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P I - ANULACAO DE NEGOCIO JURIDICO - NPJ IV

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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 1ª VARA CÍVEL DA COMARCA DE MACAÉ/RJ.
GERSON, brasileiro, solteiro, médico, portador do RG nº XXX, inscrita no CPF sob o nº XXX, domiciliado na cidade de Vitória/ES, endereço eletrônico XXX@email.com, por intermédio do seu advogado, OAB/RJ nº XXX com endereço constante em procuração em anexo para efeitos do artigo 77, II do CPC, vem perante a este juízo, propor a presente
AÇÃO ANULATÓRIA DE NEGÓCIO JURÍDICO c/c PEDIDO DE LIMINAR
em face de BERNARDO, brasileiro, viúvo profissão xx, portador de identidade nº xxx, inscrito no CPF sob o nº xxx, endereço eletrônico XXX@email.com, domiciliado na cidade de Salvador/BA, e 
JANAINA, solteira, menor impúbere, portadora da carteira de identidade nº xxx e inscrita no CPF pelo nº xxx, domiciliada na cidade de Macaé/RJ, representada por sua genitora com carteira de identidade nº xxx e inscrita no CPF pelo nº xxx, domiciliada na cidade de Macaé/RJ, endereço eletrônico XXX@email.com, pelos fatos que passa a expor:
1. GRATUIDADE DE JUSTIÇA
O Autor não possui condições de pagar as custas e despesas do processo sem prejuízo próprio ou de sua família, com fundamento no artigo 5º, LXXIV da Constituição Federal e artigo 98 do Código de Processo Civil. Desse modo, o autor faz jus à concessão da gratuidade de Justiça.
2. DA AUDIÊNCIA DE CONCILIAÇÃO OU MEDIAÇÃO
Atendendo o disposto no artigo 319, VII do Código de Processo Civil, vem a parte autora informar que tem interesse na audiência de conciliação ou mediação.
3. DOS FATOS
A Autor, conforme em nota promissória (em anexo DOC-XX), vencida em 10/10/2016, é credor do Réu Bernardo e não obteve a satisfação do seu crédito na data acordada.
	Ocorre, EXCELÊNCIA, que logo após o vencimento da referida dívida, de maneira desleal e astuciosa, o Réu Bernardo, doou os seus dois imóveis, um situado na cidade de Aracruz/ES e outro na cidade de Linhares/ES, ambos de valor equivalente a 300.000,00(trezentos mil reais).
	Conforme consta na Matrícula do Imóvel registrada em cartório (em anexo DOC-XX), a doação foi realizada com cláusula de usufruto, vitalício, a sua filha Janaína, menor impúbere, residente com a sua genitora, na cidade de Macaé/RJ.
Atualmente, os imóveis, por intermédio da representante legal da USUFRUTUÁRIA, sua progenitora, encontram-se alugados a terceiros. Diante a esses fatos, fica claro e evidente a dissimulação em prejuízo do Autor.
4. DOS FUNDAMENTOS JURÍDICOS
	A transmissão de propriedade ocorreu, propositalmente, logo após o vencimento da dívida, é incontestavelmente anulável o negócio jurídico realizado entre as partes com a finalidade reduzir as garantias e condições de cobranças do credor. Tal ato, é lesivo e caracteriza fraude contra credores, conforme previsto nos artigos 157 e 158 do CPC:
Art. 157. Ocorre a lesão quando uma pessoa, sob premente necessidade, ou por inexperiência, se obriga a prestação manifestamente desproporcional ao valor da prestação oposta.
Art. 158. Os negócios de transmissão gratuita de bens ou remissão de dívida, se os praticar o devedor já insolvente, ou por eles reduzido à insolvência, ainda quando o ignore, poderão ser anulados pelos credores quirografários, como lesivos dos seus direitos.
Sendo assim EXCELÊNCIA, faz jus o Autor, ao pedir o acolhimento do pedido de anulação de negócio jurídico vicioso e que lhe seja garantido o direito à satisfação do crédito imediatamente de acordo com o disposto no artigo 171 do Código Civil:
171. Além dos casos expressamente declarados na lei, é anulável o negócio jurídico: 
II - por vício resultante de erro, dolo, coação, estado de perigo, lesão ou fraude contra credores.
a) DO DIREITO
Tendo em vista que o réu já possuía a dívida até o ano de 2016, não cumpriu com o pagamento do débito e mesmo assim fez a doação fica demonstrada a pré-existência da dívida em relação a doação realizada a sua filha, que foi motivada pela intenção de causar prejuízo ao credor, de forma que se conduziu no lugar de devedor à insolvência, fatos esses que enquadram no disposto do artigo 158 do CCB.
