente de cálculo. Analiticamente, essa resistência pode ser estimada em função da coesão e ângulo de atrito do solo. Entretanto, os métodos semiempíricos permitem estimar a resistência do solo de forma indireta por meio de correlações do ensaio de SPT. Portanto, é fundamental conhecer os métodos para determinação da tensão admissível do solo, conforme estabelece a norma NBR 6.122 (ABNT, 2019). 3.1 Método da prova de carga Este método é um ensaio normalizado pela NBR 6.489 e consiste na aplicação de esforços estáticos axiais de compressão à placa e registro dos deslocamentos correspondentes, conforme ilustra a Figura 2, tal que os resultados devem ser interpretados de modo a considerar a relação modelo-protótipo e as camadas influenciadas de solo. Figura 2 – Modelo conceitual do ensaio de prova de carga Fonte: elaborada pela autora. A prova de carga estática permite determinar a curva de tensão- deslocamento (Figura 3), bem como estimar os parâmetros de deformabilidade (coeficiente de reação vertical e módulo de deformabilidade) e de resistência (tensão admissível) do solo. 15 Figura 3 – Curva de tensão-deformação obtido a partir da análise do ensaio de prova de carga com a ruptura do solo Fonte: elaborada pela autora. A partir da carga de ruptura ( ) é necessário determinar a tensão de ruptura do solo ( ), em função da área da placa ( ) e, em seguida, determinar a tensão admissível do solo ( ), em função do fator de segurança global ( ), conforme estabelecido na Equação 1. (Equação 1) A NBR 6122 estabelece que o fator de segurança global, a ser utilizado para determinação da carga admissível a partir do ensaio da prova de carga, deve ser 1,6. 3.2 Método teórico Existem diversos métodos teórico que podem ser utilizados para calcular a tensão admissível do solo, tal que podem ser empregados métodos analíticos, baseados nas teorias de capacidade de carga desde 16 que considerem todas as peculiaridades do subsolo e do projeto de fundações, inclusive a natureza do carregamento e do solo, seja drenado ou não drenado. Em 1943, Terzaghi apresentou uma metodologia para o cálculo da capacidade de carga de fundações superficiais que tem como hipóteses a relativa a geometria da fundação (um lado e bem maior que o outro), cota de assentamento (inferior à largura da sapata) e a ruptura do solo ocorra de modo generalizada (CINTRA; AOKI; ALBIERO, 2003). Para tanto, Terzaghi considerou que a tensão de ruptura do solo ( ) depende da coesão, da sobrecarga e do atrito, conforme definido pela Equação 2. (Equação 2) Onde a parcela de coesão ( ) da tensão de ruptura do solo depende da coesão do solo ( ), do coeficiente de capacidade de carga de ( ) e do coeficiente de forma ( ). A parcela de sobrecarga ( ) é determinada em função da sobrecarga ( ), do coeficiente de capacidade de carga de ( ) e do coeficiente de forma ( ). Já a parcela de atrito ( ) da tensão de ruptura do solo, depende da menor dimensão da sapata ( ), do peso específico do solo ( ), do coeficiente de capacidade de carga de ( ) e do coeficiente de forma ( ). Em solo não homogêneo deve ser considerado a influência do bulbo de pressão, tal que se o bulbo de tensões atingir camadas com características diferentes de solo é necessário aplicar o método teórico do espraiamento das tensões. Caso haja presença de lençol freático, deve-se também considerar a influência desse sobre os valores de sobrecarga, uma vez que o peso específico do solo sofrer alteração em função da presença de água. A partir da tensão de ruptura do solo ( ), é possível determinar a tensão admissível do solo ( ) em função do fator de segurança global ( ), conforme estabelecido na equação 3. 17 (Equação 3) A norma NBR 6122 (ABNT, 2019) estabelece que, para o método analítico, o fator de segurança global a ser utilizado para determinação da carga admissível é 3,0. 3.3 Método semiempírico A NBR 6.122 (ABNT, 2019) define que os métodos semiempíricos possuem como objetivo correlacionar os resultados de ensaios de investigação do subsolo com a tensão admissível do solo. Para tanto, deve ser observado a validade de aplicação do método, principalmente devido as dispersões dos dados e as limitações regionais associadas a cada um dos métodos. Os métodos semiempíricos determinam a tensão admissível do solo, principalmente em função do número de golpes para ruptura do solo no ensaio de percussão ( ). Isso ocorre porque, no Brasil, a sondagem a percussão é um método relativamente de baixo custo em comparação a outros métodos de sondagem do subsolo. Neste sentido, são apresentados alguns métodos semiempíricos desenvolvidos por Mello (1975), Cintra, Aoki e Albiero (2011) e Berberian (2012). O método de Mello (1975) faz a correlação entre a tensão admissível do solo (em kgf/cm²) e o valor do , conforme estabelece a equação 4. Esse método não faz distinção entre o tipo de solo ao ser utilizado, todavia estabelece que não se deve utilizar valores de inferiores a 4 ou superiores a 16. (Equação 4) O método desenvolvido por Cintra, Aoki e Albiero (2011) é valido para qualquer solo, tal que os valores de não deve ser inferior a 4 ou 18 superior a 20 e correlaciona a tensão admissível do solo (em kgf/cm²) com o valor do , conforme estabelece a equação 5. (Equação 5) O método de Berberian (2012) leva em consideração o tipo de solo e número médio de golpes para ruptura do solo no ensaio de percussão ( ) obtido a partir das camadas que compõem da zona de plastificação do solo, conforme ilustra a Figura 4. Figura 4 – Zona de plastificação para determinação do número médio de golpes para ruptura do solo Fonte: elaborada pela autora. Obtida a média dos índices de resistência à penetração, Berberian (2012) define uma equação (Equação 6) que correlaciona da tensão admissível do solo (em kgf/cm²) a partir do valor do e do fator do tipo de solo ( ). (Equação 6) O valor de é tabelado e depende da tipologia do solo encontrado durante a sondagem. 19 Referências ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6122 – Projeto e execução de fundações. Rio de Janeiro: ABNT, 2019. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6484 – Solo – Sondagem de simples reconhecimento com SPT – Método de ensaio. Rio de Janeiro: ABNT, 2020. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 8036 – Programação de sondagens de simples reconhecimento dos solos para fundações de edifícios– Procedimento. Rio de Janeiro: ABNT, 1983. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 10905 – Solo–Ensaios de palheta in situ–Método de ensaio. Rio de Janeiro: ABNT, 1983. BERBERIAN, D. Engenharia de fundações. 2. ed. Brasília: Infrasolo, 2012. CINTRA, J. C. A.; AOKI, N.; ALBIERO, J. H. Tensão admissível em fundações diretas. São Paulo: Rima, 2003. MELLO, V. F. Fundações e elementos estruturais enterrados. São Paulo: Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, 1975. VELLOSO, D. A.; LOPES, F. R. Fundações: critério de projeto, investigação do subsolo, fundações superficiais, fundações profundas. São Paulo: Oficina de Textos, 2010. 20 Tipos de fundações. Autoria: Eduarda Pereira Barbosa Leitura crítica: Hudson Goto Objetivos • Identificar os diferentes tipos de fundações superficiais e profundas. • Relacionar as principais características das fundações. • Entender as principais recomendações de cada tipo de fundação. 21 1. Classificação das fundações superficiais As fundações superficiais, também denominadas de fundações rasas, transmitem o carregamento para o subsolo por meio de suas bases e, para tanto, devem ser assentadas em cotas inferiores à duas vezes a menor dimensão da fundação, tal que não ultrapasse a profundidade de 3,0 metros. Segundo Velloso e Lopes (2010), em função das necessidades técnicas e econômicas, as fundações rasas podem ser projetadasde diferentes formas, e podem ser classificadas em diferentes tipos conforme segue. 