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Princípios da Administração Pública

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DIREITO ADMINISTRATIVO –
PODERES E AS FUNÇÕES DO ESTADO;
FUNÇÃO ADMINISTRATIVA;
SENTIDO OBJETIVO E SENTIDO SUBJETIVO DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA;
ÓRGÃOS PÚBLICOS;
PRINCÍPIOS ADMINISTRATIVOS;
PODERES E DEVERES DOS ADMINISTRADORES PÚBLICOS;
PODER DE POLÍCIA;
ATO ADMINISTRATIVO: 
conceito, elementos, características, mérito administrativo, formação e efeitos, classificação, espécies, procedimento administrativo, extinção dos atos administrativos, invalidação, revogação; 
LICITAÇÃO: 
Conceito: A licitação é um  procedimento administrativo de observância obrigatória pelas entidades governamentais que devem selecionar a proposta mais vantajosa para Administração, atentando-se ao princípio da igualdade entre os licitantes. Portanto, o procedimento licitatório tem a finalidade de possibilitar que a Administração Pública firme contrato com aqueles que oferecem condições necessárias correspondente ao interesse público.
 
Em regra, a Administração é obrigada a licitar. Assim, as obras, serviços, inclusive publicidade, compras, alienações, concessões, permissões e locações da Administração Pública, quando contratadas com terceiros, serão necessariamente precedidas de licitação, ressalvadas as hipóteses previstas na Lei n. 8.666/1993. Aí, vem a pergunta: “- Mas professor, que hipóteses são essas?”. São os casos de licitação dispensada, dispensável e inexigível. Assim, a licitação será dispensada nos casos em que a lei assim determinou; será dispensável quando a critério da Administração, nos casos enumerados na lei, a contratação pode ser feita diretamente; e, será inexigível, quando não há viabilidade de competição.
 natureza jurídica, objeto, princípios, 
Princípios da Licitação
Conquanto não seja uniforme, a doutrina pátria é acorde na acentuação de determinados princípios destacados pela lei como mais específicos da licitação, sem deixar de contemplar os demais princípios constitucionais. A luz dos ensinamentos de MEIRELLES (2009, p.275-278):
2.1 Procedimento formal: o princípio do procedimento formal é o que impõe a vinculação da licitação ás prescrições legais que a regem em todos os seus atos e fases. Essas prescrições decorrem não só da lei, mas também, do regulamento, do caderno de obrigações e até do próprio edital ou convite, que complementa as normas superiores, tendo em vista a licitação a que se refere (Lei 8.666/93, art. 4º).
Procedimento formal, entretanto, não se confunde com “formalismo”, que se caracteriza por exigências inúteis e desnecessárias. Por isso mesmo, não se anula o procedimento diante de meras omissões ou irregularidades formais na documentação ou nas propostas desde que, por sua irrelevância, não causem prejuízo à Administração ou aos licitantes. A regra é a dominante nos processos judiciais: não se decreta a nulidade onde não houver dano para qualquer das partes- pas de nullité sans grief, como dizem os franceses.
2.2 Publicidade de seus atos: a publicidade dos atos da licitação é princípio que abrange desde os avisos de sua abertura até o conhecimento do edital e sues anexos, o exame da documentação e das propostas pelos interessados e o fornecimento de certidões de quaisquer peças, pareceres ou decisões com ela relacionadas. É em razão desse princípio que se impõem a abertura dos envelopes da documentação e proposta em publico e a publicação oficial das decisões dos órgãos julgadores e do respectivo contrato, ainda que resumidamente (arts. 3º, par. 3º, e 43, par. 1º).
2.3 Igualdade entre os licitantes: a igualdade entre os licitantes é o princípio impeditivo da discriminação entre os participantes do certame, quer através de cláusulas que, no edital ou convite, favoreçam uns em detrimento de outros, por mediante julgamento facciosos, que desiguale os iguais ou iguale os desiguais (art. 3º, par. 1º).
