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1.
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PSICOLOGIA E SEGURANÇA NA 
CONSTRUÇÃO CIVIL
2
Camila Zoe Correa 
Ingrid Barbosa Betty
São Paulo
Platos Soluções Educacionais S.A 
2021
 PSICOLOGIA E SEGURANÇA NA CONSTRUÇÃO 
CIVIL
1ª edição
3
2021
Platos Soluções Educacionais S.A
Alameda Santos, n° 960 – Cerqueira César
CEP: 01418-002— São Paulo — SP
Homepage: https://www.platosedu.com.br/
Diretor Presidente Platos Soluções Educacionais S.A
Paulo de Tarso Pires de Moraes
Conselho Acadêmico
Carlos Roberto Pagani Junior
Camila Braga de Oliveira Higa
Camila Turchetti Bacan Gabiatti
Giani Vendramel de Oliveira
Gislaine Denisale Ferreira
Henrique Salustiano Silva
Mariana Gerardi Mello
Nirse Ruscheinsky Breternitz
Priscila Pereira Silva
Tayra Carolina Nascimento Aleixo
Coordenador
Mariana Gerardi Mello
Revisor
Joubert Rodrigues dos Santos Júnior
Editorial
Alessandra Cristina Fahl
Beatriz Meloni Montefusco
Carolina Yaly
Mariana de Campos Barroso
Paola Andressa Machado Leal
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)_________________________________________________________________________________________ 
Betty, Ingrid Barbosa
B565p Psicologia e segurança na construção civil /
Ingrid Barbosa Betty, Camila Zoe Correa. – São Paulo:
Platos Soluções Educacionais S.A., 2021.
 44 p.
 ISBN 978-65-5356-021-5
 1. Psicologia aplicada ao trabalho. 2. Segurança 
 integrada. 3. Relações humanas. I. Correa, Camila Zoe. II. Título.
 
CDD 158
____________________________________________________________________________________________
 Evelyn Moraes – CRB: 8 010289
© 2021 por Platos Soluções Educacionais S.A.
Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação poderá ser 
reproduzida ou transmitida de qualquer modo ou por qualquer outro meio, 
eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação ou qualquer outro tipo de 
sistema de armazenamento e transmissão de informação, sem prévia autorização, 
por escrito, da Platos Soluções Educacionais S.A.
https://www.platosedu.com.br/
4
SUMÁRIO
A Psicologia e a segurança no trabalho _______________________ 05
Engenharia de segurança e relações de trabalho ____________ 19
Introdução a segurança do trabalho na construção civil _____ 34
Programa de Gerenciamento de Riscos (PGR) na construção 
civil __________________________________________________________ 51
PSICOLOGIA E SEGURANÇA NA CONSTRUÇÃO CIVIL
5
A Psicologia e a segurança no 
trabalho
Autoria: Ingrid Barbosa Betty
Leitura crítica: Joubert Rodrigues dos Santos Júnior
Objetivos
• Proporcionar noções básicas sobre a Psicologia 
aplicada às realidades de trabalho.
• Compreender a relação entre Psicologia e segurança 
do trabalho.
• Refletir sobre o ato de trabalhar e as questões 
humanas relacionados ao trabalho.
• Apresentar conteúdos relativos à ergonomia da 
atividade.
• Refletir sobre a atuação humanizada em situações 
de acidentes.
6
1. Noções de Psicologia
Nesta Leitura Digital, exploraremos alguns conceitos sobre a Psicologia 
enquanto ciência e a sua aplicação para compreender os fenômenos 
relacionados às organizações de trabalho. Além disso, poderemos 
aprender porque o trabalho é considerado uma atividade vital humana, 
no qual o homem se coloca no mundo, ao mesmo tempo em que se 
transforma e constitui quem ele é. Dessa forma, a relação do trabalho 
com o homem se tornará a base deste texto, desde o momento em que 
este constitui a nossa identidade enquanto pessoas, até as questões 
ergonômicas desta relação.
Nesta leitura, também será possível aprofundar em elementos que 
podem contribuir para um acidente de trabalho, preparando os leitores 
para anteciparem este cenário e mitigando situações adversas. É 
importante ressaltarmos, ainda, que todos nós somos seres humanos, 
com isso, ao realizar esta Leitura Digital, sugerimos que possa refletir 
também sobre as suas próprias rotinas laborais, compreendendo as 
transformações que podem ser realizadas neste espaço.
1.1 A ciência psicológica
A Psicologia é considerada uma ciência, ou seja, ela compõe um 
conjunto de conhecimentos sobre fatos ou aspectos da realidade que 
foram sistematizados ao longo das gerações, conforme Bock, Teixeira e 
Furtador (2018), culminando com saberes que podem ser rigorosamente 
transmitidos, verificados, utilizados e desenvolvidos. Mas será, que a 
Psicologia, a ciência que se propõe a estudar os seres humanos, pode 
ser de fato observada e replicada em um grau de precisão, como são 
mensurados os ângulos de um triângulo?
Ao analisarmos alguém, conseguimos verificar de imediato que temos 
particularidades e diferenças, sejam elas físicas (como vestimentas) 
7
ou de linguagem. Esses são apenas alguns fatores que constituem o 
homem como um ser vivo, com suas características biológicas, físicas, 
sociais e culturais. Dessa forma, podemos perceber que um dos 
elementos que podem caracterizar os estudos da Psicologia, se deve ao 
fato de que seu objeto de análise ser impreciso e mutável, como cada 
um de nós em nossas particularidades.
Ao longo do tempo, essas questões causaram uma grande dificuldade 
para definirmos precisamente qual o objeto de estudo da Psicologia. 
Diferente da Astronomia que estuda os astros, e da Biologia que estuda 
os seres vivos, quando perguntarmos a um psicólogo qual seu objeto de 
estudo, este pode se diferenciar, de acordo com a maneira que aquele 
profissional encara a subjetividade humana. Se perguntarmos a um 
psicólogo comportamental, a resposta será o comportamento humano. 
Já para os estudiosos das linhas psicanalistas, o objeto de estudo será o 
inconsciente, e outros dirão que é sua personalidade. Esta definição irá 
depender, enfim, da ótica que utilizarmos para analisar o ser humano.
Para esta Leitura Digital, compreenderemos que o objeto de estudo da 
Psicologia é o ser humano e sua subjetividade, nas suas mais diversas 
formas de manifestação.
A subjetividade é a síntese singular e individual que cada um de nós 
vai constituindo conforme vamos nos desenvolvendo e vivenciando as 
experiências da vida social e cultural; é uma síntese que, de um lado, nos 
identifica, por ser única; e, de outro lado, nos iguala, na medida em que 
os elementos que a constituem são experienciados no campo comum 
das condições objetivas de existência. Essa síntese – a subjetividade – é 
o mundo de ideias, significados e emoções construído internamente 
pelo sujeito a partir de suas relações sociais, de suas vivências e de sua 
constituição biológica; é, também, fonte de suas manifestações afetivas e 
comportamentais. (BOCK; TEIXEIRA; FURTADOR, 2018, p. 10)
Esta subjetividade é construída socialmente à medida que nos 
relacionamos, sendo moldada pelas nossas experiências práticas e 
8
elementos culturais que compõem nossa sociedade. Com isso, podemos 
caracterizar os seres humanos como seres bio-psico-sociais, ou seja, que 
são construídos a partir da sua filogênese (elementos que compõem 
a nossa bagagem genética, a história evolutiva da nossa espécie), 
ontogênese (a história de vida dos indivíduos, suas experiências) 
e cultural (espaço social ao qual o sujeito faz parte, seus rituais e 
costumes).
1.2 A Psicologia do trabalho
A Psicologia propõe-se a estudar a subjetividade humana em seus 
mais diversos espaços, na escola, nos hospitais, nas emergências e 
desastres, nos esportes e também, nas organizações de trabalho. Esta 
ramificação da ciência é denominada Psicologia Organizacional, e tem 
como objetivo estudar as relações humanas nas organizações sociais de 
trabalho, sejam estes espaços empresas públicas, privadas, instituições 
do terceiro setor, mercadinhos de bairro ou multinacionais. A Psicologia 
Organizacional se propõe a estudar o ser humano em seu espaço 
laboral, entendendo que aquela organização é um sistema complexo, 
composto por várias redes de poder e interfaces.
Para compreender melhor a relação do comportamento humano ao 
trabalho, precisaremos, primeiramente,entender o que é trabalho. 
O conceito de trabalho passou por vários significados ao longo da 
construção da humanidade. Na Antiguidade, ele era descrito na 
mitologia grega e na religião como uma punição. Com a evolução 
dos anos, passou a assumir características de servidão e sacrifício, 
durante o feudalismo. Em seguida, assumiu uma conotação de honra 
e honestidade, pelo olhar calvinista. Ou ainda, como ontológico e 
estruturante do ser humano, por Marx. Por fim, o conceito de trabalho 
também foi transformado com o taylorismo, ao descrever qualquer 
tipo de ócio como algo não produtivo, gerando consequentemente uma 
visão de não lucratividade. Atualmente, podemos entender o trabalho 
9
como qualquer atividade pela qual o ser humano se coloca no mundo, 
transformando-o, na mesma medida em que se transforma (LEONTIEV, 
1978 apud MARTINS, 2008). Por isso, quando falamos de trabalho, não 
nos referimos apenas à relação de emprego seja ele formal ou informal.
Vale lembrar, ainda, que trabalho é uma palavra originária do latim 
tripalium, que era considerado um instrumento de tortura. Ou seja, 
trabalhar significava ser torturado no tripalium. E, apenas escravos e 
pobres (aqueles que não conseguiam pagar impostos) trabalhavam. 
Como percebemos, com o passar do tempo, esse olhar de tortura 
foi alterado abrangendo, também, as atividades físicas produtivas, 
no campo e cidades. E com o evoluir dos séculos, o termo trabalho 
começou a ser utilizado como conhecemos hoje.
Dessa forma, o trabalho é um fenômeno pelo qual todos nós nos 
constituímos e nos organizamos enquanto pessoas. Por isso, o não 
trabalho, ou seja, o desemprego, pode gerar tanto sofrimento, pois o 
trabalho em nosso contexto social ocidental constitui quem nós somos, 
é a nossa identidade.
