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Consequências de duas definições de la langue no Curso de Linguística Geral de Ferdinand de Saussure

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Consequências de duas defi nições de la langue no Curso de Linguística Geral...
This content is licensed under a Creative Commons Attribution License, which permits unrestricted use and 
distribution, provided the original author and source are credited.
D.E.L.T.A., 34.3, 2018 (799-813)
D E L T A
http://dx.doi.org/10.1590/0102-445054670566254394
Consequências de duas defi nições de la langue no 
Curso de Linguística Geral de Ferdinand de Saussure*
Some consequences of the two distinct defi nitions of la 
langue in Saussure’s Cours de Linguistique Général
Maria Francisca Lier-DeVitto
(Pontifícia Universidade Católica de São Paulo - Faculdade de Filosofia Comunicação 
Letras e Artes/Departamento de Linguística/Programa de Estudos Pós-Graduados em 
Linguística Aplicada e Estudos da Linguagem/Divisão de Educação e Reabilitação dos 
Distúrbios da Comunicação - São Paulo - São Paulo - Brasil)
ABSTRACT
This article takes into account the astonishing verifi cation that the 
fundamental concept, introduced by “the father of Linguistics”, was 
fruitless within the fi eld it appeared and was elaborated. Saussure is 
mentioned as the organizer of ideas about language, as the formulator of 
famous dichotomies, but the idea of la langue as the “object of Linguistics” 
and its possible consequences were not the focus of interest. Exceptions 
were, no doubt, Benveniste and Jakobson. On the whole, la langue, as 
“symbolic functioning”, neither reducible to any particular language 
nor with grammar, did not guide the approach to Saussure. It should be 
pointed out that Saussure’s destiny was quite different outside de fi eld of 
Linguistics: Lévi- Strauss and Lacan are glaring examples of the impact of 
Saussure’s ideas in Anthropology and in Psychoanalysis. Two confl icting 
defi nitions of la langue can be found in the Cours de Linguistique Générale. 
* Este artigo é versão ampliada e modifi cada de artigo publicado em livro, pela EDUFU, 
em 2016. 
Ana Carolina Vilela-Ardenghi & Ana Raquel Motta
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This article puts forth and explores the argument that one of them is at 
the bases of the devitalizing reading, mentioned above, and the other, 
that one which sustains the negative reasoning which relates la langue 
to the notion of “value” , is responsible for the fructiferous effects of that 
concept in other realms.
Key-words: the object of Linguistics; two defi nitions of la langue; 
Saussure and Linguistics, Saussure and the Human Sciences. 
RESUMO
Este artigo nasce da constatação de que o pensamento do “pai da 
Linguística” não rendeu no campo dos estudos linguísticos. Saussure é 
mencionado como organizador de ideias sobre a linguagem, como quem 
formulou famosas dicotomias, mas a novidade saussuriana , representa-
da por la langue – o objeto perene e universal da linguagem - não teve 
incidência na produção linguística depois de Benveniste e Jakobson. Este 
não foi o destino de Saussure em outras ciências humanas. Levi Strauss e 
Lacan são exemplos maiores do impacto de Saussure fora de seu campo 
próprio. Há, no Curso de Linguística Geral, duas defi nições de língua, de 
certo modo confl itantes. Desenvolve-se, aqui, o argumento de que uma 
delas está na base da leitura desvitalizante de Saussure e outra, aquela 
que introduz o pensamento do negativo, vem como solo da produtividade 
que pode ter em outros campos.
Palavras-chave: objeto da linguística; duas defi nições de la langue, 
Saussure na Linguística, Saussure nas Ciências Humanas. 
Introdução
Na medida em que refl ita autenticamente o pensamento de Saussure, o 
Curso já não poderá se considerado como a fundação da Semiologia, mas, 
se muito, como o seu questionamento radical: signifi ca dizer que ela não 
contém seu exórdio, mas, de certa forma, o seu encerramento. (AGAMBEN, 
[1993] 2007:242). 
