Buscar

O Caso Schreber - Freud

Prévia do material em texto

Psicanálise I 
Prof. Eduardo Abreu
O CASO SCHREBER – Sigmund Freud
Isabella RA: 
Leandro Gonçalves Santos. RA: 52315186 
Luana Marcello Serrano. RA: 52312747
Renata RA: 
Dezembro 2022
Obras completas volume 10 - Sigmund Freud
Observações psicanalíticas sobre um caso de paranoia relatado em autobiografia - “O Caso Schreber” (1911-1913)
CONTEXTO SOCIAL
Daniel Paul Schreber (25 de julho de 1842, Leipzig, Alemanha – 14 de abril e 1911) publicou sua obra autobiográfica “Memórias de um doente dos nervos” em 1903 como uma valiosa contribuição para a pesquisa científica.
O primeiro adoecimento de Schreber ocorre de outubro de 1884 até final de 1885, onde passou seis meses na clínica de Flechsig e o segundo em final de outubro de 1893.
Freud entra em contato com sua obra e publica “O caso Schreber” em 1911-1913, juntamente com outros “artigos sobre técnica”, como ele denomina, importantes de sua trajetória como: o uso da interpretação dos sonhos na psicanálise (1911), a dinâmica da transferência (1912), recomendações ao médico que pratica a psicanálise (1912), o início do tratamento (1913), recordar, repetir e elaborar (1914), observações sobre o amor de transferência (1915).
	
