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A COVID-19 PODE SER CONSIDERADA DOENÇA OCUPACIONAL

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SOCIEDADE CULTURAL EDUCACIONAL DE ITAPEVA FACULDADE DE CIÊNCIAS SOCIAIS E AGRÁRIAS DE ITAPEVA
A COVID-19 PODE SER CONSIDERADA DOENÇA OCUPACIONAL?
ITAPEVA – SÃO PAULO – BRASIL
 2022
SOCIEDADE CULTURAL E EDUCACIONAL DE ITAPEVA FACULDADE DE CIÊNCIAS SOCIAIS E AGRÁRIAS DE ITAPEVA
A COVID-19 PODE SER CONSIDERADA DOENÇA OCUPACIONAL?
Orientador: 
 “Trabalho apresentado à Faculdade de Ciências Sociais e Agrárias de Itapeva - FAIT como parte das obrigações para obtenção do título de bacharel em Direito”.
 Novembro/2022
 Itapeva - SP
A COVID-19 PODE SER CONSIDERADA COMO DOENÇA OCUPACIONAL?
RESUMO – O presente trabalho de monografia, abordará sobre a análise da caracterização da Covid-19 como doença ocupacional, sendo trazidas algumas considerações que versam sobre essa temática, adotando o método de estudo dedutivo, bibliográfico, documental, analisando a legislação e o entendimento jurisprudencial adotado atualmente pelos Tribunais Regionais do Trabalho, que versam sobre esta problemática. Tendo em vista que a pandemia do coronavírus, devido ao seu alto grau de facilidade e rapidez de sua transmissibilidade, acarretou dúvidas em relação se houve negligência do empregador, em não atender as medidas sanitárias de segurança, ou o risco advém do exercício laboral, surgindo os seguintes questionamentos sobre qual seria a responsabilidade do empregador, ou se seria culpa exclusiva do empregado, se é preciso ser comprovado o nexo de causalidade entre a atividade exercida pelo empregado e o ambiente laboral, para ser configurado a Covid-19 como doença ocupacional. Sendo questionamentos pelos quais é necessário responder, devido aos casos em que empregados ficaram impossibilitados temporariamente ou permanente de laborar, ou vieram a óbito por contraírem Covid-19, no meio ambiente ou exercício profissional laboral, pela possibilidade de ser cabível a concessão de benefícios na legislação trabalhista e previdenciária, ou a indenização.
Palavras-Chave: Doença ocupacional, Covid-19, Responsabilização, Nexo de causalidade.
CAN COVID-19 BE CONSIDERED NA OCCCUPATIONAL DISEASE?
ABSTRACT – The present monograph work will address the analysis of the characterization of Covid-19 as an occupational disease, bringing some considerations that deal with this theme, adopting the deductive, bibliographic, documentary study method, analyzing the legislation and the jurisprudential understanding currently adopted. By the Regional Labor Courts, which deal with this problem. Considering that the coronavirus pandemic, due to its high degree of ease and speed of its transmissibility, caused doubts as to whether there was negligence on the part of the employer, in not complying with health safety measures, or the risk comes from the work exercise, arising the following questions about what would be the responsibility of the employer, or if it would be the exclusive fault of the employee, if it is necessary to prove the causal link between the activity carried out by the employee and the work environment, for Covid-19 to be configured as an occupational disease. These are questions for which it is necessary to answer, due to cases in which employees were temporarily or permanently unable to work, or died due to contracting Covid-19, in the environment or professional work, due to the possibility of granting benefits in the labor and social security legislation, or compensation.
Keywords: Occupational disease, Covid-19, Causality.
SUMÁRIO
1.INTRODUÇÃO	8
2.REFERENCIAL TEÓRICO	10
 2.1. MEIO AMBIENTE DE TRABALHO	10
 2.1.1. Acidente de trabalho	12
 2.1.2. Doenças ocupacionais	14
 2.1.3. Concausas	16
 2.2. DEFINIÇÃO DE COVID-19	18
 2.2.1. Covid-19 como Doença Ocupacional	19
 2.2.2.Nexo causal	24
 2.2.3.Enquadramento do Covid-19 pelo INSS	25
 2.2.4. Direito ao auxílio por incapacidade temporária	26
 2.2.5.Perícia médica indireta no período de distanciamento social................27
 2.3. RESPONSABILIDADE DO EMPREGADOR	29
 2.3.1. CAT (Comunicação de Acidente de Trabalho)	32
 2.4. ANÁLISE JURISPRUDENCIAL E O ENTENDIMENTO ADOTADO PELO SUPERIOR TRIBUNAL FEDERAL	34
3. MATERIAL E MÉTODOS	36
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO	37
5.CONSIDERAÇÕES FINAIS	44
6. REFERÊNCIAS	46
1.INTRODUÇÃO
A pandemia do Covid-19, a qual teve início em 31 de dezembro do ano de 2019, sendo diagnosticados e registrados os primeiros casos na cidade de Wuhan, na China, doença causada pelo Coronavírus SARS-CoV-2, que em razão de seu alto nível de propagação, na data de 11 de março de 2020, a Organização Mundial de Saúde (OMS) declarou a infecção Covid-19 como uma pandemia mundial, sendo adotadas medidas de prevenção e restrição destinas a conter a contaminação do coronavírus, que consequentemente foram reflexos na área econômica, trabalhista e previdenciária. 
Assim, devido ao alto grau de transmissibilidade, e difícil identificação do momento exato que o empregado contraiu Covid-19, passou se a questionar, se a Covid-19 poderá ser considerada como doença ocupacional nos casos daquelas pessoas que contraíram os vírus no ambiente laboral, e ficaram impossibilitadas de retornar ao seu labor, ou aqueles profissionais de saúde que laboraram na linha de frente, em contato direto com pacientes infectados pelo vírus, e de como irá proceder em busca de seus direitos trabalhistas, e em casos mais graves pelos seus direitos previdenciários.
A caracterização da Covid-19 como doença do trabalho, trouxe ainda discussão que teve objeto vários pedidos em ações de inconstitucionalidade, as ADI nº 6342, ADI nº 6344, ADI nº 6346, e ADI nº 6352, que foi submetida a análise pelo Superior Tribunal Federal, pois afirmavam que o artigo 29 caput da medida n.º 927/2020, tratava-se de uma medida inconstitucional. Após analise a medida provisória restou-se suspensa, ocasionando uma lacuna sobre a caracterização da Covid-19 como uma doença ocupacional.
Percebe-se que em razão dessa lacuna com a suspensão da medida provisória, houve repercussão no contrato de trabalho devido a existência das variadas formas de responsabilização por parte do empregador, as quais serão abordadas no decorrer da pesquisa acerca da responsabilidade objetiva e subjetiva do empregador, quando será aplicável a excludente de ilicitude, para assegurar a garantia ao empregado ao recebimento de indenização por danos morais e materiais, e quando será cabível ao empregado direito ao benefício por incapacidade temporária e permanente.
Portanto em meio a um cenário de questionamentos, o presente estudo busca analisar em quais casos a Covid-19 será considerada como doença ocupacional, se haverá necessidade de se comprovar nexo de causalidade, para identificar o nexo entre o trabalho e o agravamento e contaminação do vírus contraído, e a precisão da realização da Perícia Médica Social, além de ser apresentado os entendimentos jurisprudenciais dotado atualmente pelo Tribunal Regional do Trabalho, acerca desta problemática.
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2.REFERENCIAL TEÓRICO 
2.1. MEIO AMBIENTE DE TRABALHO
O meio ambiente passou a ser considerado como um bem juridicamente tutelado a partir da sua disposição vigente na Constituição Federal de 1988, inserido no capítulo da ordem social, no artigo 225, caput, o qual trata do meio ambiente ecologicamente equilibrado, sendo um bem do povo, devendo priorizar a sadia qualidade de vida, e preservá-lo e protegê-lo para as presentes e futuras gerações. 
Além de constar especificamente no artigo 200, inciso VIII da Constituição Federal 1988, ressaltando a colaboração a proteção do meio ambiente do trabalho, disposto também no artigo 7º, inciso XXIII, o qual dispõe sobre os direitos dos trabalhadores, lhe garantindo a redução de riscos específicos do trabalho, através das normas de segurança, saúde e higiene.
Compreende-se que o DireitoAmbiental está relacionado ao meio ambiente, o qual atua na prevenção da saúde do trabalhador, fornecendo assistência no âmbito dos acidentes de trabalho e de doenças profissionais. Isto pois, o direito ambiental tutela com base no princípio da prevenção, devido as inúmeras possibilidades de doenças ocupacionais decorrerem do meio ambiente em que o trabalhador labora. 
Assim o meio ambiente equilibrado está inserido no meio ambiente de trabalho, como um direito fundamental, que visa a proteção a saúde e a sadia qualidade de vida, no ambiente laboral. Sendo este direito essencial, tendo sua vigência no contrato de trabalho, estabelecendo ao empregador, proteger o meio laboral dos trabalhadores, observando os princípios do Direito Ambiental, o da precaução e da prevenção.
Deste modo, o meio ambiente de trabalho, verifica-se que se trata do lugar onde as pessoas exercem suas atividades laborais, independentemente de serem remuneradas, cujo o equilíbrio está na efetividade do cumprimento de um ambiente laboral sadio e com qualidade que não comprometa a saúde dos trabalhadores.
	
Constitui meio ambiente do trabalho o local onde as pessoas desempenham suas atividades laborais relacionadas à sua saúde, sejam remuneradas ou não, cujo equilíbrio está baseado na salubridade do meio e na ausência de agentes que comprometam a incolumidade físico-psíquica dos trabalhadores, independente da condição que ostentem (homens ou mulheres, maiores ou menores de idade, celetistas, servidores públicos, autônomos etc.) (FIORILLO,2021, p.45).
