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Direitos Humanos e Cidadania

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DIREITOS HUMANOS 
E CIDADANIA 
VOLUME 01 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
DIREITOS HUMANOS 
E CIDADANIA 
VOLUME 01 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Barra do Garças - MT 
UniCathedral 
2020 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Produzido por 
Nome 
 
 
 
Revisão Gramatical do Texto 
Nome 
 
 
 
Projeto Gráfico 
Atila Cezar Rodrigues Lima e Coelho 
Georgya Politowski Teixeira 
Matheus Antônio dos Santos Abreu 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
BARRA DO GARÇAS - MT 
JANEIRO 2020 
 
 
Copyright © by UniCathedral, 2020 
Nenhuma parte desta publicação pode ser gravada, 
armazenada em sistemas eletrônicos, fotocopiada, 
reproduzida por meios mecânicos ou outros quaisquer 
sem autorização prévia do(s) autor(es). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
UniCathedral – Centro Universitário 
Av. Antonio Francisco Cortes, 2501 
Cidade Universitária - Barra do Garças / MT 
www.unicathedral.edu.br
 
 
 
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) – Catalogação na Fonte 
Ficha catalográfica elaborada pela Bibliotecária Roberta M. M. Caetano – CRB-1/2914 
 
 
 
7 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
UNIDADE I ....................................................................................................................................... 13 
Conceito e fundamento dos direitos humanos ...................................................................................... 13 
O Problema da Terminologia .............................................................................................................. 13 
Direitos do Homem ............................................................................................................................ 13 
Direitos Fundamentais ....................................................................................................................... 14 
Direitos Humanos ............................................................................................................................... 15 
Conceito.............................................................................................................................................. 16 
Afirmações históricas dos direitos humanos ......................................................................................... 18 
Características dos direitos humanos .................................................................................................... 23 
Referências bibliográficas ....................................................................................................................... 28 
UNIDADE II ...................................................................................................................................... 33 
Dimensões dos direitos humanos .......................................................................................................... 33 
A questão da terminologia: “Geração” ou “Dimensão” dos Direitos Humanos? .............................. 33 
Princípio da dignidade da pessoa humana ............................................................................................. 38 
Conceito.............................................................................................................................................. 38 
Histórico ............................................................................................................................................. 38 
Reserva do Possível e Mínimo Existencial .............................................................................................. 43 
Reserva do Possível ............................................................................................................................ 43 
Mínimo Existencial ............................................................................................................................. 44 
Controle Judicial das Políticas Públicas .............................................................................................. 45 
Referências bibliográficas ....................................................................................................................... 48 
UNIDADE III ..................................................................................................................................... 53 
Direitos Humanos no Sistema Internacional .......................................................................................... 53 
Precedentes históricos ....................................................................................................................... 53 
Direito Internacional Humanitário (DIH) ............................................................................................ 54 
Liga das Nações .................................................................................................................................. 55 
Organização Internacional do Trabalho (OIT) .................................................................................... 56 
Organização das Nações Unidas e declaração universal dos direitos humanos .................................... 58 
SUMÁRIO 
 
 
8 
 
Organização das Nações Unidas ......................................................................................................... 58 
Declaração Universal dos Direitos Humanos ..................................................................................... 60 
Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos (PIDCP) .................................................................. 62 
Pacto Internacional dos Direitos Econômicos, Sociais e Culturais (PIDESC) ...................................... 62 
Sistema interamericano de proteção aos direitos humanos ................................................................. 63 
Convenção Americana sobre Direitos Humanos ................................................................................ 64 
Comissão Interamericana sobre Direitos Humanos ........................................................................... 64 
Corte Interamericana sobre Direitos Humanos ................................................................................. 67 
Referências bibliográficas ....................................................................................................................... 71 
 
 
 
 
9 
 
 
 
 
 
 
 
