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EDUCAÇÃO, DIREITO E CIDADANIA Livro (1)

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Prévia do material em texto

Educação, Direito e 
Cidadania
1ª edição
2017
Educação, Direito e 
Cidadania
3
Palavras do professor
Você está recebendo o Caderno Pedagógico da disciplina de Educação, 
Direito e Cidadania, material organizado de forma didática a partir de 
ementa e objetivos específicos para este estudo, com base no Projeto 
Pedagógico do seu Curso de Pedagogia a Distância do Centro Universi-
tário Newton Paiva. Elaboramos este material a partir do entendimento 
existente sobre a construção do conhecimento na modalidade de ensino 
a distância, compreendendo suas necessidades enquanto estudante 
optante por esta forma de ensino. Este recurso didático será muito impor-
tante para o andamento da disciplina, apontando debates e encaminha-
mentos necessários sobre o tema educação, direito e cidadania, norte-
ando estudos, organizando conteúdos e saberes dentro desta abordagem 
temática. A disciplina Educação, Direito e Cidadania tem como objetivo 
geral conhecer noções de direitos humanos e cidadania, pautando a edu-
cação como meio de diálogo e articulação para a abordagem da socie-
dade em suas diferentes dimensões. Neste sentido, ao longo das quatro 
unidades que compõem este caderno, discutiremos algumas questões 
importantes para a compreensão de nosso papel enquanto pedagogos, 
profissionais da educação que deve ser transformadora, capaz de modifi-
car a realidade social e impactar positivamente nossas vidas e a da socie-
dade onde vivemos. 
Este material de estudo sistemático e orientado abordará os seguintes 
assuntos: Afirmação histórica dos direitos humanos, 1789 e 1948; Inter-
nacionalização dos direitos humanos; Universalidade e indivisibilidade; 
Dignidade da pessoa humana e educação; Direito civil, privado e social; A 
educação como direito; Direito à educação e cidadania; Direito à educa-
ção e cidadania no Brasil; Movimentos sociais e direito à educação; Políti-
cas públicas para a educação: quilombola, indígena e do campo. Educa-
ção, cidadania e diversidade cultural; Constituição do Brasil, 1988; ECA, 
1990; e, LDB 9394/96.
Organize sua agenda e fique atento ao cronograma de nossa disciplina! 
Então vamos aos estudos!
1
4
Unidade 1
Direitos Humanos: surgimento, 
afirmação, dignidade da pessoa 
humana e educação
Para iniciar seus estudos
Estamos começando nosso primeiro capítulo da disciplina de Educação, 
Direito e Cidadania, sendo que nesta primeira parte focamos em estudo 
introdutório a respeito das noções de educação, cidadania e direitos 
humanos, atentando para o papel do profissional pedagogo na constru-
ção de possibilidades para transformação social, em especial no ambiente 
escolar, local de participação e atuação permanente.
Objetivos de Aprendizagem
• Compreender os conceitos de cultura e sociedade. 
• Perceber a construção dos Direitos Humanos na cultura ocidental 
moderna.
• Reconhecer a relação entre a afirmação histórica dos direitos 
humanos e o direito à educação.
5
Educação, Direito e Cidadania | Unidade 1 - Direitos Humanos: surgimento, afirmação, dignidade da 
pessoa humana e educação
1.1 Sociedade e Direitos Humanos
Todas as sociedades humanas possuem formas de organização, gestão e criação de direitos e regras de convi-
vência, dentro de lógicas constitutivas de suas culturas e seus modos de vida. Em nossa sociedade ocidental, 
concebida por formas de lidar com a cultura, a educação e a cidadania, compreendemos que cada indivíduo, 
sujeito social atuante unitário ou coletivamente, importa em sua existência enquanto pessoa humana.
Neste sentido, cada um de nós possui o que chamamos de Direitos Humanos, aqueles que o indivíduo possui 
pelo fato de ser uma pessoa: o direito à vida, à família, à educação, ao trabalho, à liberdade, à religião, à alimenta-
ção, à orientação sexual e ao meio ambiente saudável, entre tantos outros (BRASIL, 2013, p. 11). Como veremos 
ao longo de nossa disciplina, estes direitos fazem parte de um sistema social reconhecido internacionalmente 
enquanto direitos fundamentais de cada pessoa humana.
Observaremos nesta primeira parte da unidade como os Direitos Humanos foram construídos enquanto norma 
de convivência e gestão social, apontando os processos históricos e sociopolíticos engendrados nesta constru-
ção, visando oferecer ferramentas políticas capazes de organizar a sociedade enquanto sociedade de direito.
Nossa sociedade possui muitas diversidades culturais, sociais e políticas, ao mesmo tempo em que as desigual-
dades sociais e raciais também operam criando disparidades de várias ordens, motivo que nos leva a refletir 
sobre formas de lidar com essas diferenças e constituir conjuntamente noções necessárias à vivência saudável 
e digna, importante para a construção de uma sociedade democrática e capaz de possibilitar a todos condições 
dignas de vida. Deste modo, a cultura e o entendimento sobre direitos humanos, em especial a educação em 
direitos humanos, são discussões que permitem a nós, sujeitos sociais educadores, transformar a realidade posi-
tivamente.
Confira mais informações na sequência.
Figura 1.1 – Grupo diverso multiétnico.
Legenda: A figura apresenta um grupo multiétnico, de diferentes origens sociais e raciais, per-
mitindo visualizarmos os diversos sujeitos que constituem nossa sociedade e apon-
tando para a necessidade de construirmos uma proposta de vivência comum cidadã.
Fonte: http://br.123rf.com/search.php?word=diversidade&imgtype=0&t_word=diversity&t_
lang=br&oriSearch=negros&srch_lang=br&sti=ls39cm76g8luxehikv|&mediapopup=49129889.
6
Educação, Direito e Cidadania | Unidade 1 - Direitos Humanos: surgimento, afirmação, dignidade da 
pessoa humana e educação
1.1.1 Alguns indicativos sobre o conceito de sociedade 
A sociedade é composta por um corpo de indivíduos organizados de acordo com aspectos culturais e políticos 
comuns, comportando semelhanças que conduzem a um objetivo comum, um modo de pensar e vivenciar a rea-
lidade. Cada sociedade pode ou não ser ligada por aspectos territoriais, além de outras características de ordem 
cultural, como costumes religiosos e crenças ou valores que podem constituir uma sociedade mais ampla, como 
por exemplo, a sociedade ocidental, a sociedade cristã, a sociedade islâmica etc.
As sociedades são formadas por sujeitos culturais, agrupamentos humanos que desenvolvem, por meio das rela-
ções de trabalho, de escolarização, de tradição, de comportamento social e tantas outras situações, diferentes 
concepções e modos de vivenciar e reatualizar suas culturas, que são dinâmicas e se transformam ao longo do 
tempo. Então, compreendida esta questão primeira da sociedade, vamos adentrar no conceito de cultura? 
1.1.2 O que é cultura?
Cada povo, nação ou agrupamento humano possui elementos que os unem, similaridades que os tornam com-
ponentes de uma mesma cultura. Para nossos estudos é importante perceber que cada cultura possui suas mar-
cas, seus códigos e valores, que podem se transformar ao longo do tempo, visto que os grupos culturais são 
dinâmicos, ressignificam suas práticas e modos de vida. Assim, como você pode imaginar, a cultura também 
varia, não sendo estática e única (SANTOS, 2006). 
No contexto atual, no entendimento de Pereira, a cultura deve ser entendida “como trabalho produtivo do homem 
na transformação de um saber. É a natureza transformada e ressignificada” (PEREIRA, 2008, p. 65). O autor, que 
discute o trabalho comunitário e social, pensando a educação popular e os movimentos sociais, acredita que a 
cultura é capaz de transformar a natureza, compreendendo que o ser humano compõe também esta natureza, 
de modo que podemos todos ser transformados, ressignificados, repensados e renovados.
Percebemos que existe uma diversidade imensa de culturas e povos, dado que a história humana possui formas 
distintas de organização social, política e econômica, considerando o modo de lidar com a natureza e com ela 
interagir. Neste sentido, também verificamos a existência de múltiplas culturas, sendo estas entendidas a partir 
deelementos comuns característicos de um povo, ou então, também uma forma de aludir à crença, ideais e 
conhecimento dentro de uma vivência e realidade social.
Figura 1.2 – Mapa do mundo, a diversidade de pessoas.
7
Educação, Direito e Cidadania | Unidade 1 - Direitos Humanos: surgimento, afirmação, dignidade da 
pessoa humana e educação
Legenda: Mapa do mundo, a diversidade de pessoas expostas em forma de desenhos animados com rou-
pas típicas ou caracterísiticas. Esta imagem apresenta alguns elementos que servem para perceber-
mos a diversidade dos povos humanos por meio de traços característicos físicos e o vestuário, aspecto 
da cultura. Não se propõe contemplar todas as culturas, dado ser impossível para os limites deste tra-
balho, mas permite visualizar contornos culturais específicos dos povos existentes no mundo.
Fonte: http://br.123rf.com/photo_21280251_mapa-do-mundo,-a-diversidade-de-pessoas-desenhos-animados-com-
-roupa-distintiva..html?term=culture&vti=nx43wua2baxuycbjkx.
Existem valores éticos e estéticos no extenso rol de culturas humanas. “Temos de respeitar o pluralismo cultural e 
relativizar nossas percepções. [...] nos desarmar [...] de que seríamos supostamente titulares como integrantes da 
cultura ocidental e branca” (HERKENHOFF, 1996, p. 13).
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Educação, Direito e Cidadania | Unidade 1 - Direitos Humanos: surgimento, afirmação, dignidade da 
pessoa humana e educação
A respeito da discussão teórica envolvendo cultura e seus exemplos práticos, veja os vídeos: 
Cultura: todo mundo tem uma? (https://www.youtube.com/watch?v=Aq9Zj5fA6zc) e Socio-
logia - O que é Cultura? (https://www.youtube.com/watch?v=GgmlGTFrD3g&t=164s). 
