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Perrone-Moisés e a escritura fidelidades e neologismos


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PAULO FERRAZ | Perrone-Moisés e a escritura: fidelidades e... ALEA | Rio de Janeiro | vol. 22/3 | p. 93-105 | set-dez. 2020
https://dx.doi.org/10.1590/1517-106X/202022393105
A
RTIG
O
93
PERRONE-MOISÉS E A ESCRITURA: 
FIDELIDADES E NEOLOGISMOS
PERRONE-MOISÉS AND WRITING: 
FIDELITY AND NEOLOGISM
Paulo Procopio Ferraz 
ORCID 0000-0002-6166-1510
Universidade de São Paulo, 
São Paulo, SP, Brasil
Resumo:
As relações entre Leyla Perrone-Moisés e Roland Barthes passam por uma questão que 
reaparece constantemente nos escritos da autora: a fidelidade. O tema da fidelidade 
atinge, ao mesmo tempo, a crítica literária e a tradução, duas atividades praticadas 
por Perrone-Moisés. Ele está ligado a dois temas importantes nos textos barthesianos: 
a escritura e o neologismo. A escritura, além de ser, ela mesma, resultado de um 
processo de neologismo, é, por definição, produtora de novos sentidos. Para traduzir 
o termo francês, écriture, Perrone-Moisés propõe uma distinção entre “escritura” 
(o texto literário) e “escrita” (a escrita instrumental, próxima do texto intelectual). 
Essa distinção opera através de um tipo de neologismo particular, batizado de 
“paleologismo”, curiosa figura que se situa na fronteira entre fidelidade e infidelidade.
Palavras-chave: Écriture, escrita, escritura, neologismo, paleologismo.
Abstract:
The relationship between Leyla Perrone-
Moisés and Roland Barthes involves a 
subject that frequently appears in her 
texts: fidelity. This subject was also present 
in two activities that were practiced by 
Leyla Perrone-Moisés: literary criticism 
and translation. It is also connected to two 
important themes in the texts written by 
Barthes: writing and neologism. Besides 
being a neologism itself, writing is, by 
definition, something that produces new 
meanings. To translate the French word, 
écriture, Perrone-Moisés uses a distinction 
between “escritura” (the litterary text) and 
“escrita” (the instrumental text similar to 
the text produced by intellectuals). This 
Résumé:
Les rapports entre Leyla Perrone-Moisés 
et Roland Barthes sont liés à une question 
qui apparaît fréquemment dans les écrits 
de l’auteure : la fidélité. Le thème de la 
fidélité concerne, en même temps, la 
critique littéraire et la traduction, deux 
activités pratiquées par Perrone-Moisés. Il 
est lié à deux thèmes importants des textes 
barthesiens: l’écriture et le néologisme. 
L’écriture (mot qui est lui-même un 
néologisme) est une activité qui produit 
nécessairement des sens nouveaux. Dans 
sa traduction du mot français, Perrone-
Moisés propose une distinction entre « 
escritura » (l’écriture de l’écrivain) et « 
escrita» (l’écriture instrumental, proche 
http://creativecommons.org/licenses/by/4.0/
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ALEA | Rio de Janeiro | vol. 22/3 | p. 93-105 | set-dez. 202094 PAULO FERRAZ | Perrone-Moisés e a escritura: fidelidades e...
Fidelidade e infidelidade
Em 1970, Leyla Perrone-Moisés publica um artigo intitulado Roland 
Barthes, o infiel (2012). Perrone-Moisés relata que, ao tomar conhecimento 
do texto da autora, Barthes se surpreendeu com a utilização do adjetivo 
“infiel”. Exclamou: “Mas sou muito fiel a minhas obsessões!”. Logo depois, 
corrigiu-se: “Digamos que as minhas obsessões me são extremamente fiéis” 
(PERRONE-MOISÉS, 2012c, p. 128). Ela já havia escrito que a obra de 
Barthes possuía “algumas linhas de força que permanecem constantes sob 
variação” (PERRONE-MOISÉS, 2012, p. 24). O que podemos concluir é 
que a fidelidade aparece, em Barthes, como a caução da infidelidade: ela é a 
condição necessária para pensar seus constantes movimentos. Talvez estejamos 
diante de uma ambiguidade: de fato, é possível falar em infidelidade sem, 
imediatamente, evocar seu contrário? O que poderia significar, para um 
leitor, uma fidelidade ao texto? Inversamente, em que condições poderíamos 
afirmar que traímos um autor na medida em que o lemos? Afinal, até que 
ponto é possível permanecer fiel às suas próprias obsessões sem traí-las? Para 
oferecer alguns elementos de resposta a essas perguntas, refletiremos sobre 
duas atividades extensamente praticadas pela autora e que sempre implicaram, 
de um modo ou de outro, uma interrogação sobre a fidelidade: a crítica e a 
tradução.
