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RW BA 09 80 _V 1. 0 PSICOLOGIA E SEGURANÇA NA CONSTRUÇÃO CIVIL 2 Camila Zoe Correa Ingrid Barbosa Betty São Paulo Platos Soluções Educacionais S.A 2021 PSICOLOGIA E SEGURANÇA NA CONSTRUÇÃO CIVIL 1ª edição 3 2021 Platos Soluções Educacionais S.A Alameda Santos, n° 960 – Cerqueira César CEP: 01418-002— São Paulo — SP Homepage: https://www.platosedu.com.br/ Diretor Presidente Platos Soluções Educacionais S.A Paulo de Tarso Pires de Moraes Conselho Acadêmico Carlos Roberto Pagani Junior Camila Braga de Oliveira Higa Camila Turchetti Bacan Gabiatti Giani Vendramel de Oliveira Gislaine Denisale Ferreira Henrique Salustiano Silva Mariana Gerardi Mello Nirse Ruscheinsky Breternitz Priscila Pereira Silva Tayra Carolina Nascimento Aleixo Coordenador Mariana Gerardi Mello Revisor Joubert Rodrigues dos Santos Júnior Editorial Alessandra Cristina Fahl Beatriz Meloni Montefusco Carolina Yaly Mariana de Campos Barroso Paola Andressa Machado Leal Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)_________________________________________________________________________________________ Betty, Ingrid Barbosa B565p Psicologia e segurança na construção civil / Ingrid Barbosa Betty, Camila Zoe Correa. – São Paulo: Platos Soluções Educacionais S.A., 2021. 44 p. ISBN 978-65-5356-021-5 1. Psicologia aplicada ao trabalho. 2. Segurança integrada. 3. Relações humanas. I. Correa, Camila Zoe. II. Título. CDD 158 ____________________________________________________________________________________________ Evelyn Moraes – CRB: 8 010289 © 2021 por Platos Soluções Educacionais S.A. Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida ou transmitida de qualquer modo ou por qualquer outro meio, eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação ou qualquer outro tipo de sistema de armazenamento e transmissão de informação, sem prévia autorização, por escrito, da Platos Soluções Educacionais S.A. https://www.platosedu.com.br/ 4 SUMÁRIO A Psicologia e a segurança no trabalho _______________________ 05 Engenharia de segurança e relações de trabalho ____________ 19 Introdução a segurança do trabalho na construção civil _____ 34 Programa de Gerenciamento de Riscos (PGR) na construção civil __________________________________________________________ 51 PSICOLOGIA E SEGURANÇA NA CONSTRUÇÃO CIVIL 5 A Psicologia e a segurança no trabalho Autoria: Ingrid Barbosa Betty Leitura crítica: Joubert Rodrigues dos Santos Júnior Objetivos • Proporcionar noções básicas sobre a Psicologia aplicada às realidades de trabalho. • Compreender a relação entre Psicologia e segurança do trabalho. • Refletir sobre o ato de trabalhar e as questões humanas relacionados ao trabalho. • Apresentar conteúdos relativos à ergonomia da atividade. • Refletir sobre a atuação humanizada em situações de acidentes. 6 1. Noções de Psicologia Nesta Leitura Digital, exploraremos alguns conceitos sobre a Psicologia enquanto ciência e a sua aplicação para compreender os fenômenos relacionados às organizações de trabalho. Além disso, poderemos aprender porque o trabalho é considerado uma atividade vital humana, no qual o homem se coloca no mundo, ao mesmo tempo em que se transforma e constitui quem ele é. Dessa forma, a relação do trabalho com o homem se tornará a base deste texto, desde o momento em que este constitui a nossa identidade enquanto pessoas, até as questões ergonômicas desta relação. Nesta leitura, também será possível aprofundar em elementos que podem contribuir para um acidente de trabalho, preparando os leitores para anteciparem este cenário e mitigando situações adversas. É importante ressaltarmos, ainda, que todos nós somos seres humanos, com isso, ao realizar esta Leitura Digital, sugerimos que possa refletir também sobre as suas próprias rotinas laborais, compreendendo as transformações que podem ser realizadas neste espaço. 1.1 A ciência psicológica A Psicologia é considerada uma ciência, ou seja, ela compõe um conjunto de conhecimentos sobre fatos ou aspectos da realidade que foram sistematizados ao longo das gerações, conforme Bock, Teixeira e Furtador (2018), culminando com saberes que podem ser rigorosamente transmitidos, verificados, utilizados e desenvolvidos. Mas será, que a Psicologia, a ciência que se propõe a estudar os seres humanos, pode ser de fato observada e replicada em um grau de precisão, como são mensurados os ângulos de um triângulo? Ao analisarmos alguém, conseguimos verificar de imediato que temos particularidades e diferenças, sejam elas físicas (como vestimentas) 7 ou de linguagem. Esses são apenas alguns fatores que constituem o homem como um ser vivo, com suas características biológicas, físicas, sociais e culturais. Dessa forma, podemos perceber que um dos elementos que podem caracterizar os estudos da Psicologia, se deve ao fato de que seu objeto de análise ser impreciso e mutável, como cada um de nós em nossas particularidades. Ao longo do tempo, essas questões causaram uma grande dificuldade para definirmos precisamente qual o objeto de estudo da Psicologia. Diferente da Astronomia que estuda os astros, e da Biologia que estuda os seres vivos, quando perguntarmos a um psicólogo qual seu objeto de estudo, este pode se diferenciar, de acordo com a maneira que aquele profissional encara a subjetividade humana. Se perguntarmos a um psicólogo comportamental, a resposta será o comportamento humano. Já para os estudiosos das linhas psicanalistas, o objeto de estudo será o inconsciente, e outros dirão que é sua personalidade. Esta definição irá depender, enfim, da ótica que utilizarmos para analisar o ser humano. Para esta Leitura Digital, compreenderemos que o objeto de estudo da Psicologia é o ser humano e sua subjetividade, nas suas mais diversas formas de manifestação. A subjetividade é a síntese singular e individual que cada um de nós vai constituindo conforme vamos nos desenvolvendo e vivenciando as experiências da vida social e cultural; é uma síntese que, de um lado, nos identifica, por ser única; e, de outro lado, nos iguala, na medida em que os elementos que a constituem são experienciados no campo comum das condições objetivas de existência. Essa síntese – a subjetividade – é o mundo de ideias, significados e emoções construído internamente pelo sujeito a partir de suas relações sociais, de suas vivências e de sua constituição biológica; é, também, fonte de suas manifestações afetivas e comportamentais. (BOCK; TEIXEIRA; FURTADOR, 2018, p. 10) Esta subjetividade é construída socialmente à medida que nos relacionamos, sendo moldada pelas nossas experiências práticas e 8 elementos culturais que compõem nossa sociedade. Com isso, podemos caracterizar os seres humanos como seres bio-psico-sociais, ou seja, que são construídos a partir da sua filogênese (elementos que compõem a nossa bagagem genética, a história evolutiva da nossa espécie), ontogênese (a história de vida dos indivíduos, suas experiências) e cultural (espaço social ao qual o sujeito faz parte, seus rituais e costumes). 1.2 A Psicologia do trabalho A Psicologia propõe-se a estudar a subjetividade humana em seus mais diversos espaços, na escola, nos hospitais, nas emergências e desastres, nos esportes e também, nas organizações de trabalho. Esta ramificação da ciência é denominada Psicologia Organizacional, e tem como objetivo estudar as relações humanas nas organizações sociais de trabalho, sejam estes espaços empresas públicas, privadas, instituições do terceiro setor, mercadinhos de bairro ou multinacionais. A Psicologia Organizacional se propõe a estudar o ser humano em seu espaço laboral, entendendo que aquela organização é um sistema complexo, composto por várias redes de poder e interfaces. Para compreender melhor a relação do comportamento humano ao trabalho, precisaremos, primeiramente,entender o que é trabalho. O conceito de trabalho passou por vários significados ao longo da construção da humanidade. Na Antiguidade, ele era descrito na mitologia grega e na religião como uma punição. Com a evolução dos anos, passou a assumir características de servidão e sacrifício, durante o feudalismo. Em seguida, assumiu uma conotação de honra e honestidade, pelo olhar calvinista. Ou ainda, como ontológico e estruturante do ser humano, por Marx. Por fim, o conceito de trabalho também foi transformado com o taylorismo, ao descrever qualquer tipo de ócio como algo não produtivo, gerando consequentemente uma visão de não lucratividade. Atualmente, podemos entender o trabalho 9 como qualquer atividade pela qual o ser humano se coloca no mundo, transformando-o, na mesma medida em que se transforma (LEONTIEV, 1978 apud MARTINS, 2008). Por isso, quando falamos de trabalho, não nos referimos apenas à relação de emprego seja ele formal ou informal. Vale lembrar, ainda, que trabalho é uma palavra originária do latim tripalium, que era considerado um instrumento de tortura. Ou seja, trabalhar significava ser torturado no tripalium. E, apenas escravos e pobres (aqueles que não conseguiam pagar impostos) trabalhavam. Como percebemos, com o passar do tempo, esse olhar de tortura foi alterado abrangendo, também, as atividades físicas produtivas, no campo e cidades. E com o evoluir dos séculos, o termo trabalho começou a ser utilizado como conhecemos hoje. Dessa forma, o trabalho é um fenômeno pelo qual todos nós nos constituímos e nos organizamos enquanto pessoas. Por isso, o não trabalho, ou seja, o desemprego, pode gerar tanto sofrimento, pois o trabalho em nosso contexto social ocidental constitui quem nós somos, é a nossa identidade. A Psicologia Organizacional dedica-se em compreender a motivação humana, a cognição, emoções e afetos nestes ambientes, bem como se dá a relação saúde doença no trabalho. Ela possui, como premissa, que o trabalho por si só provoca transformações em quem nós somos e, dessa forma, este gera