Também, como forma de aprofundar os estudos, você pode consultar as seguintes obras 
bibliográficas: SANTOS, J. L. dos. O que é Cultura. 12. reimpr. da 16. ed. de 1996. São Paulo: 
Brasiliense, 2006 (Coleção primeiros passos; 110 p.); GEERTZ, C. A Interpretação das Cultu-
ras. São Paulo: LTC, 1989; e o artigo: CANEDO, D. Cultura é o quê? - Reflexões sobre o con-
ceito de cultura e a atuação dos poderes públicos. Anais do V ENECULT - Encontro de Estudos 
Multidisciplinares em Cultura, 27 a 29 de maio de 2009, Faculdade de Comunicação/UFBa, 
Salvador-Bahia-Brasil (Disponível em: <http://www.cult.ufba.br/enecult2009/19353.pdf>).
1.2 Educação e/em Direitos Humanos
Pensar em educação e direitos humanos ou educação em direitos humanos é algo recente na história da socie-
dade ocidental. A noção de Direitos Humanos, como a conhecemos nos dias atuais, é do século XX, muito recente 
quando comparamos com a história da existência humana na terra. 
Em termos de preocupações quanto a injustiças e tratamentos considerados desumanos pelas “sociedades 
modernas”, alguns outros tratados e convenções já foram elaborados em períodos anteriores e estão registrados 
em nossa história, quais sejam, a Carta de Kurukan Fuga, também chamada de Carta de Manden (povo man-
dinga) no antigo império do Mali (1235), a Declaração de Direitos Inglesa (elaborada em 1689, após as Guerras 
Civis Inglesas, para pregar a democracia) e a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão (redigida em 1789, 
após a Revolução Francesa, a fim de proclamar a chamada igualdade para todos).
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Educação, Direito e Cidadania | Unidade 1 - Direitos Humanos: surgimento, afirmação, dignidade da 
pessoa humana e educação
O reino do Mali era formado por vários povos e seu exército por uma força militar do Manden, 
todos caçadores, de uma associação fechada, conhecedora dos segredos do bosque e da flo-
resta. Sundiata Keita, consagrado rei destes povos do Mali no século XIII, juntamente a repre-
sentantes de todos os povos, elaborou uma Carta por meio de Assembleia, que reconhecia o 
caráter particular de cada região do império, bem como estabelecia uma constituição pautada 
nos direitos destes povos, nos direitos humanos em vigência para o bom andamento das rela-
ções entre os povos. A respeito desta Carta e de seus desdobramentos, consultar: UNESCO. 
História Geral da África, v. 4. África do século XII ao XVI. (Editado por Djibril Tamsir Niane). 
2. ed. rev. Brasília: UNESCO, 2010, em especial o capítulo seis). Disponível em: <http://www.
dominiopublico.gov.br/pesquisa/ResultadoPesquisaObraForm.do?first=50&skip=0&ds_
titulo&co_autor&no_autor&co_categoria=132&pagina=1&select_action=Submit&co_
midia=2&co_obra&co_idioma&colunaOrdenar=DS_TITULO&ordem=null>. A respeito das 
informações constantes na Carta de Manden ou Carta Mandinga (reconhecida em 2009 pela 
UNESCO como patrimônio cultural imaterial da humanidade), consultar o original em fran-
cês: <http://www.anpe-mali.org/news/la-charte-de-kouroukan-fouga>. 
A ideia de Direitos Humanos que utilizamos na sociedade ocidental surge na Revolução Francesa.. A Declaração 
dos Direitos do Homem e do Cidadão foi proclamada pela Assembleia Nacional Constituinte da França em 1789, 
inspirada nas ideias iluministas e também nos princípios da revolução americana de 1776. Este documento 
define direitos individuais e coletivos como universais, válidos para qualquer tempo e lugar. 
O moderno, em contraponto ao antigo (medieval), inaugurava então um novo modo de vida, uma nova visão de 
mundo, e pensar em direitos para o cidadão comum compunha pauta daquele momento. Cidadania e direitos 
humanos eram ausências para a maioria das pessoas, em especial as menos abastadas. A França vivia o Ancien 
Régime (Antigo Regime), derrubado politicamente com revoluções liberais, principalmente pela Revolução Inglesa 
(Revolução Puritana – 1640 e Revolução Gloriosa - 1688), Revolução Francesa (1789) e Revolução Americana 
(1776). Neste sentido, concepções a respeito de direitos humanos e cidadania foram incorporados.
Durante o Antigo Regime, o direito era entendido como natural, ligado ao nascimento, em especial porque a 
monarquia era teológica. O nascimento indicava o lugar de cada sujeito na hierarquia da sociedade naquele perí-
odo. Entretanto, diferentes revoluções chamadas de liberais, aliadas às lutas contra o absolutismo, implicaram 
numa nova concepção de direito, não mais como natural, dado, de nascimento. 
A mudança de regime e a organização em Estado Republicano, pautado na divisão de poderes e na descentrali-
zação do poder político, compõe a emergência dos direitos humanos, da coletividade humana, e da pessoa em 
particular. Assim, os cidadãos comuns teriam direitos e poderiam usufruir de benefícios antes existentes apenas 
para poucos, “escolhidos”.
No entanto, apesar de toda a discussão já pautada em direitos humanos, regimes com a expropriação de corpos e 
trabalho por meio da escravidão não foram facilmente desfeitos. Inclusive a própria França, “patrona” dos direitos 
humanos, mantinha em suas colônias a mão de obra de homens e mulheres africanos e afrodescendentes escra-
vizados. A ideia de que cidadania e direitos humanos devem ser pensados e pautados para toda a humanidade 
tinha suas variantes e ainda hoje gera dúvidas sobre a efetiva implementação, apesar dos esforços empreendidos 
pelas nações.
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Educação, Direito e Cidadania | Unidade 1 - Direitos Humanos: surgimento, afirmação, dignidade da 
pessoa humana e educação
Segundo Buffa (2007, p. 18), a igualdade oriunda da revolução francesa, pautada no contrato entre cidadãos 
livres e iguais, indica que todos são iguais perante a lei, em aspecto jurídico. Mas, como bem aponta a autora, 
quando muito, esta igualdade é apenas jurídica. Deste modo, nem sempre a igualdade de oportunidades, bens 
materiais e simbólicos pode ser alcançada, a ponto que necessitamos de políticas públicas específicas que aten-
dam demandas de grupos historicamente marginalizados ou excluídos do acesso a estes bens.
Abaixo, excerto inicial do texto da Declaração de Direitos do Homem e do Cidadão – 1789:
Os representantes do povo francês, reunidos em Assembléia Nacional, tendo em vista que a igno-
rância, o esquecimento ou o desprezo dos direitos do homem são as únicas causas dos males 
públicos e da corrupção dosGovernos, resolveram declarar solenemente os direitos naturais, 
inalienáveis e sagrados do homem, a fim de que esta declaração, sempre presente em todos os 
membros do corpo social, lhes lembre permanentemente seus direitos e seus deveres; a fim de 
que os atos do Poder Legislativo e do Poder Executivo, podendo ser a qualquer momento com-
parados com a finalidade de toda a instituição política, sejam por isso mais respeitados; a fim de 
que as reivindicações dos cidadãos, doravante fundadas em princípios simples e incontestáveis, 
se dirijam sempre à conservação da Constituição e à felicidade geral.
Em razão disto, a Assembléia Nacional reconhece e declara, na presença e sob a égide do Ser 
Supremo, os seguintes direitos do homem e do cidadão:
Art.1º. Os homens nascem e são livres e iguais em direitos. As distinções sociais só podem fun-
damentar-se na utilidade comum.
Art. 2º. A finalidade de toda associação política é a conservação dos direitos naturais e imprescrití-
veis do homem. Esses direitos são a liberdade, a propriedade a segurança e a resistência à opressão.
Art. 3º. O princípio de toda a soberania reside, essencialmente, na nação. Nenhuma operação, 
nenhum indivíduo pode exercer autoridade que dela não emane expressamente.
Art. 4º. A liberdade consiste em poder fazer tudo que não prejudique o próximo. Assim, o exer-
cício dos direitos naturais de cada homem não tem por limites senão aqueles que asseguram 
aos outros membros da sociedade o gozo dos mesmos direitos. Estes limites apenas podem ser 
determinados pela lei.
Art. 5º. A lei não proíbe senão as ações nocivas à sociedade. Tudo que não é vedado pela lei não 
pode ser obstado e ninguém pode ser constrangido a fazer o que ela não ordene.
Art. 6º. A lei é a expressão da vontade geral. Todos os cidadãos têm o direito de concorrer, pesso-
almente ou através de mandatários, para a sua formação. Ela deve ser a mesma para todos, seja 
para proteger, seja para punir. Todos os cidadãos são iguais a seus olhos e igualmente admissí-
veis a todas as dignidades, lugares e empregos públicos, segundo a sua capacidade e sem outra 
distinção que não seja a das suas virtudes e dos seus talentos. [...] (Declaração dos Direitos do 
Homem e do Cidadão, 1789) 
A Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, de 1789, não foi a única preocupada com direitos humanos 
e cidadania. Homens, mulheres e crianças, vivendo então sob regime republicano, podem recorrer aos poderes 
constitucionais sempre que seus direitos forem usurpados. Além disso, é a República que preconiza a democracia 
e, logo, o direito ao voto, por meio da qual é possível eleger os representantes do povo.
É nos sistemas democráticos que se torna viável o surgimento da ideia de direitos humanos, e também sua con-
cretização. Ao mesmo tempo, por meio dos Estados modernos, surge a compreensão de que a dignidade da pes-
soa humana é responsabilidade estatal, que a sociedade vivencie condições humanas e cada pessoa respeitada 
em sua integridade e dignidade.