O desatendimento a esse princípio constitui a forma mais insidiosa de desvio de poder, com que a Administração quebra a isonomia entre os licitantes, razão pela qual o Judiciário tem anulado editais e julgamentos em que se descobre a perseguição ou favoritismo administrativo, sem nenhum objetivo ou vantagem de interesse público. Todavia, não configura atentado ao princípio da igualdade entre os licitantes o estabelecimento de requisitos mínimos de participação no edital ou convite, porque a Administração pode e deve fixá-los sempre que necessários á garantia da execução do contrato, à segurança e perfeição da obra ou serviço á regularidade do fornecimento ou ao atendimento de qualquer outro interesse público.
2.4 Sigilo na apresentação das propostas: O sigilo na apresentação das propostas é consectário da igualdade entre os licitantes, pois ficaria em posição vantajosa o proponente que viesse a conhecer a propsota do seu concorrente ates da apresentação da sua. Daí o necessário sigilo, que há de ser guardado relativamente a todas as propostas, até a data designada par abertura dos envelopes ou invólucros que as contenham, após a habilitaçãodos proponentes (arts. 3º, par. 3º, e 43, par. 1º).
A abertura da documentação ou das propostas ou a revelação de seu conteúdo antecipadamente, além de ensejar a anulação do procedimento, constitui também ilícito penal, com pena de detenção e multa (art. 94).
2.5 Vinculação ao edital: a vinculação ao edital é o principio básico de toda licitação. Nem se compreenderia que a Administração fixasse no edital a forma e o modo de participação dos licitantes em o decorrer do procedimento ou na realização do julgamento se afastasse do estabelecimento, ou admitisse documentação e propostas em desacordo com o solicitado. O edital é a lei interna da licitação, e, como tal, vincula aos seus termos tanto os licitantes como a Administração que o expediu (art. 41).
2.6 Julgamento objetivo: julgamento objetivo é o que se baseia no critério indicado no edital e nos termos específicos das propostas. É princípio de toda licitação que seu julgamento se apóie em fatores concretos pedidos pela Administração, em confronto com o ofertado pelos proponentes na escolha das propostas, obrigando os julgadores a aterem-se ao critério prefixado pela Administração, com o quê se reduz e se delimita a margem de valoração subjetiva, sempre presente em qualquer julgamento (arts. 44 e 45).
2.7 Probidade administrativa: a probidade administrativa é o dever de todo administrador público, mas a lei a incluiu dentre os princípios específicos da licitação (art. 3º), naturalmente como uma advertência ás autoridades que promovem ou a julgam. A probidade na Administração é mandamento constitucional (art. 37, par. 4º), que pode conduzir a “suspensão dos direitos políticos, a perda da função pública, a indisponibilidade dos bens e ressarcimento ao erário, na forma e gradação previstas em lei, sem prejuízo da ação penal cabível”.
2.8 A adjudicação compulsória: o princípio da adjudicação compulsória ao vencedor impede que a Administração, concluído o procedimento licitatório, atribua seu objeto a outrem que não o legitimo vencedor (arts. 50 e 64)
A adjudicação ao vencedor é obrigatória, salvo se este desistir expressamente do contrato ou não o firmar no prazo prefixado, a menos que comprove justo motivo. A compulsoriedade veda também que se abra nova licitação enquanto válida a adjudicação anterior.
licitação dispensada:  
Em regra, a alienação de bens da Administração Pública dependerá de avaliação prévia e de licitação na modalidade concorrência. O art. 17 da Lei n. 8.666/1993 enumera, taxativamente, as hipóteses de dispensa de licitação. Tais hipóteses estão ligadas, primordialmente, a alienações de bens imóveis e móveis pela Administração Pública. (Ver art. 17 da Lei n. 8.666/1993)
 licitação dispensável: 
 
As hipóteses de licitação dispensável estão enumeradas, taxativamente, no art. 24 da Lei n. 8.666/1993. Devido a sua importância e por ser exaustivamente cobrada em prova, vamos citar todas as hipóteses. Apesar de ser uma lista enorme de possibilidades, é imprescindível que você saiba:
 
• Para obras e serviços de engenharia de valor até 10% (dez por cento) do limite previsto na alíneaa, do inciso I do artigo 23 da Lei n. 8.666/1993 (até R$15.000,00), desde que não se refi ram a parcelas de uma mesma obra ou serviço ou ainda para obras e serviços da mesma natureza e no mesmo local que possam ser realizadas conjunta e concomitantemente;
 
