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Direitos Humanos e Cidadania

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DIREITOS HUMANOS 
E CIDADANIA 
VOLUME 02 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
DIREITOS HUMANOS 
E CIDADANIA 
VOLUME 02 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Barra do Garças - MT 
UniCathedral 
2020 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Produzido por 
Nome 
 
 
 
Revisão Gramatical do Texto 
Nome 
 
 
 
Projeto Gráfico 
Atila Cezar Rodrigues Lima e Coelho 
Georgya Politowski Teixeira 
Matheus Antônio dos Santos Abreu 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
BARRA DO GARÇAS - MT 
JULHO 2020 
 
 
Copyright © by UniCathedral, 2020 
Nenhuma parte desta publicação pode ser gravada, 
armazenada em sistemas eletrônicos, fotocopiada, 
reproduzida por meios mecânicos ou outros quaisquer 
sem autorização prévia do(s) autor(es). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
UniCathedral – Centro Universitário 
Av. Antônio Francisco Cortes, 2501 
Cidade Universitária - Barra do Garças / MT 
www.unicathedral.edu.br
 
 
 
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) – Catalogação na Fonte 
Ficha catalográfica elaborada pela Bibliotecária Roberta M. M. Caetano – CRB-1/2914 
 
 
 
7 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
UNIDADE IV..................................................................................................................................... 13 
Conceito e Sentidos da Cidadania .......................................................................................................... 13 
Conceito.............................................................................................................................................. 13 
Sentidos .............................................................................................................................................. 15 
Trajetória histórica da cidadania ............................................................................................................ 17 
Antiguidade ........................................................................................................................................ 17 
Revoluções Burguesas ........................................................................................................................ 19 
Cidadania e Democracia ......................................................................................................................... 24 
O Exercício da Cidadania no Brasil ..................................................................................................... 24 
A interdependência entre a Democracia e a Cidadania ..................................................................... 29 
Referências bibliográficas ....................................................................................................................... 31 
UNIDADE V...................................................................................................................................... 36 
Direitos e deveres da cidadania ............................................................................................................. 36 
Direitos da Cidadania ......................................................................................................................... 37 
Deveres da cidadania ......................................................................................................................... 37 
Exercício da cidadania no Brasil – Atuação Política, Jurídica e Legislativa ............................................. 38 
Atuação Política .................................................................................................................................. 38 
Atuação Jurídica ................................................................................................................................. 39 
Atuação Legislativa ............................................................................................................................. 39 
Cidadania na Constituição Federal – Vida e Liberdade .......................................................................... 42 
A Cidadania na Constituição Federal de 1988 .................................................................................... 42 
O direito à vida ................................................................................................................................... 43 
Vida digna ........................................................................................................................................... 43 
O direito à liberdade........................................................................................................................... 44 
Referências bibliográficas ....................................................................................................................... 47 
UNIDADE VI..................................................................................................................................... 53 
O Direito à Igualdade .............................................................................................................................. 53 
O direito ao trabalho em condições justas ......................................................................................... 56 
SUMÁRIO 
 
 
8 
 
A cidadania na Constituição Federal de 1988 – Educação ..................................................................... 58 
O direito à educação .......................................................................................................................... 58 
A Cidadania na Constituição Federal de 1988 – Meio Ambiente ........................................................... 62 
O direito ao meio ambiente sadio ...................................................................................................... 62 
Referências bibliográficas ....................................................................................................................... 67 
 
 
 
 
9 
 
 
 
 
 
 
 
 
A Disciplina Direitos Humanos e Cidadania, tal como já foi mencionado, por conta da apresentação do 
Volume 1, sofreu uma divisão para atender a meros propósitos didáticos. Isso significa que, mesmo tratados 
de forma separada, os temas Direitos Humanos e Cidadania são interdependentes. 
Nesse sentido, o Volume 2 da Disciplina apresentará o tema Cidadania, cuja finalidade é proporcionar ao 
graduando, o desenvolvimento de um sentimento de pertencimento e necessidade de participação, que o 
fará atuante no seio social. Tudo isso como forma de melhoria da vida de todos, mesmo que diretamente 
não se relacionem com ele. 
Indiscutivelmente, relacionada com os Direitos Humanos e eleita como um dos fundamentos da República 
Federativa do Brasil, tal como a dignidade da pessoa humana, a Cidadania coloca-se como uma das mais 
importantes conquistas advindas das lutas ocorridas no seio da sociedade contemporânea, e que uma vez 
compreendida em sua essência, torna-se elemento indispensável para a efetivação dos Direitos Humanos, 
em âmbito interno dos Estados. 
Dessa forma, mesmo promovendo, em certa medida, distinção entre as pessoas, o certo é que em seu 
sentido amplo, correlaciona-se de forma íntima, com os Direitos Humanos, chegando à sua plenitude de 
alcance, em ambiente democrático, visto que será nesse que o indivíduo encontrará a liberdade necessária 
para participar da vida política do Estado, e com isso, lutar para o alcance da plenitude de seus direitos. 
A vista disso, tal como já foi dita na apresentação do Volume 1, também agora, com os estudos advindos 
do Volume 2, o que se pretende é contribuir para a formação técnica e humana do graduando, pré-requisito 
indispensável ao desenvolvimento de um profissional cidadão. 
Nessa perspectiva, a Disciplina foi sistematizada em dois volumes, sendo que neste segundo trataremos, 
especificamente, da Cidadania, em três unidades: 
Unidade IV – Contempla o conceitoe sentidos da Cidadania; sua evolução histórica e a indissociável 
relação existente entre Cidadania e Democracia; 
Unidade V – Aborda os Direitos e Deveres da Cidadania; o Exercício da Cidadania no Brasil, por meio da 
atuação política, jurídica e legislativa; e, por fim, a apresentação da Cidadania na Constituição Federal, 
abarcando os Direitos Fundamentais à vida e à liberdade. 
Unidade VI – Esclarece a Cidadania na Constituição Federal de 1988, abarcando os Direitos Fundamentais 
à igualdade, ao trabalho em condições justas e à educação; e na sequência, o Direito Fundamental ao 
Meio Ambiente. 
INTRODUÇÃO 
 