A definição do doutrinador, Rocha (apud SANTOS, 2021, p. 03), compreende-se que o meio ambiente laboral, identifica-se como o ambiente nos quais são realizadas as atividades do trabalho humano. Deste modo, devido as transformações que ocorrem no trabalho, o meio ambiente passa a ser um local de moradia ou um ambiente urbano, não se limitando ao espaço interno da fábrica ou empresa.
o meio ambiente de trabalho é, exatamente, o complexo máquina-trabalho; as edificações, do estabelecimento, equipamentos de proteção individual, iluminação, conforto térmico, instalações elétricas, condições de salubridade ou insalubridade, de periculosidade ou não, meios de prevenção à fadiga, outras medidas de proteção ao trabalhador, jornadas de trabalho e horas extras, intervalos, descansos, férias, movimentação, armazenagem e manuseio de materiais que formam o conjunto de condições de trabalho etc (NASCIMENTO apud SANTOS, 2021, p. 03).
Para Mancuso (apud SANTOS, 2021, p. 03), o conceito de meio ambiente de trabalho está relacionado ao habitat laboral, envolvendo tudo, direta e indiretamente, o meio onde o homem adquire formas de prover seu desenvolvimento e sobrevivência, tendo o equilíbrio como o ecossistema.
Para Silva (apud SANTOS, 2021, p. 03), compreende o meio ambiente do trabalho como: “o meio ambiente do trabalho corresponde ao complexo de bens imóveis e móveis de uma empresa e de uma sociedade, objeto de direitos subjetivos privados, e de direitos invioláveis da saúde e da integridade física dos trabalhadores que o frequentam. ”
Portanto, o meio ambiente de trabalho busca-se resguardar a saúde trazendo segurança ao trabalhador no ambiente em que exerce suas atividades, tendo leis, normas e princípios que orientam e impõe, como forma de proteger os trabalhadores nos exercícios de suas funções de forma sadia. Além, de haver previsão legal na Constituição Federal, resguardando a todos os indivíduos no exercício de suas atividades laborais, a garantia a proteção contra qualquer meio ou perigo que lhe afete a dignidade do trabalhador enquanto como pessoa humana.
2.1.1. Acidente de trabalho
A preocupação com a saúde e segurança do empregado, surgiu ao longo da história, havendo uma adequação nas normas jurídicas para assegurar a segurança ao trabalhador.
Segundo Oliveira (2014, p. 33), aborda que a lei definiu o acidente de trabalho apenas em seu sentido estrito, o qual pode ser chamado de acidente típico ou acidente-tipo. Além de criar hipóteses que se equiparam ao acidente típico, como no caso de enfermidades ou doenças que decorram do ambiente laboral as concausas.
O acidente de trabalho seu conceito em sentido estrito ou denominado também de acidente de trabalho típico, passou por diversas transformações na legislação brasileira, passando se a adotar os fatores causais. 
Deste modo, a norma que se encontra em vigor atualmente define o Acidente Típico, quando ocorre a lesão corporal, doença capaz de gerar uma redução na capacidade de trabalho, ou que lhe cause a morte do empregado, em acidente de viagem, transporte ou circulação, em razão do exercício do trabalho, conforme disposto no artigo 19 da lei nº 8.213/91, o qual dispõe:
Art. 19. Acidente de trabalho é que ocorre pelo exercício do trabalho a serviço da empresa ou de empregador doméstico ou pelo exercício do trabalho dos segurados referidos no inciso VII, do art. 11 desta Lei, provocando lesão corporal ou perturbação funcional que cause a morte ou a perda ou redução, permanente ou temporária, da capacidade para o trabalho (BRASIL, 1998, p. 01).
Para Oliveira (2014, p. 37), alega que para a caracterização do acidente de trabalho, são verificadas as seguintes hipóteses cumulativas: a ocorrência do evento danoso; decorrência da atividade laboral a serviço da empresa; provocação da lesão corporal ou perturbação funcional; que cause a morte ou a perda ou a redução, permanente ou temporária, da capacidade para o trabalho. 
Para Vianna (2017, p. 22), o acidente do trabalho é caracterizado, quando o labor exercido ou as condições em que labora contribui com o surgimento da doença, acarretando uma lesão corporal ou perturbação funcional que leve ao empregado a sua incapacidade laborativa.
O acidente típico para Costa (apud OLIVEIRA, 2014, p. 49), entende-se: “Acontecimento brusco, repentino, inesperado, externo e traumático, ocorrido durante o trabalho ou em razão dele, que agride a integridade física ou psíquica do trabalhador”.
Trata-se de um evento único, subitâneo, imprevisto, bem configurado no espaço e no tempo e de consequências imediatamente imediatas. Não é de sua essência a violência. Infortúnios laborais há que, sem provocarem alarde ou impacto, redundam em danos graves e até fatais, meses ou anos depois de sua ocorrência. O que se exige é o nexo de causalidade e a lesividade (MONTEIRO E BERTAGNI,2020, p. 46).
Observa-se que conforme a previsão do art. 19 da Lei n. 8.213/1991, é necessário que ocorra o nexo etiológico ou nexo causal, para haver o enquadramento como doença do trabalho, sendo preciso constatar a presença da incapacidade laborativa.
Cumpre destacar que a perda ou a redução temporária da capacidade laboral do segurado, que ocasionará a necessidade de afastamento do labor em virtude da recuperação, se o afastamento ocorrer pelo período de até quinze dias, a responsabilidade sobre o pagamento é do empregador, tendo o empregado direito à remuneração do período em que permanecer afastado para a recuperação da sua saúde, não havendo direito à estabilidade acidentária. 
No caso em que o afastamento do trabalhador ultrapassar o período de quinze dias, para a recuperação da sua saúde, a responsabilidade pela remuneração pelo período em permanecer afastado será da Previdência Social, porém tendo em vista a suspensão do contrato de trabalho, hipótese em que após cessar o recebimento do benefício previdenciário de auxílio-doença acidentário, o trabalhador fará jus à estabilidade acidentária. 
Ademais, se verificada a ocorrência do acidente de trabalho, sendo constatado a presença de doença ocupacional, a empresa terá prazo determinado para notificar a autarquia-previdenciária, salvo quando ocorrer a morte, em que a notificação deve ser realizada de forma imediata. Esta comunicação da ocorrência será realizada por meio do CAT (Comunicação de Acidente de Trabalho) sendo da empresa a obrigação pela emissão desta, quando não fizer, o trabalhador ou seus dependentes devem realizar.
2.1.2. Doenças ocupacionais
A doença ocupacionalestá inserida na esfera do acidente de trabalho, assim passamos a analisar quais são as doenças classificadas como ocupacionais, as quais encontram-se previstas no art. 20 da Lei nº 8.312/1991, trazendo em seus incisos I e II, as distinções entre as doenças profissionais e doenças do trabalho. Assim, as doenças profissionais são produzidas ou desencadeadas pelo exercício profissional peculiar a determinada atividade, que por sua natureza trata da insalubridade, na realização de algumas atividades da profissão, sendo reconhecidas pela Previdência Social.
Sendo conhecidas como “ergopatias” “tecnopatias” ou doenças profissionais típicas”, as quais são produzidas ou desencadeadas pelo exercício profissional peculiar a determinada atividade. Dada a sua tipicidade, prescindem de comprovação do nexo de causalidade com o trabalho. Há uma presunção legal nesse sentido. Enquanto as doenças profissionais resultam de risco específico direto (característica do ramo de atividade), as do trabalho têm como causa ou concausa o risco específico indireto (LOPES E FLEURY,2020, p. 61).
Já as doenças do trabalho não estão diretamente ligadas em relação a profissão exercida, pois decorrem em função de condições especiais em que o trabalho é prestado ou adquirida pelo ambiente de trabalho.
As doenças do trabalho, também chamadas de “mesopatias”, ou “moléstias profissionais atípicas”, são aquelas desencadeadas em função de condições especiais em que o trabalho é realizado e com ele se relacionem diretamente. Decorrem igualmente de microtraumatismos acumulados. Contudo, por serem atípicas, exigem a comprovação do nexo de causalidade com o trabalho, via de regra por meio de vistoria no ambiente laboral (art. 20, inciso II) (LOPES E FLEURY,2020, p. 62).
Desta forma, verifica-se que tratam de doenças comuns, ocasionadas momentaneamente no ambiente de trabalho, que podem levar a incapacidade laboral. Percebe-se que haverá a distinção da responsabilidade do empregador, pois quando versar sobre doença profissional a responsabilidade do empregador será objetiva, e na doença do trabalho, será necessário demonstrar a presença do elemento causador da enfermidade na atividade laboral.
 Ressalta-se que a mencionada legislação considera como acidente de trabalho as doenças profissionais e doenças do trabalho já mencionadas, bem como aquelas equiparadas por Lei, não se enquadrando as doenças degenerativas, aquelas que não decorrerem do acidente de trabalho, doença endêmica e aquelas inerente ao trabalho, conforme previsto no parágrafo 1º, do artigo 20 da lei nº 8.213/91. Porém na doutrina, se verifica que cabe exceção em relação a doença endêmica, isto porque, se ela for contraída em virtude do exercício laboral será considerado como doença ocupacional.
Doença endêmica, entendendo-se aquela que existe em determinado lugar ou região de forma constante. Contudo será considerada ocupacional se resultar da exposição ou do contato direto em razão da peculiaridade do trabalho. Ex.: a malária é endêmica em certas regiões do Brasil. Não é considera doença ocupacional. Mas, se um pesquisador contrair a malária porque teve que pesquisar trabalhadores acometidos da doença, para ele é considerada ocupacional (MONTEIRO E BERTAG,2020, p. 65).
Ressalta-se ainda, os doutrinadores Lopes e Fleury (2020), trazem em sua doutrina também sobre a ocorrência do acidente por equiparação, que se encontra previsto no artigo 21 da Lei nº 8.213/91, que trata do acidente que contribui para que ocorra o falecimento do segurado, abrangendo pelo o princípio da concausa idade ou a equivalência das condições, ou a equivalência dos antecedentes.