• Para outros serviços e compras de valor até 10% (dez por cento) do limite previsto na alínea a, do inciso II do artigo 23 da Lei n. 8.666/1993 (até R$8.000,00) e para alienações, nos casos previstos nesta Lei, desde que não se refiram a parcelas de um mesmo serviço, compra ou alienação de maior vulto que possa ser realizada de uma só vez;
• Nos casos de guerra ou grave perturbação da ordem;
 
• Nos casos de emergência ou de calamidade pública, quando caracterizada urgência de atendimento de situação que possa ocasionar prejuízo ou comprometer a segurança de pessoas, obras, serviços, equipamentos e outros bens, públicos ou particulares, e somente para os bens necessários ao atendimento da situação emergencial ou calamitosa e para as parcelas de obras e serviços que possam ser concluídas no prazo máximo de 180 (cento e oitenta) dias consecutivos e ininterruptos, contados da ocorrência da emergência ou calamidade, vedada a prorrogação dos respectivos contratos;
 
• Quando não acudirem interessados à licitação anterior e esta, repetida sem prejuízo para a Administração, mantidas, neste caso, todas as condições preestabelecidas;
 
• Quando a União tiver que intervir no domínio econômico para regular preços ou normalizar o abastecimento;
 
• Quando as propostas apresentadas consignarem preços manifestamente superiores aos praticados no mercado nacional, ou forem incompatíveis com os fixados pelos órgãos ofi ciais competentes, casos em que, observado o parágrafo único do art. 48 da Lei n. 8666/1993 e, persistindo a situação, será admitida a adjudicação direta dos bens ou serviços, por valor não superior ao constante do registro de preços, ou dos serviços;
 
• Para a aquisição, por pessoa jurídica de direito público interno, de bens produzidos ou serviços prestados por órgão ou entidade que integre a Administração Pública e que tenha sido criado para esse fim específico em data anterior à vigência desta Lei, desde que o preço contratado seja compatível com o praticado no mercado;
 
• Quando houver possibilidade de comprometimento da segurança nacional, nos casos estabelecidos em decreto do Presidente da República, ouvido o Conselho de Defesa Nacional;
 
• Para a compra ou locação de imóvel destinado ao atendimento das finalidades precípuas da administração, cujas necessidades de instalação e localização condicionem a sua escolha, desde que o preço seja compatível com o valor de mercado, segundo avaliação prévia;
 
• Na contratação de remanescente de obra, serviço ou fornecimento, em consequência de rescisão contratual, desde que atendida a ordem de classificação da licitação anterior e aceitas as mesmas condições oferecidas pelo licitante vencedor, inclusive quanto ao preço, devidamente corrigido;
 
• Nas compras de hortifrutigranjeiros, pão e outros gêneros perecíveis, no tempo necessário para a realização dos processos licitatórios correspondentes, realizadas diretamente com base no preço do dia;
 
• Na contratação de instituição brasileira incumbida regimental ou estatutariamente da pesquisa, do ensino ou do desenvolvimento institucional, ou de instituição dedicada à recuperação social do preso, desde que a contratada detenha inquestionável reputação ético-profissional e não tenha fins lucrativos;
 
• Para a aquisição de bens ou serviços nos termos de acordo internacional específico aprovado pelo Congresso Nacional, quando as condições ofertadas forem manifestamente vantajosas para o Poder Público;
 
• Para a aquisição ou restauração de obras de arte e objetos históricos, de autenticidade certificada, desde que compatíveis ou inerentes às finalidades do órgão ou entidade.
 
• Para a impressão dos diários oficiais, de formulários padronizados de uso da  administração, e de edições técnicas ofi ciais, bem como para prestação de serviços de informática a pessoa jurídica de direito público interno, por órgãos ou entidades que integrem a Administração Pública, criados para esse fim específico;
 
• Para a aquisição de componentes ou peças de origem nacional ou estrangeira, necessários à manutenção de equipamentos durante o período de garantia técnica, junto ao fornecedor original desses equipamentos, quando tal condição de exclusividade for indispensável para a vigência da garantia;
 