rupturas, tornando-se fonte de prazer e desprazer. Quando falamos de motivação é importante perceber, ainda, que não existe um padrão ou fórmula mágica com a qual todos os profissionais obtêm o desejo para realizar determinadas atividades. A motivação nos leva a elementos da subjetividade humana, como a interindividualidade, que nos diz que cada ser humano possui o seu mecanismo de aprendizagem, resolução de problemas e modos operatórios. Ou ainda, a intraindividualidade, na qual, você mesmo sofre alterações 10 de acordo com o horário do dia e seu momento de vida. Por exemplo, determinada pessoa pode ter seu aparelho cognitivo mais disponível para aprendizagem no período da manhã, do que pela tarde, de acordo com o seu ciclo circadiano e hormonal. Por isso, quando falamos em motivação no contexto organizacional não podemos demonstrar que ao promover desafios e aprendizagens constantes um determinado grupo de pessoas estará igualmente disponível para realizar tarefas. Ou, que ao disponibilizar um aumento salarial, todos daquele grupo tornaram- se aptos a realizar suas rotinas com satisfação. Precisamos sempre nos recordar que os seres humanos não são máquinas previamente programadas. Todos nós temos os nossos desejos que mudam ao longo da vida, nos motivando de formas diferentes. Este pode ser um desafio paras as organizações de trabalho, no qual precisamos desenvolver estratégias coletivas. Uma das sugestões de ferramentais mais atuais para enfrentamento desta questão é a construção de personas, ou seja, a criação de uma figura que congrega características de determinado grupo. Dessa forma, você poderá construir o perfil de alguns grupos em determinada área, construindo estratégias que possam atingir dois ou mais públicos. Outro ponto interessante para considerarmos envolve a coletividade do trabalho. Vamos pensar juntos? Imagine o cenário no qual um programador é contratado para criar um aplicativo de música. Este trabalha sem pares, isolado em sua residência, até a entrega das funcionalidades solicitadas. Podemos considerar que este profissional trabalha sozinho? Os estudos da Psicologia do Trabalho referem que não. Pois, todo o trabalho humano é social e coletivo, a medida em que foram necessários outros seres humanos para que aquela atividade de concretizasse. Por exemplo, alguém solicitou a criação do aplicativo, outras pessoas construíram as ferramentas de trabalho, como o computador no qual aquele sujeito trabalha e, foram necessários anos de pesquisa e conhecimento para que uma determinada linguagem de programação fosse criada, contribuindo para que aquele profissional 11 aplicasse em sua tarefa. Dessa forma, é importante pensarmos que o trabalho é sempre coletivo. Por isso, ao analisarmos ou criarmos padrões e normas, precisamos nos recordar de quais relações serão importantes para a composição da análise. 2. Ergonomia da atividade A ergonomia é considerada uma disciplina científica que tem por objetivo transformar o trabalho de forma a adaptá-lo às características e variabilidade do homem e do processo produtivo. Abrahão (2009) entende, ainda, que devemos adaptar o trabalho ao homem, e não o homem ao trabalho. Desta forma, para obtermos maior qualidade, produtividade e segurança, precisaremos nos debruçar aos elementos que compõem os espaços de trabalho que precisam ser ajustados às necessidades dos indivíduos. Este ponto pode ser considerado como uma quebra de paradigma, tendo em vista que, com o modelo fordista e toyotista de organização do trabalho (no qual cada pessoa desempenha uma função e, a união das atividades realizadas por aquele coletivo de profissionais, gera um resultado) acreditava-se que cada ser humano deveria ser encaixado em um determinado cargo, atendendo a todas as necessidades que ali fossem necessárias. Neste novo olhar para as relações de trabalho, começamos a perceber que os cargos e funções são descrições existentes para desempenhar determinada tarefa, entretanto, cada ser humano, único, com sua bagagem bio-psico-social, irá exercer aquela ação de uma forma. À primeira vista, este conceito pode assustar os especialistas em padronização de processos, pois, para que os produtos sejam entregues com o mesmo nível de excelência, faz-se necessário a criação de instruções, normas e especificações técnicas. É necessário prescrever as 12 tarefas que são esperadas para cada atribuição, entretanto, ao criarmos padronizações precisamos recordar que trabalhar é resolver problemas. Dessa forma, intercorrências podem surgir ao longo do processo produtivo, e é importante que os profissionais designados para aquela função, sejam capazes de, a partir da sua cognição, buscarem soluções àquela questão. Possuindo, ainda, tempo necessário para realização de margens de manobras, os espaços de tempos que antes poderiam ser vistos como desperdícios, durante o trabalho real, se fazem necessários para antecipações, ajustes e melhorias contínuas. Dessa forma, conseguimos perceber que existe uma diferença entre aquilo que foi prescrito, a tarefa, e aquilo que, de fato, foi realizado – a atividade. Ao mencionarmos a palavra ergonomia, podemos recordar apenas de alguns elementos que compõem a NR 17 (Norma Regulamentadora) (BRASIL, 2002), que trata sobre a ergonomia nos espaços de trabalho. Esta NR, e sua aplicação, muitas vezes são lembradas apenas pelos elementos que possuem a análise de posturas, mobiliários, conforto e condições sanitárias nos espaços laborais. Entretanto, esta legislação técnica tenta reforçar que, ao gerenciarmos espaços laborais, estamos lidando com seres humanos, cada um com suas idiossincrasias. Dessa forma, mesmo que padrões sejam criados por meio de medidas de um “homem médio”, este homem ou mulher não existe nas rotinas das organizações. Com isso, para que situações de acidentes sejam mitigadas ou, para que possamos garantira ampliação de produtividade, estes elementos devem ser considerados como fator de análise. 3. O fator humano e a segurança do trabalho Christophe Dejours (2020), um importante médico e psiquiatra, criou na década de 1980, a Psicodinâmica do Trabalho, teoria pela qual aprofunda os seus estudos relacionados aos fatores humanos. Em seus estudos, são analisados os mecanismos de defesa dos trabalhadores 13 frente às situações causadoras de sofrimento decorrentes da organização do trabalho, e, ainda, como os profissionais não podem ser fragmentados entre indivíduo “dentro do trabalho” e “fora do trabalho”. Dejours (2020) reforça que não há uma dicotomia entre nossa subjetividade, com isso, aspectos da nossa rotina laboral influenciam diretamente nossa vida, e vice-versa. Dessa forma, quando analisamos acidentes de trabalho ou em nossas vidas privadas, faz-se fundamental compreender que pode haver correlação entre diferentes fatores. Por isso, pode haver suicídios ocasionados orginalmente por assédios morais e pressões, ou acidentes gerados por falta de descanso na noite anterior. Importante reforçar, neste momento, que o olhar de nexo-causal, no qual há uma procura por uma única causa raiz de uma situação de acidente no trabalho, pode ser considerada simplista, devido às multifatoriedades humanas e organizacionais já mencionadas anteriormente. Lembre-se que não existe uma dicotomia entre corpo e mente, com isso, estes elementos se entrelaçam tornando quem nós somos, seres integrais. Quando tratamos de fatores humanos, imediatamente é associada uma ideia de erro, falha ou uma falta cometida por um profissional. Esta concepção pejorativa está relacionada à uma visão distorcida de confiança absoluta nas técnicas, máquinas, processos e procedimentos. Além disso, há uma redução do ser humano a uma junção de fatores, mesmo que exista uma complexidade adicional quando falamos de seres vivos, em especial os humanos. Reflita: Por que você, neste momento, está se especializando em Psicologia e funcionamento humano? Um primeiro palpite sobre esta pergunta está relacionado à necessidade de trabalhar com esta peça fundamental, afinal, mesmo com a criação de robôs ou os machine learning, ainda precisamos de pessoas? Por isso, precisamos sempre nos lembrar o quanto precisamos das pessoas para entrega do resultado e 14 indicadores no final de um ciclo. Outro palpite para esta questão é a não possibilidade de formatação ou padronização. Ou seja, se fosse possível compreender todos os aspectos que circundam a interação humana no trabalho por meio de um guia ou manual, este livro já estaria impresso e esgotado nas livrarias. Entretanto, não é possível criarmos um padrão para lidarmos conosco mesmos, por isso, é papel de cada um de nós compreender como se dão as relações nos espaços de trabalho. Dessa forma, nos tornamos agentes críticos para pensar o próprio trabalho, criando perguntas chaves para cada situação, ambiente e cultura. Assim, a formação em “fatores humanos” e segurança no trabalho é, antes de mais nada, uma formação reflexiva, para que cada especialista possa, a partir do ambiente em que se encontrar, promover questões e desdobramentos relacionados à sua realidade. Dejours, em seu livro O Fator Humano (2020), traz alguns esquemas que nos fazem refletir sobre a investigação de acidentes. O primeiro deles, induz ao seguinte encaminhamento: Falha, erro, falta. � Controle, vigilância, instruções, regulamento, disciplina, sanção e/ou formação. A sequência anterior é comumente usada nas rotinas, tendo evoluído para uma análise científica, conforme segue: Análise do comportamento. � Decomposição do comportamento em processos, elementos, módulos ou unidades de comportamento, a serem estudados separadamente. 