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Comunicação_Empresarial_373_Aula_1

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Lição 1 - Linguagem Formal e Informal
Muitos consideram estudar a língua materna algo desnecessário, já que, 
desde crianças, nós a conhecemos e nos comunicamos por meio dela. En-
tretanto, devemos lembrar que é por meio da linguagem verbal que orga-
nizamos o pensamento e interagimos com o mundo, nas diversas práticas 
sociais. É pelo domínio da palavra que nos tornamos membros ativos da so-
ciedade e desenvolvemos como pessoas.
O objetivo desta lição é mostrar que, ao falarmos ou escrevermos, optamos 
por uma linguagem informal ou formal, a depender sempre de um contex-
to, ou seja, para quem estamos nos reportando e em que situação. A exem-
plo disso, pode-se afirmar que a forma linguística usada na conversa com o 
amigo no aplicativo de celular será diferente daquela empregada no e-mail 
para o seu chefe. Assim, a partir das diferenças entre os meios de se expres-
sar, seja falando ou escrevendo, os usuários da língua são movidos por inte-
resses e intenções.
Portanto, não se trata de “aprender a falar”, mas de adquirir consciência de 
que a língua não é usada de uma única maneira e que cabe ao usuário do 
sistema de linguagem adequar-se à situação, uma vez que busca se fazer 
entender.
Ao término desta lição, você deverá ser capaz de:
• Diferenciar a linguagem formal da informal;
• Optar pela forma de linguagem mais apropriada em diferentes 
contextos.
1. Comunicação: Língua e Fala
Para que qualquer comunicação seja estabelecida, são necessários:
• Emissor – aquele que transmite a mensagem (pessoa, empresa, jornal).
• Receptor – aquele que recebe a mensagem (pessoa, grupo de pessoas, 
instituição).
• Mensagem – o conjunto de informações transmitidas.
• Código – conjunto de signos (ou símbolos) e regras de combinação desses 
signos; a mensagem só será entendida se o receptor conhecer o código (a 
língua ou idioma) em que a mensagem é transmitida.
• Canal de comunicação – meio concreto através do qual a mensagem é 
transmitida (voz, livro, revista, emissora de TV).
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• Referente ou Contexto – conteúdo, tema ou situação a que a mensagem se 
refere.
Pode-se dizer que o código mais importante para a transmissão de uma men- 
sagem é a língua, que é a parte social da linguagem pertencente a uma comu- 
nidade. Porém, cada indivíduo faz uso da língua conforme sua habilidade e 
necessidade, o que dá origem, então, à língua falada.
A utilização desse código dependerá, portanto, do conhecimento dos recur- 
sos linguísticos. Nesse contexto, uma pessoa que não consegue se comunicar 
com clareza, porque tem conhecimento precário da língua portuguesa, aca- 
ba por não fazer escolhas e transmite uma informação que talvez nem fosse 
aquela que desejava, ou até mesmo não entende o que o outro diz, devido ao 
conhecimento precário de sua própria língua.
Vejamos a situação a seguir:
Figura 1 – Conflito de gerações
Como podemos observar, mãe e filho se comunicam, isto é, emissor e recep- 
tor conhecem o código (língua) e o contexto em que se dá o diálogo. Porém, o 
humor da tirinha se dá pois ambos possuem ideias diferentes sobre um mes- 
mo assunto (aquilo que pode ser considerado “um lanche” no contexto).
Na situação seguinte, pensando que o personagem da direita não conhece o 
código (a língua) do outro, não há qualquer possibilidade de entendimento 
entre emissor e receptor.
Figura 2 – Diferenças de códigos (línguas)
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Já no próximo exemplo, o entendimento é possível. Isso acontece porque a 
turista brasileira (personagem à esquerda), mesmo que com alguma dificul- 
dade, tenta se expressar utilizando o código do americano – no caso, a língua 
inglesa.
Figura 3 – Semelhança de código (mesma língua)
Esses exemplos de contato se deram na forma mais comum de comunicação, 
o diálogo. Assim, se conhecemos o código mais importante, a nossa língua, 
certamente estamos mais capacitados para transmitir a mensagem desejada. 
Mas será que é sempre assim?
Nem sempre somos capazes de nos fazer entender da forma que gostaríamos. 
É por isso que o estudo da linguagem é tão importante, uma vez que devemos 
transmitir as informações que desejamos de maneira adequada ao contexto.
2. Linguagem Formal e Informal
Para organizarmos nosso pensamento e nos comunicarmos em ambientes 
e situações que exigem formalidade, é muito importante conhecer a Lingua- 
gem Formal. Mas o que seria isso?
Entendemos por Linguagem Formal o domínio da habilidade linguística 
adequado às situações que exigem do indivíduo formalidade e correção, em 
outros termos, que esteja gramaticalmente correto, expressando o ideal lin-
guístico do ambiente social.
Portanto, quando falamos e quando escrevemos, devemos ter duas preocu- 
pações básicas: o que expomos e como expomos. Quanto ao que expomos, é 
importante organizar nosso pensamento com clareza; para o modo como o 
fazemos, devemos nos preocupar com a forma de exposição, visto que nem 
toda situação requer o mesmo grau de formalidade.