• Nas compras ou contratações de serviços para o abastecimento de navios, embarcações, unidades aéreas ou tropas e seus meios de deslocamento quando em estada eventual de curta duração em portos, aeroportos ou localidades diferentes de suas sedes, por motivo de movimentação operacional ou de adestramento, quando a exiguidade dos prazos legais puder comprometer a normalidade e os propósitos das operações e desde que seu valor não exceda ao limite previsto na alínea a do inciso II do art. 23 da lei n. 8.666/1993;
 
• Para as compras de material de uso pelas Forças Armadas, com exceção de materiais de uso pessoal e administrativo, quando houver necessidade de manter a padronização requerida pela estrutura de apoio logístico dos meios navais, aéreos e terrestres, mediante parecer de comissão instituída por decreto;
 
• Na contratação de associação de portadores de defi ciência física, sem fins lucrativos e de comprovada idoneidade, por órgãos ou entidades da Administração Pública, para a prestação de serviços ou fornecimento de mão de obra,desde que o preço contratado seja compatível com o praticado no mercado.
 
• Para a aquisição de bens destinados exclusivamente a pesquisa científica e tecnológica com recursos concedidos pela CAPES, FINEP, CNPq ou outras instituições de fomento à pesquisa credenciadas pelo CNPq para esse fim específico.
 
• Na contratação de fornecimento ou suprimento de energia elétrica e gás natural com concessionário, permissionário ou autorizado, segundo as normas da legislação específica;
 
• Na contratação realizada por empresa pública ou sociedade de economia mista com suas subsidiárias e controladas, para a aquisição ou alienação de bens, prestação ou obtenção de serviços, desde que o preço contratado seja compatível com o praticadono mercado.
 
• Para a celebração de contratos de prestação de serviços com as organizações sociais, qualificadas no âmbito das respectivas esferas de governo, para atividades contempladas no contrato de gestão.
 
• Na contratação realizada por Instituição Científica e Tecnológica – ICT ou por agência de fomento para a transferência de tecnologia e para o licenciamento de direito de uso ou de exploração de criação protegida. • Na celebração de contrato de programa com ente da Federação ou com entidade de sua administração indireta, para a prestação de serviços públicos de forma associada nos termos do autorizado em contrato de consórcio público ou em convênio de cooperação.
 
• Na contratação da coleta, processamento e comercialização de resíduos sólidos urbanos recicláveis ou reutilizáveis, em áreas com sistema de coleta seletiva de lixo, efetuados por associações ou cooperativas formadas exclusivamente por pessoas físicas de baixa renda reconhecidas pelo poder público como catadores de materiais recicláveis, com o uso de equipamentos compatíveis com as normas técnicas, ambientais e de saúde pública.
 
• Para o fornecimento de bens e serviços, produzidos ou prestados no País, que  envolvam, cumulativamente, alta complexidade tecnológica e defesa nacional, mediante parecer de comissão especialmente designada pela autoridade máxima do órgão.
 
• Na aquisição de bens e contratação de serviços para atender aos contingentes militares das Forças Singulares brasileiras empregadas em operações de paz no exterior, necessariamente justificadas quanto ao preço e à escolha do fornecedor ou executante e ratificadas pelo Comandante da Força.
 
• Na contratação de instituição ou organização, pública ou privada, com ou sem fins lucrativos,para a prestação de serviços de assistência técnica e extensão rural no âmbito do Programa Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural na Agricultura Familiar e na Reforma Agrária, instituído por lei federal.
 
• Nas contratações visando ao cumprimento do disposto nos arts. 3º, 4º, 5º e 20 da Lei n. 10.973, de 2 de dezembro de 2004, observados os princípios gerais de contratação dela constantes.
 inexigibilidade de licitação:
A licitação será inexigível quando houver inviabilidade de competição. O art. 25 da Lei n. 8.666/1993 prevê três hipóteses exemplificativas de inexigibilidade, quais sejam:
 
• Para aquisição de materiais, equipamentos, ou gêneros que só possam ser fornecidos por produtor, empresa ou representante comercial exclusivo, vedada a preferência de marca, devendo a comprovação de exclusividade ser feita através de atestado fornecido pelo órgão de registro do comércio do local em que se realizaria a licitação ou a obra ou o serviço, pelo Sindicato, Federação ou Confederação Patronal, ou, ainda, pelas  entidades equivalentes;
 