Observa-se que no acidente por equiparação ela pode surgir como causa única da lesão ou doença, assim havendo influência das concausas, as quais podem advir das referidas concausas antecedentes, que ocorre quando já existe um fato preexistente que pode levar à morte, das referidas concausas supervenientes, que ocorre quando houver complicações, e pelas concausas simultâneas ou concomitantes que ocorre entre a coexistência do acidente junto com a concausa extra laborativa. 
Deste modo, é preciso realizar uma investigação aprofundada para se verificar se a atividade laboral contribuiu para o agravamento do desencadear das presenças das doenças consideradas comuns, ou agravar a ocorrência da doença ocupacional.
Ainda se verifica, que há divergência em relação ao afastamento devido ao acidente de trabalho, se ele será considerado como uma forma de hipótese de suspensão ou interrupção do contrato de trabalho. Isto porque, segundo Delgado, afirma que se trata de hipótese de suspensão, pois a lei diminui os efeitos drásticos da figura suspensiva, e pelo fato social envolvido e pela causa de afastamento.
Embora se esteja diante de uma suspensão, a lei atenua os efeitos drásticos da figura suspensiva neste caso enfocado, principalmente pela suspensiva nestes casos enfocado, principalmente pela sensibilidade social envolvida e pelo tipo de causa do afastamento: trata-se de causa vinculada ao próprio risco empresarial, que se abateu infortunisticamente sobre o obreiro (acidente ou doença ocupacional) ( DELGADO apud CALVO, 2022, p. 768).
Segundo Alice Monteiro de Barros (apud CALVO, 2022, p. 768), relata que o acidente de trabalho se trata de afastamento por suspensão do contrato de trabalho, havendo a existência da controvérsia em relação a ser considerada como hipótese de interrupção, pois o tempo laborado pelo empregado, ele é computado.
A doutrinadora Vólia Bomfim Cassar (apud CALVO, 2022, p. 769), alega que se trata de hipótese de suspensão do contrato de trabalho, e o doutrinador Sérgio Pinto Martins (apud CALVO, 2022, p. 769), compreende que se trata de hipótese de interrupção do contrato de trabalho, devido a forma que irá ser computado e seus efeitos que irão incidir no contrato de trabalho.
Deste modo, como a incidência do acidente de trabalho gera efeitos no contrato de trabalho, para ser cabível eventual ação civil de indenização por perdas e danos, com fundamento no Código Civil, é preciso ser comprovado que o acidente sofrido pelo empregado possui relação direta com a atividade laboral exercida, que será demonstrada por meio do nexo causal entre a causa e o exercício laboral.
2.1.3. Concausas
A partir do Decreto-lei n. 7.036/1944, passou se a dotar a teoria das concausas, atualmente prevista na disposição legal do artigo:
“Art. 21. Equiparam-se também ao acidente do trabalho, para os efeitos desta Lei:
I – O acidente ligado ao trabalho que, embora não tenha sido a causa única, haja contribuído diretamente para a morte do segurado, para a redução ou perda da sua capacidade para o trabalho, ou produzido lesão que exija atenção médica para a sua recuperação” (BRASIL,1944, online).
Observa-se que com a disposição do artigo, segundo Vianna (2017, p. 38), o legislador levou em consideração, tendo a preocupação de verificar se o agravamento de alguma doença desencadeou do trabalho, se a atividade laboral interviu de fato com a concausa. Isto porque, o trabalhador poderia já ter uma predisposição para algum tipo de doença, ou mesmo sem saber, já ser portador anteriormente de começar a laborar na atividade profissional, sendo verificados na investigação e perícia médica.
Para Filho (apud OLIVEIRA, 2014, p. 56), a definição de concausa está relacionada a uma outra causa, agrupando se com a principal, ocasionado o resultado, não havendo interrupção nem início, apenas o reforça o processo causal.
[...] concausa é outra causa que, juntando-se à principal, concorre adequadamente para o resultado. Ela não inicia e nem interrompe o processo causal, apenas o reforça, tal como um rio menor que deságua em outro maior, aumentando-lhe o caudal (CAVALIERI FILHO apud GONÇALVES, 2021, p. 14).
Russomano defini como sendo a concausalidade (apud GONÇALVES, 2021, p. 14) a causa propriamente dita, a causa originária, a causa traumática, como dizem os peritos, gera determinados efeitos, mas não são, por sua vez, resultantes da causa traumática.São concorrentes, e não decorrentes.
Segundo Monteiro (apud OLIVEIRA, 2014 p. 58), aborda da existência de três concausas, sendo a primeira concausa preexistente ao acidente, a concausa superveniente quando outros o sucedem, ou seja, desencadeia as complicações devido a um infortúnio do trabalho, e por último as concausa concomitantes ou simultâneas, a qual ocorre quando coexistem o acidente juntamente com a concausa extra laborativa.
Ressalta-se que não há incidência da contribuição do grau, seja ela discreta, moderada ou intensa, que irão interferir na formação do nexo causal. Isto porque, verifica-se apenas se a atividade laboral contribuiu para o enquadramento da natureza acidentária, passando a ter direito aos benefícios previstos na legislação acidentária Lei n. 8.213/1991. 
Ainda, segundo Oliveira (2022, p. 59), para caracterizar a concausa é necessário haver a existência de alguma origem ocupacional. Devendo ser analisada qual foi o fator contributivo que ocasionou o acidente ou a doença ocupacional, e se a atividade laboral exercida contribui para desencadear o agravamento da doença preexistente, ou que havia uma predisposição a surgir.
2.2. DEFINIÇÃO DE COVID-19
A pandemia do Covid-19, que ainda assola o mundo todo, devido a sua facilidade de transmissão do vírus SARS-CoV-2, teve início em 31 de dezembro do ano de 2019, em Wuhan na China, a qual foi declarada a Pandemia Mundial no dia 11 de março do ano de 2020.
A COVID-19 é uma doença causada pelo coronavírus, denominado SARSCoV-2, que apresenta um espectro clínico variando de infecções assintomáticas a quadros graves. De acordo com a Organização Mundial de Saúde, a maioria (cerca de 80%) dos pacientes com COVID-19 podem ser assintomáticos ou oligossintomáticos (poucos sintomas), e aproximadamente 20% dos casos detectados requer atendimento hospitalar por apresentarem dificuldade respiratória, dos quais aproximadamente 5% podem necessitar de suporte ventilatório (BRASIL,2020, online).
Segundo Oliveira (2022, p. 677), aborda que o primeiro caso registrado de infecção do vírus Covid-19 ocorreu na data de 26/02/2020, e o primeiro óbito foi registrado na data de 17/03/2020, em decorrência das complicações da infecção pelo vírus. Logo após surgiram vários casos e a quantidade de infectados aumentou, como também o número de óbitos, gerando toda uma insegurança e uma instabilidade, devido as proporções que esse vírus se espalhou.
A transmissão do coronavírus ocorre, por meio de tosse, espirros, gotículas de saliva, assim sendo adotadas e impostas medidas de restrições e prevenções, como isolamento social, quarentena, o uso obrigatório de máscaras, e a lavagem frequente e adequada das mãos e uso constante de álcool. Pois a transmissão do vírus da Covid-19 ocorre de forma rápida, e se manifesta de forma variada em cada organismo humano, como no caso dos pacientes assintomáticos, os quais transmitiam a doença sem apresentar sintomas, além de ocasionar aos pacientes infectados a grave insuficiência respiratória, e a disfunção de múltiplos órgãos, sendo o meio mais eficaz para controlar a propagação do vírus antes do surgimento da vacinação, a aplicação de medidas restritivas e o isolamento social, conforme abordado por Oliveira (2022, p. 677).
A COVID-19 tem funcionado como um amplificador, uma lente de aumento dos problemas do Antropoceno, essa era em que os humanos tornaram-se uma força geológica capaz de desestabilizar o planeta, e do capitalismo neoliberal, demonstrando a importância do papel do Estado e dos sistemas públicos de saúde. [...] Não são raros os registros de pessoas que têm percebido o aumento da presença de insetos e animais, até mesmo em áreas urbanas. A ausência de pessoas também modificou a paisagem de muitos locais, a exemplo de Veneza (THE GUARDIAN,apud SOUZA, 2020, p. 02).
Percebe-se, que The Guardian afirma que as mudanças que ocorreram devido as restrições estabelecidas na pandemia, mudou a forma de pensar sobre as relações sociais, econômicas e ambientais que estavam sendo realizadas, intervindo diretamente nas relações trabalhistas, além de demonstrar a real importância da função do estado e do serviço público de saúde.
Com as medidas estabelecidas pela a Organização Mundial da Saúde (BRASIL), diante da situação de emergência, onde foi adotado distanciamento social, aplicado as restrições à circulação de pessoas e ao exercício de atividades econômicas não essenciais, o fechamento de estabelecimentos comerciais presenciais, gerou uma crise que trouxe prejuízos em todas as áreas.
Pois, em razão desta nova realidade, acarretou mudanças necessitando de haver uma adaptação no ordenamento jurídico para gerar uma segurança jurídica, devido a posicionamentos divergentes nas jurisprudências que vem sido adotadas e devido aos efeitos e impactos que atingiram o mundo todo.
2.2.1. Covid-19 como Doença Ocupacional
Por meio da Lei n. 13.979 de 06 de fevereiro de 2020, passou a vigorar medidas de emergência como meio de conter e diminuir a propagação do Covid-19, devido aos impactos que ela estava ocasionando.
Entretanto, em razão da Covid-19 possuir uma natureza endêmica, poderia se afirmar que ela não poderia ser enquadrada como doença ocupacional, devido constar no rol das doenças em que não classificadas como ocupacionais, além de que a previsão legal do artigo do artigo 20, parágrafo 1º, “d”, da Lei n° 8.213/1991, dispõe:
Parágrafo 1º: Não são consideradas como doença do trabalho: d) a doença endêmica adquirida por segurado habitante de região em que ela se desenvolva, salvo comprovação de que é resultante de exposição ou contato direto determinado pela natureza do trabalho.
