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Icterícia Neonatal 54fc73fdfa594206b214f71cbbbe2a81.pdf Icterícia Neonatal 1 � Icterícia Neonatal Icterícia na 1ª semana de vida 60% neonatos a termo 80% neonatos pré-termo Metabolismo da bilirrubina A partir da hemoglobina, da degradação do heme, há liberação de biliverdina. A biliverdina redutase transforma a biliverdina em bilirrubina indireta (não conjugada), que não é hidrossolúvel, é lipossolúvel e tem uma afinidade por estruturas como o SNC. Como ela não é hidrossolúvel, ela é transportada no sangue acoplada à albumina, e assim ela chega ao fígado aonde essa bilirrubina será conjugada pela enzima glucoronil transferase, transformando essa bilirrubina em direta, e assim, hidrossolúvel, eliminada na bile e depois no intestino e daí para o meio externo, nas fezes. Ocorre também que essa bilirrubina direta pode sofrer ação de glucoronidases e essa conjugação ser desfeita e ela volta a ser a bilirrubina não conjugada indireta e ela volta a ser reabsorvida no intestino, indo de volta ao fígado na chamada circulação entero-hepática, isso também pode elevar a bilirrubina sérica. Também no intestino, ela pode sofrer ação de bactérias, formando urobilinóides, hidrossolúveis sem risco de levar à icterícia patológica → se reabsorvidos, serão eliminados pela urina. Icterícia Neonatal 2 Icterícia Neonatal 3 Situações de aumento da oferta do heme no início, na produção → biliverdina que virará bilirrubina anemia hemolítica isoimune (incompatibilidade Rh, ABO deficiência de G6PD leva a hemólise esferocitose hereditária - leva a hemólise hematomas - cefalohematoma, por exemplo, é sangue fora do vaso que será degradado mais rapidamente, aumentando a oferta do heme, aumentando a oferta de bilirrubina policitemia - tem mais hemácias, mais hemácias para degradar e maior formação de bilirrubina. Sinais sugestivos de hemólise aumento de bilirrubina 0,5mg/dL anemia Icterícia Neonatal 4 reticulocitose - a medula está respondendo aumentando reticulócitos para compensar a perda sanguínea por hemólise hepatoesplenomegalia Drogas que desfazem a ligação bilirrubina-albumina Sulfonamidas Ácido fusídico Aspirina Para a bilirrubina ser transportada, ela precisa da albumina. Quando tem drogas que afetam essa ligação, aumenta o risco de liberação de bilirrubina indireta e impregnação do SNC. Defeitos genéticos da glucuronil-transferase Síndrome de Crigler Najjar I não tem enzima Síndrome de Crigler Najjar II Síndrome de Gilbert - ação da enzima está afetada A albumina leva a bilirrubina para o fígado para que ela seja conjugada pela glucuronil-transferase transformando em direta (hidrossolúvel e eliminada facilmente). Mas nessas doenças há defeito genético nessa enzima e a bilirrubina indireta não é conjugada, levando à hiperbilirrubinemia indireta cada vez maior, pq já que não é conjugada, não é eliminada, e risco de kernicterus. O fenobarbital estimula a ação da glucuronil-transferase na catalização (aceleração do funcionamento do processo da conjugação), mas em pcts com Crigler Najjar I não adianta fazer fenobarbital pq não tem enzima. É uma doença incompatível com a vida. No trato gastrintestinal Ação da b-glucuronidase: A bilirrubina conjugada pode sofrer ação da B-glucuronidase, que desfaz a conjugação liberando bilirrubina indireta que é reabsorvida na circulação entero-hepática, levando à hiperbilirrubinemia. Então quando a criança demora muito a evacuar, Icterícia Neonatal 5 eliminar mecônio, a manutenção da bilirrubina direta no intestino, permite que ela reabsorvida na sua forma indireta. Ação das bactérias: formação dos urobilinoides → são hidrossolúveis, sendo melhor para o organismo. Icterícia neonatal Quando ocorre nas primeiras 24h deve ser considerada patológica. Importante diferenciar entre o aumento da bilirrubina indireta (não conjugada) e direta (conjugada). A