• Para a contratação de serviços técnicos enumerados no art. 13 da Lei n. 8.666/1993, de natureza singular, com profissionais ou empresas de notória especialização, vedada a inexigibilidade para serviços de publicidade e divulgação;
 
• Para contratação de profissional de qualquer setor artístico, diretamente ou através de empresário exclusivo, desde que consagrado pela crítica especializada ou pela opinião pública.
 Melhor Técnica
 Os procedimentos a serem adotados nas licitações do tipo "melhor técnica" estão dispostos no art. 46, § 1o., incs. I a IV da Lei n°. 8.666/93, e se constituem basicamente em:
    a) Concluída a fase de análise da documentação, serão abertos os envelopes contendo as propostas técnicas somente das licitantes que forem habilitadas;
    b) Abertas as propostas técnicas, essas serão avaliadas e classificadas de acordo com os critérios previstos no edital, levando-se em conta, especialmente, a capacitação e a experiência do proponente, a qualidade técnica da proposta, o que inclui a análise da metodologia, organização, tecnologias e recursos materiais a serem utilizados para a realização do objeto licitado, além da  qualificação técnicas das equipes que serão mobilizadas para a consecução do objeto;
    c) Após o término da classificação da proposta técnica, proceder-se-á à abertura das propostas de preço das licitantes que tenham atingido a pontuação mínima na proposta técnica, a qual estará previamente estabelecida no edital;
    d) A seguir, serão adotadas as providências para a negociação das condições ofertadas com a proponente melhor classificada na proposta técnica, a fim de que ela execute o objeto no valor proposto pela primeira colocada em preço;
    e) Na hipótese de não restar frutífera a negociação constante do item anterior, esse mesmo procedimento será adotado, sucessivamente, com as demais licitantes, na ordem de classificação da proposta técnica, até que se concretize o ajuste;
    f) As propostas técnicas e de preço serão devolvidas, invioladas, às licitantes que não forem habilitadas, e as propostas de preços também serão restituídas, invioladas, às licitantes que não obtiveram a pontuação mínima na proposta técnica, após, é claro, respeitados todos os prazos recursais. 
Portanto, neste tipo de licitação deverão ser utilizados três envelopes: um para a documentação, um para a proposta técnica e outro para a proposta de preços.
 
