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Bronquiolite viral aguda Síndrome clínica de etiologia viral Início agudo de sintomas respiratórios Primeiro episódio de sibilância em crianças abaixo de 2 anos de idade ➜ A partir do segundo episódio, será um lactente sibilante Lactente (< 2 anos)/maior causa de hospitalização ➜ Casos mais graves no primeiro ano de vida Desencadeada por uma infecção viral do trato respiratório inferior, sobretudo os bronquíolos Etiologia ➜ O vírus Sincial Respiratório (VSR) é o agente etiológico que acomete 75% dos lactentes, ainda que outros vírus como parainfluenza tipo 3, influenza tipos A e B, caxumba, os adenovírus e os rinovírus , possam ser identificados. ➜ Doença sazonal: Incidência aumenta no outono e inverno, mas após o covid, não há mais essa sazonalidade, por isso é melhor não sair com a criança nos primeiros 3 meses ➜ Vírus sincial respiratório - Principal agente seguido pelo rinovírus ➜ 90% < 2 anos será infectado pelo VSR pelo menos 1 vez na vida ➜ 40% casos terá clínica de BQL ➜ Transmissão respiratória de gotículas e contato ➜ Não garante imunidade duradoura Transmissão ➜ C o n t a t o d i r e t o ( m ã o s , o b j e t o s contaminados) ➜ Transmissão por gotículas ➜ Conjuntiva/mucosa nasal ➜ Incubação 4 - 5 dias após o contato ➜ Replicação viral na nasofaringe ↳ Sintomas iniciais com: ↪ Coriza ↪ Tosse ↪ Quadro de espirros ↪ Obstrução nasal Fisiopatogênese Patogênese ↓ Vírus ↓ Mucosa Nasal ↓ Infecção das vias aéreas superiores ↓ Aspiração de secreção ↓ Bronquiolite _____________________________________ Patogênese ↓ Resposta inflamatória ↓ Descamação celular + exsudação de proteínas plasmáticas ↓ Tampões de muco + infiltrados periobronquiolares com acúmulo de linfócitos e polimorfonucleares. ↓ Obstrução rápida de pequenas VA ↓ Transtorno de ventilação/perfusão 0 20 40 60 80 VSR Rinovírus Influenza Metapneumovírus Coronavírus Parainfluenza Co-infecção viral Portanto, o paciente faz um quadro de IVAS ➜ A criança foi infectada pelo VSR, ele entra na mucosa nasal e replica gerando sintomas respiratórios de vias aéreas superiores. Por isso, é importante quando há obstrução nasal, realizar a lavagem nasal, para que haja eliminação do vírus. ➜ Quando não há lavagem nasal, há produção de debris, chegam células de defesa ao local para eliminar o vírus, aumentando a produção de secreção. A produção de muco impede a função ciliar, não conseguindo eliminar a secreção, aumentando ainda mais o muco ➜ A secreção comeca a chegar à via respiratória inferior, migrando para os bronquíolos, gerando uma obstrução, sendo nessa fase a presença de sibilos por edema. Apresenta fisiopatologia diferente da asma, já que é um processo inflamatório que gerou secreção a qual levou à obstrução. Assim, não há boa resposta a corticoide, inclusive o uso de corticoide em crianças com bronquiolite, pro longa a in ternação das cr ianças, diferentemente da asma. ➜ Com a obstrução, há uma das principais complicações da bronquiolite que é o colapso alveolar, ou seja, atelectasias, pois há obstrução, edema. ➜ Quando está na fase de obstrução, com sibilo, no 5º dia de doença, é a fase mais grave da broquiolite, sendo a fase em que a criança vai para o hospital, apresentando taquipneia, dispneia e muito esforço respiratório ➜ A anatomia da bronquiolite, consiste em um bronquíolo completamente obstruído, in f lamado e com edema de cé lu las inflamatórias ➜ Grupos de risco Quadro clínico ➜ Inicialmente 2 - 4 dias ↳ Sintomas de resfriado comum (vírus ainda