De fato, podemos ser informais, ou pouco formais, quando falamos com nos- 
sos familiares ou escrevemos e-mails para amigos, o que não significa que 
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possa haver falta de clareza. Mas, devemos, numa entrevista ou numa carta a 
uma empresa, atentar para a formalidade exigida pela situação.
Geralmente, damos muita importância à linguagem escrita, mas a expressão 
oral também merece nossa atenção. Segundo os Parâmetros Curriculares 
Nacionais, “a questão não é falar certo ou errado e sim saber que forma de 
fala utilizar, considerando as características do contexto da comunicação, ou 
seja, saber adequar a mensagem às diferentes situações comunicativas. É sa- 
ber coordenar satisfatoriamente o que falar e como fazê-lo, considerando a 
quem e por que se diz determinada coisa”.
Para que haja comunicação, os interlocutores precisam ter conhecimentos 
que vão além da competência gramatical. Para tomar parte de uma conver- 
sação, é necessário que os participantes consigam perceber do que trata a 
situação e o que se espera de cada um. No item anterior, vimos que, se um 
dos interlocutores não tem interesse ou conhecimentos para estabelecer a 
comunicação, ela não se dá.
Convém lembrar que a fala deve ser sempre espontânea, mesmo em situa- 
ções formais. Isso significa dizer que, se soubermos adequar a língua aos dife- 
rentes contextos, não precisaremos forçar uma linguagem diferente daquela 
a que estamos acostumados.
Assim sendo, cabe-nos tomar cuidado com a correta escolha das palavras, 
identificando, por exemplo, as situações em que a gíria não deve ser utilizada. 
Falar corretamente pode se tornar um ato bastante natural em qualquer cir- 
cunstância. Outro fator importante é que não devemos nos esquecer de que 
a linguagem regional (sotaques e maneiras diferentes de dizer a mesma coisa 
em regiões diferentes do país ou do mundo) deve ser respeitada. Essa varia-
ção enriquece a língua como um todo, bem como a nossa cultura.
3. Tipos de Discurso
Sabemos que todo processo de comunicação tem obrigatoriamente um emis- 
sor, uma mensagem e um destinatário. Ao analisar um discurso, precisamos 
pensar não somente nas palavras escritas ou faladas, mas no contexto de que 
elas fazem parte e a quem elas podem interessar. O contexto de que falamos 
é o conjunto de circunstâncias econômicas, sociais, políticas e culturais que 
cercam o emissor e o receptor.
Assim, diante de alguém falando ou de um texto escrito, devemos sempre 
nos perguntar: quais são os interesses da pessoa que fala ou escreve? Que 
mensagens são transmitidas pelas escolhas das palavras, pelos gestos, pelas 
expressões e pelo vestuário?
Qual é o contexto da fala ou da escrita? A quem a mensagem se destina?
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Pode acontecer, nessa análise, de percebermos que a mensagem ouvida não 
é destinada a nós, como um e-mail que recebemos por engano ou a conversa 
alheia que ouvimos em um ônibus lotado (já que o ar, como canal da conver- 
sa, propaga a mensagem indistintamente dentro do veículo).
Seja qual for o contexto, uma mensagem poderá ser relatada fazendo-se uso 
dediferentes formatos de discurso: direto, indireto ou indireto livre. Vejamos 
as características de cada formato.
O discurso direto é aquele em que as falas dos personagens são fielmente 
reproduzidas e separadas por indicações gráficas, como vírgulas, aspas, tra- 
vessões ou os balões de uma tirinha. Veja o diálogo abaixo, entre Mafalda e 
Miguelito.
Figura 4
Esse foi um exemplo de discurso direto. O mesmo texto poderia ser reprodu-
zido pelo discurso indireto. Veja a seguir:
Mafalda encontra seu amigo Miguelito sentado no meio-fio e, sentindo-se 
confusa, o questiona se ele continuará ali, sentado e esperando que algo acon- 
teça na vida dele. Ele, por sua vez, responde à amiga, de maneira categórica, 
que é isso mesmo que ele vai fazer: irá continuar sentado ali, esperando a vida 
dar alguma coisa a ele. E Mafalda afasta-se do amigo, caminha pensativa e se 
questiona se o mundo não está dessa forma porque está cheio de “Miguelitos”.
Já o discurso indireto livre é aquele em que os pensamentos do narrador e 
dos personagens se misturam. A grande vantagem é a de oferecer dinamis- 
mo ao texto. É bastante comum nos textos literários, mas pouco recomenda- 
do para escritas mais formais, principalmente de trabalho, já que pode gerar 
confusão sobre quem pensa o quê. Veja a seguir:
Mafalda, que praticamente assustou Miguelito, questiona-o sobre continuar 
sentado ali, no meio-fio, esperando que a vida desse algo a ele sem que se 
esforçasse para conquistar. Miguelito, por sua vez, não se intimidou com o 
questionamento da amiga e respondeu de imediato, e de maneira até meio 
rude, que iria ficar ali sim, esperando que a vida lhe desse algo. Então Mafalda 
saiu desolada, pensando se o mundo não estaria carente de pessoas com mais 
iniciativa para se aprimorar e melhorar o meio em que vivem.

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