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Tópico 06 Biologia Molecular e Biotecnologia Introdução a Biotecnologia 1. Introdução A fabricação de cerveja e o processo de panificação podem ser considerados exemplos de biotecnologia, porque utilizam microrganismos vivos, a levedura, para produzir o produto desejado. Esse tipo de processo emprega organismos vivos na sua forma natural. No entanto, a biotecnologia tem avançado e permitido modificações em sistemas biológicos, ou organismos. Com o avanço da engenharia genética, ou seja, manipulação do material genético de organismos, um grande avanço biotecnológico tem sido alcançado nas áreas de medicina, biologia, agricultura e meio ambiente. Esses conhecimentos possuem aplicação ampla. Sobre isso, podemos citar o desenvolvimento de novas terapias, como as vacinas que, em vez de usarem o organismo morto, ou atenuado, empregam somente proteínas recombinantes em sistemas heterólogos (ou seja, somente a proteína que gera a resposta imune, produzida em uma bactéria modificada geneticamente). Biotecnologia também permite o uso de plantas geneticamente melhoradas, a exemplo do aperfeiçoamento de leveduras, ditas transgênicas para produção mais eficiente de biocombustíveis. Há também melhoramentos na indústria alimentícia com introdução do gene da quimosina (antes extraído de animais) para produção de queijos. Agora, o gene da quimosina pode ser introduzido em microorganismos, como os Kluyveromyces lactis, Aspergillus niger var awamori e uma variante da bactéria Escherichia coli, para sua produção (LODISH et al., 2014; JOHNSON et al., 2017). Assim, vamos entender um pouco mais sobre o que é biotecnologia e quais áreas ela abrange! 2. O que é Biotecnologia? Biotecnologia emprega as ciências da vida, como a biologia, e a tecnologia, com o intuito de desenvolver produtos em diversas áreas, sejam elas a microbiologia, a biologia molecular, a bioquímica, a ecologia, a agricultura, a reprodução, ou a genética. Assim, a biotecnologia utiliza processos celulares e biomoleculares, para desenvolver tecnologias e produtos com a intenção de melhorar nossas vidas e a saúde de nosso planeta (LODISH et al., 2014; JOHNSON et al., 2017). A produção de álcool é uma das aplicações mais básicas da biotecnologia industrial. Por exemplo, a cerveja é feita de água, de uma fonte de amido, como a cevada, de levedura de cerveja e de um aromatizante, como o lúpulo (BORZANI et al., 2001). O amido presente na cevada deve ser convertido em açúcar por enzimas (que são ativadas, quando a cevada é maltada) e depois fermentado (o fermento do cervejeiro metaboliza os açúcares, para produzir álcool e dióxido de carbono). Nesse processo, são utilizadas enzimas e micróbios, duas ferramentas comuns usadas na biotecnologia industrial (BORZANI et al., 2001). Além de usá-las como ferramentas destinadas à elaboração de produtos biotecnológicos, células e enzimas também podem ser os produtos biotecnológicos. Por exemplo: enzimas são usadas na produção de detergentes, processamento de alimentos, cosméticos e muito mais. A biotecnologia industrial também está presente em muitos produtos que estão em sua casa e você usa todos os dias. Especificamente, a biotecnologia industrial utiliza enzimas e microrganismos, a fim de produzir produtos de base biológica em vários setores, como produtos químicos, ingredientes alimentares, detergentes, papel, têxteis e biocombustíveis (LODISH et al., 2014; JOHNSON et al., 2017). Somado a isso, a biotecnologia industrial pode apresentar uma oportunidade significativa para desenvolver medicamentos difíceis de serem produzidos por outros meios, devido a problemas de pureza (JOHNSON et al., 2017). O bioprocessamento (conversão de substrato em produtos em fermentação por exemplo) pode ser usado, com a finalidade de desenvolver novos caminhos ligados à conversão de matérias- primas de baixo custo em produtos de alto valor, incluindo produtos farmacêuticos ativos e seus intermediários. A biotecnologia também está envolvida em melhoramentos de plantas, a fim de resolver questões, a exemplo das relacionadas à alimentação de uma população crescente e oferecer novas alternativas aos nossos escassos recursos naturais (LODISH et al., 2014; JOHNSON et al., 2017). Os benefícios proporcionados pela biotecnologia compreendem desde uma cultura aperfeiçoada de bactérias para a produção de alimentos úteis, como queijos, até as melhorias na qualidade de vida, como é o caso da possibilidade de editar genes defeituosos no genoma humano (LODISH et al., 2014; JOHNSON et al., 2017). Inclusive, a edição de genes é uma das áreas em que os pesquisadores investem seus esforços atualmente, pretendendo um dia chegar a editar o genoma humano. Isso significa, por exemplo, retirar sequências no DNA que poderiam levar ao desenvolvimento de doenças. Em relação a isso, assista ao vídeo abaixo, a fim de perceber o que a biotecnologia é capaz de fazer. Desta forma, vamos começar a entender um importante processo da biotecnologia: a clonagem de genes, conhecida como expressão heteróloga, ou seja, a maneira pela qual se expressa genes que não são próprios dos organismos. 