A Psicologia Organizacional dedica-se em compreender a motivação 
humana, a cognição, emoções e afetos nestes ambientes, bem como 
se dá a relação saúde doença no trabalho. Ela possui, como premissa, 
que o trabalho por si só provoca transformações em quem nós somos 
e, dessa forma, este gera rupturas, tornando-se fonte de prazer e 
desprazer.
Quando falamos de motivação é importante perceber, ainda, que não 
existe um padrão ou fórmula mágica com a qual todos os profissionais 
obtêm o desejo para realizar determinadas atividades. A motivação nos 
leva a elementos da subjetividade humana, como a interindividualidade, 
que nos diz que cada ser humano possui o seu mecanismo de 
aprendizagem, resolução de problemas e modos operatórios. Ou 
ainda, a intraindividualidade, na qual, você mesmo sofre alterações 
10
de acordo com o horário do dia e seu momento de vida. Por exemplo, 
determinada pessoa pode ter seu aparelho cognitivo mais disponível 
para aprendizagem no período da manhã, do que pela tarde, de acordo 
com o seu ciclo circadiano e hormonal. Por isso, quando falamos em 
motivação no contexto organizacional não podemos demonstrar que ao 
promover desafios e aprendizagens constantes um determinado grupo 
de pessoas estará igualmente disponível para realizar tarefas. Ou, que 
ao disponibilizar um aumento salarial, todos daquele grupo tornaram-
se aptos a realizar suas rotinas com satisfação. Precisamos sempre 
nos recordar que os seres humanos não são máquinas previamente 
programadas. Todos nós temos os nossos desejos que mudam ao longo 
da vida, nos motivando de formas diferentes. Este pode ser um desafio 
paras as organizações de trabalho, no qual precisamos desenvolver 
estratégias coletivas. Uma das sugestões de ferramentais mais atuais 
para enfrentamento desta questão é a construção de personas, ou seja, 
a criação de uma figura que congrega características de determinado 
grupo. Dessa forma, você poderá construir o perfil de alguns grupos em 
determinada área, construindo estratégias que possam atingir dois ou 
mais públicos.
Outro ponto interessante para considerarmos envolve a coletividade 
do trabalho. Vamos pensar juntos? Imagine o cenário no qual um 
programador é contratado para criar um aplicativo de música. Este 
trabalha sem pares, isolado em sua residência, até a entrega das 
funcionalidades solicitadas. Podemos considerar que este profissional 
trabalha sozinho? Os estudos da Psicologia do Trabalho referem que 
não. Pois, todo o trabalho humano é social e coletivo, a medida em que 
foram necessários outros seres humanos para que aquela atividade 
de concretizasse. Por exemplo, alguém solicitou a criação do aplicativo, 
outras pessoas construíram as ferramentas de trabalho, como o 
computador no qual aquele sujeito trabalha e, foram necessários anos 
de pesquisa e conhecimento para que uma determinada linguagem de 
programação fosse criada, contribuindo para que aquele profissional 
11
aplicasse em sua tarefa. Dessa forma, é importante pensarmos que 
o trabalho é sempre coletivo. Por isso, ao analisarmos ou criarmos 
padrões e normas, precisamos nos recordar de quais relações serão 
importantes para a composição da análise.
2. Ergonomia da atividade
A ergonomia é considerada uma disciplina científica que tem por 
objetivo transformar o trabalho de forma a adaptá-lo às características 
e variabilidade do homem e do processo produtivo. Abrahão (2009) 
entende, ainda, que devemos adaptar o trabalho ao homem, e não 
o homem ao trabalho. Desta forma, para obtermos maior qualidade, 
produtividade e segurança, precisaremos nos debruçar aos elementos 
que compõem os espaços de trabalho que precisam ser ajustados às 
necessidades dos indivíduos.
Este ponto pode ser considerado como uma quebra de paradigma, 
tendo em vista que, com o modelo fordista e toyotista de organização 
do trabalho (no qual cada pessoa desempenha uma função e, a união 
das atividades realizadas por aquele coletivo de profissionais, gera um 
resultado) acreditava-se que cada ser humano deveria ser encaixado 
em um determinado cargo, atendendo a todas as necessidades que 
ali fossem necessárias. Neste novo olhar para as relações de trabalho, 
começamos a perceber que os cargos e funções são descrições 
existentes para desempenhar determinada tarefa, entretanto, cada ser 
humano, único, com sua bagagem bio-psico-social, irá exercer aquela 
ação de uma forma.
À primeira vista, este conceito pode assustar os especialistas em 
padronização de processos, pois, para que os produtos sejam entregues 
com o mesmo nível de excelência, faz-se necessário a criação de 
instruções, normas e especificações técnicas. É necessário prescrever as 
12
tarefas que são esperadas para cada atribuição, entretanto, ao criarmos 
padronizações precisamos recordar que trabalhar é resolver problemas. 
Dessa forma, intercorrências podem surgir ao longo do processo 
produtivo, e é importante que os profissionais designados para aquela 
função, sejam capazes de, a partir da sua cognição, buscarem soluções 
àquela questão. Possuindo, ainda, tempo necessário para realização de 
margens de manobras, os espaços de tempos que antes poderiam ser 
vistos como desperdícios, durante o trabalho real, se fazem necessários 
para antecipações, ajustes e melhorias contínuas. Dessa forma, 
conseguimos perceber que existe uma diferença entre aquilo que foi 
prescrito, a tarefa, e aquilo que, de fato, foi realizado – a atividade.
Ao mencionarmos a palavra ergonomia, podemos recordar apenas de 
alguns elementos que compõem a NR 17 (Norma Regulamentadora) 
(BRASIL, 2002), que trata sobre a ergonomia nos espaços de trabalho. 
Esta NR, e sua aplicação, muitas vezes são lembradas apenas pelos 
elementos que possuem a análise de posturas, mobiliários, conforto e 
condições sanitárias nos espaços laborais. Entretanto, esta legislação 
técnica tenta reforçar que, ao gerenciarmos espaços laborais, estamos 
lidando com seres humanos, cada um com suas idiossincrasias. Dessa 
forma, mesmo que padrões sejam criados por meio de medidas de 
um “homem médio”, este homem ou mulher não existe nas rotinas 
das organizações. Com isso, para que situações de acidentes sejam 
mitigadas ou, para que possamos garantira ampliação de produtividade, 
estes elementos devem ser considerados como fator de análise.
3. O fator humano e a segurança do trabalho
Christophe Dejours (2020), um importante médico e psiquiatra, criou 
na década de 1980, a Psicodinâmica do Trabalho, teoria pela qual 
aprofunda os seus estudos relacionados aos fatores humanos. Em seus 
estudos, são analisados os mecanismos de defesa dos trabalhadores 
13
frente às situações causadoras de sofrimento decorrentes da 
organização do trabalho, e, ainda, como os profissionais não podem 
ser fragmentados entre indivíduo “dentro do trabalho” e “fora do 
trabalho”. Dejours (2020) reforça que não há uma dicotomia entre nossa 
subjetividade, com isso, aspectos da nossa rotina laboral influenciam 
diretamente nossa vida, e vice-versa. Dessa forma, quando analisamos 
acidentes de trabalho ou em nossas vidas privadas, faz-se fundamental 
compreender que pode haver correlação entre diferentes fatores. 
Por isso, pode haver suicídios ocasionados orginalmente por assédios 
morais e pressões, ou acidentes gerados por falta de descanso na noite 
anterior.
Importante reforçar, neste momento, que o olhar de nexo-causal, 
no qual há uma procura por uma única causa raiz de uma situação 
de acidente no trabalho, pode ser considerada simplista, devido 
às multifatoriedades humanas e organizacionais já mencionadas 
anteriormente. Lembre-se que não existe uma dicotomia entre corpo 
e mente, com isso, estes elementos se entrelaçam tornando quem nós 
somos, seres integrais.
Quando tratamos de fatores humanos, imediatamente é associada 
uma ideia de erro, falha ou uma falta cometida por um profissional. 
Esta concepção pejorativa está relacionada à uma visão distorcida de 
confiança absoluta nas técnicas, máquinas, processos e procedimentos. 
Além disso, há uma redução do ser humano a uma junção de fatores, 
mesmo que exista uma complexidade adicional quando falamos de 
seres vivos, em especial os humanos.
Reflita: Por que você, neste momento, está se especializando em 
Psicologia e funcionamento humano? Um primeiro palpite sobre esta 
pergunta está relacionado à necessidade de trabalhar com esta peça 
fundamental, afinal, mesmo com a criação de robôs ou os machine 
learning, ainda precisamos de pessoas? Por isso, precisamos sempre nos 
lembrar o quanto precisamos das pessoas para entrega do resultado e 
14
indicadores no final de um ciclo. Outro palpite para esta questão é a não 
possibilidade de formatação ou padronização. Ou seja, se fosse possível 
compreender todos os aspectos que circundam a interação humana no 
trabalho por meio de um guia ou manual, este livro já estaria impresso 
e esgotado nas livrarias. Entretanto, não é possível criarmos um padrão 
para lidarmos conosco mesmos, por isso, é papel de cada um de nós 
compreender como se dão as relações nos espaços de trabalho. Dessa 
forma, nos tornamos agentes críticos para pensar o próprio trabalho, 
criando perguntas chaves para cada situação, ambiente e cultura. 
Assim, a formação em “fatores humanos” e segurança no trabalho é, 
antes de mais nada, uma formação reflexiva, para que cada especialista 
possa, a partir do ambiente em que se encontrar, promover questões e 
desdobramentos relacionados à sua realidade.
Dejours, em seu livro O Fator Humano (2020), traz alguns esquemas que 
nos fazem refletir sobre a investigação de acidentes. O primeiro deles, 
induz ao seguinte encaminhamento:
Falha, erro, falta.
�
Controle, vigilância, instruções, regulamento, disciplina, sanção e/ou 
formação.
A sequência anterior é comumente usada nas rotinas, tendo evoluído 
para uma análise científica, conforme segue:
Análise do comportamento.
�
Decomposição do comportamento em processos, elementos, módulos 
ou unidades de comportamento, a serem estudados separadamente.
15
�
Pesquisa e concepção em matéria de ajuda ou de assistência ao 
raciocínio ou à decisão.
�
Prótese cognitiva: substituição do homem, tão frequentemente quanto 
possível, por automatismos.