 
[Saussure] é “um clássico” a que sempre se faz referência, mas que não se 
lê. (RODRIGUES, 1980:40)
 Brasil-paraíso: estereótipo e circulação
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Saussure é inegavelmente um clássico1. Nos termos de Foucault, 
ele seria um daqueles homens com o poder criador de “instaurar 
uma tradição... dentro da qual outros autores podem se colocar” 
(FOUCAULT, [1983]2002:57). Saussure perfaz a condição de autoria 
na medida em que seu pensamento criou “a possibilidade e a regra” 
de afetação e construção de outros textos. Pode-se reconhecer que a 
novidade saussuriana promoveu aberturas teóricas e descritivas inu-
sitadas e heterogêneas na Linguística; aberturas, essas, que ressoam 
de forma produtiva e de modos particulares nas obras de Benveniste, 
Jakobson e Hjelmslev. O vigor/rigor da racionalidade saussuriana 
sobre a linguagem ultrapassou, de forma notável, as fronteiras da 
Linguística e afetou diferentes campos das ciências humanas2. A 
produção estruturalista, principalmente na Europa, atesta a força do 
“corte saussuriano” (PÊCHEUX, 1969:63, tradução minha). Dosse 
diz, a esse respeito, que: “O estruturalismo não é um método novo: é 
a consciência desperta e inquieta do saber moderno” (DOSSE, 1992: 
222) (ênfase minha).
De fato, Saussure não introduz “um método”: ele suspende mé-
todos e descrições gramaticais (LEMOS et alli, 2003:173 tradução 
minha) – ele introduz uma nova racionalidade, que se faz notar em 
suas concepções inusitadas de linguagem e de unidade linguística; 
na enunciação de um “objeto concreto e integral” (SAUSSURE, 
[1916]1969:15) da Linguística; na sustentação da supremacia das ope-
rações do sistema sobre seus elementos, na instituição do “signifi cante 
linguístico” e, ainda e acima de tudo, na implicação da noção de valor 
na refl exão sobre a linguagem, que suspende a ideia sedimentada de 
que a linguagem “é uma lista de termos que corresponderiam a outras 
tantas coisas” (SAUSSURE, [1916]1969:79). Foi, sem dúvida, esse 
conjunto de originalidades articuladoras que “abriu espaço para outra 
coisa diferente” sem deixar, no entanto, “de pertencer ao que a fundou” 
(FOUCAULT [1983]2002:60).
1. Maria Aparecida dos Santos (2015) discute, em sua tese: Autoria: as injunções do jogo 
signifi cante, questões ligadas à autoria, desde uma perspectiva que implica o pensamento 
de Saussure. 
2. Ver, a esse respeito, Dosse, F. (1991): A História do estruturalismo I e II. 
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Lacan, em O Seminário: Livro XI, muito depois de 1956, qualifi ca-
do como sendo o ano do início de seu ensino3, dirigindo-se às pessoas 
que, em 1964, iniciavam suas participações nos Seminários, critica o 
desprezo dos analistas pela fala (o único instrumento que sustenta a 
práxis do analista), sublinhado ter sido preciso revalorizá-la “para lhe 
devolver dignidade”. Para isso, ele recorreu à Linguística, “cujo modelo 
é o jogo combinatório operando em sua espontaneidade, sozinho, de 
maneira pré-subjetiva – [sendo esta] a estrutura que dá seu estatuto ao 
inconsciente” (LACAN [1964]1973:25-26) (ênfase minha), em passo 
e compasso com Lévi-Strauss (1962) que pode, a partir de tal modelo 
de ciência, “explorar, estruturar, elaborar” o campo que ele “rotulou 
com o nome de Pensamento selvagem” (idem, ibidem, p. 25). Este 
preâmbulo nos coloca frente à verdade de que fundadores de discur-
sividade não estão sujeitos ao desgaste do tempo – eles são, digamos, 
“imortais”, fontes permanentes promotoras de caminhos e de novas 
direções argumentativas. 
Tal afi rmação não nos exime, mas exige, contudo, de interrogar 
sobre o modo de presença de Saussure na Linguística, principalmente 
quando se tem em conta uma pontuação contundente de Neidson Ro-
drigues feita em 1980 por ocasião do centenário da comemoração do 
nascimento de Saussure, na Faculdade de Filosofi a da Universidade 
Federal de Minas Gerais. Rodrigues registra a surpresa que o levou a 
ler, estudar, o Curso de Linguística Geral. Ele escreve:
as citações sobreSaussure se multiplicavam (...). Mas, curioso: Saussure 
manifestava-se, desde o início, como origem, mas... origem repudiada. Todos 
o citavam, não para assumi-lo, mas... para negá-lo. É origem, mas sua obra, 
importante como começo, recebia atestado de passado.