nas vias aéreas superiores) ↪ Coriza ↪ Rinorreia ↪ Redução do apetite/anorexia ↳ Atinge um grupo especial de pacientes, principalmente em pacientes prematuros abaixo de 32 semanas, uma vez que acomete vias aéreas inferiores e eles apresentam um aparelho respiratório imaturo, não havendo função ciliar e imunológica de uma criança a termo, além do baixo nível de anticorpos maternos ↳ Além disso, também deve-se estar alerta a pacientes com doença pulmonar crônica, pois já possuem uma lesão de árvore brônquica. ↳ Outro grupo a ser avaliado é o de crianças portadoras de cardiopatias congênitas, por comprometimento de circulação pulmonar, pacientes propensos a hipertensão pulmonar, apresentam fluxo sanguíneo pulmonar aumentado ↳ Pacientes com doenças neuromusculares, pela diminuição da capacidade muscular respiratória funcional ↳ Imunodeficientes por não haver uma resposta adequada ↪ Febre baixa ou ausente ↪ Irritabilidade ➜ Posteriormente ↳ Taquipneia ↳ Respiração superficial ↳ Sinais de desconforto, respiratório com uso de musculatura acessória, balanceio da cabeça, BAN e tiragens Prematuros Aparelho respiratório imaturo Baixos níveis de anticorpos maternos Doença pulmonar crônica Lesão de árvore brônquica Função pulmonar reduzida Cardiopatia congênita Comprometimento da circulação pulmonar Hipertensão pulmonar Fluxo sanguíneo pulmonar aumentado Doenças Neuromusculares Diminuição da capacidade muscular respiratória funcional Imunodeficiência Mecanismos imunes inatos e adquiridos inadequados ➜ Ausculta Pulmonar 3 - 5 dias: ↳ Sibilos ↳ Crepitações ↳ Ausculta assimétrica ↳ Murmúrio vesicular presente ou diminuído ➜ O comprometimento das vias aéreas pode ir de leve, moderado a grave, podendo abrir evo lução para apne ia , i nsu f i c iênc ia respiratória aguda. Assim, bronquiolite mata. ➜ O atendimento deve ser voltado para o padrão respiratório, estado hemodinâmico, estado mental ( letárgico, sonolento), alimentação, hidratação e SEMPRE buscando sinais de gravidade ➜ Frequência respiratória ➜ Boletim de Silverman-Andersen “Um dos eventos mais frequentes na avaliação do recém-nascido (RN), na sala de parto, é a verificação do desconforto respiratório. Os pulmões fetais ainda não são completamente funcionais, a superfície alveolar é recoberta por líquido e a circulação, nesse território, é caracterizada por uma alta resistência vascular. Ao nascimento, o RN necessita fazer a transição da troca gasosa intrauterina, realizada através da difusão placentária, para uma troca gasosa que passa a ocorrer diretamente com o ambiente. Em um curto período de tempo, faz-se necessário que os alvéolos pulmonares sejam arejados e aumente o fluxo sanguíneo para os pulmões, tornando a resistência vascular baixa. Para que essa adaptação ocorra de forma satisfatória, é necessário que o RN apresente boa função cardiopulmonar, porém, existem vários fatores de risco comuns que dificultam essa transição, tornando o desconforto respiratório uma condição extremamente recorrente na prática pediátrica. Devido à presença de várias entidades clínicas que podem se apresentar através de sinais e sintomas de desconforto respiratório nesse período, sua avaliação torna-se difícil e c r i te r iosa. A lgumas dessas doenças apresentam morbidade e mortalidade altas, sendo imprescindível a classificação de g r a v i d a d e p a r a q u e , m e s m o n a impossibilidade de estabelecer um diagnóstico etiológico no momento, seja imediatamente instituída uma intervenção precoce adequada à intensidade do