bilirrubina indireta elevada é neurotóxica - não é hidrossolúvel, é lipossolúvel e penetra o SNC. Maior risco de lesão do neurônio nos quadros associados de asfixia, prematuridade, infecção. (a indireta pode ser fisiológica) A bilirrubina direta elevada não é neurotóxica, porém é sinal de doença grave → hepatite, atresia biliar, erro inato, fibrose cística. Icterícia por aumento de bilirrubina indireta: Pele com tom amarelo-brilhante ou alaranjado. Causas: Icterícia do leite materno; deficiência de glicose-6-fosfato desidrogenase; esferocitose e outros defeitos de forma dos eritrócitos; incompatibilidade sanguínea materno-fetal, Hiperbilirrubinemia fisiológica, icterícia por amamentação, icterícia por leite materno, hiperbilirrubinemia patológica por doença hemolítica Icterícia por aumento de bilirrubina direta: Pele com tom amarelo-esverdeado Causas: atresia de vias biliares Não tem indicação de fototerapia Se houver elevação de bilirubina direta, SEMPRE devemos considerar um quadro patológico! Mas para saber de fato qual bilirrubina está aumentada, tem que dosar em laboratório total e frações. Icterícia Neonatal 6 Icterícia Neonatal 7 O aumento da bilirrubina no RN é resultado de vários fatores: Maior produção de bilirrubina (maior massa eritrocitária e menor meia- vida das hemácias) Captação e conjugação hepáticas deficientes Aumento da circulação êntero-hepática da bilirrubina Fatores de risco para icterícia Peso de nascimento abaixo de 2.500g Bilirrubina total sérica ou transcutânea na zona de alto risco antes da alta hospitalar; Icterícia observada nas primeiras 24 horas; Incompatibilidade sanguínea ou outras doenças hemolíticas conhecidas; Icterícia Neonatal 8 Idade gestacional entre 35 e 36 semanas; Céfalo-hematoma ou equimoses; Etnia asiática. Baixa ingesta de leite materno na primeira semana de vida → pode causar uma estase intestinal no RN, aumentando a circulação entero- hepática e, por consequência, os níveis de BI circulantes Fator de risco para hiperbilirrubinemia neonatal mais acentuada: Icterícia precoce 24h) Policitemia Perda de peso 7% Sexo masculino História familiar de irmão tratado com fototerapia Zona de alto risco na classificação de Bhutani Considerações: Clampeamento tardio do cordão: costuma levar a um quadro de icterícia. Se demoramos mais para camplear o cordão (o que, atualmente, é indicado, o campleamento tardio) ocorre maior passagem do sangue placentário para o feto (transfusão placentária). Há estimativas de que a transfusão placentária possa adicionar até 30% mais volume sanguíneo ao neonato e 60% de células sanguíneas adicionais. Com isso, aumenta o volume de sangue do neonato e, consequentemente, com mais hemoglobina, as chances de hiperbilirrubinemia acabam sendo maiores do que no campleamento precoce. Pouca eliminação de mecônio: pode predispor a um quadro de icterícia. Características que falam a favor da possibilidade da icterícia ser patológica: Além do normograma de Bhutani Início nas primeiras 24h de vida; Bilirrubinas com nível 12 mg/dl; Alta velocidade de elevação dos níveis de bilirrubina 5 mg/dl/dia; Icterícia Neonatal 9 Persistência da icterícia 1014 dias; Presença de colestase; Zona de Krammer 3 (ultrapassa nível do umbigo) Icterícia fisiológica Taxa de aumento da bilirrubina 5mg/dL/24 horas. ocorre em quase todos os recém-nascidos. Características: benigna, autolimitada, início após 24h de vida, não ultrapassa a zona II de Kramer, é consequência da adaptação do neonato ao metabolismo da bilirrubina. Aparece no 2° ou 3° dia de vida. (após 24h) Não precisa de tratamento → cai dentro de uma semana. Regride entre o quinto e sétimo dia. A icterícia neonatal fisiológica ocorre às custas do aumento de bilirrubina indireta! (por imaturidade na conjugação) Acontece pelos seguintes fatores: Maior produção de bilirrubina (maior massa eritrocitária e menor meia- vida das