1.1 Bloco Trata-se do elemento de fundação mais simples e, geralmente, construído de concreto ciclópico, todavia, pode ser construído de alvenaria ou pedras, conforme ilustra a Figura 1. Nesse tipo de estrutura, a altura da fundação é grande altura em relação à base, quando comparado aos outros tipos de fundações. Figura 1 – Fundação rasa do tipo bloco construída de (a) concreto ciclópico, (b) bloco de alvenaria e (c) pedras Fonte: elaborada pela autora. 22 Os blocos são estruturas de fundação que não necessitam de armadura, uma vez que são dimensionados de modo que a estrutura resista aos esforços de tração, o que ocasiona uma grande altura ao elemento. Recomenda-se que seja utilizado bloco para suportar carregamento de até 30 tf, sendo desejável que o solo tenha uma resistência mínima de 2,0 kgf/cm². 1.2 Sapata isolada Segundo a NBR 6122 (ABNT, 2019), a sapata isolada deve ser construída em concreto armado e dimensionada de maneira que as tensões de tração solicitadas na estrutura devem ser resistidas, utilizando-se armaduras. Ao combater esses esforços de tração que surgem na sapata com armadura, é possível reduzir a altura do elemento estrutural. Em comparação com bloco, as sapatas isoladas possuem uma altura relativamente menor e, em função disso, são consideradas estruturas econômicas e, consequentemente, representam o tipo de sapata mais utilizada no Brasil, conforme ilustrado na Figura 2. Figura 2 – Fundação rasa do tipo sapata isolada construída de concreto armado com geometria (a) retangular e (b) piramidal Fonte: elaborada pela autora. 23 Na prática, a sapata com geometria piramidal é obtida a partir da sapata de geometria retangular ao ser realizado um chanfro na sapata no intuito de economizar concreto e reduzir o peso próprio da fundação. Todavia, caso o projeto preveja sapata de geometria piramidal, é necessário que o executor tenha experiência para realizar a técnica o chanfro durante a execução. Para sapatas isoladas, não existe uma recomendação ou limitação de carga e pode ser utilizado qualquer carregamento desde que sejam verificadas a tensão admissível do solo (estado limite último) e os recalque aceitáveis (estado limite de serviço de deformação excessiva). 1.3 Sapata corrida A NBR 6122 (ABNT, 2019) define que a sapata corrida é utilizada quando existe uma carga linearmente distribuída ou está sujeita à ação de três ou mais pilares ao longo de um mesmo alinhamento, conforme ilustra a Figura 3. Figura 3 – Fundação rasa do tipo sapata corrida com carregamento (a) distribuído e (b) concentrado Fonte: elaborada pela autora. 24 O carregamento permitido para este tipo de fundação não deve ser maior que 30% da carga da estrutura. Para tanto, recomenda-se que a sapata corrida seja utilizada em obras de pequeno porte, pois não possuem cargas elevadas que atuam sobre as fundações. Na prática, a sapata corrida é uma infraestrutura utilizada para dar suporte a alvenarias estruturais e indicadas também para solos com elevada rigidez, isto é, tensão admissível do solo maior que 4,0 kgf/cm². 1.4 Sapata associada Sapata dimensionada para atender a dois pilares ou mais, desde que não estejam no mesmo alinhamento, conforme ilustra a Figura 4. A sapata associada é utilizada quando se tem carregamento da estrutura elevada em relação à resistência admissível do solo. Em função disso, geralmente, recomenda-se utilizar viga de rigidez para melhor distribuir o carregamento. Figura 4 – Fundação rasa do tipo sapata associada com viga de rigidez Fonte: elaborada pela autora. 25 A sapata associada é, principalmente, utilizada quando ocorre a sobreposição das projeções das sapatas concebidas individualmente. Recomenda-se, ainda, utilizar este tipo de sapata quando se tem pilares suficientemente próximos, como, por exemplo, em pilares duplos em uma junta de dilatação. 1.5 Sapata de divisa É utilizada quando se, devido a imposição arquitetônica do projeto, necessita construir uma fundação que está próxima ou no limite da divisa do terreno. As sapatas de divisa podem ser divididas em dois grupos: excêntrica ou com viga de equilíbrio, conforme ilustra a Figura 5. A viga de equilíbrio, também denominada de viga alavanca, tem a função de receber as cargas de um ou dois pilares para transmitir de forma centrada às fundações. Devido a utilização da viga de equilíbrio, a carga resultante que atua nas fundações é diferente da somatória aritmética das cargas individuas transmitida pelos pilares nelas atuantes (ANBT, 2019). Geralmente, a sapata de divisa excêntrica é a solução mais imediata para fundações de divisa, todavia, essa solução pode gerar grande excentricidade na estrutura, principalmente, se o carregamento for muito elevado. No intuito de resistir ao momento fletor gerado pela excentricidade, recomenda-se utilizar a viga de equilíbrio que vai tanto resistir ao esforço de momento fletor quanto distribuir o carregamento entres as fundações unidas pela viga. 26 Figura 5 – Fundação rasa do tipo sapata de divisa do tipo (a) excêntrica e (b) com viga de equilíbrio em planta e em corte Fonte: elaborada pela autora. 1.6 Radier Trata-se de um elemento estrutural do tipo placa contínua, que apresenta rigidez adequada tanto para receber quanto para distribuir mais do que 70% das cargas da estrutura, conforme ilustra a Figura 6. Para tanto, parte ou todas as alvenarias e os pilares transmitem o carregamento da edificação por meio de contato direto com o radier. 27 Figura 6 – Fundação rasa do tipo radier pode receber carregamento de parte ou todas alvenarias e/ou pilares Fonte: elaborada pela autora. O radier é uma solução técnica que distribui o carregamento para o solo de forma uniformemente distribuída, sendo recomendado para edificações de pequeno porte e quando houver solo de baixa resistência. Todavia, possui elevado custo, pois a estrutura é armada tanto na face superior quanto na inferior nas duas direções. Outro aspecto a ser levado em consideração sobre o radier é o elevado nível de dificuldade por execução, principalmente, em terrenos urbanos confinados. 2. Classificação das fundações profundas As fundações profundas transmitem o carregamento para o subsolo por meio da resistência do fuste, pela resistência da base ou pela 28 combinação dessas duas. Para tanto, devem ser assentadas em cotas superior à oito vezes a menor dimensão da fundação, tal que seja assentada na profundidade de 3,0 m, no mínimo (ABNT, 2019). Segundo Campos (2015), as fundações profundas são utilizadas quando superficialmente o subsolo não apresenta resistência adequada a magnitude do carregamento e são classificadas em dois grandes grupos: tubulões e estacas. 