Perrone-Moisés afirma que o objetivo da crítica é “a explicação e a 
avaliação de outros textos” (2005, p. 56). Para cumprir essas duas funções, 
é preciso manter um tipo de fidelidade ao passado. Ao explicar uma obra, 
somos obrigados a entendê-la como um objeto acabado: o crítico não tem 
direito nem de completá-la, nem de suprimir trechos que lhe desagradam. 
Para avaliá-la, é necessário compará-la a obras antigas, vistas como modelos 
estéticos que servem de referência para os textos atuais. Ora, em sua tese de 
livre-docência, defendida em 1975 e publicada três anos depois, Perrone-
Moisés argumenta que a noção barthesiana de “escritura” põe em questão as 
duas funções da crítica. 
distinction is the product of a special 
kind of neologism, called “paleologism”, 
which is located precisely in the frontier 
that separates fidelity from infidelity.
Keywords: Writing, neologism, 
paleologism.
de celle de l’intellectuel). Cette distinction 
est possible à partir d’un type particulier 
de néologisme, appelé « paléologisme », 
qui se situe sur la frontière qui sépare la 
fidélité de l’infidélité.
Mots-clés: Écriture, néologisme, 
paléologisme.
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95PAULO FERRAZ | Perrone-Moisés e a escritura: fidelidades e... 
A escritura é uma ideia que não possui uma definição precisa: Barthes 
modificava incessantemente seus sentidos, operando constantes deslocamentos 
(ver PERRONE-MOISÉS, 2012b)1. Por ora, examinaremos apenas as razões 
pelas quais crítica e escritura aparecem como dois princípios contraditórios. A 
escritura é entendida como uma atividade infinita: situa-se no presente porque 
está em processo de fabricação contínua. A rigor, ela não quer dizer nada: é 
um movimento sem destino que não se preocupa em exprimir um sentido 
inequívoco. Desse modo, a crítica não pode exercer sobre ela sua atividade 
de esclarecimento, pois ela não é clara nem obscura: não é possível iluminá-
la, já que não se apresenta ao exame do olho, mas antes ao movimento da 
mão. A única resposta à escritura é, desse modo, a própria escritura, ou seja, 
a continuação do ato que a produz. Além disso, a escritura não faz referência 
a obras passadas, o que impede a avaliação do texto que ela produz. Quando 
dialoga com outros textos, é para entendê-los como processos presentes: 
ao invés de vê-los como um objeto acabado, desenvolve-os para mantê-los 
sempre vivos e atuais. Não se refere a eles como modelos, mas como modos 
de alimentar seu próprio movimento. Recusa, assim, toda avaliação porque 
desconfia de todos os juízos de valor baseados em cânones estabelecidos. 
Em que condições, então, podemos ainda praticar textos críticos? Para 
responder a essa questão, Perrone-Moisés escreve sobre três autores considerados 
como críticos-escritores: Maurice Blanchot, Michel Butor e Roland Barthes. 
Trata-se de processos “ambíguos e ambivalentes” (PERRONE-MOISÉS, 2005, 
p. 96), ou seja, que reúnem dois tipos de escrita que deveriam, a princípio, ser 
inconciliáveis. Nos três casos, há uma forma de fidelidade na inovação, o que 
significa que eles conseguem, ao mesmo tempo, falar sobre os outros textos e 
produzir uma escritura original. Por exemplo, para Butor, “a única maneira 
de ser fiel a um texto antigo é torná-lo presente, é lê-lo com a perspectiva de 
hoje, primeiramente porque a pretensão de recuperar a visão de uma época 
passada é veleidade e, em segundo lugar, porque ler é inventar”(p. 131).
Em 2000, a questão da fidelidade ainda aparecia como uma interrogação 
central para Perrone-Moisés. Ela faz o balanço do colóquio realizado em Yale 
sobre a obra de Barthes do seguinte modo: 
Foi ponto pacífico, no final, que se deve resistir à canonização de Barthes, cujos 
textos já fazem parte dos currículos dos liceus franceses; que ser excessivamente 
fiel a Barthes seria traí-lo. O que me parece difícil é estabelecer o juste milieu 
entre a leitura fiel de seus textos [...] e a leitura livre e infiel desses mesmos 
textos. Nos dois extremos, encontra-se o perigo da imagem: canônica, num 
extremo, ou “qualquer coisa”, no outro (PERRONE-MOISÉS, 2012d, p. 136).