3. Clonagem de Genes O que seria clonagem? O conceito simples seria a geração de uma cópia idêntica de uma célula, ou organismo. Poderíamos dizer que, quando os procariotos se duplicam e geram cópias idênticas de si, eles estão gerando clones. Mas, primeiramente, vamos começar a entender o que seria clonagem de genes. Os cientistas usam essa técnica, a princípio, para entender como um gene funciona. Com o advento do sequenciamento, existem bancos de dados para muitos organismos. Quando os cientistas querem descobrir, por exemplo, a função de uma proteína ainda não estudada, eles podem, por meio da análise dessas sequências À medida que o conhecimento avança, a biotecnologia abre novas fronteiras. Assista ao vídeo, para entender alguns aspectos da edição de genoma: Pesquisadora da UFMG aborda edição de gePesquisadora da UFMG aborda edição de ge…… https://www.youtube.com/watch?v=m5RwmIZXDXE dos bancos de dados, compararem sequências entre organismos semelhantes pelo uso da bioinformática. Então, por exemplo, se análises de bioinformática levarem a entender que um gene ainda não estudado codifica uma proteína com função de permease (proteína que permite a entrada de carboidratos dentro da célula), os cientistas, com essa informação, precisam comprovar essa função experimentalmente. Todavia, como isso pode ser feito? Para fazer isso, eles precisam introduzir o gene dessa proteína dentro de um organismo cuja sequência do genoma é conhecida. A investigação da função precisa ser feita em uma célula viva, por exemplo, a bactéria Escherichia coli. O organismo que irá receber essa proteína, no nosso exemplo, a E. coli, será um organismo mutante para a permease em questão, ou geneticamente modificado (LODISH et al, 2014; JOHNSON et al., 2017). Assim, se um mutante que não possuía uma permease antes passar a apresentar o fenótipo de permease, podemos concluir que a hipótese de que o gene facilitava a entrada de um carboidrato é verdadeira. No que diz respeito a isso, vamos olhar o esquema abaixo, a fim de entender esse processo na genética clássica: Fluxograma de clonagem, a fim de se relacionar um gene à sua função. Retorne à figura anterior. A clonagem propriamente dita envolve os passos de 3 a 5. No entanto, para o estudo detalhado da função de um gene a nível molecular, é necessário que uma grande quantidade do produto do gene seja purificada. Isso é possível a partir do uso das técnicas do DNA recombinante. Assim, vamos entender um pouco mais sobre clonagem de genes. Tecnologia do DNA Recombinante A tecnologia do DNA recombinante permite clonar uma molécula de DNA e produzir muitas cópias desse DNA. O gene que será clonado é inserido em um outro organismo, por isso, essa técnica é conhecida como DNA recombinante, ou expressão heteróloga. Ogene de interesse é amplificado por técnica de PCR e, depois, é ligado a uma molécula de DNA, que está em uma célula hospedeira. Frequentemente, a E. coli é usada como célula hospedeira por ter seu genoma conhecido. Desta forma, o gene é inserido em um plasmídeo, o qual é formado por moléculas circulares de DNA de fita dupla (dsDNA) que ocorrem naturalmente em bactérias. Esses plasmídeos conferem às células hospedeiras vantagens, como resistência a antibióticos. Nesse contexto, o DNA inserido no plasmídeo será replicado, quando a bactéria se replicar, juntamente com o plasmídeo contendo o gene de interesse. Em biotecnologia, chamamos a bactéria que carrega o plasmídeo de hospedeira. Já o plasmídeo, chamamos de vetor. Para inserir um gene no vetor, usamos as enzimas de restrição. Nesse processo, o gene será inserido em um lugar específico no vetor, o qual é chamado de sítios de restrição (múltiplos sítios de clonagem). A replicação do plasmídeo irá gerar um grande número de moléculas de DNA clonado. Assim, o DNA inserido é o gene clonado. Veja a figura abaixo, para entender melhor o processo: Clonagem de gene pela técnica de DNA recombinante.Cloning vector (vetor de clonagem), Foreign DNA (DNA exógeno), Ends of vector and foreign DNA fragmente annel and are mixed with DNA ligase, (vetor e o DNA exógeno são misturados a DNA ligase, para formar o DNA circular) e Recombinant DNA (DNA recombinante). As enzimas de restrição irão cortar o DNA do plasmídeo e do gene que se deseja inserir em locais específicos, de 4 a 8 pb, chamadas sítios de restrição. O gene será inserido no plasmídeo do sítio onde foi cortado com a enzima de restrição. Logo, o plasmídeo recombinante, agora com o gene clonado inserido no sítio de restrição, pode expressar esse gene. Veja na imagem o esquema do DNA circular de um plasmídeo contendo os sítios de restrição onde se pode inserir o DNA exógeno: Vetor para clonagem de genes.pBR322 (nome comercial do plasmídeo), Sítios de restrição ClaI, HindIII, BamH1, Sal1, PuvuII Pst1, PvuI EcoRI, Resistência a antibiótico gene amp (ampicilina), gene tet (tetraciclina), Ori (origem replicação) e rop (gene responsável pelo número de cópias do plasmídeo). Vamos entender melhor. O DNA do plasmídeo e do DNA que foram amplificados por PCR para clonagem devem ser cortados com a mesma enzima de restrição. Assim, o DNA plasmidial e o DNA exógeno serão ligados um ao outro com uso da DNA ligase. As enzimas de restrição podem gerar pontas coesivas, ou cegas, mas o DNA ligase pode ligá-las independentemente do tipo de ponta gerada. Vamos voltar a imagem. O plasmídeo esquematizado é o pBR322, nome comercial dessa substância. Hoje, esses plasmídeos são construídos, a fim de atender às várias necessidades de expressão gênica. A principal característica dos plasmídeos construídos é possuir sítios de restrição para as endonucleases (enzimas que cortam o DNA). Além de conferir à bactéria hospedeira