O fi lósofo continua: 
Apesar de referências e advertências (...) sobre a impoetância da obra de 
Saussure, e mesmo da afi rmação de que o « Curso levanta uma série intérmita 
de problemas 4, parecia-nos ver, em tais afi rmações, apenas uma espécie de 
elogio fúnebre » (RODRIGUES, 1980:41) (ênfases minhas).
3. Miller ([1984]1987) situa este momento como aquele que corresponde ao do início da 
teorização sobre o Simbólico e da aproximação à Linguística. 
4. Ver prefácio de Isaac Nicolau Salum à edição brasileira do Curso de Linguística 
Geral. 
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Estas considerações de Rodigues compõem-se com outra, de Cláu-
dia Lemos, proferida 15 anos depois, em 1995, desta vez em palestra 
na PUCSP, pela comemoração pelos 80 anos da morte de Saussure, 
promovida por psicanalistas: 
Revisitar a obra de Saussure serve hoje, aqui, para comemorar, isto é, para 
juntos lembrarmos os oitenta anos de sua morte. Por si só este evento, o de 
comemorar uma morte, é signifi cativo (....). Não é, com efeito, a Linguística 
que a comemora, mas a Psicanálise, representada aqui pelo Núcleo de Psi-
canálise do Departamento de Psicologia Clínica da PUCSP. Isso já diz do 
destino de uma obra, da vida e da morte que estão para além do tempo da 
vida e da morte de um autor (LEMOS, 1995 :41) (ênfase minha). 
Ambos os autores citados relacionam as menções a Saussure, na 
Linguística, a uma espécie de morte. Como entender essa situação? 
Somos instigados a refl etir sobre a obscura atualidade de Saussure no 
campo da Liguística até os dias de hoje 5. 
No colóquio, Saussure no século XX, realizado em 2001 na França 
e na Suiça, abordamos (LEMOS et alli, 2003) a forma de recepção 
de sua obra, melhor dizendo, o tipo de leitura que se realizou e que se 
tem realizado no campo dos estudos linguísticos. Após extensa pes-
quisa bibliográfi ca, apontamos para a leitura empirista, desvitalizante 
e encobridora da novidade sassuriana: 
Saussure não foi muito “além da sala de aula”, lugar em que as antinomias 
se perpetuaram como “a novidade” acrescentada por Saussure à história 
do pensamento linguístico (...). Nos anos 80 e 90, Saussure deixa de estar 
presente inclusive nas “salas de aula”, em que é simplesmente mencionado 
como o “pai da linguística moderna”, sem que a natureza da contribuição que 
lhe rendeu esse “título” seja sequer examinada. (LEMOS, et alli,2003:173) 
(ênfase minha).
Fato inegável é que, quando se pronuncia o nome de Saussure 
nos meios acadêmicos, ele soa, com frequência, como “homenagem 
5. Em 2013, no Brasil, foram realizados alguns eventos comemorativos dos 100 anos da 
morte de Saussure (em 22 de fevereiro de 1913). Em 2016, comemorou-se os 100 anos da 
publicação do Curso de Linguistica em evento realizado na UNICAMP, pelo GT ANPOLL: 
estudos suassurianos. Linguistas, independentemente da extensão do compromisso com o 
pensamento de Saussure, parecem admitir, portanto, que ele é « uma atualidade » 
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póstuma” (RODRIGUES, 1980:41). Não se tem podido ultrapassa ”a 
imobilidade instaurada com a redução de Saussure à nomeação de 
dicotomias” (LEMOS et alli, 2003:173 tradução minha). Desse modo, 
recolher efeitos da obra de Saussure, sua presença na Linguística não é 
tarefa muito fácil, embora não seja difícil concluir que a Linguística não 
chegou a tangenciar a novidade essencial presente no CLG. A leitura 
deste texto fundador foi guiada por um viés fi lológico, semiológico, que 
tendeu/tende a diluir o que ele contém de inusitado e revolucionário. 