 
10 
 
 
 
 
51 
 
 
U
N
ID
A
D
E 
V
I 
 
 
52 
 
 
 
 
 
 
 
 
Autor(a) da Unidade 
Luiz Felipe Petusk Corona 
 
 
 
Ao final da unidade, esperamos que você seja capaz de: 
 
• Compreender o Direito à Igualdade e sua relação com a Cidadania na Constituição Federal de 1988; 
• Entender como a Carta constitucional de 1988 trata do Direito ao Trabalho em condições justa, e de 
que forma isso revela os aspectos da Cidadania; 
• Apreender o Direito Constitucional à educação como uma manifestação da Cidadania; 
• Identificar a relação existente entre o Direito ao Meio Ambiente, previsto na Constituição Federal de 
1988 e a Cidadania; 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
53 
 
UNIDADE VI 
O DIREITO À IGUALDADE 
 
 
Com relação ao direito à igualdade, a Declaração Universal dos Direitos Humanos, de 1948, inaugura o rol 
de trinta artigos afirmando no primeiro deles que “todos os seres humanos nascem iguais em dignidade e 
direitos” (NAÇÕES UNIDAS BRASIL, 2009, p. 1) 
Também o Pacto Internacional dos Direitos Sociais, Econômicos e Culturais em seu art. 3° determina que 
os Estados Partes “comprometem-se a assegurar a homens e mulheres igualdade no gozo de todos os direitos 
econômicos, sociais e culturais enumerados no presente Pacto”. (BRASIL, 1992, p. 1). Nesse mesmo sentido, 
a Convenção Americana sobre Direitos Humanos, igualmente fez menção à igualdade de todos perante a lei. 
 
Quando se diz que todos os seres humanos nascem iguais, o 
que se está afirmando é que nenhum nasce valendo mais do 
que outro. Como seres humanos, todos são iguais, não 
importando onde nasçam, quem sejam seus pais, a raça a que 
pertençam ou a cor de sua pele. (DALLARI, 2004, p. 13). 
 
No corpo constitucional, o direito à igualdade é mencionado logo em seu art. 3°, incisos III e IV temos, 
respectivamente, como objetivos fundamentais da República a “redução das desigualdades sociais e 
regionais”, além da promoção do “bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e 
quaisquer outras formas de discriminação” (BRASIL, 1988, p. 1). 
Na sequência, como não poderia deixar de ser, o caput, do art. 5°, é inaugurado com a garantia de 
igualdade de todos perante a lei, e, mais adiante, também é repetido dentre os cinco direitos mais caros ao 
indivíduo, ao lado da vida, liberdade, segurança e propriedade, o que denota que esse direito se constitui 
como a representação máxima do regime democrático. 
Ainda, no extenso rol do célebre art. 5°, reaparece, sem demora, no inciso I, igualando homens e 
mulheres em direitos e obrigações, perante a lei. 
 
 
 
 
54 
 
 
 
Concernente aos direitos dos trabalhadores, a igualdade também é enaltecida ao proibir, na altura dos incisos 
XXX e XXXI, do art. 7°, respectivamente, “a diferença salarial, de exercício funcional ou mesmo critério de 
admissão por motivo de sexo, idade, cor ou estado civil, ou ainda discriminação salarial ou no tocante a 
critério de admissão ao portador de deficiência” (BRASIL, 1988, p. 1). A vista disso, também cuidou a 
Constituição, na altura do art. 39, § 3°29, de garantir aos servidores públicos, que mesmo integrando a 
administração pública, em suas mais diferentes esferas, os mesmos direitos trabalhistas constitucionalmente 
reconhecidos aos demais trabalhadores, por obra do art. 7°, caput, da referida Lei Maior. 
 
É certo que, num primeiro momento, o que temos é uma garantia constitucional de igualdade na 
perspectiva formal, que se revela no propósito de promover que perante a lei o tratamento seja igualitário. 
“Assegura-se, deste modo, que a lei, genérica e abstrata, incida de modo neutro nas ocorrências fáticas, vale 
dizer, seja igual para todos e não tolere espaço para privilégios ou distinções”. (MASSON, 2019, p. 280). 
Contudo, garantir a igualdade formal, num cenário de profundas desigualdades concretas, fatalmente 
incide na potencialização da promoção de injustiças. Essa situação somente foi remediada com a promoção 
de uma igualdade na perspectiva material. “Recupera-se, com isso, a lógica aristotélica de que os desiguais 
devem ser tratados desigualmente, na medida de suas desigualdades”. (MASSON, 2019, p. 281). 
 