resistência a antibióticos, esses vetores permitem a inserção de 10Kb. Para segmentos de genoma humano, são usados vetores que permitam a inserção de 1 Mb. Esses vetores são produzidos artificialmente, os chamados BACs (LODISH et al., 2014; JOHNSON et al., 2017). Após clonagem do gene no vetor, ele precisa ser introduzido em uma célula hospedeira. Vamos entender como isso funciona. Transformação Bacteriana O DNA recombinante deve ser inserido dentro de uma bactéria hospedeira para que ocorra a expressão do gene exógeno. Quando o DNA recombinante é colocado junto às células hospedeiras, elas podem capturar esse DNA plasmidial em um processo conhecido como transformação. A transformação é induzida por meio de componentes químicos (cloreto de cálcio), ou por choque térmico (LODISH et al., 2014; JOHNSON et al., 2017). Esse processo possibilita a entrada do DNA recombinante dentro da célula hospedeira. Veja na imagem abaixo o esquema dessa inserção do DNA recombinante em uma célula hospedeira. Transformação bacteriana.E. coli (E. coli), Plasmid (plasmídeo), Restriction sites (sítios de restrição), Recombinant plasmid (plasmídeo recombinante), the bacteria reproduce (a bactéria se replica) e bacterial cells carrying copies of the foreingn gene (células bacterianas carregando cópias do DNA exógeno). Durante a replicação da célula hospedeira, enzimas dessa última replicam o plasmídeo. Isso é possível, porque os plasmídeos (vetores de clonagem) possuem uma origem de replicação (ORI). Após iniciada a replicação na origem do plasmídeo, ela irá continuar ao longo do cromossomo plasmidial, independente da sua sequência de nucleotídeo. Assim, o DNA inserido também será replicado. Durante a divisão celular bacteriana, cópias do DNA plasmidial também serão distribuídos às células filhas, permitindo a multiplicação contínua dos plasmídeos para as células hospedeiras (LODISH et al., 2014; JOHNSON et al., 2017). Assim, as células que incorporaram o DNA exógeno carregado pelo plasmídeo serão selecionadas pelo uso de antibióticos. As bactérias que não incorporaram o DNA plasmidial contendo o gene de resistência a antibiótico irão morrer. Volte a imagem do vetor para clonagem. Na seleção das bactérias contendo o DNA exógeno, devem ser usados os antibióticos ampicilina e tetraciclina. Bactérias que não tiverem o vetor pBR322 irão morrer. Já as bactérias contendo os plasmídeos com resistência ao antibiótico formam colônias de várias bactérias, as quais possuem o gene clonado. A presença do gene clonado será confirmada agora. Essa confirmação se dá pelo isolamento do plasmídeo dessas bactérias. Após o isolamento (retirada dos plasmídeos de dentro da célula hospedeira), esse plasmídeo pode ser usado como molde para amplificação do gene clonado pela técnica de PCR. Geralmente, após amplificação do fragmento por PCR, esse pode ter seu tamanho verificado por eletroforese. Adicionalmente, o sequenciamento do gene também é realizado para se ter certeza de que não houve nenhuma mutação (LODISH et al.; 2014; JOHNSON et al., 2017). A transformação bacteriana é muito usada em biotecnologia. Ademais, existem diversos tipos de plasmídeos no mercado, sendo que cada um foi montado para diversas aplicações. Quando se deseja produzir uma proteína em grandes quantidades, por exemplo, pode-se usar plasmídeo que contenha um promotor de bacteriófago (vírus bacteriano). Um exemplo desse tipo de promotor é o conhecido T7. Os plasmídeos contendo o promotor T7 também codificam uma RNA polimerase de bacteriófago. Quando esse plasmídeo é transformado em uma E. coli, ele codifica a própria RNA polimerase, que reconhece o promotor T7, e efetivamente diminui a transcrição de genes próprios da E. coli, promovendo uma super expressão dos genes que foram clonados sob o controle do promotor T7 (MADIGAN et al., 2004; LODISH et al., 2014). Essa é uma estratégia muito usada para expressão em procariotos. No entanto, para a expressão de genes eucarióticos, outros vetores são necessários. Vamos ver alguns deles. Vetores para Clonar Genes Eucarióticos Os genes eucarióticos são maiores que os procarióticos, por isso, para clonar genes como aqueles, outros vetores são necessários. Dentre os organismos mais utilizados para isso, estão as leveduras Saccharomyces cerevisiae. Essa levedura é um dos poucos eucariotos que possuem plasmídeo circular, conhecido como 2 mícrons (2µm) por causa do seu tamanho. As leveduras são importantes no estudo de genes. Além disso, a clonagem usando leveduras possuem também importância comercial (MADIGAN et al., 2004; LODISH et al., 2014). Os vírus também podem ser usados como vetores para clonagem de genes de eucariotos superiores (plantas e animais). Um exemplo disso é o vírus de DNA SV40, o qual causa tumor em primatas, mas tem sido usado como vetor, a fim de introduzir genes em cultura de tecidos humanos. Para isso, um vírus modificado SV40 foi desenvolvido, não para induzir tumor, mas para ser empregadopara clonagem de genes de mamíferos principalmente. Uma grande variedade de vetores para expressão de genes eucarióticos tem sido desenvolvida. Um exemplo é o vetor derivado do vírus Baculovirus (baculovirus vector). Esse sistema de expressão permite que o DNA do vírus se replique dentro da célula, produzindo grande quantidade dos produtos dos genes clonados. Desta forma, ele pode ser usado para produção de proteínas de interesse comercial, como interleucina 2, assim como para o