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DESCRIÇÃO Protocolos para aquisição de imagens e tratamento em medicina nuclear; abordagem das modalidades SPECT e PET e seus respectivos radiofármacos. PROPÓSITO Apresentar os principais exames realizados em medicina nuclear, relacionando os radiofármacos a suas respectivas regiões de afinidade e características físicas intrínsecas. OBJETIVOS MÓDULO 1 Identificar os protocolos para exames de pesquisa de corpo inteiro, tireoide e coração MÓDULO 2 Reconhecer protocolos para exames renais, pulmonares e ósseos INTRODUÇÃO Para a realização de exames para diagnóstico por imagens em medicina nuclear, vários aspectos devem ser observados. Uma vez que exista a indicação para um determinado exame, há protocolos específicos a serem seguidos. Eles foram criados a partir da compilação de vários anos de experiência clínica, reunindo dados de pesquisa, estudos de casos e padronizações. Algumas práticas não possuem um protocolo específico, mas vários protocolos, baseados em diversas pesquisas; cada um deles com as suas vantagens e desvantagens. Para esses casos, a equipe médica do serviço decide qual é o melhor protocolo a ser seguido, de acordo com as próprias peculiaridades. Detalhes como tempo de aquisição e número de contagens podem variar de acordo com o fabricante do equipamento, mas o tipo de radiofármaco, o radionuclídeo, o resultado esperado, dentre outros, são basicamente os mesmos para qualquer serviço. Assim, os protocolos que serão apresentados abordam as linhas gerais para a realização de cada imagem. Não serão abordados detalhes peculiares a determinado serviço, mas aqueles que são comuns a qualquer serviço de medicina nuclear. MÓDULO 1 Identificar os protocolos para exames de pesquisa de corpo inteiro, tireoide e coração PESQUISA DE CORPO INTEIRO (PCI) E TIREOIDE A pesquisa de corpo inteiro (PCI) é muito utilizada para mapeamento de metástase associada ao câncer de tireoide. Como parte do protocolo para tratamento, após o procedimento de terapia de ablação, utilizando com 131I, é necessário que seja realizada, periodicamente, a aquisição de imagem de corpo inteiro. A PCI também é utilizada na pesquisa de outros tipos de carcinomas. O procedimento básico para tireoide é administrar ao paciente uma solução oral de iodeto de sódio marcado com 123I ou 131I ou em cápsulas. Para outras indicações, utiliza-se solução intravenosa de metaIodobenzilguanidina (MIBG). Para imagens das paratireóides, o 99mTc pode ser utilizado quando o marcador for o fármaco sestamibi. O sestamibi possui outras aplicações, tais como exames do coração e da mama. IODETO DE SÓDIO 123I De acordo com TAUHATA (2014), o 123I emite radiação gama com pico em 159keV, mais compatível com o cristal cintilador do SPECT, sendo mais vantajoso em relação ao 131I. Outra vantagem é sua meia-vida de 13,2 horas, simplificando o processo de gerência de rejeitos radioativos. Todavia, sua meia-vida curta pode ser um complicador quando a distância entre o serviço de medicina nuclear e o cíclotron que o produz for relativamente grande. Para esses casos, o 131I pode ser mais indicado. SPECT Técnica tomográfica de imagem médica da medicina nuclear que utiliza a radiação ionizante de raios gama. javascript:void(0) javascript:void(0) CÍCLOTRON Equipamento no qual um feixe de partículas sofre a ação de um campo elétrico com uma frequência alta e constante e um campo magnético perpendicular estático. Na forma de iodeto de sódio, o 123I é utilizado em estudos de captação de iodo para a determinação da prescrição de 131I na terapia de ablação ou de hipertireoidismo. As imagens obtidas com 123I são importantes na diferenciação entre hipertireoidismo, tendo como causas principais o bócio nodular ou a doença de Graves, dentre outras. Esse exame também permite a avaliação de tecido tireoidiano ectópico e outras avaliações com base na morfologia da glândula tireoide. Outra aplicação é no estadiamento e reestadiamento do carcinoma de tireoide, sendo muito importante para a determinação da eficácia do tratamento. ECTÓPICO Fora do lugar de origem. [...] PARA A AQUISIÇÃO DAS IMAGENS, ADMINISTRA- SE A DOSE AO PACIENTE E AGUARDA-SE O PERÍODO DE CAPTAÇÃO, QUE PODE VARIAR DE ACORDO COM A INDICAÇÃO DO EXAME. A TÉCNICA DE AQUISIÇÃO DE IMAGENS É A PINHOLE. A DOSE DE javascript:void(0) javascript:void(0) RADIOFÁRMACO É CALCULADA A PARTIR DO PESO DO PACIENTE. POR EXEMPLO, PARA UM PACIENTE COM 70KG, SERIA ADMINISTRADO 19MBQ (0,5MCI); AS IMAGENS OBTIDAS SÃO AVALIADAS POR UM MÉDICO ESPECIALISTA. Camargo, 2015. PINHOLE Processo fotográfico em que se dispensa a utilização de lentes. A fotografia é obtida a partir de um compartimento vedado à entrada de luz, com apenas um pequeno orifício em uma das extremidades. A luz entra por esse pequeno orifício (pin-hole) e projeta a imagem exterior no fundo do compartimento. Após o processo de aquisição das imagens, é recomendado que o paciente faça a ingestão de líquidos para estimular a eliminação do radiofármaco pela urina. IODETO DE SÓDIO 131I O 131I sofre decaimento beta negativo e emite radiação gama. O pico de energia dessas partículas beta é de 606keV e da radiação gama de 364keV. Sua meia-vida é de 8,02 dias e, no processo de decaimento, 89% das partículas emitidas são do tipo beta negativo e 11% do tipo gama (Tauhata, 2014). Por ser emissor beta, o 131I, na forma de iodeto de sódio, é utilizado para terapia de tireoide, para o tratamento do carcinoma e para o tratamento do hipertireoidismo. Pelo fato de ser emissor gama, esse radiofármaco também pode ser utilizado para realização de imagens no SPECT. Nesse caso, existe algumas desvantagens, como a alta energia da emissão gama, estando fora da faixa ideal de detecção do cristal cintilador. As doses administradas aos pacientes variam de 37MBq (1mCi) até 185MBq (5mCi). Sua meia-vida relativamente alta é um fator complicador no processo de gestão de rejeitos. As indicações para diagnóstico por imagem são as mesmas do 123I. MIBG 123I Esse radiofármaco possui afinidade com sistema neuroendócrino, permitindo a realização de imagens para diagnosticar câncer e suas metástases. Torna possível a localização de feocromocitoma, neuroblastoma, dentre outros. Também é utilizado para estadiamento do câncer, acompanhamento da terapia e avaliação de recidiva. Sua eficácia é menor quando o câncer está localizado no abdômen ou na cabeça. SAIBA MAIS O cálculo da dose intravenosa a ser administrada é baseado no peso do paciente. Por exemplo, para um paciente com 70kg, é recomendado uma dose de 400MBq (10,8mCi). A figura 1 mostra uma cintilografia de corpo inteiro utilizando MIBG 123I. As imagens demonstram a captação na região superior aos rins, bilateralmente. A biópsia realizada após a cirurgia identificou o câncer como feocromocitoma. Fonte: Wikimedia Figura 1: As imagens de cintilografia de