 
A disciplina Direitos Humanos e Cidadania, por propósitos didáticos, será apresentada em dois volumes 
distintos, divisão que pretende atender à dinâmica de distribuição dos assuntos em dois bimestres. Contudo, 
indispensável se faz esclarecer que Direitos Humanos e Cidadania, correspondem a temas que por essência, 
estão interligados, e que, mesmo tratados, a princípio, separadamente, são mutuamente interdependentes. 
Dessa forma, o Volume 1 da Disciplina apresentará o tema Direitos Humanos, tendo como firme 
propósito, promover no graduando, a consciência de que existe uma gama de direitos que são inerentes ao 
ser humano, independente de gênero, etnia, classe social, grupo religioso ou nação, o que põe essa disciplina 
a salvo de qualquer acusação injustificada. 
Isso porque, é bem verdade que, no Brasil, os Direitos Humanos ainda padecem de certo descrédito ou 
mesmo preconceito, quando associada à concepção falaciosa de que contemplaria uma gama de direitos 
direcionada a um exclusivo grupo de pessoas. Nesse sentido, não raras vezes, escutamos que “direitos 
humanos são os direitos dos bandidos” (IZIDORO, 2015, p. 13). 
Mas existe uma explicação histórica para essa visão deturpada do conceito de Direitos Humanos, pois o 
Brasil, como um dos países fundadores da Organização das Nações Unidas - ONU, em 1945, e, 
consequentemente, sofrendo as influências da Declaração Universal dos Direitos Humanos promulgada, em 
1948, começou a despertar para o assunto entre as décadas de 1950 e 1960, com a atividade de gruposvoltados à promoção de movimentos sociais em prol da promoção e proteção desses direitos. “Contudo, com 
o golpe militar de 31 de março de 1964, tais grupos são oficialmente perseguidos pelo regime ditatorial, que 
os considera comunistas, subversivos, traidores da Pátria, etc”. (IZIDORO, 2015, p. 13). 
Nesse sentido, considerando o lapso temporal que abarcou a ditadura militar no Brasil (praticamente três 
décadas – de 1964 a 1988), torna-se muito fácil entender por que hoje a sociedade possui, tantas visões 
distorcidas acerca de uma gama de direitos que, definitivamente, não deve estar restrita a qualquer grupo 
de pessoas, pertencem a cada pessoa. 
Além disso, o Brasil, por estar atualmente inserido na arena internacional de proteção aos Direitos 
Humanos, será responsabilizado, internacionalmente, seja pela sua ação ou omissão. Não por outro motivo, 
faz parte dos estudos da Disciplina dos Direitos Humanos e Cidadania, também o estudo do Direito 
Internacional dos Direitos Humanos, que envolve tanto a ONU, órgão de vocação universal, quanto a 
Organização dos Estados Americanos - OEA, da qual deflui o Sistema Interamericano de Direitos Humanos. 
A vista disso, o que se pretende com os estudos mediados pela Disciplina Direitos Humanos e Cidadania 
é contribuir para a formação técnica e humana do graduando, pré-requisito indispensável ao 
desenvolvimento de um profissional cidadão. 
Nessa perspectiva, a Disciplina foi sistematizada em dois volumes, sendo que no primeiro trataremos, 
especificamente, dos Direitos Humanos, em três unidades: 
Unidade I – Contempla o conceito e fundamentos dos Direitos Humanos, suas afirmações históricas e 
características. 
Unidade II – Aborda as dimensões dos Direitos Humanos, o Princípio da Dignidade da Pessoa Humana e a 
questão da efetividade dos Direitos Humanos. 
Unidade III – Explica o Sistema Internacional; o Geral, abordando seus precedentes históricos; o Regional, em 
especial o Sistema Interamericano de Proteção aos Direitos Humanos, esclarecendo suas peculiaridades. 
INTRODUÇÃO 
 
 
10 
 
 
 
 
31 
 
 
U
N
ID
A
D
E 
II
 
 
 
32 
 
 
 
 
 
 
 
 
Autor(a) da Unidade 
Luiz Felipe Petusk Corona 
 
 
 
Ao final da unidade, esperamos que você seja capaz de: 
 
• Identificar as diferentes Dimensões dos Direitos Humanos. 
• Compreender o conceito, o desenvolvimento histórico e a amplitude do princípio da Dignidade da 
Pessoa Humana. 
• Distinguir a Teoria da Reserva do Possível contraposta ao Princípio do Mínimo Existencial. 
• Apreender acerca do importante papel do Judiciário no cenário de efetivação dos Direitos Humanos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
33 
 
UNIDADE II 
DIMENSÕES DOS DIREITOS HUMANOS 
 
 
A QUESTÃO DA TERMINOLOGIA: “GERAÇÃO” OU “DIMENSÃO” DOS DIREITOS HUMANOS? 
Foi o jurista Karel Vasak que “[...] no ano de 1979, classificou os Direitos Humanos em três gerações, cada 
uma [...] associada, na Conferência proferida por Vasak, a um dos componentes do dístico da Revolução 
Francesa: ‘liberté, egalité et fraternité’ (liberdade, igualdade e fraternidade). (RAMOS, 2019, p. 57). 
Notadamente, essa classificação em muito contribuiu, didaticamente, para os estudos dos Direitos 
Humanos. Mas, atualmente “alguns autores também se referem às dimensões de direitos humanos, partindo 
da premissa de que a expressão gerações poderia induzir à falsa ideia de que uma categoria de direitos 
substitui a outra que lhe é anterior”, (MAZZUOLI, 2019, p. 30), o que não é possível, já que os Direitos 
Humanos são indivisíveis, interdependentes e inter-relacionados. 
 
Primeira Dimensão de Direitos Humanos 
Esses Direitos Humanos, que “[...] tiveram por principal inspiração a Magna Carta, de 1215” (CASTILHO, 
2019, p. 30), definitivamente surgem “[...] com as revoluções burguesas dos séculos XVII e XVIII. [...] São 
também chamados de direitos individuais, direitos subjetivos ou direitos de liberdade e têm por titulares os 
indivíduos isoladamente considerados. (LEITE, 2014, p. 86). 
Dessa maneira, os Direitos Humanos “de primeira 
dimensão constituem, via de regra, a defesa do indivíduo 
diante do poder do Estado” (CASTILHO, 2018, p. 30). Por 
isso, “são denominados também ‘direitos de defesa’, pois 
protegem o indivíduo contra intervenções indevidas do 
Estado, possuindo caráter de distribuição de competências 
(limitação) entre o Estado e o ser humano” (RAMOS, 2019, 
p. 57-58). 
Nesse sentido, essa dimensão de direitos “engloba os 
chamados direitos de liberdade, que são direitos às 
 
 
34 
 
prestações negativas, nas quais o Estado deve proteger a esfera de autonomia do indivíduo”. (RAMOS, 2019, 
p. 57). 
Acerca desses direitos, “[...] podem ser citados os direitos à vida, à liberdade (de locomoção, reunião, 
associação, de consciência, crença etc.), à igualdade, à propriedade [...]”. (MAZZUOLI, 2019, p. 52). 
 