Um segundo modo de pensar, não tão “tradicional” nas indústrias, pode 
ser analisado a seguir.
Motivação, desmotivação.
�
Comunicação (mais informacional do que pragmática).
�
Cultura da empresa, valores.
�
Análise das condutas (não redutíveis aos comportamentos).
�
Relações de trabalho/análise das interações sociais e afetivas.
�
Análise das estratégias dos atores.
16
Dessa forma, podemos perceber uma relação muitas vezes obscura 
nas organizações, como o trabalho conjunto das áreas de segurança e 
cultura organizacional, para que juntos, possam questionar e pensar 
em estratégias para superar as contradições e desafios referentes 
à saúde e segurança nos espaços de trabalho. E, ainda, que as 
condutas humanas vão muito além de um mero fazer, comportar-se. 
Existem outros elementos às vezes inconscientes e desconhecidos 
pelos próprios sujeitos, que podem contribuir para uma falha. Por 
exemplo, estar descontente com a atitude de um colega de trabalho, 
ou esquecer de checar um determinado processo importante para o 
trabalho coletivo.
Por fim, trazemos algumas possíveis causas que podem contribuir 
com uma análise multifatorial sobre a ocorrência de um desvio 
ou falha: falta de informação ou falha na comunicação; falta de 
conhecimento; falta de aptidão física ou mental; falha devido a 
condições ergonômicas inadequadas; falha devido à motivação 
incorreta (como excesso de confiança, desejo de ser mais rápido e 
produtivo), falha por deslize.
4. Evento adverso, o que fazer?
Na literatura e normas técnicas sobre Gestão de Emergências e 
Desastres, encontramos algumas etapas que nos ajudam a explicar 
um evento adverso e, consequentemente, o que podemos fazer pelos 
sujeitos naquele momento. Por isso, no Quadro 1 é apresentado um 
esquema que pode ser correlacionado a qualquer cenário de acidente, 
incidente ou quase acidente, nos auxiliando na prática de prevenção ou 
orientação quando algo ocorrer.
17
Quadro 1 – Correlação: ciclo de gestão de desastre e acidentes de 
trabalho
Fase do desastre Aspectos humanos
1. Prevenção: momento no qual são 
realizadas medidas para evitar 
a ocorrência de uma situação 
adversa, criando avaliações de 
riscos, por exemplo.
Neste momento são realizados 
mapeamentos que podem contribuir 
com as próximas fases.
2. Mitigação: momento no qual é 
sabido sobre a possibilidade de 
algum risco, criando estratégias 
para diminuir as vulnerabilidades 
e aumentar a capacidade de 
resiliência. Por exemplo, aplicando 
melhorias de processos e 
realizando simulados.
Neste momento, devem ser realizadas 
medidas de conscientização sobre 
riscos, por meio de campanhas de 
comunicação, treinamentos e simulados. 
Faz-se importante envolver a liderança 
das áreas para que sejam adotadas as 
medidas mitigatórias implementadas.
3. Preparação: momento no qual é 
sabido sobre a existência de algum 
risco, preparando as equipes para 
atuação, por exemplo, reforçando 
processos e comunicando sobre o 
risco eminente.
Neste momento é fundamental 
garantir uma organização de 
atividades, papéis e responsabilidades 
claros. Além disso, as comunicações 
precisam ser claras e objetivas.
4. Resposta: evento adverso ocorre, 
momento focado em salvar 
vidas e aplicação dos planos de 
emergência.
Neste momento, o esforço deve estar em 
suportar as vítimas de maneira imediata, 
a partir dos socorros médicos necessários. 
Em seguida, todos os stakeholders 
necessários devem ser sinalizados sobre 
o fato, lideranças, áreas e famílias.
Os primeiros cuidados psicológicos podem 
ser aplicados, por qualquer pessoal que se 
sinta apta à ação.1 Lembrando que vários 
profissionais da organização podem ser 
afetados pelo evento adverso, mesmo não 
tendo presenciado o fato. Por isso, o olhar 
de cuidado deve ser estendido a todos 
aqueles que sintam sua necessidade.
5. Recuperação: após a situação 
adversa a normalidade é 
restituída, focando os esforços na 
reconstrução dos espaços e criando 
novas medidas de prevenção.
Ocuidado com as vítimas, familiares, 
colegas e afetados se mantém pelo 
tempo que for necessário.
Fonte: elaborado pela autora.
1 Para maiores detalhes, consulte: OMS (2011). 
18
5. Reflexões Finais
Neste texto pudemos conhecer um pouco mais sobre a atuação da 
Psicologia nos espaços de trabalho e suas relações com os aspectos de 
segurança organizacional. Também foram trazidas reflexões sobre como 
os especialistas no tema precisam desenvolver habilidades aguçadas 
de observação e escuta sobre a realidade de trabalho, visando prevenir 
e mitigar fatalidades. Além disso, é preciso ter como base que um 
contratempo é sempre a ponta de um iceberg, que precisa ser escavado 
com minúcia, compreendendo que vários elementos contribuíram para 
sua formação.
Por isso, desenvolver a competência observar o cenário como uma 
pessoa externa àquela situação, questionando-se sobre os múltiplos 
fatores, será determinante para a composição da análise. Além disso, 
uma observação profunda, precisa ser originada com uma escuta ativa 
do cenário pois, nada melhor do quem desempenha a atividade real 
para auxiliar na inovação e padronização daquela ação.
Referências
ABRAHÃO, Júlia (org.). Introdução à Ergonomia: da prática à teoria. São Paulo: 
Blucher, 2009.
BOCK, Ana; TEIXEIRA, Maria; FURTADOR, Odair. Psicologias: uma introdução ao 
estudo de psicologia. 15. ed. São Paulo: Saraiva Educação, 2018.
BRASIL. Ministério do Trabalho e Emprego. Manual de aplicação da Norma 
Regulamentadora nº 17. 2. ed. Brasília: MTE, 2002.
DEJOURS, Christiphe. O fator humano. 5. ed. 6. reimpr. Rio de Janeiro: FGV, 2020.
MARTINS, Ligia (org.). Sociedade, Educação e Subjetividade: Reflexões Temáticas à 
Luz da Psicologia Sócio-Histórica. São Paulo: Cultura Acadêmica, 2008.
OMS. Organização Mundial da Saúde. Primeiros cuidados psicológicos: guia para 
trabalhadores de campo. OMS, 2011.
19
Engenharia de segurança e 
relações de trabalho
Autoria: Ingrid Barbosa Betty
Leitura crítica: Joubert Rodrigues dos Santos Júnior
Objetivos
• Refletir sobre a atuação da engenharia de segurança 
nas relações de trabalho.
• Aprofundar conteúdos sobre educação 
prevencionista.
• Compreender elementos sobre andragogia e 
aprendizagem.
• Conhecer técnicas de seleção de pessoas.
20
1. Gestão de segurança e de pessoas
Neste texto, exploraremos alguns conceitos sobre como a engenharia 
e outras práticas de segurança podem ser aplicadas em um espaço 
de trabalho. Dessa forma, você está convidado a compreender os 
subsistemas de gestão de pessoas, focando principalmente, naqueles 
elementos que possam contribuir para a criação de um ambiente 
seguro. Por exemplo, a atração e seleção de pessoas, o desenvolvimento 
organizacional e treinamento, a comunicação interna e as relações 
trabalhistas e sindicais.
Os conhecimentos aqui apresentados poderão fazer parte da sua rotina 
enquanto especialista no assunto e gestor de equipes. Dessa forma, 
esperamos que você possa apreender o conteúdo e refletir também 
sobre suas próprias realidades, percebendo o que pode ser aplicado e 
transformado nas relações de trabalho as quais você faz parte.
1.1 Trabalho contemporâneo
O significado social do trabalho foi transformado ao longo das gerações 
e culturas, tendo sido considerado desde uma punição até um sacrifício. 
Atualmente, o ato de trabalhar é considerado uma ação que gera honra 
e honestidade. Com isso, aquele que não é considerado produtivo pelo 
sistema econômico atual, ou seja, que não vende seu tempo e ações 
em trocas monetárias, pode ser considerado à margem da sociedade, 
devido à conotação atual que esta atividade humana desempenha na 
contemporaneidade. Dessa forma, conseguimos compreender que o ato 
de fornecer seus serviços e produtos em troca de uma remuneração é 
algo fundamental socialmente.
Dito isto, os seres humanos, ao aplicarem suas forças físicas e cognitivas 
a partir de uma atividade, estão colocando em prática quem estes são, 
ao mesmo tempo que modificam suas identidades por meio de seu 
21
trabalho. Desta forma, nos referimos as pessoas as quais convivemos 
utilizando características relacionadas às suas atividades laborais. Por 
exemplo, o “seu João da padaria”, “a Gabriela da engenharia”, “o Jorge 
do marketing”. O trabalho constitui quem nós somos e como todas 
as nossas relações irão se organizar. Mas, por que a compreensão do 
que significa trabalhar na contemporaneidade é tão importante para 
pensarmos estratégias de segurança no trabalho? Porque precisamos 
compreender a devida importância que o tema possui na vida dos 
sujeitos e, como estes vão se comportar em suas rotinas laborais.
1.2 Segurança e relações de trabalho
Tomando como base que segurança é um princípio importante para o 
resultado do trabalho, tal como qualidade e produtividade, o papel da 
engenharia de segurança ganha forças e responsabilidades. A atuação 
prevencionista, mitigatória e analítica que este especialista desempenha, 
ganha ainda mais complexidade quando começamos a compreender 
que a relação de trabalho e seus possíveis incidentes está permeada por 
um coletivo de elementos.
Ao agirmos na prevenção de cenários adversos, vale a pena reforçar, que 
atuamos, acima de tudo, com a aprendizagem dos sujeitos. Com isso, ao 
assumirmos um posicionamento punitivo, que acaba por constranger os 
indivíduos nas suas rotinas, poderemos não atingir o objetivo necessário 
de antecipar possíveis lacunas que possam culminar com um evento 
de crise. Dessa forma, ao colocar em prática todos os conhecimentos 
técnicos adquiridos na engenharia de segurança, é fundamental que 
o profissional consiga utilizar estratégias de conscientização ou relato 
de incidentes, que estejam relacionados com o reforço positivo dos 
sujeitos. Por exemplo, ao apresentar em uma reunião executiva, todos 
os acidentes ou quase acidentes em um farol vermelho, estamos 
utilizando uma abordagem que promove a vergonha e até humilhação 
dos envolvidos. Como sugestão, podemos pensar em estratégias de 
22
reconhecimento e evidências de situações que foram evitadas, com 
foco no reforçamento positivo dos comportamentos prevencionistas. É 
claro que os problemas e situações adversas precisam ser reportados, 
entretanto, precisamos refletir se estamos damos mais relevância para 
aqueles cenários que estão fora do padrão que gostaríamos ou, para 
aqueles que estão dentro do padrão necessário.