15 � Pesquisa e concepção em matéria de ajuda ou de assistência ao raciocínio ou à decisão. � Prótese cognitiva: substituição do homem, tão frequentemente quanto possível, por automatismos. Um segundo modo de pensar, não tão “tradicional” nas indústrias, pode ser analisado a seguir. Motivação, desmotivação. � Comunicação (mais informacional do que pragmática). � Cultura da empresa, valores. � Análise das condutas (não redutíveis aos comportamentos). � Relações de trabalho/análise das interações sociais e afetivas. � Análise das estratégias dos atores. 16 Dessa forma, podemos perceber uma relação muitas vezes obscura nas organizações, como o trabalho conjunto das áreas de segurança e cultura organizacional, para que juntos, possam questionar e pensar em estratégias para superar as contradições e desafios referentes à saúde e segurança nos espaços de trabalho. E, ainda, que as condutas humanas vão muito além de um mero fazer, comportar-se. Existem outros elementos às vezes inconscientes e desconhecidos pelos próprios sujeitos, que podem contribuir para uma falha. Por exemplo, estar descontente com a atitude de um colega de trabalho, ou esquecer de checar um determinado processo importante para o trabalho coletivo. Por fim, trazemos algumas possíveis causas que podem contribuir com uma análise multifatorial sobre a ocorrência de um desvio ou falha: falta de informação ou falha na comunicação; falta de conhecimento; falta de aptidão física ou mental; falha devido a condições ergonômicas inadequadas; falha devido à motivação incorreta (como excesso de confiança, desejo de ser mais rápido e produtivo), falha por deslize. 4. Evento adverso, o que fazer? Na literatura e normas técnicas sobre Gestão de Emergências e Desastres, encontramos algumas etapas que nos ajudam a explicar um evento adverso e, consequentemente, o que podemos fazer pelos sujeitos naquele momento. Por isso, no Quadro 1 é apresentado um esquema que pode ser correlacionado a qualquer cenário de acidente, incidente ou quase acidente, nos auxiliando na prática de prevenção ou orientação quando algo ocorrer. 17 Quadro 1 – Correlação: ciclo de gestão de desastre e acidentes de trabalho Fase do desastre Aspectos humanos 1. Prevenção: momento no qual são realizadas medidas para evitar a ocorrência de uma situação adversa, criando avaliações de riscos, por exemplo. Neste momento são realizados mapeamentos que podem contribuir com as próximas fases. 2. Mitigação: momento no qual é sabido sobre a possibilidade de algum risco, criando estratégias para diminuir as vulnerabilidades e aumentar a capacidade de resiliência. Por exemplo, aplicando melhorias de processos e realizando simulados. Neste momento, devem ser realizadas medidas de conscientização sobre riscos, por meio de campanhas de comunicação, treinamentos e simulados. Faz-se importante envolver a liderança das áreas para que sejam adotadas as medidas mitigatórias implementadas. 3. Preparação: momento no qual é sabido sobre a existência de algum risco, preparando as equipes para atuação, por exemplo, reforçando processos e comunicando sobre o risco eminente. Neste momento é fundamental garantir uma organização de atividades, papéis e responsabilidades claros. Além disso, as comunicações precisam ser claras e objetivas. 4. Resposta: evento adverso ocorre, momento focado em salvar vidas e aplicação dos planos de emergência. Neste momento, o esforço deve estar em suportar as vítimas de maneira imediata, a partir dos socorros médicos necessários. Em seguida, todos os stakeholders necessários devem ser sinalizados sobre o fato, lideranças, áreas e famílias. Os primeiros cuidados psicológicos podem ser aplicados, por qualquer pessoal que se sinta apta à ação.1 Lembrando que vários profissionais da organização podem ser afetados pelo evento adverso, mesmo não tendo presenciado o fato. Por isso, o olhar de cuidado deve ser estendido a todos aqueles que sintam sua necessidade. 5. Recuperação: após a situação adversa a normalidade é restituída, focando os esforços na reconstrução dos espaços e criando novas medidas de prevenção. Ocuidado com as vítimas, familiares, colegas e afetados se mantém pelo tempo que for necessário. Fonte: elaborado pela autora. 1 Para maiores detalhes, consulte: OMS (2011). 18 5. Reflexões Finais Neste texto pudemos conhecer um pouco mais sobre a atuação da Psicologia nos espaços de trabalho e suas relações com os aspectos de segurança organizacional. Também foram trazidas reflexões sobre como os especialistas no tema precisam desenvolver habilidades aguçadas de observação e escuta sobre a realidade de trabalho, visando prevenir e mitigar fatalidades. Além disso, é preciso ter como base que um contratempo é sempre a ponta de um iceberg, que precisa ser escavado com minúcia, compreendendo que vários elementos contribuíram para sua formação. Por isso, desenvolver a competência observar o cenário como uma pessoa externa àquela situação, questionando-se sobre os múltiplos fatores, será determinante para a composição da análise. Além disso, uma observação profunda, precisa ser originada com uma escuta ativa do cenário pois, nada melhor do quem desempenha a atividade real para auxiliar na inovação e padronização daquela ação. Referências ABRAHÃO, Júlia (org.). Introdução à Ergonomia: da prática à teoria. São Paulo: Blucher, 2009. BOCK, Ana; TEIXEIRA, Maria; FURTADOR, Odair. Psicologias: uma introdução ao estudo de psicologia. 15. ed. São Paulo: Saraiva Educação, 2018. BRASIL. Ministério do Trabalho e Emprego. Manual de aplicação da Norma Regulamentadora nº 17. 2. ed. Brasília: MTE, 2002. DEJOURS, Christiphe. O fator humano. 5. ed. 6. reimpr. Rio de Janeiro: FGV, 2020. MARTINS, Ligia (org.). Sociedade, Educação e Subjetividade: Reflexões Temáticas à Luz da Psicologia Sócio-Histórica. São Paulo: Cultura Acadêmica, 2008. OMS. Organização Mundial da Saúde. Primeiros cuidados psicológicos: guia para trabalhadores de campo. OMS, 2011. 19 Engenharia de segurança e relações de trabalho Autoria: Ingrid Barbosa Betty Leitura crítica: Joubert Rodrigues dos Santos Júnior Objetivos • Refletir sobre a atuação da engenharia de segurança nas relações de trabalho. • Aprofundar conteúdos sobre educação prevencionista. • Compreender elementos sobre andragogia e aprendizagem. • Conhecer técnicas de seleção de pessoas. 20 1. Gestão de segurança e de pessoas Neste texto, exploraremos alguns conceitos sobre como a engenharia e outras práticas de segurança podem ser aplicadas em um espaço de trabalho. Dessa forma, você está convidado a compreender os subsistemas de gestão de pessoas, focando principalmente, naqueles elementos que possam contribuir para a criação de um ambiente seguro. Por exemplo, a atração e seleção de pessoas, o desenvolvimento organizacional e treinamento, a comunicação interna e as relações trabalhistas e sindicais. Os conhecimentos aqui apresentados poderão fazer parte da sua rotina enquanto especialista no assunto e gestor de equipes. Dessa forma, esperamos que você possa apreender o conteúdo e refletir também sobre suas próprias realidades, percebendo o que pode ser aplicado e transformado nas relações de trabalho as quais você faz parte. 1.1 Trabalho contemporâneo O significado social do trabalho foi transformado ao longo das gerações e culturas, tendo sido considerado desde uma punição até um sacrifício. Atualmente, o ato de trabalhar é considerado uma ação que gera honra e honestidade. Com isso, aquele que não é considerado produtivo pelo sistema econômico atual, ou seja, que não vende seu tempo e ações em trocas monetárias, pode ser considerado à margem da sociedade, devido à conotação atual que esta atividade humana desempenha na contemporaneidade. Dessa forma, conseguimos compreender que o ato de fornecer seus serviços e produtos em troca de uma remuneração é algo fundamental socialmente. Dito isto, os seres humanos, ao aplicarem suas forças físicas e cognitivas a partir de uma atividade, estão colocando em prática quem estes são, ao mesmo tempo que modificam suas identidades por meio de seu 21 trabalho. Desta forma, nos referimos as pessoas as quais convivemos utilizando características relacionadas às suas atividades laborais. Por exemplo, o “seu João da padaria”, “a Gabriela da engenharia”, “o Jorge do marketing”. O trabalho constitui quem nós somos e como todas as nossas relações irão se organizar. Mas, por que a compreensão do que significa trabalhar na contemporaneidade é tão importante para pensarmos estratégias de segurança no trabalho? Porque precisamos compreender a devida importância que o tema possui na vida dos sujeitos e, como estes vão se comportar em suas rotinas laborais. 