 
 
Constitui fiel exemplo dos direitos civis, os já consagrados na Constituição Federal de 1988, que logo no 
caput seu art. 5° prevê: 
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e 
aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança 
e à propriedade [...] (BRASIL, 1988, p. 1). 
 
 
Mas não são apenas os direitos civis que compõem a primeira dimensão, os direitos políticos também lá 
estão localizados, de modo que “encontram seu núcleo no direito de votar e ser votado, a seu lado se reúnem 
outras prerrogativas decorrentes daquele status, como o direito de postular um emprego público, de ser 
jurado ou testemunha, de prestar o serviço militar e até de ser contribuinte”. (GUERRA, 2018, p. 71) 
Ademais, a à que se destacar que o Estado, frente a à esses direitos de primeira dimensão, “se manifesta 
tanto em seu tradicional papel passivo (abstenção de violar os direitos humanos, ou seja, as famosas 
prestações negativas) quanto no papel ativo, pois há se de exigir ações do Estado para garantia da segurança 
pública, administração da justiça etc.”. (GUERRA, 2018, p. 70). 
 
 
“[...] os direitos civis e políticos são exercidos contra o 
Estado e os seus agentes, que têm obrigação de proteger a 
pessoa contra os abusos de outra pessoa ou do próprio poder 
político”. (LEITE, 2014, p. 87). 
 
 
Segunda Dimensão de Direitos Humanos 
Os Direitos Humanos de segunda dimensão “[...] são frutos das chamadas lutas sociais na Europa e 
Américas, sendo seus marcos a Constituição mexicana de 1917 (que regulou o direito ao trabalho e à 
previdência social), a Constituição alemã de Weimar de 1919. (RAMOS, 2019, p. 58). 
Esses direitos “[...] compõem-se dos direitos da igualdade lato sensu, a saber, os direitos econômicos, 
sociais e culturais, [...]”. (MAZZUOLI, 2019, p. 52) 
 
 
“[...] direitos econômicos são aqueles relacionados [...] às 
condições e remuneração do trabalho, direito à higiene, à 
segurança, ao lazer e ao descanso; direito de fundar sindicato 
e a ele se filiar ou o direito de se desfiliar ao sindicato, direito 
de greve, direito à segurança social, à proteção da família, das 
 
 
35 
 
mães e das gestantes, vedação da mão de obra infantil e restrição ao trabalho de 
adolescentes”. (LEITE, 2014, p. 89) (grifo nosso). 
“[...] direitos sociais são aqueles que propiciam à pessoa um padrão digno de vida, 
destacando-se a proteção contra a fome e a miséria, bem como os direitos à 
alimentação, vestuário, moradia, saúde, repouso, lazer e educação”. (LEITE, 2014, 
p. 89) (grifo nosso). 
“[...] direitos culturais podem ser identificados como aqueles que conferem à 
pessoa o direito de gozar da criatividade artística dos próprios povos, o direito aos 
benefícios da ciência e dos avanços tecnológicos, o direito à própria língua e à 
própria cultura”. (LEITE, 2014, p. 89). (grifo nosso). 
 
 
Se “a primeira dimensão dos direitos humanos exigia uma 
postura negativa do Estado” (RAMOS, 2019, p. 58),ou seja, 
direitos endereçados aos indivíduos, a segunda “representa a 
modificação do papel do Estado, exigindo-lhe um vigoroso 
papel ativo, além do mero fiscal das regras jurídicas” (RAMOS, 
2019, p. 58), ou seja, deveres endereçados ao Estado. 
 
 
 
 
Nesse sentido, é notório que “os direitos de segunda dimensão traduzem-se, portanto, em direitos de 
inclusão social”. (LEITE, 2014, p. 88). Ou seja, “[...] são direitos de igualdade substancial entre todos os seres 
humanos”. (LEITE, 2014, p. 88). Não por outro motivo, os direitos de segunda dimensão requerem por parte 
do Estado “[...] políticas públicas que tenham por objeto, sobretudo, a garantia do efetivo exercício das 
condições materiais de existência digna da pessoa humana”. (LEITE, 2014, p. 88). 
 
Terceira Dimensão de Direitos Humanos 
Os Direitos Humanos da terceira dimensão “são aqueles de 
titularidade da comunidade, como o direito ao desenvolvimento, 
direito à paz, direito à autodeterminação e, em especial, o direito 
ao meio ambiente equilibrado” (RAMOS, 2019, p. 58), incluindo-
se também nessa demanda, as relações de consumo. 
Tais circunstâncias fazem surgir “os chamados interesses de 
massa, que passam a exigir do Estado a inserção, em seus 
 
 
36 
 
ordenamentos, de novos instrumentos jurídicos, diversos dos até então existentes, destinados a garanti-los”. 
(LEITE, 2014, p. 95). 
Assim, por serem “dotados de altíssima dose de humanismo e universalidade, [...] seu destinatário, por 
excelência, é o próprio gênero humano, num momento expressivo de sua afirmação como valor supremo em 
termos existenciais”. (LEITE, 2014, p. 95). 
 