comprometimento pulmonar do RN, a fim de evitar maiores complicações. Para auxiliar na classificação inicial e no acompanhamento da evolução clínica da insuficiência respiratória, um instrumento largamente utilizado na neonatologia é o Boletim de Silverman-Andersen (BSA) Para o cálculo do escore resultante da aplicação do BSA, são avaliados cinco itens do exame físico do RN. Os movimentos tóraco-abdominais são as primeiras características apresentadas na figura. Nos casos em que há dificuldade respiratória importante, a contração do diafragma torna-se mais intensa, o que provoca a distensão visível do abdome. Inicialmente, há o que chamamos de declínio inspiratório, quando há distensão abdominal associadaa um deslocamento da parede torácica inferior para dentro, causado pela pressão negativa intratorácica. Nessa fase, a porção superior do tórax mantém seu posicionamento devido à presença do esterno. Com a evolução do distúrbio respiratório, todo o tórax é envolvido no deslocamento, caracterizando o balancim. No decorrer da evolução do desconforto resp i ra tó r io , as p r ime i ras re t rações observadas são as subcosta is e as intercostais, representadas no BSA através dos segundo e terceiro itens da figura 1. Os r e c é m - n a s c i d o s , p r i n c i p a l m e n t e o s prematuros, apresentam mais propensão a evoluírem com as retrações torácicas, pelo fato de sua caixa torácica ser altamente complacente. O batimento de asa nasal é outro fenômeno que ocorre durante o desconforto respiratório do RN. Possivelmente, esse movimento de abertura da asa do nariz durante a inspiração provoca a diminuição da resistência à passagem do ar nas vias aéreas superiores. Frequência respiratória normal para a idade Faixa etária FR (mrma) Até 2 meses Até 60 2 - 11 meses Até 50 De 1 - 4 anos Até 40 O último item do BSA diferencia-se dos anteriores por ser o único a ser avalizado na fase expiratória da respiração. A presença de gemido expiratório é resultante do fechamento parcial da glote, durante a expiração. Quando há perda de volume pulmonar, essa manobra ajuda a manter a capacidade residual funcional e os alvéolos pulmonares abertos durante a expiração. O escore de pontuação do BSA é feito a partir da soma dos valores atribuídos a cada um dos cinco parâmetros avaliados. Cada parâmetro recebe uma pontuação de zero a dois, conforme apresentado na figura. É feita a soma, sendo que o zero indica ausência de retrações, e 10, o grau máximo de retrações torácicas. Uma nota acima de 4 indica dificuldade respiratória moderada-grave. Em caso de pontuação superior a 8, estamos diante de uma insuficiência respiratória grave, necessitando de conduta urgente devido à iminência da instalação de uma falência respiratória. O Boletim de Silverman-Andersen é um instrumento valioso na orientação da tomada de decisão diante de um recém-nascido com desconforto respiratório. É um método fácil, de baixo custo, não invasivo, de aplicação rápida e que oferece informação confiável. Além disso, tem um longo histórico de uso, o que também corrobora à sua importância e sua aplicabilidade clínica nas unidades neonatais.” (SANAR, 2021) ➜ O Iceberg da Bonquiolite: ↳ 90% das crianças já tiveram contato RSV 2-3 anos ↳ Algumas desenvolvem BVA ↳ BVA é a 1° causa de internação dos lactentes 100 mil hospitalizações por ano ↳ 0,5% a 2% de hígidos necessitam de internação ↳ Dos internados 0,5 a 1% necessita de UTI Fatores de risco ➜ Prematuridade ➜ Displasia broncopulmonar ➜ Outra doença pulmonar crônica Esforço