1 Ver PROCOPIO FERRAZ, 2018.
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ALEA | Rio de Janeiro | vol. 22/3 | p. 93-105 | set-dez. 202096 PAULO FERRAZ | Perrone-Moisés e a escritura: fidelidades e...
A dificuldade descrita aqui mostra que as questões colocadas em sua 
tese de livre-docência ainda eram atuais no ano 2000. Se alguns dos presentes 
podiam ser considerados como críticos-escritores (como, por exemplo, Susan 
Sontag e Michel Déguy), a verdade é que a prática da escritura, que, como 
veremos, adquiriu um prestígio que não possuía antes, não havia, apesar disso, 
sido generalizada, contrariamente ao que as tendências de 1975 deixavam 
entrever. Isso quer dizer que muitos dos leitores de Barthes continuavam a 
manejar uma linguagem que explicava os textos barthesianos e avaliava sua 
pertinência. Daí o risco de “canonizar” sua imagem, isto é, de paralisar seus 
textos para transformá-los em uma obra acabada. O excesso de fidelidade 
da crítica extermina tudo o que há de vivo no texto que lê, pois anula sua 
produtividade. A infidelidade aparece como igualmente perigosa: ao liberar-se 
das exigências da crítica tradicional, transforma o texto barthesiano em mero 
pretexto, fazendo com que a crítica desconheça o texto que lê.
Esse problema, no caso de Leyla Perrone-Moisés, coloca-se duas vezes. 
Afinal, além de ser leitora de Barthes, ela é sua principal tradutora no Brasil. 
Talvez não haja atividade na qual a questão da fidelidade se faça mais presente 
do que na tradução. Frequentemente, o tradutor busca conformar-se às 
intenções do autor. A cada frase, ele se pergunta: estou veiculando fielmente 
aquilo que foi escrito? Será que meu leitor pode, a partir deste texto que 
estou produzindo, apreender o pensamento que está na obra original? É 
assim que o significado passa a adquirir uma importância excessiva com 
relação ao significante. Trata-se da concepção, presente já nos clássicos, de 
que se deve traduzir ideias, e não palavras (São Jerônimo apud OUSTINOFF, 
2018, locais 317-319 da edição kindle). Entre a res e a verba de Quintiliano 
(BARTHES, 2002a, p. 563) não podemos hesitar: é preciso, na medida do 
possível, transmitir um pensamento, e não sua expressão.
Para que essa transposição de sentidos possa existir, é preciso fundar-se 
sobre uma determinada ideia de “obra”, entendida como a expressão mais 
acabada do pensamento de um autor. Todos os textos que dela derivam 
ficam, desse modo, submetidos a uma rígida hierarquia. Haveria, por um 
lado, um original, que transmitiria perfeitamente o pensamento do autor, e, 
por outro, suas versões, mais ou menos próximas desse pensamento. Todas 
as variações, comentários ou traduções devem medir-se com relação a esse 
original: sua qualidade será determinada a partir da proximidade dele, ou, 
para usar um vocábulo que nos é familiar, ela será avaliada por seu grau de 
fidelidade. A tradução será, então, necessariamente uma forma de degradação, 
que exprimirá o pensamento do autor de maneira imperfeita; espécie de mal 
menor, ela deve ser consultada apenas quando não se tem acesso ao texto na 
língua em que ele foi escrito.
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No entanto, sabemos que Barthes opôs a ideia de “Texto” à noção de 
“obra”. Para ele, a obra é uma apropriação indevida do texto pelo autor. Ao 
vê-la como depositária de uma determinada intencionalidade, colocamos a 
obra na direta dependência do autor, que passa, então, a ter autoridade sobre 
ela. Autor e obra inventam-se reciprocamente, pois só podem existir a partir 
de uma relação hierárquica: “o autor é visto como o pai e o proprietário de 
sua obra; a ciência literária ensina a respeitar o manuscrito e as intenções 
declaradas do autor” (BARTHES, 2002b, p. 913)2. O Texto, por outro lado, 
não se preocupa com nenhuma autoridade paterna: contrariamente à obra, ele 
não possui um sentido original a ser preservado. Ele é uma produtividade, o 
que quer dizer que seus sentidos se alteram com o passar do tempo (p. 913). 