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Educação, Direito e Cidadania | Unidade 1 - Direitos Humanos: surgimento, afirmação, dignidade da 
pessoa humana e educação
Após mais de um século da Declaração francesa, em 1948, a ONU cria a Declaração Universal dos Direitos Huma-
nos, elaborada durante dois anos, pontuada por desacordos entre os diferentes países até ser aprovada. A apro-
vação aconteceu por unanimidade, na 3ª Sessão da Assembleia Geral da ONU (Organização das Nações Unidas), 
reunindo 58 países.
Figura 1.3 – Selo Postal da Argentina – 10 anos da Declaração Universal dos Direitos Humanos.
Legenda: ARGENTINA – CIRCA, 1958. Selo postal impresso na Argentina mostrando escultura antiga e emblema 
da ONU, dedicado aos 10 anos de comemoração da Declaração Universal dos Direitos Humanos.
Fonte: http://br.123rf.com/search.php?word=declara%C3%A7%C3%A3o+universal+dos+direitos+humanos&imgtype=
0&t_word=universal+declaration+of+human+rights&t_lang=br&oriSearch=declara%C3%A7%C3%A3o+universal+dos+di
reitos+humanos+1948&srch_lang=br&sti=nlyuh3btuh0so689mg|.
O texto base da Declaração propõe a criação de condições de estabilidade e bem-estar, “necessárias às relações 
pacíficas e amistosas entre as Nações, baseadas no respeito do princípio da igualdade de direitos e da autodeter-
minação dos povos”. Para este fim, as Nações Unidas promoverão: 
a) a elevação dos níveis de vida, o pleno emprego e condições de progresso e desenvolvimento 
econômico e social; 
b) a solução dos problemas internacionais econômicos, sociais, de saúde e conexos, bem como a 
cooperação internacional, de carácter cultural e educacional; 
c) o respeito universal e efetivo dos direitos do homem e das liberdades fundamentais para todos, 
sem distinção de raça, sexo, língua ou religião (BRASIL, 2013, p. 16).
No intento de cumprir com o estabelecido, o Conselho Econômico e Social das Nações Unidas criou a Comissão 
de Direitos Humanos, visando a “promoção e proteção da dignidade da pessoa humana”. A Declaração Univer-
sal dos Diretos Humanos (DUDH) focaliza que “o reconhecimento da dignidade inerente a todos os membros 
da família humana e de seus direitos iguais e inalienáveis é o fundamento da liberdade, da justiça e da paz no 
mundo” (BRASIL, 2013, p. 16). 
Surgida no período pós-Segunda Guerra Mundial, sob os impactos e a sombra do genocídio, a Declaração Uni-
versal dos Direitos Humanos enfatizam a liberdade e a dignidade humana como condição fundamental para a 
vida social. Podemos verificar, no texto da própria Declaração, o seu teor em diversos aspectos:
12
Educação, Direito e Cidadania | Unidade 1 - Direitos Humanos: surgimento, afirmação, dignidade da 
pessoa humana e educação
A Assembléia Geral das Nações Unidas proclama a presente “Declaração Universal dos Direitos do 
Homem” como o ideal comum a ser atingido por todos os povos e todas as nações, com o objetivo de que 
cada indivíduo e cada órgão da sociedade, tendo sempre em mente esta Declaração, se esforce, através 
do ensino e da educação, por promover o respeito a esses direitos e liberdades, e, pela adoção de medidas 
progressivas de caráter nacional e internacional, por assegurar o seu reconhecimento e a sua observância 
universais e efetivos, tanto entre os povos dos próprios Estados Membros, quanto entre os povos dos terri-
tórios sob sua jurisdição.
Artigo 1
Todos os homens nascem livres e iguais em dignidade e direitos. São dotados de razão e consci-
ência e devem agir em relação uns aos outros com espírito de fraternidade.
Artigo 2
I) Todo o homem tem capacidade para gozar os direitos e as liberdades estabelecidos nesta Decla-
ração sem distinção de qualquer espécie, seja de raça, cor, sexo, língua, religião, opinião política ou 
de outra natureza, origem nacional ou social, riqueza, nascimento, ou qualquer outra condição. 
II) Não será também feita nenhuma distinção fundada na condição política, jurídica ou interna-
cional do país ou território a que pertença uma pessoa, quer se trate de um território indepen-
dente, sob tutela, sem governo próprio, quer sujeito a qualquer outra limitação de soberania.
Artigo 3
Todo o homem tem direito à vida, à liberdade e à segurança pessoal.
Artigo 4
Ninguém será mantido em escravidão ou servidão; a escravidão e o tráfico de escravos estão 
proibidos em todas as suas formas.
Artigo 5
Ninguém será submetido a tortura, nem a tratamento ou castigo cruel, desumano ou degra-
dante. [...] (Declaração Universal dos Direitos Humanos, 1948)
Para a proposta desta unidade, trouxemos apenas o conteúdo inicial da Declaração, por ter 
um texto muito extenso. Então, sugerimos que consulte a versão completa em: http://www.
dhnet.org.br/direitos/deconu/textos/integra.htm.
Percebemos que o documento da Declaração atenta para a importância da liberdade, da dignidade e dos direi-
tos da pessoa humana, indicando que nenhuma distinção deve ser feita para o alcance a tais direitos. Também 
merece destaque o artigo 4º, trazendo a escravidão e a servidão como uma prática proibida, condiçãoa que 
ninguém deve ser submetido, excerto sobre o qual a Declaração francesa, de 1789, não fazia menção.
Além desta parte inicial da Declaração, chamamos atenção para o artigo 26, que destaca a instrução (educação) 
como um direito:
13
Educação, Direito e Cidadania | Unidade 1 - Direitos Humanos: surgimento, afirmação, dignidade da 
pessoa humana e educação
Artigo 26
I) Todo o homem tem direito à instrução. A instrução será gratuita, pelo menos nos graus elemen-
tares e fundamentais. A instrução elementar será obrigatória. A instrução técnica-profissional 
será acessível a todos, bem como a instrução superior, esta baseada no mérito.
II) A instrução será orientada no sentido do pleno desenvolvimento da personalidade humana e 
do fortalecimento do respeito pelos direitos do homem e pelas liberdades fundamentais. A ins-
trução promoverá a compreensão, a tolerância e amizade entre todas as nações e grupos raciais 
ou religiosos, e coadjuvará as atividades das Nações Unidas em prol da manutenção da paz. 
III) Os pais têm prioridade de direito na escolha do gênero de instrução que será ministrada a seus 
filhos. (Declaração Universal dos Direitos Humanos, 1948)
A educação é uma ferramenta importante no reconhecimento do indivíduo enquanto agente ativo “na modifi-
cação da mentalidade de seu grupo, sendo protagonista na construção de uma democracia” (BRASIL, 2013, p. 
11). Conforme a Constituição de 1988, a educação é um direito humano, sendo dever do Estado, oportunizar a 
todos os seus cidadãos o acesso à educação. Ao mesmo tempo, nossa Constituição assinala a defesa e a promo-
ção dos direitos humanos como capitais para a garantia da dignidade humana (BRASIL, 1988). 
Assim, consta no texto constitucional, Título VIII – Da Ordem Social, Capí-
tulo III – Da Educação, da Cultura e do Desporto, Seção I - 
Da Educação, a seguinte informação:
Art. 205. A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incenti-
vada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo 
para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho. (Constituição da República Fede-
rativa do Brasil, 1988)
O Estado brasileiro e a família possuem responsabilidade preponderante sobre a educação, tendo a sociedade 
em geral também que contribuir para este pleno direito. Por meio da educação a pessoa humana apreende valo-
res para o exercício da cidadania e a qualificação para o trabalho, enquanto cidadão.
Às instituições de ensino, desde o ensino básico até a educação superior, cabe organizar e elaborar projetos 
pedagógicos voltados para a atenção e à formação dos sujeitos quanto ao tema dos direitos humanos, “preocu-
pando-se não só com os conteúdos voltados para o letramento, mas também com a formação do caráter e da 
personalidade das pessoas” (Comitê Municipal de Educação em Direitos Humanos, 2015, p. 4). 
“Na área dos Direitos Humanos, há novos direitos a serem conquistados, há marginalizações 
a serem superadas, na dialética do processo histórico. Mas há também, e em maior número, 
simplesmente direitos existentes que precisam ser cumpridos. A educação para os Direitos 
Humanos é por isso particularmente importante” (HERKENHOFF, 1996, p. 101). A partir desta 
afirmativa, o que você compreende enquanto direitos humanos conquistados, mas que por 
vezes, ainda necessitam ser cumpridos? Como a sociedade pode se organizar para efetivar 
o cumprimento destes direitos a todos os cidadãos? Como nós, enquanto educadores, con-
tribuímos para uma sociedade que permita o acesso aos direitos básicos necessários a todo 
cidadão brasileiro, por exemplo?
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Educação, Direito e Cidadania | Unidade 1 - Direitos Humanos: surgimento, afirmação, dignidade da 
pessoa humana e educação
Como chama a atenção Brandão, precisamos sempre atentar para que serve a educação e a quem? (BRANDÃO, 
2013). Cada sociedade, a partir de seus interesses, organiza seus planos e projetos educacionais. Vale pensar se 
“essas propostas são pensadas a partir das ideias fundamentais de todos os tipos de pessoas? As mesmas escolas 
servem ao operário, ao engenheiro e ao capitalista imobiliário do mesmo modo?” (BRANDÃO, 2013, p. 80). Pode-
mos pensar ainda, em que medida essa formação escolar propõe e efetiva a constituição de sujeitos históricos e 
sociais enquanto cidadãos.
A educação para os direitos humanos e a cidadania em comunidade democrática surge inicialmente na educa-
ção não formal, nas relações cotidianas vivenciadas em sociedade, como prática de uma educação popular. Esta 
forma de educação está embebida em práticas e processos cotidianos por direitos políticos, civis, econômicos, 
sociais e culturais, demandados para a efetivação de uma vivência enquanto cidadão. 