2.1 Tubulão Trata-se de um elemento estrutural em que, majoritariamente, as cargas da edificação são resistidas pela base e podem ser classificados em tubulão a céu aberto e tubulão a ar comprimido. Os tubulões são escavados manualmente ou mecanicamente, todavia, na fase final da escavação, é necessário trabalho manual para limpeza do fundo da escavação ou para alargamento da base (ABNT, 2019). Geometricamente, os tubulões necessitam ter um diâmetro de fuste mínimo de 70cm e, se houver alargamento da base, deve ter forma de um tronco com rodapé de 20cm de altura no mínimo, conforme ilustra a Figura 7. Os tubulões podem ser projetados com base circular ou em falsa elipse, se houver limitação de espaço durante o alargamento da base. A NBR 6122 (ABNT, 2019) estabelece que o diâmetro do fuste ( ) deve ter no mínimo 70cm, enquanto não define limites para o diâmetro da base ( ), todavia determina altura máxima de 180cm de altura para tubulões escavados e um rodapé de 20cm. 29 Figura 7 – Detalhes geométricos e construtivos dos tubulões Fonte: elaborada pela autora. O tubulão a céu aberto é recomendando quando a cota de assentamento da base estiveracima do nível da água ou, ainda, quando houver solo saturado coesivo, desde que seja possível fazer o bombeamento da água para fora da escavação sem o risco de desmoronamento do solo. O tubulão a ar comprimido é recomendado quando a cota de assentamento da base estiver abaixo do nível do lençol freático. Para tanto, durante a escavação do fuste, é necessário usar um revestimento de concreto ou metálico, comumente denominado de camisa, que pode ser recuperado após a concretagem do tubulão. Nesse tipo de tubulão, é permitido altura superior a 180cm, todavia, deve ser verificada a estabilidade do maciço de terra durante a escavação e não deve ultrapassar 300cm. 30 A norma NBR 6122 (ABNT, 2019) estabelece que os tubulões não precisam ser armados caso a tensão de compressão simples atuante no fuste seja menor ou igual à 5 MPa, todavia, é necessário, por questões construtivas, adotar uma armadura mínima com 300cm de comprimento e 0,4% de taxa de armadura em função da área do fuste. Na NBR 6122 ainda são estabelecidos outros critérios a serem seguidos durante o dimensionamento e execução dos tubulões, tanto que a norma possui dois anexos específicos para tubulões (anexos B e C), que aborda procedimentos executivos para especificar os insumos e detalhar as diretrizes construtivas (ABNT, 2019). 2.2 Estacas A NBR 6122 define que estaca é um: [...] elemento de fundação profunda executado inteiramente por equipamentos ou ferramentas, sem que, em qualquer fase de sua execução, haja trabalho manual em profundidade. Os materiais empregados podem ser: madeira, aço, concreto pré-moldado, concreto moldado in loco, argamassa, calda de cimento, ou qualquer combinação dos anteriores. (ABNT, 2019, p. 3) As estacas podem ser classificadas em dois grandes grupos: pré- moldadas e moldadas in loco. As estacas pré-moldadas, também denominadas de pré-fabricadas, são introduzidas no solo por meio por meio da vibração (martelo vibratório) ou choque mecânico (martelo por gravidade, de explosão e hidráulico). Já para a estaca moldada in loco, ocorre a perfuração do solo e, em seguida, é feita introdução de concreto, argamassa ou pasta de cimento no local. 31 As estacas pré-moldadas e moldadas in loco subdividem-se em outros tipos de estaca em função do processo executivo, conforme disposto no Quadro 1. Quadro 1 – Tipos de estaca em função do processo executivo Tipos de estacas Processo executivo Pré- moldada. Concreto. Durante a perfuração, ocorre o deslocamento horizontal do solo devido a cravação da estaca. Madeira. Metálica. Moldada in loco. Broca. São moldados no espaço deixado pela perfuração do solo, no intuito de substituir e ocupar o espaço deixado pelo solo removido durante o processo de perfuração. Strauss. Hélice. Escavada com lama. Franki. Durante a perfuração do solo, é feito o apiloamento de materiais granulares no intuito de promover o deslocamento do solo. Raiz. Durante a perfuração do solo, é feito uso de revestimento no intuito de evitar deslocamento do solo. Fonte: adaptado de Campos (2015). As estacas pré-moldadas de concreto são produzidas de concreto armado ou concreto protendido e possuem diferentes seções geométricas cheias ou vazadas: quadra, retangular, circular, hexagonal, dependendo do fabricante, conforme ilustra a Figura 8. 32 Figura 8 – Estacas pré-moldadas de concreto com seções transversais (a) quadrada, (b) retangular, (c) circular e (d) hexagonal cheias e vazadas Fonte: elaborada pela autora. Devido a necessidade de ser armada ao longo de todo segmento, possuírem elevado controle de qualidade na fabricação e durante o processo de cravação e gerarem sobras (resíduos) durante a cravação, as estacas pré-moldadas de concretos são consideradas de elevado custo. Todavia, são estruturas de execução rápida, quando comparada com estacas moldadas in loco. As estacas pré-moldadas de madeira necessitam ser de madeiras duras e rígidas, sendo muito comum utilizar eucalipto no Brasil. A cravação é feita, geralmente, por prensagem ou vibração, no qual recomenda-se utilizar um anel metálico para proteger a estaca e uma ponteira de aço, no intuito de facilitar a penetração e proteger a ponta da estaca. As estacadas de madeiras são utilizadas, preferencialmente, em solos submersos, todavia, se houver variação do nível de água constantemente, isso pode comprometer a integralidade da estaca devido a oxidação promovida por fungos que proliferam no ambiente água/ar (VELLOSO; LOPES, 2010). As estacas pré-moldadas metálicas são produzidas industrialmente, de aço, a partir de perfis laminados ou soldados, tubos de chapa, trilhos de linhas férreas, entre outros. As estacas metálicas são características por 33 apresentarem baixa vibração durante a cravação, elevada resistência à flexão e elevado preço. Devido a corrosão do aço em contato com o solo, é recomendável que estacas metálicas tenham uma espessura nominal mínima de 1,5mm e tratamento de superfície para resistir ao meio agressivo. A estaca do tipo broca, também denominadas simplesmente de broca, é uma estaca moldada in loco, que pode ser escavada com trado manual ou mecanicamente e, geralmente, atinge a profundidade de 5 a 6 metros. Este tipo de estaca é projetado em pequenos diâmetros (15 a 30 cm) para atender pequenas construções, sendo limitada a carga de 100 kN e deve ser executada acima do lençol freático. As brocas não necessitam de armadas estrutural caso a tensão de compressão simples atuante no fuste seja menor ou igual à 5 MPa, no entanto, é preciso utilizar uma armadura construtiva mínima de 200cm de comprimento, com 0,4% de taxa aço, em função da área transversal da estaca (ABNT, 2019). A estaca Strauss é executada por perfuração do solo com uma sonda ou piteira, no qual deve ser feito o revestimento total com camisa metálica. A perfuração do solo é feita com baixa vibração e utiliza água para facilitar a escavação, todavia, se o solo for argiloso pode gerar lama em excesso. Durante a concretagem, é realizado gradativamente o lançamento e apiloamento do concreto, com retirada simultânea do revestimento. A estaca Strauss pode ser completamente armada, caso sejam previstos esforços de flexão durante o dimensionamento, ou armada apenas para garantir o arranque do pilar ou ancoragem, sendo necessária uma armadura de 200cm de comprimento com 0,4% de taxa aço em função da seção transversal da estaca (ABNT, 2019). 