Para concepção de um diagnóstico sobre um determinado evento, 
é fundamental focar a análise em elementos que vão além daquele 
trabalhador que estava envolvido na cena. É preciso compreender 
que outros fatores podem influenciar diretamente aquele cenário e 
aquela organização, por exemplo, as relações de poder e influência, os 
elementos da cultura organizacional, a falta de reconhecimento etc.
A não utilização de equipamentos de proteção individual (EPI’s), pode ser 
um dos fatores que contribuem diretamente com situações adversas nas 
organizações. Entretanto, pouco se reflete sobre a origem do seu não 
uso e qual o papel das lideranças neste cenário.
Todos nós precisamos compreender por que precisamos cumprir 
determinadas regras, por exemplo, porque utilizar a faixa de pedestre, 
se eu posso atravessar a rua a qualquer momento. Ao construirmos uma 
argumentação para a travessia na faixa de pedestre ou sobre a utilização 
de EPIs é preciso que deixemos claro alguns elementos: porque utilizar, 
porque não utilizar, porque agora, quais são as consequências formais e 
informais etc. Alguns estudos relatam que as pessoas precisam escutar 
até cinco vezes o mesmo argumento ou história para começarem a 
introjetar estas informações. Por isso, o reforço na mensagem sobre a 
utilização de equipamentos individuais é fundamental, até mesmo para 
aqueles profissionais que já possuem comportamento exemplar no 
desempenho de determinada tarefa.
E, para que este discurso seja, de fato, praticado é preciso, ainda, que, 
em situações corriqueiras, a liderança, os pares e aqueles formadores23
de opinião sempre se comportem de maneira segura e preventiva. 
Pois, a manutenção de um determinado comportamento também irá 
demandar aquilo que conseguimos observar como sendo valorizado 
em nossas relações interpessoais. Dessa forma, de nada pode adiantar 
um belo discurso sobre a utilização de procedimentos de segurança 
se, na prática, é possível perceber que alguns representantes daquela 
organização burlam o sistema de algum modo, e não são alertados 
sobre isso. Os não ditos da cultura organizacional, também vão 
constituindo o padrão de comportamento de todos.
E você, especialista em segurança no trabalho, também poderá ser 
considerado uma pessoa de referência em todos os cenários, seja nos 
espaços de trabalho, seja em suas rotinas de lazer. Por fim, sugerimos 
que o olhar para segurança não seja considerado apenas um processo 
dentro dos espaços de trabalho. Caso seja possível transformar isto em 
um estilo de vida, estendendo o olhar de autoavaliação individual para 
as rotinas dos lares e vidas privadas dos trabalhadores, ganhos poderão 
ser percebidos em todos os espaços. Afinal, segurança é um tema 
relacionado a todos os ambientes em que estamos inseridos.
2. Gestão de pessoas
Ao longo da constituição das organizações de trabalho como 
conhecemos hoje, foram criadas áreas e departamentos responsáveis 
por determinadas tarefas, visando, assim, uma maior especialização em 
determinados temas e, consequentemente uma melhor produtividade 
e inovação. Com a área de Recursos Humanos, Gestão de Pessoas 
ou Gente e Gestão, não foi diferente. Os processos e técnicas foram 
remodelados de acordo com as transformações do capitalismo 
neoliberal. Atualmente, a compreensão de como gerir pessoas, seja 
a si mesmo, uma equipe de projetos ou uma determinada área é 
fundamental para qualquer sujeito que adentra um espaço de trabalho. 
24
Alguns conhecimentos são vistos como imprescindíveis e, determinamos 
sensos comuns, não são mais aceitos nas organizações. Por isso, iremos 
detalhar alguns processos de gerenciamento de pessoas que podem 
facilitar e contribuir para as rotinas de segurança.
2.1 Atração e seleção
As organizações de trabalho geralmente se organizam a partir de 
áreas, cargos e funções. E, para o desempenho de uma determinada 
tarefa, espera-se que algumas características prévias dos sujeitos sejam 
necessárias. Com isso, os processos de recrutamento, atração e seleção 
são fundamentais, visando não adaptar o homem ao trabalho, mas, sim 
compreender como aquele sujeito poderá colocar em prática todos os 
seus conhecimentos, experiências e disposição para aprendizagem em 
determinada função.
Recrutar significa atrair pessoas para uma determinada ação. Por 
isso, o termo recrutamento pode estar relacionado desde cenários 
como o recrutamento de investidores de startups, até o processo de 
aliciamento de voluntários para uma determinada pesquisa científica. 
Nas organizações de trabalho, para recrutar um grupo de pessoas é 
fundamental que os canais de comunicação estejam adequados para 
o público que se pretende atingir. Dessa forma, garantir o alcance das 
pessoas para determinado cargo por meio da linguagem, formato e 
canal de comunicação adequados poderá ser trivial à primeira vista. 
Entretanto, ao fazer o ajuste adequado ao que se esperava, poupa-
se tempo processual localizando adequadamente o tipo de perfil 
necessário às atribuições.
Em alguns lugares, o termo recrutamento foi substituído por atração, 
que visa demonstrar um olhar mais ampliado das organizações no 
empenho de manutenção da sua marca empregadora em destaque. 
Desta forma, precisamos compreender que o clima organizacional, os 
25
acidentes zeros e a satisfação com as rotinas de trabalho, contribuirão 
ou não para que determinada organização esteja em destaque, sendo 
buscada proativamente por candidatos externos como uma boa 
empresa para se trabalhar. Aqui é possível perceber a relevância do 
tema de segurança, na atração de talentos para qualquer área de uma 
determinada empresa. Ampliando assim, a visão de segurança apenas 
como um requisito normativo.
Algumas técnicas para realizar o recrutamento de pessoas são: divulgar 
vagas em sites especializados, em redes sociais e grupos profissionais, 
disponibilizar vagas em centros de treinamento ou especializados. Além 
disso, será fundamental manter a marca da sua organização viva em 
todas as mídias possíveis.
Por fim, quando falamos de seleção, falamos sobre um conjunto 
de técnicas e ferramentas que nos auxiliam a filtrar um conjunto 
de indivíduos, até que se identifique um profissional que possa 
desempenhar determinada tarefa, conforme planejado. Aqui não 
estamos querendo reforçar a visão ultrapassada do “homem certo, no 
lugar certo, na hora certa”. Mas sim, a visão da “pessoa adequada, com 
potencial e vivências necessárias para satisfazer a si e a organização, em 
determinado cenário”. Desta forma, ao colocar em prática entrevistas, 
dinâmicas de grupo, exames psicotécnicos ou ainda games de seleção, 
é importante perceber, também, os motivadores e afinidades daquele 
sujeito à cultura da organização e rotina de um determinado cargo.
Afinal, não seremos razoáveis ao contratar um doutor em álgebra que 
sonha em atuar com desenvolvimento de produtos para uma função 
de especialista contábil, tendo em vista que os desafios e aptidões são 
distintas para cada natureza de tarefa. Este elemento pode aparecer 
desapercebido em um determinado momento, mas, indivíduos 
desconectados de sua atividade podem, de alguma maneira, contribuir 
para um aumento de desmotivação e, ocasionalmente, provocar 
lapsos inseguros nos espaços de trabalho. Por isso, o movimento 
26
prevencionista de acidentes deve possuir um olhar ampliado sobre 
todos os processos que envolvem seres humanos nas organizações de 
trabalho. Além disso, vale reforçar que os seres humanos se modificam 
ao longo da vida e, com isso, seus desejos profissionais também 
podem ser alterados. Dessa forma, o olhar interno à organização para 
movimentações de pessoas, deve ser um fator constante de análise.
Um último ponto sobre este processo precisa ser destacado, pois 
é um erro comum cometido em processos seletivos e que podem 
culminar com processos legais. A Consolidação das Leis de Trabalho 
(CLT) assegura que não pode haver processos discriminatórios nas 
organizações, incluindo, também, as etapas de atração e seleção. 
Por isso, as descrições de vagas devem ser pensadas visando atrair e 
selecionar pessoas, sem nenhum demonstrativo discriminatório, afinal, 
as crenças que temos que apenas um determinado perfil de pessoas 
pode desempenhar aquela função diz mais sobre nós mesmos, do que a 
capacidade de outros de realizarem determinada função.
2.2 Desenvolvimento organizacional
Desde os nossos primeiros passos até a obtenção de certificados 
de Graduação, estamos, a todo momento, nos desenvolvendo e 
aprimorando nossos conhecimentos e, dentro de uma organização de 
trabalho, isto não seria diferente. Conforme Abrahão (2015), durante as 
rotinas laborais, os profissionais aprendem novas soluções e macetes 
relacionados às suas atividades, aprimorando técnicas que, por muitas 
vezes, parecem estabilizadas. Isto se deve ao fato de que trabalhar 
é resolver problemas; com isso, mesmo os procedimentos mais 
especificados em normas não poderão ser descritos fielmente quando a 
realidade e empecilhos do mundo concreto se evidenciam. Com isso, as 
capacitações e formações são importantes para dar clareza ao que será 
esperado na prática de trabalho, mas, ainda mais, quais serão os limites 
27
de bricolagem, ou seja, adaptações que poderão ser realizadas in loco 
para resolver situações e garantir as entregas finais.
Esses limites e ensinamentos são necessários não apenas para 
instrumentalizar sobre o melhor formato de como devem ser realizadas 
determinas ações, mas também, para promover consciência e sentido 
do porquê determinadas normas ou procedimentos existem. Valeressaltar que, por muitas vezes acreditamos que uma sessão de 
treinamentos com longas oito horas poderão fazer com as pessoas que 
entraram em uma determinada sala pela manhã, saiam ao final do dia 
agindo de maneira complemente diferente.