desenvolvimento de vacinas, de tratamentos terapêuticos, de proteínas usadas em diagnósticos e de estudos clínicos (MADIGAN et al., 2004, JOHNSON et al., 2017). O uso de vetores para clonagem em plantas também é possível. Essa tecnologia permite o melhoramento de plantas, com o intuito de atender as necessidades de alimento de uma população cada vez maior. Vamos ver um pouco como isso funciona. Vetores para Clonagem em Plantas O melhoramento de plantas também é possível por meio do uso do DNA recombinante. Nesse melhoramento, elas são modificadas in vitro e o DNA de um gene que irá lhes fornecer vantagem é incorporado. Nesse processo, a planta que incorporou o DNA exógeno é dita como transformada. A transformação pode ser feita por uso de abertura de poros por meio elétrico (eletroporação), ou pelo uso de vetores. No caso de ser um vetor, o mais comumente empregado é o plasmídeo da bactéria Agrobacterium tumefaciens. Ela contém um plasmídeo chamado Ti plasmídeo (de tumor inducing), o qual é responsável pela virulência. Esse plasmídeo causa aparecimento de tumores em plantas. O plasmídeo Ti possui uma origem de replicação e também um tipo incomum de aminoácido, as opinas. A infecção por essa bactéria ocorre naturalmente em plantas, mas veio a ser usada como ferramenta na transformação desses organismos. Somente uma parte do plasmídeo é transferido para a planta. Ele contém uma sequência chamada de T-DNA. Essa sequência do final do T-DNA é essencial para a inserção do fragmento do DNA do gene que será clonado. Logo, para selecionar a planta contendo o DNA de interesse, foi necessário inserir no plasmídeo Ti uma resistência a antibiótico. Além disso, uma A. tumefaciens modificada foi necessária, a fim de possuir o gene desarmado para virulência. Essa bactéria modificada não causa doença na planta e, agora, pode transferir o gene de interesse. Por fim, o DNA clonado é transferido para a A. tumefaciens com gene D-Ti (disarmed) (ZAHA et al., 2014). Veja a imagem abaixo com o esquema da transformação das plantas. Transfer of T-DNA into plant cell from Agrobacterium. This bacterium is a natural genetic engineer, that can the insertion of a small segment of DNA from a plasmid, into the plant cell. genetic transformation. pathogenic bacterium Agrobacterium is the causative agent of crown gall disease on a plants. A planta agora transformada precisará recombinar o DNA clonado com o seu cromossoma para que ela expresse esse gene e possa ter a nova característica desejada (MADIGAN et al., 2004). As características inseridas são, por exemplo, resistência a herbicidas, resistência a vírus, ou a insetos, e aumento de produtividade. Esse é um exemplo de uso de biotecnologia, a fim de produzir organismos geneticamente modificados, ou OGMs. A seguir, iremos entender melhor o que isso significa. 4. Organismos Geneticamente Transformados Os organismos geneticamente modificados, OGMs, podem ser gerados in vitro, como as plantas que acabamos de ver. Quando os genes inseridos são de outros organismos (vírus, bactérias e outras plantas), chamamos os organismos que receberam os genes de organismos transgênicos. Existem ainda os organismos cisgênicos, que são aqueles gerados por manipulação genética, da mesma forma que os transgênicos são formados. No entanto, o gene introduzido pertence a outras espécies que poderiam ser cruzadas naturalmente, ou seja, espécies sexualmente compatíveis. As plantas resultantes da cisgenia são semelhantes àquelas que resultam de cruzamentos tradicionais. Os efeitos desejados introduzidos variam de aumento na sua capacidade de produção, resistência a stress, até modificação de vias metabólicas, com a finalidade de aumentar o valor nutricional (LODISH et al., 2014). O uso de plantas transgênicas gera muitas discussões. No entanto, um levantamento feito em 2017 aponta que o Brasil está entre os países da América Latina responsáveis pelo cultivo de 42% de plantas transgênicas no âmbito mundial. Entre essas plantas, está o cultivo de soja. Leia um pouco mais sobre esse assunto tão atual neste artigo que separamos para você: Nesse contexto, existem diversos vetores usados para a expressão de DNA recombinante, os quais geram organismos geneticamente modificados (ZAHA et al., 2014). Assim, o domínio das técnicas de clonagem e de modificação genética permite uma variedade de OGMs. Veja no vídeo abaixo exemplos de mosquitos geneticamente modificados destinados ao combate de epidemias: Leia sobre a situação global dos cultivos biotecnológicos/GM comercializados em 2017 clicando aqui. Organismos podem ser geneticamente modificados, para combater epidemias. Descubra como assistindo ao vídeo abaixo: O uso da biotecnologia para combater epideO uso da biotecnologia para combater epide…… http://www.isaaa.org/resources/publications/briefs/53/executivesummary/pdf/B53-ExecSum-Portuguese.pdf https://www.youtube.com/watch?v=t4dwOgCZ1R4 Vimos até aqui clonagem de genes. Em seres eucariotos, toda vez que um determinado tipo de célula passa por mitose, ela também gera um clone de sua própria célula. Nesse viés, as células-tronco também podem gerar clones de si, ou se diferenciar em linhagens distintas de células. Sobre isso, vamos entender como as células-tronco funcionam a seguir. 