 
 
 
29 Art. 39. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios instituirão conselho de política de administração e 
remuneração de pessoal, integrado por servidores designados pelos respectivos Poderes. § 3º Aplica-se aos servidores 
ocupantes de cargo público o disposto no art. 7º, IV, VII, VIII, IX, XII, XIII, XV, XVI, XVII, XVIII, XIX, XX, XXII e XXX, podendo 
a lei estabelecer requisitos diferenciados de admissão quando a natureza do cargo o exigir. (BRASIL, 1988, p. 1). 
 
 
55 
 
 
 
Percebe-se, pois, que atualmente o perfeito entendimento do 
princípio da isonomia contempla o reconhecimento de suas variadas 
perspectivas: 
- desde a formal – por alguns intitulada “igualdade perante a lei”, 
refere-se à interpretação e aplicação igualitária de um diploma 
normativo já confeccionado; 
- quanto à material (igualdade na lei) – na qual o respeito à igualdade 
se dá em esfera abstrata e genérica, na fase de criação do direito, 
alcançando os Poderes Públicos (inclusive o legislador, claro) quando 
elaboram um ato normativo”; (MASSON, 2019, p. 281). 
 
Ainda, com relação à perspectiva material do direito à igualdade, há que se considerar a importância das 
ações afirmativas, como “poderoso mecanismo de inclusão social, concebido para corrigir e mitigar os efeitos 
presentes das discriminações ocorridas no passado”. (MASSON, 2019, p. 281). 
 
As ações afirmativas se caracterizam como práticas ou 
políticas estatais de tratamento diferenciado a certos grupos 
historicamente vulneráveis, periféricos ou hipossuficientes, 
buscando redimensionar e redistribuir bens e oportunidades 
a fim de corrigir distorções. (MASSON, 2019, p. 281). 
 
As ações afirmativas, configuram-se, portanto, numa mudança de postura do próprio Estado, que 
abandona a postura passiva e neutra, para promover políticas públicas de inclusão social. Ações que 
perdurarão até que seu propósito seja atingido, ou seja, que a igualdade que se almeja, seja alcançada, de 
modo que elas não existem para durar para sempre, e sim, somente até que seu motivo de existência seja 
alcançado. 
 
“No Brasil, podemos exemplificar a incidência de ações afirmativas por intermédio da instituição da política 
de cotas étnico-raciais para a seleção e ingresso de estudantes em universidade”(MASSON, 2019, p. 283)”. 
Além disso, de acordo com o previsto pela Lei n°. 9.504/1997 (art. 10, § 3°30), “[...] pelo menos 30% dos 
candidatos de um partido devem ser do sexo feminino”. (MASSON, 2019, p. 285)”. 
 
 
 
 
30 Art. 10. § 3° Do número de vagas resultante das regras previstas neste artigo, cada partido ou coligação preencherá 
o mínimo de 30% (trinta por cento) e o máximo de 70% (setenta por cento) para candidaturas de cada sexo. (BRASIL, 
1997, p. 1). 
 
 
56 
 
 
“[...] toda ação afirmativa elege um grupo a ser 
contemplado pelas vantagens compensatórias, 
afastando os demais não abrangidos pela política 
pública de favorecimento, criando um cenário que pode 
ocasionar a discriminação inversa 31 (ou reversa)”. 
(MASSON, 2019, p. 282). 
 
Importante destacar que o Estado tem o dever de promover a igualdade entre todos, para com isso 
implementar a realizaçãodos Direitos Humanos de segunda dimensão, e que cobrar a efetividade dessas 
políticas públicas é exercer a cidadania. 
O DIREITO AO TRABALHO EM CONDIÇÕES JUSTAS 
Após a Primeira Guerra Mundial, com o 
advento do Tratado de Versalhes, passa-se 
a ter o desenvolvimento de um padrão 
internacional do trabalho, com a formação 
da Organização Internacional do Trabalho 
(OIT), que além de ter sido precursora da 
ONU, atualmente, configura-se como uma 
de suas agências especializadas, conforme 
estudado na Unidade III. 
Interessante destacar que a OIT tem por 
finalidade precípua “a busca pela justiça 
social, assegurando-se um justo e digno 
ambiente de trabalho”. (CASTILHO, 2018, p. 
137). Nesse sentido, admite-se o trabalho 
como um direito, pois por meio dele o ser humano é capaz de “desenvolver sua capacidade física e intelectual, 
conviver de modo positivo com outros seres humanos e realizar-se integralmente como pessoa”. (DALLARI, 2004, 
p. 57). 
Vale lembrar, por oportuno, que o Direito ao Trabalho iniciou seu processo de internacionalização com a 
OIT, e ganhou contornos definitivos de internacionalização com a Declaração Universal dos Direitos 
Humanos, que em seu Artigo XXIII, defende o “direito ao trabalho, à sua livre escolha, e realização em 
condições satisfatórias, além da proteção contra o desemprego”. (DUDH, 1948, p. 1). 
Igualmente, o Pacto Internacional dos Direitos Sociais, Econômicos e Culturais abordou o trabalho como 
um direito, “por meio do qual o homem deva ter a possibilidade de ganhar a vida” (art. 6º, § 3º, BRASIL, 1992, 
p. 1), além de “exigi-lo em condições justas” (art. 7º, BRASIL, 1992, p. 1). 
Também, na Convenção Americana sobre Direitos Humanos, que “proíbe a escravidão e a servidão” (art. 
6º, § 1º, BRASIL, 1992, p. 1), da mesma forma destacou a importância do trabalho em condições justas ao 
condenar toda e qualquer forma de relação laboral abusiva ou degradante à pessoa. 
Em consonância com esses documentos internacionais, está a Constituição Federal de 1988, que se 
construiu também como resultado de uma série de conquistas no campo dos direitos trabalhistas. 
 