É preciso compreender o sentido e o significado das coisas para que 
possam mudar algum padrão de comportamento. Por isso, mais do que 
fornecer longas capacitações sobre um determinado assunto, mesmo 
aquele procedimento operacional de segurança mais importante, 
é fundamental que possamos verificar se, durante o discurso, além 
do como colocar em prática, também está sendo ofertado o tempo 
adequado para responder a algumas perguntas, como: Por que fazer 
assim? Se não fizermos, quais as consequências? O que muda na minha 
rotina, caso eu não faça o que este treinamento está me sinalizando?
Ao realizar ajustes simples nas capacitações, como estes mencionados, 
gerenciaremos melhor as mudanças e transformações que os espaços 
de trabalho nos fornecem.
Vale ressaltar, ainda, que a maneira como os adultos aprendem está 
muito relacionada com estas perguntadas mencionadas anteriormente. 
A Andragogia, ou seja, a educação de adultos, apresenta alguns 
elementos próprios, diferentes da famosa Pedagogia, aprendizagem em 
crianças. Os adultos precisam ser desafiados a trazer as suas próprias 
experiências de vida para preencher as lacunas de conhecimento. Além 
disso, a liberdade do aprendiz e a descoberta por meio de resoluções 
de problemas reais, auxiliaram para que os conhecimentos sejam 
28
adquiridos e replicados, segundo Noe (2015). Com isso, a regra 70-20-10 
pode contribuir ao organizar um plano de aulas para este público. Esta 
regra remete que 10% do conteúdo que aprendemos está relacionado 
ao conhecimento formal, em sala de aula ou cursos, por exemplo. Os 
outros 20% estão relacionados ao compartilhamento de experiências 
com outras pessoas, ou seja, a aprendizagem social e, 70% está 
relacionado às experiências de vida e trabalho, estando diretamente 
ligada a “colocar a mão na massa”.
Estes três formatos podem estar todos em um mesmo módulo de 
treinamento, como em um treinamento sobre o uso de equipamentos 
de proteção individual com carga horária de 4 horas. Neste caso, pode 
ser separado em uma hora para apresentar alguns conceitos básicos, 
uma hora para compartilhar experiências e dificuldades de utilização 
de um determinado equipamento e, duas horas relacionadas para a 
solução de uma situação problema hipotética, sempre fazendo com 
que o próprio grupo possa se autorregular e trazer as soluções para 
aquele cenário, sendo complementado com conhecimentos do instrutor, 
conforme necessário.
Por fim, conseguimos perceber que, ao desenvolver estratégias de 
participação ativa dos sujeitos, a aprendizagem é mais profunda, 
sendo sustentada a longo prazo. E, apesar de parecem mais complexas 
para estruturação e planejamento, as capacitações que promovam 
não apenas o simples repasse de conteúdos e envolvam os alunos na 
construção do conhecimento, terão uma maior probabilidade de atingir 
os seus objetivos. Para contribuir com a construção de experiências 
de aprendizagens, seguem alguns exemplos: métodos práticos 
(simulados, treinamento no local de trabalho, estudos de caso, jogos de 
negócios, dramatizações, modelagem de comportamento, aprendizado 
autodirigido), métodos grupais (treinamentos de aventura, treinamentos 
em equipe, palestras, workshops), métodos individuais (realidade 
aumentada, realidade virtual, videoaulas, ensino à distância).
29
2.3 Comunicação interna
Outro elemento fundamental para que uma organização garanta a 
melhor aplicação de seus processos é a capacidade dos indivíduos se 
comunicarem entre si. À primeira vista, esta ação pode parecer trivial e 
corriqueira, afinal, desde a primeira infância desenvolvemos estratégias 
para nos comunicarmos. Entretanto, quando analisamos os principais 
ofensores do desempenho de determinadas tarefas, ou ainda, alguns dos 
fatores que podem contribuir para um acidente, conseguimos perceber 
que o processo de comunicação dentro de uma organização também 
precisa ser destrinchado. Para Chiavenato (2004), comunicação é:
A troca de informações entre pessoas. Significa tornar comum uma 
mensagem ou informação. Constitui um dos processos fundamentais da 
experiência humana e da organização social. A comunicação requer um 
código para formular uma mensagem e enviá-la na forma de sinal (ar, 
fios, papel) a um receptor da mensagem que a decodifica e interpreta seu 
significado (CHIAVENATO, 2004, p. 142)
Dessa maneira, ao emitirmos uma determinada mensagem, seja 
ela verbal, escrita, visual ou corporal, um outro sujeito recebe estas 
informações, decodificando aquilo que foi passado. Este fluxo ocorre 
dentro de um determinado contexto ou ambiente como, as organizações 
de trabalho. E ele, ainda, pode ser interrompido por “ruídos”, ou seja, 
por elementos que interferem no processo comunicativo, gerando perda 
de informações na transmissão das mensagens.
Estes ruídos no processo de comunicação, podem estar relacionados 
não apenas à não audição daquilo que foi informado verbalmente, mas 
também a vários outros elementos que podem desempenhar barreiras 
à comunicação, tais como: dificuldades com idioma e tipo de linguagem; 
pressa ou urgência; interpretações pessoais; ideias preconcebidas; 
conflitos ou emoções; desatenção; entre outros. Com isso, muitas 
vezes um comando ou regra pode até ser enviado pelo emissor de uma 
30
mensagem, mas não quer dizer que o receptor a recebeu devidamente 
ou, ainda, compreendeu como era esperado.
Este item, pode, em alguns momentos, aumentar a probabilidade de um 
evento adverso ocorrer. Por isso, em alguns protocolos de segurança 
organizacional, são sugeridas as inserções de feedbacks ou duplo check 
de informações, para garantir que todos os envolvidos em determinado 
cenário estejam de fato alinhados. Um exemplo prático para este 
cenário é a repetição de comandos de segurança, como no caso a seguir:
• Trabalhador A: Painel de energia ligado. Confere?
• Trabalhador B: Painel de energia ligado.
Por último, é importante ressaltar a necessidade de trazer clareza aos 
documentos e relatórios técnicos que, em muitos casos, é escrito com a 
utilização de códigos e siglas que podem dificultar a compreensão pelo 
público-alvo daquela mensagem. Desta forma, sugere-se a não utilização 
de idiomas estrangeiros, linguagens coloquiais e, ainda, a explicação 
de todos os termos técnicos e siglas que sejam necessários. Com isso, 
podemos reduzir a probabilidade de ruídos no processo comunicativo, 
aumento a probabilidade de compreensão.
2.4 Gestão de desempenho
A gestão de desempenho vem ganhando cada vez mais força no modelo 
econômico atual. Todos nós já passamos por alguma situação no qual 
nos foram fornecidas metas a serem atingidas, gerando possivelmente 
uma nota ou fator final sobre aquele processo. É assim que medimos 
o desenvolvimento dos alunos nas escolas ou as entregas nos espaços 
de trabalho. Quebrar um objetivo em pequenos indicadores, inserir 
métricas de mensuração e reporte é algo rotineiro nas organizações de 
trabalho, que podem, em alguma medida, contribuir ou dificuldade o 
papel da engenharia de segurança no trabalho.
31
Por um lado, podemos sugerir que os requisitos de segurança sejam 
seguidos, os treinamentos sejam realizados, os procedimentos 
estejam visíveis, reconhecendo os profissionais e sua gestão por taxas 
positivos de prevenção de acidentes. Em outra medida, a pressão 
para atingimento de determinadas metas, prazos e resultados, pode 
contribuir para que alguns cuidados necessários sejam desconsiderados, 
baseados na falsa sensação de fazer mais e melhor.
Por isso, todo o sistema de remuneração fixa e variável de uma 
organização ou, ainda, o reconhecimento de determinadas entregas, 
pode ser influenciado diretamente pelos aspectos preventivos e 
intervencionistas que a estrutura de segurança faz ecoarna organização. 
Por exemplo, em uma organização na qual seja identificada um ato 
inseguro ou fora do padrão, os profissionais poderão ter suas metas 
impactadas, reforçando a importância sobre a temática de segurança.
2.5 Relações trabalhistas e sindicais
Dentro das organizações, há um outro subsistema voltado para os 
aspectos legais das relações de trabalho denominado jurídico trabalhista 
ou relações trabalhistas e sindicais. Essa área é composta por um 
conjunto de profissionais, geralmente do Direito, que contribuem com a 
implementação das legislações trabalhistas nas empresas.
Assédios morais, sexuais, discriminações, excesso de jornadas e 
pressões, são alguns elementos que podem contribuir com a criação 
de processos trabalhistas. É interessante perceber que situações como 
essas, também podem estar relacionadas ao movimento de prevenção 
de acidentes, tendo em vista, que se um ambiente organizacional está 
descompassado, a probabilidade de incidências adversas é aumentada.
Outro fator entre a equipe de segurança no trabalho e a estrutura 
jurídica está relacionado aos cenários nos quais um acidente de fato 
é efetivado. É possível que um processo investigativo seja instaurado, 
32
gerando alguma ação trabalhista. Com isso, todos os documentos 
técnicos e laudos serão necessários para se compreender o fenômeno.
Por isso, os movimentos sindicais de categorias profissionais também 
podem ser importantes aliados na definição de processos e condições 
seguras de trabalho. Dessa forma, a articulação entre os sindicatos e 
empresas também pode ser utilizada para aprimorar este processo.
3. Reflexões finais
Durante esta Leitura Digital, conhecemos um pouco mais sobre a 
relação entre engenharia de segurança do trabalho e alguns sistemas 
relacionados à gestão de pessoas nas organizações. Foi possível 
perceber que analisar um cenário de evento adverso requer um olhar 
ampliado sobre diversos fatores que compõem a relação de trabalho, 
compreendendo, inclusive, que vivemos em um modelo econômico e 
social neoliberal. Dessa forma, o trabalho é considerado um fator que 
dignifica o homem, garantindo respeito social e constituindo quem nós 
somos, nossas identidades.
Desta forma, é possível perceber que muito provavelmente os seres 
humanos não querem errar em seus locais de trabalho, tendo em vista, que 
este é um local importante para garantir o provento de sua subsistência, 
e também, para manter a pulsão de vida atividade. Com isso, sugere-
se sempre sair da microanálise de uma cena, para a compreensão mais 
ampliada das relações humanas nos espaços laborais.