respiratório Pontuação BSA Leve < 5 Moderado 5 - 10 Grave > 10 ➜ Cardiopatia cianótica ➜ Hipertensão pulmonar ➜ Imunodeficiência/HIV ➜ Ausência de aleitamento materno ➜ Sexo masculino ➜ Aglomeração ➜ Tabagismo passivo Diagnostico ➜ Clínico ➜ Se internação: ↳ Rx de tórax ↳ Pesquisa viral em secreção em nasofaringe ➜ Quadro radiológico: ↳ Inespecífico ↪ Espessamento peribrônquico ↪ Hiperinsuflação torácica difusas ↪ Atelectasias ↪ Consolidação ➤ Pode estar presente em 25% dos casos ↳ Indicação para exames de imagem ↪ Não deve ser indicado de rotina ➤ Casos graves que requerem suporte intensivo ➤ Evolução atípica para uma insuficiência respiratória grave ➤ Suspeita de complicação ➤ Condição que sugere d iagnóst ico diferencial como pneumotórax, pneumonia e até mesmo uma atelectasia ➜ Indicação de exames laboratoriais ↳ Quadros de febre > 38,5 ºC em pacientes de alto risco e menores de 28 dias de vida ↳ Lactentes com menos de 3 meses para rastreio de febre e prostração associados a sintomas respiratórios ↳ Agravamento inesperado do quadro clínico principalmente se febre alta e persistente ➜ Não há indicação de rotina para testes específicos de identificação viral, pois aumentam os custos, não modifica a evolução do quadro clínico. Solicita-se apenas para p a c i e n t e s i m u n o c o m p r o m e t i d o s , apresentações graves da doença, para guiar a terapia antiviral específica, reduzir o uso inapropriado de antimicrobianos, propiciar vigi lância epidemiológica, estabelecer medidas de isolamento hospitalar Complicações mais comuns ➜ Atelectasia (25%) ➜ Otite Média Aguda (50%) - infecção bacteriana secundária mais comum ➜ Pneumonia (< 2%) Tratamento ➜ Casos leves e moderados: ↳ Repouso ↳ Boa hidratação oral ↳ Aleitamento ↳ Dieta adequada ↳ Vestimentas adequadas ↳ Banhos mornos ↳ Antipiréticos em caso de febre ↳ Lavagem nasal com soro fisiológico ➜ Casos de hospitalização ↳ Oxigenioterapia se SatO2 < 90% ↳ Hidratação adequada ↳ Broncodilatadores ↳ Suporte ventilatório ↳ Fisioterapia respiratória ↪ Não diminui tempo de internação, mas é utilizado para melhorar o fluxo pulmonar, principalmente em crianças com deficiência pulmonar ↳ Sibilância por obstrução por debris, não é mecanismo inflamatório Diagnóstico diferencial ➜ Asma ➜ Gripe (pneumonia por influenza) ➜ Pneumonia atípica (C. trachomatis) ➜ Coqueluche ➜ Insuficiência cardíaca ➜ Tuberculose ➜ Fibrose Cística ➜ Displasia Broncopulmonar ➜ Malformação congênita Prevenção ➜ Aleitamento materno ➜ Precauções de contato (transmissão por secreções infectadas) ➜ Palivizumab: Anticorpo monoclonal ant-VSR ↳ Prematuro IG: < 29 semanas no 1 ano de vida (5 doses IM), imunização passiva ↳ C a r d i o p a t i a c o n g ê n i t a c o m compromet imento hemodinâmico nos primeiros 2 anos de vida ↳ Displasia broncopulmonar em tratamento nos 2 primeiros anos de vida Pontos importantes da aula: ➜ 1° episódio de sibilância viral ➜ Principal agente etiológico: VSR ➜ Patogênese obstrução da via área por debris celulares. ➜ Clínica: Sibilância com pico do desconforto em 5 dias ➜ Diagnóstico: Clínico ➜ Tratamento: Suporte ➜ Palivizumabe: Grupos de risco Obs: Não há consenso para o uso de broncodilatador, mas pela experiência clínica, demonstrou que em crianças com HF+ para processos alérgicos e asma em que respondem a broncodilatadores, pode ser feito o uso. Quando a sibilância é por obstrução O melhor é: Suporte ventilatório + lavagem nasal + nebulização com solução salina hipertônica
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