Para sustentar este argumento, desenvolvo, neste artigo, um ponto que 
me parece decisivo na direção de leitura que se tem feito de Saussure; 
leitura, esta, que tem rendido poucos frutos na Linguística, embora outra 
tenha frutifi cado “do lado de fora”: Lévi-Strauss, por exemplo, funda a 
Antropologia Estrutural e Lacan empreende seu “retorno a Freud”. 
1. Sobre la langue
Em Saussure, linguagem é a língua (la langue) e a fala (la parole). 
Convém assinalar, de imediato, que a língua, “parte determinada e 
essencial” da linguagem (SAUSSURE, [1916]1969:17), é de natureza 
teórica, intelectual: é “objeto posto”, como assinalou Rodrigues (1980), 
não é da natureza de “objetos dados” (SAUSSURE, [1916]1969:15), 
empiricamente observáveis. Interessa esclarecer, também, que a língua/
la langue - objeto da Linguística – é “ao mesmo tempo integral [“um 
todo em si mesma”] e concreto” (idem, ibidem). Lembrando: Saussure 
pergunta no início do capítulo Objeto da Linguística: “Qual é o objeto 
ao mesmo tempo integral e concreto da Linguística”. Trata-se, como 
disse, de um objeto que é da ordem de um concreto inteligível, apre-
ensível em seus efeitos sensíveis e, portanto, diferente das abstrações 
gramaticais, defi níveis por propriedades6. A fala, a face empírica, maté-
6. A questão da relação concreto-abstrato merece refl exão verticalizada, que não cabe 
abordar neste artigo. Sucintamente, “concreto”, em grego, signifi ca “com–tudo”, “in-
teiro”, “completo”. Saussure, ao que tudo indica, está distante da ideia aristotélica de 
que apenas a substância seria concreta por ser ela composta de substrato ou matéria. Tal 
concepção de concreto liga-se à de entidades como algo tangível, no sentido de passível 
de ser experimentável pela sensação. Desses dois pontos de vista, somente as propriedades 
sensíveis poderiam ser da ordem dos “concretos”. La parole, face empírica e sensível da 
linguagem, enquadra-se nesse sentido de concreto. La langue, contudo, é concreta num 
sentido hegeliano. Se a Filosofi a, segundo seu conteúdo, seria “abstrata”, diz Hegel, ela 
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ria da Linguística, tem, diversamente, a natureza do concreto sensível, 
apreensível pela sensação7. 
A língua é o objeto da Linguística. Para Saussure: “o estudo da 
linguagem comporta, portanto, duas partes: uma essencial, que tem 
por objeto a língua...” (SAUSSURE, [1916]1969:27). Esta tese po-
sitiva comporta a tese negativa, qual seja de que a linguagem não é 
o objeto da linguística (MILNER [2002]2003:23), cujo argumento é 
que “o conjunto global da linguagem é incognoscível...” (SAUSSURE, 
[1916]1969:28), a linguagem, diz ele, é “multiforme e heteróclita, o 
cavaleiro de muitos domínios (...) não se sabe como inferir sua unidade” 
(SAUSSURE [1916]1969:17). Dele decorre que a linguagem não pode-
ria ser erigida como objeto “integral”, “universal”, de uma disciplina. 
Frente a uma espécie de quebra-cabeças conceitual, estabelecido pela 
complexa relação, postulada por Saussure, entre os termos linguagem, 
a língua, língua(s), fala - é preciso caminhar com cautela e rigor para 
que se venha a recolher consequências efetivas8. 
Um passo decisivo nesta direção corresponde, a meu ver, ao reco-
nhecimento da difi culdade que a obra de Saussure coloca e de comple-
xidades que a novidade introduzida envolve, entre elas, a de distinguir a 
língua (la langue) de uma língua. O objeto teórico é um funcionamento, 
que não comporta por princípio, singular ou plural. Uma língua/línguas, 
pertence ao domínio do sensível/audível, do concreto-sensível, como 
disse acima e fi cam, então, do lado de la parole: língua/línguas podem 
ser contadas, classifi cadas e, portanto, alojadas no espaço da “matéria” 
pode ser “concreta” quando trata de desenvolvimento dialético. Resumidamente, a questão 
do concreto hegeliano liga-se ao processodialético e articula-se à noção do “universal 
concreto”: a única coisa “plenamente real”. Trata-se, aqui, do universal que pode realizar-se 
concretamente e de modos muito diversos. La langue parece enquadrar-se no perfi l desse 
universal-concreto, que guarda algo do “realismo da abstração” de Platão, para quem ideias 
não são “diminuições” da realidade. Nesse caso, o “abstrato” enquanto “universal” é mais 
real do que o particular. Tal proximidade com a ideia de “concreto” em Platão, contudo, 
não é autorização para que se diga que la langue seja inata. 