Ressalta-se que segundo Monteiro e Bertag (2020, p. 65), relatam que se a doença endêmica for adquirida em decorrência do exercício laboral, poderá ser considerado como doença ocupacional, havendo primeiramente a necessidade da comprovação que a doença foi contraída no meio ambiente laboral, conforme a disposição artigo apresentado acima.
Deste modo, foi publicado na data de 22 de março de 2020 a Medida Provisória nº 927, que aborda sobre as medidas adotadas na área trabalhista, possibilitando aos empresários adotar medidas independente da convenção ou acordo sindical. Além disso, determinou no artigo 29, que havendo a contaminação do empregado pela Covid-19 para ser considerado como doença ocupacional, haveria necessidade de comprovação do nexo de causalidade.
Observa-se que o Supremo Tribunal Federal (STF), devido a vários pedidos em ações de inconstitucionalidade, as ADI nº 6342, ADI nº 6344, ADI nº 6346, e ADI nº 6352, alegavam que a disposição do artigo 29 da medida n. º 927, tratava-se de uma medida inconstitucional, a qual afrontava os direitos fundamentais dos trabalhadores, além de trazer uma insegurança jurídica. Em razão disso, restou se anulada a vigência do artigo 29 da MP 927/2020, firmando-se em tese pela teoria do risco, buscando-se preservar a responsabilidade objetiva do empregador. 
Com a alteração da medida, verifica se que ficou estabelecido que as atividades laborais que expõe ao trabalhador a contaminação, serão presumidas como doença ocupacional, sendo a responsabilidade do empregador comprovar se o trabalhador adquiriu no ambiente laboral. E nas demais funções laborais, deverá ser comprovado o nexo causal, ou seja, comprovar que contraiu no exercício das atividades laborais.
Sendo assim, será necessário verificar e analisar cada caso, tendo como prioridade fiscalizar se atividade laboral realizada pelo empregado, bem como o ambiente laboral, para identificar se o empregado contaminado contraiu no ambiente do trabalho, ou adquiriu a doença em virtude da natureza do trabalho em que labora, para assim somente restar configurada como doença ocupacional.
De tal sorte, os empresários conscientes do seu papel de proteção da classe trabalhadora e com receio sofrer as consequências advindas do reconhecimento da COVID 19 como doença ocupacional, estão buscando meios de reunir provas que demonstrem que a contaminação não ocorreuno ambiente laboral. A principal providência dos empregadores mais cautelosos tem sido documentar a entrega dos itens de proteção, como, máscara, álcool gel, luvas e outros produtos asseio e limpeza, demonstrando por meio desse conjunto probatório que a contaminação do colaborador não guarda relação com o trabalho (MATTOS apud NOGUEIRA; FILHO; LEHFELD, 2021, p. 05).
Cabe mencionar que o trabalhador sendo exposto ao risco ao contágio pelo coronavírus, pela falta de proteção e medidas preventivas, o empregador será responsabilizado pelos danos morais e materiais, conforme respaldado no Código Civil, sendo responsabilidade do empregador o ônus da prova. Mas para que ocorra esta responsabilização, a necessidade de se comprovar o nexo de causalidade, e constar que o empregador deixou de cumprir as medidas prevenção e de segurança.
Sendo este, o entendimento predominante pelo Tribunal Regional da 11º Região:
DOENÇA OCUPACIONAL. COVID 19.O STF quando do julgamento das ADI's 6342, 6344, 6346, 6348, 6349, 6352 e 6354 declarou a inconstitucionalidade do artigo 29 da Medida Provisória 927/2020 que atribuía ao empregado o ônus de comprovar o nexo causal entre a contaminação e sua atividade laboral. Não reconheceu automaticamente a covid como doença ocupacional, porém quando se tratar de atividade essencial presume-se, agora, que tais casos são de natureza ocupacional, cabendo ao empregador o ônus de comprovar que adotou todas as medidas de higiene exigidas pelas autoridades sanitárias, como forma de evitar a infecção pelo novo coronavírus. In casu, desincumbindo-se a reclamada do ônus que lhe cabia resta afastado o nexo de causalidade e a responsabilidade indenizatória. Recurso ordinário conhecido e não provido (TRT-11, 00004706320205110013, Rel. JOICILENE JERONIMO PORTELA, 2ª Turma). (g.n.)
Ainda, Calcini e Klauss (apud NOGUEIRA; FILHO; LEHFELD, 2021, p. 05), relatam que se o trabalhador for infectado pelo Covid-19, durante o exercício das atividades laborais, por não ter utilizado as ferramentas e equipamentos de proteção fornecidas pelo empregador, não será cabível responsabilização do empregador, tendo em vista que a culpa foi exclusiva do empregado, sendo o nexo causal interrompido.
Além disso, o empregador adotando as medidas de prevenção, fornecendo equipamentos de proteção, bem como realizar a fiscalização se os empregados estão cumprindo, buscando-se a eficiência efetiva para a prevenção de contaminação da Covid-19, a ele se será cabível a excludente de ilicitude de responsabilização, comprovando a culpa exclusiva do empregado.
Assim aborda Oliveira (2022, p. 716), que ao empregador cabe cumprir as medidas e normas preventivas, realizando treinamento, fiscalização, orientando, e fornecendo equipamentos de proteção. E havendo o descumprimento dessas regulamentações por parte do empregado, se comportando com indiferença e desprezo quando ao cumprimento das regras, restará demonstrada a exclusão do nexo causal do adoecimento pela contaminação do vírus da Covid-19, enquadrando-se na modalidade de culpa exclusiva da vítima.
Neste sentido, o Tribunal Regional da 4º Região, entende que:
DOENÇA OCUPACIONAL. COVID-19. Nos termos da legislação vigente, a infecção por COVID-19 do trabalhador somente será considerada doença ocupacional quando decorrer da exposição diferenciada ao vírus em razão da atividade desempenhada ou quando o empregador não demonstrar ter tomado todas as medidas de prevenção cabíveis.(TRT-4, ROT 0020390-19.2020.5.04.0821, 1ª Turma, 14 de Julho de 2021).
Portanto, para ser caracterizado a contaminação pelo vírus Covid-19 como doença ocupacional, e ser cabível eventual indenização por parte do empregador, será preciso analisar cada caso concreto, verificando a natureza da atividade laboral, se o ambiente laboral deixou de cumprir medidas de segurança, isto porque, naquelas atividades profissionais que expõe o trabalhador ao risco, como no caso dos trabalhadores que laboraram na linha de frente ao combate a pandemia, onde o risco era habitual, contato contínuo e direto, a responsabilidade do empregador será objetiva, não havendo a exigência da comprovação do nexo causal, sendo aplicado conforme traz a disposição do artigo 927, em seu parágrafo único do Código Civil, e conforme o entendimento Supremo Tribunal Federal, em seu Tema 932:
O artigo 927, parágrafo único, do Código Civil é compatível com o artigo 7º, XXVIII, da Constituição Federal, sendo constitucional a responsabilização objetiva do empregador por danos decorrentes de acidentes de trabalho, nos casos especificados em lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida, por sua natureza, apresentar exposição habitual a risco especial, com potencialidade lesiva e implicar ao trabalhador ônus maior do que aos demais membros da coletividade( NOGUEIRA; FILHO; LEHFELD, 2021, p. 12).
Verifica-se assim, que enquadram como atividades cuja sua natureza expõe ao risco de contaminação, atividades as quais os profissionais laboram, como exemplo os médicos, enfermeiros, motoristas de ambulâncias, coveiros, pessoas que laboram na limpeza, e profissionais da saúde, entre outros.
Destaca-se ainda que segundo a previsão do artigo 21, inciso III da Lei 8.213/91, da Previdência Social, relata quando o empregado contrair acidentalmente, infecção ou doença durante o exercício da atividade laboral. Diante desta possibilidade de contaminação ocasional, se a infecção for contraída de forma imprevisível, fortuita, durante a atividade laboral, ou nas circunstâncias equiparadas, como no trajeto, ou em intervalos e refeições, a responsabilidade do empregador será subjetiva, havendo a necessidade da comprovação nexo causal. 
É imprescindível destacar a importância de se apresentar o nexo de causalidade, em ser analisado o caso particularmente, tendo em vista que em um caso prático em que um agente que laborava na área da saúde, exercendo a profissão de técnico em enfermagem, que contraiu Covid-19 enquanto atendia os pacientes em sua residência, e pelo entendimento do Tribunal Regional do Trabalho 18º Região GO, compreendeu que o caso do enfermeiro não cabia responsabilização pelos danos causados.
Portanto para se enquadrar como doença ocupacional, é necessário a presença do nexo de causalidade, o qual será comprovado após realizada a perícia médica pelo Instituo Nacional de Seguro Social, e ainda, verificar em qual responsabilização o empregador se enquadra, sendo na responsabilidade objetiva ou subjetiva, ou se houve culpa exclusiva do empregado, para assim ser cabível eventual responsabilização e reparação de danos.
2.2.2.Nexo causal 
O nexo causal está relacionado a uma conduta e a um resultado, onde se irá constatar se a conduta contribui diretamente ou indiretamente para aquele resultado, sendo uma relação de causa e efeito.
Assim o nexo causal será estabelecido depois de ser diagnosticado positivo para Covid-19, durante o exercício da atividade laboral. Tendo em vista que a contaminação pode ter ocorrido por diversos fatores, como ambiente laboral, atividade laboral exercida expondo empregado ao risco de contaminação, e pelo não cumprimento das medidas de segurança e sanitária pelo empregador, ou de forma ocasional ou acidental.
(...) O nexo causal é o vínculo que se estabelece entre a execução do serviço (causa) e o acidente do trabalho ou doença ocupacional (efeito) (...) esses pressupostos é o primeiro que deve ser investigado, visto que, se o acidente ou a doença não estiveram relacionados ao trabalho, é desnecessário, por óbvio, analisar a extensão dos danos, a incapacidade produzida ou a culpa patronal" (OLIVEIRA,2002, p. 164).
