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Acidente com perfurocortante na sala de vacinas

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Acidente com perfurocortante na sala de vacinas - CASO ATUALIZADO
Histórico
Antecedentes pessoais
V.I.P iniciou suas atividades como técnica de enfermagem há cinco anos, possui esquema vacinal comprovado para todas as vacinas, sendo que concluiu o esquema da Hepatite B há 10 anos, contudo a última testagem de Anti-HBs constatou que não ocorreu a soroconversão. Não tem antecedentes pessoais para doenças sexualmente transmissíveis, fez exames sorológicos para hepatite B, C e HIV há dois meses, assim como triagem para VDRL, na própria unidade, na semana anterior. Todos não reagentes.
História social
V.I.P. é casada e tem dois filhos. Seu esposo é caminhoneiro.
Antecedentes familiares
Não possui antecedentes familiares de risco.
Medicações em uso
Não faz uso de medicações.
Exame Físico
Durante a inspeção é possível identificar o pequeno orifício no dedo indicador da mão direita.
Exame Laboratoriais
Resultado do Exame realizado há 2 meses: Anti-HBs <10UI/L
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Os acidentes percutâneos têm risco de 0,3% e de mucosas de 0,09% para o HIV; e de 1,8% para o vírus da hepatite C. É importante saber que material biológico não é apenas sangue, mas também sêmen, secreção vaginal, líquor, líquido sinovial, líquido pleural, peritoneal, pericárdio e amniótico. Outros materiais biológicos como suor, lágrima, fezes, urina e saliva não são infectantes, exceto quando contaminado com sangue (BRASIL, 2009).
O Ministério da Saúde considera como grupos vulneráveis, com indicação de realização da hepatite B: trabalhadores da saúde, gestantes, após o primeiro trimestre de gestação; bombeiros, policiais militares, civis e rodoviários; caminhoneiros, carcereiros de delegacia e de penitenciárias; coletores de lixo hospitalar e domiciliar; agentes funerários; comunicantes sexuais de pessoas portadoras de VHB; doadores de sangue; homens e mulheres que mantêm relações sexuais com pessoas do mesmo sexo; lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais; pessoas reclusas (presídios, hospitais psiquiátricos, instituições de menores, forças armadas, dentre outras); manicures, pedicures e podólogos; populações de assentamentos e acampamentos; potenciais receptores de múltiplas transfusões de sangue ou politransfundido; profissionais do sexo/prostitutas; usuários de drogas injetáveis, inaláveis e pipadas; portadores de DST (BRASIL, 2009, p. 7; BRASIL, 2010, p. 5).
Uma precaução universal para todo procedimento que use a administração de substâncias injetáveis é que não se deve reencapar as agulhas, entortá-las ou quebrá-las, nem tampouco deixá-las sem o devido descarte. O descarte de agulhas deve ser feito imediatamente após a administração junto da seringa, não se deve retirar a agulha. O descarte deve ser feito em caixas apropriadas não ultrapassando 1/3 de sua capacidade. Para a administração de vacinas, não é recomendada a assepsia da pele do usuário. Somente quando houver sujidade perceptível, a pele deve ser limpa utilizando-se água e sabão ou álcool a 70%, no caso de vacinação extramuros e em ambiente hospitalar. O uso de luvas não é necessário. A exceção se dá quando o vacinador apresenta lesões abertas com soluções de continuidade nas mãos. Excepcionalmente nesta situação, orienta-se a utilização de luvas, a fim de se evitar contaminação tanto do imunobiológico quanto do usuário.
Observada a validade, de acordo com o laboratório produtor, as vacinas devem ser acondicionadas na caixa térmica durante o dia e devolvidas à geladeira ao final do expediente (BRASIL, 2014).
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No caso de ser necessário o uso do álcool a 70% para limpeza da pele, friccione o algodão embebido por 30 segundos e, em seguida, espere mais 30 segundos para permitir a secagem da pele, deixando-a sem vestígios do produto, de modo a evitar qualquer interferência do álcool no procedimento. (BRASIL, 2014, p. 45)
Nos casos de exposições percutânea e cutânea, recomendam-se, como primeira conduta após a exposição a material biológico, os cuidados imediatos com a área atingida. Essas medidas incluem a lavagem exaustiva do local exposto com água e sabão. O uso de soluções antissépticas degermantes pode ser utilizado. Nas exposições envolvendo mucosas (olhos, boca e nariz), deve-se lavá-las exaustivamente apenas com água ou com solução salina fisiológica.
Estão contraindicados procedimentos que aumentam a área exposta (cortes, injeções locais) e a utilização de soluções irritantes, como éter, hipoclorito ou glutaraldeído. (BRASIL, 2015)
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Caso a fonte de infecção do acidente seja conhecida, deve-se solicitar, mediante autorização, que o paciente realize os testes rápidos para hepatite B, C e HIV na própria unidade de saúde (se dispuser), ou que o acompanhe para a unidade de referência para que sejam realizadas neste local. Procure saber em sua cidade/estado qual unidade serve de referência para este tipo de acidente (BRASIL, 2009), geralmente são hospitais ou unidades sentinelas.
Informações sobre avaliação da exposição no acidente com material biológico encontram-se no Manual do Ministério da Saúde (BRASIL, 2009, p. 16-17), disponível em Exposição a Materiais Biológicos.
O enfermeiro da Estratégia de Saúde da Família também é responsável pela equipe de Enfermagem. Existem programas de prevenção que devem ser aplicados por instituições que possuem profissionais de saúde. São necessárias:
- medidas preventivas e gerenciais que visam identificar os riscos, estabelecer práticas de trabalho, entre outras ações;
- treinamentos e a educação são responsáveis por formar uma consciência prevencionista;
- controle médico e registro de agravos, tratando-se da profilaxia pré e pós-exposição;
- vigilância que possibilita o acompanhamento e fiscalização dos locais de trabalho.