Você deve ter percebido as interlocuções entre educação e direitos humanos, aspectos apontados ao longo deste 
tópico de estudo. Concordamos com Herkenhoff, pois cremos “que a Educação para os Direitos Humanos pode 
jogar um papel fundamental no projeto histórico de fortalecimento da cidadania e da consciência de dignidade 
do povo brasileiro” (HERKENHOFF, 1996, p. 101).
Você pode consultar um recurso audiovisual produzido pela Associação Nacional de Direitos 
Humanos, material que apresenta reflexões importantes sobre o tema. Assista: https://www.
youtube.com/watch?v=9aIcaj3VSfQ.
Enquanto seres humanos, somos agentes sociais, culturais e políticos. Convivemos com outras pessoas e grupos 
em nossas relações no âmbito do privado e do público. Assim, sendo, nossa formação em cidadania ajuda na 
construção de relações que pautem formas de bem-viver, de estabelecer regras e normas de convívio sociais 
para uma sociedade mais humana, efetivamente justa e solidária. Por isso, a necessidade de repensarmos as prá-
ticas educacionais em termos de ética e cidadania, em especial nós, educadores, preocupados com a formação 
plena de cada educando, em suas dimensões culturais, sociais e políticas.
1.3 O caminho para os direitos humanos e a cidadania no Brasil
No Brasil, muitos são os processos que permitiram alcançarmos alguns direitos e cidadania, nem sempre esten-
didos e efetivos para todos nos dias atuais. A Constituição de 1988 foi importante, junto ao processo de redemo-
cratização no país, para a formação de uma proposta de direito e cidadania. Nossa vivência histórica democrática 
é muito recente. 
A democracia “é fator de coesão que pode ser avaliado a partir da capacidade que um país tem de responder 
às expectativas de seus cidadãos em termos de seus direitos, de suas necessidades socioeconômicas e de seu 
desenvolvimento” enquanto pessoas (BRASIL, 2013, p. 20). Serviços de saúde, moradia, educação, terra, água, 
alimentação e segurança pública, entre outros, compõem direitos que precisam ser efetivados para a população, 
bem como, são necessárias formas de concretizar condições para que estes direitos possam ser implementados. 
Como bem aponta o Caderno de Educação em Direitos Humanos, elaborado pela Secretaria de Direitos Huma-
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Educação, Direito e Cidadania | Unidade 1 - Direitos Humanos: surgimento, afirmação, dignidade da 
pessoa humana e educação
nos da Presidência da República em 2013, “a realização da pessoa não pode acontecer à margem da integração 
social e na ausência de uma sociedade que permita aos seus membros desenvolverem-se plenamente”. 
Em 1988, a “Constituição Cidadã”, como ficou conhecida a Constituição de 1988, institucionalizou os direitos 
humanos no país, sobressaindo a cidadania e a dignidade da pessoa humana como princípios fundamentais 
do Estado. No Brasil, lutar pelos direitos humanos significa batalhar, resistir e reivindicar melhores condições de 
vida, exigindo, portanto, moradia, trabalho, educação e saúde, acreditando num futuro melhor e mais igualitário 
(BRASIL, 2013).
Pensemos na narrativa construída sobre a história de nosso país e vejamos como tem sido contada uma versão 
oficial da história e da memória desta terra chamada Brasil, observando como a exclusãoda cidadania é invi-
sibilizada nesta narrativa e impede, ainda hoje, muitos brasileiros de acessarem direitos básicos como saúde, 
educação e moradia.
No contexto do século XIX, a fundação do Instituto Histórico Geográfico Brasileiro (IHGB) possuía como um dos 
principais objetivos, a publicação e o arquivamento de documentos relacionados à Geografia e História brasileira, 
e também, dos “grandes nomes” da política, das artes, das letras, da magistratura, do magistério e das atividades 
produtivas do país. Este Instituto e suas sedes regionais, criadas logo em seguida, tinham como objetivo contar 
a história do nosso país. Até aí, tudo bem. A questão central é que história seria contada e como seria contada?
Durante muito tempo, fomos formados sobre uma histórica única de nosso país, “nascia” com a vinda dos por-
tugueses, na “descoberta” em 1500, engatinhava no Brasil Colônia, adolescente no Brasil Império e finalmente 
adulta quando chegamos à República. No entanto, esta história, que ainda hoje faz parte, de certo modo de nos-
sas vidas e que muitos ainda acreditam, não permitia termos dimensão dos diferentes povos, culturas e projetos 
de vida desenvolvidos neste país. 
Você deve estar se perguntando: mas o que isso tem de relação com direitos humanos e cidadania? Os chama-
dos “grandes feitos” e a figura de “grandes heróis” da história do Brasil fazem parte de nossa memória escolar, 
reforçada em espaços distintos de educação para além dos muros da escola: nas famílias, nas igrejas, nas rodas 
de conversa, no grupo de dança ou de futebol, nas mídias sociais e audiovisuais. 
Somos, a todo momento, bombardeados por este tipo de abordagem. O problema disso é que os únicos sujeitos 
ativos dessa história eram os vencedores, as elites, os governantes, os colonizadores. Os únicos portadores de 
direitos e cidadania eram estas figuras, homens livres, brancos, cristãos.
Pobres, indígenas, africanos e seus descendentes não estavam no rol de sujeitos de direitos, logo, não eram 
cidadãos, e não poderiam alcançar os benefícios que a cidadania poderia oferecer. Educação pública e gratuita, 
saúde, alimentação digna, trabalho, moradia e tantos outros direitos não estavam na pauta do dia sobre o povo 
para as elites governantes. 
As chamadas “revoltas” existentes no Brasil Colônia e no Brasil Império, contra o regime escravista, contra a 
posse de terras e a matança de indígenas, contra formas alternativas de viver e compreender o mundo, foram 
todas sufocadas, abatidas, dizimando povos, ideias e sonhos. A nação foi construída sobre muito sangue derra-
mado. Que direitos humanos eram estes? A quem os direitos serviam e para quê? Como a educação contribui ou 
não para a perpetuação de uma narrativa única e vencedora sobre o nosso país? Como nós educadores podemos 
questionar esta história e construir cidadãos críticos? Como formar educandos conscientes de seus direitos e 
deveres e de suas memórias? A tarefa é bastante árdua. Mas podemos começar questionando...
Os Estados-Nação, formações construídas ao longo do século XIX, deparam-se com a problemática da igualdade 
e da diferença, questões sobre as quais não haviam se preparado para discutir e resolver, mas que irrompem em 
forma de demandas e lutas sociais, simbólicas, materiais e culturais constantes. Na pauta estão as tensões e sob 
quais medidas estas serão resolvidas, se é que o serão. 
Neste sentido, as lutas constantes são por políticas públicas que deem conta da diversidade existente no Estado-
-Nação, ou seja, quando falamos de Brasil, podemos pensar na diversidade de povos e maneiras de viver existen-
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Educação, Direito e Cidadania | Unidade 1 - Direitos Humanos: surgimento, afirmação, dignidade da 
pessoa humana e educação
tes neste território assim nomeado, e quais os desafios em termos de extensão de direitos e cidadania e todos 
estes grupos, dentro de suas lógicas de vida e formas de se relacionar uns com os outros.
Figura 1.4 – Grupo de pessoas diferentes.
Legenda: Grupo de pessoas diferentes, apontando para a multiplicidade de formas de vestir, de ser e de 
estar no mundo. No entanto, em termos de dignidade da pessoa humana, todos estes sujeitos devem 
ser respeitados em sua integridade e suas especificidades, dentro dos princípios de cidadania. 
Fonte: http://br.123rf.com/search.php?word=pessoas+sociedade&imgtype=2&t_word=people+society&t_
lang=br&oriSearch=pessoas&srch_lang=br&mediapopup=50995871.
Os direitos que temos não nos foram conferidos pelas elites governantes ou grupos de poderes, mas conquis-
tados por meio de lutas e demandas políticas, de vivência em sociedade. Não podemos confundir direitos com 
algum tipo de concessão, algo que vêm de algum governo ou dirigente. A construção de uma sociedade demo-
crática é feita por meio de organização, participação, intervenção e mobilização da sociedade civil, que, em busca 
de melhores condições de vida, conquista direitos e cidadania. Trata-se de ação e uma conquista cotidiana. 
A luta por direitos históricos e a luta por direitos que assumiram peso político, na atualidade, não 
se excluem. Pelo contrário, são lutas que se acrescentam e que se enriquecem reciprocamente. 
Quando se quer que a tortura acabe, luta-se pela dignidade humana. Quando se pede que os defi-
cientes sejam ouvidos, luta-se pela dignidade humana. Quando se deseja que o homossexual seja 
respeitado, luta-se pela dignidade humana. Quando se pleiteia pelos Direitos dos povos, luta-se 
pela dignidade humana. [...] A luta pela dignidade humana é uma luta única e solidária. Apenas 
assume aspectos particulares em face de situações específicas (HERKENHOFF, 1996, p. 117).
Apesar das contradições sociais, das desigualdades econômicas e sociorraciais, o Brasil possui uma história de 
lutas no que se refere à defesa dos direitos humanos, notadamente os direitos civis e políticos. Como ressaltamos 
anteriormente neste capítulo, a história de nosso país é marcada por embates e conflitos, nem sempre apresen-
tados de forma a fazer ouvir a voz dos sujeitos que participam destes processos, mas isso não significa que grupos 
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Educação, Direito e Cidadania | Unidade 1 - Direitos Humanos: surgimento, afirmação, dignidade da 
pessoa humana e educação
culturais e sociais fiquem aguardando a resolução de problemas e demandas sem se manifestar, sem protestar, 
sem lutar pelos seus direitos. 
A defesa em torno da noção de cidadania e direitos humanos foi incrementada a partir do golpe militar ocorrido 
em 1964, início do período ditatorial, quando muitas violações em termos de direitos humanos foram cometidas 
e chocaram o mundo ao serem expostas em diferentes suportes midiáticos e literários. Claro que a violação de 
direitos humanos já existia antes deste período da história de nosso país, mas a partir de então, e depois com as 
mobilizações de familiares pela busca de seus parentes desaparecidos políticos, fato recente na história do Brasil, 
a questão ganhou ainda mais destaque.
