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geografia de Urbanismo

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Índice 
Introdução	1
Objectivo Geral:	1
Objectivos Específicos:	1
Metodologia	1
1. Ocupações Desordenadas	2
1.1 Impactos Sócio Ambientais Decorrentes das Ocupações Desordenadas	4
1.1.1 Poluição Hídrica	6
1.1.2 Poluição Atmosférica	7
1.1.3 Poluição Visual	7
1.1.4 Poluição Sonora	8
1.1.5 Desmatamento	9
1.1.6 Diversos Problemas Ambientais	9
1.1.7 Ocupação Habitacional em Áreas de Risco	10
1.1.8 Alterações Climáticas Urbanas	11
1.1. 9 Saneamento e Lixo Urbano	12
1.2 O Papel do Direito quanto as Consequências da Ocupação Desordenada	12
Conclusão	15
Referências Bibliográficas	16
Introdução 
A cadeira de geografia de urbanismo estuda as áreas urbanas (que podem ser cidades ou vilas), e seus processos de produção, ou seja, enquanto fenómeno geográfico, a urbanização se apresenta como um conjunto de processos coordenados pela acção humana e cuja complexidade exige grande aprofundamento dos pesquisadores com vista a compreender como a cidade se produz e reproduz, como compreender um todo ao mesmo tempo homogéneo e heterogéneo, como as pessoas se inserem e são inseridas neste espaço. 
É nesse contexto que desenvolveu se o presente trabalho que ira abordar sobre as ocupações desordenada do espaço urbano e seu impacto sócio económico.
Objectivo Geral:
· Compreender os impactos das ocupações desordenadas do espaço urbano e seu impacto sócio económico; 
Objectivos Específicos:
· Definir ocupações desordenadas;
· Explicar seu impacto socioeconómico;
· Relacionar as ocupações desordenadas do espaço urbano e seu impacto sócio económico.
Metodologia 
O conjunto de procedimentos e técnicas de que se usam para atingir determinados fins quando se executa quaisquer trabalhos, particularmente, os de natureza científica chamamos de metodologia. Portanto, no âmbito da realização deste presente trabalho recorreu-se ao uso do método bibliográfico que consiste na consulta de informação, já tornada pública em relação ao tema em estudo, a partir de livros, boletins, jornais, e diversas pesquisas.
Este trabalho, obedece a seguinte estrutura: Introdução, objectivos, metodologia, análise e discussão dos dados, conclusão e Referências Bibliográficas.
1. Ocupações Desordenadas 
A ocupação desordenada é um fenómeno geográfico e social principalmente no Brasil, cujo nome é, de facto, muito auto-explicativo, pois ocorre quando os seres humanos ocupam uma determinada área ou certo lugar de maneira não planejada, de modo desorganizado. Ou seja, as pessoas passam a habitar um espaço físico sem uma prévia análise dos efeitos dessa ocupação sobre o referido espaço (Grostein, 2006, p. 36). 
Para Grostein (2006) o aumento da urbanização e de habitantes nas áreas urbanas faz crescer a degradação do meio ambiente, porque a urbanização traz mudanças e impactos ao meio ambiente, ao ser humano, a economia e a vida social. Três décadas consideradas como de importantes decisões políticas e económicas que contribuíram para expandir a distribuição espacial da população (p. 37). 
A ocupação urbana faz com que o sistema natural de drenagem fluvial e pluvial de uma localidade seja modificado, este fato traz a necessidade de intervenções que deveriam ser projetadas levando em consideração a integração geral do sistema de infra-estrutura urbana, a partir do lote por ser o elemento primário e primordial desse processo. A formação de uma cidade, se dá pela necessidade inerente ao ser humano de se associar, se inter-relacionar e se organizar em torno do bem-estar comum (Grostein, 2006, p. 37).
A vida urbana oferece uma diversidade de opções que contribui para o aumento dessa necessidade humana, o que resulta em grandes aglomerados urbanos. Essa aglomeração não está proporcionalmente relativa à capacidade de suporte do meio ambiente e o resultado são impactos ambientais que atingem o próprio homem. O ciclo hidrológico é impactado principalmente pela rápida taxa de urbanização (Grostein, 2006, p. 37).