31 “A adoção de políticas positivas deve ser precedida de uma profunda análise das condições e peculiaridades locais, 
bem como de um estudo prévio sobre o tema, sendo que sua legitimidade irá depender da observância de determinados 
critérios, sob pena, de atingir, de forma direta e indireta, o direito dos que não foram beneficiados por ela (discriminação 
inversa)” (NOVELINO apud MASSON, 2019, p. 283). 
 
 
57 
 
Contudo, para além de ser considerado apenas um Direito Humano, graças ao fato de que é por meio da 
atividade laboral que o indivíduo “dá sua retribuição por tudo o que recebe dos demais” (DALLARI, 2004, p. 
57), o trabalho também “é dever de toda pessoa humana”. (DALLARI, 2004, p. 57). 
Vale mencionar que, as condições em que se executa esse trabalho devem ser consideradas, visto que 
trabalhos perigosos ou insalubres devem ser realizados com os devidos cuidados prestados ao trabalhador, 
de modo que é dever do “empregador proporcionar aos seus empregados e trabalhadores um meio 
ambiente de trabalho higiênico e saudável”. (MORAES et al, 2018, p. 396). Nesse sentido, o legislador, além 
de fixar uma indenização, a título de adicionais de salário, também fixa regras com intuito de minimizar os 
perigos a que se expõe o trabalhador, que muitas vezes, “concordam em correr os riscos ou aceitar as 
consequências do trabalho perigoso ou insalubre porque são pobres, necessitam da remuneração e não 
conseguem trabalho melhor”. (DALLARI, 2004, p. 60). 
 
 
Todo trabalho socialmente útil é digno e merecedor de respeito, não 
sendo admissível que uma pessoa valha mais ou valha menos do que 
outra, por causa da natureza do trabalho que cada uma executa. 
(DALLARI, 2004, p. 59). 
 
A vista disso, independente de qual seja o tipo de trabalho a ser executado, este como Direito Humano, 
deve ser o meio pelo qual o indivíduo possa alcançar uma vida digna, entender e buscar esse como o 
resultado último do trabalho, constitui-se efetivo exercício da cidadania. 
 
 
58 
 
A CIDADANIA NA CONSTITUIÇÃO 
FEDERAL DE 1988 – EDUCAÇÃO 
 
O DIREITO À EDUCAÇÃO 
Educação “derivado do latim educatio, de educare (instruir, ensinar, amestrar), é geralmente empregado 
para indicar a ação de instruir e de desenvolver as faculdades físicas, morais e intelectuais de uma criança ou 
mesmo de qualquer ser humano”. (SILVA, 2008, p. 509). 
À vista disso, num ambiente democrático, em que se preza pela promoção e proteção dos Direitos 
Humanos e, consequente, o exercício da cidadania, indiscutível é a importância do direito à educação. Isso 
porque, a educação constitui-se como “o processo de desenvolvimento da capacidade física, intelectual e 
moral da criança e do ser humano em geral, visando à sua melhor integração individual e social”. 
(FIGUEIREDO, 2013, p. 103). 
Nesse sentido, o ato de educar ou 
instruir compreende “[...] qualquer 
espécie de educação: física, moral e 
intelectual, consistindo assim, em se 
ministrar ou fazer ministrar lições, que 
possam influir na formação intelectual, 
moral ou física da pessoa, a fim de 
prepará-la, como é de mister para ser útil 
à coletividade”. (SILVA, 2008, p. 509). 
Não por outro motivo, a Declaração 
Universal dos Direitos Humanos cuidou de 
resguardar esse direito, ao reconhecer, na 
altura do Art. XXVI, que “todo ser humano 
tem direito à instrução”. (DUDH, 1948). 
 
 
59 
 
Ademais, o Pacto Internacional dos Direitos Sociais, Econômicos e Culturais igualmente menciona a 
educação como importante Direito Humano, destacando-a como responsabilidade da família em relação aos 
filhos32 e do Estado33, que deverá empenhar esforços para oferecê-la, com qualidade, a todas as pessoas. 
Igualmente, a Convenção Americana sobre Direitos Humanos menciona a educação ao afirmá-la como 
direito dos pais em relação aos filhos, no aspecto moral e religioso34, como obrigação dos Estados-Partes, 
que deverão oferecê-la a todos35, devendo, para tanto, empenhar todos os esforços para garantir sua 
prestação e, consequente, efetivação desse Direito Humano de segunda dimensão. 
Além disso, em âmbito interno, a Constituição Federal de 1988, além de localizar a educação dentre os 
direitos sociais, no rol do art. 6°, também dedicou a ela, com exclusividade a Seção I, do Capítulo III, em que, 
logo no inaugural art. 205, assevera que a educação, que é “direito de todos e dever do Estado e da família, 
será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, 
seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho”. (BRASIL, 1988, p. 1). 
 