Referências
ABRAHÃO, Júlia (org.). Introdução à Ergonomia: da prática à teoria. São Paulo: 
Blucher, 2009.
33
BOCK, Ana; TEIXEIRA, Maria; FURTADOR, Odair. Psicologias: uma introdução ao 
estudo de psicologia. 15. ed. São Paulo: Saraiva Educação, 2018.
CHIAVENATO, Idalberto. Introdução à teoria geral da administração. Rio de 
Janeiro: Campus, 2004.
NOE, Raymond. Treinamento e desenvolvimento de pessoas: teoria e prática. 6. 
ed. Porto Alegre: AMGH, 2015.
34
Introdução a segurança do 
trabalho na construção civil
Autoria: Camila Zoe Correa
Leitura crítica: Joubert Rodrigues dos Santos Júnior
Objetivos
• Compreender a importância da segurança do 
trabalho na construção civil.
• Verificar e reconhecer os riscos potenciais em um 
canteiro de obras.
• Conhecer os programas, projetos e documentos 
relacionados à segurança e à saúde do trabalho em 
atividades ligadas à construção civil.
• Entender as principais normas relacionadas à 
segurança do trabalho na construção de edificações.
35
1. Segurança do trabalho na construção civil
Com a eleição de Juscelino Kubitschek e o estabelecimento do Plano 
de Metas, em meados de 1950, a construção civil passou a ser uma 
atividade de destaque econômico e social no Brasil. Entretanto, estas 
não foram as únicas áreas de destaque para esse setor.
Em decorrência desta atividade, muitas vidas foram perdidas. De acordo 
com a Associação Nacional de Medicina do Trabalho (ANAMAT, 2019) no 
ano de 2019, no país, a construção civil foi classificada como o primeiro 
setor que mais registrou acidentes com incapacidades permanentes, o 
segundo em registro de óbitos e o quinto em afastamentos com mais de 
15 dias.
E quais seriam os motivos que levaram e ainda levam a estes números 
tão altos? Para responder a esse questionamento, é preciso entender 
como as atividades da construção são realizadas.
1.1 Perigos e riscos existentes em um canteiro de obras
A indústria da construção é um dos ramos que apresenta os maiores 
índices de acidentes em todo mundo. Essa atividade apresenta uma 
série de fatores e características que influenciam esse resultado, dentre 
os quais, segundo Peinado (apud PEINADO, 2019) ressaltam-se: as 
várias etapas construtivas presentes no canteiro de obras; a ausência 
do profissional capacitado no momento da execução do projeto; a não 
elaboração de projetos de segurança eficazes que possam antecipar 
e propor medidas de correção necessárias para a não ocorrência 
de acidentes; a rotatividade de mão de obra; o efeito do clima e o 
excesso de horas trabalhadas para compensar esse fator ambiental; 
o grande número de microempresas atuando no setor, além da não 
consideração dos custos com segurança do trabalho no orçamento dos 
empreendimentos.
36
Em um canteiro de obras podemos encontrar diferentes fontes de 
riscos, por exemplo, trabalho em altura, em ambiente confinado, com 
eletricidade, com máquinas e com materiais de peso elevado. Estes 
perigos, quando não tratados adequadamente, podem representar 
riscos ao trabalhador, ocasionando acidentes e gerando, em alguns 
casos, doenças crônicas.
As características e as especificidades de cada um destes riscos vão 
depender da fase da obra que está sendo executada. Na construção 
de um edifício, por exemplo, estão presentes pelo menos seis fases. 
Primeiro, é realizado o preparo do terreno, com a limpeza, fechamento 
e terraplenagem. Posteriormente, ocorrem as obras relacionadas às 
fundações e, em seguida, a construção da estrutura e das paredes. 
Na sequência, tem-se a cobertura, a instalação do sistema hidráulico, 
elétrico, sanitário e complementares, e, por fim, o acabamento e pintura.
Em cada uma das etapas citadas, temos uma atividade sendo 
desenvolvida e um profissional distinto, o que resultará, 
consequentemente, na identificação de um perigo e risco diferente.
Maia (2014) realizou uma análise preliminar de riscos (APR) na etapa de 
execução de elementos estruturais de concreto armado, em uma obra 
de um edifício de 18 pavimentos. Em cada etapa desse processo, o autor 
encontrou pelo menos quatro fontes de riscos, causadas principalmente 
pela falta de treinamento e pelo uso incorreto dos equipamentos de 
segurança do trabalho. No total, foram encontradas 13 fontes de riscos 
no processo, sendo que dessas, seis teriam como consequência a morte 
do trabalhador.
Faria et al. (2020) realizaram um estudo buscando identificar os riscos 
presentes no desenvolvimento de uma residência de 100 m2. Na 
etapa de execução dos elementos estruturais de concreto armado 
(concretagem da peça estrutural), os autores identificaram quatro fontes 
de riscos, sendo que duas teriam como consequência direta o óbito.
37
Das pesquisas apresentadas, fica claro que o perigo e 
consequentemente o número de riscos existentes no canteiro de obras, 
depende das características peculiares do que está sendo executado 
no local, o que demanda uma análise minuciosa e criteriosa deste 
ambiente.
Muitos dos acidentes registrados nesse setor poderiam ser evitados 
se as empresas ou construtoras adotassem e desenvolvessem 
adequadamente os programas de segurança e medicina do trabalho que 
a legislação exige.
Esses programas buscam a antecipação, o reconhecimento, a avaliação 
e o controle dos riscos existentes ou que possam existir no ambiente 
de trabalho, fazendo com que os trabalhadores sejam protegidos 
de situações inadequadas.Dentre esses, destaca-se o Programa de 
Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO) e o Programa de 
Gerenciamento de Riscos (PGR).
1.2 Programas e projetos associados à segurança e 
saúde ocupacional na construção civil
O PCMSO tem como objetivo a proteção e a preservação da vida e 
da saúde dos empregados em relação aos riscos ocupacionais, que 
possam estar presentes no ambiente de trabalho. As diretrizes e 
requisitos para sua elaboração e desenvolvimento são expostos na 
NR-07. Este programa faz parte do conjunto mais amplo de iniciativas 
de uma empresa no que se refere à saúde de seus trabalhadores, 
devendo sempre estar em consonância com o estabelecido nas demais 
normativas (BRASIL, 2020a).
O PGR, que substitui o antigo Programa de Prevenção de Riscos 
Ambientais (PPRA) e o Programa de Condições e Meio Ambiente de 
Trabalho na indústria da Construção (PCMAT), objetiva gerenciar de 
maneira adequada os riscos ocupacionais que possam estar presentes 
38
no ambiente de trabalho. É apresentado na NR-01 (BRASIL, 2020b) e 
novamente citado na NR-09 (BRASIL, 2020c) e NR-18 (BRASIL, 2020d).
Pode ser implementado por setor, unidade operacional ou atividade 
que esteja sendo executada na organização, podendo ser atendido 
por sistemas de gestão, desde que possam cumprir o previsto na 
NR-01 (BRASIL, 2020b) e nas demais NRS. De acordo com a NR-01, a 
organização deve:
[...] a) evitar os riscos ocupacionais que possam ser originados no trabalho;
b) identificar os perigos e possíveis lesões ou agravos à saúde;
c) avaliar os riscos ocupacionais indicando o nível de risco;
d) classificar os riscos ocupacionais para determinar a necessidade de 
adoção de medidas de prevenção;
e) implementar medidas de prevenção, de acordo com a classificação de 
risco e na ordem de prioridade estabelecida na alínea “g” do subitem 1.4.1; e
f) acompanhar o controle dos riscos ocupacionais. (BRASIL, 2020b, p. 4)
É importante destacar, como exposto na NR-01 (BRASIL, 2020b), que 
este programa também deve levar em consideração o disposto na NR-
17 (BRASIL, 2018a), que trata de aspectos relacionados à ergonomia no 
ambiente de trabalho.
A NR-18 (2020), traz instruções que objetivam a implementação de 
medidas de controle e proteção dos trabalhadores em atividades 
da construção civil (BRASIL, 2020d). Segundo o exposto em seu 
item 18.4.1 (BRASIL, 2020), em um canteiro de obras é obrigatório o 
desenvolvimento e implantação do PGR. Esse programa deve abordar 
o comportamento de cada etapa da obra, incluindo a antecipação e 
reconhecimento de cada risco e, as medidas de proteção que serão 
39
necessárias aos trabalhadores, para minimizar ou mesmo eliminá-lo do 
ambiente.
De acordo com a NR-18 (2020), além de conter o exposto na NR-01 
(BRASIL,2020), o PGR deve comtemplar:
[...] a) projeto da área de vivência do canteiro de obras e de eventual frente 
de trabalho, em conformidade com o item 18.5 desta NR, elaborado por 
profissional legalmente habilitado;
b) projeto elétrico das instalações temporárias, elaborado por profissional 
legalmente habilitado;
c) projetos dos sistemas de proteção coletiva elaborados por profissional 
legalmente habilitado;
d) projetos dos Sistemas de Proteção Individual Contra Quedas (SPIQ), 
quando aplicável, elaborados por profissional legalmente habilitado;
e) relação dos Equipamentos de Proteção Individual (EPI) e suas respectivas 
especificações técnicas, de acordo com os riscos ocupacionais existentes. 
(BRASIL, 2020, p. 2-3).
Antes do início da obra, algumas providências devem ser tomadas. 
Uma delas é a comunicação prévia de realização das atividades à 
Subsecretaria de Inspeção do Trabalho (SIT). Esta ação pode ser 
realizada no site da Secretaria de Trabalho, por meio do Sistema de 
Comunicação Prévio de Obras (SCPO). Ao se cadastrar, o responsável 
deve inserir as informações relativas ao empreendimento, como 
endereço, informações do contratante, empregado ou condômino, tipo 
de obra, datas previstas do início e conclusão e o número máximo de 
trabalhadores presentes na obra.
Além da comunicação prévia, outros procedimentos e documentos 
também são emitidos na realização de uma construção. Dentre 
esses, destacam-se as ordens de serviço (OS), os atestados de saúde 
40
ocupacional (ASO), fichas de registros de entrega de equipamentos de 
proteção individual (EPI), documentos de equipamentos de transporte 
vertical, análise de risco (AR), permissões para o trabalho ou permissão 
de trabalho (PT) e procedimentos de trabalho. Nos parágrafos seguintes 
será apresentada uma breve explanação acerca destes documentos.