5. Células-Tronco Células-tronco, ou células embrionárias pluripotentes, são células indiferenciadas. Elas são consideradas pluripotentes, porque são capazes de se transformar em qualquer célula, podendo vir a desempenhar inúmeras funções em diferentes partes do corpo. A maioria das células do corpo são células já diferenciadas, as quais podem servir apenas a um propósito específico em um órgão específico. Por exemplo, os glóbulos vermelhos são projetados especificamente para transportar oxigênio através do sangue. Nesse estágio, já perderam a característica de poderem se diferenciar em outra célula, que não seja para o transporte de oxigênio, por exemplo, sendo chamadas de células somáticas. Apesar de todas as células do corpo possuírem o mesmo genoma, quando essas células já estão diferenciadas, elas só irão expressar os genes que manterão ativo o metabolismo celular do seu tipo de célula (os genes conhecidos como house keeping). Outros genes serão mantidos silenciados (LODISH et al., 2014). Já as células-tronco dão origem às células diferenciadas. Nesse caso, elas são conhecidas como células progenitoras e vão dar origem a múltiplos tipos de células, sendo multipotentes. Uma célula do sangue pode gerar outros tipos de célula sanguínea, ou várias células do seu mesmo tipo. Já as células- tronco não são diferenciadas, não expressam proteínas específicas das células descendentes. Além disso, o número de células-tronco varia durante o tempo de vida. As duas propriedades mais importantes que distinguem células- tronco de células diferenciadas é que as primeiras podem se reproduzir indefinitivamente, ou seja, a autorrenovação. E a outra propriedade é a de formar uma célula filha, mas com propriedade de autorrenovação mais restritiva. Além disso, uma característica importante das células-tronco é que elas precisam de um nicho. Nesse nicho, elas recebem hormônios, a fim de manter a característica de células-tronco. Aliás, existem algumas delas, como as do intestino, que estão sempre se dividindo. Um outro tipo de célula-tronco importante são as que formam a linhagem germinativa, a exemplo dos oócitos e dos espermatozoides(LODISH et al., 2014; JOHNSON et al., 2017). Após a fertilização, o oócito fertilizado não permanece em uma célula única por muito tempo, iniciando o processo de diferenciação. Após algumas divisões, essa célula produz a mórula. A mórula continua a se dividir e alcança o estágio embrionário chamado blastocisto. Nesse estágio, aparecem o trofectoderma (TE), que forma tecidos extraembrionários, como a placenta, sendo responsável pela implantação do embrião, e a massa celular interna (MCI), a qual forma o embrião propriamente dito. Assim, as células-tronco podem ser isoladas da massa celular interna, constituindo as células-tronco embrionárias (LODISH et al., 2014; JOHNSON et al., 2017). Veja a imagem abaixo, para entender melhor o que são células- tronco embrionárias. Stem cell cultivation. In Vitro Fertilization of the egg by a sperm outside the body. After several days they develop into undifferentiated stem cells. Células-tronco embrionárias de mamíferos podem crescer indefinidamente, quando ligadas a uma camada de suporte celular, conforme visto na placa da figura acima. O destino de uma célula no embrião inicial, trofectoderma (TE), ou massa celular interna (MCI), é determinado pela sua localização. O seu nicho vai especificar qual o tipo de célula que ele será. Tanto as células MCI, quanto as TE começam suas próprias linhagens distintas, dividindo-se, para produzir diferentes populações de células (LODISH et al., 2014). Células que podem se diferenciar em um grande número de tipos celulares das três camadas germinativas primárias tanto in vitro, quanto quando inseridas em um embrião são chamadas de pluripotentes. As células-tronco pluripotentes da massa celular interna formam agregados multicelulares, chamados corpos embrióides, que se assemelham a embriões precoces. Esses geram uma variedade de tecidos que são formados, quando são mantidos em cultura em suspensão. Quando esses corpos embrióides são transferidos para uma superfície (placa para cultivo) onde podem se aderir, eles dão origem a diferentes tipos de células. Assim, eles preenchem a placa onde estão com vários tipos celulares diferenciados, como epitélio de intestino, cartilagem e células neurais. Essas células podem ser induzidas, com o intuito de formar células somáticas e, nesse caso, são chamadas de células- tronco pluripotentes induzidas. Esse conhecimento tem sido usado, para induzir as células- tronco embrionárias a se diferenciarem em precursores para vários tipos de células, como as do sangue e epitélio pigmentado (LODISH et al., 2014). Sobre isso, imagine que essas células poderiam ser usadas, com o intuito de restaurar tecidos. Desta forma, a engenharia de tecidos poderia gerar órgãos prontos para transplante, a fim de tratar uma variedade de doenças debilitantes, a exemplo da diabetes, ou da doença de Parkinson. Contudo, uma das principais barreiras para a realização desse enorme potencial é a falta de fontes renováveis de células para transplante. As células-tronco embrionárias e as células-tronco pluripotentes induzidas têm o potencial de fornecer essa fonte de células, devido à sua capacidade de se diferenciar em todas as células somáticas e à sua capacidade proliferativa aparentemente ilimitada (LODISH et al., 2014; JOHNSON et al., 2017). No entanto, o uso das células-tronco embrionárias está ligado a questões éticas. Em relação a isso, assista ao vídeo abaixo, para entender um pouco quais seriam as questões envolvidas no uso