Nas últimas décadas o Brasil tem ratificado inúmeros instrumentos globais e regionais de proteção dos direitos 
humanos, mas ainda passamos por um processo conflituoso, visto a situação de pobreza de parte da população 
do país, questão que vem sendo transformada por meio de programas sociais de combate à fome e de distribui-
ção de renda.
Diante dessa realidade, o direito de conquistar direitos é legítimo e só poderá ser realizado na 
medida em que as pessoas conheçam seus direitos e saibam exigir do Estado. Um vínculo jurídico 
é necessário para que tais direitos possam ser exigidos judicialmente. Para que possam ser efeti-
vados, entretanto, é necessário algo mais: é necessário garantir o acesso ao espaço público.
A efetivação dos Direitos Humanos passa, necessariamente, pela prática cotidiana em que a edu-
cação é um fato social essencial. A Constituição Federal de 1988 dá sentido diferente em relação 
à participação e ao controle social, uma vez que contempla, no plano jurídico, direitos que garan-
tam aos cidadãos umavida mais digna, baseada em princípios de igualdade de justiça social e de 
equidade (BRASIL, 2013, p. 22).
Na década de 1980, o país começou um processo longo de lutas pela redemocratização política e a pauta em 
torno dos direitos humanos tornou-se mais visível e intensa em vários setores da sociedade. Não à toa, neste 
período, temos a gestação da nova constituição, com participação ativa da população brasileira, dos movimentos 
sociais em pleno vigor pela luta democrática. Nos anos de 1990, tendo em cena compromissos já firmados em 
âmbito internacional, o “Governo Federal se envolveu diretamente no tema, colocando-se como um novo ator 
ao elaborar políticas públicas voltadas à Educação em Direitos Humanos” (BRASIL, 2013, p. 22-23). 
A partir de então, novas temáticas de demandas da sociedade civil organizada têm vindo à tona, pautando direitos 
sociais, culturais, econômicos, simbólicos e materiais. Mas estes são assuntos para aprofundarmos nas próximas 
unidades de nosso Caderno Pedagógico. Agora já conseguimos visualizar um panorama das lutas por direitos 
humanos em termos gerais e também como isso ocorreu no Brasil, então, nas próximas unidades adentraremos 
no universo mais específico de alguns direitos fundamentais, em especial a educação.
Como forma de sistematizar alguns pontos chaves em torno do debate sobre cidadania, propomos a seguir, um 
pequeno fluxograma interativo a respeito de termos fundamentais quando o assunto é este. A cidadania deve 
ser perpassada por temáticas como a dignidade da pessoa humana, a solidariedade, a democracia, os direitos 
humanos, a ecologia e a ética, como meio de atingirmos a plenitude de uma vida digna.
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Educação, Direito e Cidadania | Unidade 1 - Direitos Humanos: surgimento, afirmação, dignidade da 
pessoa humana e educação
Figura 1.5 – Fluxograma da Cidadania.
Direitos Humanos Democracia
Ecologia Cidadania
Dignidade da pessoa
humana
Ética Solidariedade
Legenda: Este fluxograma propõe pensarmos conexões temáticas afins à cidadania.
Fonte: Elaborado pela autora.
A cidadania é reforçada, demarcada e efetivada no dia a dia, através das relações que estabelecemos enquanto 
seres sociais, agentes da coisa pública, no meio ambiente onde vivemos. Assim, é necessário que a possibilitemos 
e exercitemos cotidianamente, em todas as esferas de nossa vida, permitindo a todo o corpo social poder atingi-
-la e dela usufruir com plenitude.
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Considerações finais
Nesta unidade de estudos aprendemos diferentes conceitos e noções 
envolvendo a temática dos direitos humanos, da cidadania e da impor-
tância destes debates na sociedade, em especial nos meios educacionais.
Relembremos alguns pontos chaves desta unidade:
• Todas as sociedades humanas possuem formas de organização, 
gestão e criação de direitos e regras de convivência, dentro de 
lógicas constitutivas de suas culturas, seus modos de vida.
• A luta por direitos humanos e cidadania constitui embates nas 
diferentes sociedades, cada uma a seu modo, e com suas especi-
ficidades. A cidadania nunca é uma concessão, mas sempre uma 
conquista pautada na luta do povo.
• Às instituições de ensino, desde o ensino básico até a educação 
superior, cabe organizar e elaborar projetos pedagógicos volta-
dos para a atenção e à formação dos sujeitos quanto ao tema dos 
direitos humanos.
• A quem os direitos serviam/servem e para quê? Como a educa-
ção contribui ou não para a perpetuação de uma narrativa única e 
vencedora sobre o nosso país? Como nós, educadores, podemos 
questionar esta história e construir cidadãos críticos?
Referências bibliográficas
20
BORDENAVE, J. E. D. O que é participação. 8. ed. São Paulo: Brasiliense, 
2011. 84 p. (Coleção Primeiros passos)
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quisa/ResultadoPesquisaObraForm.do?f irst=50&skip=0&ds_
titulo&co_autor&no_autor&co_categoria=132&pagina=1&select_
action=Submit&co_midia=2&co_obra&co_idioma&colunaOrdenar=DS_
TITULO&ordem=null>.
22
2Unidade 2
Direito, educação e cidadania 
Para iniciar seus estudos
Caro estudante, nesta unidade você verá alguns conteúdos sobre o direito 
à educação enquanto direito fundamental, bem como discussões presen-
tes em tratados, acordos e constituições quanto ao tema da educação. 
Oportunamente, você perceberá que o direito à educação é fruto de lutas 
e embates da sociedade civil, ou seja, os movimentos sociais organizados 
é que fazem a diferença quando falamos em políticas públicas educacio-
nais em vivências democráticas.
Objetivos de Aprendizagem
• Compreender a educação como direito do indivíduo;
• Discutir os processos de formação de diferentes movimentos 
sociais em torno de educação, políticas públicas e democracia no 
século XX e XXI;
• Apreender as dimensões da cidadania e da educação na socie-
dade atual, em especial na realidade brasileira.
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Educação, Direito e Cidadania | Unidade 2 - Direito, educação e cidadania 
2.1 O direito à Educação
A participação em espaços e processos de ensino-aprendizagem na escola constitui direito previsto em lei, com 
políticas educacionais adequadas aos pressupostos que orientam o acesso e condições de equidade no sistema 
de ensino. A Constituição Brasileira de 1988 adota como princípio a “igualdade de condições para o acesso e 
permanência na escola”, sendo direito garantido pela lógica republicana a promoção do “bem de todos, sem pre-
conceito de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação” (MEC, 2006, p. 5), de modo 
que as escolas possam ser de todos e para todos, o que nem sempre acontece, dadas as realidades e problemas 
de cada sociedade, mas que conforma um objetivo comum e que deve ser alcançado.
O direito à educação não se resume ao acesso à escola, visto que a escola constitui um dos espaços de conhe-
cimento para compreensão do mundo, mas não é o único. Entretanto, é nela que podemos desenvolver um 
senso crítico e transformador da sociedade. Na escola, diferentes atividades devem ser desenvolvidas de modo a 
estimular a criatividade e proporcionar práticas interdisciplinares que permitam a construção do conhecimento 
(BRASIL, 2013, p. 51). 
A árvore interativa, apresentada na figura a seguir, em forma de lápis, sinaliza potencialidades interdisciplinares 
que a escola pode proporcionar em suas várias ramificações e objetivos.
Figura 2.1 – Conceito de escola.
Legenda: Lápis vermelho em analogia ao conceito deescola, com elementos que sim-
bolizam a educação, como matemática, letras, química, música e artes.
Fonte: http://br.123rf.com/photo_45819630_l%EF%BF%BDpis-vermelho-%EF%BF%BDrvore-de-
-ma%EF%BF%BD%EF%BF%BD-com-de-volta-ao-conceito-da-escola.html?term=education.
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Educação, Direito e Cidadania | Unidade 2 - Direito, educação e cidadania 
Ao mesmo tempo em que sabemos ser a educação um direito fundamental, precisamos refletir sobre que tipo de 
educação queremos para nossa sociedade. Brandão chama a atenção para os espaços não escolares de produ-
ção de conhecimento: “a casa, o templo, a oficina, o barco, o mato, o quintal. Espaço que apenas reúne pessoas 
e tipos de atividade e onde viver o fazer faz o saber” (BRANDÃO, 2013, p. 33); pois, como indicamos, a educação é 
resultado da ação do meio social, cultural e político em que vivemos. Mas o que isso implica na educação escolar?
A escola não é isolada da realidade onde se situa, logo, ensinamos de acordo com as concepções que temos de 
vida em sociedade, em especial a nossa, pois é a mais próxima do que conhecemos. Assim, muitas vezes os sabe-
res do cotidiano são também importantes no diálogo com os saberes escolares e devem ser articulados para um 
melhor envolvimento do educando no processo de ensino-aprendizagem. Obstante, a escola enquanto espaço 
de saber, deve também estimular a construção de um conhecimento científico, possibilitado pelas diferentes 
áreas do conhecimento com as quais os alunos têm contato constantemente.
Em termos de uma educação libertadora e cidadã, acreditamos ser necessário ultrapassar as barreiras do euro-
centrismo, do conhecimento usurpado e transmitido pelo “conquistador”/colonizador. No entendimento de 
Brandão, a “educação do conquistador invade, com armas mais poderosas do que a espada, a vida e a cultura dos 
conquistados” (BRANDÃO, 2013, p. 55). Isso significa que a educação constitui uma arma poderosa na transfor-
mação de uma sociedade, e/ou também, na manutenção de suas amarras culturais, epistemológicas e simbó-
licas. Assim, a educação, em especial aqui, a educação escolar e seus saberes devem ser pensados e refletidos, 
tendo sempre em mente a quem e para quê a educação serve.