Para Souza Júnior (apud RICARDO, 2022, p 41), aborda que o nexo causal decorre de leis naturais, pois não se trata de um conceito jurídico, e alega que é estabelecido pela relação de causa e efeito em determinada conduta e um resultado. Deste modo, para verificar a responsabilidade pela contaminação da Covid-19, há necessidade de haver a comprovação, não podendo diretamente afirmar que foi em razão de condutaomissiva do empregador.
Esclareça-se no tocante a este segundo requisito — existência de nexo causal — que nos casos de doenças profissionais, ocupacionais e acidentes de trabalho, é possível a verificação de diversidade de causas com respeito à lesão, algumas fora da alçada do empregador (multicausalidade ou concausalidade). Essa peculiaridade não elimina a presença do nexo investigado, desde que haja fator próprio ao ambiente laborativo que tenha atuado para a ocorrência do malefício. Verificada a concausalidade, desponta o requisito do nexo causal (naturalmente que o fato de se tratar de concausa pode ser relevante no momento de fixação do valor indenizatório, de modo a o atenuar). (GODINHO,apud JUNIOR, 2019, p. 744).
Segundo Monteiro e Bertagni (2020, p. 45), o nexo causal está relacionado a causa entre o evento e o resultado, o qual inclui a concausalidade e os casos de agravamento. Tratando-se de direito infortunístico, não exige a comprovação de certeza, pois basta se apenas o juízo de admissibilidade. 
Para Oliveira (2022, p. 702 e 703), é necessário para requerer indenização em face do empregador, comprovar a presença do dano, do nexo causal e da culpa do empregador, ou pela atividade de risco exercida, sobre pena de ter frustrada qualquer pretensão indenizatória, se não constatada a relação casual da Covid-19 com o labor profissional.
2.2.3.	Enquadramento do Covid-19 pelo INSS
A Covid-19 caracterizada como doença ocupacional, irá gerar consequências nas diversas áreas, podemos citar como exemplo na área social, jurídica e econômica. 
Enquadramento da Covid-19 como doença ocupacional não se exige a comprovação de culpa do empregado ou do empregador, ou a caracterização da natureza acidentária para a concessão do benefício a Previdência Social, isto porque ônus do incapacitado é responsabilidade da sociedade, nesse sentido: É irrelevante para a caracterização do acidente do trabalho a existência de culpa do segurado ou de seu contratante. Trata-se da aplicação da teoria do risco social, segundo a qual a sociedade arca com o ônus do indivíduo incapacitado, independentemente de quem causou o infortúnio (CASTRO,2020, p. 523).
Entretanto, como abordado por Sousa e Franco conforme citado por Maria Cecília C. Ricardo (2021, p. 46), a verificação do enquadramento ocorrerá por meio da realização da perícia médica, onde os peritos do Instituto Nacional do Seguro Social – INSS, por meio da perícia irão comprovar a existência do nexo causalidade, constando no laudo a presença do nexo entre o ambiente laboral se influenciou diretamente a infecção da Covid-19.
Após a realização da perícia se comprovado o nexo causal, consequentemente deverá ser emitido a Comunicação de Acidente de Trabalho – CAT, constando a ocorrência do acidente de trabalho ou da doença ocupacional, para que seja garantido ao empregado o recebimento ao benefício previdenciário como o benefício por incapacidade temporária, para lhe assegurar a estabilidade provisória.
Ainda, Sousa e Franco (apud RICARDO, 2021, p. 46) afirmam que o empregador ficará sujeito ao ressarcimento com despesas médicas, podendo até gerar uma responsabilização “pos mortem”, podendo ser responsável pelas indenizações requeridas na via judicial.
Assim, quando o empregado tiver que se afastar pelo período superior a quinze dias, será realizado análise técnica para identificar se houve nexo entre o exercício da função e agravamento, para caracterizar ou não como doença de natureza ocupacional.
Percebe-se, deste modo que deverá ser realizado a perícia médica pelo Instituto Nacional Seguro Social-INSS, para realizar a perícia no local, se necessário realizar a oitiva das testemunhas, e requerer o Perfil Profissiográfico Previdenciário (PPP) ao empregador, para verificar a existência do nexo de causalidade.
Ressalta-se ainda, que se constatada na perícia a Covid-19 como doença ocupacional, o empregado terá o direito de receber os depósitos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço - FGTS, durante o período em que permanecer afastado pelo ao Instituto Nacional do Seguro Social-INSS, conforme previsto no artigo 15, parágrafo 5º da Lei nº 8.036/1990. Além de também ser assegurado o emprego, pelo prazo mínimo de doze meses, após ocorrer a cessação do auxílio-doença acidentário, de acordo com o que estabelece a Lei nº 8.213/1991.
2.2.4. Direito ao auxílio por incapacidade temporária
Segundo Martinez e Possídio (2020, pg. 124), relatam que se em decorrência do contágio da Covid-19, permanecer incapacitado temporariamente, terá o direito de durante o período em que permanecer em isolamento individual, que suas faltas sejam abonadas e pagas pelo empregador.
Observa-se que a partir do décimo sexto dia, persistindo incapacitado o empregado, será encaminhado para a realização de perícia médica realizado pelo INSS para se verificar se o empregado faz jus a concessão do benefício por incapacidade temporária, ou ao benefício por incapacidade permanente se demonstrado insuscetível de reabilitação. Sendo lhe concedido o benefício, a duração será antecipadamente apresentada por meio da Data de Cessação do Benefício (DCB), conforme abordado por Martinez e Possídio (2020, pg. 125),
Percebe-se que para ter direito ao benefício é preciso preencher os requisitos previsto no artigo 59 caput da Lei nº 8.213, os quais sejam: ter a qualidade de segurado, estar incapacitado temporariamente e parcialmente, e possuir a carência mínima de 12 (doze) meses, sendo dispensada a comprovação da carência se tratar de acidente de trabalho. Deste modo, para receber o benefício primeiramente precisará passar pela perícia do INSS, para constatar a presença da incapacidade e os requisitos, para fazer jus ao benefício.
Se ainda, o segurado estiver com sequelas graves e permanentes, as quais impossibilitem de retornar à atividade laboral, se constatado na perícia, o segurado poderá requerer o benefício por incapacidade permanente, previsto na Portaria do INSS nº 450, de 06 de abril de 2020.
2.2.5.Perícia médica indireta no período de distanciamento social
Com a pandemia da Covid-19, para controlar a contaminação foram adotadas medidas preventivas, como a quarentena, isolamento social, o lockdown. Neste contexto de problema sanitário mundial, ocorreu a suspensão de atendimento em agências do INSS, bem como cancelamento de audiências, e adiamento das perícias judiciais presenciais.
O Conselho Nacional de Justiça – CNJ editou a Resolução 317/2020, mesmo havendo objeções do Conselho Federal de Medicina – CFM (Parecer CFM 003/2020), permitindo a realização de tele perícias, durante o período que a pandemia durasse. E ao Poder Judiciário foi possibilitado a realização de perícias indiretas.
A perícia médica indireta, sem anmnese e sem exame clínico presencial do segurado, foi a única forma encontrada para prestar jurisdição nas ações de benefício por incapacidade laboral, no período de distanciamento social, neste sentido:
Em casos como o presente, no momento especialíssimo em que nos encontramos, exigir, de modo absoluto, a realização de perícia como condição imprescindível para que o segurado consiga comprovar o seu direito é o mesmo que lhe negar jurisdição, até mesmo porquanto temos certeza de que (ou seja, não há nenhuma dúvida com relação a isso), no período hodierno, o autor não conseguirá efetivar, de nenhuma forma, tal ato processual (precipuamente considerando que a própria Resolução n. 018/2020, da Presidência do E. TRF da 4ª Região – acertadamente e com toda a razão, para fins de contenção da Pandemia do Covid-19, não permite que tal intento seja alçado) (SAVARIS,2022, p. 356).
A perícia indireta, foi adotada pela impossibilidade de realizar presencialmente, uma vez que em muitos locais, as perícias judiciais e matéria assistencial são realizadas nos lugares públicos onde o Poder Judiciário disponibiliza. E com a suspensão do atendimento presencial, tornou-se inviável realizar as perícias, pois os prédios públicos encontravam se fechados.
No entanto, conforme foi encerrando o período de suspensão,foram realizadas as perícias, isto porque a perícia médica indireta pode servir como ferramenta útil para fundamentar tutelas processuais de urgências, mas não seria idônea nos casos em que se busca reconhecer judicialmente a existência ou não de incapacidade laboral, como expressado na ementa pelo Conselho Federal de Medicina:
Em ações judicias em que sejam objetos de apreciação pericial, a avaliação de capacidade, dano físico ou mental, nexo causal, definição de diagnostico ou prognóstico, é vedado ao médico a realização da perícia sem exame direto do periciado ou sua substituição por prova técnica simplificada (Conselho Federal De Medicina (CFM – Brasil). Parecer n. 10/2020. Ementa (Online). 2020. Disponível em: https://portal.cfm.org.br/.
Assim a perícia indireta era realizada devido a impossibilidade de se realizar a perícia presencial. Desta forma, permaneceu sendo realizada até poder ser realizado as perícias presenciais novamente, quando tudo se restabeleceu, não havendo mais necessidade de se adotar as medidas de prevenção.
2.3. RESPONSABILIDADE DO EMPREGADOR
Segundo Martinez e Possídio (2020, p. 125), aborda sobre a responsabilidade securitária social do Estado e a responsabilidade civil do empregador, afirmando que na reparação securitária social, o risco é elemento-base, e não a culpa da vítima, e na reparação civil-trabalhista, baseia se na responsabilidade subjetiva, sendo a culpa do empregador elemento base e relevante, com exceção da previsão do art. 927 parágrafo único do Código Civil.
Deste modo, afirma-se que a responsabilidade civil do empregador, ela é de natureza subjetiva, necessitando da comprovação do nexo causal. E excepcionalmente pode a responsabilidade ser de natureza objetiva, que independe da constatação de culpa, caracterizando pela mera constatação do nexo causal.