corpo inteiro com o MIBG 123I. De acordo com a figura 1, é possível identificar: A A imagem foi obtida 4 horas após a administração. B A imagem foi obtida 24 horas após a administração. As setas indicam os locais de captação. C E D Imagens fundidas com tomografia (SPECT CT), indicando o local de captação sendo as glândulas adrenais. A seguir, na figura 2, podemos ver uma cintilografia de corpo inteiro 24 horas após a administração de MIBG 123I, em que percebemos, nitidamente, a captação na bexiga. O sistema renal é uma das principais formas de eliminação do radiofármaco, sendo normal essa região aparecer na imagem de forma proeminente, sem significar anormalidade. Outros pontos de captação visíveis na imagem são a tireoide, fígado e a glândula adrenal do lado esquerdo. javascript:void(0) javascript:void(0) javascript:void(0) Fonte: Wikimedia Figura 2: Cintilografia de corpo inteiro com MIBG 123I, com diagnóstico de feocromocitoma. MIBG 131I Esse radiofármaco é utilizado para diagnósticos de câncer do sistema neuroendócrino, da mesma forma que o MIBG 123I. Pode ser também utilizadona terapia de câncer medular da tireoide metastático, câncer inoperável etc. A dose intravenosa a ser administrada é determinada pelo peso do paciente. Para diagnóstico, varia de 40MBq (1,2mCi) até 80MBq (2,4mCi) e, para terapia, varia de 3,7GBq (100mCi) até 11,2GBq (300mCi). Veja na figura 3 uma cintilografia de corpo inteiro após 24 horas de administração de MIBG 131I. Houve captação no fígado, conforme podemos observar, com sugestão de comprometimento da glândula adrenal direita. Fonte: EnsineMe Figura 3: Cintilografia com MIBG 131I. PERTECNETATO DE SÓDIO (99MTC) O tecnécio 99 metaestável é um radionuclídeo emissor de radiação gama, com pico de emissão em 140keV e meia-vida de 6,02 horas, decaindo em tecnécio 99 estável. Por ser a faixa de energia ideal para a detecção no cristal do SPECT e ter meia-vida relativamente baixa, simplificando o processo de gerência de rejeitos, esse radionuclídeo é o mais utilizado em medicina nuclear. Ele é obtido por meio de um gerador de molibdênio 99, e pode ser utilizado para marcação em diversos fármacos, fato que lhe confere grande versatilidade (CAMARGO, 2015). RECOMENDAÇÃO DE PROTOCOLOS E PRÁTICAS A dose recomendada depende da indicação específica do exame. Para um adulto com 70kg, tipicamente, administra-se de 75MBq (2mCi) até 370MBq (10mCi) para imagens de tireoide. As indicações para imagem de tireoide são as mesmas do iodeto de sódio (123I e 131I). Outras indicações são para análise funcional e do parênquima das glândulas salivares, mucosa gástrica ectópica, estudos cardíacos de primeira passagem, dentre outras. Veja na figura 4, exemplos de imagens de cintilografia de tireoide realizadas com pertecnetato. Fonte: Wikimedia Figura 4: Imagens de cintilografia de tireoide obtidas com a técnica de pinhole. De acordo com a figura 4, é possível identificar o seguinte: A Tireoide normal. B Tireoide apresenta doença de Graves, com aumento da captação difusa em ambos os lobos da tireoide. C Caso da doença de Plummers ou bócio multinodular tóxico. javascript:void(0) javascript:void(0) javascript:void(0) D Adenoma tóxico. E Tireoidite. SESTAMIBI 99MTC Quando se utiliza o pertecnetato de sódio 99mTc para marcar moléculas de tetrafluorborato tetramibi cuproso, sestamibi ou simplesmente MIBI, é possível a obtenção de imagens das glândulas paratireóides, tornando viável a localização de adenomas, dentre outros diagnósticos. SAIBA MAIS A dose intravenosa do radiofármaco deve ser determinada a partir do peso do paciente. Por exemplo, em um adulto com 70kg se administra de 200MBq (5mCi) até 800MBq (20mCi). A figura 5 mostra imagem da tireoide obtida com sestamibi. Adicionalmente, foi utilizada a técnica de subtração de imagens. O diagnóstico é de adenoma de paratireoide adjacente ao polo inferior esquerdo da glândula. O estudo foi realizado com sestamibi (1ª coluna) e iodo 123 (2ª coluna), com imagens adquiridas simultaneamente, e a técnica de subtração (3ª coluna). javascript:void(0) javascript:void(0) Fonte: Wikimedia Figura 5: Imagem da tireoide obtida com sestamibi 99mTc e com iodeto de sódio 123I. MODOS DE ADMINISTRAÇÃO As imagens de tireoide requerem que o paciente seja preparado anteriormente para maximizar o efeito do radiofármaco nas imagens. O principal preparo diz respeito à dieta do paciente. Deve ser restringida a ingestão de alimentos e medicamentos que contenham iodo, tais como frutos do mar, folhas verdes e xaropes para tosse. Também deve ser evitado o uso de demais produtos que contenham iodo, como tinturas de cabelo. Nesse período, é administrado hormônio sintético para compensar os efeitos da diminuição da atividade da tireoide. De forma geral, as aquisições das imagens são realizadas pelo menos em dois momentos distintos. Primeiramente, duas horas após a administração do radiofármaco e, em seguida, após 48 horas da administração do fármaco. O quadro a seguir resume as doses administradas e a forma de administração de radiofármacos utilizados em exames de tireoide. Radiofármaco Forma de administração Dose (adulto 70kg) Iodeto de sódio 123I Via oral 19MBq (0,5mCi) Iodeto de sódio 131I Via oral 37MBq (1mCi) a 185MBq (5mCi) MIBG (123I e 131I) Intravenosa 40MBq (1,2mCi) a 80MBq (1,4mCi) Pertecnetato de sódio Intravenosa 75MBq (2mCi) a 370MBq (10mCi) Sestamibi 99mTc Intravenosa 200MBq (5mCi) a 800MBq (20mCi) Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal CÁLCULO DA DOSE DE RADIOFÁRMACO As doses de radiofármaco não devem ser confundidas com as doses de radiação, pois são coisas distintas. Em medicina nuclear, as doses são, na verdade, atividades que o radiofármaco deverá possuir para ser administrado ao paciente. O médico calcula as doses de acordo com o protocolo adotado pelo serviço, mas, geralmente, é seguida da recomendação da bula do radiofármaco. No caso de terapia com 131I em cápsulas de iodeto de sódio, por exemplo, a dose pode ser determinada a partir da dose de radiação em Gray (Gy), estabelecida pelos protocolos clínicos, considerando o volume a ser tratado, dados da captação do paciente, dentre outros fatores. Na maioria das vezes, é recomendado que as doses sejam estabelecidas a partir do peso do paciente. Novamente, não podemos esquecer que, dependendo do objetivo e da forma como é apresentado o radiofármaco, a metodologia pode variar. O quadro 2 lista o Fator Multiplicador (FM) para o MIBG. Também são listados alguns valores de massa dos pacientes. A dose em MBq é calculada multiplicando a atividade base de 28MBq pela massa do paciente: A = 28 x FM. Na tabela que segue, você poderá ver exemplos de alguns dados para cálculo da dose de MIBG para tumores neuroendócrinos. Peso (kg) FM 20 4,86 30 6,86 40 8,86 Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal Agora que você tem os dados para cálculo, veja