1.2 Segurança e relações de trabalho Tomando como base que segurança é um princípio importante para o resultado do trabalho, tal como qualidade e produtividade, o papel da engenharia de segurança ganha forças e responsabilidades. A atuação prevencionista, mitigatória e analítica que este especialista desempenha, ganha ainda mais complexidade quando começamos a compreender que a relação de trabalho e seus possíveis incidentes está permeada por um coletivo de elementos. Ao agirmos na prevenção de cenários adversos, vale a pena reforçar, que atuamos, acima de tudo, com a aprendizagem dos sujeitos. Com isso, ao assumirmos um posicionamento punitivo, que acaba por constranger os indivíduos nas suas rotinas, poderemos não atingir o objetivo necessário de antecipar possíveis lacunas que possam culminar com um evento de crise. Dessa forma, ao colocar em prática todos os conhecimentos técnicos adquiridos na engenharia de segurança, é fundamental que o profissional consiga utilizar estratégias de conscientização ou relato de incidentes, que estejam relacionados com o reforço positivo dos sujeitos. Por exemplo, ao apresentar em uma reunião executiva, todos os acidentes ou quase acidentes em um farol vermelho, estamos utilizando uma abordagem que promove a vergonha e até humilhação dos envolvidos. Como sugestão, podemos pensar em estratégias de 22 reconhecimento e evidências de situações que foram evitadas, com foco no reforçamento positivo dos comportamentos prevencionistas. É claro que os problemas e situações adversas precisam ser reportados, entretanto, precisamos refletir se estamos damos mais relevância para aqueles cenários que estão fora do padrão que gostaríamos ou, para aqueles que estão dentro do padrão necessário. Para concepção de um diagnóstico sobre um determinado evento, é fundamental focar a análise em elementos que vão além daquele trabalhador que estava envolvido na cena. É preciso compreender que outros fatores podem influenciar diretamente aquele cenário e aquela organização, por exemplo, as relações de poder e influência, os elementos da cultura organizacional, a falta de reconhecimento etc. A não utilização de equipamentos de proteção individual (EPI’s), pode ser um dos fatores que contribuem diretamente com situações adversas nas organizações. Entretanto, pouco se reflete sobre a origem do seu não uso e qual o papel das lideranças neste cenário. Todos nós precisamos compreender por que precisamos cumprir determinadas regras, por exemplo, porque utilizar a faixa de pedestre, se eu posso atravessar a rua a qualquer momento. Ao construirmos uma argumentação para a travessia na faixa de pedestre ou sobre a utilização de EPIs é preciso que deixemos claro alguns elementos: porque utilizar, porque não utilizar, porque agora, quais são as consequências formais e informais etc. Alguns estudos relatam que as pessoas precisam escutar até cinco vezes o mesmo argumento ou história para começarem a introjetar estas informações. Por isso, o reforço na mensagem sobre a utilização de equipamentos individuais é fundamental, até mesmo para aqueles profissionais que já possuem comportamento exemplar no desempenho de determinada tarefa. E, para que este discurso seja, de fato, praticado é preciso, ainda, que, em situações corriqueiras, a liderança, os pares e aqueles formadores23 de opinião sempre se comportem de maneira segura e preventiva. Pois, a manutenção de um determinado comportamento também irá demandar aquilo que conseguimos observar como sendo valorizado em nossas relações interpessoais. Dessa forma, de nada pode adiantar um belo discurso sobre a utilização de procedimentos de segurança se, na prática, é possível perceber que alguns representantes daquela organização burlam o sistema de algum modo, e não são alertados sobre isso. Os não ditos da cultura organizacional, também vão constituindo o padrão de comportamento de todos. E você, especialista em segurança no trabalho, também poderá ser considerado uma pessoa de referência em todos os cenários, seja nos espaços de trabalho, seja em suas rotinas de lazer. Por fim, sugerimos que o olhar para segurança não seja considerado apenas um processo dentro dos espaços de trabalho. Caso seja possível transformar isto em um estilo de vida, estendendo o olhar de autoavaliação individual para as rotinas dos lares e vidas privadas dos trabalhadores, ganhos poderão ser percebidos em todos os espaços. Afinal, segurança é um tema relacionado a todos os ambientes em que estamos inseridos. 2. Gestão de pessoas Ao longo da constituição das organizações de trabalho como conhecemos hoje, foram criadas áreas e departamentos responsáveis por determinadas tarefas, visando, assim, uma maior especialização em determinados temas e, consequentemente uma melhor produtividade e inovação. Com a área de Recursos Humanos, Gestão de Pessoas ou Gente e Gestão, não foi diferente. Os processos e técnicas foram remodelados de acordo com as transformações do capitalismo neoliberal. Atualmente, a compreensão de como gerir pessoas, seja a si mesmo, uma equipe de projetos ou uma determinada área é fundamental para qualquer sujeito que adentra um espaço de trabalho. 24 Alguns conhecimentos são vistos como imprescindíveis e, determinamos sensos comuns, não são mais aceitos nas organizações. Por isso, iremos detalhar alguns processos de gerenciamento de pessoas que podem facilitar e contribuir para as rotinas de segurança. 2.1 Atração e seleção As organizações de trabalho geralmente se organizam a partir de áreas, cargos e funções. E, para o desempenho de uma determinada tarefa, espera-se que algumas características prévias dos sujeitos sejam necessárias. Com isso, os processos de recrutamento, atração e seleção são fundamentais, visando não adaptar o homem ao trabalho, mas, sim compreender como aquele sujeito poderá colocar em prática todos os seus conhecimentos, experiências e disposição para aprendizagem em determinada função. Recrutar significa atrair pessoas para uma determinada ação. Por isso, o termo recrutamento pode estar relacionado desde cenários como o recrutamento de investidores de startups, até o processo de aliciamento de voluntários para uma determinada pesquisa científica. Nas organizações de trabalho, para recrutar um grupo de pessoas é fundamental que os canais de comunicação estejam adequados para o público que se pretende atingir. Dessa forma, garantir o alcance das pessoas para determinado cargo por meio da linguagem, formato e canal de comunicação adequados poderá ser trivial à primeira vista. Entretanto, ao fazer o ajuste adequado ao que se esperava, poupa- se tempo processual localizando adequadamente o tipo de perfil necessário às atribuições. Em alguns lugares, o termo recrutamento foi substituído por atração, que visa demonstrar um olhar mais ampliado das organizações no empenho de manutenção da sua marca empregadora em destaque. Desta forma, precisamos compreender que o clima organizacional, os 25 acidentes zeros e a satisfação com as rotinas de trabalho, contribuirão ou não para que determinada organização esteja em destaque, sendo buscada proativamente por candidatos externos como uma boa empresa para se trabalhar. Aqui é possível perceber a relevância do tema de segurança, na atração de talentos para qualquer área de uma determinada empresa. Ampliando assim, a visão de segurança apenas como um requisito normativo. Algumas técnicas para realizar o recrutamento de pessoas são: divulgar vagas em sites especializados, em redes sociais e grupos profissionais, disponibilizar vagas em centros de treinamento ou especializados. Além disso, será fundamental manter a marca da sua organização viva em todas as mídias possíveis. Por fim, quando falamos de seleção, falamos sobre um conjunto de técnicas e ferramentas que nos auxiliam a filtrar um conjunto de indivíduos, até que se identifique um profissional que possa desempenhar determinada tarefa, conforme planejado. Aqui não estamos querendo reforçar a visão ultrapassada do “homem certo, no lugar certo, na hora certa”. Mas sim, a visão da “pessoa adequada, com potencial e vivências necessárias para satisfazer a si e a organização, em determinado cenário”. Desta forma, ao colocar em prática entrevistas, dinâmicas de grupo, exames psicotécnicos ou ainda games de seleção, é importante perceber, também, os motivadores e afinidades daquele sujeito à cultura da organização e rotina de um determinado cargo. Afinal, não seremos razoáveis ao contratar um doutor em álgebra que sonha em atuar com desenvolvimento de produtos para uma função de especialista contábil, tendo em vista que os desafios e aptidões são distintas para cada natureza de tarefa. Este elemento pode aparecer desapercebido em um determinado momento, mas, indivíduos desconectados de sua atividade podem, de alguma maneira, contribuir para um aumento de desmotivação e, ocasionalmente, provocar lapsos inseguros nos espaços de trabalho. Por isso, o movimento 26 prevencionista de acidentes deve possuir um olhar ampliado sobre todos os processos que envolvem seres humanos nas organizações de trabalho. Além disso, vale reforçar que os seres humanos se modificam ao longo da vida e, com isso, seus desejos profissionais também podem ser alterados. Dessa forma, o olhar interno à organização para movimentações de pessoas, deve ser um fator constante de análise. Um último ponto sobre este processo precisa ser destacado, pois é um erro comum cometido em processos seletivos e que podem culminar com processos legais. A Consolidação das Leis de Trabalho (CLT) assegura que não pode haver processos discriminatórios nas organizações, incluindo, também, as etapas de atração e seleção. Por isso, as descrições de vagas devem ser pensadas visando atrair e selecionar pessoas, sem nenhum demonstrativo discriminatório, afinal, as crenças que temos que apenas um determinado perfil de pessoas pode desempenhar aquela função diz mais sobre nós mesmos, do que a capacidade de outros de realizarem determinada função. 