 
Esses direitos possuem duas características comuns: a 
transindividualidade e a indivisibilidade. 
• “são transindividuais porque só podem ser exigidos em 
ações coletivas e não individuais, pois seu exercício está 
condicionado à existência de um grupo determinado ou 
indeterminado de pessoas; 
• são indivisíveis porque não podem ser fracionados entre os 
titulares. Não há como apartar a fatia de cada um. A 
satisfação de seus mandamentos beneficia indistintamente 
a todos. A violação é igualmente prejudicial à totalidade do 
agrupamento humano”. (SARMENTO, 2019, p. 09). 
 
 
Quarta Dimensão de Direitos Humanos 
Muito se fala acerca das novas dimensões dos Direitos Humanos, apesar de não existir “consenso a 
respeito da existência de direitos humanos de quarta e de quinta dimensão”. (LEITE, 2014, p. 97). 
Contudo, não se pode negar que “em decorrência do acelerado desenvolvimento tecnológico e do novo 
panorama representado pelos efeitos da globalização e pela sociedade de risco contemporânea, 
despertaram os juristas para a necessidade de previsão e proteção de novos direitos”. (CASTILHO, 2019, p. 
63). 
Nesse sentido, a quarta dimensão dos Direitos Humanos sediaria 
 
Os direitos referentes à biotecnologia20, à bioética21 e à regulação da engenharia 
genética. Trata dos direitos que têm vinculação direta com a vida humana, como a 
reprodução humana assistida (inseminação artificial), aborto, eutanásia, cirurgias 
intrauterinas, transplantes de órgãos, engenharia genética (clonagem), 
contracepção e outros. (WOLKMER apud LEITE, 2014, p. 97-98). 
 
 
20 Biotecnologia pode ser traduzida como “um conjunto de técnicas que envolvem a manipulação de organismos vivos 
para modificação de produtos. A palavra tem origem grega: “bio” significa vida, “tecnos” remete a técnica e “logos” 
quer dizer “conhecimento”. (VIALTA, 2019, p. 01). 
21 Bioética “expressa um conjunto de pesquisas, discursos e práticas, normalmente multidisciplinares, destinados a 
esclarecer e resolver questões éticas suscitadas em razão dos avanços da medicina e da biologia. A bioética, portanto, 
guarda estreita relação com a ética e a responsabilidade decorrentes das práticas e das pesquisas desenvolvidas pelos 
cientistas em relação ao aborto, à eutanásia, aos transgênicos, à fertilização in vitro, à clonagem e aos testes com 
animais”. (LUZ; SOUZA, 2015, p. 94). 
 
 
37 
 
Além disso, “a necessidade de reconhecimento desses 
novos biodireitos 22 decorre da necessidade de se criarem 
regras internacionais de proteção do indivíduo contra as 
práticas de engenharia genética que coloquem em risco a 
dignidade e o bem-estar da pessoa humana” (LEITE, 2014, p. 
98) 
 
Quinta Dimensão de Direitos Humanos 
Por fim, os direitos de quinta dimensão, são aqueles 
“advindos das tecnologias da informação (Internet) do 
ciberespaço23 e da realidade virtual em geral.” (WOLKMER 
apud LEITE, 2014, p. 98). 
Constituem-se, portanto, de uma gama de novos direitos 
que, por utilizarem o ciberespaço, “carecem de normatização 
em nível mundial e regional para se preservar outros direitos 
humanos, como o direito à privacidade, à intimidade, à 
segurança, à informação etc”. (LEITE, 2014, p. 98). 
Esses direitos, presentes na quinta dimensão, comprovam que os Direitos Humanos, por serem inerentes 
à pessoa humana, estão sempre com ela evoluindo. Assim, à medida que novas descobertas ocorrem, novas 
necessidades humanas surgem, e, consequentemente, novos direitos são incorporados à gama já existente, 
num movimento que somente caminha rumo à expansão. 
 
 
22 “Biodireito é um conjunto de leis que visam a estabelecer a obrigatoriedade de observância dos mandamentos 
bioéticos”. (SILVA, 2008, p.223). 
23 Ciberespaço é o “espaço das comunicações por redes de computação”. (DICIO, 2019, p. 01) 
 
 
38 
 
PRINCÍPIO DA DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA 
 
 
CONCEITO 
Etimologicamente “a palavra ‘dignidade’ remete à noção de ‘respeitabilidade’, isto é, a qualidade daquilo 
que infunde respeito, [...] aproxima-se dos termos ‘honra’, ‘decoro’ e ‘probidade’ [...]” (WEYNE, 2013, p. 36). 
Já, a locução “dignidade humana” 
[...] consiste na qualidade intrínseca e distintiva de cada ser humano, que o protege 
contra todo tratamento degradante e discriminação odiosa, bem como assegura 
condições materiais mínimas de sobrevivência. Consiste em atributo que todo 
indivíduo possui, inerente à sua condição humana, não importando qualquer outra 
condição referente à nacionalidade, opção política, orientação sexual, credo etc. 
(RAMOS, 2019, p. 78). 
Desta feita, indispensável se faz compreender, que os 
Direitos Humanos objetivam a proteção da dignidade 
humana, conforme será visto, posteriormente. 
 