APELAÇÃO CÍVEL. DIREITO PRIVADO NÃO ESPECIFICADO. AÇÃO PAULIANA. DOAÇAO DE ASCENDENTE PARA DESCENDENTE. FRAUDE CONTRA CREDORES CARACTERIZADA.
Demonstrada a pré-existência da dívida quando da doação realizada ao seu filho em prejuízo a credor, de forma a conduzir o devedor à insolvência. Fraude contra credores configurada. Inteligência do art. 158 do CCB.
Declarada a nulidade das doações realizadas, com retorno, dos imóveis, ao patrimônio do devedor. Sentença reformada.
Redimensionados os ônus sucumbenciais.
DERAM PARCIAL PROVIMENTO AO RECURSO.
UNANIME. (Apelação Cível N° 70071790836,
Décima Oitava Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Marlene Marlei de Souza, Julgado em 29/06/2017).
A doação em questão, além de não ter observado os limites legais, foi realizada com clara intenção de frustrar a execução das dívidas do réu, não sendo possível aceitar tal ato em detrimento dos credores.
b) DO PEDIDO DE LIMINAR
	Considerando que o réu já passou o direito de usufruto vitalício em seu próprio favor e cláusula de incomunicabilidade para sua filha por meio de doação, e ademais que os imóveis atualmente encontram-se alugados para terceiros, o que gera risco de perecimento para esses bens imóveis, requer, nos termos do artigo 300 do CPC, o arrolamento e indisponibilidade dos bens.
c) DA PROBABILIDADE DO DIREITO
Como ficou perfeitamente demonstrado, o direito do autor é caracterizado pela demonstração inequívoca do direito de receber o pagamento que lhe cabe. Segundo o artigo 301 do Código de Processo Civil de 2015:
Art. 301. A tutela de urgência de natureza cautelar pode ser efetivada mediante arresto, sequestro, arrolamento de bens, registro de protesto contra alienação de bem e qualquer outra medida idônea para asseguração do direito.
d) DO RISCO AO RESULTADO ÚTIL DO PROCESSO
Trata-se de necessária declaração de indisponibilidade dos bens, pois estão sob risco de perecimento, uma vez que o requerido já passou o direito de usufruto vitalício em seu próprio favor e cláusula de incomunicabilidade para sua filha por meio de doação, com intenção de causar prejuízo ao credor, pois o mesmo não honrou com o pagamento da dívida até vencimento em 10/10/2016.
	Diante de tais circunstâncias, é inegável a existência de fundado receio de dano irreparável, sendo imprescindível o arrolamento e indisponibilidade dos bens.
5. DOS PEDIDOS 
	Diante de todo o exposto, requer:
a) Que seja concedida a Justiça Gratuita, por não ter condições de arcar com as despesas e encargos processuais, conforme preconiza o artigo 98 do Código de Processo Civil;
b) Que seja designada audiência de conciliação ou mediação e intimação do réu para seu comparecimento;
c) Que seja deferido o pedido de liminar, para que seja determinada a indisponibilidade dos imóveis doados até o julgamento final da presente demanda, a fim de garantir a eficácia da futura sentença, nos termos do artigo 300 do Código de Processo Civil;
d) A citação do réu, na pessoa de seu representante legal, para, querendo, contestar a presente ação no prazo legal;
e) Que seja julgado procedente o pedido para declarar a anulação do negócio jurídico e sejam suspensos imediatamente os efeitos da doação dos imóveis realizada pelo réu em favor de sua filha Janaina, conforme descrito nos fatos;
f) Que seja expedida a Ordem de Execução do pagamento da dívida/satisfação do crédito;
g) Que seja julgado procedente o pedido para condenar o réu nas custas processuais e nos honorários advocatícios.
6. PROVAS
	Solicita-se a realização de depoimento pessoal, audição testemunhal, a inclusão das provas documentais, e daquelas que forem necessárias no curso do processo.
7. DO VALOR DA CAUSA
	 Compreende-se ser o valor à esta causa, R$ 300.000,00 (trezentos mil reais), de acordo com o artigo 292, inciso II, do Código de Processo Civil.
Nestes termos, 
Pede deferimento.
Macaé/RJ, 27 de abril de 2024
Advogado
OAB/RJ-XXX
ESTAGIÁRIOS
Marcia Américo de Melo – 202309155532Rafael Gomes Figueiredo - 202007309782

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