de células-tronco embrionárias. Com a pandemia do coronavírus (COVID19), pesquisadores estão desenvolvendo um projeto piloto com células-tronco, para ajudar pacientes acometidos por essa doença. Acerca desse fato, descubra como eles fazem isso lendo o texto que separamos para você. As células-tronco adultas possuem importantes aplicações na biotecnologia. Adiante, vamos entender o quanto elas são importantes. Células-Tronco Adultas Assista ao vídeo, para entender as questões envolvendo células-tronco e a bioética Células-tronco - BioéticaCélulas-tronco - Bioética Células-tronco utilizadas em estudo no combate a COVID19. Para ler, clique aqui. https://www.youtube.com/watch?v=jHvOYt5-oNY https://agenciabrasil.ebc.com.br/saude/noticia/2020-06/celulas-tronco-sao-usadas-em-estudo-para-combater-covid-19 As células-tronco, de maneira geral, são capazes de se renovar, podendo gerar vários tipos de células. Ao contrário das células- tronco embrionárias, que são definidas por sua origem (a massa celular interna do blastocisto), as células-tronco adultas não compartilham esses meios definitivos de caracterização. De fato, ninguém sabe a origem das células-tronco adultas. Os cientistas acreditam que elas são, de alguma maneira, deixadas de lado durante o desenvolvimento fetal e impedidas de se diferenciar (LODISH et al., 2014; JOHNSON et al., 2017). Hoje, há novas evidências de que as células-tronco estão presentes em muito mais tecidos e órgãos do que se pensava e que essas células são capazes de se desenvolver em mais tipos de células do que se imaginava anteriormente. Essas são as chamadas células-tronco adultas (LODISH et al., 2014). Os cientistas estão elaborando tratamentos novos e mais eficazes para uma série de doenças e deficiências a partir do aproveitamento de células-tronco adultas. O que está à frente para o uso delas é desconhecido, mas é certo que existem muitas questões de pesquisa a serem respondidas, sendo que essas respostas serão uma grande promessa para o futuro. Assista ao vídeo, para entender um pouco mais sobre células- tronco. Entenda um pouco sobre as células-tronco. As células-tronco adultas, como todas as células-tronco, compartilham pelo menos duas características. Primeiro, elas podem fazer cópias idênticas de si, mesmo por longos períodos de tempo. Essa capacidade de proliferar é chamada de autorrenovação a longo prazo. Segundo, elas podem dar origem a tipos de células maduras que possuem morfologias características (formas) e funções especializadas. Normalmente, as células-tronco geram um tipo, ou tipos de células intermediárias antes de atingirem seu estado totalmente diferenciado. A célula intermediária é chamada de célula precursora, ou progenitora. As células progenitoras, ou precursoras nos tecidos fetais, ou adultos são células parcialmente diferenciadas que se dividem e dão origem a células diferenciadas. Tais células são, geralmente, consideradas como “comprometidas” com a diferenciação ao longo de uma determinada via de desenvolvimento celular, embora essa característica possa não ser tão definitiva (LODISH et al., 2014). Veja a imagem abaixo, para entender como as células-tronco podem gerar uma variedade de outras células. CÉLULAS TRONCOCÉLULAS TRONCO https://www.youtube.com/watch?v=byj6POoa7Ao Stem Cell Applications diagram illustration As células-tronco adultas também devem ser clonogênicas. Em outras palavras, uma única célula-tronco adulta deve ser capaz de gerar uma linha de células geneticamente idênticas, o que dá origem a todos os tipos celulares apropriados e diferenciados do tecido em que reside. Além disso, para serem células-tronco adultas, elas devem apresentar duas características principais: possuir morfologia celular apropriada e demonstrar que os tipos celulares diferenciados resultantes dessa célula exibem marcadores de superfície que os identificam como pertencentes ao tecido onde foram isoladas. As células-tronco nos tecidos adultos podem gerar os tipos celulares especializados de outro tipo de tecido no qual normalmente residem, um tecido derivado da mesma camada germinativa embrionária, ou de uma camada germinativa diferente. Por exemplo, as células-tronco do sangue (derivadas do mesoderma) podem gerar músculos esqueléticos (também derivados do mesoderma) e neurônios (derivados do ectoderma) (LODISH et al., 2014). Mas qual a aplicação desse conhecimento na biotecnologia? Para qualquercondição de doença, existem duas abordagens possíveis para o tratamento. As que aliviam, ou que suprimem a condição da doença, sendo que ambas são as opções disponíveis mais difundidas para a maioria das enfermidades. O primeiro tipo de tratamento é frequentemente aplicado na forma de medicamentos (químicos, ou biológicos) com, ou sem intervenção cirúrgica. O segundo tipo de abordagem seria o de reverter a situação patogênica para o estado normal, ou original. Essa segunda opção é rara, aplicável a poucas doenças em que os medicamentos não podem melhorar a situação e não são capazes de restaurar, ou regenerar a função normal do tecido, ou órgão danificado. Nesse contexto, remédios regenerativos são comumente aplicados por meio da terapia com células-tronco e, em certa medida, por transplante de órgãos. As células-tronco podem ser consideradas as arquitetas de todas as unidades estruturais e funcionais do nosso corpo e, por isso, são a maior esperança para muitas doenças incuráveis, como diabetes, doenças