A responsabilidade objetiva ocorre quando quem concorreu, ou possibilitou a ocorrência do dano, sendo responsabilizado a reparar o dano sofrido, independente da presença de dolo ou culpa, isto pois, configurado o liame entre a culpa e o dolo, comprovado o nexo causal entre o labor exercido e o dano ocorrido, conforme dispõe no Código Civil :Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo. 
Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de culpa, nos casos especificados em lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem (BRASIL, 2002).
Já a responsabilidade subjetiva diz a respeito que o dano causado ocorreu por meio da presença de dolo ou da culpa, assim se comprovado a presença de dolo ou culpa em seu comportamento, deverá o empregador indenizar pelo dano ocasionado, conforme disposto nos artigos 186 e 187 do Código Civil de 2002:
Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.
Art. 187. Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes.
Segundo Martinez e Possídio (apud Santos, 2021 p. 25), afirmam que a responsabilidade do empregador será subjetiva, assim sendo, necessitará da comprovação da presença da conduta dolosa ou culposa que ocasionou o dano. Entretanto, quando no ambiente laboral for contraído a Covid-19, constituindo-a em doença ocupacional, será concedido ao empregado o direito ao benefício acidentário. Pois segundo Nelson (2021, p. 23) entende-se que devido ao expor em risco a saúde do trabalhador, e em decorrência do labor exercido na empresa contrair o Covid-19, ou devido à falta de precaução no ambiente laboral, ocasionar reinfecção do vírus, podendo levar a morte, ou deixar sequelas, a responsabilidade do empregador será objetiva, acarretando-lhe a obrigação de indenizar por danos materiais ou morais.
Deste modo, como ao empregador sua responsabilidade será objetiva se seus empregados vierem a contrair Covid-19, ele pode estabelecer que os empregados ao ser contratados comprovarem da vacinação.
Segundo Lopes e Fleury (2020, p. 308), ao empregador cabe demonstrar que seguiu o que foi estabelecido no contrato em relação a preservação da integridade física do empregado, respeitando as normas de segurança, higiene e saúde de trabalho. Se não cumprir ficará sujeito a presunção relativa de culpa.
A responsabilidade do empregador segundo a Constituição Federal, ocorrerá através da comprovação de dolo ou culpa, para o Código Civil esta responsabilização encontra-se respaldada na previsão do parágrafo único do Artigo 927, nas ocasiões que não há necessidade de se demonstrar o dolo ou culpa, pois se prevê a responsabilidade objetiva de quem ocasionou o dano em casos de atividade de risco, quando estiver na previsão legal.
Observa-se que segundo STF, prevalece pelo entendimento referente a constitucionalidade do artigo 927, parágrafo único, assegurando ao empregado o direito de indenização, independente se houve culpa ou dolo por parte do empregador, isto pois entende-se que houve exposição a situação de culpa na conduta, seja por negligência, imprudência e imperícia.
Para Nogueira, Perez Filho e Lehfeld (2021, pg. 06), a reponsabilidade do empregador segundo Venosa, o qual compreende-se quando há presença de omissão voluntária, o nexo causal, dano e a culpa, o empregador terá o dever de indenizar. Assim, com base na teoria do risco, o responsável pelos perigos e exposições aos riscos decorrentes de sua função, mesmo havendo meios para se evitar o dano, ensejará o dever de indenizar os danos ocasionados. 
Deste modo a responsabilidade do empregador em indenizar o trabalhador que contraiu Covid-19 no ambiente laboral, por haver vínculo empregatício, como o empregado permanece sujeito a prestar o serviço, o empregador será responsável, pois lhe é dever fornecer um ambiente laboral adequado, e com segurança, sob pena de enquadrar-se em culpa presumida pela contaminação e infecção. Isto porque, a responsabilidade civil do empregador encontra-se baseado no Artigo 7º, inciso XXII da Constituição Federal, sendo sua obrigação oferecer ao empregado um ambiente adequado, buscando evitar os riscos, por meio do cumprimento das nomas de segurança, saúde e higiene. 
Para Oliveira (2014, p. 115), consolidado a ideia de responsabilidade objetiva, surgiram correntes, em torno do tema da reparação do dano, citando a teoria do risco proveito, do risco criado, do risco profissional, do risco excepcional e do risco integral. 
(...). Na teoria do risco-proveito, aquele que se beneficia da atividade deve responder pelos danos que seu empreendimento acarreta; quem se aproveita dos bônus deve suportar todos os ônus. (...) A teoria do risco profissional considera que o dever de indenizar decorre da atividade profissional da vítima, sendo que o seu desenvolvimento está diretamente ligado aos acidentes do trabalho. (...) A teoria do risco excepcional justifica o dever de indenizar, independentemente da comprovação de culpa, sempre que a atividade desenvolvida pelo lesado constituir-se em risco acentuado ou excepcional pela sua natureza perigosa. (...) E a modalidade mais aceita e que supera o embaraço anterior é a do risco criado, porquanto não indaga se houve ou não proveito para o responsável; a reparação do dano é devida pela simples criação do risco (OLIVEIRA,2014, p. 116).
Observa-se, que de acordo com os diversos entendimentos os quais enquadram a Covid-19 como doença ocupacional ou não, por meio das previsões legislativas, a culpa exclusiva da vítima, força maior e fato de terceiro, caracterizam da Covid-19 como ocupacional, como também o ambiente laboral pode oferecer maior risco de contaminação, neste sentido, aborda Oliveira (2021, p. 667) que determinadas atividades, pela sua natureza, colocam o trabalhador em contato ostensivo com o vírus ou com pacientes infectados, gerando maior probabilidadede contágio, mormente se não forem adotadas as medidas preventivas indicadas.
Assim, verifica-se que dependendo do ambiente laboral, a contaminação pode ocorrer rapidamente, por isso é importante o empregador buscar cumprir as normas sanitárias, priorizando a segurança do empregado, para reduzir eventuais indenizações.
Com a suspensão do artigo 29 da MP 927, deixou de reconhecer como doença ocupacional aos empregados que exerciam atividade não essencial, pois passou-se adotar a medida de que para caracterizar é necessário a verificação da quantidade de risco de exposição ao contágio da Covid-19, como o ambiente laboral e a atividade exercida, durante o período de 15 (quinze) dias anteriores a infecção do Covid-19, e se o empregador adotou as medidas de segurança e cumpriu as normas sanitárias.
O laudo pericial deve retratar a extensão dos danos ou da incapacidade, as eventuais sequelas e todas as variáveis consequentes. Deverá também fornecer informações técnicas a respeito do nexo causal ou concausual e da eventual conduta culposa do empregador ou da própria vítima, com o objetivo de proporcionar ao julgador informações suficientes sobre os fatos controvertidos, para que possa formar sua convicção e proferir o julgamento com segurança (OLIVEIRA,2021, p. 692).
Verifica-se deste modo, que os empregados que exercem funções que expõe diretamente ao risco ou atividades essenciais, a doença contraída será presumida devido ao labor contínuo diário, enquadrando como doença ocupacional, dispensando a comprovação do nexo de causalidade, não sendo labor exercido na função de risco ou essencial, se demonstrado pelo empregador o cumprimento das normas de segurança de trabalho e as normas sanitárias, ao empregado caberá demonstrar que contraiu a infecção no ambiente laboral ou em decorrência de sua função exercida, comprovando o nexo de causalidade, para eventual responsabilização futura (OLIVEIRA 2021).
2.3.1. CAT (Comunicação de Acidente de Trabalho)
Conforme os autores Souza e Franco (apud RICARDO, p. 45), ocorrido o acidente de trabalho ou doença ocupacional adquirida no exercício laboral, deve ser comunicado a Previdência Social para que o empregado possa fazer jus a concessão dos benefícios previdenciários, e para que o empregado adquira estabilidade provisória por doze meses, assegurando seu retorno a atividade laboral, impedindo a possibilidade de dispensa, salvo se ocorrer justa causa.
Observa-se que a lei impõe à empresa o dever de comunicar à Previdência Social a ocorrência do acidente do trabalho. Deve fazê-lo até o 1º dia útil seguinte ao de sua ocorrência. Se vier de fato ocorrer o falecimento do empregado, a empresa deverá emitir a comunicação, à autoridade competente, não o fazendo, deverá pagar uma multa. 
Havendo omissão da empresa, a comunicação pode ser feita pelo acidentado, seus dependentes, a entidade sindical, o médico que o atendeu ou qualquer autoridade pública. 
Deve ser fornecida cópia da Comunicação de Acidente do Trabalho ao acidentado ou aos seus dependentes, bem como ao sindicato da respectiva categoria.
No caso de acidente de trabalho ou causa equiparada, deverá ser comunicado à Previdência Social, para possibilitar o acesso mais rápido a concessão dos benefícios, dispensando a vítima ou seus dependentes a realizar o requerimento, conforme previsto no artigo 22 da Lei n. 8.213/1991:
Art. 22. A empresa ou o empregador doméstico deverão comunicar o acidente do trabalho à Previdência Social até o primeiro dia útil seguinte ao da ocorrência e, em caso de morte, de imediato, à autoridade competente, sob pena de multa variável entre o limite mínimo e o limite máximo do salário de contribuição, sucessivamente aumentada nas reincidências, aplicada e cobrada pela Previdência Social.
Entretanto, a emissão Comunicação de Acidente de Trabalho, não gera automaticamente o enquadramento como doença ocupacional, isto pois, a Previdência Social analisará se a doença ocasionada decorreu do exercício ou ambiente laboral. 
A emissão da CAT não significa automaticamente que houve confissão da empresa quanto à ocorrência de acidente do trabalho, porquanto a caracterização oficial do infortúnio é feita pela Previdência Social, depois de comprovar o liame causal entre o acidente e o trabalho exercido (OLIVEIRA,2013, p. 62).
