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335Relações de dominação e resistência na sociedade ocidental moderna História justificou sua decisão em função da brutal repressão desencadeada pe- los príncipes alemães contra o movimento. Leia o que escreveu o filó- sofo Friedrich Engels (1820-1895) sobre a posição dos príncipes com relação à rebelião dos camponeses na Alemanha, no século XVI. Documento 5 Na Alemanha, a oposição “moderada, rica e inteligente” dos príncipes e das classes sociais domi- nantes, que desejava a separação de Roma, mas não a alteração da ordem social estabelecida, de- frontou-se com a oposição proletária dos camponeses e da população pobre das cidades. Ambas – a oposição ao Papa e ao Imperador – puderam permanecer aliadas um certo tempo, devido ao fato de que a mensagem de Lutero, enunciada com grande força de sedução, iludiu as massas, empurrando- as necessariamente à rebelião. Mas Lutero, assustado, desligou-se rapidamente de uma aliança tão comprometedora com as classes populares. Frente ao “reformador burguês” Lutero, levantou-se o “ re- volucionário plebeu” Münzer. Este, a princípio, era essencialmente um teólogo, influenciado pelos escri- tos milenaristas da Idade média. Mas, evoluiu rapidamente e se transformou em um “agitador político”. (Adaptado de ENGELS apud MARQUES, 1994, p. 106) • Leia o documento 5. Depois, escreva uma narrativa histórica comparando a reação dos príncipes e a de Lutero com relação ao movimento dos camponeses. ATIVIDADE Esse importante movimento, denominado Reforma Protestante (século XVI), levou outros pensadores a escreverem a respeito do assunto. Leia os textos 2 e 3 para que você possa enten- der melhor a relação da questão religiosa com as questões econômicas e sociais. Texto 2 A Reforma do século XVI teve um duplo ca- ráter de revolução social e revolução religiosa. As classes populares não se sublevaram so- mente contra a corrupção do dogma e os abu- sos do clero. Também o fizeram contra a miséria e a injustiça. Na Bíblia não buscaram unicamen- te a doutrina da salvação pela fé, mas, também a prova da igualdade original de todos os ho- mens. (HAUSER apud MARQUES, 1994, p. 107.). Texto 3 Não tomemos Münzer como um simples profeta da revolução social. Sua inspiração con- tinua sendo essencialmente religiosa. O que o faz indignar-se é que as condições de vida do povo impedem a este acesso ao Evangelho. Os pobres se acham tão oprimidos, tão preocupa- dos com o ganhar o pão de cada dia, que não têm tempo nem de ler a Bíblia nem de fortalecer sua fé com a oração e a contemplação. Lutero não compreendeu que não é possível uma au- têntica Reforma religiosa sem uma prévia revolu- ção social. (LECLER apud MARQUES, 1994, p.10.). 336 Relações Culturais Ensino Médio • Com base no texto 2, dê sua opinião sobre o pensamento deste historiador. Explique-a. • Leia o texto 3. Você concorda com a idéia de que uma Reforma religiosa não acontece sem uma reforma social? Explique. ATIVIDADE As guerras camponesas na Alemanha desencadearam, em 1525, o Manifesto dos Camponeses. Através desse documento, os camponeses fizeram suas reivindicações. Leia parte dessas reivindicações. Documento 6 Nosso modesto pedido e desejo, nossa opinião e vontade é que, no futuro, nos sejam dados poder e autoridade, para que cada comunidade possa eleger o seu pastor e, da mesma forma, possa demi- ti-lo, caso se porte indevidamente. Ele nos regará o Evangelho de maneira acessível e sem deturpá-lo, sem qualquer acréscimo de leis ou ensinamentos humanos. Até agora éramos tratados como escravos, o que é uma vergonha, pois, com seu precioso san- gue, Jesus Cristo nos salvou a todos, tanto ao mais humilde pastor quanto ao mais nobre senhor, sem distinção. Somos prejudicados ainda pelos nossos senhores, que se apoderam de todas as florestas. Se o pobre precisa de lenha ou madeira tem que pagar o dobro por ela. Nós somos de opinião que se en- contra em mãos de leigos ou religiosos que não a adquiriram legalmente. Nossa decisão e resolução final é a seguinte: se uma ou diversas dessas exigências não estiverem em consonância com a palavra de Deus, delas abriremos mão imediatamente, desde que se nos pro- ve, à base das Sagradas Escrituras, que elas estão em discordância com a vontade divina. (Adaptado de Manifesto dos Camponeses, 1525 apud MARQUES, 1994, p.129.). • Leia o documento 6 que contém o Manifesto dos Camponeses de 1525. Em seguida, faça uma narrativa histórica destacando as semelhanças e diferenças das reivindicações dos camponeses de 1525 com as reivindicações camponesas que ocorreram nos séculos XX e XXI. Considere seus respectivos contextos sócio-históricos. ATIVIDADE A aliança entre a classe pobre e as novas idéias religiosas foi mar- cante, independente do Estado, esse grupo ligou, de maneira indis- solúvel, aspirações religiosas e reivindicações igualitárias. Porém, os ricos burgueses não estiveram ausentes das primeiras fileiras protes- tantes e tampouco os príncipes, que, por outro lado, lutavam contra os camponeses, os artesãos e os burgueses momentaneamente unidos.
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