Entretanto, ressalta se que, consequentemente a população e o meio ambiente sofrem esse impacto na forma de adoecimento e de mudanças fundamentais na drenagem que favorecem enchentes, deslizamentos e desastres resultantes do desequilíbrio no escoamento das águas.
Não são levadas em consideração, portanto, as consequências que tal ocupação pode causar tanto ao ambiente quanto, a médio ou a longo prazo, às próprias pessoas responsáveis pela ocupação desordenada. Sendo necessário destacar, desde logo, que a responsabilidade não pode recair apenas sobre estas pessoas, devendo ser dividida com os governantes (como Estado, de modo geral) por não tomarem as medidas adequadas à contenção desse fenómeno. Não cabe aqui a realização de um estudo histórico do fenómeno da ocupação desordenada. Entretanto, é válido frisar que ele é fruto da rápida industrialização ocorrida no período do pós-guerra e da conseguinte urbanização acelerada (Grostein, 2006, p. 37).
Na visão de Grostein (2006) a falta de planejamento para o crescimento populacional urbano faz com que, sem possuírem lugares adequados para se alocarem, as pessoas passem a ocupar locais inapropriados, como morros, encostas, planícies fluviais (margens de córregos e rios) e periféricas, acarretando não só a ocupação desordenada do espaço urbano das cidades, como também dando início ao processo de favelização (p. 38). 
A ocupação irregular às margens de rios, por exemplo, é uma das principais causas de assoreamento dos rios e, consequentemente, de inundações. É nesse ponto em que o problema se agiganta, uma vez que, não bastassem os problemas de ordem ambiental causados pela ocupação desordenada (poluição do ar, sonora e hídrica; destruição dos recursos naturais, etc), surgem ainda questões como desintegração social, desemprego, perda de identidade cultural e de produtividade económica, entre outros (Grostein, 2006, p. 38).
Os lugares onde ocorrem as ocupações são lugares marginalizados, no sentido de que estão à margem da ocupação original da área urbana. Sendo assim, trata-se de lugares aos quais o Estado não dedica a atenção que deveria. Neles dificilmente se encontra saneamento básico, electricidade e água de qualidade. São locais abandonados à própria sorte. Comunidades que cresceram sozinhas, sem Ocupação Desordenada planeamento ou auxílio estatal, e que continuam sozinhas, sem estado. O que se iniciou como um problema ambiental, resta claro, transformou-se em uma “bola de neve”. Um problema que atinge uma infinidade de pessoas em diversos aspectos da vida (Grostein, 2006, p. 38).
Com efeito, a rápida urbanização, ligada com a escassez de planeamentos e crises económicas, provoca total a desorganização no uso do espaço, o que gera bairros sem nenhuma infra-estrutura pelo preço da devastação de áreas verdes e fluviais. Desse modo, as peculiaridades da ocupação desordenada, portanto, são o surgimento das favelas (ocupação em morros e encostas), a ocupação das planícies fluviais (margens de córregos e rios) e de outros assentamentos irregulares, tais como loteamentos clandestinos e áreas de risco (Carvalho, 2006, p. 86).
1.1 Impactos Sócio Ambientais Decorrentes das Ocupações Desordenadas
A ocupação desordenada é um dos problemas urbanos contemporâneos. O crescimento populacional das grandes metrópoles, aliado à falta de uma política habitacional eficaz, provoca uma preocupante situação de uso e ocupação do solo em áreas naturalmente de riscos à habitação humana, que são agravados, sobretudo, pela constante retirada de mata ciliar, ameaçando a presença da população local em áreas de encostas sujeitas à erosão, assoreamento, enchentes e inundações. Desse modo, áreas urbanas que deveriam estar protegidas em virtude de serem classificadas como áreas de protecção permanente são ocupadas (Carvalho, 2006, p. 87).
Segundo Carvalho (2006) a ocupação desordenada é resultante da ocorrência de uma conjunção de diversos factores, como a falta de fiscalização por parte das autoridades públicas, que por negligência agem somente após a ocorrência de acidentes com perdas de vidas humanas. E de uma séria política de planeamentourbano, que não visasse, apenas e tão-somente, fins eleitorais (p. 87).