34 A estaca do tipo hélice tem seu processo de escavação monitorado eletronicamente e pode ser executada com trado vazado contínuo ou segmentado, no qual ocorre a perfuração do solo por rotação do trado helicoidal de diâmetro constante. A concretagem é feita pela própria haste do trado, com injeção do concreto de maneira simultânea à sua retirada. A estaca hélice é utilizada em obras de grande porte, principalmente, em centros urbanos, cuja perfuração ocorre sem desconfinamento do solo. Nos últimos anos, esse tipo de estaca tem se tornado economicamente competitiva, pois é caracterizada pela elevada produtividade e ausência de vibrações, quando comparada com outras estacas. A armadura é inserida após a concretagem e deve ter, no mínimo, 400cm de comprimento e 0,4% de taxa de aço em relação a área da seção transversal. A estaca escavada com lama utiliza trado espiral e um fluido estabilizante durante a perfuração do terreno para assegurar a estabilidade do solo, que pode ser de lama bentonítica, polímero ou água (se for usado revestimento metálico). A profundidade dessa estaca é limitada à ausência de água, sendo recomenda atingir profundidade de dois metros acima do nível do lençol freático. A estaca escavada com fluido estabilizante recebe o nome de estação, quando a perfuração em grandes diâmetros (até 200 cm) e for realizada por uma caçamba com acoplação de uma perfuratriz, sendo também denominada de estaca barrete ou diafragma quando a escavação possui seção retangular e utiliza uma espéciede garra (clamshell). A concretagem é feita de forma submersa de modo a manter os resíduos da escavação em suspensão, a fim de evitar sua deposição na escavação. A armadura é colocada após essa concretagem e deve ter, no mínimo, 400cm de comprimento e 0,4% de taxa de aço em relação a 35 área da seção transversal, caso a tensão de compressão simples atuante no fuste seja menor ou igual à 6 MPa. A estaca Franki é executada com a cravação de um revestimento com a ponta fechada por uma bucha seca, que é constituída de material granular, onde são aplicados sucessivos golpes de um pilão para formação de um bulbo na ponta e alargamento da base, a fim de aumentar de tensão resistente do solo. O processo executivo dessa estaca é descrito no anexo H da norma NBR 6122 (ABNT, 2019). A concretagem é feita por meio do lançamento e apiloamento de pequenos volumes de concreto com resistência mínima de 20 MPa, tal que o revestimento é removido simultaneamente. A armadura deve ser colocada ao longo de todo fuste, pois faz parte do processo executivo da estaca e precisa ter, no mínimo, quatro barras de aço com área total de no mínimo 0,4% da área do fuste. A estaca raiz é escavada por uma perfuratriz rotativa ou a rotopercussão e utiliza revestimento metálico recuperável ao longo de toda sua estrutura, que é inserido à medida que a perfuração avança. Após a perfuração do solo, a estaca é preenchida com injeção de argamassa com resistência mínima de 20 MPa e armada integralmente. As estacas raiz possuem elevada capacidade de carga devido, principalmente, ao atrito lateral promovido pelo terreno, e pode ser executada em diferentes ângulos em relação ao plano vertical. Devido a utilização da perfuratriz, esse tipo de estaca não promove vibração às edificações vizinhas. Recomenda-se esse tipo de estaca quando se tem presença de rochas ou matacões e para reforço de fundações em solos de baixa resistência. A NBR 6122 (ABNT, 2019), ainda, define mais um tipo estaca denominada de microestaca (estaca injetada), moldada in loco e a perfuração feita por perfuratriz rotativa ou rotopercussiva, no qual é injetada uma pasta 36 de cimento por meio de um tubo com válvula que controla a pressão no intuito de promover aumento da resistência lateral. Referências ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6122 – Projeto e execução de fundações. Rio de Janeiro: ABNT, 2019. CAMPOS, J. C. Elementos de fundações em concreto. São Paulo: Oficina de textos, 2015. VELLOSO, D. A.; LOPES, F. R. Fundações: critério de projeto, investigação do subsolo, fundações superficiais, fundações profundas. São Paulo: Oficina de Textos, 2010. 37 Recalque em fundações. Autoria: Eduarda Pereira Barbosa Leitura crítica: Hudson Goto Objetivos • Estabelecer a diferença entre recalque absoluto e diferencial. • Apresentar os critérios recalques admissíveis em fundações. • Elencar os métodos para estimar o recalque em fundações. 38 1. Definição de recalque e critério de desempenho Conceitualmente, o recalque ( ) é uma deformação que ocorre no solo devido a aplicação do carregamento (Q) e caracterizado como deslocamento vertical para baixo em relação um referencial fixo e indeslocável, no qual esse referencial, geralmente, é algum material rochoso, conforme ilustra a Figura 1. Figura 1 – Representação conceitual do recalque Fonte: elaborada pela autora. Os recalques são resultantes da interação entre a fundação e o solo, no qual a deformação do solo é devido a redução de volume ou, ainda, por conta da mudança de forma do maciço de solo, que está compreendido entre a base da fundação e o referencial indeslocável (CINTRA; AOKI; ALBIERO, 2011). A variação do volume e/ou da forma do solo quando se aplica o carregamento, ocorre, principalmente, com a expulsão de água e ar dos vazios do solo, que são denominados respectivamente de compressão e 39 adensamento do solo. Todavia, a contribuição da compressibilidade dos grãos de solos é considerável desprezível em relação aos vazios totais. A ocorrência do recalque pode estar associada a diversos parâmetros, como o rebaixamento do lençol freático, heterogeneidade do subsolo linearmente, presença de solos colapsíveis, escavações em áreas adjacentes à fundação, vibrações excessivas oriundas de equipamentos e até mesmo variações nas cargas previstas para a fundação e imprecisão dos métodos de cálculo, entre outros. A NBR 6122 (ABNT, 2019) estabelece que devem ser verificados os estados limites de serviço do elemento estrutural de fundação e de deformação do solo, tal que o valor estimado do recalque deve ser menor ou igual ao recalque admissível. Nesse sentido, caso o recalque não seja ponderado em cálculos estruturais, o desempenho da edificação pode ser comprometido, tanto na parte arquitetônica, quanto na funcionalidade e estrutura. Arquitetonicamente, o recalque pode causar desconforto visual, em especial em situações onde ocorre deformações excessivas e desaprumo da edificação, como é o caso da torre de Pisa, na Itália, e os prédios tortos da orla da cidade de Santos. Quanto a funcionalidade da edificação, o recalque pode comprometer o acesso a edificação, além de causar várias manifestações patologias, como, por exemplo, emperramento de janelas e portas, desgaste no uso de elevadores, danificação das instalações elétricas, hidrossanitárias, entre outros. Já em relação à estrutural da edificação, podem surgir manifestações que comprometem a estabilidade da estrutura como um todo, tais como trincas inaceitáveis em vigas, lajes e pilares. Portanto, é imprescindível a determinação do recalque das fundações para elaboração do projeto da estrutura, e, caso não seja realizado isso, 40 a edificação pode sofrer danos irrecuperável, que, em situação mais crítica, pode ocorrer colapso. 2. Definição e tipos de recalques Berberian (2017) destaca que o recalque acontece em todas edificações e recomenda que a avaliação do recalque seja avaliada sob a perspectiva dos solos e da estrutura da edificação. Sob a óptica do solo, o recalque pode ocorrer devido recalque imediato, primário e secundário, conforme ilustra a Figura 2. Figura 2 – Etapas do recalque sob a óptica do solo Fonte: elaborada pela autora. Já sob a óptica da estrutura, os recalques podem ser classificados em dois tipos: absoluto e diferencial. Enquanto o recalque absoluto é relativo a cada sapata, o recalque diferencial é relativo entre duas sapatas. Esses tipos de recalques são discutidos a seguir. 