dois exemplos. EXEMPLO 1 EXEMPLO 2 EXEMPLO 1 Vamos calcular a dose de MIBG 123I para um paciente com 20kg, e outro com 40kg, considerando o quadro que acabamos de ver: • Paciente com 20kg: A = 28 x FM = 28 X 4,86 = 136MBq • Paciente com 40kg: A = 28 x FM = 28 X 8,86 = 248MBq EXEMPLO 2 Vamos determinar a dose de sestamibi para um paciente com 60kg, considerando a situação de repouso, atividade base igual a 28MBq para protocolo de um dia e de estresse, atividade javascript:void(0) base igual a 84MBq. O fator multiplicador (FM) é igual a 12,71. • Dose para repouso: A = 28 x 12,71 = 355,88 = 356MBq • Dose para estresse: A = 84 x 12,71 = 1,07GBq ESTRESSE Em medicina nuclear, o estresse se refere a situações de atividade física, ou seja, situações de esforço, não se relacionando com situações mentais/psicológicas. Podemos ver que as aplicações de um radiofármaco podem ser bastantes diversificadas. Alguns são utilizados para imagens e para terapia, como no caso dos fármacos marcados com 131I. A própria dose terapêutica pode ser utilizada para realizar as imagens. Outros são utilizados para imagens, mas diversos órgãos podem ser diagnosticados. De fato, as pesquisas com novos radiofármacos estão em desenvolvimento, existindo grande potencial para novas aplicações. EXAMES DO CORAÇÃO Vejamos, agora, alguns protocolos indicados para os principais exames do coração. CINTILOGRAFIA MIOCÁRDICA Há diversos radiofármacos que podem ser marcados com tecnécio 99m. Cada um deles explora características específicas do coração que são utilizadas de acordo com a indicação clínica. Também existe outros fármacos marcados com tálio 201, flúor 18, dentre outros, possibilitando imagens PET e SPECT, cada um com a sua especificidade. Vamos descrever alguns dos principais exames realizados para estudar o coração e, ao final, será apresentado um exame que utiliza o SPECT como se fosse um PET, ou seja, detecção por coincidência utilizando SPECT. SESTAMIBI 99MTC Esse radiofármaco é utilizado para análise de perfusão miocárdica. O sestamibi, também chamado de MIBI, seráabsorvido pelas células musculares do coração. Geralmente, conecta- se o SPECT a um equipamento de eletrocardiograma (ECG) para sincronizar a aquisição das imagens com as batidas do coração, evitando artefatos de movimento. O sincronismo com o EGC também permite a visualização de imagens em modo cine, ou seja, em movimento, também chamado de imagem dinâmica. Para Hironaka (2017) no estudo de perfusão, é analisada a fisiologia e a morfologia do coração e a sua alteração devida ao fluxo sanguíneo nas etapas do ciclo cardíaco, principalmente o ventrículo esquerdo e estruturas adjuntas. Veja, na imagem a seguir, uma representação do ciclo cardíaco e os itens que podem ser analisados a partir dela. • Fechamento da válvula A-V • Abertura da válvula aórtica • Contração isovolumétrica ventricular • Ejeção • Relaxamento isovolumétrico ventricular • Enchimento ventricular rápido • Sístole atrial • Abertura da válvula A-V Fonte: Wikimedia Figura 6: Ciclo cardíaco. Fonte: Photographee.eu / Shuttertock.com Figura 7: Teste ergométrico. Para esse exame, é comum a realização com o paciente em repouso, seguido de nova aquisição de imagens, após colocar o paciente em situação de esforço. Por esse motivo, os serviços que realizam esse exame devem possuir uma sala de ergometria, dotada de esteira para esforço. A sala de ergometria deve ser preparada segundo os quesitos de proteção radiológica para poder receber pacientes injetados. Alternativamente, podem ser utilizados mecanismos farmacológicos para indução de estresse. Primeiramente, se administra a dose e se realiza as imagens de repouso. Depois, o paciente é submetido a esforço na esteira, quando se administra nova dose e são feitas as imagens de estresse. Para protocolo de repouso, a aquisição das imagens é realizada de 30 a 90 minutos após a administração da dose de radiofármaco. Para protocolo de esforço, as imagens são realizadas de 15 a 30 minutos após a administração da dose de radiofármaco. A dose intravenosa recomendada para paciente com 70kg é de 400MBq (11mCi) até 500MBq (14mCi) para protocolo de um dia, na primeira administração e, três vezes mais para a segunda administração. Para protocolo de dois dias, a dose recomendada é de 600MBq (16mCi) até 900MBq (25mCi) por estudo. O estudo, geralmente, é dividido em oito imagens, representando as oito fases do ciclo cardíaco. A figura 8 mostra um esquema com as regiões analisadas do ventrículo esquerdo em cortes tomográficos típicos em exames de coração. Fonte: EnsineMe Figura 8: Representação dos cortes tomográficos do ventrículo esquerdo. De acordo com a imagem você pode notar: EXEMPLO A I é a parede do ventrículo esquerdo, II é o ramo esquerdo da artéria circunflexa, III é a artéria coronária direita e IV indica a artéria coronária descendente esquerda. EXEMPLO B V é a artéria descendente esquerda, VI indica a artéria coronária direita e VII representa o ramo esquerdo da artéria circunflexa. javascript:void(0) javascript:void(0) EXEMPLO C VIII é a artéria descendente esquerda, IX representa a artéria coronária direita e X é a artéria descendente esquerda. Podemos comparar as figuras 8 e 9 e perceber, exatamente, onde são feitos os cortes tomográficos exemplificados na figura 8. Repare que, no ventrículo esquerdo, LV na figura 9, se fizermos um corte ao meio, teremos um anel semelhante ao da figura 8 (A), limitada pelo septo, parede anterior, lateral e parede inferior. Fonte: Wikimedia Figura 9: Ilustração do coração cortado ao meio, de cabeça para baixo. Observe que o ventrículo esquerdo apresenta seu centro limitado pela parede lateral e pelo septo que separa ambos os ventrículos. Na figura 10, você verá imagens de um exame com sestamibi, a partir da análise em dois dias, com e sem estresse. SAX Também chamado de eixo curto, são cortes axiais que vão do ápice à base do ventrículo esquerdo. VLA javascript:void(0) javascript:void(0) javascript:void(0) Esta indicação significa que os cortes são feitos da parede septal à lateral. HLA Já esta indicação significa que os cortes são realizados na mesma posição representada pela figura 9, indo da parede inferior à anterior. Para cada posição de corte, você poderá observar duas linhas de imagens. A primeira linha representa a aquisição realizada com estresse e a segunda linha demonstra a aquisição com repouso. Fonte: EnsineMe Figura 10: Exemplo da imagem de um exame com sestamibi. Apex significa apical. [...] DIVERSOS DIAGNÓSTICOS SÃO POSSÍVEIS COM ESSA TÉCNICA DE IMAGEM, COMO A DOENÇA ARTERIAL CORONARIANA, A INVESTIGAÇÃO DO DANO OCASIONADO POR INFARTO DO MIOCÁRDIO, javascript:void(0) ASSIM COMO A AVALIAÇÃO DE SUA RECUPERAÇÃO APÓS O INFARTO. Camargo, 2015. CLORETO DE RUBÍDIO 82RB O rubídio 82 é obtido a partir de um gerador de estrôncio 82. O funcionamento do gerador é análogo