Segundo Carvalho (2006) é imperativo e assaz importante ressaltar que a ocupação habitacional nos grandes centros urbanos ocorre de maneira irracional e infelizmente, vale dizer, sem distinção de classes sociais. Isto é, a ocupação de áreas de risco nos grandes centros urbanos não é praticada apenas pela parte da população mais desprovida de recursos financeiros, segundo alguns autores ambientalistas (p. 88).
A pobreza é definida como a incapacidade de satisfazer as necessidades económicas. De acordo com um estudo do Banco Mundial realizado em 2002, metade da população mundial está tentando sobreviver com menos de dois dólares por dia. Milhões de pessoas nos países em desenvolvimento não possuem moradia e frequentemente têm de dormir nas ruas. As relações do homem com o meio ambiente há muito tem chamado a atenção da comunidade científica. Torna-se cada vez mais importante o estudo e manejo adequado das áreas, visando o seu uso racional, minimizando-se os impactos (Carvalho, 2006, p. 88).
A urbanização do planeta cresce aceleradamente. A população das cidades deverá dobrar, atingindo a marca de milhões de habitantes. Trata-se de uma urbanização intensa e, o que é pior, desordenada. A sociedade actual consome em demasia, e para tanto retira os recursos da natureza numa velocidade e escala bem maior do que a sua capacidade de regeneração. Na outra ponta, a geração de resíduos aumentou de tal maneira que ultrapassa a capacidade da natureza absorvê-los (Carvalho, 2006, p. 89).
A educação ambiental no Brasil, após anos de lutas dos ambientalistas, começou a ter um certo reconhecimento no cenário nacional na década de 90, cujo ápice foi a promulgação da Lei 9.795, em 28 de Abril de 1999, instituindo a Política Nacional de Educação Ambiental. Isso não significa, no entanto, a sua consolidação ou assunção de sua centralidade, apenas trata-se do seu reconhecimento político. Menos ainda há consenso sobre sua compreensão, natureza ou princípio (Levino & Moraes, 2008, p. 56).
Assim, a ocupação desordenada nos grandes centros urbanos é provocada por todos os tipos de classes sociais, rompendo com alguns mitos urbanos, que diziam que a ocupação de encostas era um problema normalmente associado à população carente de recursos financeiros. É notório que a própria paisagem natural atrai também as camadas mais abastadas da população para a ocupação de áreas, que se beneficiam de privilégios facilitando a realização se seus projectos e interesses pessoais, alterando o ambiente com obras e edificações sem planeamento, ocupando áreas de preservação permanente, que deveriam ser estar protegidas por leis ambientais ou áreas, que pela sua natural topografia, representa risco à habitação humana (Levino & Moraes, 2008, p. 56). 
Importa ressaltar que, tem se tornado comum os meios de comunicação noticiar as desastrosas, danosas e, muitas vezes, irreversíveis consequências de uma ocupação desordenada no espaço urbano. Bem como o descaso e omissão por parte dos órgãos fiscalizadores responsáveis, agravados pela falta de conscientização dos próprios moradores vitimados.
Essa crescente problemática social, que não é facilmente equacionada pelo Plano Director da cidade, demonstra uma urgente necessidade de uma conscientização da sociedade como um todo e principalmente dos órgãos públicos responsáveis pela gestão e fiscalização do uso do dinheiro público. Além do que, não há como saber quais serão os reais danos e impactos ambientais causados ao meio ambiente e, o que é pior, não existe nenhuma política de planeamento ou acção social em evidência por parte das autoridades responsáveis, buscando mitigar esse risco iminente de impacto negativo (Levino & Moraes, 2008, p. 57).
Enfim, a sociedade vem enfrentando esse grande desafio de resolver de forma segura e ambientalmente equilibrada o problema da ocupação urbana, em virtude do grande crescimento populacional. E, por conta disso, muitas pessoas acabam pagando um preço muito alto por conta da actual ocupação inadequada do espaço urbano nos grandes centros urbanos.