Como se percebe, a licitação do tipo "melhor técnica", como o próprio nome induz, tem por objetivo selecionar propostas em que não haja a prevalência do preço, e sim da técnica.
É importante salientar que o instrumento convocatório deverá conter o preço máximo a ser pago pela Administração, para o fim de balizar as ofertas feitas pelas licitantes. Além disso, deverá conter a nota mínima a ser obtida na proposta técnica para que ela seja considerada "classificada", a qual deverá ser computada por critérios objetivos.
Conforme exposto, na licitação do tipo "melhor técnica" está presente a figura da negociação, já que a Administração indaga ao autor da proposta técnica classificada em primeiro lugar, se ele se propõe a executar o objeto pelo montante disposto na proposta de preços que obteve a primeira colocação.
Uma outra questão que deverá estar bem definida no edital, para que não haja interpretações diversas, é a capacitação técnica tanto da fase de habilitação, quanto da fase de julgamento da proposta técnica, visto que a primeira se refere à licitante, para se verificar sua capacidade e experiência, e a segunda, à proposta propriamente dita (metodologia, tecnologia, recursos pessoais e materiais, etc.).
Técnica e Preço
As licitações do tipo "técnica e preço", como dispõe a própria nomenclatura, buscam conjugar dois fatores: a técnica e o preço.
O procedimento para a licitação do tipo "técnica e preço" está previsto no art. 46, § 2o., incs. I e II da Lei n°. 8.666/93, sendo que o critério de seleção da proposta mais vantajosa para a Administração se faz pela média ponderada das notas dadas à proposta técnica e à proposta de preço, de acordo com os pesos e critérios definidos no edital.
Salienta-se que neste tipo de licitação a proposta técnica também deverá atingir uma pontuação mínima para que seja considerada classificada, passando-se à abertura da proposta de preço.
Portanto, para este tipo de licitação, assim como nos certames do tipo "melhor técnica", convém solicitar a apresentação de três envelopes.
 Maior Lance ou Oferta
O tipo de licitação "maior lance ou oferta" deverá ser utilizado nos casos de alienação de bens ou concessão de direito real de uso, haja vista a necessidade da Administração em receber o maior valor possível para os bens e serviços a serem vendidos ou colocados à disposição de terceiros.
Neste tipo de licitação será imprescindível que o edital disponha um valor mínimo para o início da sessão de lances, a fim de balizar a oferta dos participantes, sendo que esse valor deverá ser resultado de uma avaliação prévia do objeto, feita pela própria Administração.
Nas alienações, geralmente, esses lances serão oferecidos de forma verbal, e deverão ocorrer em sessão pública com data, horário e local previamente definidos no edital.
Com relação às concessões de direito real de uso, a praxe é a apresentação de proposta escrita com o lance ofertado.
Independentemente da forma, todos visam à obtenção da proposta que traga mais benefícios à Administração e, conseqüentemente, ao interesse público.
O Critério de Desempate
Se no julgamento da licitação ocorrer o empate entre duas ou mais propostas em igualdade de condições, o § 2o. do art. 45 da Lei n°. 8.666/93 estipula que, inicialmente, como critério de desempate, faz-se necessário verificar se o bem ou serviço é produzido no país, em detrimento aos importados, ou seja, assegura-se uma preferência a bens ou serviços produzidos no Brasil. Isso está disposto no art. 3o., § 2o., inc. II  do mesmo diploma legal.
 Quanto aos incs. I e III do referido artigo, esses também se constituíam em critérios de desempate em igualdade de condições. No entanto, perderam sua eficácia por força da Emenda Constitucional 6/95, que revogou o art. 171 da Constituição Federal, o qual trazia as definições de empresa brasileira e empresa brasileira de capital nacional.
 Caso não se verifique a hipótese de bem ou serviço produzido no país, persistindo o empate, a definição da proposta vencedora será dada por sorteio, em ato público, com a convocação dos interessados.
 HABILITAÇÃO
Habilitação é a fase do procedimento em que a Administração verifica a aptidão do candidato par a futura contratação. A inabilitação acarreta a exclusão do licitante da fase do julgamento das propostas, e embora seja uma preliminar desde, vale como um elemento de aferição para o próprio contrato futuro, que é, de regra, aliás, o alvo final da licitação. A Administração não pode fazer exigências indevidas e impertinentes para a habilitação do licitante.A própria Constituição, ao refere-se ao processo licitação, indica que este “somente permitirá as exigências de qualificação técnica e econômica indispensáveis à garantia do cumprimento das obrigações” (ar. 37 XXI). No sentido, já decidiu o STJ que as exigências na licitação devem compartibilizar-se com seu objetivo, de modo que “a ausência de um documento não essencial para a afirmação do juízo sobre habilitação da empresa não deve ser motivo para afastá-la do certame licitatório.”[3]