ao do gerador de tecnécio 99m, mas os decaimentos nucleares são bastantes diferentes. Enquanto o tecnécio 99m emite radiação gama, o rubídio 82 emite pósitrons, sendo adequado para uso em PET. A maior desvantagem do 82Rb, além de seu alto custo, é sua meia-vida muito curta, em relação aos outros radionuclídeos utilizados em medicina nuclear, sendo de 1,273 minuto. Por esse motivo, assim que o gerador é eluido, é realizada a marcação e, no menor tempo que for possível, a dose é administrada ao paciente. RECOMENDAÇÃO DE PROTOCOLOS E PRÁTICAS A dose a ser administrada é de 1,11GBq (30mCi) até 1,85GBq (50mCi) de forma intravenosa. A imagem pode ser realizada em 5 minutos e o exame pode ter duração de até 10 minutos. Os exames de perfusão miocárdica com rubídio 82 apresentam maior precisão diagnóstica do que os exames com sestamibi. Os protocolos de exames são os mesmos realizados com o sestamibi e outros exames com SPECT. A figura 11 mostra a comparação entre dois exames, um realizado com sestamibi 99mTc e outro realizado com cloreto de rubídio 82Rb. Repare a melhor nitidez para a imagem PET. Esse aumento na qualidade do exame é esperado, pois o PET possui resolução espacial muito superior ao SPECT. Fonte: Wikimedia. Figura 11: Comparação entre exame de perfusão miocárdica com sestamibi e com cloreto de rubídio. CLORETO DE TÁLIO (201TL) O tálio 201 é um radionuclídeo que decai pelo processo de captura eletrônica, dando origem ao mercúrio 201. Dessa forma, emite raios X característicos do mercúrio, com picos entre 68 e 80keV e radiação gama com picos de 135 e 167keV, estando na faixa de energia ideal para o SPECT. Esse elemento pode ser utilizado para imagens de perfusão miocárdica, paratireoide e tumores. O tálio acumula-se nas células de forma análoga ao sódio e ao potássio. O tecido que sofreu isquemia acumula o tálio por mais tempo do que o tecido sadio. Essa retenção pode ser ruim para imagens tardias. A eliminação do tálio 201 é lenta, possuindo meia-vida biológica de 10 dias, variando em cada pessoa. É comum o uso de tálio 201 associado a tecnécio 99m, conforme você pode observar na figura 12. Fonte: Wikimedia Figura 12: Estudo realizado com 99mTc para estresse, linhas superiores, e com 201Tl para repouso, linhas inferiores. FDG 18F O flúor 18 é um radionuclídeo produzido em cíclotron e possui meia vida de 109,8 minutos, decaindo por emissão de pósitrons. Portanto, é utilizado em PET. As doses de FDG são prescritas com base no peso do paciente. Para um paciente adulto com 70kg, é recomendada a administração de 185MBq (5mCi) até 555MBq (15mCi). A desoxiglicose é marcada com flúor 18, formando o fluorodesoxiglicose (FDG), sendo o radiofármaco mais utilizado em PET. Essa técnica de aquisição de imagem é considerada a melhor que existe para avaliação da viabilidade miocárdica. Ela é muito eficiente para o diagnóstico de isquemia, que é a falta de fornecimento de sangue a uma determinada região ocasionada, pela obstrução de algum vaso sanguíneo. O FDG também permite a análise da capacidade de recuperação dos tecidos, que é um fator impactante paraa viabilidade de cirurgias de revascularização. Isso possibilita a indicação de cirurgia, visando a revascularização por ponte de safena ou angioplastia e, até mesmo, para transplante de coração. O princípio básico das imagens com FDG consiste no fato de que as moléculas de glicose são metabolizadas de forma diferente em tecidos sadios, em relação aos tecidos que apresentam alguma alteração. SAIBA MAIS Cabe ressaltar que o FDG é uma molécula de glicose que teve um átomo de oxigênio trocado por um átomo de flúor 18. Geralmente, as células do coração utilizam os ácidos graxos como fonte de energia, mas, na presença da glicose, essas células vão preferir a essa substância. Isso permite um estudo preciso das alterações fisiológicas do coração, como a calcificação vascular, o que indica arteriosclerose, ou a detecção de inflamação nas paredes arteriais, também indicativa de arteriosclerose em seu estágio inicial. O diagnóstico precoce permite o tratamento e prevenção de danos maiores ao coração. O FDG PODE SER UTILIZADO EM SPECT? Após tantas vezes diferenciarmos emissão de fóton único da aniquilação de pósitrons, surge uma possibilidade de detecção por coincidência em equipamentos SPECT que possuam essa função. Obviamente, a imagem terá resolução espacial bem menor do que a do PET, mas esse estudo permite a seleção de pacientes candidatos a transplante ou a revascularização. A detecção por coincidência é possível em equipamentos SPECT que possuam duas cabeças. O exame deve ser realizado com as cabeças em posições opostas. É necessário que as cabeças girem ao redor do paciente. A detecção por coincidência no SPECT possui vários fatores que contribuem para imagem com baixa qualidade, dentre eles, estão os seguintes: ENERGIA DOS FÓTONS DE ANIQUILAÇÃO RESOLUÇÃO DO SPECT NECESSIDADE DE COLIMADORES ENERGIA DOS FÓTONS DE ANIQUILAÇÃO Por serem muito altas, sendo 511keV, ou seja, fora do valor ideal para a detecção pelo cristal de cintilação. Isso faz com que seja necessário o aumento do tempo de aquisição. RESOLUÇÃO DO SPECT A resolução espacial do SPECT é baixa em relação ao PET. NECESSIDADE DE COLIMADORES São necessários colimadores para a alta energia dos fótons de aniquilação e com alta resolução. Pacientes que apresentam regiões do miocárdio com fibrose e isquemia são os melhores candidatos à revascularização do que aqueles que apresentam apenas tecidos com fibrose. Essa análise é realizada com sestamimi 99mTc, concomitantemente ao FDG. Áreas com captação diminuída de sestamibi, mas com captação normal de FDG, representam tecidos com isquemia, porém viáveis para a revascularização, que é o caso de miocárdio hibernante. Já áreas com baixa captação de sestamibi e de FDG possuem baixa probabilidade de recuperação. Mesmo com tantos pontos negativos, a combinação de FDG com sestamibi fornece informações fundamentais para o estudo do miocárdio, sendo uma técnica bastante interessante. Até aqui, você estudou algumas técnicas para exames de miocárdio e viu que cada uma delas possui suas vantagens e suas desvantagens, sendo o sestamibi perfeito para estudos de perfusão. No entanto, sua imagem não possui a melhor resolução espacial quando comparado ao PET. O cloreto de rubídio possui imagem excelente, mas seu custo elevado e sua meia-vida muito baixa dificultam o uso. Já o cloreto de tálio fornece imagens excelentes, mas possui eliminação muito lenta, ou seja, meia-vida biológica muito alta, dificultando imagens tardias. O FDG é considerado o padrão-ouro para imagens cardíacas, mas não é muito eficiente para a detecção de miocárdio adormecido quando utilizado isoladamente. A escolha do radiofármaco a ser utilizado deve levar em conta o melhor diagnóstico possível, mas também deve levar em conta a viabilidade financeira, a gerência de rejeitos, a proteção radiológica e o deslocamento do radiofármaco até o local de uso. EXAMES DO MIOCÁRDIO A seguir, veja o vídeo com as características primárias de exames do miocárdio e demonstração de características anatômicas, patologias e diagnóstico. VERIFICANDO O APRENDIZADO 1. O 131I É UTILIZADO COMO MARCADOR EM RADIOFÁRMACOS PARA TERAPIA E PARA DIAGNÓSTICO. ESSE FATO SE DEVE À CAPACIDADE DE EMITIR: A) Partículas beta apenas. B) Partículas alfa e beta. C) Partículas gama e beta. D) Partículas beta e gama. E) Partículas gama apenas. 