hemácias) Captação e conjugação hepáticas deficientes Icterícia Neonatal 10 Aumento da circulação êntero-hepática da bilirrubina RN ainda não possui flora bacteriana consolidada, além de que a demora na eliminação do mecônio contribui também para o aumento dessa circulação) A vida média mais curta da hemácia neonatal aumenta a produção de bilirrubina; a conjugação deficiente devido à deficiência da UGT (uridine diphosphate-glucuronosyltransferase) diminui a depuração; e o baixo nível de bactérias intestinais, combinado com o aumento da hidrólise da bilirrubina conjugada, aumenta a circulação êntero-hepática. Os níveis de bilirrubina se elevam para 18 mg/dL 308 micromol/L, até o 3º ou 4º dia de vida 7 dias nos recém-nascidos asiáticos), e diminuem a seguir. Ocorre apenas por uma imaturidade do sistema enzimático que leva a baixa atividade da enzima, mas que se corrige em algumas semanas. Por que ocorre? Ao nascimento, o hematócrito costuma ser muito alto, e as hemácias da vida fetal possuem um tempo de vida menor, de maneira que há degradação maior dessas hemácias em termos de velocidade comparado com uma criança maior, então mais heme sendo liberado. E ainda, a glucuronil-transferase foi ativada recentemente e sua atividade é mais lenta, deixando a conjugação mais lenta ainda. A eliminação de mecônio é mais lenta também. Tem poucas bactérias no intestino nos primeiros dias de vida, e as bactérias são importantes para o metabolismo da bilirrubina para formação do urobilinogênio. Então juntando todas essas pequenas causas, isso leva à icterícia fisiológica que reverte espontaneamente. O tratamento pode ser feito com fototerapia, utilizando-se luz azul, que transforma a bilirrubina em um composto mais polar permitindo que seja excretado menos sem a união com o ácido glicurônico. A partir da Zona de Kramer 3 (abaixo do umbigo) já devemos nos preocupar com a icterícia fisiológica 24h) e solicitar exames! Se houver persistência da icterícia deve-se pensar em outras causas: icterícia do aleitamento materno, sepse, atresia congênita dos ductos biliares. Icterícia nas primeiras 24h → icterícia precoce Sempre considerar icterícia patológica, sendo as doenças hemolíticas nesse caso as principais causas. Visto seu aparecimento precoce e, deste Icterícia Neonatal 11 modo, independentemente da coleta das bilirrubinas totais e frações, que serão coletadas, deve ser iniciada a fototerapia. Mãe Rh negativo e filho Rh negativo ➡ Exclui incompatibilidade Rh. Mãe sangue O e filho sangue A ➡ considerar incompatibilidade ABO. Coombs direto ➡ pode ser tanto positivo quanto negativo na incompatibilidade ABO Sabendo que as principais causas de icterícia nas primeiras 24 horas são doenças hemolíticas, devemos pedir o seguinte: Hb, Ht e reticulócitos; Coombs direto O teste de Coombs está relacionado à anemia hemolítica autoimune, mas se negativo, não descarta, necessariamente, icterícia mediada por incompatibilidade. Bilirrubina direta e indireta; Tipagem sanguínea e fator Rh. O achado de esferócitos no sangue periférico é esperado na hemólise. Teste de eluato → confirmação da presença de anticorpos na hemácia. Hiperbilirrubinemia patológica: nos recém-nascidos a termo é diagnosticada se: Icterícia aparece nas primeiras 24 h, após a primeira semana de vida, ou demora 2 semanas; Bilirrubina total no soro aumenta 5 mg/dL/dia 86 micromol/L/dia); Bilirrubina sérica total é 18 mg/dL 308 micromol/L/dia); O lactente mostra sinais ou sintomas de doença grave. Algumas das causas patológicas mais comuns são: anemia hemolítica imunitária ou não imunitária, reabsorção de hematoma, sepse, hipotireoidismo. Kernicterus É o que se teme na icterícia neonatal as custas da bilirrubina indireta. Encefalopatia bilirrubínica pela deposição de bilirrubina não conjugada (indireta) nos núcleos da base e tronco cerebral. Icterícia Neonatal 12 Na necropsia vê-se bem a