2.2 Desenvolvimento organizacional Desde os nossos primeiros passos até a obtenção de certificados de Graduação, estamos, a todo momento, nos desenvolvendo e aprimorando nossos conhecimentos e, dentro de uma organização de trabalho, isto não seria diferente. Conforme Abrahão (2015), durante as rotinas laborais, os profissionais aprendem novas soluções e macetes relacionados às suas atividades, aprimorando técnicas que, por muitas vezes, parecem estabilizadas. Isto se deve ao fato de que trabalhar é resolver problemas; com isso, mesmo os procedimentos mais especificados em normas não poderão ser descritos fielmente quando a realidade e empecilhos do mundo concreto se evidenciam. Com isso, as capacitações e formações são importantes para dar clareza ao que será esperado na prática de trabalho, mas, ainda mais, quais serão os limites 27 de bricolagem, ou seja, adaptações que poderão ser realizadas in loco para resolver situações e garantir as entregas finais. Esses limites e ensinamentos são necessários não apenas para instrumentalizar sobre o melhor formato de como devem ser realizadas determinas ações, mas também, para promover consciência e sentido do porquê determinadas normas ou procedimentos existem. Valeressaltar que, por muitas vezes acreditamos que uma sessão de treinamentos com longas oito horas poderão fazer com as pessoas que entraram em uma determinada sala pela manhã, saiam ao final do dia agindo de maneira complemente diferente. É preciso compreender o sentido e o significado das coisas para que possam mudar algum padrão de comportamento. Por isso, mais do que fornecer longas capacitações sobre um determinado assunto, mesmo aquele procedimento operacional de segurança mais importante, é fundamental que possamos verificar se, durante o discurso, além do como colocar em prática, também está sendo ofertado o tempo adequado para responder a algumas perguntas, como: Por que fazer assim? Se não fizermos, quais as consequências? O que muda na minha rotina, caso eu não faça o que este treinamento está me sinalizando? Ao realizar ajustes simples nas capacitações, como estes mencionados, gerenciaremos melhor as mudanças e transformações que os espaços de trabalho nos fornecem. Vale ressaltar, ainda, que a maneira como os adultos aprendem está muito relacionada com estas perguntadas mencionadas anteriormente. A Andragogia, ou seja, a educação de adultos, apresenta alguns elementos próprios, diferentes da famosa Pedagogia, aprendizagem em crianças. Os adultos precisam ser desafiados a trazer as suas próprias experiências de vida para preencher as lacunas de conhecimento. Além disso, a liberdade do aprendiz e a descoberta por meio de resoluções de problemas reais, auxiliaram para que os conhecimentos sejam 28 adquiridos e replicados, segundo Noe (2015). Com isso, a regra 70-20-10 pode contribuir ao organizar um plano de aulas para este público. Esta regra remete que 10% do conteúdo que aprendemos está relacionado ao conhecimento formal, em sala de aula ou cursos, por exemplo. Os outros 20% estão relacionados ao compartilhamento de experiências com outras pessoas, ou seja, a aprendizagem social e, 70% está relacionado às experiências de vida e trabalho, estando diretamente ligada a “colocar a mão na massa”. Estes três formatos podem estar todos em um mesmo módulo de treinamento, como em um treinamento sobre o uso de equipamentos de proteção individual com carga horária de 4 horas. Neste caso, pode ser separado em uma hora para apresentar alguns conceitos básicos, uma hora para compartilhar experiências e dificuldades de utilização de um determinado equipamento e, duas horas relacionadas para a solução de uma situação problema hipotética, sempre fazendo com que o próprio grupo possa se autorregular e trazer as soluções para aquele cenário, sendo complementado com conhecimentos do instrutor, conforme necessário. Por fim, conseguimos perceber que, ao desenvolver estratégias de participação ativa dos sujeitos, a aprendizagem é mais profunda, sendo sustentada a longo prazo. E, apesar de parecem mais complexas para estruturação e planejamento, as capacitações que promovam não apenas o simples repasse de conteúdos e envolvam os alunos na construção do conhecimento, terão uma maior probabilidade de atingir os seus objetivos. Para contribuir com a construção de experiências de aprendizagens, seguem alguns exemplos: métodos práticos (simulados, treinamento no local de trabalho, estudos de caso, jogos de negócios, dramatizações, modelagem de comportamento, aprendizado autodirigido), métodos grupais (treinamentos de aventura, treinamentos em equipe, palestras, workshops), métodos individuais (realidade aumentada, realidade virtual, videoaulas, ensino à distância). 29 2.3 Comunicação interna Outro elemento fundamental para que uma organização garanta a melhor aplicação de seus processos é a capacidade dos indivíduos se comunicarem entre si. À primeira vista, esta ação pode parecer trivial e corriqueira, afinal, desde a primeira infância desenvolvemos estratégias para nos comunicarmos. Entretanto, quando analisamos os principais ofensores do desempenho de determinadas tarefas, ou ainda, alguns dos fatores que podem contribuir para um acidente, conseguimos perceber que o processo de comunicação dentro de uma organização também precisa ser destrinchado. Para Chiavenato (2004), comunicação é: A troca de informações entre pessoas. Significa tornar comum uma mensagem ou informação. Constitui um dos processos fundamentais da experiência humana e da organização social. A comunicação requer um código para formular uma mensagem e enviá-la na forma de sinal (ar, fios, papel) a um receptor da mensagem que a decodifica e interpreta seu significado (CHIAVENATO, 2004, p. 142) Dessa maneira, ao emitirmos uma determinada mensagem, seja ela verbal, escrita, visual ou corporal, um outro sujeito recebe estas informações, decodificando aquilo que foi passado. Este fluxo ocorre dentro de um determinado contexto ou ambiente como, as organizações de trabalho. E ele, ainda, pode ser interrompido por “ruídos”, ou seja, por elementos que interferem no processo comunicativo, gerando perda de informações na transmissão das mensagens. Estes ruídos no processo de comunicação, podem estar relacionados não apenas à não audição daquilo que foi informado verbalmente, mas também a vários outros elementos que podem desempenhar barreiras à comunicação, tais como: dificuldades com idioma e tipo de linguagem; pressa ou urgência; interpretações pessoais; ideias preconcebidas; conflitos ou emoções; desatenção; entre outros. Com isso, muitas vezes um comando ou regra pode até ser enviado pelo emissor de uma 30 mensagem, mas não quer dizer que o receptor a recebeu devidamente ou, ainda, compreendeu como era esperado. Este item, pode, em alguns momentos, aumentar a probabilidade de um evento adverso ocorrer. Por isso, em alguns protocolos de segurança organizacional, são sugeridas as inserções de feedbacks ou duplo check de informações, para garantir que todos os envolvidos em determinado cenário estejam de fato alinhados. Um exemplo prático para este cenário é a repetição de comandos de segurança, como no caso a seguir: • Trabalhador A: Painel de energia ligado. Confere? • Trabalhador B: Painel de energia ligado. Por último, é importante ressaltar a necessidade de trazer clareza aos documentos e relatórios técnicos que, em muitos casos, é escrito com a utilização de códigos e siglas que podem dificultar a compreensão pelo público-alvo daquela mensagem. Desta forma, sugere-se a não utilização de idiomas estrangeiros, linguagens coloquiais e, ainda, a explicação de todos os termos técnicos e siglas que sejam necessários. Com isso, podemos reduzir a probabilidade de ruídos no processo comunicativo, aumento a probabilidade de compreensão. 2.4 Gestão de desempenho A gestão de desempenho vem ganhando cada vez mais força no modelo econômico atual. Todos nós já passamos por alguma situação no qual nos foram fornecidas metas a serem atingidas, gerando possivelmente uma nota ou fator final sobre aquele processo. É assim que medimos o desenvolvimento dos alunos nas escolas ou as entregas nos espaços de trabalho. Quebrar um objetivo em pequenos indicadores, inserir métricas de mensuração e reporte é algo rotineiro nas organizações de trabalho, que podem, em alguma medida, contribuir ou dificuldade o papel da engenharia de segurança no trabalho. 31 Por um lado, podemos sugerir que os requisitos de segurança sejam seguidos, os treinamentos sejam realizados, os procedimentos estejam visíveis, reconhecendo os profissionais e sua gestão por taxas positivos de prevenção de acidentes. Em outra medida, a pressão para atingimento de determinadas metas, prazos e resultados, pode contribuir para que alguns cuidados necessários sejam desconsiderados, baseados na falsa sensação de fazer mais e melhor. Por isso, todo o sistema de remuneração fixa e variável de uma organização ou, ainda, o reconhecimento de determinadas entregas, pode ser influenciado diretamente pelos aspectos preventivos e intervencionistas que a estrutura de segurança faz ecoarna organização. Por exemplo, em uma organização na qual seja identificada um ato inseguro ou fora do padrão, os profissionais poderão ter suas metas impactadas, reforçando a importância sobre a temática de segurança. 2.5 Relações trabalhistas e sindicais Dentro das organizações, há um outro subsistema voltado para os aspectos legais das relações de trabalho denominado jurídico trabalhista ou relações trabalhistas e sindicais. Essa área é composta por um conjunto de profissionais, geralmente do Direito, que contribuem com a implementação das legislações trabalhistas nas empresas. Assédios morais, sexuais, discriminações, excesso de jornadas e pressões, são alguns elementos que podem contribuir com a criação de processos trabalhistas. É interessante perceber que situações como essas, também podem estar relacionadas ao movimento de prevenção de acidentes, tendo em vista, que se um ambiente organizacional está descompassado, a probabilidade de incidências adversas é aumentada. Outro fator entre a equipe de segurança no trabalho e a estrutura jurídica está relacionado aos cenários nos quais um acidente de fato é efetivado. É possível que um processo investigativo seja instaurado, 32 gerando alguma ação trabalhista. Com isso, todos os documentos técnicos e laudos serão necessários para se compreender o fenômeno. Por isso, os movimentos sindicais de categorias profissionais também podem ser importantes aliados na definição de processos e condições seguras de trabalho. Dessa forma, a articulação entre os sindicatos e empresas também pode ser utilizada para aprimorar este processo. 