7. Assim, “fala” é matéria sensível que, como tal, ultrapassa a esfera do enunciado. Ela 
está por tudo que possa ser apreensível pela sensação (como línguas, textos/discursos). 
La langue, por sua vez, não comporta singular ou plural, já que é signo de estrutura: tem 
funcionamento “perene e universal” (SAUSSURE, [1916]1969 RESUMO 
8. Ver “Le «saussurisme» en Amérique Latine au XXe siècle” (LEMOS, et alli 2003) e, 
também, de Lier-DeVitto (2015).
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da Linguística, i.e., no espaço de “todas as manifestação da linguagem 
humana” (SAUSSURE [1916]1969:13). 
Sem este cuidado primeiro, o sentido profundo da revolução saus-
suriana fi ca sob o risco de permanecer encoberto no campo dos estudos 
linguísticos9. Enfi m, la langue não equivale à língua/línguas e nem fala 
pode ser reduzida a “ato individual de vontade e inteligência”, de que o 
falante é senhor (SAUSSURE, [1916]1969:22). Fato é que “o percurso 
de Saussure na teorização sobre la langue - a língua – aponta para uma 
preocupação a respeito da fala” (SILVEIRA, 2013:55). Uma preocupa-
ção que fi ca como tensão latente em sua obra. Saussure morreu, lembra 
Silveira, antes de ministrar o seu último curso na Universidade de 
Genebra que teria como título, precisamente, Linguística da Fala. Este 
“curso não iniciado nos lega um conceito por se fazer” (SILVEIRA, 
2013:52). Não convém, portanto, simplifi car o problema. 
As considerações acima indicam ser preciso “ir e vir” no Curso, 
nos Escritos e nos manuscritos para apreender, na literalidade do texto 
e nas entrelinhas, como diz Rodrigues, o Saussure inovador, revolucio-
nário, e não um simples organizador de noções linguísticas e fundador 
de dicotomias. Contra a simplifi cação do pensamento de Saussure, 
somos convocados a “acordar de nosso sonho infantil” (RODRIGUES, 
1980:18); a abrir mão de uma posição de leitura que nos leva a encon-
trar no texto um já-sabido. Sim, leituras fi lológicas/semiológicas e/ou 
gramatical foram/são responsáveis pelo encobrimento da novidade que 
o Curso porta; leituras que deixaram em seu rastro o peso da “origem 
repudiada” e do “elogio fúnebre” (RODRIGUES, 1980:17). 
As dualidades são, a rigor, nada representativas da verdadeira 
“novidade saussuriana” – elas preparam a introdução da novidade, de la 
langue como o objeto integral da Linguística. As dicotomias, no Curso 
de Linguística Geral (CLG), são apresentadas como argumentos em 
favor das limitações de pontos-de-vista parciais, ainda que impliquem 
a complexidade de objetos com duas faces solidárias e iredutiveis: ,“... 
9. Na Filosofi a e nas Ciências Humanas, Saussure rendeu redirecionamentos teóricos 
fundamentais - nesses lugares, a noção de signifi cante e a radical mudança de raciocínio 
(de indutivo para dedutivo) produziram alterações radicais (Koyré [1943]1991; Fachini, 
(2013). 
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o fenômeno linguístico apresenta perpetuamente duas faces que se 
correspondem e das quais uma não vale senão pela outra e, mais: 
(...) qualquer que seja o lado por que se aborda a questão, em nenhuma parte 
se nos oferece integral o objeto da Linguística (...). Há, segundo nos parece, 
uma solução para todas essas difi culdades: é necessário colocar-se no terreno 
da língua e toma-la como norma de todas as outras manifestações da lingua-
gem. De fato, entre tantas dualidades, somente a língua parece suscetível 
duma defi nição autônoma e fornece um ponto de apoio satisfatório para o 
espírito. (SAUSSURE, [1916]1980:16 -17) (ênfases minhas).