2. O SPECT PODE SER UTILIZADO PARA A REALIZAÇÃO DE IMAGENS POR COINCIDÊNCIA, POIS, DESSA FORMA, É POSSÍVEL A AQUISIÇÃO SIMULTÂNEA DE IMAGENS DE MIBI 99MTC E DE FDG 18F. ASSINALE A ÚNICA OPÇÃO QUE POSSUI UMA AFIRMATIVA CORRETA A RESPEITO DESSA TÉCNICA. A) Essa técnica permite imagens de detecção por coincidência com resolução idêntica à resolução do PET. B) Essa técnica permite a detecção do miocárdio adormecido quando a captação de FDG é igual a captação de mibi. C) Essa técnica caiu em desuso, pois os equipamentos modernos híbridos conseguem detectar a fibrose com maior resolução. D) Essa técnica permite estudo que pode detectar miocárdio adormecido, viável para a revascularização. E) Essa técnica permite realização de imagens de forma muito rápida, pois a detecção por coincidência é muito mais dinâmica. GABARITO 1. O 131I é utilizado como marcador em radiofármacos para terapia e para diagnóstico. Esse fato se deve à capacidade de emitir: A alternativa "D " está correta. O iodo 131 é um radionuclídeo que emite partículas beta e gama. As partículas beta são utilizadas para terapia, enquanto as gama são utilizadas para imagens em SPECT. 2. O SPECT pode ser utilizado para a realização de imagens por coincidência, pois, dessa forma, é possível a aquisição simultânea de imagens de mibi 99mTc e de FDG 18F. Assinale a única opção que possui uma afirmativa correta a respeito dessa técnica. A alternativa "D " está correta. Essa técnica é útil para a detecção do miocárdio adormecido, evidenciado pela captação normal de FDG, com a redução da captação de mibi. MÓDULO 2 Reconhecer protocolos para exames renais, pulmonares e ósseos SISTEMA RENAL Nesse tópico, você verá, com detalhes, o funcionamento dos principais componentes do sistema renal, compreendendo como se utilizam radiofármacos específicos para cada estudo que se deseja realizar e, ao final, serão apresentados dois estudos de casos. Os rins são responsáveis pela remoção de certas impurezas que resultam da atividade celular, em especial a ureia e o ácido úrico. Dessa forma, esses órgãos estão diretamente relacionados à quantidade de água no sangue, assim como a regulação da quantidade de sais minerais. Além dos rins, que apresentam estrutura super complexa, o sistema renal possui outros órgãos que formam uma estrutura que pode ser analisada por técnicas de imagem. Cada um destes órgãos e estruturas exigem um determinado radiofármaco. O processo renal pode ser explicado a partir dos rins. E ocorre da seguinte forma: O sangue chega nos rins através das artérias renais, figura 13 (b) e (d), que são ramificações da artéria aorta. Depois de circular pelos rins, o sangue retorna ao sistema circulatório pelas veias renais, que vão se unir a veia cava inferior, levando o sangue ao coração. No plasma sanguíneo, estão dissolvidos os compostos que serão removidos pelos rins, que, com a água, compõem a urina. O plasma que circula no interior dos rins sofre grande pressão e libera água e solutos para estruturas chamadas néfrons, figura 13 (c). Em cada rim, existe cerca de um milhão de néfrons; eles encaminham a urina para a bexiga através de canais chamados ureteres. Existe dois rins, um do lado direito e outro do lado esquerdo, figura 13 (a), assim como um ureter para cada rim, ambos terminando na bexiga. Com o passar do tempo, a bexiga vai se enchendo de urina, aumentando de tamanho. Quando ela se contrai, ocorre a expulsão da urina pela uretra. Fonte: Wikimedia Sistema urinário. Fonte: Wikimedia Os rins são localizados retroperitonealmente ao nível dascostelas inferiores. Fonte: Wikimedia Na secção transversal, o rim é dividido em córtex (externo) e medula (interna). A urina que deixa os néfrons flui para a pelve renal antes de passar pelo ureter, em direção à bexiga. Fonte: Wikimedia As artérias renais levam sangue para o córtex. Fonte: Wikimedia As arteríolas aferentes e os glomérulos situam-se no córtex. Os rins possuem duas camadas básicas: córtex (externa) e medula (interna). A figura 13 (d) representa um corte reto transversal do rim, onde estão indicados o córtex e a medula. O córtex é formado pelos néfrons corticais, correspondendo a 80% do total de néfrons encontrados nos rins, conforme mostra figura 13 (e). Já a medula contém os néfrons justamedulares, localizados mais internamente nos rins, correspondendo a 20% da quantidade total dos néfrons encontrados nos rins, como mostra figura 13 (e). Passando para a figura 14, veremos os néfrons. Eles são os responsáveis pelo processo de filtração do sangue, sendo compostos por dois tipos de estruturas: tubulares e vasculares. As estruturas vasculares são uma rede de vasos capilares que formam os glomérulos localizados no córtex. Eles estão recobertos pelas cápsulas glomerulares (cápsula de Bowman), que recolhem o líquido liberado pelo glomérulo. Esse líquido é direcionado ao túbulo contorcido proximal, depois para o túbulo contorcido distal e, finalmente, chega ao ducto coletor. No ducto coletor, ocorre a drenagem para a pelve renal, quando o líquido se torna urina. Por fim, a urina segue para o ureter. Fonte: Wikimedia Figura 14: Estrutura de um néfron. DTPA 99MTC E MAG3 99MTECNÉCIO O ácido dietilenotriaminopentacético-tecnécio 99m (DTPA 99mTc) é um radiofármaco com captação pela estrutura glomerular, sendo utilizado para avaliação e acompanhamento da função renal de cada rim. Em cerca de cinco minutos, já é possível realizar imagem da atividade do rim. O DTPA é administrado por via intravenosa, com doses calculadas a partir do peso do paciente. Para um adulto com 70kg, a dose é de 185MBq (5mCi) até 555MBq (15mCi). RECOMENDAÇÃO DE PROTOCOLOS E PRÁTICAS Para esse exame, é necessário que o paciente faça ingestão de 300 a 500ml de água, esvaziando a bexiga 30 minutos antes do exame. Com ele, é feito um gráfico que registra a passagem do fármaco pelos rins em função do tempo, como pode ser observado na figura 15. O gráfico da atividade do rim em função do tempo é chamado de renograma. A atividade pode ser demonstrada com as contagens de fótons obtidas nas imagens. Na figura 15, na parte inferior direita, percebemos um gráfico com as contagens de fótons de ambos os rins. Repare que o rim esquerdo (left kidney) apresenta função reduzida em relação ao rim direito. Na parte superior direita da figura, podemos