Traduzir o Texto barthesiano a partir de um respeito a um significado pré-
estabelecido seria, então, trair profundamente as intenções do próprio autor. 
Assim, só poderíamos reconstituir o sentido principal da obra de Barthes a 
partir do mais completo desrespeito às noções que ele desenvolveu.
Escrita e escritura
Para entender a questão da fidelidade e da infidelidade nas relações entre 
Leyla Perrone-Moisés e Barthes, estudaremos um tema que, como mostraremos 
a seguir, está relacionado à crítica, à escritura e à tradução: a neologia. Uma 
das características mais conhecidas dos textos de Barthes é sua tendência ao 
neologismo. A fabricação de uma palavra é um gesto que, tradicionalmente, 
pede uma explicação. Em geral, a neologia só nos é permitida quando sentimos 
que nenhuma das palavras disponíveis corresponde exatamente ao significado 
que procuramos veicular. Por exemplo, o termo “italianidade”, em Rhétorique 
de l’image¸ justifica-se pela necessidade de dar um nome aos estereótipos 
associados à Itália (BARTHES, 2002, p. 575). A distinção é feita para evitar 
uma confusão: se o texto utilizasse a palavra “Itália” para designar, ao mesmo 
tempo, o país e os estereótipos que o acompanham, ele estaria favorecendo a 
naturalização desses estereótipos, como se o significante “Itália” não pudesse 
ser pensado sem os significados mitológicos que o parasitam.
Contudo, o neologismo barthesiano extrapola os limites do uso 
“aceitável” das criações lexicais. O prefácio que ele escreveu para Physiologie 
du goût, do gastrônomo francês Brillat-Savarin, trata o assunto da seguinte 
maneira:
O neologismo (ou a palavra muito rara) é abundante em B. S. [Brillat-
Savarin], que ele usa sem freios, e cada uma de suas palavras inesperadas [...] 
2 “L’auteur est réputé le père et le propriétaire de son œuvre ; la science littéraire nous apprend donc à 
respecter le manuscrit et les intentions déclarées de l’auteur”. Tradução do autor.
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ALEA | Rio de Janeiro | vol. 22/3 | p. 93-105 | set-dez. 202098 PAULO FERRAZ | Perrone-Moisés e a escritura: fidelidades e...
é a evidência de um prazer profundo, ligado ao desejo da língua: B. S. deseja 
a palavra como ele deseja as trufas, um omelete de atum, uma caldeirada; 
como todo neólogo, ele tem uma relação fetichista com a palavra isolada, 
circunscrita pela sua própria singularidade (BARTHES, 2002c, p. 816)3.
O neologismo, visto aqui como traço do desejo no texto, não é uma 
maneira de precisar um significado. Nem poderia ser diferente: para que o 
neologismo resultasse de uma preocupação exclusivamente onomasiológica, 
seria necessário que houvesse um desejo de estabilidade dos termos. Ora, a 
escritura é a inventividade da língua, sua capacidade de pluralizar-se. Assim, 
o Texto barthesiano não pode ser visto como uma sequência de signos fixos: 
ele possui uma vocação para o neologismo escritural, ou seja, para o sentido 
novo que, longe de velar pela constância da língua, desloca-a constantemente.Some-se a isso o fato de “escritura” ter sido objeto de diversos 
neologismos. Evidentemente, o termo já existia em francês antes que Barthes 
o empregasse. Contudo, em seu primeiro livro, ele propôs uma definição 
nova da palavra (BARTHES, 2004)4. Essa é uma das definições clássicas do 
neologismo: para o dicionário Houaiss, o neologismo pode ser uma “atribuição 
de novos sentidos a palavras já existentes na língua” (HOUAISS; VILLAR, 
2007 p. 2009). Além disso, Barthes nunca se preocupou em manter essa 
expressão estável ao longo da obra. Ou seja, a palavra “escritura” não é apenas 
um termo usado para descrever os processos neológicos do Texto: ela é, ao 
mesmo tempo, resultado e agente desse processo.