3. Reflexões finais Durante esta Leitura Digital, conhecemos um pouco mais sobre a relação entre engenharia de segurança do trabalho e alguns sistemas relacionados à gestão de pessoas nas organizações. Foi possível perceber que analisar um cenário de evento adverso requer um olhar ampliado sobre diversos fatores que compõem a relação de trabalho, compreendendo, inclusive, que vivemos em um modelo econômico e social neoliberal. Dessa forma, o trabalho é considerado um fator que dignifica o homem, garantindo respeito social e constituindo quem nós somos, nossas identidades. Desta forma, é possível perceber que muito provavelmente os seres humanos não querem errar em seus locais de trabalho, tendo em vista, que este é um local importante para garantir o provento de sua subsistência, e também, para manter a pulsão de vida atividade. Com isso, sugere- se sempre sair da microanálise de uma cena, para a compreensão mais ampliada das relações humanas nos espaços laborais. Referências ABRAHÃO, Júlia (org.). Introdução à Ergonomia: da prática à teoria. São Paulo: Blucher, 2009. 33 BOCK, Ana; TEIXEIRA, Maria; FURTADOR, Odair. Psicologias: uma introdução ao estudo de psicologia. 15. ed. São Paulo: Saraiva Educação, 2018. CHIAVENATO, Idalberto. Introdução à teoria geral da administração. Rio de Janeiro: Campus, 2004. NOE, Raymond. Treinamento e desenvolvimento de pessoas: teoria e prática. 6. ed. Porto Alegre: AMGH, 2015. 34 Introdução a segurança do trabalho na construção civil Autoria: Camila Zoe Correa Leitura crítica: Joubert Rodrigues dos Santos Júnior Objetivos • Compreender a importância da segurança do trabalho na construção civil. • Verificar e reconhecer os riscos potenciais em um canteiro de obras. • Conhecer os programas, projetos e documentos relacionados à segurança e à saúde do trabalho em atividades ligadas à construção civil. • Entender as principais normas relacionadas à segurança do trabalho na construção de edificações. 35 1. Segurança do trabalho na construção civil Com a eleição de Juscelino Kubitschek e o estabelecimento do Plano de Metas, em meados de 1950, a construção civil passou a ser uma atividade de destaque econômico e social no Brasil. Entretanto, estas não foram as únicas áreas de destaque para esse setor. Em decorrência desta atividade, muitas vidas foram perdidas. De acordo com a Associação Nacional de Medicina do Trabalho (ANAMAT, 2019) no ano de 2019, no país, a construção civil foi classificada como o primeiro setor que mais registrou acidentes com incapacidades permanentes, o segundo em registro de óbitos e o quinto em afastamentos com mais de 15 dias. E quais seriam os motivos que levaram e ainda levam a estes números tão altos? Para responder a esse questionamento, é preciso entender como as atividades da construção são realizadas. 1.1 Perigos e riscos existentes em um canteiro de obras A indústria da construção é um dos ramos que apresenta os maiores índices de acidentes em todo mundo. Essa atividade apresenta uma série de fatores e características que influenciam esse resultado, dentre os quais, segundo Peinado (apud PEINADO, 2019) ressaltam-se: as várias etapas construtivas presentes no canteiro de obras; a ausência do profissional capacitado no momento da execução do projeto; a não elaboração de projetos de segurança eficazes que possam antecipar e propor medidas de correção necessárias para a não ocorrência de acidentes; a rotatividade de mão de obra; o efeito do clima e o excesso de horas trabalhadas para compensar esse fator ambiental; o grande número de microempresas atuando no setor, além da não consideração dos custos com segurança do trabalho no orçamento dos empreendimentos. 36 Em um canteiro de obras podemos encontrar diferentes fontes de riscos, por exemplo, trabalho em altura, em ambiente confinado, com eletricidade, com máquinas e com materiais de peso elevado. Estes perigos, quando não tratados adequadamente, podem representar riscos ao trabalhador, ocasionando acidentes e gerando, em alguns casos, doenças crônicas. As características e as especificidades de cada um destes riscos vão depender da fase da obra que está sendo executada. Na construção de um edifício, por exemplo, estão presentes pelo menos seis fases. Primeiro, é realizado o preparo do terreno, com a limpeza, fechamento e terraplenagem. Posteriormente, ocorrem as obras relacionadas às fundações e, em seguida, a construção da estrutura e das paredes. Na sequência, tem-se a cobertura, a instalação do sistema hidráulico, elétrico, sanitário e complementares, e, por fim, o acabamento e pintura. Em cada uma das etapas citadas, temos uma atividade sendo desenvolvida e um profissional distinto, o que resultará, consequentemente, na identificação de um perigo e risco diferente. Maia (2014) realizou uma análise preliminar de riscos (APR) na etapa de execução de elementos estruturais de concreto armado, em uma obra de um edifício de 18 pavimentos. Em cada etapa desse processo, o autor encontrou pelo menos quatro fontes de riscos, causadas principalmente pela falta de treinamento e pelo uso incorreto dos equipamentos de segurança do trabalho. No total, foram encontradas 13 fontes de riscos no processo, sendo que dessas, seis teriam como consequência a morte do trabalhador. Faria et al. (2020) realizaram um estudo buscando identificar os riscos presentes no desenvolvimento de uma residência de 100 m2. Na etapa de execução dos elementos estruturais de concreto armado (concretagem da peça estrutural), os autores identificaram quatro fontes de riscos, sendo que duas teriam como consequência direta o óbito. 37 Das pesquisas apresentadas, fica claro que o perigo e consequentemente o número de riscos existentes no canteiro de obras, depende das características peculiares do que está sendo executado no local, o que demanda uma análise minuciosa e criteriosa deste ambiente. Muitos dos acidentes registrados nesse setor poderiam ser evitados se as empresas ou construtoras adotassem e desenvolvessem adequadamente os programas de segurança e medicina do trabalho que a legislação exige. Esses programas buscam a antecipação, o reconhecimento, a avaliação e o controle dos riscos existentes ou que possam existir no ambiente de trabalho, fazendo com que os trabalhadores sejam protegidos de situações inadequadas.Dentre esses, destaca-se o Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO) e o Programa de Gerenciamento de Riscos (PGR). 1.2 Programas e projetos associados à segurança e saúde ocupacional na construção civil O PCMSO tem como objetivo a proteção e a preservação da vida e da saúde dos empregados em relação aos riscos ocupacionais, que possam estar presentes no ambiente de trabalho. As diretrizes e requisitos para sua elaboração e desenvolvimento são expostos na NR-07. Este programa faz parte do conjunto mais amplo de iniciativas de uma empresa no que se refere à saúde de seus trabalhadores, devendo sempre estar em consonância com o estabelecido nas demais normativas (BRASIL, 2020a). O PGR, que substitui o antigo Programa de Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA) e o Programa de Condições e Meio Ambiente de Trabalho na indústria da Construção (PCMAT), objetiva gerenciar de maneira adequada os riscos ocupacionais que possam estar presentes 38 no ambiente de trabalho. É apresentado na NR-01 (BRASIL, 2020b) e novamente citado na NR-09 (BRASIL, 2020c) e NR-18 (BRASIL, 2020d). Pode ser implementado por setor, unidade operacional ou atividade que esteja sendo executada na organização, podendo ser atendido por sistemas de gestão, desde que possam cumprir o previsto na NR-01 (BRASIL, 2020b) e nas demais NRS. De acordo com a NR-01, a organização deve: [...] a) evitar os riscos ocupacionais que possam ser originados no trabalho; b) identificar os perigos e possíveis lesões ou agravos à saúde; c) avaliar os riscos ocupacionais indicando o nível de risco; d) classificar os riscos ocupacionais para determinar a necessidade de adoção de medidas de prevenção; e) implementar medidas de prevenção, de acordo com a classificação de risco e na ordem de prioridade estabelecida na alínea “g” do subitem 1.4.1; e f) acompanhar o controle dos riscos ocupacionais. (BRASIL, 2020b, p. 4) É importante destacar, como exposto na NR-01 (BRASIL, 2020b), que este programa também deve levar em consideração o disposto na NR- 17 (BRASIL, 2018a), que trata de aspectos relacionados à ergonomia no ambiente de trabalho. A NR-18 (2020), traz instruções que objetivam a implementação de medidas de controle e proteção dos trabalhadores em atividades da construção civil (BRASIL, 2020d). Segundo o exposto em seu item 18.4.1 (BRASIL, 2020), em um canteiro de obras é obrigatório o desenvolvimento e implantação do PGR. Esse programa deve abordar o comportamento de cada etapa da obra, incluindo a antecipação e reconhecimento de cada risco e, as medidas de proteção que serão 39 necessárias aos trabalhadores, para minimizar ou mesmo eliminá-lo do ambiente. De acordo com a NR-18 (2020), além de conter o exposto na NR-01 (BRASIL,2020), o PGR deve comtemplar: [...] a) projeto da área de vivência do canteiro de obras e de eventual frente de trabalho, em conformidade com o item 18.5 desta NR, elaborado por profissional legalmente habilitado; b) projeto elétrico das instalações temporárias, elaborado por profissional legalmente habilitado; c) projetos dos sistemas de proteção coletiva elaborados por profissional legalmente habilitado; d) projetos dos Sistemas de Proteção Individual Contra Quedas (SPIQ), quando aplicável, elaborados por profissional legalmente habilitado; e) relação dos Equipamentos de Proteção Individual (EPI) e suas respectivas especificações técnicas, de acordo com os riscos ocupacionais existentes. (BRASIL, 2020, p. 2-3). Antes do início da obra, algumas providências devem ser tomadas. Uma delas é a comunicação prévia de realização das atividades à Subsecretaria de Inspeção do Trabalho (SIT). Esta ação pode ser realizada no site da Secretaria de Trabalho, por meio do Sistema de Comunicação Prévio de Obras (SCPO). Ao se cadastrar, o responsável deve inserir as informações relativas ao empreendimento, como endereço, informações do contratante, empregado ou condômino, tipo de obra, datas previstas do início e conclusão e o número máximo de trabalhadores presentes na obra. Além da comunicação prévia, outros