2.1 Recalque absoluto Também denominado de recalque total, considera a deformação que ocorre em apenas um elemento de fundação. Assim, o recalque absoluto 41 ( ) é obtido em função da soma aritmética do recalque imediato ( ) e recalque por adensamento ( ), conforme mostra a Equação 1. (Equação 1) O recalque imediato ocorre devido ao comportamento elástico do solo e pode ser estimado pelo Método de Schmertmann, enquanto o recalque por adensamento ocorre devido o adensamento do solo e pode ser calculado baseado na Teoria de Elasticidade do solo desenvolvida do Terzaghi. O recalque absoluto é dito uniforme quando o maciço do é homogêneo e todas as sapatas recalcam de maneira semelhante, tal que haja um afundamento uniforme da edificação, conforme ilustrado na Figura 3. Figura 3 – Representação esquemática do recalque absoluto uniforme Fonte: elaborada pela autora. O recalque absoluto uniforme está associado a estabilidade vertical e horizontal da estrutura da edificação, tal que, do ponto de vista geotécnico, a estrutural não é comprometida. Todavia, podem surgir problemas pertinentes a via pública, como danificação de calçadas, patologia nas instalações hidrossanitárias, entrada pluvial, acesso a edificação, entre outros. 42 2.2 Recalque diferencial Também denominado de recalque relativo, ocorre quando um elemento de fundação isolado sofre maior recalque que outro. O recalque diferencial ( ) pode ser calculado peladiferença aritmética entre os recalques de duas sapatas , conforme mostra a Equação 2. (Equação 2) Nesse caso, o recalque pode estar associado ao solo que se apresenta linearmente fraco, devido uma interseção de bulbo de tensão da fundação ou, ainda, quando houver grande variabilidade nos tamanhos das bases das sapatas. Assim, quando ocorrer o recalque, a edificação se comportar como uma estrutura rígida, conforme ilustra Figura 4. Figura 4 – Representação esquemática do recalque diferencial uniforme Fonte: elaborada pela autora. A principal característica do recalque diferencial é o surgimento de distorções na estrutura, refletido no desaprumo da edificação. Todavia, o recalque diferencial promove o surgimento de esforços internos que comprometem a estrutura e, minimamente, acarreta no aparecimento de fissuras e trincas. Em 1956, um extenso estudo foi conduzido por Skempton e MacDonald, no qual foram avaliadas aproximadamente cem edificações. Os autores propuseram que os danos funcionais e estéticos dependem dos 43 recalques absolutos, enquanto que os danos que podem comprometer a estrutura e arquitetura da edificação dependem dos recalques diferenciais. Para tanto, foi proposto, em função de cada tipo de solo, os seguintes recalques admissíveis, conforme disposto na Tabela 1. Tabela 1 – Recalques admissíveis em função do tipo de solo Tipos de recalque Recalques em função do tipo de solo (mm) Argiloso Arenoso Diferencial. 40 25 Absoluto para sapatas isoladas. 65 40 Absoluto para radies. 65 a 100 40 a 65 Fonte: adaptado de Skempton e MacDonald (1956). Todavia, estudos recentes, como o conduzido por Velloso e Lopes (2010) Berberian (2017), apontam que a melhor maneira de avaliar o recalque é por meio do recalque distorcional angular. O recalque distorcional angular ( ), também denominado de recalque específico, é obtido em função da razão entre o recalque diferencial ( ) e a distância entre eixo das fundações ( ), conforme disposto na Equação 3. (Equação 3) Esse tipo de recalque ocorre predominantemente em solos heterogêneo, que apresenta variações pontuais de resistência, tal que o recalque ocorre em apenas parte da estrutura, conforme disposto na Figura 5. 44 Figura 5 – Representação esquemática do recalque distorcional angular Fonte: elaborada pela autora. A partir da avaliação do recalque distorcional angular, é possível avaliar a estabilidade da estrutura, sendo admissível um recalque específico de até 1/800, pois estima-se, nesta situação, que a estrutura sofrerá apenas microfissuras inofensivas. Na Tabela 2, são apresentadas diversas situações que podem ocorrer na estrutura, bem como um fator de risco. Tabela 2 – Critérios de avaliação da estrutura, em função do recalque distorcional angular com fator de risco Valor do Avaliação da estrutura Fator de risco 1/1500 Ideal, dando insignificante na estrutura. 0 1/800 Admissível, microfissura inofensivas. 1,3 1/600 Trinca em painéis de alvenaria, sem danos na estrutura. 1,7 1/500 Deformações toleráveis em vigas e lajes, trincas toleráveis em alvenaria sobre vijas e lajes. 2 1/300 Deformações e trincas acentuadas e comprometimento da estrutura. 3 45 1/150 Desabamento eminente. 6,7 1/100 Ruptura da estrutura. 10 Fonte: elaborada pela autora. O fator de risco foi desenvolvido por Berberian (2017) e é uma maneira de avaliar a estrutura, no qual é apresentado o risco de entrar em colapso em uma escala de zero a dez. Vale ressaltar que diversos fatores podem contribuir para o colapso da estrutura devido ao recalque, como tipo de fundação, tipo de solo, rigidez da estrutura. 3. Métodos de previsão de recalques em fundações A deformabilidade das fundações pode induzir na redistribuição dos esforços internos da estrutura, portanto, deve ser estudada a interação entre fundação e estrutura. Em especial, a NBR 6122 determina que seja obrigatório nos seguintes casos: a) estruturas nas quais a carga variável é significativa em relação à carga total, tais como silos e reservatórios; b) estruturas com mais de 55,0 m de altura, medida do térreo até a laje de cobertura do último piso habitável; c) relação altura/largura (menor dimensão) superior a quatro; d) fundações ou estruturas não convencionais. (ABNT, 2019, p. 14) Dessa maneira, por questão de segurança, deve ser verificado o estado limite de serviço e considerada a sensibilidade da estrutura aos recalques das fundações. Para tanto, o recalque pode ser estimado de por três métodos, conforme disposto no Quadro 1. 46 Quadro 1 – Métodos para estimar o recalque em fundações Métodos Características Racionais. É baseado em parâmetros de deformabilidade, que, por sua vez, são obtidos por meio de ensaios in situ ou em laboratório, como o ensaio edométrico e o ensaio piezométrico. Os resultados são correlacionados com modelos teoricamente exatos. Semiempíricos. Também baseado nos parâmetros de deformabilidade do solo, todavia, utiliza correlação com dos ensaios in situ de penetração, como o Cone Penetration Test (CPT) ou Standart Penetration Test (SPT). Os resultados dos ensaios são utilizados para determinar o recalque por meio dos métodos teoricamente exatos. Empíricos. O recalque é por meio de tabelas com valores típicos de tensões admissíveis em função do tipo de solo, no qual são relacionados aos recalques admissíveis em estruturas convencionais. Ensaio de placa. Busca relacionar a tensão aplicada em modelo protótipo, tanto com a tensão admissível do solo quanto com o recalque da fundação. Fonte: elaborado pela autora. Observa-se que cada método possui suas peculiaridades, além disso, os métodos se subdividem em outros em função de parâmetros específicos. Nessa perspectiva, a seguir, serão abordadas as especificidades de cada método. 3.1 Métodos racionais A metodologia para calcular os recalques pode se subdividir em dois grupos: cálculos diretos e por cálculos indiretos. O procedimento 47 de cálculo direto obtém o valor do recalque de forma contínua pela solução empregada, enquanto o método por cálculo indireto permite obter o recalque, por meio da integração das deformações específicas calculadas à parte. O cálculo direto de recalque é, principalmente, feito por meio de soluções que envolvam a Teoria da Elasticidade, apesar de existir métodos numéricos, que são raramente utilizados. A solução que emprega a Teoria da Elasticidade é fundamentada na pressão média aplicada ( ), menor dimensão da sapata ( ), coeficiente de Poisson ( ), módulo de Young ( ) e os fatores de forma ( ), profundidade ( ) e espessura da camada compressível ( ), conforme disposto na Equação 4. (Equação 4) Velloso e Lopes (2010) destacam que existem diversas publicações e tabelas que podem ser utilizadas como soluções baseadas na Teoria da Elasticidade, até mesmo métodos empregados em solos heterogêneos. Todavia, podem existir limitações para o uso da Teoria da Elasticidade para cálculo de recalque em solos, apenas para solos não drenados, uma vez que, em solos drenados, as tensões efetivas variam com o carregamento. Já o cálculo indireto, também denominado de cálculo por camada, envolve quatro etapas. A primeira etapa consiste em dividir o terreno em subcamadas, em função das propriedades dos materiais e proximidade da carga. Na segunda etapa, são calculados o recalque devido a tensão inicial e o acréscimo de tensão. Na terceira etapa, é calcula a deformação parcial a partir do produto da deformação específica pela espessura da camada. Já na quarta etapa, é feita a soma das parcelas de cada recalque parcial que ocorreu nas subcamadas, dessa maneira obtendo o recalque total. 