Nas palavras do professor CARVALHO FILHO (2010), são elecandas cinco aspectos que medem a habilitação do candidato:
4.1 Habilitação jurídica
O primeiro aspecto diz respeito à regularidade formal ou jurídica do candidato, sobretudo no que diz respeito à sua personalidade jurídica. Então, urge exibir, conforme o caso, a carteira de identidade, o contrato social, sua inscrição no registro próprio etc. na habilitação jurídica se discute também questão da possibilidade jurídica de participar do certame; sob esse aspecto, foi vedada a participação de cooperativas de mão de obra por caracterizar-se a hipótese como recrutamento de pessoal dissimulado e ilegal[4].
4.2 Habilitação técnica
É o meio de verificar-se a aptidão profissional e operacional do licitante para a execução do que vier a ser contrato, e pode ser genérica, especifica e operativa.  A primeira diz respeito à inscrição no órgão de classe (O CREA, por exemplo); a segunda serve para comprovar que o candidato já prestou serviço idêntico a terceiros, o que é feito através de atestados fornecidos por pessoas de direito público ou privado, devidamente registrados nas entidades profissionais competentes (art. 30, Par. 1º, do Estatuto); e, a terceira, para comprovar que a estrutura da empresa é compatível com o vulto e a complexidade do objeto contratado.
Tem havido controvérsias quanto a clausula constante de alguns editais licitatórios através da qual são fixadas exigências para que os participantes atendam a determinados requisitos de ordem técnica, além dos atestados comprobatórios de serviços prestados a outras pessoas públicas ou privadas (art.30, par. 1º), com o objetivo de demonstrar sua capacidade profissional. Para alguns, o veto aposto ao art. 30, par. 1º, II, indica que bastam os atestados. Para outros, é possível que o edital fixe condições especiais para tal comprovação, de acordo com a complexibilidade do objeto do futuro contrato, invocando-se, como fundamento, o art. 37, XXI, da CF/88, que alude a “exigência de qualificação técnica”. Em nosso entender, esta é a melhor posição, desde que, é obvio, não haja o intento de burlar o principio da competitividade que norteia as contratações na Administração. Todavia, justificados o interesse e a necessidade públicos aferidos pelo administrador, não há como impedir que, em certas situações especificas, sejam estabelecidas condições particulares que denunciem a qualificação operacional dos participantes.
Observe-se que a lei exige a prova da capacidade técnica operativa da pessoa jurídica participante, e não dos profissionais que compõem o quadro, como dispõe o art. 30, para. 1º, I. Por isso os atestados devem ser expedidos em seu nome.[5]
Em relação aos profissionais, que a lei exige seus nomes informados ao órgão licitante e indicados os que serão responsáveis pelos trabalhos (art. 30, II), bem como impõe que esses profissionais “deverão participar da obra ou serviço objeto da licitação”, admitindo-se, sua substituição por outros de experiência equivalente ou superior (art.30, par. 10).
4.3 Qualificação econômico-financeira
É o conjunto de dados que fazem presumir que o licitante tem “capacidade par satisfazer os encargos econômicos decorrentes do contrato”. (MEIRELLES, 209. P.303). São requisitos exigíveis para tal situação:
4.3.1 balanço patrimonial e demonstrações contábeis do último exercício social;
4.3.2 certidão negativa de falência e concordatas; e
4.3.2 garantia de, no máximo, 1% do valor estimado para contrato.
Tendo em vista o objeto da contratação, pode a Administração estabelecer exigência de capital mínimo, ou de patrimônio liquido mínimo, desde que prevista no edital. O capital mínimo ou valor do patrimônio líquido, porém, não poderão exceder a 10% do valor estimado para o contrato (art. 31, par. 2º e 3º).
Como essa exigência vale somente como dado objetivo de comprovação da qualidade econômico-financeira dos licitantes, as referências ao capital mínimo e ao patrimônio liquido mínimo devem corresponder aos valores existentes na data da apresentação das propostas, e não em momento anterior, sendo licito, então, até mesmo atualizar os valores para ficarem pertinentes com a data da apresentação das propostas.
4.4 Regularidade fiscal
É a prova de que o participante está quite com suas obrigações fiscais federais, estaduais e municipais. Deve, contudo, provar sua inscrição nos cadastros fazendários cabíveis e provar a regularidade relativa á seguridade social e ao fundo de garantia (art. 29, I a IV). Entretanto, ainda que haja previsão no edital, não pode o interessado ser compelido a apresenta certidões não expedidas pelos órgãos fazendários do Município em que se situa a sede do estabelecimento, pois que tal exigência afetaria a igualdade dos participantes, com a exclusão daquele que não cumpriu requisito por absoluta impossibilidade jurídica e material.