impregnação da bilirrubina no SNC. Quadro clínico Letargia Recusa alimentar Perda do moro Convulsões A tétrade paresia vertical do olhar, displasia dentária, neuropatia auditiva e paralisia cerebral atetoide grave forma o quadro clássico de Kernicterus. Icterícia Neonatal 13 É possível dividir o quadro clínico em uma fase mais inicial e outra mais evoluída: Inicial: forma aguda, dias a semanas, letargia, perda do reflexo de Moro, hipotonia; Evolução: hipertonia, choro agudo e pode dar manifestações graves, como apneia, coma e convulsões ou até mesmo a morte. Sequelas Coreoatetose com espasmos musculares Sinais extrapiramidais Convulsões Deficiência mental Disartria Perda auditiva Estrabismo Tetraparesia espástica Paresia vertical do olhar Progressão da icterícia e Zonas de Kramer A progressão da icterícia é craniocaudal e anatômica. Isso permite que se tenha uma ideia da bilirrubina de acordo com a localização anatômica da icterícia: face 5mg/dl além da metade do abdome 15mg/dl solas 20mg/dl Zonas de Kramer Zona 1 47mg/dl Zona 2 58,5 Zona 3 611,5 Zona 4 917 Icterícia Neonatal 14 Zona 5 15mg/dL é sempre necessário colher o sangue para ter o valor exato da bilirrubina total e frações. Icterícia fisiológica, geralmente é até zona 2. Medida transcutânea da bilirrubina Bilicheck: útil na triagem → coloca na testa ou tórax da criança e dá uma estimativa da bilirrubina A icterícia deve ser investigada quando Aparece nas primeiras 24h de vida → certamente será hemólise Taxa de aumento da bilirrubina 5mg/dL/24h Bilirrubina 12 em RNT Bilirrubina 1014 em RNPT Icterícia após 2 semanas de vida Bilirrubina direta 2mg/dL Icterícia Neonatal 15 Investigação da hiperbilirrubinemia Bilirrubina direta e indireta (total e frações) Hemoglobina (hemograma) - hematócrito Contagem de reticulócitos Tipo sanguíneo (mãe e criança) - (mãe negativo, criança +) (mãe O e criança A ou B Teste de Coombs - anticorpo ligado ao antígeno, anticorpo antiRh contra fator Rh da hemácia, se positivo fala a favor de incompatibilidade Rh por exemplo Esfregaço de sangue periférico - ajuda a identificar hemólise por exemplo Diagnóstico icterícia neonatal com 24h de duração Bilirrubina total e frações A dosagem de bilirrubina total e frações é importante tanto para o diagnóstico quanto para guiar medidas terapêuticas. Se a bilirrubina indireta for maior ➡ Possivelmente uma incompatibilidade sanguínea. Se a bilirrubina direta for maior ➡ Possivelmente uma colestase ou hepatopatia. Se níveis de bilirrubina muito elevados ➡ Deve-se realizar a fototerapia. Icterícia Neonatal 16 Coombs direto O Coombs nos dá a informação da ocorrência de uma incompatibilidade sanguínea como Rh ou ABO, o que compõe uma das principais hipóteses diagnósticas em um quadro de icterícia nas primeiras 24h! Tipagem sanguínea e fator Rh da mãe e do RN Essa informação é muito importante, já que as incompatilibidades sanguíneas requerem certos tipos de padrões. Incompatibilidade Rh ➡ Mãe Rh- com filho Rh+. Incompatibilidade ABO ➡ Mãe O com filho A ou B. Hemograma completo Não é necessário para realizar o diagnóstico da causa da icterícia neonatal, sendo a hemoglobina, hematócrito e reticulócitos os exames necessários. Icterícia Neonatal 17 Uma queda nos valores de hemoglobina pode indicar uma incompatibilidade sanguínea, enquanto os reticulócitos nos trazem a informação quanto a ocorrência ou não de hemólise no RN. Tratamento da hiperbilirrubinemia indireta e normograma de Bhutani pode ser tratada pelo aumento da excreção – com a fototerapia , pela retirada mecânica – com a exsanguinotransfusão, ou, em alguns casos, com imunoglobulina endovenosa. Cada terapia tem sua indicação de acordo com critérios específicos, entre eles: níveis de bilirrubina total, idade gestacional, peso ao nascer, idade pós-natal e fatores de risco para hiperbilirrubinemia. Se nível de bilirrubina total estiver