Educar bem é estimular o uso da inteligência e da crítica, é 
reconhecer em cada criança uma pessoa humana, 
essencialmente livre e capaz de raciocinar, necessitada de 
receber informações sobre as conquistas anteriores da 
inteligência humana e sobre a melhor forma de utilização de 
tais informações para a busca de novos conhecimentos. 
(DALLARI, 2004, p. 69). 
 
Com relação ao dever, atribuído pelo texto constitucional, ao Estado e à família, acerca da educação, 
temos que ela se dá, portanto, de duas maneiras: a) a educação informal, e b) a educação formal. 
Educação informal 
A educação informal corresponde àquela que envolve a 
orientação que os adultos, por meio de ensinamentos e 
aconselhamentos, passam às crianças em relação a valores morais, 
espirituais e étnicos para convivência em sociedade. Nesse sentido, 
não se pode perder de vista o papel da família, visto que “a educação 
de uma pessoa começa na família e no meio social em que a criança 
nasceu e passa a viver”. (DALLARI, 2004, p. 68). 
 
32 “Art. 10. Os Estados Partes do presente Pacto reconhecem que: § 1°. Deve-se conceder à família, que é o elemento 
natural e fundamental da sociedade, as mais amplas proteção e assistência possíveis, especialmente para a sua 
constituição e enquanto elefor responsável pela criação e educação dos filhos. [...]”. (BRASIL, 1992, p. 1). 
33 “Art. 13. [...] § 1°. Os Estados Partes do presente Pacto reconhecem o direito de toda pessoa à educação. Concordam 
em que a educação deverá visar ao pleno desenvolvimento da personalidade humana e do sentido de sua dignidade e 
fortalecer o respeito pelos direitos humanos e liberdades fundamentais [...]”. (BRASIL, 1992, p. 1). 
34 “Art. 12 [...] § 4°. Os pais, e quando for o caso os tutores, têm direito a que seus filhos ou pupilos recebam a educação 
religiosa e moral que esteja acorde com suas próprias convicções”. (BRASIL, 1992, p. 1). 
35 “Art. 26. Os Estados-Partes comprometem-se a adotar providência, tanto no âmbito interno como mediante 
cooperação internacional, especialmente econômica e técnica, a fim de conseguir progressivamente a plena efetividade 
dos direitos que decorrem das normas econômicas, sociais e sobre educação, ciência e cultura, constantes da Carta da 
Organização dos Estados Americanos, reformada pelo Protocolo de Buenos Aires, na medida dos recursos disponíveis, 
por via legislativa ou por outros meios apropriados”. (BRASIL, 1992, p. 1). 
 
 
60 
 
Educação formal 
A educação formal é aquela ofertada pelo Estado. De acordo 
com a Lei nº 9.394/1996 trata-se da educação escolar “que se 
desenvolve, predominantemente, por meio do ensino, em 
instituições próprias” (art. 1º, § 1º, BRASIL, 1996, p. 1), e que 
“deverá vincular-se ao mundo do trabalho e à prática social” (art. 
1º, § 2º, BRASIL, 1996, p. 1). Essa educação será ofertada pelo 
Estado por meio de rede de ensino, que é composta pela 
cooperação de esforços da União, Estados e Municípios. 
Nota-se que a Educação no Brasil, como responsabilidade do 
Estado, se divide entre os entes federados (União, Estado, Distrito Federal e Municípios), que, cada um com 
a sua atribuição, colaborarão mutuamente para oferecê-la a todos. Esse, portanto, é o papel do Estado, e 
propiciar à criança o acesso à essa formação é uma obrigação daqueles que são seus responsáveis. 
 
 
De acordo com a legislação educacional, “o sistema de ensino será estruturado por todos os entes 
federativos, de forma participativa e colaborativa, da maneira a seguir delineada: 
a) a União organizará o sistema federal de ensino e o dos Territórios; financiará as instituições de ensino 
públicas federais; exercerá, em matéria educacional, função redistributiva e supletiva, de forma a 
garantir equalização de oportunidades educacionais e padrão mínimo de qualidade do ensino 
mediante assistência técnica e financeira aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios; 
b) os Municípios atuarão prioritariamente no ensino fundamental e na educação infantil; 
c) os Estados e o Distrito Federal atuarão prioritariamente no ensino fundamental e médio; 
d) na organização de seus sistemas de ensino, os Estados e os Municípios definirão formas de 
colaboração, de modo a assegurar a universalização do ensino obrigatório; 
e) a educação básica pública atenderá prioritariamente ao ensino regular”. (FIGUEIREDO, 2013, p. 104). 
 