Por isso, ao traduzir a palavra francesa écriture, Perrone-Moisés lançou 
mão de um processo que, como veremos, aproxima-se do neologismo. O 
português conta com dois termos para traduzir a expressão francesa: “escritura” 
e “escrita”. Como as duas palavras são quase sinônimas, elas não deveriam, a 
princípio, ser objeto de grandes debates. Contudo, em seu artigo de 1977, 
intitulado Escrita ou escritura?, Perrone-Moisés propõe uma solução particular 
(2012a). Ela sugere relativizar a sinonímia dessas palavras para ativar suas 
diferenças. Desse modo, “escritura” passará a significar toda escrita que faz 
dessa atividade um espetáculo: o escritor trabalha sua linguagem para que 
ela seja vista pelo leitor. A escritura é, então, uma atenção à língua que se 
torna propositalmente visível: o escritor não nos oferece apenas um ato de 
comunicação, mas também o prazer de uma linguagem trabalhada.
3 “Le néologisme (ou le mot très rare) abonde chez B.S; il en use sans frein, et chacun de ses mots 
inattendus […] est la trace d’un plaisir profond, qui renvoie au désir de la langue : B. S. désire le mot, 
comme il désire des truffes, une omelette au thon, une matelote ; comme tout néologue, il a un rapport 
fétichiste au mot seul, cerné para sa singularité même.” Tradução do autor.
4 Para uma análise da primeira acepção barthesiana do termo, ver TENÓRIO DA MOTTA, 2010.
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Apesar de sua complexidade, não é “escritura” que aparece como 
enigmática nesse texto, pois o termo já havia sido extensamente estudado em 
Texto, crítica, escritura (PERRONE-MOISÉS, 2005). Isso porque, na época, 
o advento desse termo anunciava uma revolução na forma como víamos o 
texto. De fato, nos anos 70, “escrita” era uma expressão facilmente reconhecível 
porque incluía a quase totalidade da produção de textos até então. Todo texto 
escrito podia ser considerado, no limite, como uma escrita, pois seu objetivo 
era exprimir uma informação da maneira mais clara possível. Poderíamos, a 
princípio, objetar que a literatura, prática relativamente marginal, constituía 
uma exceção. Mas, até essa prática dava origem a uma escrita que negava seu 
caráter de escritura: ao “explicar” um texto, a crítica não está, na verdade, 
procurando extrair as informações que ele veicula? Assim, em última análise, 
toda obra literária possuía um conteúdo que era passível de ser transformado 
em uma linguagem mais compreensível. Daí as imagens da luz e da escuridão, 
que sempre permeiam o vocabulário crítico. O comentador “esclarece” o 
texto, ou seja, ilumina aquilo que, antes, era obscuro. O corolário desse 
procedimento é que haveria um tipo de linguagem que seria naturalmente 
mais clara do que uma outra, atribuindo ao estilo literário um trabalho de 
complexificação daquilo que poderia ser exprimido de maneira simples. 
Contudo, a escritura adquiriu um reconhecimento tal, sendo uma prática 
aceita até mesmo em documentos acadêmicos oficiais, como dissertações de 
mestrado e teses de doutorado, que não podemos mais encarar a escrita com 
naturalidade. Assim, a ascensão da escritura provocou um questionamento 
sobre aquilo que era, até então, prática corrente nos textos intelectuais. 
Vejamos como Perrone-Moisés descreve o termo “escrita”: em primeiro 
lugar, ela aparece definida negativamente: escrita é tudo o que não é escritura. 
Se a escritura é “todo discurso em que as palavras não são usadas como 
instrumento, mas encenadas, teatralizadas como significantes”, podemos 
supor que a escrita é o discurso que usa as palavras como instrumento e que se 
preocupa com o significado em detrimento do significante. Em um segundo 
momento, “escrita” atua em um sistema de diferenças: opõe-se à “fala” e à 
“leitura”, ao passo que “escritura” se opõe à “literatura” e “escrevência”5. Por 
fim, lemos que a escrita possui uma conotação “instrumental” (PERRONE-
MOISÉS, 2012a, p. 70). Talvez seja oportuno deter-se nessa última acepção 
do termo.
Nos estudos barthesianos, estamos acostumados a opor à escritura 
esse uso instrumental da língua que, no mais das vezes, é designado pela 
palavra “escrevência”. De fato, “escrita” pode parecer, a princípio, como um 
simples sinônimo desse termo. Contudo, um dos traços mais importantes 
5 Perrone-Moisés revisaria, mais tarde, as relações entre “escritura” e “literatura” depois da publicação da 
aula inaugural de Barthes no Collège de France (2012b).
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do pensamento barthesiano é a ubiquidade da linguagem: para ele, não há 
nada que esteja no exterior da língua. Ora, a noção de “instrumento” cria 
um problema de difícil resolução. De fato, o instrumento é um meio que 
utilizamos para atingir um determinado objetivo. Supõe-se, então, que a língua 
não produz o conteúdo de um texto, mas é apenas aquilo que o comunica. 