 Deve ser entendido como uma forma de etnocentrismo singular, qualitativamente diferente 
de outras formas históricas. Isso porque ele é a expressão de uma dominação objetiva dos 
povos europeus ocidentais no mundo. Neste sentido, Samir Amin em Eurocentrismo: crítica de 
uma ideologia (1994), por exemplo, definiu o eurocentrismo como a crença generalizada de 
que o modelo de desenvolvimento europeu-ocidental seja uma fatalidade (desejável) para 
todas as sociedades e nações” (BARBOSA, 2008, p. 2). Devemos ficar atentos, pois, muitas 
vezes o que se diz universal e global, é, na verdade, uma visão de mundo europeia, uma cons-
trução colonialista sobre e para os demais povos, a partir de uma única concepção, enten-
dida como verdade universal.
Glossário
A educação formal vem sendo, muitas vezes, praticada com uma única preocupação: o conhecimento dito esco-
lar, instrutivo, baseado nas disciplinas. Conhecimentos históricos, matemáticos, químicos, físicos, desportivos, 
artísticos, filosóficos e outros tantos são aprendidos, normalmente, na escola, espaço formal de educação. No 
entanto, o processo educativo, assim esquematizado em disciplinas e, muitas vezes, fragmentado, corre o risco 
de perder de vista a formação do ser humano, em sua integridade e cidadania. Trata-se de um desafio à conexão 
entre transmissão do conhecimento e formação humana cidadã.
Além disso, como bem aponta Miguel G. Arroyo, precisamos atentar para a ideia de que cidadania pode vir ape-
nas por meio da educação, e, de certo modo, uma educação escolarizada, formadora “do novo cidadão”. O autor 
provoca em termos de reflexão, pois o “mesmo discurso que enfatiza a liberdade e a cidadania enfatiza a neces-
sidade da educação para a liberdade e para a cidadania” (ARROYO, 2010, p. 33). 
A educação é importante para a construção da cidadania, mas precisamos pensar em que medida essa educa-
ção, pensada pelas elites governantes, não propõe apenas um tipo de formação para uma cidadania limitada, 
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Educação, Direito e Cidadania | Unidade 2 - Direito, educação e cidadania 
ordeira e progressista. Ou seja, se esta educação é de fato libertadora, emancipatória e se a cidadania que ela 
permite vislumbrar é aquela que o cidadão precisa, dentro da dignidade da pessoa humana, do direito à partici-
pação e efetiva vivência cidadã, democrática e popular.
Assim, importa refletir acerca do que esta educação, que vem sendo “ofertada” nos últimos séculos, possibilita ao 
cidadão além da formação para o mercado de trabalho. Precisamos questionar se a educação para a cidadania, 
dentro desta lógica não “será reduzida a educar para a cooperação no bem-comum e para a superação do indi-
víduo possessivo, numa unidade moral articuladora do convívio social” (ARROYO, 2010, p. 57).
Arroyo pondera esta questão, pois em sua visão, não podemos desassociar a questão da cidadania da questão do 
poder. Afinal, quando se “proclama a necessidade da educação para a cidadania, o discurso de conservadores, 
liberais ou progressistas exclui sempre as elites e as camadas médias. Esse discurso tem um endereço certo: as 
camadas populares [...]” (ARROYO, 2010, p. 59). Mas por que o autor faz esta afirmação? A educação para a cida-
dania não existe então? Trata-se de uma manobra das elites? Tenhamos calma e atenção.
Para o autor, a educação para a cidadania é importante e necessária, mas o que está em jogo é que tipo de edu-
cação está sendo proposta ao povo e com quais intenções. As camadas populares, o operariado, os empobre-
cidos, os trabalhadores, sempre foram atuantes na história política, econômica e social, então, é preciso pensar 
que estas pessoas comuns são sujeitos políticos presentes na história. 
Estes sujeitos sociais, que são também políticos e históricos, mobilizam diferentes ferramentas e ações em busca 
da cidadania. A educação tem sido uma das formas que as classes populares têm utilizado para alcançar esta 
cidadania, fazendo-se conhecedora de direitos e reivindicando-os. “As lutas pela escola e pelo saber, tão legíti-
mas e urgentes, vêm se constituindo um dos campos de avanço político significativo na história da construção da 
cidadania” (ARROYO, 2010, p. 79).
Uma escola cidadã deve colocar-se socialmente com projetos de transformação da reali-
dade, quando esta não atenta para a dignidade da pessoa humana; faz-se necessário inte-
ragir com a sociedade e enfrentar os problemas que nela existem, transformando-a, efeti-
vando a cidadania.
A educação é um dos direitos humanos reconhecido no Art. 26 da Declaração Universal dos Direitos Humanos 
(DUDH) de 1948:
1. Toda pessoa tem direito à instrução. A instrução será gratuita, pelo menos nos graus elementa-
res e fundamentais. A instrução elementar será obrigatória. A instrução técnico-profissional será 
acessível a todos, bem como a instrução superior, esta baseada no mérito. 
2. A instrução será orientada no sentido do pleno desenvolvimento da personalidade humana e 
do fortalecimento do respeito pelos direitos humanos e pelas liberdades fundamentais. A instru-
ção promoverá a compreensão, a tolerância e a amizade entre todas as nações e grupos raciais ou 
religiosos, e coadjuvará as atividades das Nações Unidas em prol da manutenção da paz.
3. Os pais têm prioridade de direito na escolha do gênero de instrução que será ministrada aos 
seus filhos. 
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Educação, Direito e Cidadania | Unidade 2 - Direito, educação e cidadania 
Como você deve ter visto ao longo deste Caderno Pedagógico, a educação acontece em todas as dimensões de 
nossa vida, sendo, portanto, um processo permanente. Nas sociedades “modernas” e/ou ocidentais, a educação 
escolar conforma condição de bem-estar social e sobrevivência, além de ser uma das formas de ascensão social.
Conheça o que diz a Constituição sobre o dever do Estadocom a Educação: Art. 208. O dever 
do Estado com a educação será efetivado mediante a garantia de:
I - ensino fundamental, obrigatório e gratuito, assegurada, inclusive, sua oferta gratuita para 
todos os que a ele não tiveram acesso na idade própria;
II - progressiva universalização do ensino médio gratuito;
III - atendimento educacional especializado aos portadores de deficiência, preferencial-
mente na rede regular de ensino;
IV - atendimento em creche e pré-escola às crianças de zero a seis anos de idade;
V - acesso aos níveis mais elevados do ensino, da pesquisa e da criação artística, segundo a 
capacidade de cada um;
VI - oferta de ensino noturno regular, adequado às condições do educando;
VII - atendimento ao educando, no ensino fundamental, através de programas suplementa-
res de material didático-escolar, transporte, alimentação e assistência à saúde.
§ 1º - O acesso ao ensino obrigatório e gratuito é direito público subjetivo.
§ 2º - O não-oferecimento do ensino obrigatório pelo Poder Público, ou sua oferta irregular, 
importa responsabilidade da autoridade competente.
§ 3º - Compete ao Poder Público recensear os educandos no ensino fundamental, fazer-lhes 
a chamada e zelar, junto aos pais ou responsáveis, pela frequência à escola (MEC, 2006, p. 20).
No Brasil, apesar do engajamento em acordos e tratados internacionais, bem como a elaboração de uma consti-
tuição que pauta a educação como direito fundamental, ainda existem questões que demandam maior atenção, 
em termos de valorização do trabalho e da remuneração docente, da infraestrutura das escolas (salas, laborató-
rios, bibliotecas etc.) e da oferta de vagas em áreas que possuem demanda acima do quantitativo disponibilizado.
Segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) de 2015, a “educação é um bem coletivo essen-
cial para a promoção da cidadania e apresenta um visível impacto nas condições gerais de vida da população”. 
Ainda, este direito é determinante nos rendimentos de trabalho e mobilidade social, ou ascensão, conforme já 
mencionamos. Tendo em vista estes indicativos, vamos conhecer um pouco o que a pesquisa apresenta em ter-
mos da realidade educacional brasileira?
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Educação, Direito e Cidadania | Unidade 2 - Direito, educação e cidadania 
DADOS DO PNAD – Relatório de 2015 – destaque para desigualdades:
• De 2004 a 2013, as taxas de escolarização das crianças de 0 a 3 anos e de 4 e 5 anos de 
idade subiram de 13,4% e 61,5% para 23,2% e 81,4%. A taxa de frequência escolar bruta 
das pessoas de 6 a 14 anos de idade permaneceu próxima da universalização. Por sua vez, a 
proporção de jovens de 15 a 17 anos de idade que frequentava escola cresceu somente 2,5 
pontos percentuais, passando de 81,8% em 2004 para 84,3% em 2013. 
• Os jovens de 15 a 17 anos de idade brancos possuíam uma taxa de frequência escolar 
líquida 14,4% pontos percentuais maior do que a dos jovens pretos ou pardos, com 49,3%. 
As mulheres tinham frequência escolar líquida 9,9% pontos percentuais maior do que a dos 
homens, 50,3%.
• A distorção idade-série atingia quase metade dos estudantes de 13 a 16 anos de idade em 
2004 (47,1%) e 41,4% deles em 2013, totalizando cerca de 3,7 milhões de estudantes.
• Observou-se um aumento da proporção de pessoas de 18 a 24 anos de idade que frequen-
tava o ensino superior. Essa proporção era de 10,4%, em 2004, e passou para 16,3%, em 
2013, mas terá que dobrar até 2020 para atingir a Meta 12 do PNE, que prevê essa expansão, 
assegurando a qualidade da oferta.
• Enquanto do total de estudantes brancos de 18 a 24 anos 69,4% frequentavam o ensino 
superior, apenas 40,7% dos jovens estudantes pretos ou pardos cursavam o mesmo nível 
em 2013.
• De acordo com os dados mais recentes, a maior incidência de analfabetismo ocorre entre 
homens (8,8%), entre os de cor preta ou parda (11,5%) e entre aqueles com idade acima dos 
65 anos (27,7%) em 2013.