Para Levino e Moraes (2008) outros problemas ambientais decorrentes da urbanização são a impermeabilização do solo, poluição visual, poluição sonora, alterações climáticas, chuva ácida, ausência de saneamento ambiental, falta adequada de destinação e tratamento dos resíduos sólidos, efeito estufa, entre outros os quais serão descritos minuciosamente abaixo:
1.1.1 Poluição Hídrica
Também conhecida como poluição das águas, é caracterizada pela introdução de qualquer matéria ou energia responsável pela alteração das propriedades físico-químicas de uma molécula de água. Os principais responsáveis por esse tipo de poluição são os lançamentos de efluentes industriais, agrícolas, comerciais e esgotos domésticos, além de resíduos sólidos diversos. A qualidade das águas superficiais e subterrâneas fica, então, comprometida, afectando a saúde de espécies animais e vegetais em vários pontos do planeta (Levino & Moraes, 2008, p. 59).
Os prejuízos desse processo são imensos e envolvem crises no abastecimento, morte de espécies aquáticas, além da proliferação de doenças como a febre tifóide, meningite, cólera, hepatites A e B, entre outras. Outros factores negativos da poluição hídrica são: odor, grande concentração de mosquitos e eutrofização (quando o esgoto é lançado nos meios aquosos, o excesso de nutrientes provoca o crescimento de algas, impedindo a passagem da luz e a transferência do oxigénio atmosférico para o meio aquático) (Levino & Moraes, 2008, p. 60).
Afirma Levino e Moraes (2008) os nitratos presentes nos fertilizantes e os dejectos humanos e animais também contaminam as águas subterrâneas, que abastecem diversas populações. Isso ocorre principalmente nas áreas de intensa actividade agrícola, industrial e nos locais que não possuem saneamento básico (p. 60). 
Entretanto, evidencia-se dessa forma, que, quanto maiores e mais desordenadas forem as cidades, menor é o alcance do saneamento básico à toda população, o que contribui ainda mais para a poluição das águas e para a proliferação de doenças.
As medidas cabíeis para minimizar a poluição hídrica consistem em:
· Maiores investimentos para instalação de estações de tratamento de esgoto;
· Intensificação da fiscalização de indústrias;
· Educação ambiental para a população em geral;
· Utilização de produtos químicos na agricultura menos agressivos ao meio ambiente.
1.1.2 Poluição Atmosférica
A poluição do ar presente nos grandes centros urbanos de hoje é resultado, principalmente, da queima dos combustíveis fósseis como, por exemplo, carvão mineral e derivados do petróleo (gasolina e diesel). A queima destes produtos lança um alto nível de monóxido e dióxido de carbono na atmosfera terrestre. Ressalta-se que estes dois combustíveis são responsáveis pela geração de energia, responsável por alimentar os sectores industrial, eléctrico e de transportes de grande parte das economias do mundo. Colocá-los de lado, actualmente, é extremamente complicado (Carvalho, 2006, p. 90).
Para Carvalho (2006) este tipo de poluição tem provocado muitos problemas nas grandes cidades. A saúde das pessoas, por exemplo, é a mais afectada com a poluição atmosférica. Várias doenças respiratórias como a bronquite, rinite e asma levam milhares de adultos e crianças aos hospitais todos os anos. Os ecossistemas e ao património histórico e cultural das cidades restam totalmente danificados também. Exemplificando, como resultado desta poluição, a chuva ácida mata plantas, animais e vai corroendo, com o passar do tempo, monumentos históricos (prédios, monumentos, igrejas, etc.) (p. 90).
1.1.3 Poluição Visual
Dá-se o nome de poluição visual ao excesso de elementos ligados à comunicação visual (como cartazes, anúncios, propagandas, placas, etc.) dispostos em ambientes urbanos, especialmente em centros comerciais e de serviços (Carvalho, 2006, p. 91).