HISTÓRICO 
Para bem compreender a amplitude do tema, conveniente 
se faz uma breve retomada histórica, já que a noção de 
dignidade humana, “[...] desde sua existência até os dias 
atuais vem sofrendo mutação em seu conceito e em sua 
aplicabilidade”. (LEITE, 2014, p. 43). 
Dessa forma, apesar de ter enaltecido o valor humano, em 
definitivo, desde 1948, por obra da Declaração Universal dos 
Direitos Humanos, a dignidade humana já era objeto de 
discussão na Antiguidade Clássica, época em que “[...] 
prevalecia a ideia de dignidade como atributo [...] isto é, a 
 
 
39 
 
possibilidade de haver indivíduos mais ou menos dignos do que outros ou, ainda, indivíduos destituídos de 
qualquer dignidade”. (WEYNE, 2013, p. 33). Assim, por exemplo, “[...] na Antiguidade ela era relativa, visto 
que os escravos (normalmente advindos de povos vencidos em batalhas) estavam reduzidos à servidão e não 
eram considerados merecedores de dignidade”. (CASTILHO, 2018, p. 241). Além deles, nessa época 
estrangeiros, mulheres e crianças igualmente não eram considerados cidadãos, de modo que, tal como os 
escravos, também eram desprovidos de dignidade. 
 
A tragédia de Antígona revela uma das mais emblemáticas 
histórias acerca da dignidade da pessoa humana. Isso porque 
“na dramática tragédia escrita por Sófocles por volta do ano 
440 a.C., Antígona questiona longamente uma decisão do rei 
Creonte de Tebas, que pretende sobrepor-se a um direito 
individual. Ela deseja enterrar o irmão Polinices para que a sua 
transição para o mundo dos mortos ocorra naturalmente. Maso rei decreta que Polinices não seja enterrado por haver 
atentado contra a lei da cidade. Antígona prefere morrer a 
obedecer a uma ordem do soberano que contraria seu direito 
familiar” (CASTILHO, 2018, p. 281). 
 
 
À vista disso, não se pode negar que a “dignidade dos antigos” 
tinha uma conotação eminentemente sociopolítica, aludindo 
às ideias de elevação ou de superioridade num sentido 
especificamente hierárquico. Isso significa dizer que nem 
todos eram iguais em dignidade, já que apenas poucos 
indivíduos faziam-se merecedores desse ilustre atributo. 
(WEYNE, 2013, p. 40). 
 
 
Posteriormente, na Idade Média, 
Sob a égide do Cristianismo, através da concepção de que ‘o homem foi criado à 
imagem de Deus’, deflagrou-se a compreensão dos direitos da pessoa humana na 
organização política, estabelecendo-se um vínculo entre o indivíduo e a divindade 
e superando a concepção do Estado como única unidade perfeita, de forma que o 
homem cidadão foi substituído pelo homem pessoa. (GUERRA, 2017, p. 55). 
Cooperaram para essa transformação, os estudos do frade italiano Tomás de Aquino (1225 a 1274), pois 
centravam-se “no próprio conceito de pessoa, portanto, ‘a dignidade do homem advém do fato de ele ser 
imagem de Deus’”. (CASTILHO, 2018, p. 68). 
 
 
40 
 
 
 
Para Tomás de Aquino, “a pessoa é um fim em si mesmo, nunca um meio. 
As coisas são meios e estão ordenadas às pessoas, a seu serviço; porém, as 
pessoas, ainda que se ordenem, de certo modo, umas às outras, nunca 
estão entre si numa relação de meio e fim. Pelo contrário, merecem 
respeito absoluto e não devem ser instrumentalizadas nunca. São criaturas 
imediatas de Deus, imagens suas, consistindo nisso sua nobreza e suas 
características”. (GUERRA, 2018, p. 56). 
 
 
Nesse passo, se a dignidade humana em tempos medievais estava umbilicalmente associada à face divina 
da humanidade, na Idade Moderna essa percepção deixou de existir. Isso porque nesses tempos, “[...] o 
homem não é mais um reflexo de Deus nem mais um ‘ser-no-mundo’, mas o próprio mundo, primeira fonte 
de sentido de toda a realidade”. (WEYNE, 2013, p. 51). 
Nessa esteira, temos que a era moderna, além de substituir definitivamente a concepção teocêntrica, 
pela antropocêntrica, de acordo com a qual passa a ser o homem, e não mais Deus, o centro de todas as 
coisas, também presenciou os feitos de um dos mais proeminentes filósofos modernos, Immanuel Kant (1725 
a 1804). 
 
 
 
No dizer de Kant, “[...] tudo tem um preço ou uma dignidade: 
aquilo que tem um preço é substituível e tem equivalente; já 
aquilo que não admite equivalente, possui uma dignidade. Assim, as coisas possuem preço; os indivíduos 
possuem dignidade. Nessa linha, a dignidade da pessoa humana consiste que cada indivíduo é um fim em si 
mesmo, com autonomia para se comportar de acordo com seu arbítrio, nunca um meio ou instrumento para 
a consecução de resultados, não possuindo preço. Consequentemente, o ser humano tem o direito de ser 
respeitado pelos demais e também deve reciprocamente respeitá-los”. (RAMOS, 2019, p. 78). 
 
