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287 Seria possível responder ao desafio das mudanças climáticas, diante de tantas evidências de que o mundo está se aquecendo, bem como das projeções sobre o aumento de emissões de ga- ses de efeito estufa (GEE) para o século 21? Os especialistas do Painel Intergovernamental de Mudança do Clima (IPCC) acreditam que sim. O relatório do IPCC, divulgado em 2007, aponta opções de adaptação e mitigação dos impactos, que podem ser colocadas em prática nas próximas três décadas. Os especialistas admitem não ter dados sobre os custos e a efetividade das medidas de adaptação e mitigação dos impac- tos das mudanças climáticas, mas lembram que a capacidade de adaptação e de redução dos efeitos das mudanças do clima dependem das condições socioeconômicas e ambientais das nações, bem como da oferta de informação e de tecnologia. Além da limitação dos custos, há que se levar em conta situa- ções agravantes, que se relacionam com o quadro de emissões crescentes e o aquecimento global, entre as quais destacam-se: fenômenos climáticos perigosos (furacões, tornados e ciclones mais intensos); pobreza; acesso desigual aos recursos naturais; conflitos de ordem econômica, política ou étnica; incidência de doenças, tais como a aids. É fato que, desde a antiguidade, as sociedades em todo o mundo convivem com situações em que precisam se adaptar a mudanças e reduzir vulneralibidades diante de impactos a. b. c. d. e. O TEMPO DE AGIR ChEGOU? 288 e fenômenos atmosféricos e climáticos, tais como secas e tempestades. O IPCC aponta que, apesar disso, no caso das mudanças climáticas, são necessárias medidas de adaptação adicionais nos níveis regional e local. Outro detalhe impor- tante a se considerar é que não há como prever se a adapta- ção, por si só, poderá fazer frente aos efeitos das mudanças climáticas projetadas para longo prazo. A capacidade de adaptação de uma sociedade está intimamente ligada ao seu desenvolvimento social e econô- mico, mas não se distribui por igual entre as sociedades. E, mesmo socie- dades com alta capacidade de adapta- ção são vulneráveis às mudanças do clima, à variabilidade e aos eventos climáticos extremos, como foi o caso da onda de calor que, em 2003, pro- vocou uma alta taxa de mortalidade, principalmente entre a população mais idosa do Hemisfério Norte, e o caso do furacão Katrina, que, em 2005, arrasou a cidade norte-americana de Nova Orleans. Vale ressaltar que esses exemplos de eventos climáticos extremos não têm uma relação direta, cientifi camente comprovada, com o aquecimento global. Sabe-se, ademais, que a adaptação e a mitigação não são op- ções que, por si só, evitariam todos os impactos das mudanças climáticas. Mas isso não desobriga os países de tomarem ati- tudes no sentido de buscar um desenvolvimento que combine sustentabilidade e crescimento econômico. Os especialistas reforçam a importância de se adotar medidas de adaptação para enfrentar os impactos que advirão do aquecimento global, inclusive dentro dos cenários mais modestos de es- tabilização de emissões. O IPCC alerta para o fato de que a adaptação não surtirá efeito em ecossistemas na- turais. Por exemplo, a perda do gelo marinho do Ártico e a perda da variabilidade de ecossistemas marinhos não seriam recuperáveis com medidas de adaptação. Figura 7.1. Imagem da devastação de Nova Orleans pelo furação Katrina, em 2005. N as a. w w w .n as a. g o v
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