Também é considerada poluição visual algumas actuações humanas não necessariamente ligadasa publicidade, tais como o grafite, fios de electricidade e telefónicos, edifícios com falta de manutenção, lixo exposto não-orgânico, e outros resíduos urbanos. Para além de promover o desconforto espacial e visual daqueles que passam por estes locais, este excesso torna as cidades modernas mais saturadas, desvalorizando-as e tornando-as apenas um espaço de promoção do fetiche e das trocas comerciais capitalistas. No entanto o problema, não é a existência da propaganda, mas o seu descontrole (Carvalho, 2006, p. 91).
Entretanto, refere se que, certos municípios, quando tentam revitalizar regiões degradadas pela violência e pelos diversos tipos de poluição, baixam normas contra a poluição visual, determinando que as lojas e outros geradores desse tipo de poluição mudem suas fachadas a fim de tornar a cidade mais harmónica e esteticamente agradável ao habitante e turista (Grostein, 2006, p. 42).
A poluição visual degrada os centros urbanos pela não coerência com a fachada das edificações, pela falta de harmonia de anúncios, logótipos e propagandas. O indivíduo perde, em certo sentido, a sua cidadania (no sentido de que ele é um agente que participa activamente da dinâmica da cidade) para se tornar apenas um espectador e consumidor (Grostein, 2006, p. 42).
Por fim, ela agride a sensibilidade humana (influencia a mente e afecta mais psicologicamente do que fisicamente); prejudica a sinalização do trânsito, trazendo problemas de segurança aos cidadãos; obstrui passeios, trazendo transtornos aos pedestres. Contudo, pode-se dizer que a consequência mais nefasta da poluição visual seja a descaracterização do conjunto arquitectónico das cidades, especialmente observado no centro e nos bairros históricos (Grostein, 2006, p. 42).
1.1.4 Poluição Sonora
De acordo com Grostein (2006) é considerado poluição sonora qualquer ruído que ultrapasse os limites estabelecidos pela legislação, ou que seja capaz de provocar desconforto e prejudicar a saúde humana. Exemplos de poluição sonora são os sons produzidos por motores de carros e motos, buzinas, carros de som, aviões, etc (p. 43).
Esta poluição, assim como a visual, é considerada uma forma mais recente de poluição porque está fortemente relacionada a grande concentração de pessoas, indústrias, veículos, meios de comunicação e outros ruidosos integrantes dos grandes centros urbanos (Grostein, 2006, p. 43).
No entanto, convém apontar que, por ser impossível de se enxergar, a poluição sonora muitas vezes passa desapercebida, ou então, as pessoas acabam se acostumando a ela. O que pode ainda ser agravado pela característica de causar perda gradativa de audição.
Segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde), o nível máximo de ruído que o ouvido humano pode aguentar, sem que haja prejuízos para sua saúde, é 65 dB (decibéis). A partir daí, podem ser causados problemas, que vão desde o estresse e a insónia por causa do barulho, até a perda irreversível da capacidade auditiva (Grostein, 2006, p. 43).
1.1.5 Desmatamento
Entende-se por desmatamento a operação de supressão total da vegetação nativa de determinada área para o uso alternativo do solo. É o processo de desaparecimento de massas florestais, fundamentalmente causada pela actividade humana sobre a natureza, principalmente devido a abates realizados pela indústria madeireira, tal como para a ampliação de áreas para cultivos agrícolas, criações ou expansão urbana (Grostein, 2006, p. 44).
Conclui se que a retirada de toda vegetação original (nativa) de uma determinada área caracteriza o desmatamento.
1.1.6 Diversos Problemas Ambientais
Perda de biodiversidade - degradação dos mananciais; a retirada da mata que protege as nascentes, rios e lagos causa sérios problemas ao bem que está cada vez mais escasso em todo o mundo: a água (Carvalho, 2006, p. 94). 
Aterramento de rios e lagos - com o solo sem cobertura vegetal abundante, a erosão ocorre em maior intensidade e frequência, carreando o solo diretamente para os leitos de rios e lagos. Esse processo faz com que a vazão dos rios seja comprometida aumentando a frequência e intensidade de enchentes (Carvalho, 2006, p. 94).
Para Grostein (2006) Redução do regime de chuvas - pode não parecer, mas a maior parte da água das chuvas continentais vem das próprias áreas continentais, e não do mar. A derrubada de grandes áreas com matas altera o clima das regiões, causando normalmente períodos estendidos de estiagem (p. 45).