A língua é o objeto integral e a solução saussuriana para as difi -
culdades colocadas pelas abordagens tradicionais da linguagem (gra-
matical e fi lológica), que a fragmentam em estratos plurais (fonético, 
fonológico, morfológico, sintático, semântico e assim por diante). Ao 
contrário disso, propõe Saussure, “a língua é um todo em si mesma e 
um princípio de organização” (SAUSSURE, [1916]1969:16-7). Em 
outros termos: “é a língua que faz a unidade da linguagem” (SAUS-
SURE, [1916]1969:18) - ela é passível de ser “o objeto” de uma área 
de saber, que, de um ponto de vista lógico, não poderia ser parcial e 
diversifi cado. Esse objeto integral/teórico abrange toda a diversidade 
empírica, toda a “assistematicidade” das manifestações da linguagem. 
Interessa reafi rmar que la langue é um funcionamento governado por 
operações in praesentia e operações in absentia, que articulam as leis 
de referência interna do sistema. 
Tendo assentado este ponto de partida, introduzo o problema, 
indicando a constatação incômoda de que há, no Curso de Linguística 
Geral, duas defi nições de língua, em grande medida, confl itantes. Elas 
produzem, a meu ver, consequências decisivas: os dois vértices de tra-
balhos que se desenvolveram/desenvolvem a partir de leituras do texto 
fundador – são dois caminhos diferentes e divergentes. Na página 24, 
do Curso de Linguística Geral lê-se: 
A língua é um sistema de signos que exprimem ideias (SAUSSURE, 
[1916]1969:24).
Esta defi nição aparece num parágrafo que precede aquele em que 
Saussure sugere a instituição de “uma ciência que estude a vida dos 
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signos no seio da vida social” a Semiologia, que, diz ele, deveria ensinar 
“em que consistem os signos, que leis os regem” (SAUSSURE, [1916] 
1969:24). Saussure acrescenta a isso que, para abordar adequadamente 
o problema semiológico, é preciso “formulá-lo convenientemente”, ou 
seja, discuti-lo na referência à “língua em si” (SAUSSURE, [1916] 
1969:24)Dito de outro modo, mesmo neste enquadre saussuriano, um 
linguista não estaria autorizado a estudar o signo desligado do sistema, 
como “unidade em si”. 
Historicamente, teorias de linguagem e teorias do signo eram trabalhadas 
separadamente. As teorias gregas de linguagem não recorrem ao signo; 
a noção de signo se desenvolve por si mesma, sem referência especial à 
linguagem. Nos estoicos, “signo” designa, fundamentalmente, uma forma 
de racionamento: do perceptível, deduzir um imperceptível. (MILNER, 
[2002]2003:28)
3. O signo linguístico
Conceber o signo como forma de racionamento situa (de forma 
implícita) a linguagem na mesma lógica. Daí resulta que ela fi ca en-
capsulada na ideia de que é nomenclatura: manifestação sensível do 
pensamento que é, em si, imperceptível. Mas Saussure vem depois de 
Port Royal, quando falar de linguagem envolvia falar de signo, ele “fez 
algo completamente diferente” (MILNER, [2002]2003: 29); seu modelo 
afasta a tradição da assimetria, da heterogeneidade (entre perceptível e 
imperceptível) – corte radical que parece ter escapado a muitos leitores 
do Curso. Contudo, é preciso reconhecer a complicação que decorre 
da defi nição de “língua como sistema de signos que exprimem ideias” 
propicia tal leitura. 
O problema reside também na concepção de que signos são ele-
mentos internos ao sistema enquanto unidades prévias, estabelecidas 
sem o concurso de suas operações próprias. De fato, nesta primeira 
defi nição de língua, há possibilidade de os signos serem considerados 
isoladamente, apesar do assinalamento de Saussure, mencionado acima, 
sobre a necessária referência ao sistema. Lê-se no CLG que: “há uma 
faculdadede associação e de coordenação que se manifesta desde que 
não se trate mais de signos isolados” (SAUSSURE [1916]1969:21) 
uma oscilação? Seria possível considerá-los isoladamente? Seria 
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possível entender que as operações de la langue incidiriam sobre 
elementos dados. Coloca-se aí, portanto, um problema lógico, que 
remete à questão da positividade do signo e do dilema de sua determi-
nação. Problema que Saussure procura enfrentar num longo percurso 
que corresponde à primeira e à segunda parte do CLG. Este percurso 
encaminha o raciocínio de dissolução da primeira defi nição e da 
elaboração da segunda 
A defi nição de língua como “sistema de signos” pode levar (e tem 
levado) ao entendimento de que o sistema é conjunto composto por 
elementos prévios sobre os quais incidem suas operações para produzir 
relações de sentido. Nesse ambiente, não se dissolve, de forma incisiva, 
as ideias de referência, nem de representação, que parasitam as noções 
de signo e de língua (como “nomenclatura”, diria Saussure). Parece-me 
que este assinalamento é relevante para nos aproximarmos do “corte 
saussuriano”, que envolve a diluição de todo e qualquer resíduo de 
substância do signo.