Ainda, observa-se que o Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região, em um caso particularmente, adotando o entendimento que a Covid-19 é doença ocupacional e que a empresa deveria abrir Comunicação de Acidente de Trabalho em todos os casos entre seus funcionários, na ação proposta pelo Sindicato dos Trabalhadores dos Correios de São Paulo (Sindect). Conforme decisão abaixo:
Expedição de CAT. COVID-19. Conforme interpretação sistemática do art. 22, da Lei 8.213/1991 e art. 169, da CLT, o empregador deve notificar os casos de doenças profissionais comprovadas ou objeto de suspeita, o que torna obrigatória a expedição da CAT na hipótese em que algum trabalhador for diagnosticado com COVID, doença que pode ser classificada como patologia ocupacional para fins previdenciários, desde que, para esse fim específico, haja enquadramento pela Perícia Médica do INSS. (TRT da 2ª Região; Processo: 1000823-87.2020.5.02.0611; Data: 17-08-2021; Órgão Julgador: 13ª Turma – Cadeira 2 – 13ª Turma; Relator(a): RAFAEL EDSON PUGLIESE RIBEIRO).
Portanto para o empregado contaminado pela Covid-19, em razão de seu exercício laboral, o empregador deverá comunicar a Previdência Social, para a emissão do Comunicação do Acidente de Trabalho, para em seguida ser analisado pela perícia médica a natureza ocupacional, e por conseguinte a comprovação da presença do nexo de causalidade entre a função exercida. 
2.4. ANÁLISE JURISPRUDENCIAL E O ENTENDIMENTO ADOTADO PELO SUPERIOR TRIBUNAL FEDERAL
Da pesquisa realizada nota-se que os Tribunais Regionais do Trabalho priorizam analisar cada caso concreto particular, verificando o ambiente laboral, se o empregador cumpriu as medidas restritivas, se houve descumprimento do empregado dessas medidas estabelecidas, se a atividade laboral é de risco, ou se o vírus foi contraído de forma acidental, para a Covid-19 ser considerada como doença ocupacional.
Assim as atividades laborais exercidas pelo empregado que expõe ao risco, a responsabilidade do empregador será objetiva, enquadrando na previsão do artigo 927, parágrafo único do Código Civil, bem como o nexo de causalidade será presumido, e nos demais casos em que a atividade laboral exercida que não apresentar risco, será realizada a perícia médica para comprovar o nexo de causalidade, para assim o empregador ser responsabilizado.
Sendo este também o entendimento adotado pelo Supremo Tribunal Federal, em que a Covid-19 é considerada como doença ocupacional, para aqueles profissionais que laboraram nas áreas essenciais, e que possuíam contato direto com o vírus, para que possam ter acesso aos benefícios trabalhistas e previdenciários, cabendo ao empregador demonstrar a ausência do nexo de causalidade ocorrida entre o exercício laboral e a contaminação pelo vírus da Covid-19, além de demonstrar que cumpriu todas as medidas de prevenção e segurança, realizando fiscalização e orientando aos empregados com o intuito de se evitar a propagação do vírus.
 
3. MATERIAL E MÉTODOS
A presente pesquisa buscou analisar o tema, utilizando o método da pesquisa bibliográfica, documental, e o método dedutivo, sendo colhidas informações por meio das diversas fontes, como consulta na legislação, doutrina, artigos científicos, que abordam sobre o tema doença ocupacional, sobre o nexo de causalidade, acidente de trabalho e sobre o Covid-19. 
 A pesquisa bibliográfica, decorre de fontes que possuem conhecimento do problema ou do questionamento que fundamenta o tema de estudo, trazendo ao pesquisador importantes e relevantes informações sobre a questão-problema, as quais foram fundamentais para pesquisa realizada, permitindo conhecer melhor o fenômeno de estudo, e analisar a questão problema.
Analisandoos pontos controversos, a pesquisa foi realizada e buscada em legislação, e o entendimento que prevalece nos posicionamentos dos tribunais superiores, a respeito do tema, buscando responder a questão-problema exposta.
O método utilizado é o dedutivo, partindo-se, das premissas por meio de uma cadeia de raciocínio em ordem descendente, e da análise do geral para o particular até chegar na conclusão. 
Observa-se que este método possui entendimentos oponentes, pois por meio de seu raciocínio dedutivo, e tautológico, permite concluir um determinado tema de formas variadas e de outras maneiras.
Pois por meio desses instrumentos de pesquisa, colaboraram para o desenvolvimento da pesquisa, além de auxiliar na solução problemática da questão problema por meio do estudo do tema, obtendo como resultado a possibilidade em considerar a Covid-19 como doença ocupacional, se comprovado o nexo de causalidade, salvo nos casos dos trabalhadores que exercem atividades nas áreas da saúde, ou aqueles que possuem patologia.
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Após discorrido sobre o meio ambiente de trabalho, acidente de trabalho, doenças ocupacionais, concausa, o Covid-19 como doença ocupacional, nexo causal, o enquadramento e benefício por incapacidade temporária, sobre a responsabilidade do empregador, e os entendimentos prevalecidos pelo Tribunais Regionais do Trabalho sobre a problemática.
Verifica-se que o entendimento prevalecido, compreende que para que seja comprovado a Covid-19 como doença ocupacional, é preciso a comprovação do nexo de causalidade, devido aos casos em que o empregado foi contaminado de forma ocasional, em seu exercício laboral, ou nas circunstâncias equiparada, no deslocamento ao seu trabalho, no horário das refeições ou intervalos, para se verificar se a relação da atividade laboral exercida contribuiu para o adoecimento. O nexo de causalidade, somente será presumido, para aqueles trabalhadores que exercem atividades que laboram na área da saúde, e possuem contato direto e habitual com pacientes com Covid-19, conforme relatado pela a Ministra Maria Cristina Peduzz.
Observa-se que conforme abordado por Oliveira (2022, p. 716), o empregador é responsável por cumprir normas preventivas, fiscalizando e proporcionando toda segurança aos seus funcionários, sem deixar de fornecer os equipamentos de proteção. Assim, para ser considerado como doença ocupacional, é necessário a comprovação do nexo de causalidade, pois se o empregado descumprir todas as normas e orientações impostas, deixando de cumprir as medidas e cuidados de segurança, será descaracterizado o nexo causal, sendo caracterizado culpa exclusiva da vítima, mas se demonstrada a ausência de cuidados, e descumprimento das normas sanitárias, de saúde e de segurança pelo empregador, restará comprovado o nexo de casualidade, neste sentido:
RECURSO ORDINÁRIO. DOENÇA OCUPACIONAL. ATIVIDADE DE RISCO. RESPONSABILIDADE OBJETIVA. Em se tratando de atividade classificada como grau 3 para risco de acidentes de trabalho, é reconhecida a atividade de risco, atraindo a aplicação do parágrafo único do art. 927 do Código Civil, sendo objetiva a responsabilidade do empregador. Provimento negado, neste aspecto. (TRT da 4ª Região, 9ª Turma, 0020769-86.2017.5.04.0522 RO, em 27/02/2020, Desembargador Joao Batista de Matos Danda).
Segundo o entendimento adotado pelo Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região, o nexo de causalidade somente será considerado presumido, quando o trabalhador em que sua função o expõe habitualmente as condições de risco de contaminação pelo Covid-19, como exemplo, os funcionários que laboraram na área da saúde como médicos, fisioterapeutas, enfermeiros, dentistas, coveiros, veja-se abaixo:
Ementa. I - MULTA DO ART. 477, § 8º, DA CLT. INOBSERVÂNCIA DO PRAZO LEGAL. As verbas rescisórias foram depositadas apenas em 13/05/2021, fora portanto do prazo de 10 dias estipulado no art. 477, § 6º, da CLT, considerada a data de término do contrato, pelo falecimento da empregada, como fixada no TRCT (28/04/2021). Logo, há direito à multa do art. 477, § 8º, da CLT, em valor equivalente a um salário da trabalhadora. Recurso ordinário a que se dá provimento, no particular.II - COVID-19 COMO CAUSA DE MORTE DA EMPREGADA. ALEGAÇÃO DE DOENÇA OCUPACIONAL. NEXO CAUSAL NÃO CARACTERIZADO. O fato de o E. STF, no julgamento das ADIs nº 6342, 6344, 6346, 6348, 6349, 6352 e 6354, haver suspendido a eficácia do art. 29 da MP nº 927/2020 (Os casos de contaminação pelo coronavírus [covid-19] não serão considerados ocupacionais, exceto mediante comprovação do nexo causal), não implica o reconhecimento do status da doença como ocupacional, em todos os casos em que tenha sido contraída no curso de uma relação de trabalho, e mesmo tratando-se de empregada com comorbidades (como hipertensão arterial). O nexo de causalidade não pode ser simplesmente presumido, ressalvados os casos em que o trabalho é realizado sob altas condições de risco de contaminação pelo vírus SARS-CoV-2, como nas hipóteses de profissionais de saúde como médicos, enfermeiros, dentistas, fisioterapeutas, entre outros. A questão deve, portanto, ser dirimida com base nos elementos de convicção contidos nos autos, sob a premissa de que a responsabilidade da reclamada se assenta em bases subjetivas e não objetivas. A ré comprova nos autos que adotou as medidas a seu alcance para evitar a contaminação pela Covid-19 no interior do estabelecimento, quais sejam o fornecimento de máscaras, óculos de proteção, viseira plástica e álcool em gel, com orientação para seu uso; a limpeza, higienização e desinfecção do ambiente; e a divulgação de protocolos gerais de prevenção. Em conjunto com a origem, "não é possível afirmar que a empregada foi contagiada no ambiente de trabalho, nem concluir que a ré tenha contribuído, por ação ou omissão, ao contágio pela Covid-19 ou agravamento da doença". Assim, não cabe falar em doença ocupacional e, por consequência, em indenização por danos materiais e morais a cargo da empregadora. Recurso ordinário a que se nega provimento, no particular. (TRT da 2ª Região; Processo: 1001168-82.2021.5.02.0202; Data: 14-09-2022; Órgão Julgador: 6ª Turma - Cadeira 1 - 6ª Turma; Relator(a): WILSON RICARDO BUQUETTI PIROTTA).