Observada a importância legal de se promover a formação educacional da pessoa, e em consonância com 
tal propósito, o Código Penal traz dentre os crimes contra a assistência familiar, o abandono intelectual, que 
nos arts. 24636 e 24737, enquadra como prática criminosa deixar de dar à criança a necessária educação 
escolar ou permitir que se frequente lugares, em que possa adquirir maus costumes. Tais atos, que importam, 
por parte dos pais ou responsáveis, em desatenção à educação formal moral do menor, além de serem 
 
36 Art. 246 - Deixar, sem justa causa, de prover à instrução primária de filho em idade escolar: Pena - detenção, de quinze 
dias a um mês, ou multa. 
37 Art. 247 - Permitir alguém que menor de dezoito anos, sujeito a seu poder ou confiado à sua guarda ou vigilância: I - 
frequente casa de jogo ou mal-afamada, ou conviva com pessoa viciosa ou de má vida; II - frequente espetáculo capaz 
de pervertê-lo ou de ofender-lhe o pudor, ou participe de representação de igual natureza; III - resida ou trabalhe em 
casa de prostituição; IV - mendigue ou sirva a mendigo para excitar a comiseração pública: Pena - detenção, de um a 
três meses, ou multa. 
 
 
 
61 
 
punidos com pena de detenção e multa, demonstram como a estrutura legislativa do Estado entende 
importante oportunizar à pessoa, principalmente em sua fase de formação, a devida instrução 
Educação inclusiva 
Foi o discurso do texto constitucional de 1988 
que, definitivamente, promoveu que a educação, 
de forma mais efetiva, alcança-se pessoas com 
necessidades especiais. Em especial, foi o art. 206 
da Lei Maior que, ao estabelecer “a igualdade de 
condições de acesso e permanência na escola”, 
amplia seu acesso, e faz surgir em 1994 a Política 
Nacional de Educação Especial, mas que restringia 
“a integração somente daqueles acadêmicos que 
sejam capazes de acompanhar as classes 
regulares”. (BES, 2019, p. 193). 
Posteriormente, graças à já mencionada Lei nº 9.394/1996, Lei de Diretrizes e Bases da Educação, “a 
criança com deficiência passou a ter o direito de frequentar a rede regular, lhe sendo garantido por lei um 
apoio especializado sempre que a integração na escola não for possível”. (BES, 2019, p. 193). 
Baseado nessa perspectiva, em 2008 surge a Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da 
Educação Inclusiva, cujo propósito é promover “o acesso, a participação e a aprendizagem dos acadêmicos 
com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades/ superdotação nas escolas 
regulares”. (BES, 2019, p. 193). 
 
Cabe aos sistemas de ensino, ao organizar a educação especial 
na perspectiva da educação inclusiva, disponibilizar as 
funções de instrutor, tradutor/intérprete de Libras e guia-
intérprete. Também é responsabilidade deles providenciar 
profissionais como monitores ou cuidadores dos acadêmicos 
com necessidade de apoio nas atividades de higiene, 
alimentação, locomoção, entre outras que exijam auxílio 
constante no cotidiano escolar. (BES, 2019, p. 193). 
 
Como visto, a postura constitucional acerca do direito à educação, pretende torná-la meio para 
aperfeiçoamento das habilidades humanas e, com isso, permitir a plena realização do indivíduo, conduzindo-
o à inclusão cidadã por meio de sua futura atividade laboral. 
 
 
62 
 
A CIDADANIA NA CONSTITUIÇÃO 
FEDERAL DE 1988 – MEIO AMBIENTE 
 
O DIREITO AO MEIO AMBIENTE SADIO 
A locução meio ambiente é definida como “conjunto de condições 
naturais em determinada região, ou, globalmente, em todo o planeta, 
e da influência delas decorrentes que, atuando sobre os organismos 
vivos e os seres humanos, condicionam sua preservação, saúde e bem-
estar”. (SILVA, 2019, p. 908). 
Fruto de um processo de conscientização crescente, o meio 
ambiente, principalmente nas últimas três décadas, passou a receber, 
cada vez mais “proteção jurídica e o reconhecimento da importância 
da manutenção de sua qualidade e diversidade para a dignidade da 
pessoa humana e seu pleno desenvolvimento”. (AMORIM, 2015, p. 
115). Desse modo, o Direito ao Meio Ambiente está situado entre os 
Direitos Humanos de Terceira Dimensão. 
 
O Meio Ambiente (Direito de 3ª Dimensão) não 
encontra positivação na Declaração Universal dos 
Direitos Humanos, nem nos Pactos que se seguiram a 
ela (Pacto dos Direitos Civis e Políticos e Pacto dos 
Direitos Econômicos, Sociais e Culturais), tampouco na 
Convenção Americana, justamente porque foi 
reconhecido posteriormente. 
 
Em ambiente internacional, paralela à formação e consolidação da proteção aos Direitos Humanos 
capitaneada pela ONU, a partir de 1945, também o meio ambiente passa a receber especial atenção. 
 