A realização de um trabalho seguro requer organização do processo de trabalho que compreende a qualificação profissional com educação permanente, medidas preventivas, gerenciais, controle médico, registro e vigilância (BRASIL, 2009).
É importante que os profissionais de saúde conheçam as fichas e os fluxogramas disponíveis para acidente de trabalho com material biológico (BRASIL, 2009, p. 32-44).
Recomenda-se a profilaxia em todos os casos de exposição com risco significativo de transmissão do HIV. Existem casos, contudo, em que esta não está indicada devido ao risco insignificante de transmissão e nos quais o risco de toxicidade dos medicamentossupere o risco da transmissão do HIV. Em qualquer situação em que a infecção pelo HIV não possa ser descartada na pessoa fonte, a PEP está indicada.
O primeiro atendimento após a exposição ao HIV é uma emergência médica. A PEP deve ser iniciada o mais precocemente possível, idealmente nas primeiras 2 horas após a exposição, tendo como limite as 72 horas subsequentes à exposição. Ressalta-se que pessoas que procurarem atendimento após 72horas, apesar de a PEP para HIV não estar mais indicada, devem sempre ser avaliadas quanto à necessidade de acompanhamento,
clínico e laboratorial e de prevenção de outros agravos. (BRASIL, 2015)
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O tratamento é realizado durante 28 dias e o paciente deve ser acompanhado por, no mínimo, 6 meses após o acidente. Esquema preferencial para PEP
Básico: Zidovudina (AZT) + Lamivudina (3TC)
É indicado quando a exposição ocorre com risco conhecido de transmissão pelo HIV.
Expandido: AZT + 3TC + Indinavir ou Nelfinavir
É usado quando há risco elevado de transmissão pelo HIV ou quando houver possibilidade de resistência viral. Quando a exposição envolver paciente fonte infectado pelo HIV, deve-se avaliar a história prévia e atual do uso de antirretrovirais. (BRASIL, 2009, p. 19).
Tenofovir (TDF) + Lamivudina (3TC) + Atazanavir/ritonavir (ATV/r)
A definição de apenas um esquema preferencial é importante, porque tal simplificação facilita a realização da avaliação de risco e a prescrição de PEP em diferentes serviços de saúde, inclusive por profissionais que não são especialistas no assunto. (BRASIL, 2015)
ADESÃO AO PEP
A adesão das pessoas no sentido de completar os 28 dias de uso dos antirretroviraisé essencial para a maior efetividade da profilaxia. Todavia, os estudos publicados mostram baixas proporções de pessoas que completaram o curso completo de PEP.
Considerando que a adesão ao esquema antirretroviral é fundamental para a eficácia da profilaxia, seus objetivos devem ser entendidos pela pessoa exposta, que deve ser orientada a observar rigorosamente as doses, os intervalos de uso e a duraçãoda profilaxia antirretroviral. Estratégias aprimoradas de acompanhamento e adesão podem incluir métodos alternativos, como mensagens pelo celular (SMS), ligações telefônicas, etc.
Além disso, recomenda-se que os serviços de emergência dispensem um quantitativo de doses suficientes até que a pessoa seja atendida no serviço que realizará seu acompanhamento clínico. Quando possível, os serviços podem dispensar o esquema completo de PEP (28 dias), uma vez que essa estratégia tem um impacto positivo na adesão.
ACOMPANHAMENTO DO PROFISSIONAL DE SAÚDE
Para os casos de acidentes relacionados ao trabalho, os eventos devem ser notificados no Sistema de Informações de Agravos de Notificação (SINAN) por meio da ficha de investigação de acidente de trabalho com exposição a material biológico. Nesses casos, devem-se estabelecer procedimentos de análise dos acidentes similares acontecidos na unidade, segundo diretriz da Política de Promoção da Saúde dos Trabalhadores do SUS.
O acompanhamento clínico-laboratorial da pessoa exposta em uso de PEP deve levar em consideração:
· A toxicidade dos antirretrovirais;
· O diagnóstico de infecção aguda pelo HIV;
· A avaliação laboratorial, incluindo testagem para o HIV em 30 e 90 dias após a exposição;
· A manutenção de medidas de prevenção da infecção pelo HIV.
Todas as pessoas potencialmente expostas ao HIV devem ser orientadas sobre a necessidade de repetir a testagem em 30 dias e em 90 dias após a exposição. Testes posteriores a esse período podem estar indicados, como, por exemplo, nos casos de:
· Pessoas que tenham risco continuado de infecção pelo HIV;
· Pessoas que relatam exposição de risco ao HIV dentro doperíodo de 30 dias anterior à testagem, ou 90 dias caso seutilize a testagem com FO;
· Mulheres grávidas;
· Pessoas que apresentem testes com resultados indeterminados.
Pessoas diagnosticadas com infecção pelo HIV durante o período de seguimento da profilaxia pós-exposição devem ser encaminhadas para avaliação e atendimento em serviços que realizam o seguimento de pessoas vivendo com HIV/aids (PVHA). (BRASIL, 2015)
Caso esteja com o esquema vacinal da hepatite B completo (3 doses) e não seja respondedor ao Anti-HBs deverá completar um segundo esquema de vacinação (mais 3 doses). Vacinação inadequada é definida como Anti-HBs < 10UI/L, que comprova o baixo nível de anticorpos para a proteção contra o vírus da Hepatite B.
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