procedimentos e documentos também são emitidos na realização de uma construção. Dentre esses, destacam-se as ordens de serviço (OS), os atestados de saúde 40 ocupacional (ASO), fichas de registros de entrega de equipamentos de proteção individual (EPI), documentos de equipamentos de transporte vertical, análise de risco (AR), permissões para o trabalho ou permissão de trabalho (PT) e procedimentos de trabalho. Nos parágrafos seguintes será apresentada uma breve explanação acerca destes documentos. As OS são elaboradas pelo empregador e devem ser informadas aos trabalhadores por meio de procedimentos de trabalho ou instruções de segurança. Nelas são inseridas as instruções por escrito em relação aos cuidados preventivos para evitar acidentes e doenças do trabalho (BRASIL, 2020). Já os ASO, são emitidos pelo médico do trabalho em cada exame clínico ocupacional realizado pelo trabalhador. Esse atestado deve conter, no mínimo: informações relativas a empresa contratante (razão social e CNPJ); informações pessoais do empregado (nome completo, CPF e função); descrição dos perigos e riscos a que o trabalhador está exposto, de acordo com o colocado no PGR e previsto no PCMSO; informações relativas aos exames ocupacionais realizados pelo trabalhador; parecer se apto ou inapto à execução da função; e por fim, as informações relativas ao médico do trabalho que realizou o parecer. O ASO deverá ser emitido toda vez que o trabalhador realiza um exame médico admissional, periódico, de mudança de função, retorno ao trabalho ou demissional (BRASIL, 2020). As fichas de registros de acompanhamento de entrega dos EPIs são consideradas documentos importantes que comprovam a entrega desses dispositivos de segurança ao trabalhador. Nessas fichas, deve- se inserir o nome do trabalhador, o tipo de equipamento fornecido, bem como o número do certificado de aprovação (CA), data de entrega e coletada a assinatura do trabalhador, comprovando que ele recebeu estes equipamentos e que se compromete com o seu cuidado, segundo o especificado na NR-06 (BRASIL, 2018). Um modelo deste documento é apresentado na Figura 01. 41 Figura 1 – Recorte de uma ficha de acompanhamento de entrega de EPIs Fonte: elaborada pela autora. A AR é uma metodologia utilizada para identificar os perigos e os riscos inerentes à realização de alguma atividade, bem como suas causas e consequências. A partir da obtenção desses dados, é possível indicar as medidas de controle para a proteção dos trabalhadores. Já a PT apresenta informações relativas à atividade que irá ser realizada e as medidas necessárias para que ela ocorra de maneira segura, de acordo com o estabelecido na AR. A NR-18 (BRASIL, 2020d), traz a especificação de algumas atividades em que são necessárias a AR e a PT. No item 18.10.1.19, a NR- 18 (BRASIL, 2020b) cita que deve ser elaborada AR específica para movimentação de cargas não rotineiras, com a respectiva PT. E no item 18.10.1.34, essa norma traz que atividades sob condições de ventos com velocidade superiores a 42 km/h, devem ser precedidas de AR específica e autorizadas mediante PT. Nesta norma, ainda é apresentado que quando o trabalho a quente for realizado próximo a materiais combustíveis ou inflamáveis, ou realizado em locais sem prévio isolamento e não destinados para este fim, deve ser elaborada a AR. 1.3 Dimensionamento das áreas de vivência em canteiros de obras As áreas de vivência são locais designados para a alimentação, repouso e higiene em frentes de trabalho. Essas áreas devem ser dimensionadas 42 buscando oferecer aos trabalhadores condições mínimas de conforto, segurança e privacidade, devendo sempre estar limpas e organizadas. Fazem parte da área de vivência as instalações sanitárias (banheiros), os vestiários, os locais para refeição e, quando houver, os alojamentos (BRASIL, 2020d). Segundo a NR-18 (BRASIL,2020) as instalações sanitárias devem ser constituídas de: [...] lavatório, bacia sanitária sifonada, dotada de assento com tampo, e mictório, na proporção de 1 (um) conjunto para cada grupo de 20 (vinte) trabalhadores ou fração, bem como de chuveiro, na proporção de 1 (uma) unidade para cada grupo de 10 (dez) trabalhadores ou fração. (BRASIL, 2020d, p. 4) O deslocamento máximo do trabalhador, do seu posto de trabalho até a instalação sanitária, deve ser de, no máximo, 150 m. Em frentes de trabalho, ou seja, áreas de trabalho móvel, devem ser disponibilizados: [...] a) instalação sanitária, composta de bacia sanitária sifonada, dotada de assento com tampo, e lavatório para cada grupo de 20 (vinte) trabalhadores ou fração, podendo ser utilizado banheiro com tratamento químico dotado de mecanismo de descarga ou de isolamento dos dejetos, com respiro e ventilação, de material para lavagem e enxugo das mãos, sendo proibido o uso de toalhas coletivas, e garantida a higienização diária dos módulos; b) local para refeição dos trabalhadores, observadas as condições mínimas de conforto e higiene, e com a devida proteção contra as intempéries. (BRASIL, 2020d, p. 3-4) Em caso de instalação de alojamento no canteiro de obras, é obrigatória a instalação de cozinha (quando ocorrer o preparo de refeições no local), ambiente específico para a realização das refeições, instalações de banheiros, lavanderia e área de lazer (BRASIL, 2020). 43 Em relação ao fornecimento de água, de acordo com a NR-18 (BRASIL, 2020d), é obrigatório o fornecimento de água potável, filtrada e fresca aos trabalhadores, por meio de bebedouros ou dispositivo similar. Deve ser fornecida uma unidade para cada grupo de 25 trabalhadores ou fração, não sendo permitido o uso de copos coletivos. Os bebedouros devem ser alocados de forma que o trabalhador não tenha que se deslocar mais de 100 m no plano horizontal e 15 m no plano vertical, para seu acesso. Nos casos em que não seja possível a instalação de bebedouros no canteiro de obras, a empresa deve garantir o fornecimento de água potável e fresca em recipientes portáteis herméticos. A empresa pode optar por não instalar áreas para alimentação no canteiro de obras. Neste caso, o atendimento ao disposto na norma deve ser feito mediante convênio formal com estabelecimentos nas proximidades do local onde está sendo realizada a obra, desde que sejam preservadas as condições de segurança, higiene e conforto neste local e que seja garantido o transporte dos trabalhadores até ele. É importar ressaltar que outras especificações para garantir as condições sanitárias e de conforto nos locais de trabalho podem ser encontradas na NR-24, alterada no ano de 2019 (BRASIL, 2019a). 1.4 Movimentação e transporte de materiais e pessoas (elevadores) Devido aos cuidados relacionados à segurança dos trabalhadores na movimentação e transporte de materiais e pessoas, a NR-18 (BRASIL, 2020) traz um item que trata especificamente dos requisitos mínimos de segurança nesse processo. Todo elevador instalado em canteiro de obras ou frentes de trabalho deve atender as normas técnicas nacionais vigentes e ser instalado e inspecionado por profissional legalmente habilitado. É importante 44 ressaltar que a empresa usuária desses equipamentos deve possuir alguns documentos específicos à disposição no canteiro de obras. Dentre esses, destaca-se: programa de manutenção preventiva; termo de entrega técnica de acordo com as normas vigentes; laudo de testes de freios de emergência a serem realizados (no máximo a cada 90 dias); registro das vistorias diárias realizadas antes do início dos serviços; laudos dos ensaios realizados nos eixos dos motofreios e dos freios de emergência; manual de orientação do fabricante; registro de manutenção de acordo com NR-12 (BRASIL, 2019b); e laudo de aterramento feito por profissional habilitado legalmente (BRASIL, 2020). Com relação aos elevadores usados na construção civil, a NR-18, no seu item 18.11.17, estabelece que não é permitido, nos elevadores, o transporte de materiais juntamente com trabalhadores, exceto nos casos em que houver a necessidade do acompanhamento do operador ou responsável pela carga transportada. Nestes casos, o material e o trabalhador devem ficar separados por uma barreira física, com altura mínima de 1,8 m, projetada com dispositivo de entravamento de segurança (BRASIL, 2020d). Ainda em relação aos elevadores e de acordo com o especificado na NR-18: [...] 18.11.19 O elevador de materiais e/ou pessoas deve dispor, no mínimo, dos seguintes itens de segurança: a) intertravamento das proteções com o sistema elétrico, através de dispositivo de intertravamento com duplo canal e ruptura positiva, monitorado por interface de segurança que impeça a movimentação da cabine quando: I. a porta de acesso da cabine, inclusive o alçapão, não estiver devidamente fechada; II. a rampa de acesso à cabine não estiver devidamente recolhida no elevador de cremalheira, e; 45 III. a porta da cancela de qualquer um dos pavimentos ou do recinto de proteção da base estiver aberta. b) dispositivo eletromecânico de emergência que impeça a queda livre da cabine, monitorado por interface de segurança, de forma a freá-la quando ultrapassar a velocidade de descida nominal, interrompendo automática e simultaneamente a corrente elétrica da cabine; c) dispositivo de intertravamento com duplo canal e ruptura positiva, monitorado por interface de segurança, ou outro sistema com a mesma categoria de segurança que impeça que a cabine ultrapasse a última parada superior ou inferior; d) dispositivo mecânico que impeça que a cabine se desprenda acidentalmente da torre do elevador; e) amortecedores de impacto de velocidade nominal na base, caso o mesmo ultrapasse os limites de parada final; f) sistema que possibilite o bloqueio dos seus dispositivos de acionamento de modo a impedir o seu acionamento por pessoas não autorizadas; g) sistema de frenagem automática, a ser acionado em situações que possam gerar a queda livre da cabine; h) sistema que impeça a movimentação do equipamento quando a carga ultrapassar a capacidade permitida. (BRASIL, 2020, p. 32-33) Do exposto, fica claro que a norma prioriza a instalação de equipamentos de segurança, para que, em caso de um imprevisto, os dispositivos de movimentação vertical possuam meios de parada automática, assegurando a não ocorrência de acidentes. A instalação dos elevadores se torna obrigatória quando a construção possuir altura igual ou superior a 24 m, e o transporte dos funcionários deve ter prioridade em relação ao de cargas. Na movimentação de materiais é expressamente proibido colocar objetos que possuam 46 dimensões maiores do que a cabine no elevador, não os apoiar nas portas da cabine, acondicionar adequadamente os materiais a granel e utilizar qualquer parte da cabine ou da torre do elevador para içamento de materiais. 