Redução da humidade relativa do ar - a evapotranspiração das folhas é um dos principais reguladores da humidade do ar, além de promover a regulação da temperatura nos ambientes. A derrubada de matas deixa o ar mais seco e a temperatura mais elevada e instável (Grostein, 2006, p. 45).
Entretanto, importa referir que, o aumento do efeito estufa - as florestas são grandes reservas de carbono, que guardam o carbono em sua estrutura orgânica. Ao queimarmos essas florestas, quase todo o carbono absorvido pelas plantas volta à atmosfera, causando considerável aumento no efeito estufa, tornando o planeta ainda mais quente (Grostein, 2006, p. 45).
Comprometimento da qualidade da água - a maior erosão e lixiviação causada pelo desmatamento fazem com que a qualidade da água seja comprometida, tornando-a sempre turva e muitas vezes imprópria para ao consumo. Desertificação - a retirada de matas associada a manejos inadequados do solo, tem causado a desertificação dos ambientes, onde a ausência de vida predomina (Grostein, 2006, p. 46).
1.1.7 Ocupação Habitacional em Áreas de Risco
Afirma Grostein (2006) que o deslizamento é um fenómeno provocado pelo escorregamento de materiais sólidos, como solos, rochas, vegetação e/ou material de construção ao longo de terrenos inclinados, denominados de encostas. Ocorre em áreas de relevo acidentado, das quais foram retiradas a cobertura vegetal original que é responsável pela consistência do solo e que impede, através das raízes, o escoamento das águas (p. 46). 
O deslizamento de terra se difere dos processos erosivos pela quantidade de massa transportada a uma grande velocidade. Esses fenómenos naturais e/ou antrópicos, causam problemas imediatos para a população, independente de sua condição social, e também para o meio ambiente. O Brasil, pelo fato de ter predominância de clima tropical, existem grandes índices pluviométricos no verão, que corresponde ao período chuvoso, com isso as encostas naturalmente são locais de risco ao deslizamento de terra (Grostein, 2006, p. 46).
Entretanto, convém apontar que é notório que os deslizamentos em encostas e morros urbanos vêm ocorrendo com uma frequência alarmante nestes últimos anos, devido ao crescimento desordenado das cidades, com a ocupação de novas áreas de risco, principalmente pela população mais carente.
Muitas cidades, em sua expansão, avançam para terrenos topograficamente mais inclinados e geologicamente instáveis. É o caso da ocupação de vertentes de morros ou de obras efectuadas em áreas extremamente susceptíveis à intempéries intensas ou solos fragilizados.
A época de ocorrência dos deslizamentos coincide com o período das chuvas, intensas e prolongadas, visto que as águas escoadas e infiltradas vão desestabilizar as encostas. Nos morros, os terrenos são sempre inclinados e, quando a água entra na terra, pode acontecer um deslizamento e destruir as casas que estão em baixo. Desta maneira, os escorregamentos em áreas de encostas ocupadas costumam ocorrer em taludes de corte, aterros e taludes naturais agravados pela ocupação e acção humana (Grostein, 2006, p. 47).
Quando ocorrem as precipitações o solo absorve uma parcela da água, no entanto, outra parte se locomove em forma de enxurrada na superfície do terreno, a parte de água que se infiltra no solo se confronta com alguns tipos de rochas impermeáveis, com isso a água não encontra passagem e começa acumular-se em único local tornando, dessa forma, o solo saturado de humidade que não consegue suportar e se rompe, desencadeando o deslizamento de terras nas encostas até a base dos morros (Levino & Moraes, 2008, p. 64).
Os motivosque desencadeiam esse processo estão ligados à retirada da cobertura vegetal de áreas de relevo acidentado, habitação humana em locais impróprios, oferecendo condições propícias para o desenvolvimento de deslizamentos em encostas (Levino & Moraes, 2008, p. 64).