perceber que o rim do lado esquerdo demorou 10,9 minutos, enquanto do lado direito, 8,5 minutos, demonstrando que o rim do lado esquerdo possui função menor do que o do lado direito. No lado esquerdo da figura 15 percebemos as imagens do sistema renal, sendo obtidas em intervalo de tempo regular. Essas imagens demonstram a evolução da passagem do radiofármaco, chamada fase de clareamento (clearance phase). Fonte: Wikimedia Figura 15: Renograma típico com DTPA. Enquanto o DTPA é captado pela estrutura glomerular, o mercaptacetiltriglicina (MAG3) é captado pela estrutura tubular. Por esse motivo, não pode ser utilizado para o cálculo direto do fluxo plasmático renal efetivo, porém é mais hábil para determinação da eficiência renal. A figura 16 mostra dois resultados, um obtido com DTPA e outro com MAG3. Repare que no gráfico elaborado com ambos os radiofármacos o rim esquerdo apresenta grande deficiência renal, mas, com o MAG3, podemos obter uma imagem mais nítida, pois seu gráfico é mais preciso. Percebemos também que o MAG3 apresenta passagem mais rápida pelo rim. Ainda na figura 16, repare que a imagem do rim esquerdo parece bem menos destacada do que a do rim direito. Isso indica que ele não apresenta um funcionamento normal. Fonte: Wikimedia Figura 16: Comparação entre renograma com DTPA e com MAG3. DMSA 99MTC O ácido dimercaptosuccínico (DMSA-99mTc) possui captação cortical, podendo ser utilizado para a realização de imagem do córtex renal. Sua administração é via intravenosa e a dose de radiofármaco é prescrita a partir do peso do paciente. RECOMENDAÇÃO DE PROTOCOLOS E PRÁTICAS Para um paciente com 70kg, a dose administra é de 74MBq (2mCi) até 222MBq (6mCi). O colimador pinhole é utilizado, obtendo-se uma imagem magnificada. Informações morfológicas são obtidas através dessas imagens, que podem revelar cicatrizes, más formações, inflamações, dentre outras informações. A imagem é obtida duas horas após a administração do radiofármaco. É adquirida imagem centrada no rim direito (OPD), no rim esquerdo (OPE) e entre os dois rins, com o paciente na posição posterior. É importante manter sempre a distância entre o paciente e o colimador para que a magnificação seja a mesma em cada imagem. Fonte: Wikimedia Figura 17: Imagem morfológica de rins obtidas pela técnica de pinhole. A figura 17 exibe a captação individual de cada rim. Nesse caso, o rim esquerdo apresenta morfologia muito diferente da esperada para um rim normal, conforme demonstra a captação, sendo de 43% para o rim esquerdo e 57% para o rim direito. Fonte: EnsineMe Figura 18: Imagem do córtex renal com valores de captação. A seguir, vamos ver dois casos em que o uso dos exames de imagem foram fundamentais para o diagnóstico dos pacientes. FILTRAÇÃO GLOMERULAR EM PACIENTE COM APENAS UM RIM O exame de filtração glomerular foi realizado com DTPA marcado com 99mTc. Esse exame, também conhecido por renograma dinâmico, compara a taxa de filtração glomerular, indicada pela contagem de fótons nos rins, à contagem de fótons devida na artéria aorta. Após a administração de radiofármaco, aguarda-se que o fármaco possa ser visualizado na aorta. É obtido um gráfico que geralmente possui três curvas de contagens, uma para o rim direito, uma para o rim esquerdo e mais outra para a artéria aorta. Quando um rim trabalha mais lentamente do que o outro, ocorre o efeito flip flop, em que a curva de contagens de um rim cruza a curva de contagem do outro rim. A contagem do rim mais rápido aumenta e diminui conforme a quantidade de radiofármaco que passa pelo rim. No rim mais lento, esse processo demora mais a ocorrer, indicando contagem baixa no início, mas uma alta contagem após um certo tempo. Quando o rim mais lento começa a funcionar, no rim mais rápido passou todo o radiofármaco disponível e sua contagem já está baixa. Daí o cruzamento de curvas de contagens. A figura 19 mostra o caso de um paciente com apenas um rim. Obviamente, o renograma dinâmico apresentará apenas duas curvas, a da artéria aorta e a do rim direito (RT kidney). Para o exame, o paciente deve ingerir grande quantidade de líquido. A análise possui três fases: fase de fluxo, fase cortical e fase de clareamento. A fase de fluxo começa alguns segundos depois que o fármaco é visualizado na aorta. O fluxo deve ser aproximadamente o mesmo em ambos os lados e qualquer assimetria que seja relativamente alta sugere diminuição de fluxo para um dos lados. A fase cortical avalia a retenção de fármaco pelo córtex e a excreção de líquidos. A última fase do exame é a de clareamento, quando é esperado que a maior parte do radiofármaco já tenha sido eliminada pelo rim, em aproximadamente quinze minutos. A figura 19, em sua parte inferior, mostra o gráfico do clareamento renal. A linha azul mostra o início do clareamento, em dez minutos. Fonte: EnsineMe Figura 19: Renograma dinâmico de paciente com um rim. USO DE PET PARA DIAGNÓSTICO DE CÂNCER DE BEXIGA Um caso interessante no que diz respeito à imagem da bexiga com PETC/CT ocorreu em um paciente em tratamento de radioterapia para câncer de próstata que recidivou anos depois, invadindo a bexiga. Geralmente,imagens da bexiga não são realizadas em medicina nuclear, uma vez que a tomografia computadorizada com contraste pode fornecer imagens muito boas. O caso em questão é um exemplo de que não se pode generalizar essa afirmação. A figura 20 exibe uma tomografia computadorizada, uma imagem da bexiga com nitidez satisfatória, porém percebemos uma anormalidade no contorno, uma região mais clara dentro do círculo vermelho. A imagem desse órgão deveria ser um círculo bem definido, todavia percebemos uma deformação ao lado direito. A tomografia em si não revela mais nenhuma informação e isso poderia ser um caso apenas de má formação da bexiga. Fonte: EnsineMe Figura 20: Tomografia computadorizada destacando a bexiga. Foi realizada também uma imagem de PET utilizando dotatato marcado com 68Ga. O gálio é um emissor de pósitrons que possui meia-vida muito curta. É obtido de um gerador e o processo de eluição, marcação e administração deve ocorrer em questão de minutos. O dotatato é adequado para o sistema neuroendócrino, sendo utilizado nesse caso para avaliação da próstata. Ao realizar a imagem com o PET para a avaliação da próstata, percebe-se que houve invasão do carcinoma em parte da bexiga. A região correspondente à má formação da bexiga que aparece na tomografia computadorizada está invadida pelo câncer de próstata, conforme podemos visualizar na figura 21. Fonte: EnsineMe Figura 21: PET da bexiga. Corte coronal (ao comprido, de frente). Na figura 22, foram dispostas três imagens, uma da tomografia computadorizada, outra do PET e mais outra correspondendo à fusão das imagens, PET e CT. Com a fusão das imagens, fica muito nítida a posição do câncer. Fonte: EnsineMe Figura 22: Imagens da bexiga com destaque