Percebe-se, que deste modo, os funcionários que laboraram na área da saúde, a responsabilidade do empregador será objetiva, pois neste caso o nexo causal é presumido, conforme a previsão da Lei 14.128/21, sendo dispensada a comprovação do contágio do Covid-19, pois se deu em função do exercício laboral, ocorrendo a inversão do ônus da prova. 
Além disso, outro entendimento adotado pelos tribunais, ocorre quando mesmo não sendo comprovada que o empregador concorreu para culpa, mas que trata se de atividade que expõe a risco especial, a responsabilidade do empregador será objetiva, veja-se, neste sentido:
EMENTA: COVID-19. DOENÇA OCUPACIONAL. TÉCNICO DE ENFERMAGEM. MORTE DO EMPREGADO. RESPONSABILIDADE OBJETIVA. DANOS MORAIS E MATERIAIS DOS SUCESSORES. Contaminação no local de trabalho. Provas de exposição e presunção de risco permanente decorrente da atividade, não infirmadas por outros elementos. O contexto probatório demonstra que o de cujus foi contaminado pelo Sars-Cov-2 no ambiente de trabalho, no qual havia rodízio de trabalhadores em diferentes setores do estabelecimento destinado a cuidados da saúde humana, incluindo o revezamento daqueles que trabalhavam em ala destinada a tratamento de pacientes com Covid-19. Circulação de pessoas que eram responsáveis pelo tratamento de pessoas contaminadas, trocando de posto de trabalho periodicamente e compartilhando ambiente de vestiário. Caracterização de doença ocupacional, nos termos dos arts. 20, §1°, "d" e 21, III da Lei 8.213/91, diante da exposição ou contato direto determinado pela natureza da atividade, equiparando se ao acidente de trabalho a doença proveniente de contaminação acidental. Responsabilidade objetiva da empresa. Dever de reparação independentemente da existência de culpa, enquadramento jurídico àhipótese do art. 927, parágrafo único, do Código Civil, que consagrou a teoria do risco da atividade. PENSÃO MENSAL. VALOR ARBITRADO. PAGAMENTO EM PARCELA ÚNICA. Devida a pensão à viúva, equivalente a 2/3 do valor da remuneração percebida pelo de cujus, presumindo-se que o restante seria destinado ao próprio sustento da vítima. Exegese do art. 948, II do Código Civil. Pagamento em parcela única com redutor pela antecipação, considerando a duração provável da vida da vítima, conforme tabela de expectativa de vida do IBGE. Recurso Ordinário interposto pela reclamada conhecido e não provido. (TRT da 15ª Região, 8ª Câmara, 0010337-39.2021.5.15.0044 ROT, em 02/09/2021, Desembargador Orlando Amâncio Taveira – Relator)
Observa-se ainda a importância da comprovação do nexo de causalidade para o Covid-19 ser considerado como doença ocupacional, naqueles casos em que haja dúvida se a contaminação do vírus será caracterizada como doença ocupacional, como em um caso específico que envolveu um profissional de saúde, em que seu exercício laboral não restou caracterizado a natureza ocupacional, necessitando da comprovação do nexo de causalidade. Como exemplo, apresenta se o entendimento adotado pelo Tribunal Regional do Trabalho 18ª Região (TRT/GO), em que entendeu que o técnico de enfermagem que contraiu Covid-19, quando realizava atendimento a pacientes em home care, não caberia responsabilização pelos danos causados, pois ficou constatado que o enfermeiro, não laborava em ambiente hospitalar, e havia atendido um único paciente na sua residência, o qual o mesmo havia testado negativo. Veja-se abaixo:
PANDEMIA. COVID 19. DOENÇA OCUPACIONAL. NEXO CAUSAL NÃO CONFIGURADO. Para o enquadramento da Covid 19 como doença ocupacional, é necessário que haja ao menos indícios de que o contágio se deu no ambiente de trabalho (nexo causal). No caso, embora o reclamante exercesse a função de técnico de enfermagem, não trabalhava em ambiente hospitalar ou diretamente com pacientes em tratamento da Covid 19, já que fazia o atendimento a apenas um paciente, em home care, o qual foi testado e não contraiu a doença. Ademais, os outros membros da equipe que revezavam a jornada 12x36 com o autor também testaram negativo. Lado outro, sobressaiu dos autos que a esposa do reclamante laborava em dois hospitais que atuavam no tratamento da Covid 19, bem como que ela manifestou os sintomas dessa doença antes do autor. Diante de tais elementos, não há como estabelecer o nexo causal da doença contraída pelo empregado com o trabalho desenvolvido na reclamada, razão pela qual esta não pode ser responsabilizada pela reparação dos danos causados. (TRT18, ROT - 0010736-32.2020.5.18.0008, Rel. GENTIL PIO DE OLIVEIRA, 1ª TURMA, 18/06/2021)
	Ressalta-se, ainda, sobre a responsabilidade do empregador nos casos da concausa, quando houver a existência do agente patogênico, ou doenças preexistentes, em que expor o empregado ao fator de risco pode ser fatal. Tendo em vista que a pandemia atingiu todos os seres humanos, qualquer pessoa esteve sujeita a contrair o Covid-19, de forma acidental ou ocasional.
Como já abordado, os empregadores são responsáveis pelo cumprimento de todas as medidas de higiene e segurança no trabalho, responsáveis também pelas eventuais falhas que vieram a ocorrer, mesmo que não a contribuição para ocorrência da falha, respondendo deste modo, pelas consequências em face do risco exposto.
Como exemplo apresenta o entendimento jurisprudencial em relação a um trabalhador que exercia a função de contador e motorista, mas que estava enquadrado no grupo de risco, pois possuía as comorbidades, sendo elas (diabetes, hipertensão arterial e obesidade), e que foi dispensado do trabalho presencial pelo período de 05/01/2020, e retornou a laborar presencialmente em 08/02/2021, sendo que neste período em que retornou contraiu Covid-19, e logo veio a óbito em 26/02/2021, ainda, observa-se que constou na certidão de óbito, que falecimento do de cujus, foi em decorrência da Covid-19-obesidade-diabetes. Deste modo, a discussão no processo, foi em sentido se haveria a presença de nexo de causalidade, em razão da atividade exercida, ou pelas complicações ocasionadas pelo Covid-19. 
Verifica-se que mesmo a empresa adotando e cumprindo todas as medidas sanitárias e protocolos recomendadas pelo Ministério da Saúde e Secretarias Estadual e Municipal da Saúde, neste caso não foram suficientes para garantirem que o empregado retornasse com segurança as atividades presenciais, pois ele se enquadrava no grupo de risco para Covid-19, em razão das doenças preexistentes (diabetes, hipertensão e obesidade), e havia recebido somente a primeira dose da vacina, antes de retornar as atividades presenciais, sendo que esta primeira dose não era capaz de imunizá-lo e excluí-lo do grupo de risco.
Diante do elevado grau e risco que a atividade laboral exercida ao empregado trazia a ele, percebe-se que não poderia ter retornado à atividade presencial, pois, o mesmo veio a falecer dezoito dias depois de retornado ao labor, por complicações do Covid-19.
Assim, como não constou prova de que o empregado havia contraído Covid-19 fora do exercício laboral, o tribunal entendeu pela existência de nexo de causalidade do óbito do empregado, pois restou demonstrado a presença dos requisitos da responsabilidade civil objetiva em face da empresa, sendo o recurso provido, reconhecendo a responsabilidade civil da empresa pelo óbito do trabalhador em razão de Covid-19. 
Veja-se abaixo a decisão do Tribunal Regional do Trabalho da 4º Região: 
ÓBITO. COVID-19. TRABALHADOR PERTENCENTE A GRUPO DE RISCO. RETORNO ÀS ATIVIDADES PRESENCIAIS EM MOMENTO CRÍTICO DA PANDEMIA NO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL. NEXO DE CAUSALIDADE COM A ATIVIDADE LABORAL. RESPONSABILIDADE CIVIL DO EMPREGADOR. 1. Mesmo em se tratando o transporte rodoviário de passageiros com itinerário fixo municipal, de atividade econômica essencial, seu desempenho não pode se dar às custas da imposição de risco acentuado às pessoas trabalhadoras que integram grupo de risco para a Covid-19 (no caso, pessoas portadoras de comorbidades prévias v.g diabetes, hipertensão arterial e obesidade), que, no exercício da função laboral (motorista de transporte coletivo de passageiros), mantém contato com o público. 2. As medidas de proteção (como fornecimento de máscaras faciais e álcool em gel, higienização do interior do coletivo e observância da lotação máxima de passageiros por viagem) não garantem que a pessoa trabalhadora, mormente aquela comprovadamente integrante de grupo de risco, permaneça livre de contágio. 3. Há arcabouço jurídico direcionado à proteção integral da pessoa trabalhadora, notadamente aquela integrante de grupo de risco, considerando sua condição específica de maior fragilidade e a necessidade de plena garantia dos direitos fundamentais. Tais normas são destinadas tanto ao Estado quanto ao particular, uma vez que os direitos fundamentais e seus desdobramentos têm eficácia vertical e horizontal – ou seja, também atingem as relações entre os particulares -, eficácia erga omnes. 4. A essência das normas constitucionais e legais que tratam acerca da matéria impõe um olhar mais sensibilizado à situação da pessoa portadora de comorbidades e integrante de grupo de risco para coronavírus. Tais normas devem ser interpretadas em sincronia com os demais princípios e regras envolvidos, a exemplo das normas de cunho social, trabalhista, sem esquecer o princípio fundamental da dignidade da pessoa humana (art. 1º, inciso III, CF) que norteia todas essas interconexões. 5. Restando evidenciado que a ré determinou o retorno do trabalhador às atividades presenciais em um dos momentos mais críticos da pandemia de covid19 no Estado e que apenas 18 dias após o retorno às atividades laborais na função de motorista de transporte coletivo de passageiros o trabalhador foi a óbito, tendo como causa da morte “COVID-19”, resta perfeitamente configurado o nexo de causalidade com a atividade laboral e, pois, a responsabilidade civil da ré

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