próximo ao nível de indicação de exsanguineotransfusão fazer fototerapia com alta irradiância na maior superfície corpórea. Icterícia Neonatal 18 Fototerapia Através de fotoisomerização, converte a bilirrubina em forma não tóxica (não é conjugar a bilirrubina, e sim transformá-la) Diminui a necessidade de exsanguineotransfusão (troca de sangue quando a fototerapia não resolve) Quando indica fototerapia: compara idade gestacional, peso de nascimento, dias de vida Iniciada com níveis anormais de bilirrubina no RNT Icterícia Neonatal 19 Idade Considere Fototerapia Inicie Fototerapia Exsanguineo- transfusão 24h - - - 2548h 12mg/dL 15mg/dL 20mg/dL 4972h 15mg/dL 18mg/dL 25mg/dL 72h 17mg/dL 20mg/dL 25mg/dL Nessa tabela, percebe-se que conforme a criança vai ficando com mais horas de vida, o limite para indicar a foto aumenta pq o sistema nervoso vai ficando mais maduro. Icterícia Neonatal 20 Prematuro tem indicação de foto com valores mais baixos pq a prematuridade é um fator de risco para o Kernicterus. Nomograma de Bhutani et al.: Icterícia Neonatal 21 Figura: nomograma com os percentis 40, 75 e 95 de BT (mg/dL em RN 35 semanas com PN 2.000g segundo a idade pós-natal, para determinar risco dehiperbilirrubinemia. De acordo com a idade pós-natal e o nível de bilirrubina. Zona de risco para indicar foto ou exsanguineotransfusão. Vê-se que de acordo com a idade, precisa de limites maiores para indicar. Se icterícia em zona de risco baixa/intermediária: orientação é apenas observação clínica. A fototerapia é realizada se a Bilirrubina total for 95 no percentil do Normograma de Bhutani. Valores de BT (mg/dL para indicação de fototerapia e exsanguineotransfusão EST em RN 34 semanas de idade gestacional. Icterícia Neonatal 22 Fototerapia convencional: luz fluorescente com lâmpadas a 20 a 30 cm do RN. Fototerapia Bilispot: luz é emitida em forma de spot ou foco; utiliza lâmpada de halogênio; colocada a 50cm do paciente. Muito eficaz 2.500g. Pode ser feita fototerapia dupla (halos tangenciais - para englobar área corporal maior). Biliblanket (manta de fibra óptica): lâmpada halógena especial com filtro, dimensões reduzidas, eficaz em prematuros. Efeito rebote: Monitorizar a bilirrubina até 24h depois de terminada a fototerapia. Observação: A cor da pele do recém-nascido em fototerapia não é confiável para estimar o nível sérico da bilirrubina. Então quando entra na foto, deve- se basear pelos exames laboratoriais. Devem-se proteger os olhos do RN em foto. Complicações da fototerapia: diarreia (fezes escurecidas? rash macular eritematoso queimaduras desidratação síndrome do bebê bronzeado: pele com tom marrom-acinzentado causado por fototerapia em RN com aumento da bilirrubina direta (a foto não seria necessária). A pele volta a cor natural com o passar do tempo. Efeitos colaterais da fototerapia A fototerapia é o principal tratamento para a icterícia neonatal, sendo importante que o bebê esteja em contato com a luz azul o maior tempo possível, saindo do berço apenas para troca de fraldas e para a amamentação. Hipertermia pode ocorrer devido ao fato de que o RN fica exposto a luz fluorescente (quente) e precisa estar só de fralda, sendo necessário Icterícia Neonatal 23 tirar toda a sua roupa; Perda hídrica: fototerapia causa aumento de perdas insensíveis de água pela pele, sendo necessária atenção a esse ponto durante a avaliação do RN em fototerapia. Icterícia do aleitamento materno Aleitamento: (forma precoce) ocorre na primeira semana; Pequeno volume de leite, desidratação, menor ingesta calórica; suplementação com glicose via oral piora o quadro. Relacionado a mamadas infrequentes, dificuldade de pega, diminuição de formação de fezes, maior retenção de bilirrubina e aumento do circuito êntero-hepático. Tipicamente se inicia nos primeiros 23 dias. Associado a problemas com amamentação → técnica ou frequência, o que pode ser