48 3.2 Métodos semiempíricos A metodologia de cálculo correlaciona as propriedades de deformabilidade dos solos, para tanto, a estimativa das propriedades de deformação do solo são feitos por meio ensaios que, necessariamente, não visam observar o comportamento de tensão e deformação dossolos, como ensaios de laboratório (edométrico e triaxial, por exemplo) e de campo (CPT e SPT, por exemplo). Os métodos semiempíricos, genericamente, correlacionam os ensaios de penetração com: a) as propriedades de deformação, obtidas por meio do ensaio de tensão-deformação, realizado em amostras de solo coletada próximo ao local de ensaio de penetração; b) as propriedades de deformação retirados por retroanálises de medições dos recalques em fundações. No Quadro 2 são relacionados os principais métodos semiempíricos de determinação do recalque em fundação, que correlacionam os resultados dos ensaios de penetração de SPT ou de CPT. Quadro 2 – Métodos semiempíricos para estimar o recalque em fundações Métodos semiempíricos Características Método de Terzaghi e Pec. Utilizaram o ensaio de SPT para prever os recalques e tensão admissível de sapatas em solo arenoso. A estimação do recalque pode ser obtida utilizando ábaco, que leva em consideração a cota de assentamento da fundação. Método de Meyerhof. Relaciona a tensão aplicada e o recalque de sapata em solo arenoso, para tanto, utiliza ábacos para obtenção de tensão do trabalho de sapatas. 49 Método de Alpan. A previsão do recalque é baseada em uma placa quadrada e a equação leva em consideração o fator de forma e a tensão geostática corrigida em função da profundidade da sapata. Método de Buisman. Trata-se de um método indireto, que correlaciona o acréscimo de tensão devido da fundação com o perfil de ensaio CPT e perfil de deformações calculadas em subcamadas. Método de Barata. Baseada na Teoria da Elasticidade para determinar o recalque, correlacionando com o Módulo de Young e o tipos de solos arenoso e argiloso parcialmente saturado. Método de Schmertmann. Compila o perfil de deformação específica do solo imediatamente abaixo da base da fundação, tal que avalia a profundidade tanto o pico quanto da anulação da deformação. Fonte: elaborado pela autora. 3.3 Métodos empíricos A estimativa do recalque é simplesmente baseada nas características do terreno, como, por exemplo, boletins e relatórios com a classificação e determinação da compacidade do solo ou a consistência obtida por meio de ensaios de campo e laboratório. Para tanto, normalmente, são utilizadas tabelas que permitem associar a tensão admissível do solo com recalques em estruturas convencionais. Velloso e Lopes (2010) apontam que existem tabelas de tensões admissíveis de códigos e normas de fundações, que podem ser usadas tanto em anteprojetos quanto em obras de pequeno vulto. As tabelas se apresentam como conservadoras e requerem análises do perfil do terreno. Entre as tabelas usuais, pode-se destacar a tabela da NBR 6122 (ABNT, 1996), que não figura mais na atualização da norma de 2019, e a 50 tabela de Berberian (2017), que é relativamente mais atualizada e possui valores que se equiparam ao de recalques obtido por outros métodos. 3.4 Métodos do ensaio de placa O recalque da fundação pode ser estimado a partir da análise gráfica do resultado do ensaio de placa. O ensaio pode ser realizado na superfície, em cavas ou furos, utilizando tanto uma placa convencional como uma placa parafuso, sendo que, durante o ensaio, pode ser controlado o carregamento aplicado ou a deformação do solo, conforme disposto na Figura 6. Figura 6 – Tipos de ensaios de placa quanto (a) localização, (b) tipo de placa e quanto a forma de carregamento com (c) deformação controlada, (d) incremento de carga e (e) carga cíclica Fonte: Velloso e Lopes (2010, p. 113). 51 A norma NBR 6489 (ABNT, 2019) regulamenta este método por meio do ensaio da prova de carga em placas e a interpretação do resultado permite determinar parâmetros de deformação, resistência e coeficiente de reação vertical do solo, que, consequentemente, possibilita fazer extrapolações para determinar o recalque das fundações. Por fim, no intuito de atender aos critérios normativos, principalmente de segurança e serviço da estrutura, é indispensável estimar e avaliar o recalque das fundações. Para tanto, foram apresentados conceitos fundamentais relacionado ao recalque das fundações e sua interação com a estrutura, bem como expostos os principais métodos de cálculo do recalque. Na prática do engenheiro, cabe ao profissional avaliar e ponderar a influência do recalque sobre a edificação. Referências ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6122 – Projeto e execução de fundações. Rio de Janeiro: ABNT, 1996. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6122 – Projeto e execução de fundações. Rio de Janeiro: ABNT, 2019. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6489 – Solo–Prova de carga estática em fundação direta. Rio de Janeiro: ABNT, 2019. BERBERIAN, D. Engenharia de Fundações. 3 ed. Brasília: Infrasolo, 2017. CINTRA, J. C. A.; AOKI, N.; ALBIERO, J. H. Fundações diretas: projeto geotécnico. São Paulo: Oficina de textos, 2011. SKEMPTON, A. W.; MACDONALD, D. H. The allowable settlements of buildings. Proceedings of the Institution of Civil Engineers, v. 5, n. 6, p. 727-768, 1956. VELLOSO, D. A.; LOPES, F. R. Fundações: critério de projeto, investigação do subsolo, fundações superficiais, fundações profundas. São Paulo: Oficina de Textos, 2010. 52 Dimensionamento de fundações e critérios de projeto. Autoria: Eduarda Pereira Barbosa Leitura crítica: Hudson Goto Objetivos • Especificar os critérios para dimensionamento de fundações. • Apresentar os métodos de dimensionamento de fundações. • Estabelecer critérios de detalhamentos geométricos de fundações. 53 1. Dimensionamento de fundações rasas O dimensionamento de fundações deve ser feito de modo a atender, principalmente, dois critérios. Primeiramente, quanto a resistência do solo, tal que a base das fundações deve ser calculada de modo que tensão aplicada pela estrutura deve ser menor ou igual a tensão admissível do solo. Já o segundo critério, a geometria da fundação, deve ser estruturalmente adequada para resistir aos esforços de compressão e tração, que podem surgir na estrutura. Nesse sentido, a seguir, são elencados os critérios de dimensionamento das fundações rasas quanto a geometria da base, bem como quanto altura e o cálculos dos esforços internos e complementares. 