cardíacas, Parkinson, Alzheimer e outras doenças neurodegenerativas, trauma relacionado a lesões de medula espinhal, doenças degenerativas da retina, Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA) e outras. Essas células, dependendo de sua natureza de origem, podem se diferenciar em muitos tipos específicos de células maduras, a fim de reconstruir o tecido e restaurar a saúde. Apesar de elas estarem presentes nas fases da vida embrionárias, fetais e adultas, as células-tronco adultas são as permitidas para utilização terapêutica. Inclusive, a terapia com células-tronco é amplamente utilizada na clínica, a fim de curar malignidades hematológicas. No entanto, para muitas outras doenças terríveis que ameaçam a vida, esse tipo de terapia ainda está em fase experimental e requer um grande esforço para trazê-las à prática clínica (LODISH et al., 2014). Com a intenção de viabilizar o uso de células-tronco na medicina, muitos cientistas têm se dedicado ao seu estudo. Podemos destacar o trabalho do pesquisador Shinya Yamanaka, o qual publicou resultados em uma revista científica reconhecida mundialmente (Nature). Ele provou que as células-tronco adultas poderiam ser reprogramadas para o estado de pluripotência (ou seja, fazer com que essas células voltassem a ser células-tronco embrionárias). Esse cientista inseriu no genoma de retrovírus uma grande variedade de fatores de transcrição, individuais, ou em combinação. Fatores de transcrição são reguladores de expressão gênica que regulam normalmente mais de um gene de uma vez. Os retrovírus foram os vetores usados, com o intuito de introduzir os fatores de transcrição dentro das células-tronco já adultas. Assim, as células-tronco adultas foram cultivadas juntamente com os retrovírus, fazendo com que elas fossem reprogramadas, tornando-se pluripotentes, nesse caso, induzidas (IPS), similar ao de células-tronco embrionárias (LODISH et al., 2014). Assista ao vídeo, para entender quais as aplicações terapêuticas possíveis usando as células IPS. Entenda um pouco sobre as células-tronco induzidas e as possíveis aplicações na medicina. Os estudos com as células-tronco levaram a clonagem de organismos. Vamos ver como um organismo pode ser clonado. Clonagem de Organismos Embora todas as células de um organismo pluricelular possuam o mesmo genoma, durante o desenvolvimento embrionário e a diferenciação celular, alguns genes acabam sendo silenciados, por mecanismos diversos, tais como a metilação. No entanto, foi comprovado que muitas células somáticas possuem o genoma intacto equivalente aos das células-tronco embrionárias. Essas células somáticas com essa característica especial permitem a clonagem de organismo, como no caso da ovelha Dolly. Esse procedimento é chamado de transferência nuclear de células somáticas (TNCS). Nessa técnica, o núcleo de uma célula somática adulta é introduzido em um óvulo, de onde o núcleo tenha sido removido. A retirada desse núcleo é importante, porque esse óvulo não carrega mais a informação genética de quem o gerou. Agora, o oócito recebe o núcleo de uma célula adulta. Essa célula somática adulta irá conter todo o genoma. Esse oócito manipulado passa a conter o número diploide de cromossomos, sendo equivalente a um zigoto. Esse zigoto é o clone do organismo de onde a célula somática foi retirada. Geneus - Soluções em Medicina PersonalizaGeneus - Soluções em Medicina Personaliza…… https://www.youtube.com/watch?v=tnb5zRJ9TwU Assim, esse zigoto é implantado em uma mãe adotiva. A única fonte de informação genética para guiar o desenvolvimento do embrião é o genoma nuclear da célula somática doadora (MADIGAN, et al., 2004; LODISH et al., 2014). Veja a imagem a seguir, para entender como foi possível clonar a ovelha Dolly. Depois dessa técnica ter sido realizada pela primeira vez, especialistas têm aliado o uso das técnicas do DNA recombinante e da transferência nuclear de células somáticas (TNCS) com a transferência nuclear de células somáticas para geração de clones de animais. Genes selecionados previamente em laboratórios têm sido introduzidos, com o intuito de melhorar as características dos animais, fazendo com que eles sejam mais interessantes comercialmente. Esses animais, por carregarem DNA exógeno a eles, são conhecidos como animais transgênicos. Eles também têm sido importantes para o entendimento da regulação de genes no desenvolvimento biológico. Um dos importantes aspectos dessa tecnologia é a geração de animais com resistência a doenças e aumento de produtividade. Além disso, eles também têm outras aplicações, como, por exemplo, produção de proteínas humanas que requerem modificações pós-traducionais para possuírem atividade. Muitas dessas proteínas não podem ser produzidas por plantas, ou por outros vetores (bactérias, leveduras e vírus). Algumas dessas proteínas produzidas por esses animais transgênicos podem ser projetadas para serem secretadas no leite, por exemplo, para sua posterior recuperação e uso. Um exemplo desse tipo de proteína é a α-1-anti-tripsina. Ela é usada no tratamento de doenças do pulmão, sendo produzida de forma transgênica por ovelhas (MADIGAN, et al., 2004; LODISH et al., 2014). No entanto, existem fatores, como a baixa eficiência de se produzir animais clonados por TNCS, além da alta frequência de doenças, como obesidade, ou falta de membros desses animais, que geram polêmicas éticas. Inclusive, as mesmas técnicas poderiam ser usadas, com o intuito de produzir clones humanos. Porém, devido a questões éticas, a clonagem humana tem sido proibida mundialmente. 