notado por baixo ganho ponderal (lembrando que é normal um bebê perder até 10% de seu peso após nascer e recuperar até 10 dias) A baixa ingesta de leite materno leva a aumento da circulação entero- hepática causando aumento de BI. aparece em um sexto dos lactentes durante a primeira semana de vida. A amamentação aumenta a circulação êntero-hepática da bilirrubina em alguns lactentes que diminuíram a ingestão de leite e que tiveram desidratação ou baixa ingestão calórica. O aumento da circulação êntero-hepática também pode resultar da redução bacteriana intestinal que converte a bilirrubina a metabólitos não reabsorvíveis. Icterícia do aleitamento materno é do processo do aleitamento - o processo do aleitamento não está estabelecido de uma maneira muito adequada no início, principalmente mãe de primeira viagem, o processo da amamentação não é tão simples. A perda de peso chama a atenção para uma causa importante, quando a amamentação inadequada ou oferta insuficiente leva a aumento da circulação enterohepática. Na circulação enterohepática a enzima beta-glucuronidase transforma a bilirrubina direta de volta em indireta, a qual é levada de volta ao fígado, levando a acúmulo de indireta e icterícia. A hipoalimentação faz com que seja eliminado menos mecônio, baixa calórica, acaba também havendo degradação da bilirrubina no intestino sendo reabsorvida, levando a icterícia que as vezes inclusive é patológica ao ponto de precisar de fototerapia. Acontece no início do processo, na primeira semana de vida. O tratamento é estimular o Icterícia Neonatal 24 aleitamento materno. Não devemos suspender a amamentação! É necessário que seja dado o leite materno exclusivo. Apenas é importante ajustar a técnica, com orientações para a pega correta. Icterícia do leite materno Leite materno (forma tardia): após o 7° dia de vida; Bilirrubina 10 30mg/dL; Suspendendo a amamentação por 1 a 2 dias, observa-se a queda brusca da bilirrubina; Causa possível: glucuronidase do leite. Propriedade do leite de desconjungar a bilirrubina, o que aumenta os níveis de BI no RN. Esse tipo de icterícia, tipicamente, se inicia por volta do 4º dia, após a primeira semana (ou no final dela), com RN em bom estado geral com sinais de icterícia e sem sinais de hemólise. Nessa icterícia o leite materno não deve ser suspenso, somente em casos de teste terapêutico ou se tivermos algum sinal de alarme associado. Icterícia do leite materno é do produto, do leite - para essa acontecer, o processo do aleitamento tem que estar bem estabelecido, já que tem que ter muito leite sendo ofertado. Acontece depois de uma semana de vida (tardia). A criança tem uma icterícia com valores muito altos, muitas vezes precisando de fototerapia e não se acha uma única causa na investigação. Por exclusão se pensa que é uma icterícia pelo leite → as vezes uma glucoronidase do leite desfaz a conjugação da bilirrubina no intestino e permite que haja uma grande absorção entero-hepática da bilirrubina. Nesse caso, é necessário fazer a prova de suspender o aleitamento materno por 2448h. A bilirrubina cai vertiginosamente de maneira que não cairia com fototerapia comprovando a suspeita, fazendo o diagnóstico. E depois de 2448h, retoma o aleitamento materno e a bilirrubina não sobe mais. Como essa icterícia acontece, ainda não está muito bem esclarecido e tem sido atribuído a fatores presentes no próprio leite materno maduro, que parece ter a capacidade de aumentar a absorção intestinal de bilirrubina, além de fornecer uma enzima que contribui para o aumento de BI pela desconjugação da BD! Doc, se o RN continuar mamando, gradativamente, os níveis de BI diminuem, e se o aleitamento for abruptamente retirado, em cerca de 24h ocorre queda súbita dos níveis de bilirrubina! Hipotireoidismo congênito Icterícia Neonatal 25 Icterícia às custas de bilirrubina indireta. Sonolência, bradicardica, mama