1.1 Base do bloco e da sapata isolada O dimensionamento da base do bloco e da sapata isolada pode ser concebida com geometria quadrada ou retangular à critério do projetista. Todavia, a seção do pilar e critério econômico pode influenciar nessa escolha. Quando o pilar apresentar seção quadrada, recomenda-se que a base da fundação seja dimensionada com geometria quadrada, cujo lado ( ) deve ser calculado em função da tensão admissível do solo ( ) e levar em consideração o peso próprio da estrutura, estimado em, no mínimo, 5% do carregamento oriundo do pilar ( ), conforme disposto na Equação 1. (Equação 1) Já quando seção do pilar for retangular, a base da fundação deve ser dimensionada de modo a manter a proporcionalidade entre as 54 dimensões da base da sapata e a seção do pilar ou com balanços iguais, conforme ilustra Figura 1. Figura 1 – Representação esquemática das bases das fundações em planta dimensionadas por dois métodos: proporcionalidade e balanços iguais Fonte: elaborada pela autora. Pelo método das proporcionalidades, o lado maior ( ) e lado menor ( ) da base da fundação são dimensionados, respectivamente, pelas Equações 2 e 3. (Equação 2) (Equação 3) Já pelo método dos balanços iguais, considerado como um método econômico em comparação aos métodos anteriores, os lados das bases devem ser calculados em função da tensão admissível do solo ( ) e do carregamento oriundo do pilar ( ), conforme disposto nas Equações 4 e 5. (Equação 4) (Equação 5) 55 Ao fazer o dimensionamento dos lados, deve-se verificar as dimensões mínimas exigidas pela NBR 6122 (ABNT, 2019, p. 24), que estabelece que “as sapatas isoladas ou os blocos não podemter dimensões inferiores a 60 cm”. Após o dimensionamento, deve ser verificado a tensão de cálculo ( ) da fundação, que representa a tensão distribuída da carga do pilar para a camada resistente do solo pela base da fundação, conforme disposto na Equação 6. (Equação 6) Assim, como critério de segurança, a tensão de cálculo deve ser menor ou igual que a tensão admissível do solo ( ). 1.2 Altura do bloco e da sapata isolada Uma vez que o bloco de fundação é um elemento de elevada rigidez, o dimensionamento estrutural da altura do elemento deve ser feito de modo que o concreto resista as tensões de tração na base da fundação. Para tanto, o ângulo deve ser maior ou igual a 60°, conforme ilustra figura 2. Figura 2 – Representação esquemática do bloco evidenciando o ângulo Fonte: elaborada pela autora 56 Dessa maneira, a altura do bloco pode ser dimensionada em função do lado da base da fundação ( ) e o maior lado do pilar ( ), conforme mostra Equação 7. (Equação 7) Já a sapata, que é uma fundação de característica estruturalmente flexível, a altura é dimensionada em função das dimensões da base da sapata e do pilar acrescido do lastro de concreto (5 cm), conforme disposto na Equação 8. (Equação 8) Por critério construtivo, recomenda-se que a altura da fundação tenha no mínimo 20cm, principalmente, quando se trata de sapata isolada com geometria piramidal, cujo rodapé deve respeitar este critério estabelecido, conforme ilustra a Figura 3. Figura 3 – Representação esquemática das alturas de uma sapata com geometria piramidal Fonte: elaborada pela autora 57 Quando a altura da sapata for maior que a mínima, a altura do rodapé da sapata ( ) deve ser no mínimo 20cm e calculada conforme mostra Equação 9. (Equação 9) 1.3 Sapata excêntrica isolada O dimensionamento da base da sapata excêntrica isolada é fundamentada no método da ruptura para flexão composta, visto que parte da base da fundação é submetida à tração e outra parte, à compressão. Para tanto, recomenda-se que deve ser controlado excentricidade máxima da carga do pilar, por meio da geometria da base da sapata. Nesse sentido, recomenda-se estimar, primeiramente, a taxa de compressão do pilar ( ), calculado em função do carregamento do pilar ( ), majorado pelo coeficiente de segurança ( ), a resistência de cálculo de compressão do concreto ( ) e área do pilar ( ), conforme mostra a Equação 10. (Equação 10) A partir do valor encontrado na Equação 9, deve-se determinar o valor de , e esse valor não pode ser maior do que indicado na Tabela 1. Tabela 1 – Valores de correlação entre taxa de compressão do pilar e razão entre a excentricidade e o maior lado do pilar Fonte: elaborada pela autora. 58 Adotando-se um valor na Tabela 1, é possível, então, determinar o valor da excentricidade ( ) em função de k e do maior lado do pilar ( ), conforme mostra Equação 11. (Equação 11) Em seguida, deve ser calculado o valor do lado ortogonal a divisa do terreno ( ) em função do maior lado do pilar ( ), conforme mostra Equação 12. (Equação 12) Conhecido o valor de D, deve-se calcular o valor da largura da sapata excêntrica isolada (B), em função do carregamento do pilar ( ) e da tensão admissível do solo ( ), conforme mostra Equação 13. (Equação 13) A partir do método das bielas comprimidas, deve ser dimensionada a altura ( ) da sapata excêntrica de divisa, conforme mostra Equação 14. (Equação 14) Quando a sapata excêntrica for concebida com geometria piramidal, deve-se calcular a altura do rodapé da sapata ( ) de, no mínimo, 20cm, conforme mostra Equação 9. 1.4 Sapata corrida O dimensionamento geométrico deve ser feito para o comprimento unitário, tal que, posteriormente, seja feito o extrapolamento do resultado para o comprimento total da sapata. Dessa maneira, utilizando com , o valor do lado transversal da sapata corrida ( ) é dado em 59 função do carregamento do pilar ( ) e da tensão admissível do solo ( ), conforme mostra Equação 15. (Equação 15) Já o dimensionamento da altura da sapata corrida, pode ser feito pelo método das bielas comprimidas, tal que depende do lado transversal da sapata corrida ( ) e menor lado do pilar ( ) acrescido do lastro de concreto (5 cm), conforme disposto na Equação 16. (Equação 16) Deve, ainda, observar o critério de altura mínima (20 cm) e, se for adotado seção piramidal, deve-se calcular a altura do rodapé da sapata, conforme mostra Equação 9. 1.5 Radier Velloso e Lopes (2010) destacam que os métodos de cálculos de radiers possuem uma classificação complexa, uma vez que existem diversos métodos matemáticos e numéricos, que podem ser baseados em semiespaços elásticos ou rígidos. Para tanto, os autores apontam alguns métodos de dimensionamento dos radiers: • Cálculo por método estático. • Cálculo como um sistema de vigas sobre base elástica. • Métodos de placa sobre o solo. • Método dos elementos finitos. Entre as diversas soluções para dimensionamento de radier, o método dos elementos finitos tem ganhado muito destaque nos últimos anos, 60 principalmente, devido ao uso de programas computacionais que viabilizam os cálculos. O método consiste basicamente em representar de forma unitária o deslocamento de cada elemento de forma contínua, conforme apresentado na Figura 4. Figura 4 – Modelos de sistema estrutural baseando no método dos elementos finitos (a) com elementos de placa sobre apoio estático e (b) com elementos de placa sobre elementos sólidos Fonte: Velloso e Lopes (2010, p.18). O modelo baseado em elementos finitos permite levar em consideração a heterogeneidade espacial do solo. Tal que os apoios buscam basicamente representar o solo e simular seu comportamento, que pode ser elástico ou rígido. Sendo que cabe ao profissional de engenharia analisar a solução mais adequada, em função das informações obtidas na investigação do solo, critérios técnicos e econômicos. Vale a pena destacar que a adoção de apoios elásticos ou rígidos se baseia em informações obtidas no próprio campo, quando existentes. 2. Dimensionamento de fundações profundas O dimensionamento das fundações profundas é feito por meio da determinação da capacidade de carga do elemento estrutural, tendo em vista a interação solo-estrutura. Enquanto o dimensionamento dos tubulões é feito de maneira similar às fundações rasas, a capacidade de 61 carga das estacas leva em consideração as tensões resistentes do atrito lateral e da ponta da estaca. Nesse sentido, a seguir, são apresentados métodos para estimar a capacidade de carga das fundações profundas tanto de tubulões quanto de estacas, bem como os critérios construtivos e de segurança. 