A língua serviria, assim, de simples veículo para a transmissão de algo que, 
por um lado, foi elaborado fora dela.
Com isso, não queremos dizer, evidentemente, que Barthes não tenha 
utilizado a palavra “escrevência” no sentido instrumental. A contradição 
é, sabemos, uma das marcas mais notáveis de seus textos. No entanto, ele 
tomou certas precauções que passaram desapercebidas para a maioria de 
seus leitores (PROCOPIO FERRAZ, 2019). Perrone-Moisés assinala que 
a escrevência pode verter-se em escritura. No seminário de 1973-1974, ao 
qual a autora assistiu, ela relata (advertindo, de passagem, que suas notas 
podem ser “infiéis” ao discurso de Barthes), que ele concebe uma escrita na 
qual se opera “a fusão do sapiencial com o existencial, do consciente com o 
inconsciente: ideias-palavras ou pensamentos-palavras, “palavras que têm o ar 
de pensar” (BARTHES apud PERRONE-MOISÉS, 2005, p. 36). Trata-se 
de uma escrita que já não está mais voltada para o significado, mas joga com 
os significantes: as “palavras que têm o ar de pensar” são termos que parecem 
ceder ao uso instrumental da língua, mas que, na verdade, são animadas por 
um impulso análogo ao da escritura. Isso quer dizer que o escritor parte das 
palavras e não dos conceitos que elas veiculam para estabelecer uma escritura 
que se esconde sob a aparência de uma escrevência. É um processo que toma 
a escrevência por álibi para poder circular tanto como trabalho da língua 
quanto como trabalho do pensamento, tal qual o morcego que se apresenta 
como rato ou como ave para fugir de seus predadores.
Por isso, cremos poder realizar uma pequena infidelidade com relação 
ao texto de Perrone-Moisés ao tentar desenvolver as potencialidades dessa 
escrita híbrida. Procuraremos, aqui, desvincular a escrita da escrevência, 
atribuindo àquela o caráter produtivo que esta não comporta. De fato, o 
próprio texto de Perrone-Moisés abre-nos essa possibilidade quando emprega 
a imagem do teatro. Como vimos, ela qualificou a escritura de “encenação”, 
falando em uma “teatralização” da língua. Ora, essas imagenspressupõem 
uma ambiguidade. Como teatralização, a representação cênica é uma atividade 
que chama a atenção para sua própria linguagem: é o espetáculo que procura 
exibir sua própria artificialidade. Desse modo, a teatralização é o trabalho 
de demonstração da arte; é o que faz com que seu público olhe atentamente 
para o cenário, para os atores ou para o roteiro: é uma função poética, já que 
aponta para a espessura da linguagem.
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101PAULO FERRAZ | Perrone-Moisés e a escritura: fidelidades e... 
A encenação é o teatro que busca esconder essa espessura: ela cria 
uma aparência de realidade, ou seja, provoca, no espectador, uma ilusão. A 
linguagem teatral busca, desse modo, produzir um efeito de transparência, 
como se ela pudesse desaparecer para dar lugar àquilo que representa. Mostram-
se, nesse caso, os personagens e não os atores, o lugar e não o cenário, a história 
e não o roteiro: há a intenção de fazer com que o teatro apareça como um 
lugar natural, evitando a espetacularização do significante. Evidentemente, 
sabemos que nenhum dos termos mencionados pode existir sem o outro: 
para que se consiga fazer aparecer os personagens, é necessário um trabalho 
de apagamento que não é menos intenso do que a tentativa de evidenciá-lo.
Podemos imaginar, então, a escrita como encenação, ou seja, como 
um ato de linguagem que se esconde enquanto tal. Ela se apresenta como 
um apagamento da linguagem para criar um efeito de clareza. Nesse sentido, 
ela é a aparência de uma transmissão de conteúdo. Isso não quer dizer, 
evidentemente, que a língua possa simplesmente comunicar uma mensagem: 
sabemos hoje que o sentido de um texto é indistinguível de sua formulação. Na 
verdade, toda a escrita carrega com ela a história de um trabalho linguístico. 
A escrita não é, portanto, menos artificial do que a escritura; na verdade, 
toda sua arte consiste em fabricar sua própria naturalidade, trabalhando para 
seu desaparecimento.