FICHAMENTO
I. História Clínica
Sigmund Freud faz interpretações psicanalíticas do caso clínico de um paranoico (dementia paranoides) do Dr. Daniel Paul Schreber, ex-presidente da Corte de Apelação Saxônia, através de sua obra autobiográfica “Memórias de um doente dos nervos” de 1903, uma figura que Freud não conheceu, mas que sua obra despertou interesse entre os psiquiatras.
Na introdução Freud pede ao leitor que se familiarize com a leitura do livro de Schreber antes de ter contato com seu trabalho e solicita a Schreber que os interesses científicos prevaleçam sobre as suscetibilidades pessoais (a possibilidade de ser processado), assim como, o mesmo o faz em seu livro com relação a seu médico Prof.Dr.Flechsig.
Freud afirma que “a investigação psicanalítica da paranoia não seria possível se os doentes não tivessem a peculiaridade de revelar, ainda que de forma distorcida, justamente o que os demais neuróticos escondem como um segredo” (p.14).
Segundo Freud Schreber se denomina como um “homem de espírito elevado, de inteligência aguda e finos dons de observação” (p.15).
Ele relata que esteve doente duas vezes, “ambas em consequência de uma excessiva fadiga intelectual” (p.16):
1) Candidatura ao Parlamento (era Diretor do Tribunal de Província em Chemnitz) – de outubro de 1884 até final de 1885, passou seis meses na clínica de Flechsig, num “ataque de severa hipocondria”, estava casado há muito tempo e sua esposa tinha profunda gratidão ao Dr.Flechsig por ter “devolvido seu marido”
Segundo Freud “O Dr. Schreber assegura que essa enfermidade transcorreu ‘sem qualquer incidente relativo ao domínio do sobrenatural’” (p.17)
“... vivi oito anos, no geral, bem felizes, ricos de honrarias exteriores e apenas passageiramente turvados pelas numerosas frustrações da esperança de ter filhos” (Schreber apud Freud p.17)
2) Sobrecarga de trabalho quando assumiu o cargo de presidente da Corte de Apelação de Chemnitz – final de outubro de 1893
Em junho de 1893, é nomeado presidente da Corte de Apelação, em outubro assume e nesse intervalo tem alguns sonhos: “Sonhou algumas vezes que sua antiga doença retornara, o que no sonho o fez sentir-se muito infeliz [...] uma vez, no início da manhã, num estado entre o sono e a vigília, “a ideia de que deveria ser realmente bom ser uma mulher se submetendo ao coito” (p. 36), uma ideia que ele, em plena consciência, teria rejeitado com indignação”. (p.18)
O segundo adoecimento, final de outubro de 1893, ele procura novamente a clínica de Flechsig com “tormentosa insônia”.
[...]
“[...] visava o assassinato da minha alma e ao abandono do meu corpo como prostituta feminina” (p.26).
“O essencial de sua missão redentora é que em primeiro lugar tem de ocorrer a sua transformação em mulher. Não que ele queira se tornar mulher; trata-se antes de um dever com base na Ordem do Mundo, ao qual não se pode fugir, quando na verdade preferiria permanecer em sua honrada posição masculina na vida” (p.23 – Dr. Weber, 1899).
“a Ordem do Mundo está do eu lado” (p.27).
Freud descreve que as vozes apareciam como forma de zombar do enfermo, tratando a transformação em mulher como uma afronta.
“Não se envergonha diante de sua esposa?” (p.27).
[...]
Na página 32 Freud descreve que Schreber distingue um Deus inferior (Ariman - povos de raça morena - semitas) e um Deus superior (Ormuz - povos louros - arianos). Porém, relata que nos tempos saudáveis era cético com relação à religião.
Freud fala que Schreber se queixa que Deus está habituado no trato com os mortos e não compreende os vivos, todo o livro é permeado por queixas a Deus.
Também coloca que cada vez que ele deixa de pensar, Deus considera que se extinguiu sua capacidade intelectual, a destruição do entendimento ("a idiota" - ideia pequena), por isso Schreber submete-se a uma "compulsão de pensar".
Nas páginas 35, 36 e 37 Freud cita na íntegra a passagem que Schreber fala sobre as questões da evacuação sendo tratada como milagre. Ele fala que toda vez, que por milagre, provoca nele a necessidade de evacuar é enviado uma pessoa ao banheiro para impedir e ainda complementa falando que não evacua porque é burro. E então descreve o prazer na excreção: "A libertação da pressão provocada pela presença das fezes nos intestinos tem como consequência um intenso bem-estar, que é proporcionado aos nervos da volúpia; o mesmo acontece ao urinar" (p.37).
Freud faz questão de dar minuciosa atenção à relação de Schreber com Deus, esse Deus que é "incapaz de aprender algo da experiência" (p. 37) e que, muitas vezes, Schreber se coloca como a pessoa que absorve os raios de Deus, por sua força de atração. Sobre a beatitude, Schreber define como "a vida no Além", a alma humana é elevada através da purificação, um estado de gozo ininterrupto, elevação e continuação do prazer sensorial terrestre, numa estreita relação com a volúpia, e então, distingue a masculina como um grau acima da feminina. E Freud afirma que “nós, psicanalistas ... sustentamos a opinião de que as raízes de toda doença nervosa e psíquica devem ser buscadas sobretudo na vida sexual” (p. 41).
Em seu livro, Schreber interliga a viciosidade erótica ao nervosismo e traz que antes da doença ele era um “homem de moral severa”, com princípios morais muito rigorosos e contenção na vida sexual.
Chegando ao final do tópico “História Clínica” Freud descreve um trecho em que Schreber diz que o pouco prazer sexual que ele tem pode ser justificado como ressarcimento por todo sofrimento e privações que passou. Retomando os dois pontos principais dos delírios, a transformação em mulher e a “relação privilegiada com Deus”, Freud faz um resumo neste trecho:
“Antes ele se inclinava à ascese sexual e duvidava de Deus; após a doença passou a crer em Deus e entregar-se à volúpia. Mas, assim como a fé readquirida era de natureza singular, também a fruição sexual por ele conquistada era de caráter bem insólito. Já não era liberdade sexual masculina, mas sensação sexual feminina; ele se colocava femininamente em relação a Deus, sentia-se mulher de Deus” (p.43).
II. Tentativas de Interpretação
III. Sobre o Mecanismo da Paranoia
REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS
DUNKER, C. O caso Schreber - Falando daquilo 42. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=WUdVoli3PmI Acesso em: 26/09/22
FREUD, Sigmund. Obras completas volume 10, Observações psicanalíticas sobre um caso de paranoia relatado em autobiografia (“O Caso Schreber”), artigos sobre técnica e outros textos (1911-1913), tradução Paulo César de Couza. Companhia das Letras.
HOMEM, Maria. Memórias de um doente dos nervos – live. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=KpJOmH-BzlE Acesso em: 13/10/22.
SCHREBER, D. P. Memórias de um doente dos nervos. 1903.
O caso Schreber: observações psicanalíticas. PodcastPsicanálise em Cena. Disponível em: https://open.spotify.com/episode/6KYOnRW3JqgDjPFlmI71G4?si=hWN5oPLeTFK-PfNi_U3P9Q&utm_source=whatsapp&nd=1 Acesso em: 03/10/22
Memórias de um Doente dos Nervos. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=JBCdWjLzu3A Acesso em: 27/09/22
image1.png

Continue navegando