para o câncer que invadiu a bexiga. Na imagem de tomografia computadorizada, a bexiga aparece muito branca devido ao contraste utilizado no exame. Já na imagem de PET, a bexiga aparece muito “quente” porque o sistema renal é um dos mecanismos de eliminação do dotatato. Em imagens de medicina nuclear, é muito comum a bexiga aparecer “quente”. Repare na figura 22 que o ponto marcado como invasão não aparece na imagem de tomografia computadorizada, mas aparece na imagem de PET. Isso indica que ele não faz parte da bexiga, já que não aparece branco na tomografia computadorizada, mas captou o dotatato, indicando ser um tecido com afinidade com o dotatato, ou seja, tecido carcinogênico derivado da próstata. O carcinoma aparece como um pontinho, mas, na verdade, a grande intensidade de fármaco na bexiga dificultou o janelamento da escala de tons de cinza, não possibilitando melhor visualização do carcinoma. Com experiência em diagnóstico, podemos perceber que existe grande extensão de tecido comprometido. Até este ponto, você estudou diversos aspectos relacionados à função renal. Primeiro, foi necessário aprender como funcionam os rins e conhecer os outros componentes do sistema renal. Em seguida, foram apresentados alguns dos principais fármacos utilizados, como o DTPA com afinidade glomerular, o MAG3 com afinidade tubular, e o DMSA que possui afinidade tanto glomerular quanto tubular. Você também aprendeu sobre o renograma, sua realização e alguns dos diagnósticos possíveis, finalizando com um estudo de caso. Finalmente, foi apresentado um exame com objetivo de avaliar o sistema neuroendócrino, que, nesse caso específico, possibilitou um diagnóstico no sistema renal, como câncer de próstata recidivo com invasão na bexiga. EXAMES DE AVALIAÇÃO RENAL A seguir, veja o vídeo sobre os exames dinâmico e estático de avaliação renal, suas diferenças e aplicabilidade (indicação). CINTILOGRAFIA PULMONAR Agora, você aprenderá sobre as estruturas básicas dos pulmões, conhecendo um pouco o seu funcionamento e morfologia. Na sequência, serão apresentados os radiofármacos utilizados para o estudo de perfusão e ventilação pulmonar, compreendendo como são realizados os exames e alguns dos diagnósticos possíveis. PULMÃO O pulmão é o órgão responsável por fazer a interação entre o ar e o sangue. Nesse processo, o sangue perde gás carbônico (CO2) e ganha oxigênio (O2). Para que isso ocorra, deve haver a circulação de ar pelos pulmões, assim como a circulação sanguínea. Há dois estudos básicos em medicina nuclear destinados à avaliação pulmonar: • Estudo de ventilação pulmonar. • Estudo de perfusão sanguínea pulmonar. Os pulmões são divididos em lobos, sendo que o esquerdo possui dois lobos e o direito, três, conforme indicados na figura 23. No pulmão direito, o lobo superior, lobo médio e o lobo inferior. No pulmão esquerdo, estão o lobo superior e o lobo inferior. Com base na figura 23, podemos entender que o ar chega aos pulmões pela traqueia, se ramifica no interior dos pulmões com os brônquios. A figura não mostra que no final dos brônquios temos os bronquíolos e, no final destes, existem estruturas em formato de pequenos sacos, chamados de alvéolos. São aproximadamente quatro milhões de alvéolos. Fonte: Vecton / Shutterstock.com Figura 23: Estrutura básica dos pulmões. Cada alvéolo, figura 24, possui uma estrutura de vasos capilares ao seu redor, assim como uma estrutura vascular. Eles são responsáveis pelas trocas gasosas (hematose). O pulmão é contraído e expandido principalmente pelo músculo diafragma, mas outros músculos também participam do processo. Dessa forma, ele é cheio de ar e depois é esvaziado, favorecendo a hematose. javascript:void(0) Fonte: Explode / Shutterstock.com Figura 24: Alvéolos, estruturas de vasos capilares e estrutura vascular. HEMATOSE É o processo no qual o oxigênio é capturado pela hemoglobina do sangue e o gás carbônico é liberado para os alvéolos e, posteriormente, expelido. ESTUDOS DE VENTILAÇÃO E PERFUSÃO PULMONAR O exame de ventilação pulmonar visa a avaliação do fluxo de ar nos pulmões. É realizado com os gases nobres xenônio e criptônio, com os radionuclídeos 127Xe, 133Xe e 81mKr. Também pode ser realizado com o DTPA 99mTc e com albumina macroagregada (MAA 99mTC), ambos na forma de aerossol. O aerossol de DTPA é obtido por nebulização, originando partículas da ordem de 0,3μm (0,3 x 10-6 metros). Demora cerca de 45 minutos para que a metade da quantidade de radiofármaco inalado atravesse a membrana alveolar. São utilizados de 925MBq (25mCi) até 1875MBq (75mCi), com aquisição de imagens durando aproximadamente dois minutos. Exames de ventilação e de perfusão são particularmente interessantes para o diagnóstico da embolia pulmonar. A embolia ocorre quando há obstrução no sistema vascular dos pulmões; o DTPA e o MAA permitem que se realize esse diagnóstico. É comum o uso de um gás nobre concomitantemente aos fármacos marcados com tecnécio. O gás nobre vai indicar como a ventilação pulmonar está ocorrendo, enquanto os aerossóis irão mostrar como, a partir da hematose, o sistema vascular está se comportando, pois eles conseguem chegar até a rede vascular. A figura 25 mostra um típico estudo de ventilação pulmonar. Imagens de inspiração mostram homogeneidade de distribuição do radiofármaco. Também é visível a impressão cardíaca. Na imagem superior, à esquerda, percebemos uma certa perda de distribuição do radiofármaco, região 14. Fonte: EnsineMe Figura 25: Estudo de ventilação pulmonar. Em termos bem simples e resumidos, compara-se as imagens de ventilação e de perfusão. Caso exista alguma discrepância entre elas, significa que há alguma anormalidade. Em outras palavras, se o ar está preenchendo os pulmões, detectado com gás nobre, mas não está sendo distribuído pela estrutura vascular com a mesma homogeneidade, isso indica problema. SAIBA MAIS O xenônio 133 possui energia com pico em 81keV, estando fora do valor ideal de energia para detecção no cristal de cintilação. Também sofre interferência do espalhamento Compton quando utilizado com tecnécio e isso pode interferir no diagnóstico. O xenônio 127, porém, tem picos com energia mais altos, sendo melhorpara o uso em conjunto com o tecnécio. A figura 26 mostra um estudo de ventilação e perfusão com xenônio 133 e MAA. Imagem A Foi obtida a partir de 20mCi de xenônio 133, posição posterior, sem anormalidades. Imagem B Foi obtida imagem com MAA intravenosa, na posição posterior. Percebe-se atividade reduzida no lobo superior direito, no lobo inferior direito e no lobo inferior esquerdo. Fonte: Wikimedia Figura 26: Estudo de ventilação e perfusão pulmonar. Embora exija muita experiência do médico, os diagnósticos por estudo de ventilação e perfusão pulmonar possuem a eficácia de detecção de 97% para embolia pulmonar. FDG 18F A desoxiglicose marcada com flúor 18 pode ser utilizada também