com dificuldade, macroglossia. A causa da icterícia prolongada no hipotireoidismo congênito é a atividade reduzida da enzima glicuronil transferase, atrasando a conjugação da bilirrubina no fígado. Uso do fenobarbital pode ajudar esses pcts. Hipotireoidismo congênito é a causa mais comum de retardo mental prevenível em pediatria. A deficiência de hormônios tireoidianos afeta o metabolismo da bilirrubina. A icterícia ocorre devido ao acúmulo de bilirrubina no sangue, que é mais difícil de ser metabolizada nos casos de hipotireoidismo congênito. A triagem neonatal é crucial para identificar e tratar precocemente o hipotireoidismo congênito e evitar complicações como retardo mental. Hormônios tireoidianos são essenciais para o desenvolvimento adequado do sistema nervoso central, especialmente durante a infância. A maioria dos pacientes com hipotireoidismo congênito é assintomática ao nascer, o que dificulta o diagnóstico sem a triagem neonatal. O hipotireoidismo congênito é mais comum em mulheres e ocorre em 11500 a 14000 nascidos vivos Icterícia colestática / obstrutiva Atresia das vias biliares Quadro de icterícia, acolia fecal, colúria e aumento da bilirrubina direta → caso de colestase extra-hepática. Pode ter hepatomegalia. Geralmente ocorre após 2 semanas, indicando disfunção hepatobiliar. A principal causa de colestase neonatal é a atresia de vias biliares AVB há estreitamento das vias biliares com extravasamento da bilirrubina direta. A bile (composta por bilirrubina direta) não consegue chegar até o intestino e, consequentemente, ser excretada nas fezes, em forma de estercobilina (por isso a acolia fecal). Na prática, o primeiro exame a pedir são as bilirrubinas séricas. Contudo, a dosagem das bilirrubinas não fará o diagnóstico, apenas nos dará a informação de que o paciente possui o aumento da bilirrubina direta! Icterícia Neonatal 26 Para diagnóstico, devemos realizar a ultrassonografia hepática e das vias biliares com a realização da biópsia! USG Avalia a aparência e tamanho do fígado e vesícula biliar, auxiliando na diferenciação de outras condições. Procura o "sinal do cordão triangular", um espessamento ecogênico periportal que confirma o diagnóstico de atresia de vias biliares. Importante para guiar a conduta clínica e cirúrgica do paciente, já que a atresia de vias biliares requer tratamento cirúrgico precoce. Biópsia hepática pode ser indicada após ultrassonografia, para afastar outras causas de colestase sem necessidade de tratamento cirúrgico. Icterícia Neonatal 27 Incompatibilidade ABO e Rh: A hemólise associada à incompatibilidade ABO está limitada às mães do grupo O, cujos filhos são do tipo A ou B, uma vez as primeiras possuem anticorpos de maioria IgG, capazes de atravessar a barreira placentária podendo originar Doença Hemolítica Perinatal já no primeiro filho. Anticorpos IgM não atravessam a barreira placentária, enquanto anticorpos IgG sim. Incompatibilidade Rh: mãe RN . Coombs indireto negativo: mesmo que haja sensibilização, os anticorpos IgM produzidos nesse momento não são capazes de atravessar a placenta! Se atentar para os riscos de uma gestação futura em caso de filho Rh+, uma vez sensibilizada. Necessidade de administração de imunoglobulina anti D, que destrói as células Rh D , prevenindo a produção de anticorpos anti Rh D. Na ausência de transfusões sanguíneas prévias, a doença Rh geralmente não ocorre na primeira gravidez porque a primeira resposta Icterícia Neonatal 28 imune é com produção de IgM que não atravessa a barreira placentária. Após a sensibilização materna a resposta imune será IgG, anticorpos que atravessam a placenta, atingem a circulação fetal e fixam-se nos eritrócitos maduros que, em última análise, serão destruídos no sistema reticulo-endotelial (hemólise extra-vascular). Se esta for prolongada surge uma anemia grave no feto, o que estimula a produção de