1.5 Treinamentos associados à segurança e saúde ocupacional na construção civil Os treinamentos e as capacitações relacionadas à segurança e saúde do trabalho na construção civil são essenciais para garantir que todos os trabalhadores estejam cientes dos riscos existentes naquele local e preparados para as atividades que irão executar. No Anexo 1 da NR-18 (BRASIL, 2020) são apresentadas algumas capacitações que devem ser realizadas. No Quadro 1 desse anexo, é especificado o que deve ser abordado na capacitação, a carga horária e periodicidade de realização. Além dos treinamentos especificados deve-se ficar atendo às exigências expostas nas demais NRs, no que ser refere às atividades a serem realizadas no canteiro de obras e, a obrigatoriedade associada ao seu treinamento. Os trabalhadores devem receber treinamento para realização de trabalho em altura (NR-35), prevenção e combate a incêndio (NR-23), instalações e serviços com eletricidade (NR-10), para operação de máquinas e equipamentos (NR-12) e parao transporte de materiais (NR-11). As especificidades relacionadas a cada um encontram-se delimitadas nas NRs referentes a cada tema. 1.6 Normas associadas à segurança e saúde ocupacional na construção civil Para garantir o gerenciamento adequado dos riscos existentes em um canteiro de obras e o conforto e higiene dos trabalhadores 47 presentes nesse ambiente, o engenheiro deve conhecer em detalhes o estabelecido nas NRs 01, 07, 09, 17, 18 e 24. Mas, será que conhecer apenas estas normas é o suficiente? A resposta a esse questionamento é não. Mesmo se tratando de uma atividade específica, é importante conhecer e entender o exposto nas demais NRs, como: • NR-04:2016 – Trata do dimensionamento e obrigatoriedade do Serviço especializado em Engenharia de Segurança do Trabalho (SESMT). • NR 05:2015 – Define o que é a Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA), sua importância e dimensionamento. • NR-06:2016) – Define o que um equipamento de proteção individual (EPI), sua importância e quando devemos utilizá-lo. • NR 10:2019 – Estabelece os requisitos e condições mínimas de segurança em trabalhos com eletricidade. • NR 11:2016 – Especifica as diretrizes relacionadas à segurança em atividades com transporte, movimentação, armazenagem e manuseio de materiais. • NR 12:2019 – Estabelece os requisitos mínimos associados ao trabalho com máquinas e equipamentos. • NR 15:2019 – E seus anexos: apresenta quais atividades e condições são consideradas insalubres. • NR 16:2019 – Apresenta quais atividades e condições são consideradas perigosas para o trabalhador. • NR 21:1999 – Traz informações relativas aos cuidados que devem ser tomadas quando a atividade é realizada a céu aberto. 48 • NR 23:2011 – Estabelece as medidas associadas a prevenção e combate a incêndio. • NR 26:2015 – Presenta observações acerca das características da sinalização de segurança. • NR 28:2020 – Traz informações relativas a fiscalizações e penalidades quando houver o não cumprimento das normas de segurança no ambiente de trabalho. • NR 33:2019 – Estabelece os requisitos mínimos de segurança para atividades em ambientes confinados. • NR 35:2019 – Estabelece os requisitos mínimos de segurança para a realização de atividades acima de dois metros do nível inferior, em que existe risco de queda. Todas as normas citadas anteriormente, podem ser encontradas e consultadas na íntegra no site da Secretaria do Trabalho. 1.7 Recomendações técnicas de procedimentos Com o objetivo de favorecer a compreensão e aplicação dos requisitos estabelecidos na NR-18, a Fundação Jorge Duprat de Figueiredo de Segurança e Medicina do Trabalho (FUNDACENTRO), publicou alguns relatórios com recomendações técnicas de procedimentos (RTP). (FUNDACENTRO, 2021): • RTP 03:2002 – Escavações, fundações e desmonte de rochas. Esta recomendação especifica as medidas técnicas de segurança relacionadas à proteção dos trabalhadores em atividades relacionadas à escavação, fundações e desmonte de rochas. 49 • RTP 01:2003 – Medidas de proteção contra quedas de altura. Essa RTP trata das especificações técnicas relativas à proteção de riscos de queda de pessoas e materiais na construção civil. • RPT 04:2005 – Escadas, rampas e passarelas, que objetiva a especificação e fornecimento de disposições relativas a escadas, rampas e passarelas utilizadas em obras. • RTP 05:2007 – Instalações elétricas temporárias em canteiros de obras. Essa RTP traz especificações acerca dos riscos e medidas de proteção coletiva e individual nestas atividades. Trabalhar com projetos e programas voltados para a segurança do trabalho dentro da construção civil é sempre um desafio, pois essa atividade reúne diferentes riscos em um mesmo ambiente. Ao mesmo tempo em que se deve abordar os riscos do trabalho em altura, tem- se atividades que podem ser realizadas em ambientes confinados. A pluralidade existente neste campo, exige que o engenheiro de segurança do trabalho possua conhecimentos avançados em praticamente todas as normas regulamentadores, além da compressão da área da construção. Assim, ser especialista nesta área não demanda apenas tempo, mas muita dedicação e estudo para conhecer plenamente este ambiente e sua complexidade. Referências ANAMAT. Associação Nacional de Medicina do Trabalho. Construção civil está entre os setores com maior risco de acidentes de trabalho. ANAMAT, São Paulo, 30 de abril de 2019. Disponível em: https://www.anamt.org.br/portal/2019/04/30/ construcao-civil-esta-entre-os-setores-com-maior-risco-de-acidentes-de-trabalho/. Acesso em: 2 maio 2021. BRASIL. FUNDACENTRO. Fundação Jorge Duprat de Figueiredo de Segurança e Medicina do Trabalho. Recomendações Técnicas de Procedimentos. Disponível em: http://antigo.fundacentro.gov.br/biblioteca/recomendacao-tecnica-de- procedimento. Acesso em: 13 jul. 2021. https://www.anamt.org.br/portal/2019/04/30/construcao-civil-esta-entre-os-setores-com-maior-risco-de https://www.anamt.org.br/portal/2019/04/30/construcao-civil-esta-entre-os-setores-com-maior-risco-de http://antigo.fundacentro.gov.br/biblioteca/recomendacao-tecnica-de-procedimento http://antigo.fundacentro.gov.br/biblioteca/recomendacao-tecnica-de-procedimento 50 BRASIL. Ministério da Economia. Secretaria do Trabalho. NR-01 – disposições gerais e gerenciamento de riscos ocupacionais. 2020b. Disponível em: https:// www.gov.br/trabalho/pt-br/inspecao/seguranca-e-saude-no-trabalho/normas- regulamentadoras/nr-01-atualizada-2020.pdf. Acesso em: 12 jun. 2021. BRASIL. Ministério da Economia. Secretaria do Trabalho. NR-06 – equipamento de proteção individual–EPI. Disponível em: https://www.gov.br/trabalho/pt-br/ inspecao/seguranca-e-saude-no-trabalho/normas-regulamentadoras/nr-06.pdf. 2018b. Acesso em: 12 jun. 2021. BRASIL. Ministério da Economia. Secretaria do Trabalho. NR-07 – Programa de controle médico e saúde ocupacional. 2020a. Disponível em: https:// www.gov.br/trabalho/pt-br/inspecao/seguranca-e-saude-no-trabalho/normas- regulamentadoras/nr-07_atualizada_2020.pdf. Acesso em: 12 jun. 2021. BRASIL. Ministério da Economia. Secretaria do Trabalho. NR-09 – Programa de prevenção de riscos ambientais. 2020c. Disponível em: https://www. gov.br/trabalho/pt-br/inspecao/seguranca-e-saude-no-trabalho/normas- regulamentadoras/nr-09-atualizada-2020.pdf. Acesso em: 12 jun. 2021. BRASIL. Ministério da Economia. Secretaria do Trabalho. NR-17 – Ergonomia. Disponível em: https://www.gov.br/trabalho/pt-br/inspecao/seguranca-e-saude-no- trabalho/normas-regulamentadoras/nr-17.pdf. 2018a. Acesso em:12 jun. 2021. BRASIL. Ministério da Economia. Secretaria do Trabalho. NR-18 – Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Indústria da Construção. Disponível em: https:// www.gov.br/trabalho/pt-br/inspecao/seguranca-e-saude-no-trabalho/normas- regulamentadoras/nr-18-atualizada-2020.pdf. 2020d. Acesso em: 12 jun. 2021. BRASIL. Ministério da Economia. Secretaria do Trabalho. NR-24 – Condições Sanitárias e de Conforto nos Locais de Trabalho. Disponível em: https:// www.gov.br/trabalho/pt-br/inspecao/seguranca-e-saude-no-trabalho/normas- regulamentadoras/nr-24-atualizada-2019.pdf. 2019a. Acesso em:12 jun. 2021. BRASIL. Ministério da Economia. Secretaria do Trabalho. NR-12–Segurança no trabalho em máquinas e equipamentos. Disponível em: https://www. gov.br/trabalho/pt-br/inspecao/seguranca-e-saude-no-trabalho/normas- regulamentadoras/nr-12.pdf. 2019a. Acesso em:12 jun. 2021. FARIA, D. L. et al. Análise preliminar de riscos (APR) de uma obra residencial unifamiliar na cidade de Candeias/MG. Scire Salutis, Aracajú, v. 10, n. 2, p. 88- 97, 2020. Disponível em: https://sustenere.co/index.php/sciresalutis/article/view/ CBPC2236-9600.2020.002.0011. Acesso em: 15 dez. 2021. MAIA, A. L. M. Análise preliminar de riscos em uma obra da construção civil. Revista Tecnologia e informação, v. 1, n. 3, p. 55-69, jul./out. 2014. Disponível em: https:// repositorio.unp.br/index.php/tecinfo/article/view/892. Acesso em: 15 dez.
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