No que se refere aos encargos devidos à previdência social, resultantes da execução do contrato, a Administração é solidariamente responsável com o contratado por eventuais débitos desde. Sendo assim, será necessário que, durante todo o curso do contrato, a Administração verifique se o contratado está recolhendo regularmente as contribuições previdenciárias.
Neste sentido são valiosas as lições de MELLO (2010.p. 594):
“No que tange à prova de regularidade com as fazendas Públicas, anotou que já não mais se fala em “quitação” com a Fazenda Pública, mas em “regularidade” com o Fisco, que pode abranger a existência do débito consentido e sob o controle do credor. Donde, será ilegal o edital que exija prova de quitação. Além disto, o licitante pode haver se insurgido contra o débito por mandado de segurança ou outro meio pelo qual o questione ou questione seu montante. Há de se ter por certo que “a exigência de regularidade fiscal não pode sobrepor-se à garantia da universalidade e do monopólio da jurisdição”. Donde, se a parte estiver litigando em juízo sobre o pretendido débito, tal circunstancia não poderá ser um impedimento a que participe de licitações.”
Reportando-se á exigência de regularidade fiscal em face do art. 195, par. 3º, da CR/88, que proíbe contrato com o poder Publico a quem esteja em débito com a seguridade social, averba FIGUEIREDO (2008, p. 618):
“Mister, todavia, a interpretação correta do que seja estar em debito”. Estar em débito exige que haja divida inscrita e, demais disto, que não haja qualquer suspensão da exigibilidade do credito, quer seja por recursos administrativos dotados de suspensividade, quer seja por decisão judicial. Assinale-se, outrossim, que a certidão positiva com efeito de negativa também é possível.”
5 Cumprimento do dispositivo no inciso XXXIII do art.7º da CG/88 (art. 27 do Estatuto, sendo que este último requisito foi acrescentado pela Lei 9.854, de 27.10.1999).
Por fim, constitui também requisito de habilitação o cumprimento, pelo participante, do dispositivo no art. em comento: Art. 7º  - São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição social: XXXIII - proibição de trabalho noturno, perigoso ou insalubre a menores de dezoito e de qualquer trabalho a menores de dezesseis anos, salvo na condição de aprendiz, a partir de quatorze anos; (Alterado pela EC-000.020-2000). Esse requisito denota a preocupação do legislador com o trabalho do menor. Segundo o citado mandamento constitucional, que sofreu alteração pela EC nº 20/98, é proibido o trabalho noturno, perigoso ou insalubre aos menores de dezoito anos e de qualquer trabalho aos menores de dezesseis,ressalvando-s apenas a condição de menor aprendiz, a partir de quatorze anos. Desse modo, para que o participante da licitação possa ser habilitado, deve comprovar, pelos meios adequados, que não possui, em seu quadro de empregados, menores em situação vedada pela Constituição da República. Não comprovado esse requisito, ou violando a norma constitucional, será ele inabilitado no procedimento licitatório.
Vistos os fatores alinhados no Estatuto como necessários á habilitação dos participantes, vale à pena averbar que tais fatores devem ser analisados dentro de critérios de legalidade e de razoabilidade a fim que não seja desconsiderado o postulado da competitividade, expresso no art. 3º, parágrafo único, daquele diploma. Deve o administrador, ao confeccionar o edital, levar em conta real objetivo e a maior segurança para a Administração, já que está é a verdadeira mens legis. Sendo assim, não lhe é licito descartar, pela inabilitação, competidores que porventura apresentem falhas mínimas, irrelevantes ou impertinentes em relação ao objeto do futuro contrato.
 modalidades, sistema de registro de preços (srp), procedimento, anulação, revogação, recursos administrativos, crimes e penas, microempresas e empresas de pequeno porte, regime diferenciado de contratações públicas (rdc), licitações internacionais;
CONTRATOS ADMINISTRATIVOS;
CONVÊNIOS ADMINISTRATIVOS;
CONSÓRCIOS PÚBLICOS;
serviços públicos: conceito, características, classificação, titularidade, princípios, remuneração, usuários, execução do serviço, novas formas de prestação dos serviços públicos;
CONCESSÃO E PERMISSÃO DE SERVIÇOS PÚBLICOS;
PARCERIAS PÚBLICO-PRIVADAS;
ADMINISTRAÇÃO DIRETA E INDIRETA;
SERVIDORES PÚBLICOS: 
conceito, características, classificação, agentes públicos, organização funcional, concurso público, acumulação de cargos e funções, estabilidade, responsabilidade dos servidores públicos;
CONTROLE DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA:
meios de controle administrativo, meios de controle judicial, controle legislativo, processo administrativo;
E BENS PÚBLICOS: 
conceito, classificação, afetação e desafetação, regime jurídico, aquisição, gestão dos bens públicos, alienação, espécies de bens públicos.

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