As OS são elaboradas pelo empregador e devem ser informadas aos 
trabalhadores por meio de procedimentos de trabalho ou instruções 
de segurança. Nelas são inseridas as instruções por escrito em relação 
aos cuidados preventivos para evitar acidentes e doenças do trabalho 
(BRASIL, 2020).
Já os ASO, são emitidos pelo médico do trabalho em cada exame clínico 
ocupacional realizado pelo trabalhador. Esse atestado deve conter, 
no mínimo: informações relativas a empresa contratante (razão social 
e CNPJ); informações pessoais do empregado (nome completo, CPF e 
função); descrição dos perigos e riscos a que o trabalhador está exposto, 
de acordo com o colocado no PGR e previsto no PCMSO; informações 
relativas aos exames ocupacionais realizados pelo trabalhador; parecer 
se apto ou inapto à execução da função; e por fim, as informações 
relativas ao médico do trabalho que realizou o parecer. O ASO deverá 
ser emitido toda vez que o trabalhador realiza um exame médico 
admissional, periódico, de mudança de função, retorno ao trabalho ou 
demissional (BRASIL, 2020).
As fichas de registros de acompanhamento de entrega dos EPIs são 
consideradas documentos importantes que comprovam a entrega 
desses dispositivos de segurança ao trabalhador. Nessas fichas, deve-
se inserir o nome do trabalhador, o tipo de equipamento fornecido, 
bem como o número do certificado de aprovação (CA), data de entrega 
e coletada a assinatura do trabalhador, comprovando que ele recebeu 
estes equipamentos e que se compromete com o seu cuidado, segundo 
o especificado na NR-06 (BRASIL, 2018). Um modelo deste documento é 
apresentado na Figura 01.
41
Figura 1 – Recorte de uma ficha de acompanhamento de entrega
de EPIs
Fonte: elaborada pela autora.
A AR é uma metodologia utilizada para identificar os perigos e os riscos 
inerentes à realização de alguma atividade, bem como suas causas e 
consequências. A partir da obtenção desses dados, é possível indicar 
as medidas de controle para a proteção dos trabalhadores. Já a PT 
apresenta informações relativas à atividade que irá ser realizada e as 
medidas necessárias para que ela ocorra de maneira segura, de acordo 
com o estabelecido na AR.
A NR-18 (BRASIL, 2020d), traz a especificação de algumas atividades 
em que são necessárias a AR e a PT. No item 18.10.1.19, a NR-
18 (BRASIL, 2020b) cita que deve ser elaborada AR específica para 
movimentação de cargas não rotineiras, com a respectiva PT. E no item 
18.10.1.34, essa norma traz que atividades sob condições de ventos 
com velocidade superiores a 42 km/h, devem ser precedidas de AR 
específica e autorizadas mediante PT. Nesta norma, ainda é apresentado 
que quando o trabalho a quente for realizado próximo a materiais 
combustíveis ou inflamáveis, ou realizado em locais sem prévio 
isolamento e não destinados para este fim, deve ser elaborada a AR.
1.3 Dimensionamento das áreas de vivência em 
canteiros de obras
As áreas de vivência são locais designados para a alimentação, repouso 
e higiene em frentes de trabalho. Essas áreas devem ser dimensionadas 
42
buscando oferecer aos trabalhadores condições mínimas de conforto, 
segurança e privacidade, devendo sempre estar limpas e organizadas. 
Fazem parte da área de vivência as instalações sanitárias (banheiros), 
os vestiários, os locais para refeição e, quando houver, os alojamentos 
(BRASIL, 2020d).
Segundo a NR-18 (BRASIL,2020) as instalações sanitárias devem ser 
constituídas de:
[...] lavatório, bacia sanitária sifonada, dotada de assento com tampo, e 
mictório, na proporção de 1 (um) conjunto para cada grupo de 20 (vinte) 
trabalhadores ou fração, bem como de chuveiro, na proporção de 1 (uma) 
unidade para cada grupo de 10 (dez) trabalhadores ou fração. (BRASIL, 
2020d, p. 4)
O deslocamento máximo do trabalhador, do seu posto de trabalho até a 
instalação sanitária, deve ser de, no máximo, 150 m.
Em frentes de trabalho, ou seja, áreas de trabalho móvel, devem ser 
disponibilizados:
[...] a) instalação sanitária, composta de bacia sanitária sifonada, dotada de 
assento com tampo, e lavatório para cada grupo de 20 (vinte) trabalhadores 
ou fração, podendo ser utilizado banheiro com tratamento químico dotado 
de mecanismo de descarga ou de isolamento dos dejetos, com respiro e 
ventilação, de material para lavagem e enxugo das mãos, sendo proibido o 
uso de toalhas coletivas, e garantida a higienização diária dos módulos;
b) local para refeição dos trabalhadores, observadas as condições mínimas 
de conforto e higiene, e com a devida proteção contra as intempéries. 
(BRASIL, 2020d, p. 3-4)
Em caso de instalação de alojamento no canteiro de obras, é obrigatória 
a instalação de cozinha (quando ocorrer o preparo de refeições no local), 
ambiente específico para a realização das refeições, instalações de 
banheiros, lavanderia e área de lazer (BRASIL, 2020).
43
Em relação ao fornecimento de água, de acordo com a NR-18 (BRASIL, 
2020d), é obrigatório o fornecimento de água potável, filtrada e fresca 
aos trabalhadores, por meio de bebedouros ou dispositivo similar. Deve 
ser fornecida uma unidade para cada grupo de 25 trabalhadores ou 
fração, não sendo permitido o uso de copos coletivos. Os bebedouros 
devem ser alocados de forma que o trabalhador não tenha que se 
deslocar mais de 100 m no plano horizontal e 15 m no plano vertical, 
para seu acesso. Nos casos em que não seja possível a instalação 
de bebedouros no canteiro de obras, a empresa deve garantir o 
fornecimento de água potável e fresca em recipientes portáteis 
herméticos.
A empresa pode optar por não instalar áreas para alimentação no 
canteiro de obras. Neste caso, o atendimento ao disposto na norma 
deve ser feito mediante convênio formal com estabelecimentos nas 
proximidades do local onde está sendo realizada a obra, desde que 
sejam preservadas as condições de segurança, higiene e conforto neste 
local e que seja garantido o transporte dos trabalhadores até ele.
É importar ressaltar que outras especificações para garantir as 
condições sanitárias e de conforto nos locais de trabalho podem ser 
encontradas na NR-24, alterada no ano de 2019 (BRASIL, 2019a).
1.4 Movimentação e transporte de materiais e pessoas 
(elevadores)
Devido aos cuidados relacionados à segurança dos trabalhadores na 
movimentação e transporte de materiais e pessoas, a NR-18 (BRASIL, 
2020) traz um item que trata especificamente dos requisitos mínimos de 
segurança nesse processo.
Todo elevador instalado em canteiro de obras ou frentes de trabalho 
deve atender as normas técnicas nacionais vigentes e ser instalado 
e inspecionado por profissional legalmente habilitado. É importante 
44
ressaltar que a empresa usuária desses equipamentos deve possuir 
alguns documentos específicos à disposição no canteiro de obras. 
Dentre esses, destaca-se: programa de manutenção preventiva; 
termo de entrega técnica de acordo com as normas vigentes; laudo 
de testes de freios de emergência a serem realizados (no máximo a 
cada 90 dias); registro das vistorias diárias realizadas antes do início 
dos serviços; laudos dos ensaios realizados nos eixos dos motofreios e 
dos freios de emergência; manual de orientação do fabricante; registro 
de manutenção de acordo com NR-12 (BRASIL, 2019b); e laudo de 
aterramento feito por profissional habilitado legalmente (BRASIL, 2020).
Com relação aos elevadores usados na construção civil, a NR-18, no 
seu item 18.11.17, estabelece que não é permitido, nos elevadores, o 
transporte de materiais juntamente com trabalhadores, exceto nos 
casos em que houver a necessidade do acompanhamento do operador 
ou responsável pela carga transportada. Nestes casos, o material e 
o trabalhador devem ficar separados por uma barreira física, com 
altura mínima de 1,8 m, projetada com dispositivo de entravamento de 
segurança (BRASIL, 2020d).
Ainda em relação aos elevadores e de acordo com o especificado na NR-18:
[...] 18.11.19 O elevador de materiais e/ou pessoas deve dispor, no mínimo, 
dos seguintes itens de segurança:
a) intertravamento das proteções com o sistema elétrico, através de 
dispositivo de intertravamento com duplo canal e ruptura positiva, 
monitorado por interface de segurança que impeça a movimentação da 
cabine quando:
I. a porta de acesso da cabine, inclusive o alçapão, não estiver devidamente 
fechada;
II. a rampa de acesso à cabine não estiver devidamente recolhida no 
elevador de cremalheira, e;
45
III. a porta da cancela de qualquer um dos pavimentos ou do recinto de 
proteção da base estiver aberta.
b) dispositivo eletromecânico de emergência que impeça a queda livre da 
cabine, monitorado por interface de segurança, de forma a freá-la quando 
ultrapassar a velocidade de descida nominal, interrompendo automática e 
simultaneamente a corrente elétrica da cabine;
c) dispositivo de intertravamento com duplo canal e ruptura positiva, 
monitorado por interface de segurança, ou outro sistema com a mesma 
categoria de segurança que impeça que a cabine ultrapasse a última 
parada superior ou inferior;
d) dispositivo mecânico que impeça que a cabine se desprenda 
acidentalmente da torre do elevador;
e) amortecedores de impacto de velocidade nominal na base, caso o 
mesmo ultrapasse os limites de parada final;
f) sistema que possibilite o bloqueio dos seus dispositivos de acionamento 
de modo a impedir o seu acionamento por pessoas não autorizadas;
g) sistema de frenagem automática, a ser acionado em situações que 
possam gerar a queda livre da cabine;
h) sistema que impeça a movimentação do equipamento quando a carga 
ultrapassar a capacidade permitida. (BRASIL, 2020, p. 32-33)
Do exposto, fica claro que a norma prioriza a instalação de 
equipamentos de segurança, para que, em caso de um imprevisto, 
os dispositivos de movimentação vertical possuam meios de parada 
automática, assegurando a não ocorrência de acidentes.