De certo modo, estes dados evidenciam problemas históricos, e de longa data, em relação à nossa educação for-
mal. Como bem salienta Brandão, os deserdados, os escravizados, os pobres de toda sorte aprendiam um ofício, 
“no ofício”, ou seja, aprendiam a se tornar trabalhadores braçais, por vontade própria, ou, na maioria das vezes, 
por necessidade e obrigação. “Rara vez um deles alisava com o traseiro magro o banco de alguma escola, razão 
por que o país tinha, até há poucos anos, um dos maiores índices de analfabetismo em todo o mundo (BRANDÃO, 
2013, p. 89-90).
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Educação, Direito e Cidadania | Unidade 2 - Direito, educação e cidadania 
Figura 2.2 – Educação Superior - Universidade.
Legenda: Ensino Superior - conceito de educação definido com ilustração vetorial. Desta-
que para educação superior, diploma e exames. A formação superior constitui uma das for-
mas frequentes de ascensão social (mobilidade econômica) no Brasil.
Fonte: http://br.123rf.com/photo_46501190_superior-conceito-de-educa%EF%BF%BD%EF%BF%BDo-definido-
-com-ilustra%EF%BF%BD%EF%BF%BDo-vetorial-plano-de-diploma-e-de-exame-%EF%BF%BDcones-isolado-
.html?term=higher%2Beducation
No caso das elites, os mais afortunados, a escolarização era mais frequente, até mesmo porque significava status 
e permitia construir o cidadão de direito que teria controle político e econômico sobre os demais. Mas, mesmo 
entre estes, apenas os mais ricos cursavam o ensino superior, visto existirem poucas universidades no Brasil. 
Assim sendo, vendo que a conjuntura atual na educação ainda sente os reflexos de seu passado excludente.
2.2 Movimentos Sociais, Educação e Cidadania
Conforme já mencionamos brevemente em nosso Caderno Pedagógico, as lutas e os embates por direitos e 
cidadania no Brasil existem desde a formação deste território enquanto colônia portuguesa explorada. Assim, 
a trajetória em torno de direitos e, consequentemente, em torno do direito à educação, é bastante complexa e 
abrangente, envolvendo a mobilização da sociedade civil. 
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Educação, Direito e Cidadania | Unidade 2 - Direito, educação e cidadania 
A educação escolar, até aproximadamente o começo do século XX, era oportunizada apenas às elites governan-
tes/dirigentes. Durante as primeiras décadas, diante da chegada de milhões de imigrantes europeus, a preocu-
pação em torno da língua e da formação nacional pairavam os governos e a educação escolarizada seria a forma 
mais adequada de inserir estes imigrantes na brasilidade.
Algumas décadas depois, durante o governo Vargas (década de 1930 a 1950), intensificou-se essa escolarização, 
sendo criada a Campanha de Nacionalização do Ensino. Neste processo foram ampliados os grupos escolares e 
criadas mais escolas em diferentes áreas do país, principalmente as chamadas escolas isoladas em regiões mais 
interioranas. Então começou a expansão do ensino. 
A Constituição de 1934 destacou a educação como direito, devendo ser proporcionada “a brasileiros e a estran-
geiros domiciliados no País, de modo que possibilite eficientes fatores da vida moral e econômica da Nação, e 
desenvolva num espírito brasileiro a consciência da solidariedade humana” (Constituição da República dos Esta-
dos Unidos do Brasil, 1934). O Plano Nacional de Educação determinava: 
a) ensino primário integral gratuito e de frequência obrigatória extensivo aos adultos;  
b) tendência à gratuidade do ensino educativo ulterior ao primário, a fim de o tornar mais acessível;
c) liberdade de ensino em todos os graus e ramos, observadas as prescrições da legislação federal 
e da estadual;  
d) ensino, nos estabelecimentos particulares, ministrado no idioma pátrio, salvo o de línguas 
estrangeiras;  
e) limitação da matrícula à capacidade didática do estabelecimento e seleção por meio de provas 
de inteligência e aproveitamento, ou por processos objetivos apropriados à finalidade do curso;  
f) reconhecimento dos estabelecimentos particulares de ensino somente quando assegurarem a 
seus professores a estabilidade, enquanto bem servirem, e uma remuneração condigna (Consti-
tuição da Repúblicados Estados Unidos do Brasil, 1934).  
No entanto, apesar da preocupação com o ensino em “todos os rincões” destas terras brasileiras, grande parcela 
da população não frequentava os bancos escolares. Outra parcela frequentava espaços educativos organizados 
por elas próprias, como era o caso das Associações dos Homens de Cor, dos Clubes Literários e Recreativos, da 
Frente Negra Brasileira, e de tantos outros órgãos da sociedade civil organizada pela busca de direitos em torno 
de educação e combate ao racismo e à discriminação. 
A década de 1960 constitui período de grande mobilização por direitos na área de educação, bem como o res-
surgimento de movimentos intensos e outros tantos novos em torno do debate contra a ditadura e as formas de 
resistência ao sistema vigente. Surgem então os movimentos feministas, movimentos de mulheres, movimentos 
pelos direitos civis, movimentos LGBT, movimentos negros, movimentos sem-terra, movimentos por moradia, 
movimentos por educação pública de qualidade etc. Em 1968, após atos do movimento estudantil contra a dita-
dura, ocorreu a Reforma Universitária de 1968, a emissão do Decreto nº 477, proibindo as manifestações estu-
dantis, e do Ato Institucional nº 5 (AI-5) em dezembro de 1968 (ROSAR, 2011, p. 146).
Os movimentos estudantis estiveram presentes e atuantes em grandes e importantes momentos da luta demo-
crática, por direitos, cidadania e educação libertadora. Nos anos de 1960 se organizaram, na década de 1970 
puseram-se mobilizados contra o regime, em constantes movimentos e passeatas; os anos 1980 foram cenário 
do movimento pela anistia e as Diretas Já, o período da redemocratização. Esta foi a década da mobilização popu-
lar em torno da nova Constituição da República Federativa do Brasil.
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Educação, Direito e Cidadania | Unidade 2 - Direito, educação e cidadania 
Figura 2.3 – Movimentos Sociais contemporâneos.
Legenda: Destaque para alguns movimentos sociais importantes na contemporaneidade no Brasil.
Fonte: Elaborada pela autora (2017).
Estes movimentos sociais mobilizados em torno da democracia e da cidadania deram, e ainda dão, novos con-
tornos para a realidade brasileira, em especial lutando pela transformação social. A pressão social gestada e pra-
ticada por um conjunto de pessoas em favor de determinado assunto, questão ou demanda social, pode implicar 
em mudança e construção de políticas públicas que atendam aquelas necessidades.
Isso também acontece quando o assunto é educação. Nada acontece sem a pressão popular e, por educação e 
uma escola de qualidade, há muita luta (BRANDÃO, 2013). A pressão social referente à demanda por qualidade na 
educação pode ser feita das mais variadas formas: protestos, passeatas, atos públicos, abaixo-assinados, debates 
organizados, panfletos, sites, blogs, e-mails e cartas dirigidas a políticos, órgãos públicos e à sociedade em geral. 
Você sabia que é direito de todo cidadão se organizar política e coletivamente para exigir 
um direito, como por exemplo, a educação? O Estado democrático de direito garante este 
tipo de organização e mobilização. Sobre este assunto, como forma de aprofundamento, 
sugerimos consultar Revista Consultor Jurídico, no link: <www.conjur.com.br/2013-jul-06/
observatorio-constitucional-restringir-manifestacoes-nao-inconstitucional>.
Participar ativamente da vivência democrática implica em poder atuar junto a órgãos, conselhos e federações 
cidadãs. No caso da área da educação e de suas políticas específicas, enquanto sujeito social atuante, você pode 
compor conselhos de regulamentação dos sistemas de ensino (conselhos de educação), conselhos responsáveis 
pela gestão de cada unidade de ensino (conselhos escolares) e conselhos de fiscalização de programas gover-
namentais específicos (como os conselhos do Fundeb e os (conselhos de alimentação escolar) (ROSAR, 2011). 
É obrigatória a existência destes conselhos nas diferentes instâncias governamentais (municipais, estaduais e 
nacional), sendo estas ferramentas democráticas uma ótima forma de participar da construção da escola que 
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Educação, Direito e Cidadania | Unidade 2 - Direito, educação e cidadania 
queremos e da formação do cidadão que consideramos em termos da dignidade da pessoa humana. A educação 
diz respeito a todos.
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei Federal n° 9.394/1996) destaca a construção da cidadania 
como uma das finalidades da educação, sendo a escola “um espaço social privilegiado onde se definem a ação 
institucional pedagógica e a prática e vivência dos direitos humanos”. Neste sentido, a educação em direitos 
humanos, uma educação que paute a construção da efetiva cidadania, deve permear todo o currículo escolar, 
não se restringindo a uma disciplina ou ação isolada na escola (BRASIL, 2013, p. 60).
Atuar ativamente em conselhos, órgãos consultivos e de fiscalização de políticas públicas voltadas à educação 
constitui uma forma de exercer o direito à cidadania e pensar meios de estendê-la a outros tantos homens e 
mulheres. Por meio destes conselhos podemos verificar o que o poder público está fazendo para implementar 
políticas, como e onde gastam os recursos e quais ações estão sendo desenvolvidas. 
Municípios, estados e governo federal elaboram e aprovam seu orçamento a cada ano, sendo dever do cidadão 
acompanhar estas distribuições orçamentárias. Mas por que isso é importante? Pensemos no caso da educação: 
a partir desta distribuição é que sabemos quais os recursos serão destinados a esta área. Investimentos como 
construção de escolas e reformas, por exemplo, devem constar no orçamento daquele ano, de acordo com a 
instância a qual pertence a(s) instituição(ões) de ensino. 
Figura 2.4 – Crianças na escola.
Legenda: Crianças em idade escolar usufruindo o direito à educação. A escola com espaço de construção do 
conhecimento.
Fonte: http://br.123rf.com/photo_41324767_children-of-different-races-in-the-books-of-the-school-board,-come-
back-to-school.html?term=school%2Bboard.
