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e-Tec Brasil19 Aula 2 – Cerimonial no Brasil e sua evolução histórica Nesta aula abordaremos as primeiras cerimônias realizadas no Brasil e a sua evolução histórica, com destaque para algumas cerimônias im- portantes. 2.1 Introdução Para conhecermos como se deu a realização de cerimônias no Brasil, analisare- mos a sua evolução histórica, destacando os principais eventos realizados em nosso país. Desde o descobrimento do Brasil, em 1.500, podemos dizer que o cerimonial sempre esteve presente. Segundo Freitas (2001), os portugueses procuraram estabelecer regras para o convívio social, com a finalidade de mar- car historicamente sua presença e assegurar a posse para a coroa: O Cerimonial Brasileiro é herdeiro de fontes distintas da corte portu- guesa, da qual foi recebida a riqueza gastronômica e uma certa timi- dez provinciana. É herdeiro também dos costumes franceses e ingleses, dentre os quais predominam os franceses (2001, p. 34). 2.2 Cerimônias no Brasil Qual deve ter sido a primeira cerimônia em nosso país? Será que foi um baile de carnaval? O primeiro evento no Brasil foi um baile de carnaval, em um local destinado à realização de eventos, no ano de 1840 mas, não foi a primeira cerimônia realizada no Brasil. A primeira cerimônia foi a missa após a che- gada dos portugueses no litoral da Bahia conforme abaixo. 2.2.1 1ª Missa no Brasil Ao relembrarmos o descobrimento do Brasil, com a chegada das Caravelas ao litoral da Bahia, após a aproximação com os índios, como não conseguiam se comunicar devido a língua, realizaram a primeira cerimônia oficial em nossas terras em 26 de abril de 1.500 conforme segue: Figura 2.1: 1ª Missa realizada no Brasil em 26 de abril de 1500, num banco de coral na praia da Coroa Vermelha no litoral sul da Bahia, foi rezada uma missa de Páscoa. Fonte: http://tudoliturgia.wordpress.com/page/5/ No dia 26, o primeiro domingo após a Páscoa, por ordem do ca- pitão, o frade franciscano Henrique Soares de Coimbra rezou uma missa, no ilhéu da Coroa Vermelha, assistida pela tripulação, à dis- tância, e em ,terra firme, por cerca de 200 índios, dos quais, ao final da missa, “muitos se levantaram e começaram a tocar corno ou buzina, saltando e dançando por um bom tempo”. A tarde conti- nuou em clima de confraternização: “Passou-se, então, além do rio, Diogo Dias que fora tesoureiro da Casa Real em Sacavém, o qual é homem gracioso e de prazer; e levou consigo um gaiteiro nosso com sua gaita. (OLIVIERI, 2011) Para Lins (2001:17 Apud Silva, 2007) os ritos solenes do descobrimento, como a implantação do arco, da cruz e a celebração da Primeira Missa com- provam que o Brasil é o “único país do continente americano que cultiva o cerimonial em ritmo ininterrupto” há quinhentos anos. 2.2.2 Cerimônia de coroação e sagração de D. Pedro I Mais tarde, após a chegada da família real ao Brasil, o grande cerimonial da corte foi trazido por Dom João VI, que criou as primeiras instituições de en- sino superior e militar. Por isso foi intitulado de ‘o iniciador dos cerimoniais’. Há três períodos do cerimonial brasileiro: a Colônia, a Corte e a República. Segundo Silva (2007) ”Na Colônia, o cerimonial obedecia aos costumes da metrópole portuguesa e ao seu cerimonial, profundamente enraizado nas estruturas sociais em harmonia com os ritos e liturgias católicos”. Na corte, por ocasião do desembarque da ‘família real’, com o exílio da corte portuguesa nos trópicos os cariocas tiveram inúmeras ocasiões para externar seus sentimentos de fidelidade por meio dos cerimoniais.(GONÇALVES, 2009) Figura 2.2: Coroação de D. Pedro I (1828) Fonte: http://oglobo.globo.com Coroação de D. Pedro I (1828) é uma das famosas aquarelas do pintor francês Jean-Baptiste Debret, que compõem o livro Viagem Pitoresca e Histórica ao Brasil, considerado por alguns autores a mais rica revelação feita sobre o comportamento e o modo de ser das diversas classes sociais brasileiras da época. Cerimonial, Protocolo e Etiquetae-Tec Brasil 20 Tivemos a cerimônia de coroação e sagração, em 1º de dezembro de 1822 de D. Pedro I, quando D. João VI retorna à Lisboa e o príncipe herdeiro é nomeado regente e encarregado do governo geral e da administração do Reino Unido do Brasil. Toda a cerimônia foi fundamentada no Pontificial romano, objetivando, desse modo, que a monarquia brasileira tivesse a mesma sacralidade e legitimidade que as europeias. As cerimônias funcionaram, simboli- camente, como batismo do império recém-nascido. O lugar escolhido para a cerimônia, a capela real, garantia, através da Igreja, a legitimida- de da sagração e da coroação Na cerimônia de coroação e sagração as principais personagens são o Imperador, os bispos, o corpo diplomático e o senado. A cerimônia começou no momento em que D. Pedro che- gou à porta da capela, o ritual foi realizado em latim, de acordo com o rito estabelecido pela igreja. O objetivo das palavras e gestos era sagrar e coroar o imperador, de modo idêntico ao europeu. Dessa forma, o acontecimento adquiriu, através do poder divino, um aspecto mágico- -simbólico, ganhando características de eterno. (PEREIRA, 2011) Resumo Estudamos sobre a origem do cerimonial em nosso país, a primeira ceri- mônia, a influência da chegada da família real e a continuidade até os dias atuais das diversas cerimônias realizadas em nosso país, sendo o único país americano a dar continuidade às cerimônias em seus 500 anos de descobrimento. Atividades de aprendizagem • Pesquise na sua cidade ou região, qual foi à primeira cerimônia oficial realizada compondo ritos e procedimentos. Quando a República dissolveu a Corte e elevou ao poder personalidades de formação militar ou políticos ao Ministério dos Negócios Estrangeiros, o Itamaraty. “O fato de tê-lo chefiado por muitos anos um monarquista e barão do império, garantiu a continuidade de rigorosas práticas protocolares” As correntes francesa e inglesa continuam presentes no cerimonial brasileiro e, segundo o embaixador, as influências monárquicas são identificadas em vários eventos tradicionais do país, como no folclore maracatu e no carnaval em que as fantasias, adereços, coreografias, gestos e símbolos evocam as cortes e as deferências do cortesão nas figuras do mestre- sala e da porta-bandeira. (LINS 2002:96 apud SILVA, 2007, p. 30). Leia o artigo: O cerimonial público e a ordem geral de precedência nos eventos de caráter privado de Márcia Sabbag Fonseca e Silva, disponível em: http://www.cncp.org.br/default. aspx?section=558&article=914 Acesso 6.11.2011 e-Tec BrasilAula 2 – Cerimonial no Brasil e sua evolução histórica 21
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