 
63 
 
Mas, foi em 1972, com a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano, que temos “o 
marco inicial da emergência do direito internacional do meio ambiente” (AMORIM, 2015, p. 118). Sua 
notoriedade se deu graçasao fato de que além de “muitos dos seus 26 princípios terem sido incorporados a 
diversas convenções internacionais e inúmeras resoluções e declarações” (AMORIM, 2015, p. 118), “pela 
primeira vez, o consumo e o comércio internacional de determinados produtos foram banidos em nível 
global.” (AMORIM, 2015, p. 118). 
Germinava aí, a conscientização de que a preservação ao meio ambiente, muito mais do que ser tratada 
como um regramento interno dos Estados, deve compor uma agenda internacional que pretende promover 
sua proteção em âmbito global. 
Notadamente, foi graças a essas atitudes governamentais que, “cresceu rapidamente o número dos que 
passaram a reconhecer que a proteção do meio ambiente era parte da defesa do patrimônio natural da 
humanidade e que, em consequência, aquela proteção deveria estar entre os direitos humanos 
fundamentais”. (DALLARI, 2004, p. 80). 
Não obstante sua proteção internacional, o texto constitucional é claro, ao estabelecer, no caput do art. 
225, que “todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e 
essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e 
preservá-lo para as presentes e futuras gerações”. (BRASIL, 1988, p. 1). 
Muito embora a Constituição Federal trate de meio ambiente na altura de seu art. 225, note-se que esse 
não é um tema que aparece isolado no texto constitucional, visto que mesmo que não mencionado 
diretamente, se inter-relaciona com muitos outros temas presentes na Carta mãe. O primeiro que merece 
destaque é o Princípio da Dignidade da Pessoa Humana, presente no art. 1°, III, da Constituição Federal de 
1988. Incontestável tal relação haja vista que, sem um meio ambiente equilibrado, não há a vida digna. 
Entender e buscar a realização desse propósito constitucional compõe o exercício da cidadania. 
Reforçando tal entendimento, temos que muito embora o Direito ao um Meio Ambiente Equilibrado não 
esteja presente no rol do art. 5°, da Constituição Federal, reconhecidamente trata-se de um direito 
fundamental, o que faz com que haja “a obrigatoriedade de sua proteção, por se tratar de bem de uso comum 
do povo, sendo essencial à sadia qualidade de vida”. (TRENNEPOHL, 2019, p. 79). 
 
 
Antropocentrismo e Biocentrismo 
Da interação do ser humano com o meio ambiente, surgem duas concepções ética distintas: 
1) antropocentrismo, que “concebe o homem em uma verdadeira relação de superioridade com os 
demais seres. O que importa é o bem-estar dos seres humanos e, para tanto, o homem se apropria 
dos bens ambientais para o seu interesse exclusivo, sem preocupação com os demais seres vivos, 
que são instrumentais”. (OLIVEIRA, 2017, p. 06); 
2) biocentrismo, concepção segundo a qual “o homem não é superior aos outros seres vivos; mantém 
com eles uma relação de interdependência, de simbiose. Todos os seres vivos são igualmente 
importantes. O centro das relações não é, como no antropocentrismo, a humanidade, mas os seres 
vivos, humanos e não humanos”. (OLIVEIRA, 2017, p. 06). 
Mas afinal, somos antropocêntricos ou biocêntricos? 
 
 
64 
 
Somos “[...] o que a doutrina denomina ‘antropocentrismo alargado’, que conjuga a interação da espécie 
humana com os demais seres vivos como garantia de sobrevivência e dignidade do próprio ser humano, 
assim como o reconhecimento que a proteção da fauna e da flora é indeclinável para a equidade 
intergeracional, para salvaguarda das futuras gerações”. (OLIVEIRA, 2017, p. 10, grifo nosso). 
 
À vista disso, para bem se analisar a importância de se usufruir de um meio ambiente sadio, como direito 
humano e possibilidade de efetivo exercício de cidadania, há que se verificar que existem quatro subdivisões 
trazidas ao meio ambiente: 1) o meio ambiente natural, 2) o meio ambiente artificial, 3) o meio ambiente 
cultural e o 4) meio ambiente do trabalho. 
1) O meio ambiente natural: “formado pelos elementos com vida (bióticos) ou sem vida (abióticos) da 
natureza, que existem independentemente da intervenção humana, a exemplo da fauna, da flora, das águas, 
do solo, e dos recursos minerais;” (AMADO, 2014, p. 10). 
Diferente do meio ambiente artificial, que existe graças à intervenção humana, o meio ambiente natural 
existe por si mesmo, e por isso é composto por tudo que originalmente sempre rodeou o ser humano. 
 
 
Para que não haja conflito entre a preservação do meio ambiente e 
o desenvolvimento econômico, a Constituição Federal de 1988, 
prevê no art. 170, VI, será observado o princípio do desenvolvimento 
sustentável, de acordo com o qual as estratégias de 
desenvolvimento deverão adotar “medidas de prevenção de danos 
e de situações de riscos ambientais [...]”. (TRENNEPOHL, 2019, p. 
53). Tais medidas deverão buscar o desenvolvimento econômico ao 
lado da sadia qualidade de vida. 
 
2) O meio ambiente artificial: “formado por bens tangíveis ou intangíveis de criação humana, mas que 
não compõem o patrimônio cultural, a exemplo de uma casa recém construída ou de um novo automóvel;” 
(AMADO, 2014, p. 10). 
 
Ao contrário do meio ambiente natural que existe por si mesmo, sem a interferência humana, o meio 
ambiente artificial “é o espaço urbano, as cidades com os seus espaços abertos, com ruas, praças e parques; 
e os espaços fechados, com as edificações e os equipamentos públicos urbanos, como de abastecimento de 
água, serviços de esgotos, energia elétrica, coletas de águas pluviais, rede telefônica e gás canalizado”. 
(OLIVEIRA, 2017, p. 02). 
 
