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Comunicação_Empresarial_373_Aula_2

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Lição 2 - Leitura de Texto
Depois de fazer uma breve definição do que seja um texto e os elementos 
que o compõe, nesta lição vamos abordar algumas considerações sobre o 
ato de ler e apresentar as estratégias de leitura que permitem a aproxima- 
ção entre o leitor e o texto.
Nosso objetivo é oferecer o máximo de informação em cada texto, além de 
estimular o gosto pela leitura e promover a utilização de estratégias para o 
melhor aproveitamento e interpretação dos vários tipos de texto.
Ao término desta lição, você deverá ser capaz de:
• Estruturar os passos necessários para uma boa leitura e interpretação de 
textos.
1. Noção de Texto
O texto não é um amontoado de frases, mas um todo organizado e com sen- 
tido. Como saber quando estamos diante de um texto com essas característi- 
cas? Quando há nele coerência, ou seja, quando suas diferentes partes se re- 
lacionam formando um todo com lógica, e quando apresenta coesão, ou seja, 
quando há ligação entre as palavras e frases que garantam o encadeamento 
entre as partes que o compõem.
Por que não pode ser considerado um texto a seguinte afirmação: “Paulo foi 
viajar. A prova de matemática estava muito difícil?”. Simplesmente porque 
não há relação entre as ideias, embora as frases estejam gramaticalmente 
corretas.
É necessário saber que todo texto faz parte de um contexto. Uma frase faz 
parte de um contexto (um período e/ou um parágrafo), assim como um pa- 
rágrafo também pertence a um contexto (um texto). Por isso, muitas vezes 
interpreta-se mal uma frase. Essa interpretação ocorre, geralmente, pelo fato 
de um fragmento estar isolado de seu contexto.
Um texto relaciona-se também com outros textos e com os debates que se 
realizam na sociedade. Alguns tratam de temas universais e, independen- 
temente do período em que foram produzidos, permanecem atuais; outros, 
para serem bem compreendidos, devem estar localizados histórica (no tem- 
po) e espacialmente (no lugar), pois são o reflexo das preocupações de uma 
sociedade em seu tempo e espaço.
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2. A Leitura
Para o melhor aproveitamento da leitura de um texto, ele deve ser visto como 
uma construção que se dá a partir de um acúmulo de elementos relaciona- 
dos entre si. Contudo, uma vez interpretado, torna-se um objeto coerente e 
único. Nesse processo de ler, revela-se a importante relação entre o leitor e o 
texto, pois é dessa interação que nascem os sentidos textuais.
2.1. Conhecimento Prévio
A compreensão de um texto é um processo que se caracteriza pela utilização 
de conhecimentos prévios, aqueles adquiridos ao longo da vida. São três os 
níveis de conhecimento: o linguístico, o textual e o conhecimento de mundo, 
os quais permitem ao leitor atribuir sentido(s) aos textos lidos.
O conhecimento linguístico refere-se ao conhecimento de vocabulário, re- 
gras e domínio sobre o uso da língua, de maneira geral. Já o conhecimento 
textual diz respeito a noções e conceitos sobre determinadas estruturas e 
formatos estabelecidos, delimitando características de composições para ex- 
pressar certos tipos de conteúdo (como exemplo, para ficar mais claro, todos 
temos alguma noção de como se estrutura uma notícia, por exemplo).
Ativar a memória buscando os conhecimentos extralinguísticos (que estão 
fora do texto) ou dar-se conta do que envolve uma determinada situação 
(como ir ao médico, por exemplo) propicia a formulação de esquemas que 
garantem a economia e a seletividade da comunicação (sabemos o que es- 
perar).
Esses conhecimentos prévios são essenciais à compreensão de um texto, pois 
permitem ao leitor fazer as inferências necessárias para relacionar suas dife-
rentes partes, transformando-o num todo coerente.