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Educação, Direito e Cidadania | Unidade 2 - Direito, educação e cidadania 
Nossos direitos enquanto cidadãos ultrapassam o direito de votar nas eleições, sendo necessário participar de 
diferentes modos da vida política e democrática do país. As iniciativas populares dão vida à democracia e permi-
tem melhor usufruto dos direitos básicos de cada pessoa. Nos casos em que a atuação popular não se faz sufi-
ciente para efetivar um direito já existente em lei, o meio judicial é uma ferramenta importante para fazer com 
que o Estado cumpra seu papel. 
Por exemplo, na área educacional, nosso foco principal enquanto educadores que somos ou seremos, precisa-
mos estar atentos para práticas corriqueiras que impedem o pleno direito à educação, como a falta de vagas 
na escola, a recusa de matrículas de alunos por motivos de gênero, raça ou algum tipo de deficiência física e/
ou mental, o não oferecimento de vagas na educação de jovens e adultos. Estes exemplos merecem um olhar 
especial de nossa parte, pois são situações mais comuns do que podemos imaginar, e que demandam ação da 
justiça, quando não resolvidas por meio do direito já garantido, mas não efetivado. Neste caso, pode-se acionar 
o Ministério Público ou a Defensoria Pública para fazer a denúncia. 
“O Ministério Público é a instituição que defende a sociedade coletivamente e não o direito 
ou interesse individual de cada cidadão). Assim, caso você verifique uma violação do direito à 
educação que atinja várias pessoas, ou alguma ação ilegal da administração pública, basta se 
dirigir ao Ministério Público mais próximo e registrar sua reclamação. Essa reclamação – que 
deve ser feita por escrito – recebe o nome de representação” (Consultar PLATAFORMA DHESCA 
BRASIL E AÇÃO EDUCATIVA, 2011, p. 58). Após o registro da representação, é preciso acompa-
nhar o encaminhamento dado pelo Ministério Público quanto à representação apresentada.
Figura 2.5 – Mulher idosa e educação escolar.
Legenda: Mulher idosa em processo de aprendizagem.A educação é um direito estendido a todos, em todas as idades.
Fonte: http://br.123rf.com/photo_22639367_velha-feliz-que-usa-o-computador-vector-illustration.
html?term=seniors%2Beducation
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Educação, Direito e Cidadania | Unidade 2 - Direito, educação e cidadania 
Um direito de todas as pessoas que torna possível o desenvolvimento de seu potencial, a Educação é a principal 
esperança para alterar positivamente a sociedade. Compreender que os sujeitos historicamente excluídos são 
sujeitos de direitos e precisam de políticas públicas específicas permite incorporá-los ao mundo dos cidadãos e, 
logo, estender a eles políticas governamentais que os capacitem para as diferentes ações sociais.
Mas, afinal, o que é uma Política Pública e para que ela serve? A Política Pública é a forma que 
temos para efetivar direitos, intervindo na realidade social. Por meio dela são coordenados 
programas e ações capazes de efetivar as leis existentes. Nas diferentes áreas, como a saúde 
e a educação, temos políticas públicas capazes de modificar realidades específicas e promo-
ver a igualdade, a concretização dos direitos previstos em lei. Por exemplo, “a política nacio-
nal de educação é formada por diretrizes gerais que visam o direito à educação com quali-
dade para todos. Dentro desta política, está, entre outros, o programa de merenda escolar. E 
dentro deste programa, o projeto de descentralização do programa de merenda escolar, para 
que ele chegue a todos os municípios brasileiros” (SECADI, 2009, p. 43).
Adotar leis ou aderir a tratados internacionais são alguns dos caminhos para o desenvolvimento pleno da educa-
ção, mas é preciso compromisso individual e coletivo quanto às suas transformações necessárias. Nesse contexto, 
a Educação em Direitos Humanos adota um “enfoque que supõe, necessariamente, um processo de construção 
de cidadania ativa, que implica a formação de cidadãos conscientes de seus direitos e deveres [...], cabendo ao 
Estado em conjunto com a sociedade implementar ações de todos (BRASIL, 2013, p. 22-23).
O monitoramento de acordos, tratados e legislações referentes acontece por meio de diferentes ferramentas, 
suportes e órgãos. Alguns espaços de controle social são formados por comitês, dentre os quais citamos alguns 
que você pode conhecer e aprofundar melhor a função de cada um deles: Convenção sobre os Direitos da Criança 
(1989); Convenção Internacional sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação Racial (1965); Conven-
ção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação Contra as Mulheres (1979); Conferência Mundial 
contra o Racismo, Discriminação Racial, Xenofobia e Formas Conexas de Intolerância (2001); Convenção sobre 
os Direitos das Pessoas com Deficiência (2006). Também nesses comitês é possível a participação da sociedade 
civil organizada. 
Em 1995, a ONU oficializou a década voltada para a Educação em Direitos Humanos. Apenas em julho de 2003 
o Estado brasileiro, tornou oficial a Educação em Direitos Humanos como política pública, criando um Comitê 
Nacional de Educação em Direitos Humanos (CNEDH). O objetivo inicial deste Comitê foi elaborar o Plano Nacio-
nal de Educação em Direitos Humanos (PNEDH), lançado em dezembro de 2013, para gerar o debate em torno 
do tema dos direitos humanos e da formação para a cidadania.
A proposta deste Plano é se constituir em instrumento orientador e fomentador de ações educativas direciona-
das às seguintes áreas temáticas: (a) Educação Básica, (b) Ensino Superior, (c) Educação Não formal, (d) Educação 
dos Profissionais dos Sistemas de Justiça e Segurança, (e) Educação e Mídia. 
Cada um destes eixos componentes da educação formal possui programas e projetos específicos e direcionados, 
no intuito de construir uma cultura de respeito aos direitos humanos e formação para a cidadania. O PNEDH 
“propõe-se a contribuir com a construção de uma cultura voltada para o respeito aos direitos fundamentais 
da pessoa humana, envolvendo diferentes segmentos sociais, órgãos públicos e privados e esferas do governo” 
(BRASIL, 2013, p. 32). 
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Educação, Direito e Cidadania | Unidade 2 - Direito, educação e cidadania 
Assim como o Plano Nacional de Educação em Direitos Humanos, o Brasil também possui outros Planos, instru-
mentos elaborados de acordo com cada especificidade temática e demandas envolvendo a sociedade abrangente 
e seus múltiplos processos de aprendizagem. A educação formal é um dos espaços de aprendizagem, logo, os Pla-
nos sempre apresentam questões e encaminhamentos que são de responsabilidade da escola em sua execução. 
Como somos todos educadores preocupados com os caminhos seguidos pela educação em 
nosso país, adentraremos um pouco no Plano Nacional de Educação, entendendo ser impor-
tante conhecer este instrumento e seus impactos na realidade da educação, sempre atentando 
para a noção de educação como direito fundamental para a dignidade da pessoa humana.
Figura 2.6 – Crianças e educação.
Legenda: Crianças numa escola que forma para a cidadania e exerce a cidadania na formação destas crian-
ças, que crescem felizes em suas diferenças, mas que podem acessar a igualdade em termos de direitos.
Fonte: http://br.123rf.com/stock-photo/different_races.html?mediapopup=41793018
O Plano Nacional de Educação (PNE) determina diretrizes, metas e estratégias para a política educacional dos 
próximos dez anos (2014-2024). O Plano origina-se de diretrizes que visam uma educação mais igualitária e 
de qualidade e, para tanto, estabelece 20 metas e estratégias para o ensino no país em todos os níveis (infantil, 
básico e superior). Estados, municípios e Federação terão dez anos para alcançar os objetivos propostos. Dentre 
os desafios, está a erradicação do analfabetismo. Desde a Constituição de 1988, o PNE é uma obrigatoriedade 
governamental, de modo a articular o sistema nacional de educação. 
O primeiro grupo de metas pauta o direito à educação básica com qualidade, entendendo o acesso, a universa-
lização do ensino obrigatório, e a ampliação das oportunidades educacionais como fundamentais para o pleno 
desenvolvimento. Em segundo eixo, não menos importante, estão as metas que dizem respeito à redução das 
desigualdades na educação e na sociedade, articulando temas como valorização da diversidade e a construção 
da equidade. Também faz parte do Plano, ações de valorização dos profissionais da educação, visto ser extrema-
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Educação, Direito e Cidadania | Unidade 2 - Direito, educação e cidadania 
mente importante para que as demais metas possam ser atingidas. O quarto grupo de metas refere-se ao ensino 
superior, formas de acesso, qualidade e também a pós-graduação (BRASIL, PNE, 2014).
Figura 2.7 – Metas do Plano Nacional de Educação.
Legenda: Ícones com as metas do PNE 2014-2024.
Fonte: http://www.brasil.gov.br/educacao/2014/05/metaspne.png/view
Quadro 2.1 – Metas da Lei nº 13.005/2014 (Lei do PNE)
Tema Meta
1 Educação infantil Universalizar, até 2016, a educação infantil na pré-escola para as crianças 
de quatro a cinco anos de idade e ampliar a oferta de educação infantil em 
creches de forma a atender, no mínimo, cinquenta por cento das crianças 
de até três anos até o final da vigência deste PNE.
2 Ensino fundamental Universalizar o ensino fundamental de nove anos para toda a população de 
seis a quatorze anos e garantir que pelo menos noventa e cinco por cento 
dos alunos conclua essa etapa na idade recomendada, até o último ano de 
vigência deste PNE.
3 Ensino médio Universalizar, até 2016, o atendimento escolar para toda a população de 
quinze a dezessete anos e elevar, até o final do período de vigência deste 
PNE, a taxa líquida de matrículas no ensino médio para oitenta e cinco por 
cento.
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Educação, Direito e Cidadania | Unidade 2 - Direito, educação e cidadania 
4 Educação especial Universalizar, para a população de quatro a dezessete anos com 
deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou 
superdotação, o acesso à educação básica e ao

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