Saussure “fez algo completamente diferente”, assinalou: o signo 
saussuriano apoia-se na simetria e na reciprocidade; ele não é uma 
realidade que representa outra realidade (como no caso de relações 
assimétricas). De fato, Saussure fala em associação e em associação 
recíproca - é assim que as fl echas invertidas que escrevem o signo 
devem ser lidas (SAUSSURE, [1916]1969:80); nunca como relação de 
representação: “a relação do signo com a coisa signifi cada não importa 
absolutamente a Saussure”, sublinha Milner ([2000] 2003:30). Além 
disso, completa ele, “Saussure se serve da palavra signo com certa 
repulsa” (MILNER [2002]2003:31), impregnada que tal noção é da 
refl exão fi losófi ca. Podemos, de fato, considerar que, para Saussure, o 
signo linguístico “não é o objeto da teoria, mas o meio de expor uma 
teoria, cujo objeto é completamente outro” (MILNER, [1978]2012:57) 
(ênfase minha). Ele é o “meio”, o caminho da construção do signo lin-
guístico, ou melhor, da desconstrução do signo fi losófi co, que implica 
e sustenta a noção de representação. Desconstrução, esta, que segue 
na direção de sua dissolução pari passu com a implicação da noção 
de valor, cuja lógica exige interrogar a relação entre signifi cante e 
signifi cado – é o que ocorre quando Saussure afi rmar que o signo é 
“radicalmente arbitrário” (VILAR e CARVALHO, 2014). Esta solução 
abala a ideia de “unidade complexa”, que é avançada no início do CLG. 
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A arbitrariedade radical dilui, de fato, a “associação necessária” entre 
signifi cante e signifi cado10. Entende-se, assim, que Milner afi rme que 
“a palavra arbitrário resume, justamente, a ausência de toda relação” 
(MILNER [2002]2003:35).
Saussure afi rma: “a ideia de valor (...) nos mostra que é uma grande 
ilusão considerar um termo simplesmente como a união de certo som 
com certo conceito” (SAUSSURE [1916]1969:132) (ênfase minha). 
A modifi cação radical do signo - que corresponde ao abalo na ideia de 
“associação” - acomodada na defi nição de “língua enquanto sistema de 
signos” - obriga interpretar a “barra” como “barreira”, como resistência 
à união entre signifi cante e signifi cado i.e., como “impossibilidade 
do signo de produzir-se na plenitude da presença”; produzir-se como 
positividade (AGAMBEN, 2007:246). 
Esta profunda modifi cação no estatuto do signo em relação ao jogo 
do sistema é solidária à postulação da segunda defi nição de la langue 
no Curso de Linguística Geral, qual seja:
A língua é um sistema de valores puros (SAUSSURE [1916]1969:130).
Decorrência direta e lógica desta defi nição de la langue é a de que 
signos são efeitos das relações do sistema e não elementos (prévios) em 
relação ao sistema, que possam ser considerados isoladamente. Fica 
claro, portanto, que o la langue é mobilidade simbólica e que o signo é 
valor que se estabelece, ganha consistência provisória, no “só depois” 
das operações do sistema. Elimina-se, desse modo, qualquer suspeita 
sobre sua positividade. Na teoria do valor, Saussure libera o signo de 
qualquer motivação ligada à substância conceitual ou fônica. 
Sendo assim, não se está autorizado, nos termos saussurianos, a 
abordar a problemática do signo desligada das operações do sistema, 
como se o signo pudesse ser tratado como “unidade em si”. Tal exigên-
cia não parece ter sido acolhida por linguistas, como insisto neste artigo. 
