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371Relações de dominação e resistência no mundo do trabalho nos séculos XVIII e XIX História Texto 15 Onde quer que se olhe no mapa da Europa, e praticamente em qualquer momento, o século XIX apresenta a imagem compósita, mas clara de uma juventude inquieta ou rebelde: jovens, os carboná- rios franceses ou italianos da década de 1820, e a maioria dos decabristas russos; jovens, pelo me- nos como os que apresentou Delacroix em seu quadro mais célebre, os estudantes e os operários nas barricadas parisienses de Julho; jovens também os sequazes de Mazzini nos anos 1830; jovens ainda quase todos os heróis e mártires das revoluções de 1848 na Europa; jovens os “filhos” que se rebela- ram conta os pais na Rússia de 1860 e 1870, a de Turgeniev e de Dostoievski; jovens, igualmente in- telectuais que assumem a defesa do capitão Dreyfus na França dos anos 1890, e jovens os membros dos Wandervögel, os quais, depois da virada do século, agridem a burguesia guilhermina em suas tran- qüilas e industriosas certezas. A história da primeira parte do século XX confirmará a permanência des- sa equação jovens-rebeldes, quando na França e na Alemanha, na Inglaterra como na Itália, os porta- vozes da juventude européia invocarão as virtudes regeneradoras da guerra: um apelo às armas ao qual responderá, disciplinada, a geração de 1914. (LUZZATO apud LEVI, 1996, p.195.) Analise o texto 15, identificando sujeitos ou personagens históricos e seus contextos, construindo um quadro como este: PERSONAGENS HISTÓRICOS FATOS HISTÓRICOS DATA E LOCAL ATIVIDADE No século XVIII, a partir da Revolução Francesa, começou a se pro- pagar a idéia que considerava os jovens seres generosos e, ao mes- mo tempo, perigosos para a ordem política e social. A Revolução de- sencadeou, também, a prática da mobilização de jovens para a ação ou doutrinação política, com a fundação de uma escola em Paris que se propunha a reunir jovens de 16 e 17 anos, de todos as regiões da França, para treiná-los e doutriná-los no amor à pátria e contra o po- der tirânico. Na França do século XVIII, pós-revolução, muitos jovens se organi- zaram em grupos radicais ou associações juvenis como a Franco-Maço- naria. No século XIX, essas associações também foram organizadas em outros países europeus. O impulso geral das revoluções que ocorriam neste século, na França e em outras regiões da Europa e da América, dividiu-se, principalmente, em movimentos nacionalistas. Uma das su- as conseqüências foi o surgimento dos movimentos “jovens” da Euro- pa como, por exemplo, Jovem Itália, Jovem Polônia, Jovem Suíça, Jo- vem Alemanha, Jovem Irlanda. 372 Relações de poder Ensino Médio Texto 16 Entretanto, no mesmo século XIX, a onda revolucionária fazia frente também na arte-cultura, num fe- nômeno particular e importante que ficou conhecido como “Boêmia”. Após a desilusão com os movi- mentos revolucionários, em que as juventudes perceberam que tinham sido manipuladas pelos pode- rosos guardiões da ordem, as energias revolucionárias dos jovens, como os franceses, tomaram nova direção: estilos de vida amorais e anárquicos associados à vida boêmia. Os estudantes de Paris, aí nas- cidos ou oriundos das províncias, não tinham muito o que fazer além de gastar os dias nos cafés, lendo jornais, falando de política e de escândalos. A boêmia estabelece-se adquirindo uma figuração “exóti- ca” (desprezo ao trabalho, preocupação apenas com o presente, resistência à ordem e disciplina, cul- tivo do misticismo, ocultismo, religiões orientais e outros esoterismos). (Adaptado de GROPPO, 2000, p. 84-89.) As condições de vida na sociedade industrial, como a pobreza e o desemprego, propiciaram, ainda na Europa do século XIX, o apareci- mento de grupos de jovens denominados gangues. A maioria desses grupos tinha raízes locais e originava-se, quase sempre, das tradições de revolta e resistência dos segmentos pobres da sociedade. Conheça dois desses grupos: Ainda no século XIX, tiveram participação significativa “os boê- mios” que manifestavam a desilusão dos jovens com a política de sua época. Principalmente em Paris, grupos de estudantes reuniam-se nos cafés, lendo jornais, falando de política, escândalos, e criticando a ex- ploração do trabalho, a ordem estabelecida e a disciplina. Eles também contestavam o culto dos mais velhos ao passado revelando uma gran- de preocupação com o presente e o interesse por religiões orientais, misticismo e esoterismo. Texto 17 Ao que parece, é a partir de 1902 que o nome de Apaches passa a ser empregado para designar o bando de jovens cujos delitos faziam tremer. No sentido estrito, original, Apache designa os “jovens ma- landros dos subúrbios”. O Apache está ligado à grande cidade, mais precisamente a Paris dos bairros de periferia. Os Apaches cristalizaram um medo latente. Eles vivem em bandos bem organizados, onde as meninas são menos numerosas. Gostam de tatuagens, sinais de reconhecimento, símbolos bucóli- cos ou sentimentais, inscrições provocadoras ou fatalistas. O Apache tem três ódios: o burguês, o tira, o trabalho. Ele desdenha a sociedade estabelecida, condena as autoridades, despreza os trabalhado- res, operários, escravos. Seus fantasmas: fazer parte do horrível cortejo dos miseráveis e sem um tos- tão; ir à oficina, pior, à fábrica. Por que desperdiçar a juventude? (Adaptado de PERROT, 1988, p. 315-323.) Texto 18 Nesta mesma virada de século, mas limitada exclusivamente à Alemanha e parte da Áustria, uma outra manifestação juvenil aconteceu. Tratou-se do Movimento Juvenil Alemão, uma revolta cultural e quase política contra o “mundo” e os “valores dos adultos”. O movimento juvenil começou com o gru- po Wandervogel (“Pássaro Migrante”), no Ginásio de Steglitz, próximo de Berlim. Seus membros usa-
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