Neologismos? Uma questão de fidelidade
No colóquio A circulação de paradigmas críticos em Íbero América, 
realizado em 2018 na USP, em São Paulo, apresentei a comunicação Apropriações 
e transformações na escrita de Leyla Perrone-Moisés, e expus a ideia de que esse 
gesto de Perrone-Moisés que estudamos aqui, ou seja, a distinção entre “escrita” 
e ‘’escritura”, que dota de sentidos novos palavras que, antes, eram consideradas 
sinônimas, era um tipo de neologismo. Perrone-Moisés, que estava presente no 
evento, levantou uma objeção. De fato, em seu artigo, há uma atenção para 
as raízes dos termos “escrita” e “escritura”, além de seu emprego na história 
da língua portuguesa. Ela explica que recebeu uma carta de Segismundo 
Spina, atestando que dois termos em latim, scriptum e scriptura, possuíam 
sentidos similares, mas que o segundo termo era de uso mais amplo, podendo 
significar “obra literária” ou “obra de estilo”. Além disso, o termo scriptura 
possui uma característica particularmente interessante: ele é a forma substantiva 
do particípio futuro ativo do verbo scribere. Scriptura pode ser entendido, 
então, como aquilo que se há de escrever (PERRONE-MOISÉS, 2012a, p. 
72). Ora, sabemos que, para Barthes, écriture está tensionada em direção ao 
futuro, pois ela é produção de novos sentidos. Como lembra Perrone-Moisés, 
écriture é “um novo profetismo” (BARTHES, apud PERRONE-MOISÉS, 
2012a, p. 72). Ela cita também empregos de “escritura” em Camões, Vieira, 
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Mario de Andrade e Clarice Lispector (PERRONE-MOISÉS, p. 72-73). 
Como falar, então, em neologismo, se o uso da palavra é mais antigo do que 
a própria língua portuguesa?
Evidentemente, inclinei-me diante dessas objeções, admitindo que 
o uso do termo “neologismo” poderia parecer inadequado. Por outro lado, 
sustentei que não é possível dizer que o texto de Perrone-Moisés não produz 
novos sentidos. Esse emprego particular dos termos é inédito na crítica 
barthesiana. A autora assinala, por exemplo, que os portugueses preferem 
utilizar apenas “escrita”, ignorando a distinção (PERRONE-MOISÉS, 2012a, 
p. 71). Em todo caso, a diferenciação não é naturalmente perceptível: para 
os leitores lusófonos, ela só passou a existir quando o texto da autora a 
produziu. Coloquei-me, então, em uma situação próxima daquela que estamos 
descrevendo neste artigo: partindo de uma posição de absoluta fidelidade ao 
texto, afastei-me dele, traindo suas intenções.
Passei a refletir, então, sobre um modo de dar conta dessa questão. 
Analía Gerbaudo, presente no evento, aconselhou-me a substituir o termo 
“neologismo” por “paleologismo”. A palavra foi proposta, em francês, em um 
artigo intitulado Terminologie de la néologie: lacunes, flotements et trop-pleins 
(SABLAYROLLES, 2006). Nesse texto, Jean-François Sablayrolles, que estuda 
as diversas formas pelas quais novas palavras podem aparecer em uma língua, 
procura corrigir determinados problemas terminológicos em seu campo. Ele 
tenta, na medida do possível, fazer com que um termo corresponda a apenas um 
conceito. O autor embrenha-se, então, na multitude de expressões que foram 
usadas para descrever os diferentes modos de formação de neologismos, como 
“morfemicidade”, “compocamento” ou “deflexivação” (SABLAYROLLES, 
2006, p. 85-86), dando-nos, de passagem, a impressão de que a neologia 
só pode ser compreendida a partir dos processos que ela mesma criou. Por 
exemplo, “compocamento” descreve a junção de palavras que não possuíam, 
em sua origem, similaridades morfológicas que justificassem essa junção. 
Ora, esse termo é, ele mesmo, um fruto do processo que descreve, pois ele é 
formado a partir de “composição” e “truncamento”, termos com estruturas 
morfológicas bastante distintas. Tem-se a impressão, desse modo, que a 
linguagem corrente carece dos meios para pensar suas próprias mutações.
Ao final de seu texto, Sablayrolles escreve sobre um curioso paradoxo: a 
tentativa de certos autores de incorporar o arcaísmo ao neologismo. Para esses 
autores, uma palavra antiga, quando introduzida em um discurso moderno, 
produz um efeito de novidade, já que o leitor, muitas vezes, não a conhece. 