A instalação dos elevadores se torna obrigatória quando a construção 
possuir altura igual ou superior a 24 m, e o transporte dos funcionários 
deve ter prioridade em relação ao de cargas. Na movimentação de 
materiais é expressamente proibido colocar objetos que possuam 
46
dimensões maiores do que a cabine no elevador, não os apoiar nas 
portas da cabine, acondicionar adequadamente os materiais a granel e 
utilizar qualquer parte da cabine ou da torre do elevador para içamento 
de materiais.
1.5 Treinamentos associados à segurança e saúde 
ocupacional na construção civil
Os treinamentos e as capacitações relacionadas à segurança e saúde 
do trabalho na construção civil são essenciais para garantir que todos 
os trabalhadores estejam cientes dos riscos existentes naquele local e 
preparados para as atividades que irão executar.
No Anexo 1 da NR-18 (BRASIL, 2020) são apresentadas algumas 
capacitações que devem ser realizadas. No Quadro 1 desse anexo, é 
especificado o que deve ser abordado na capacitação, a carga horária 
e periodicidade de realização. Além dos treinamentos especificados 
deve-se ficar atendo às exigências expostas nas demais NRs, no que 
ser refere às atividades a serem realizadas no canteiro de obras e, a 
obrigatoriedade associada ao seu treinamento.
Os trabalhadores devem receber treinamento para realização de 
trabalho em altura (NR-35), prevenção e combate a incêndio (NR-23), 
instalações e serviços com eletricidade (NR-10), para operação de 
máquinas e equipamentos (NR-12) e parao transporte de materiais 
(NR-11). As especificidades relacionadas a cada um encontram-se 
delimitadas nas NRs referentes a cada tema.
1.6 Normas associadas à segurança e saúde ocupacional 
na construção civil
Para garantir o gerenciamento adequado dos riscos existentes em 
um canteiro de obras e o conforto e higiene dos trabalhadores 
47
presentes nesse ambiente, o engenheiro deve conhecer em detalhes 
o estabelecido nas NRs 01, 07, 09, 17, 18 e 24. Mas, será que conhecer 
apenas estas normas é o suficiente?
A resposta a esse questionamento é não. Mesmo se tratando de uma 
atividade específica, é importante conhecer e entender o exposto nas 
demais NRs, como:
• NR-04:2016 – Trata do dimensionamento e obrigatoriedade do 
Serviço especializado em Engenharia de Segurança do Trabalho 
(SESMT).
• NR 05:2015 – Define o que é a Comissão Interna de Prevenção de 
Acidentes (CIPA), sua importância e dimensionamento.
• NR-06:2016) – Define o que um equipamento de proteção 
individual (EPI), sua importância e quando devemos utilizá-lo.
• NR 10:2019 – Estabelece os requisitos e condições mínimas de 
segurança em trabalhos com eletricidade.
• NR 11:2016 – Especifica as diretrizes relacionadas à segurança 
em atividades com transporte, movimentação, armazenagem e 
manuseio de materiais.
• NR 12:2019 – Estabelece os requisitos mínimos associados ao 
trabalho com máquinas e equipamentos.
• NR 15:2019 – E seus anexos: apresenta quais atividades e 
condições são consideradas insalubres.
• NR 16:2019 – Apresenta quais atividades e condições são 
consideradas perigosas para o trabalhador.
• NR 21:1999 – Traz informações relativas aos cuidados que devem 
ser tomadas quando a atividade é realizada a céu aberto.
48
• NR 23:2011 – Estabelece as medidas associadas a prevenção e 
combate a incêndio.
• NR 26:2015 – Presenta observações acerca das características da 
sinalização de segurança.
• NR 28:2020 – Traz informações relativas a fiscalizações e 
penalidades quando houver o não cumprimento das normas de 
segurança no ambiente de trabalho.
• NR 33:2019 – Estabelece os requisitos mínimos de segurança para 
atividades em ambientes confinados.
• NR 35:2019 – Estabelece os requisitos mínimos de segurança para 
a realização de atividades acima de dois metros do nível inferior, 
em que existe risco de queda.
Todas as normas citadas anteriormente, podem ser encontradas e 
consultadas na íntegra no site da Secretaria do Trabalho.
1.7 Recomendações técnicas de procedimentos
Com o objetivo de favorecer a compreensão e aplicação dos requisitos 
estabelecidos na NR-18, a Fundação Jorge Duprat de Figueiredo de 
Segurança e Medicina do Trabalho (FUNDACENTRO), publicou alguns 
relatórios com recomendações técnicas de procedimentos (RTP). 
(FUNDACENTRO, 2021):
• RTP 03:2002 – Escavações, fundações e desmonte de rochas. 
Esta recomendação especifica as medidas técnicas de segurança 
relacionadas à proteção dos trabalhadores em atividades 
relacionadas à escavação, fundações e desmonte de rochas.
49
• RTP 01:2003 – Medidas de proteção contra quedas de altura. Essa 
RTP trata das especificações técnicas relativas à proteção de riscos 
de queda de pessoas e materiais na construção civil.
• RPT 04:2005 – Escadas, rampas e passarelas, que objetiva a 
especificação e fornecimento de disposições relativas a escadas, 
rampas e passarelas utilizadas em obras.
• RTP 05:2007 – Instalações elétricas temporárias em canteiros de 
obras. Essa RTP traz especificações acerca dos riscos e medidas de 
proteção coletiva e individual nestas atividades.
Trabalhar com projetos e programas voltados para a segurança do 
trabalho dentro da construção civil é sempre um desafio, pois essa 
atividade reúne diferentes riscos em um mesmo ambiente. Ao mesmo 
tempo em que se deve abordar os riscos do trabalho em altura, tem-
se atividades que podem ser realizadas em ambientes confinados. A 
pluralidade existente neste campo, exige que o engenheiro de segurança 
do trabalho possua conhecimentos avançados em praticamente todas as 
normas regulamentadores, além da compressão da área da construção. 
Assim, ser especialista nesta área não demanda apenas tempo, mas 
muita dedicação e estudo para conhecer plenamente este ambiente e 
sua complexidade.
Referências
ANAMAT. Associação Nacional de Medicina do Trabalho. Construção civil está 
entre os setores com maior risco de acidentes de trabalho. ANAMAT, São Paulo, 
30 de abril de 2019. Disponível em: https://www.anamt.org.br/portal/2019/04/30/
construcao-civil-esta-entre-os-setores-com-maior-risco-de-acidentes-de-trabalho/. 
Acesso em: 2 maio 2021.
BRASIL. FUNDACENTRO. Fundação Jorge Duprat de Figueiredo de Segurança e 
Medicina do Trabalho. Recomendações Técnicas de Procedimentos. Disponível 
em: http://antigo.fundacentro.gov.br/biblioteca/recomendacao-tecnica-de-
procedimento. Acesso em: 13 jul. 2021.
https://www.anamt.org.br/portal/2019/04/30/construcao-civil-esta-entre-os-setores-com-maior-risco-de
https://www.anamt.org.br/portal/2019/04/30/construcao-civil-esta-entre-os-setores-com-maior-risco-de
http://antigo.fundacentro.gov.br/biblioteca/recomendacao-tecnica-de-procedimento
http://antigo.fundacentro.gov.br/biblioteca/recomendacao-tecnica-de-procedimento
50
BRASIL. Ministério da Economia. Secretaria do Trabalho. NR-01 – disposições 
gerais e gerenciamento de riscos ocupacionais. 2020b. Disponível em: https://
www.gov.br/trabalho/pt-br/inspecao/seguranca-e-saude-no-trabalho/normas-
regulamentadoras/nr-01-atualizada-2020.pdf. Acesso em: 12 jun. 2021.
BRASIL. Ministério da Economia. Secretaria do Trabalho. NR-06 – equipamento 
de proteção individual–EPI. Disponível em: https://www.gov.br/trabalho/pt-br/
inspecao/seguranca-e-saude-no-trabalho/normas-regulamentadoras/nr-06.pdf. 
2018b. Acesso em: 12 jun. 2021.
BRASIL. Ministério da Economia. Secretaria do Trabalho. NR-07 – Programa 
de controle médico e saúde ocupacional. 2020a. Disponível em: https://
www.gov.br/trabalho/pt-br/inspecao/seguranca-e-saude-no-trabalho/normas-
regulamentadoras/nr-07_atualizada_2020.pdf. Acesso em: 12 jun. 2021.
BRASIL. Ministério da Economia. Secretaria do Trabalho. NR-09 – Programa 
de prevenção de riscos ambientais. 2020c. Disponível em: https://www.
gov.br/trabalho/pt-br/inspecao/seguranca-e-saude-no-trabalho/normas-
regulamentadoras/nr-09-atualizada-2020.pdf. Acesso em: 12 jun. 2021.
BRASIL. Ministério da Economia. Secretaria do Trabalho. NR-17 – Ergonomia. 
Disponível em: https://www.gov.br/trabalho/pt-br/inspecao/seguranca-e-saude-no-
trabalho/normas-regulamentadoras/nr-17.pdf. 2018a. Acesso em:12 jun. 2021.
BRASIL. Ministério da Economia. Secretaria do Trabalho. NR-18 – Condições e 
Meio Ambiente de Trabalho na Indústria da Construção. Disponível em: https://
www.gov.br/trabalho/pt-br/inspecao/seguranca-e-saude-no-trabalho/normas-
regulamentadoras/nr-18-atualizada-2020.pdf. 2020d. Acesso em: 12 jun. 2021.
BRASIL. Ministério da Economia. Secretaria do Trabalho. NR-24 – Condições 
Sanitárias e de Conforto nos Locais de Trabalho. Disponível em: https://
www.gov.br/trabalho/pt-br/inspecao/seguranca-e-saude-no-trabalho/normas-
regulamentadoras/nr-24-atualizada-2019.pdf. 2019a. Acesso em:12 jun. 2021.
BRASIL. Ministério da Economia. Secretaria do Trabalho. NR-12–Segurança 
no trabalho em máquinas e equipamentos. Disponível em: https://www.
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FARIA, D. L. et al. Análise preliminar de riscos (APR) de uma obra residencial 
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MAIA, A. L. M. Análise preliminar de riscos em uma obra da construção civil. Revista 
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