eritropoietina fetal e eritropoiese medular e extramedular (fígado, baço, medula óssea). Os casos mais graves podem cursar com insuficiência hepática, hipoalbuminémia e hidrópsia fetal. Para determinação terapêutica leva-se em conta a avaliação periódica da BT, a idade gestacional e a idade pós-natal, além dos fatores agravantes da lesão bilirrubínica neuronal, para indicar a fototerapia e a exsanguíneo transfusão. Deficiência da enzima G6PD (glicose-6-fosfato-desidrogenase) Desordem hereditária causada por deficiência da enzima G6PD nas células vermelhas, tornando-as suscetíveis à injúria oxidativa. É um defeito enzimático ligado ao cromossomo X comum nos negros, que pode resultar em hemólise após doença aguda ou ingestão de fármacos oxidantes incluindo salicilatos e sulfonamidas. Caso de icterícia patológica sem incompatibilidades sanguíneas, deficiência de G6PD é a principal hipótese. O mecanismo que agrava a icterícia neonatal é a redução da proteção das hemácias ao estresse oxidativo, intensificando o processo de hemólise. Lembrando que a deficiência de G6PD é a forma mais comum de deficiência enzimática eritrocitária! Icterícia Neonatal 29 Banho de sol NÃO é uma conduta factível para tratar icterícia neonatal, sendo recomendada apenas para prevenir deficiência de vitamina D! Máscara equimótica e outras coleções sanguíneas (bossa serossanguínea) Podem acarretar hiperbilirrubinemia exacerbada, porém não nas primeiras 24h de vida. Prematuro O prematuro tem maior chance de apresentar icterícia, mas esta se iniciará após as primeiras 24 horas de vida e terá características de icterícia fisiológica. Baixa enzima galactose-1-fosafto uridil-transferase Detectado pelo teste do pezinho. A deficiência da enzima resulta em galactosemia, uma condição que requer tratamento específico. Icterícia Neonatal 30 A galactosemia clássica é causada pela deficiência de GALT e apresenta vários sintomas, como déficit de crescimento e distúrbios hepáticos. Os achados laboratoriais da galactosemia incluem alterações no metabolismo de carboidratos e anemia hemolítica, além de alterações hepáticas e renais. O tratamento adequado envolve a exclusão do leite materno e a introdução de fórmula à base de soja e suplementação de cálcio. É crucial tratar precocemente, mesmo em pacientes assintomáticos, para evitar o acúmulo de galactose e consequentes problemas de saúde. referência: MEDCEL e MedSimple Icterícia Neonatal 54fc73fdfa594206b214f71cbbbe2a81/Untitled.png Icterícia Neonatal 54fc73fdfa594206b214f71cbbbe2a81/Untitled 1.png Icterícia Neonatal 54fc73fdfa594206b214f71cbbbe2a81/Untitled 2.png Icterícia Neonatal 54fc73fdfa594206b214f71cbbbe2a81/Untitled 3.png Icterícia Neonatal 54fc73fdfa594206b214f71cbbbe2a81/Untitled 4.png Icterícia Neonatal 54fc73fdfa594206b214f71cbbbe2a81/Untitled 5.png Icterícia Neonatal 54fc73fdfa594206b214f71cbbbe2a81/Untitled 6.png Icterícia Neonatal 54fc73fdfa594206b214f71cbbbe2a81/Untitled 7.png Icterícia Neonatal 54fc73fdfa594206b214f71cbbbe2a81/Untitled 8.png Icterícia Neonatal 54fc73fdfa594206b214f71cbbbe2a81/Untitled 9.png Icterícia Neonatal 54fc73fdfa594206b214f71cbbbe2a81/Untitled 10.png Icterícia Neonatal 54fc73fdfa594206b214f71cbbbe2a81/Untitled 11.png Icterícia Neonatal 54fc73fdfa594206b214f71cbbbe2a81/Untitled 12.png Icterícia Neonatal 54fc73fdfa594206b214f71cbbbe2a81/Untitled 13.png Icterícia Neonatal 54fc73fdfa594206b214f71cbbbe2a81/Untitled 14.png Icterícia Neonatal 54fc73fdfa594206b214f71cbbbe2a81/Untitled 15.png Icterícia Neonatal 54fc73fdfa594206b214f71cbbbe2a81/Untitled 16.png Icterícia Neonatal 54fc73fdfa594206b214f71cbbbe2a81/Untitled 17.png Icterícia Neonatal 54fc73fdfa594206b214f71cbbbe2a81/Untitled 18.png Icterícia Neonatal 54fc73fdfa594206b214f71cbbbe2a81/Untitled 19.png Icterícia Neonatal 54fc73fdfa594206b214f71cbbbe2a81/Untitled 20.png
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