2.1 Dimensionamento de tubulões O dimensionamento de tubulões envolve três etapas básicas: i) determinação da tensão admissível do solo; ii) determinação diâmetro do fuste; e iii) determinação da área da base. A primeira etapa pode ser feita de diversas maneiras, em função da previsão cota de assentamento, por exemplo, utilizando métodos semiempíricos, como o método de Berberian (2017). A determinação do diâmetro do fuste do tubulão ( ) deve ser feita em função da tensão resistente do concreto ( ) e carregamento oriundo do pilar ( ), conforme mostra a Equação 17. (Equação 17) A norma NBR 6.122 (ABNT, 2019) recomenda que, no mínimo, seja utilizado concreto com resistência característica à compressão de 25 MPa, todavia, por viabilidade construtiva e econômica, recomenda- se utilizar uma tensão resistente do concreto de, no máximo, 5 MPa. Essa tomada de decisão ocorre em função de dois aspectos: primeiro, que pode haver contaminação do concreto com sujeira durante a concretagem, o que reduz a sua resistência; e segundo, adota-se essa tensão no intuito de utilizar armadura mínima no fuste. 62 Já o dimensionamento da base do tubulão, deve ser feito de modo a considerar ou não o atrito lateral mobilizado pelo fuste, todavia, geralmente, o atrito lateralé desprezado. A base da fundação pode ser concebida de forma circular ou falsa elipse, dependendo de critérios do projetista e arquitetônicos do projeto. Assim, o dimensionamento do diâmetro base circular do tubulão ( ) é feito em função do peso próprio do fuste ( ), carregamento oriundo do pilar ( ) e da tensão admissível do solo ( ), conforme mostra a Equação 18. (Equação 18) O peso próprio do fuste ( ), a ser considerado no dimensionamento dos tubulões, é feito em função do comprimento do fuste ( ), baseado na cota de assentamento, do diâmetro do fuste ( ) e do peso específico do concreto ( ) não-armado, conforme mostra a Equação 19. (Equação 19) Outro aspecto geométrico do tubulão e a altura ( ), quando houver alargamento da base, que leva em consideração o ângulo , uma vez que a base do tubulão não possui armadura, e os diâmetros da base ( ) e do fuste ( ), conforme mostra a Equação 20. (Equação 20) Ao fazer o dimensionamento geométrico dos tubulões, deve, ainda, verificar os parâmetros normativos quanto aos aspectos construtivos e segurança, estabelecidos pela NBR 6122 (ABNT, 2019). 63 2.2 Dimensionamento de estacas A capacidade de carga das estacas é baseada, principalmente, no mecanismo de ruptura do solo devido a interação entre o elemento estrutural e o solo. Para tanto, diversos autores já propuseram modelos teóricos para explicar esse mecanismo por meio do bulbo de pressão, tal que o modelo mais aceito, atualmente, envolve cunha de ruptura do solo e zona de cisalhamento, conforme ilustra a Figura 5. Figura 5 – Representação esquemática do bulbo de pressão de uma estaca Fonte: elaborada pela autora. O dimensionamento de estacas é baseado na estimativa da capacidade de carga na ruptura do solo ( ),reduzida para capacidade de carga admissível ( ) da estaca em função do fator de segurança global ( ), 64 conforme mostra a Equação 21. (Equação 21) O valor do fator de segurança global ( ) depende do método utilizado para determinação da capacidade de carga da estaca, no qual recomenda-se 1,6 quando se realiza prova de carga e 2,0 quando é feito por métodos semiempíricos. Todavia, existem autores que determinam valores específicos para seus métodos semiempíricos. A capacidade de carga de ruptura do solo ( ) é determinada em função de capacidade de carga do atrito lateral ( ) e da resistência de ponta ( ), conforme mostra a Equação 22. (Equação 22) De modo geral, a NBR 6122 (ABNT, 2019, p. 28) recomenda que, para estacas escavadas, a capacidade de carga da resistência de ponta deve ser menor que do atrito lateral ( ), sendo, ainda, recomendado que “caso o contato efetivo entre o concreto e o solo firme ou rocha não possa ser assegurado” deve admitir nula a capacidade de carga da resistência de ponta ( ). Para determinar a capacidade de carga na ruptura do solo ( ), em termos da soma das parcelas de resistência lateral e resistência de ponta, existem diversos métodos semiempíricos, que levam em consideração resultados de provas de carga estáticas, estudos estatísticos e até mesmo experiência dos autores, no qual pode-se destacar: • Método de Aoki-Velloso (1975). • Método de Décourt-Quaresma (1978, modificado em 1996). 65 • Método de Teixeira (1996). • Método de Antunes e Cabral (1996). • Método de Berberian (2015). Cada um desses métodos possui suas particularidades, todavia, a previsão da capacidade de carga da estaca é influenciada por diversos fatores, como o tipo de solo, tipo de estaca e processo construtivo, cota de assentamento e dimensões geométricas do elemento estrutural. Portanto, é recomendável avaliar qual o método de dimensionamento mais adequado para cada situação, em função da disponibilidade de equipamento, caraterísticas regionais e experiência do projetista. Durante o dimensionamento de estacas, devem, ainda, ser analisados econômico e tecnicamente três parâmetros: tipo de estaca, seção geométrica e cota de assentamento. A escolha do tipo de estaca está associada, principalmente, a capacidade de carga do elemento, bem como características do subsolo e disponibilidade de mão de obra e equipamento. A partir da escolha do tipo de estaca, deve ser feita uma estimativa da seção transversal do elemento, no qual é comum utilização de catálogos. Os catálogos de estacas visam relacionar a seção do elemento a uma carga usual (carga de catálogo), que é uma estimativa da carga de ruptura que pode ser alcançada pela estaca. Todavia, por critério de segurança, é recomendável utilizar uma estaca com carga de catálogo de, pelo menos, o dobro da carga de projeto. Outro aspecto fundamental, para garantir a segurança das estruturas de fundações, é o estabelecimento da obrigatoriedade da Avaliação Técnica do Projeto de Fundações, conforme definido na NBR 6122 (ABNT, 2019). Para tanto, é necessário que o profissional responsável pela avaliação técnica tenha experiência em fundações e emita parecer técnico, o que 66 torna o autor do parecer responsável solidariamente pelos aspectos técnicos do projeto de fundações. Referências ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6122 – Projeto e execução de fundações. Rio de Janeiro: ABNT, 2019. BERBERIAN, D. Engenharia de Fundações. 3 ed. Brasília: Infrasolo, 2017. CINTRA, J. C. A.; AOKI, N.; ALBIERO, J. H. Fundações diretas: projeto geotécnico. São Pau- lo: Oficina de textos, 2011. VELLOSO, D. A.; LOPES, F. R. Fundações: critério de projeto, investigação do subsolo, funda- ções superficiais, fundações profundas. São Paulo: Oficina de Textos, 2010. 67 BONS ESTUDOS! Sumário Normas e controle de qualidade das fundações. Objetivos 1. Conceitos e normas de fundações 2. Investigação do subsolo 3. Determinação da tensão admissível do solo Referências Tipos de fundações. Objetivos 1. Classificação das fundações superficiais 2. Classificação das fundações profundas Referências Recalque em fundações. Objetivos 1. Definição de recalque e critério de desempenho 2. Definição e tipos de recalques 3. Métodos de previsão de recalques em fundações Referências Dimensionamento de fundações e critérios de projeto. Objetivos 1. Dimensionamento de fundações rasas 2. Dimensionamento de fundações profundas Referências