6. Conclusão Esse tópico procurou mostrar que a biotecnologia emprega a ciência da vida, a biologia, e a tecnologia, a fim de desenvolver produtos em diversas áreas, sejam elas a microbiologia, a biologia molecular, a bioquímica, a ecologia, a agricultura, a reprodução, ou a genética. Como resultado, a biotecnologia está inserida no nosso cotidiano, melhorando a qualidade de vida. A biotecnologia permite também a clonagem de genes. Os cientistas usam a clonagem de gene, a fim de entender, a princípio, como ele funciona in vivo. Assim, a tecnologia do DNA recombinante permite clonar uma molécula de DNA em um plasmídeo. O gene clonado é inserido em um outro organismo, como a bactéria. Por isso, essa técnica é conhecida como DNA recombinante, ou expressão heteróloga. Em biotecnologia, chamamos a bactéria que carrega o plasmídeo de hospedeira e o plasmídeo de vetor. Nesse contexto, o DNA plasmidial pode ser capturado por uma célula hospedeira em um processo conhecido como transformação. Além disso, vimos que os genes eucarióticos são maiores que os procarióticos, por isso, para clonar genes como esses, outros vetores são necessários. Dentre os vetores mais utilizados, estão os das leveduras Saccharomyces cerevisiae. No entanto, alguns vírus, como o de DNA SV40, também podem ser empregados. O melhoramento deplantas também é possível pelo uso do DNA recombinante. Nesse melhoramento, plantas são modificadas in vitro e o DNA de um gene que irá fornecer vantagem àquelas é incorporado. Nesse processo, as plantas que incorporaram o DNA exógeno são ditas como transformadas. O vetor usado frequentemente para isso é o da bactéria Agrobacterium tumefaciens. Essa bactéria contém um plasmídeo chamado DTi plasmídeo usado para clonagem. Essas plantas que carregam um DNA exógeno são chamadas de organismos geneticamente modificados, ou ainda GMOs. Na manipulação genética, quando se inserem os genes de outros organismos (vírus, bactérias e outras plantas), aqueles que os recebem são chamados de organismos transgênicos. Existem ainda os organismos cisgênicos, que são aqueles gerados por manipulação genética, da mesma forma que são formados os transgênicos. Contudo, o gene introduzido pertence a outras espécies que poderiam ser cruzadas naturalmente, ou seja, espécies sexualmente compatíveis. O domínio das técnicas de clonagem e modificação genética permite uma variedade de GMOs. Mas, o uso deles deve ser permitido pelos comitês de ética. Além disso, as células-tronco embrionárias podem gerar clones de si próprias, diferenciando-se em linhagens distintas de células. As células-tronco, ou células embrionárias pluripotentes são células indiferenciadas, as quais são capazes de se transformar em qualquer célula, podendo vir a desempenhar inúmeras funções em diferentes partes do corpo. No entanto, a utilização de células-tronco embrionárias está ligada a questões éticas. As células-tronco adultas também devem ser clonogênicas. Em outras palavras, uma única célula-tronco adulta deve ser capaz de gerar uma linha de células geneticamente idênticas. Ademais, as células-tronco adultas podem ser reprogramadas para o estado de pluripotência. Essas células somáticas com característica de pluripotência permitem a clonagem de organismo, como no caso da ovelha Dolly. Esse procedimento é chamado de transferência nuclear de células somáticas (TNCS). Por fim, vimos que animais podem ter o seu genoma manipulado pela técnica do DNA recombinante aliada à técnica de transferência nuclear, sendo conhecidos como animais transgênicos. Eles podem ser empregados para a produção de proteínas humanas que requerem modificações pós- traducionais. O uso de células-tronco e animais transgênicos ainda levanta muitas questões éticas importantes. 7. Referências AGÊNCIA BRASIL. Células-tronco são usadas em estudo para combater a COVID19. 2020. BORZANI, Walter et al. Biotecnologia industrial: volume I: fundamentos. São Paulo, SP: E. Blücher, 2001. xxix, 254 p. ISBN 8521202784 (v.1). ISAAA. A Situação Global Dos Cultivos Biotecnológicos/GM Comercializados Em 2017. 2017. JOHNSON, Alberts et al. Biologia molecular da célula. 6 ed. Porto Alegre RS: Artmed, 2017. 1464 p., ISBN 978-85-8271-423- 2. LODISH, Harvey F. et al. Biologia celular e molecular. 7.ed. Porto Alegre, RS: Artmed, 2014. xxxiv, 1210 p., ISBN 9788582710494. MADIGAN, M. T.; MARTINKO, J. M.; PARKER, J. Microbiologia de Brock, 10.ed. São Paulo:Pearson Education do Brasil, 2004, 608p. NCBI. Base de dados para informação biotecnológica (ncbi), (National Center for Biotechnology Information Search database). 2020. YouTube. (2019). TV UFMG. Edição de genomas. 03min26. YouTube. (209). DISCOVERY BRASIL. O uso da biotecnologia para combater epidemias. 08min28. YouTube. (2019). TV UFMG. Células-tronco – Bioética. 03min58. YouTube. (2018). ATECH-INFO. Células-tronco. 07min45. YouTube. (2013). Geneus – Soluções em Medicina Personalizada. 02min59. YouTube. (2017). GUIA DO CURIOSO. É possível clonar humanos? 04min04. ZAHA, Arnaldo et al. Biologia molecular básica. 5. ed. Porto Alegre: Artmed, 2014. 407 p. ISBN 978-85-8271-058-6. Parabéns, esta aula foi concluída! Mínimo de caracteres: 0/150 O que achou do conteúdo estudado? Péssimo Ruim Normal Bom Excelente Deixe aqui seu comentário Enviar
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