2.2. Formulação de Hipóteses
A capacidade de formular hipóteses1 é importante para que o leitor se torne 
ativo no processo de compreensão textual. Isso se dá pelo reconhecimen- to 
global e instantâneo de palavras e frases relacionadas ao tema ou tópico, bem 
como inferências sobre palavras não assimiladas. O leitor adulto per- cebe as 
palavras globalmente e supõe outras, guiado por seu conhecimento prévio e 
por suas hipóteses de leitura.
Para formular hipóteses, o leitor utiliza tanto seu conhecimento prévio como 
os elementos formais mais visíveis e de alto grau de informatividade, como 
título, subtítulo, datas, fontes e ilustrações. Ao formular hipóteses, o leitor es- 
tará predizendo temas e, ao testá-las, depreendendo o tema daquele texto.
1. Hipótese
Suposição, conjectura, pela qual a imaginação antecipa o conhecimento, com o fim de 
explicar ou prever a possível realização de um fato e deduzir-lhe as consequências.
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2.3. Rede de Relações de um Texto
A tarefa de compreender um texto pode ser complicada porque existe uma 
rede de relações sintáticas, lexicais e de sentido, na frase, no período e no pa-
rágrafo, que tornam o texto complexo para uma percepção rápida, imediata e 
total. A tarefa, contudo, torna-se mais fácil quando se analisa as partes desse 
texto: o esforço para compreender o texto escrito mediante a análise de suas 
partes.
Por exemplo, é importante observar que os tempos verbais se alternam ao 
longo de uma narrativa, criando, entre outros efeitos, um jogo de aproxima- 
ção e distanciamento entre os elementos do texto (alguns mais distantes no 
passado, outros mais próximos do presente). A seleção e a combinação das 
palavras, além das relações entre elas e a sequenciação das frases, das ora- 
ções e dos parágrafos, bem como a pontuação, são outros aspectos significa- 
tivos para a construção dos sentidos e interpretação da leitura.
Exemplificando: ler um “Bom dia.” em um aplicativo de mensagens é dife- 
rente de um “Bom dia!”. Além disso, a saudação com ponto final (mais séria) 
interfere como interpretamos o tom do restante da mensagem (fazendo su- 
posições sobre o humor da pessoa que a escreveu).
2.4. Coerência e Coesão
No texto escrito, a coerência é a relação lógica entre as ideias do texto. Afir- 
mar, num mesmo texto, que um jogador de futebol é craque e depois cha-
má-lo de “perna de pau” é um exemplo de incoerência. Podemos reconhecer 
a coerência no texto na manutenção clara e não contraditória da expressão 
verbal. Há vários pontos a observar para manter o mecanismo da coerência.
• Coerência interna: evitar contradições claras, como no caso do jogador de 
futebol apontado anteriormente.
• Coerência com a realidade: transmitir uma informação que seja coerente 
com o mundo real (e que possa ser aferida, ou seja, verificada). Uma incoe- 
rência desse tipo ocorre no caso da pequena empresa que divulga entre 
seus clientes uma capacidade de produção que ela não está preparada 
para oferecer.
• Relevância das informações: tudo que está no texto precisa realmente 
estar? As informações estão efetivamente relacionadas com os 
argumentos, com a narrativa e com a descrição desenvolvida? Todos os 
dados relevantes estão presentes? A resposta a essas perguntas é muito 
importante para que o autor escreva com coerência e clareza, evitando 
que o leitor tenha a impressão de descuido, desinformação ou má-fé.
• Fundamentação das conclusões: ao apresentar uma conclusão, em que se 
basear? Em dados concretos ou na própria impressão pessoal? Não é coe- 
rente formular conclusões baseando-se em ideias não apresentadas ou 
falsas, e em informações que o leitor desconhece.