 
 
 
 
 
41 
 
 
 
“O imperativo kantiano sustenta que a pessoa humana não 
pode ser utilizada como meio, mas como um fim. O homem 
nasce livre e não pode ser usado como coisa, objeto. O 
princípio da dignidade salvaguarda o homem de toda forma 
de escravidão, opressão e degradação à sua integridade física, 
psíquica ou moral.” (SARMENTO, 2019, p. 13). 
 
 
A contribuição kantiana veda o homem-objeto, de modo que “[...] o homem, em si mesmo considerado, 
não pode ser reduzido a um meio para algo. Sua existência não pode ser relativizada diante de fim algum”. 
(CASTILHO, 2019, p. 244). 
Ademais, não se pode perder de vista que para Kant a “dignidade relaciona-se diretamente ao atributo, 
exclusivamente humano, de poder escolher, de ter autonomia para fazê-lo e de determinar sua conduta com 
base em tais escolhas”. (CASTILHO, 2019, p. 244). 
Posteriormente, já na Idade Contemporânea, a Revolução Francesa produziu a Declaração dos Direitos 
do Homem e do Cidadão, de 1789, documento no qual a locução dignidade humana, “quando aparece, [...] 
é empregada no seu sentido sociopolítico”. (WEYNE, 2013, p. 87). 
Nesse passo, a valiosa dignidade humana somente ser concretizará “[...] como uma reação da comunidade 
internacional ao totalitarismo24 dos regimes nazifascistas e às atrocidades por eles cometidas no contexto da 
Segunda Guerra Mundial (1939-1945), que ultrajaram a consciência da Humanidade”. (WEYNE, 2013, p. 87-88). 
 
[...] no plano internacional, a Declaração Universal dos 
Direitos Humanos, adotada pelas Nações Unidas desde 1948, 
preconiza que “o reconhecimento da dignidade inerente a 
todos os membros da família humana e de seus direitos iguais 
e inalienáveis é o fundamento da liberdade, da justiça e da paz 
no mundo” (WEYNE, 2013, p. 88). 
 
Notadamente, “firmou-se, assim, um dos grandes consensos éticos do mundo ocidental”. (CASTILHO, 
2019, p. 242). “Foi, todavia, apenas com a Lei Fundamental (ou Constituição) Alemã, de 1949, que a dignidade 
da pessoa humana, como princípio, restou consagrada em uma Constituição”. (CASTILHO, 2019, p. 243). 
Logo, não é por outro motivo que, hodiernamente, na “[...] maioria das Constituições de países que se 
autodenominam democráticos e nas declarações internacionais de direitos humanos, que a dignidade 
humana aparece como princípio fundamental.” (WEYNE, 2013, p. 19). 
Além disso, “a dignidade da pessoa humana é apontada por muitos como um superprincípio, gênero de 
todas as espécies. Ou ainda: a base de tudo.” (IZIDORO, 2015, p. 18). Em outras palavras, temos que a 
dignidade da pessoa humana, nada mais é do que um princípio, mas um princípio verdadeiramente norteador 
 
24 Totalitarismo é um “tipo de governo não democrático cujo controle é unicamente exercido pelos dirigentes, que 
retêm os direitos das pessoas em proveito da razão de Estado; regime totalitário. Regime de governo no qual só um 
partido político é permitido, chefiado por um líder absoluto, que se mantém no poder usando de força e violência”. 
(DICIO, 2019, p. 01) 
 
 
42 
 
do ordenamento jurídico nacional e internacional, o que o torna, portanto, “um supraprincípio25”. (CASTILHO, 
2019, p. 245) 
Tal constatação justifica sua presença em muitos textos constitucionais, tal como o brasileiro, que 
seguindo a tendência contemporânea, infundiu na dignidade humana a majestade de constituir um dos 
fundamentos de nosso Estado Democrático de Direito. Observa-se, com isso, que a dignidade foi “erigida à 
condição de princípio fundamental” no nosso ordenamento, ou seja “[...] significa que a dignidade da pessoa 
humana constitui valor a embasar todo o ordenamento jurídico pátrio[...]”. (CASTILHO, 2019, p. 246). 
Vale dizer, portanto, que ao ser elevada à majestade de princípio constitucional, a dignidade humana 
assinala a incontroversa realidade de que “o Estado deve estar a serviço do homem, não o contrário. Nessa 
perspectiva, o princípio da dignidade ocupa a centralidade do sistema jurídico, devendo ser efetivado pelo 
Estado” (SARMENTO, 2019, p. 13). 
 
25 Princípio designa “o começo; o que ocorre ou existe primeiro que os demais: princípio dos tempos”. Supra designa 
“Que está acima; que se encontra numa posição superior: acima, em cima, mais acima;”. Do mesmo modo, o termo 
super, “Prefixo que indica acima ou excesso; que ocupa uma posição superior; que demonstra proeminência”. (DICIO, 
2019, p. 01). 
 