A complicação que decorre da defi nição de “língua como sistema de 
10. Não se pode ignorar aqui a brilhante discussão de Benveniste sobre o “arbitrário 
do signo”. Embora de grande relevância e destaque, este artigo não abala a força da 
construção-dissolução da signo por Saussure, construção que permitiu Lacan recolher e 
retirar de Saussure a primazia do “signifi cante”. 
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signos que exprimem ideias” é que ela propicia a leitura de que os 
signos, como elementos internos ao sistema, sejam unidades já prontas, 
estabelecidas sem o concurso das operações do sistema, i.e., dos eixos 
sintagmático e associativo, que incidiriam sobre elementos dados para 
produzir relações de sentido. Nesse ambiente, não se pode vislumbrar a 
radical diferença que há entre signo fi losófi co e signo linguístico, nem 
se faz valer a força das leis de referência internas ao sistema. 
Considerações fi nais
Resumidamente, a primeira concepção do objeto da Linguística 
joga luz sobre “a experiência de impasse”, como diz Agamben a res-
peito de Saussure, um homem que buscou eliminar todo e qualquer 
resíduo de positividade do coração da linguagem. A primeira defi nição 
introduz, contudo, o signo como problema por conter o dilema de sua 
determinação Saussure desata este nó ao elaborar a segunda defi nição: 
A língua é um sistema de valores puros. Deveria bastar, entretanto, a 
palavra de Saussure no Curso: “a ideia de valor (...) nos mostra que é 
uma grande ilusão considerar um termo simplesmente como a união 
de certo som com certo conceito”. A leitura de Agamben é cortande: 
a barra entre signifi cante é “traço de resistência à união entre signifi -
cante e signifi cado” (AGAMBEN, [1993] 2007:246) . Não foi outra a 
interpretação de Lacan. Com a segunda defi nição de língua como um 
sistema de valores puros e do entendimento do signo linguístico como 
efeito das relações do sistema, penetramos no domínio da negatividade 
em que o sistema é mobilidade simbólica e o signo é valor fl utuante, 
defi nido no “só depois” das operações do sistema. Saussure libera o 
signo de qualquer motivação ligada à substância conceitual ou fônica: 
“valores [são] inteiramente negativos e relativos: o vínculo entre a ideia 
e o som é radicalmente arbitrário”, (SAUSSURE [1916]1969:132), 
conclui Saussure ([1916]1969:132), no Curso de Linguística Geral. 
Uma leitura pela via do negativo permite considerar que o projeto 
semiológico foi sugerido, mas abortado pelo próprio Saussure. Essa é 
a conclusão de Agamben ([1993] 2007:242) que está como epígrafe 
deste texto. Para ele, o Curso de Linguística Geral “não contém seu 
exórdio, mas, de certa forma, o seu encerramento”. Pode-se, porém, 
que a noção de signo continua, na Linguística, presa uma “redução 
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metafísica do signifi car”, ou seja, ao signo como relação positiva den-
tre imagem acústica e conceito, independente do sistema (do objeto 
da linguística). Enfi m, a Linguística fi xou-se na defi nição de que “a 
línguaé um sistema de signos que expressam ideias”. Nela, portanto, 
fl oresceu uma direção que encobriu a novidade da introdução de um 
pensamento sobre a linguagem como domínio de diferenças eterna-
mente negativas. Nesse sentido é que Saussure representa “um corte” 
em relação a todo pensamento linguístico e à tradição metafísica que o 
precederam. Saussure instala um novo saber, uma nova discursividade: 
ele é UM e não “mais um” na história das ideias linguísticas (LIER-
DeVITTO, 2013:114). Em territórios exteriores, de que a Antropologia 
e Psicanálise lacaniana são exemplos maiores e não únicos, foram ex-
pressivos e revolucionários os efeitos do pensamento da diferença e do 
negativo que está em Saussure. Dois caminhos diferentes e divergentes. 
Manter encoberta a novidade saussuriana a imobiliza, mas desvitaliza 
igualmente o campo em que ela apareceu. A força de seu movimento 
transparece, contudo, em campos vizinhos.
Recebido em: 27/12/2016
Aprovado em: 17/05/2017
E-mail: fl ier@pucsp.br
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