1.1.8 Alterações Climáticas Urbanas
Um problema comum nas cidades é a poluição do ar e das águas. Além disso, a vegetação escassa e o excesso de concreto e de asfalto formam ilhas de calor, elevando a temperatura urbana. A inversão térmica é um fenómeno meteorológico que provoca grandes danos para a saúde da população urbana. Nas cidades, em dias frios, de pouco vento e baixa humidade (geralmente no inverno), o solo e o ar próximo à superfície resfriam-se muito depressa, formando uma camada densa que permanece estacionada sobre a cidade (Levino & Moraes, 2008, p. 65).
A temperatura então cai, e os poluentes que normalmente seriam levados pelo ar quente ascendente e dissipados na estratosfera ficam retidos nas camadas baixas da atmosfera, próximos à superfície. Esse fenómeno é comum em metrópoles como São Paulo, Nova Iorque e Londres. Outra consequência da poluição do ar é a chuva ácida, produzida pela precipitação de gotas e água carregadas de ácidos. As indústrias, os veículos automotores e a queima de carvão liberam resíduos gasosos, como óxido de enxofre e de nitrogénio. Esses resíduos entram em reacção química com a água suspensa no ar, formando os ácidos sulfúrico ou nítrico, que precipitam em forma de chuva, neve ou neblina (Levino & Moraes, 2008, p. 66).
Por acção dos ventos, as nuvens e o ar contaminado podem se deslocar por muitos quilómetros e se precipitar em lugares bem distantes do local de origem da poluição. Esse tipo de chuva afecta lagos, rios, solos e plantações, provocando a morte da vegetação e de animais e prejuízo à saúde humana, além de corroer construções e diversos materiais (Levino & Moraes, 2008, p. 67).
Em áreas de grande expansão urbana, os processos erosivos se tornam uma ameaça para a população. A erosão pode estar relacionada a obras civis ou ser resultado de processos naturais, decorrentes das características do sítio no qual a cidade foi instalada. Há, ainda, lugares onde essas duas causas influem nos eventos e catástrofes resultantes da erosão em solo urbano (Levino & Moraes, 2008, p. 68).
1.1. 9 Saneamento e Lixo Urbano
Com o crescimento e multiplicação das cidades, surgiu outro grande problema ambiental: a escassez de áreas para destinação do lixo sólido. O maior consumo de produtos industrializados e, sobretudo, de produtos descartáveis, aumentou o volume do lixo assustadoramente, tornando seu destino um dos maiores problemas da sociedade moderna (Levino & Moraes, 2008, p. 68).
Na maioria dos das cidades do mundo menos desenvolvido, as montanhas de lixo geradas diariamente são depositadas em lixões a céu aberto. Esse modo de destinação final do lixo causa graves problemas ambientais e a deterioração dos materiais exala odores fortes, contamina as águas superficiais e subterrâneas pela infiltração do chorume – líquido proveniente da decomposição do lixo – e é foco de transmissão de doenças à população do seu entorno.
1.2 O Papel do Direito quanto as Consequências da Ocupação Desordenada
Vê se, portanto, que não se trata mais apenas de uma questão concernente ao Direito Ambiental. Passaram também a estar envolvidas neste mérito questões de ordem social, económica, e de segurança pública. É importante destacar que os recursos ambientais não são inesgotáveis, tornando-se inadmissível que as actividades económicas desenvolvam-se alheias a esse fato (Levino & Moraes, 2008, p. 70).
Por isso a Ocupação desordenada vai de encontro à ideia de Desenvolvimento sustentável, e é papel do Direito proteger o meio ambiente, mas também garantir o fenômeno desenvolvimentista e torná-los um objetivo comum, pressupondo a convergência de objetivos das políticas de desenvolvimento econômico, social, cultural e de proteção ambiental. Essa ocupação desordenada, muitas das vezes, se dá sem o devido licenciamento ambiental, que consiste em uma série de etapas que compõem o procedimento administrativo, o qual objetiva a concessão de licença ambiental, gerando graves impactos ambientais nas áreas ocupadas (Levino & Moraes, 2008, p. 70).
Por tal razão, é de extrema importância que seja feito um estudo prévio, fazendo um zoneamento ambiental objetivando disciplinar de que forma será compatibilizado o desenvolvimento industrial, as zonas de conservação da vida silvestre e a própria habitação do homem, tendo em vista a manutenção de uma vida com qualidade às presentes e futuras gerações. 