Esse procedimento provoca um esforço de reconstituição do significado a partir 
da morfologia e do contexto no qual ele é empregado. Ora, esse é o esforço 
que deve ser feito para qualquer tipo de neologismo, o que justifica a sua 
incorporação ao estudo da neologia. Esse argumento é próximo daquilo que 
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sustentamos no colóquio: a maneira pela qual Perrone-Moisés usa “escritura”, 
apesar da antiguidade de seu emprego, pode ser considerada nova pelo leitor. 
Contudo, essa ideia parece, para Sablayrolles, intolerável, pois significa 
que “arcaísmo”, pode, a depender do autor consultado, ser tratado como 
antônimo de “neologismo” ou como uma de suas categorias. Produz-se 
um paradoxo que coloca em curto-circuito toda a tipologia proposta. Para 
solucionar o problema, ele propõe “paleologismo”, que serve para descrever 
o efeito de novidade causado pela introdução de termos antigos. Um 
paleologismo é a reintrodução de uma palavra desconhecida pela maioria 
dos leitores modernos. O paleologismo pode, então, distinguir-se do arcaísmo. 
Para ser considerada um arcaísmo, a palavra precisa, ao mesmo tempo, ser 
compreendida pelos leitores contemporâneos e não ser mais empregada por 
eles. Ela é, assim, o uso de um termo antiquado que ainda é conhecido pelo 
leitor. Podemos pensar, por exemplo,em certas gírias antigas, que já saíram 
de moda, mas que, por uma razão ou por outra, ainda são conhecidas da 
maioria dos locutores de uma língua (SABLAYROLLES, 2006, p. 87-88). 
Mais tarde, encontraremos novas precisões sobre a definição de 
“paleologismo”. Sablayrolles afirma que o conceito pode ser usado, também, 
para descrever a reativação de sentidos etimológicos em termos correntes (2007, 
p.7). De fato, esse uso pede do leitor o mesmo esforço que um neologismo 
tradicional. Trata-se de um gesto que encontramos com frequência em 
Barthes: ao se dizer anarquista, ele não está se referindo ao movimento 
político habitualmente designado por esse nome, mas antes a sua atitude de 
se colocar contra o arkhé, ou seja, o poder. O an-arquismo de Barthes pode 
ser definido, desse modo, como uma oposição a todas as formas de poder. 
A palavra testa tanto nossos conhecimentos etimológicos quanto nossa 
capacidade de inferir o sentido a partir de seu contexto (BARTHES, 2002d, 
p. 436). Esse é o processo utilizado por Perrone-Moisés para estabelecer o 
sentido de “escritura”. 
Assim, podemos afirmar que o tipo particular de neologismo de Perrone-
Moisés se situa exatamente na fronteira entre a fidelidade e a infidelidade. De 
fato, como poderíamos recusar aos leitores de Barthes o recurso ao neologismo 
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se o próprio texto barthesiano dele faz um uso irrestrito? Como ser fiel aos 
sentidos já produzidos quando a vocação do neologismo é a inovação? Só é 
possível ler Barthes mantendo-nos em um equilíbrio instável entre o rigor e 
a invenção, escrevendo um texto novo ao mesmo tempo em que procuramos 
nos ater àquilo que já foi escrito. Essa ambiguidade está plenamente realizada 
na distinção entre “escrita” e “escritura”. Efetivamente, essa distinção não 
distorce a noção original: Perrone-Moisés assinala sentidos que estão realmente 
presentes no texto barthesiano. Contudo, algo de novo foi criado, que não 
poderia ter sido compreendido sem o duplo gesto da autora que, a partir de 
sua atividade como crítica e como tradutora, permite o advento de novas 
interrogações. 
Referências
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2002, p. 573-588.
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III. Paris: Seuil, 2002a, p. 527-601.
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2002b, p. 908-916.
BARTHES, Roland. Lecture de Brillat-Savarin. In: Œuvres complètes, t. IV. Paris: 
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Paulo Procopio Ferraz. Doutor pela Universidade Paris 8. Atualmente, desenvolve 
um pós doutorado em literatura francesa na Universidade de São Paulo sobre Roland 
Barthes, com o apoio da FAPESP. Estuda a crítica literária francesa do século XX e 
as maneiras pelas quais um texto crítico pode constituir-se como uma escritura, para 
além de seu papel de compreensão de uma obra literária.
E-mail: ppaferraz@gmail.com
Recebido em: 15/05/2020
Aceito em: 31/07/2020