 
65 
 
 
A Constituição Federal de 1988, cuidou da proteção ao 
meio ambiente artificial nos arts. 182, ao tratar da 
política urbana, cujo objetivo é “[...] tem por objetivo 
ordenar o pleno desenvolvimento das funções sociais 
da cidade e garantir o bem-estar de seus habitantes”. 
(BRASIL, 1988, p. 1). 
 
3) O meio ambiente cultural: “composto de bens materiais é 
imateriais criados pelo homem, desde que integrem o patrimônio 
cultural, por serem portadores de referência à identidade, á ação, 
à memória, dos diferentes grupos formados da sociedade 
brasileira;” (AMADO, 2014, p. 10). 
Trata-se do meio ambiente “constituído do patrimônio cultural, 
artístico, arqueológico, paisagístico, etnográfico, manifestações 
culturais, folclóricas e populares brasileiras”. (OLIVEIRA, 2017, p. 
02), “[...] a exemplo de uma casa tombada, no acarajé ou da 
capoeira;” (AMADO, 2014, p. 10). 
Dito de outra forma, temos que “o bem que compõe o chamado 
patrimônio cultural traduz a história de um povo, a sua formação, 
cultura e, portanto, os próprios elementos identificadores de sua 
cidadania, que constitui princípio fundamental norteador da 
República Federativa do Brasil”. (FIORILLO, 2017, p. 66). 
 
 
De acordo com o art. 216 da Constituição Federal de 1988 “Constituem patrimônio cultural brasileiro os bens 
de natureza material e imaterial, tomados individualmente ou em conjunto, portadores de referência à 
identidade, à ação, à memória dos diferentes grupos formadores da sociedade brasileira, nos quais se 
incluem: I – as formas de expressão; II – os modos de criar, fazer e viver; III – as criações cientificas, artísticas 
e tecnológicas; IV – as obras, objetos, documentos, edificações e demais espaços destinados às 
manifestações artístico-culturais; V – os conjuntos urbanos e sítios de valor histórico, paisagístico, artístico, 
arqueológico, paleontológico, ecológico e cientifico”. (BRASIL, 1988, p. 1). 
 
4) Meio ambiente do trabalho: “composto por todos os bens que são utilizados para o exercício digno e 
seguro da atividade laboral” (AMADO, 2014, p. 10), o meio ambiente do trabalho preocupa-se “[...] com o 
obreiro em seu local de trabalho, por meio de prescrições de saúde, salubridade, condições atmosféricas, 
ergonomia, etc.” (OLIVEIRA, 2017, p. 02). 
Constitui-se, portanto, como o “local onde as pessoas desempenham suas atividades laborais relacionadas à 
sua saúde, sejam remuneradas ou não, cujo equilíbrio está baseado na salubridadedo meio e na ausência de 
agentes que comprometam a incolumidade físico-psíquica dos trabalhadores [...]” (FIORILLO, 2017, p. 68). 
 
 
66 
 
À vista disso, temos que “a redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de normas de saúde, 
higiene e segurança é um direito fundamental dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem 
à melhoria de sua condição social”. (FURLAN e FRACALOSSI, 2019, p. 323). 
 
Tamanha é a importância destinada à saúde do trabalhador, 
sendo essa propiciada pela qualidade do ambiente em que 
desempenha sua atividade laboral, que o art. 7.º, inciso XXII 
da Carta Maior dispõe acerca da “redução dos riscos inerentes 
ao trabalho, por meio de normas de saúde, higiene e 
segurança” (BRASIL, 1988, p. 1). Além disso, também no texto 
constitucional, em seu art. 200, inciso VIII, temos que é de 
competência do Sistema Único de Saúde, “colaborar na 
proteção do meio ambiente, nele compreendido o do 
trabalho” (BRASIL, 1988, p. 1). 
 
 
 
 
 
Vale frisar que a classificação posta é meramente acadêmica, pois, a rigor, o meio ambiente é uno e 
indivisível, em razão da interação dos recursos ambientais. Tome-se como exemplo uma casa recém 
construída. Conquanto se possa enquadrá-la no meio ambiente artificial, é certo que o cimento, os blocos e 
as portas são feitos com base em recursos naturais. Se essa casa for o local do labor remunerado de um 
empregado, do seu ponto de vista, será parte do meio ambiente do trabalho. Ademais, é possível que um dia 
essa casa passe a integrar o patrimônio cultural, caso, por exemplo, se mantiver de pé durante décadas ou 
séculos. (AMADO, 2014, p. 10). 
 
Por fim, conforme já foi mencionado no caput do art. 225 do texto constitucional, o meio ambiente, seja 
ela considerado em uma de suas subdivisões, ou em sua completude, é um “bem de uso comum do povo e 
essencial à sadia qualidade de vida” (BRASIL, 1988, p. 1), o que o traduz como um direito, mas também como 
uma obrigação ao determinar “[...] ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo 
para as presentes e futuras gerações”. (BRASIL, 1988, p. 1). 
Logo, desfrutar desse Direito Humano significa exercer a Cidadania no sentido de que se constitui dever de 
todos “[...] viver de forma sustentável para que outros possam viver bem” (OLIVEIRA; SIMÃO, 2018, p. 10). É por 
isso o exercício da cidadania em defesa do meio ambiente significa o efetivo exercício de “[...] um direito e dever 
que cada pessoa possui de usufruir de um ambiente saudável”. (OLIVEIRA; SIMÃO, 2018, p. 10). 
 
 
67 
 
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