Nas palavras de “Não se deve perder de vista que a própria função social da propriedade ganha relevo nesse campo, porque, como sabemos, a propriedade cumpre essa função na medida em que atende às diretrizes traçadas pelo plano diretor, o qual nada mais é que um instrumento com o propósito de garantir bem-estar aos habitantes de determinado Município.” (Curso de Direito ambiental brasileiro (Levino & Moraes, 2008, p. 71).
Segundo Levino e Moraes (2008) o melhor exemplo para se falar em ocupação desordenada é no âmbito do meio ambiente artificial. Este é compreendido pelo espaço urbano construído, consistente no conjunto de edificações e pelos equipamentos públicos. Dessa forma, todos os espaços construídos, bem como os habitáveis pelo homem compõem o meio ambiente artificial. Esse conceito relaciona-se com o conceito de cidade, que passou a ter natureza jurídica ambiental, tanto pela CF de 1988, quanto pelo Estatuto da Cidade (p. 72). 
A garantia do direito a cidades sustentáveis como diretriz geral vinculada aos objetivos da política urbana estabelece um patamar de direitos metas individuais destinados a brasileiros e estrangeiros residentes no país dentro de uma perspectiva de tutela do meio ambiente artificial, que procura realizar os objectivos do Estatuto Democrático de Direito (Levino & Moraes, 2008, p. 71). 
De acordo com o Levino e Moraes (2008),
Claro está que será por meio dos instrumentos da política urbana criados no Estatuto da Cidade – e sem dúvida alguma no âmbito do Plano Diretor de cada uma das cidades do Brasil – que o direito à terra urbana, à moradia, ao saneamento ambiental, à infraestrutura urbana, ao transporte, aos serviços públicos, ao trabalho e ao lazer poderão ser de fatos estabelecidos, o que nos leva a compreender a extraordinária importância da gestão orçamentária participativa, prevista no art. 4°, III, f, do Estatuto da Cidade, como importante instituto econômico destinado a viabilizar recursos financeiros para que cada cidade possa organizar seu desenvolvimento sustentado em face não só de suas necessidades mas particularmente de suas possibilidades (p. 71).
Por isso, podemos concluir que o Direito terá um papel determinante no controle da ocupação desordenada, pois, harmonizando-se com os fundamentos do Estado Democrático de Direito, a diretriz geral da garantia do direito a cidades sustentáveis propiciará a todos brasileiros e estrangeiros que aqui residem uma tutela mais adequada ao equilíbrio ambiental, finalidade maior pretendida por nosso legislador para alcançar a plenitude de um país verdadeiramente preocupado com a dignidade da pessoa humana (Levino & Moraes, 2008, p. 71). 
Conclusão 
O presente trabalho abordou essencialmente sobre as ocupações desordenadas do espaço urbano e seu impacto sócio económico 
Com a realização do presente trabalho, concluiu se que, a rápida urbanização, ligada com a escassez de planeamentos e crises económicas, provoca total a desorganização no uso do espaço, o que gera bairros sem nenhuma infra-estrutura pelo preço da devastação de áreas verdes e fluviais. Desse modo, as peculiaridades da ocupação desordenada, portanto, são o surgimento das favelas (ocupação em morros e encostas), a ocupação das planícies fluviais (margens de córregos e rios) e de outros assentamentos irregulares, tais como loteamentos clandestinos e áreas de risco.
Referências Bibliográficas
Carvalho,L. M. de. (2006). Relatório Cientifico Final. “Vazios” urbanos de Maceió: fronteiras 
e interstícios da urbanização (o caso dos bairros Cidade Universitária e Barro Duro). Maceio – Al, Brasil.
Grostein, M. D. (2006). Metrópole e expansão urbana: a persistência de processos 
“insustentáveis”. São Paulo em Perspectiva. Brasília – DF.
Levino, N. A; Moraes, D. C. (2008). Análise da degradação ambiental do Complexo Estaurino-
Lagunar Mundaú/Manguaba – Alagoas. Bauru.	 
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