 
43 
 
RESERVA DO POSSÍVEL E MÍNIMO EXISTENCIAL 
 
 
Notadamente, “[...] é possível constatar, através do texto da atual Constituição brasileira, a conquista 
normativa de preservação e promoção de um dos mais importantes atributos de todo ser humano: a 
dignidade”. (GUERRA, 2018, p. 208). 
Apesar de tê-la como um dos fundamentos da República Federativa do Brasil, demonstra “[...] que o 
Estado Brasileiro tem o ser humano e a sua dignidade comonorte, diretriz, como centro da sua organização.” 
(ARAKAKI e VIERO, 2018, p. 169). 
“Em outras palavras, pode-se afirmar que o epicentro de onde se irradiam quaisquer outros direitos 
fundamentais é o princípio da proteção da dignidade da pessoa humana, sendo que todos os demais 
princípios se desenvolvem como uma espiral, a partir daquele princípio nuclear”. (MALHEIRO, 2018, p. 30). 
Entretanto, “não basta que os direitos humanos estejam previstos em tratados internacionais ou nas 
Constituições. É preciso que eles sejam respeitados na realidade social, o que só é possível se os Estados se 
comprometerem a garanti-los e aplicá-los nas relações interpessoais.” (SARMENTO, 2019, p. 16). 
É por isso que 
Uma das discussões mais recorrentes no âmbito do Constitucionalismo brasileiro 
refere-se à efetivação dos direitos sociais. O cumprimento das prestações estatais 
está condicionado ao uso racional dos recursos públicos em todos os níveis 
federativos. Os governos são obrigados a lidar com a escassez de verbas para 
atender às demandas setoriais, cada vez mais complexas e onerosas. (SARMENTO, 
2019, p. 7). 
Nesse passo, “[...] há duas questões importantes que provocam acaloradas discussões doutrinárias e 
jurisprudenciais: reserva do possível e mínimo existencial”. (LEITE, 2014, p. 127). 
RESERVA DO POSSÍVEL 
Conceitualmente, a reserva do possível 
 
 
 
44 
 
Implica limitações dos gastos com os direitos sociais de acordo com as limitações 
dos recursos orçamentários dos entes públicos, pois é cediço que os Estados têm 
dificuldades na distribuição dos recursos públicos entre as diversas alternativas 
para a implementação de políticas públicas 26 para atendimento às demandas 
sociais. (LEITE, 2014, p. 127). 
 
 
“Optar entre construir uma escola ou um hospital num contexto de extrema pobreza é um exemplo dos 
dilemas enfrentados todos os dias pelos gestores públicos”. (SARMENTO, 2019, p. 7). 
 
Isso demonstra que “a maior controvérsia envolvendo os direitos sociais está na busca de sua efetivação, 
que pode esbarrar em argumentos referentes à falta de recursos disponíveis, que limitaria a realização desses 
direitos a uma ‘reserva do possível’”. (RAMOS, 2019, p. 67). 
Portanto, objetivamente o cenário se apresenta da seguinte forma: o direito existe, e 
inquestionavelmente reconhecido. Contudo, de acordo com a teoria da reserva do possível, “adotada pelo 
Brasil com nome de ‘reserva financeira do possível’” (MASSON, 2019, p. 371), se não houver, por parte do 
Estado, recurso financeiro para implementar tais direitos, não há nada que possa ser feito. 
MÍNIMO EXISTENCIAL 
Ocorre que não se pode reduzir a efetividade das ações do Estado à mera questão orçamentária, visto 
que “não se cogita a reserva do possível em face de um mínimo existencial [...]”. (ARAKAKI e VIERO, 2018, p. 
171). Isso porque “[...] o mínimo existencial denota outra perspectiva: a do indivíduo em sua dignidade”. 
(LEITE, 2014, p. 127) 
Ademais, ter o mínimo existencial 
[...] como corolário da dignidade humana e, assim, fundamento da Constituição 
Federal de 1988, demonstra que o Estado brasileiro tem o ser humano, a sua 
dignidade e, consequentemente, o mínimo existencial, como norte, diretriz, como 
 
26 “Políticas públicas são conjuntos de programas, ações e atividades desenvolvidas pelo Estado diretamente ou 
indiretamente, com a participação de entes públicos ou privados, que visam assegurar determinado direito de 
cidadania, de forma difusa ou para determinado seguimento social, cultural, étnico ou econômico. As políticas públicas 
correspondem a direitos assegurados constitucionalmente ou que se afirmam graças ao reconhecimento por parte da 
sociedade e/ou pelos poderes públicos enquanto novos direitos das pessoas, comunidades, coisas ou outros bens 
materiais ou imateriais”. (SECRETARIA DO MEIO AMBIENTE E RECURSOS HÍDRICOS, 2019, p. 01). 
 
 
45 
 
centro da sua organização, de forma a irradiar a sua atuação a todo o ordenamento 
jurídico brasileiro. (ARAKAKI e VIERO, 2018, p. 169). 
Historicamente, “criada pela doutrina alemã, a expressão pretende delimitar um agrupamento reduzido 
de direitos fundamentais formado pelos bens mais básicos e essenciais a uma vida digna”. (MASSON, 2019, 
p. 371). É por isso que há quem defenda que “não há uma limitação conceitual para o mínimo existencial, 
pois seu conteúdo varia conforme os diferentes casos concretos em que poderá́ ser suscitada a sua incidência 
ou não”. (LEITE, 2014, p. 128). 
 