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• Fatos e opiniões: apresentar um fato é informar sobre algo que realmen- 
te aconteceu, cuja relação esteja coerente com a realidade. Apresentar 
uma opinião é interpretar os fatos segundo nossas impressões. Misturar 
as duas coisas pode levar o leitor a uma impressão ambígua quanto ao 
que é fato e ao que é opinião. Podemos apresentar nossas opiniões sem 
deixar de apresentar os fatos. O segredo é informar o leitor qual o fato 
(acontecimento) e qual a opinião sobre ele.
A coesão é outro mecanismo linguístico que contribui fortemente para a 
construção de um texto coerente. Assim, mesmo se tratando de dois aspec- 
tos distintos, combinam-separa proporcionar a compreensão do texto. So- 
bre esse aspecto, podemos pensar no seguinte critério:
• Ligação de ideias: Um texto uniforme e coerente precisa apresentar 
as ideias e os fatos de maneira relacionada e que facilite ao leitor 
acompanhar o raciocínio apresentado.
2.5. Coesão e a Estrutura do Texto
A coesão e a estrutura do texto são aspectos importantes para a significação 
das ideias.
Quanto à estrutura, entre outras características, não é difícil notar que a pa- 
lavra CACHORRO, escrita em letras garrafais, informa melhor a respeito de 
um eventual perigo do que um longo texto, em letras miúdas, que se referisse 
às características físicas do animal.
Já a coesão diz respeito ao conjunto dos elementos que formam as ligações no 
texto. Entretanto, não é por ser coeso que um texto será coerente. Para isso, 
devemos nos atentar às relações que existem entre as ideias: elas são opos-
tas? Complementares? Uma exemplifica a outra? Às vezes, apenas um único 
elemento formal pode funcionar como elo entre as diferentes partes do texto, 
por conta das relações estabelecidas.
Por fim, dentro do critério de coerência, podemos pensar no princípio geral 
que garante a concisão, isto é, a economia linguística. Esse aspecto baseia-se 
na regra da recorrência, a fim de evitar um texto repetitivo e que dá muitas 
voltas, prejudicando a fluidez da leitura. Isso deve ser alcançado por meca- 
nismos como substituições, pronominalizações, uso de marcadores textuais e 
de conectores adequados.
2.6. Relação Autor & Leitor
Durante a leitura de um texto, estabelece-se uma relação entre leitor e autor, 
definida como responsabilidade mútua, pois ambos têm a zelar para que os 
pontos de contato sejam mantidos, apesar das divergências possíveis entre 
opiniões e objetivos.
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Ir ao texto com ideias preconcebidas, inalteráveis e com crenças imutáveis 
dificulta a compreensão quando elas não correspondem àquelas que o autor 
apresenta.
A articulação e a organização do texto refletem o raciocínio do autor, ou seja, 
o planejamento escolhido para avançar e desenvolver seus argumentos e/ 
ou explicações. Esse aspecto textual pode estar explícito, mediante o uso de 
operadores e conectivos lógicos, ou pode estar implícito, sendo o raciocínio 
dedutível pela natureza e a relação entre os argumentos. Por exemplo, o uso 
do conectivo adversativo ‘entretanto’ introduz um argumento que vai em di-
reção contrária do anterior.
Algumas pistas que o autor deixa no texto, para ajudar a construir seu sen- 
tido, são aquelas expressões que indicam o grau de certeza do autor sobre a 
informação ou que estabelecem a possibilidade de aferição. São elas: “talvez”, 
“evidentemente”, “não há dúvida”, “fica claro que”, “pode-se notar que”, etc.
Outro tipo de marca formal da presença do autor é aquele que reflete a atitu- 
de dele frente ao fato, à ideia ou à opinião, que se concretiza principalmente 
através da adjetivação. Esses recursos ajudam a criar imagens negativas ou 
positivas da realidade em questão.
A capacidade de análise das pistas formais para uma síntese posterior que en-
tenda uma postura do autor é considerada essencial à compreensão do texto. 
A reconstrução de uma intenção argumentativa (entender “o que” e “como” 
o autor quis dizer algo) é um pré-requisito para o posicionamento crítico do 
leitor frente ao texto.

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