Mas, diante da necessidade de delimitar seu conteúdo, temos que o mínimo existencial “[...] corresponde 
aos direitos sociais elencados no art. 6º da Constituição”. (IZIDORO, 2015, p. 4) 
 
CONTROLE JUDICIAL DAS POLÍTICAS PÚBLICAS 
Conceitualmente, 
Políticas públicas são conjuntos de programas, ações e atividades desenvolvidas 
pelo Estado diretamente ou indiretamente, com a participação de entes públicos 
ou privados, que visam assegurar determinado direito de cidadania, de forma 
difusa ou para determinado seguimento social, cultural, étnico ou econômico. As 
políticas públicas correspondem a direitos assegurados constitucionalmente ou 
que se afirmam graças ao reconhecimento por parte da sociedade e/ou pelos 
poderes públicos enquanto novos direitos das pessoas, comunidades, coisas ou 
outros bens materiais ou imateriais. (SECRETARIA DO MEIO AMBIENTE E RECURSOS 
HÍDRICOS, 2019, p. 1) 
 
“A educação e a saúde no Brasil são direitos universais de todos os brasileiros. Assim, para assegurá-los e 
promovê-los estão instituídas pela própria Constituição Federal as políticas públicas de educação e saúde.” 
(SECRETARIA DO MEIO AMBIENTE E RECURSOS HÍDRICOS, 2019, p. 1). 
 
À vista disso, num cenário, em que se presencia 
um duelo entre a teoria da reserva do possível, que 
alegar déficit orçamentário como justificativa para a 
não efetivação de direitos humanos, e o princípio do 
mínimo existencial que, clamando pela preservação 
da dignidade humana, defende que existem 
prestações das quais o Estado não pode se esquivar, 
o Poder Judiciário “[...] tem exercido importante 
função concretizadora dos direitos sociais na medida 
 
 
46 
 
em que compele os gestores públicos a cumprir as obrigações prescritas na Constituição de 1988”. 
(SARMENTO, 2019, p. 7). 
Isso porque, apesar de ser de responsabilidade precípua dos Poderes Executivo e Legislativo a 
implementação das políticas públicas, devido à omissão, ao não fazer, revela-se adequada e legítima a 
intervenção do Poder Judiciário no sentido de se fazer cumprir os direitos previstos na Constituição, como 
forma de garantir uma existência digna aos cidadãos. 
 
“[...] o Judiciário exerce um papel fundamental, pois é o Poder 
estatal27 responsável pela filtragem constitucional daquilo que pode 
ser concedido, ou não, ao indivíduo ou à coletividade, de acordo com 
os exames da necessidade, da adequação e da proporcionalidade, 
segundo os parâmetros do mínimo existencial e da efetiva 
possibilidade do orçamento público”. (LEITE, 2014, p. 128) 
 
Ademais, o próprio 
[...] Supremo Tribunal Federal já reconheceu que a dimensão política da jurisdição 
constitucional legitima os juízes a combater a inércia dos gestores públicos no 
cumprimento dos direitos sociais, econômicos e culturais através da aplicação de 
sanções previstas em lei. Tal prática não constitui violação à separação dos poderes, 
mas prerrogativa confiada ao Judiciário de tornar efetivas as opções políticas eleitas 
pelo constituinte brasileiro, entre elas a erradicação da pobreza, a redução das 
desigualdades sociais, e a construção de uma sociedade livre, justa e solidária. 
(SARMENTO, 2019, p. 7-8). 
 
A judicialização do direito à saúde revela-se como um 
dos exemplos mais adequados para intervenção do 
Poder Judiciário nas ações do Poder Executivo. Isso 
porque, presente dentre os direitos previstos no art. 6° 
da Constituição Federal de 1988, e estando diretamenterelacionada ao direito à vida digna, não poderá ser 
renegada a omissão Estatal. Dessa forma, considerando 
o princípio da dignidade da pessoa humana, a saúde 
compõe “o núcleo básico do denominado mínimo 
existencial” (MASSON, 2019). Assim, diante da busca pelo fornecimento de medicamentos de alto custo, 
realização de cirurgias, exames, vagas em leitos hospitalares e em UTI’s, etc., apesar de não haver uma 
solução pacífica sobre o tema, o STF já se manifestou no sentido de “privilegiando a prevalência da direito à 
saúde, reiterando a inaplicabilidade da cláusula de reserva do possível quando esta puder comprometer no 
núcleo básico do mínimo existencial” (MASSON, 2019, p. 383). 
 
 
27 Poder do Estado. 
 
 
47 
 
 
“A judicialização significa, em apertada síntese, a transferência 
para o Poder Judiciário de decisões sobre o reconhecimento e 
concretização de um direito, que, ao menos em tese, seria de 
alçada dos demais Poderes da República (Poder Executivo e 
Legislativo) sobretudo quando se trata da elaboração de políticas 
públicas”. (MASSON, 2019, p. 373). 
 
 
 
 
48 
 
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	Páginas de DHC - Direitos Humanos e Cidadania - Volume 01.pdf
	Páginas de DHC - Direitos Humanos e Cidadania - Volume 013.pdf

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