para a detecção de câncer de pulmão. A figura 27 mostra um caso em que se adquiriu a imagem de um paciente, ficando evidente um ponto incomum na imagem de tomografia computadorizada, e confirmada pelo PET. Repare que a fusão das imagens (PET/CT) mostra que a posição do achado da tomografia computadorizada coincide com a posição do ponto de captação. Fonte: EnsineMe Figura 27: FDG 18F para a detecção de câncer no pulmão. RECOMENDAÇÃO DE PROTOCOLOS E PRÁTICAS A quantidade de radiofármaco utilizada varia de acordo com o peso do paciente. Em geral, para um paciente com 70kg, administra-se de 370MBq (10mCi) até 740MBq (20 mCi). CINTILOGRAFIA ÓSSEA A cintilografia óssea possui alta sensibilidade para a localização de tumores, possibilita a detecção precoce e favorece o prognóstico. Seu custo é relativamente baixo, sendo uma importante ferramenta na medicina nuclear. A desvantagem é que a captação nem sempre reflete um achado significativo. Diferenciar uma captação normal de uma que indica algum achado clínico não é trivial. Muitas vezes, isso só é possível com a análise de todo o contexto em que se encontra o paciente. Dessa forma, os diagnósticos apresentados aqui nem sempre foram realizados com a simples observação das imagens. Na verdade, esses diagnósticos, por não serem triviais, demandam experiência clínica do médico que está realizando laudo, assim como o conhecimento do histórico clínico do paciente. EXEMPLO O diagnóstico de metástase é facilitado em muitos casos pela proximidade com o câncer primário. Uma captação no ilíaco pode sugerir uma metástase de um câncer de próstata. TECIDO ÓSSEO O tecido ósseo é composto por três tipos de células, os osteoblastos, os osteócitos e os osteoclastos. Os radionuclídeos terão mais ou menos afinidade, dependendo da função de cada célula. OSTEOBLASTOS OSTEÓCITOS OSTEOCLASTOS OSTEOBLASTOS São as células que produzem a matriz óssea, depositando fosfato de cálcio, “construindo” a estrutura óssea. Se localizam na superfície do osso e, aos poucos, perdem sua atividade de síntese e se tornam um osteócito. OSTEÓCITOS Ocupam as cavidades dentro da matriz óssea. Essas células possuem a função de manutenção da matriz celular, liberando compostos químicos. OSTEOCLASTOS São células responsáveis pela reabsorção celular, fundamentais para a renovação óssea. Eles removem o tecido antigo ou danificado, possibilitando a produção de novo tecido saudável. MDP 99MTC O medronato de sódio marcado com tecnécio 99m (MDP) é assimilado pela região de renovação óssea, ou seja, pelos osteosblastos. A captação reduzida ocorre em regiões em que houve perda ou destruição óssea. Fonte: EnsineMe Figura 28: Cintilografia óssea com MDP 99mTc. Lesão na região do tornozelo esquerdo. A figura 28 mostra um exemplo, com alta captação no tornozelo esquerdo, indicando alta captação, incomum quando comparada ao restante do corpo do paciente. Essa atividade é devida ao fato de que o organismo, por meio dos osteoblastos, tenta se recuperar de uma lesão, mecanismo de renovação celular. Na figura 29, são apresentadas duas cintilografias do mesmo paciente. A imagem do lado esquerdo mostra metástase óssea em diversos pontos (costela e braço esquerdo). O fármaco MDP é captado pelas células ósseas ao tentar fazer a reconstrução óssea. A imagem da direita mostra o mesmo paciente após quimioterapia, agora sem nenhuma metástase. Ainda na figura 29, à direita, repare na captação na coluna vertebral, ilíaco, nos rins e na bexiga. Nesse caso, a captação não representa nenhuma anormalidade. O tecido ósseo capta o radiofármaco com facilidade e, no sistema renal, é normal apresentar captação, por ser uma das principais vias de eliminação dos radiofármacos. Se observarmos a imagem à esquerda, as metástases para esse caso assumem um padrão muito específico, sendo inconfundíveis. Fonte: Wikimedia Figura 29: Cintilografia com MDP 99mTc. Fonte: Wikimedia Figura 30: Metástase óssea. A figura 30 apresenta a imagem realizada com MDP indicando metástase óssea para o ilíaco superior. O paciente foi diagnosticado previamente com carcinoma hepatocelular sarcomatóride. EXEMPLO REAL DE UM DIAGNÓSTICO COM UTILIZAÇÃO DO PET/CT A figura 31 mostra imagem de um paciente com câncer primário de próstata. Foi realizado PET/CT, utilizando PSA 68Ga. A tomografia computadorizada (a) mostra lesões ósseas na parte esquerda do ilíaco e vertebras torácicas, confirmadas no PET em (b), onde é visível alta absorção do radiofármaco no baço e fígado, assim como na bexiga. Note que na imagem foi utilizado o PSA, que é um fármaco desenvolvido para ter afinidade com a próstata. Foi escolhido porque o câncer primário ocorreu na próstata, porém a metástase ficou visível no PET, mesmo sendo óssea. Nesses casos, é comum utilizar na pesquisa de metástase um radiofármaco de afinidade com o câncer primário, pois a metástase é composta pelo mesmo tipo de célula do câncer primário. Fonte: Wikimedia Figura 31: Metástase óssea. Pirofosfato terasódico 99mTc O pirofosfato é incorporado à matriz celular, mas também é captado pelo cálcio fora da matriz celular. Em regiões onde a vascularização é deficiente ou onde existe metástase óssea, a captação é reduzida. Em regiões onde já não existe atividade metabólica, com interrupção da vascularização, a captação é inexistente. RECOMENDAÇÃO DE PROTOCOLOS E PRÁTICAS A dose administrada varia de acordo com o peso do paciente. Para um adulto com 70kg, administra-se de 300MBq (8mCi) até 1110MBq (30mCi). As imagens obtidas, muitas vezes, detectam lesões ósseas ou outras anormalidades muito pequenas, na fase inicial, que não são visualizadas em técnicas com raios X. Isso auxilia no início da terapia, ainda no estágio inicial da doença, favorecendo o prognóstico. A figura 32 mostra achados musculoesqueléticos, com massas nos ombros mais proeminentes à esquerda (A). Não foram encontradas captações anormais. Fonte: Wikimedia. Figura 32: Diagnóstico com pirofosfato 99mTc. EXEMPLO DE CASO COM UTILIZAÇÃO DO FDG 18F O FDG é muito utilizado para o diagnóstico de câncer de forma geral, inclusive câncer da região óssea. A figura 33 mostra um caso em que foi realizada uma aquisição com equipamento de PET/CT. O paciente teve diagnóstico de metástase de câncer de pulmão na costela. Repare que falta uma parte da costela e existe uma massa no entorno da região afetada. Fonte: EnsineMe Figura 33: Câncer detectado por FDG 18F. Neste módulo você estudou como a medicina nuclear é utilizada para realizar diagnósticos por imagem e compreendeu que um mesmo radiofármaco pode ser utilizado, em alguns casos, para o diagnóstico de estruturas diferentes, como o MDP, com o qual se realiza imagens ósseas e cardíacas. Nesse caso específico, a explicação é simples: O MDP possui afinidade com o cálcio, que participa do processo de contração do miocárdio e faz parte da composição óssea. Também aprendeu que, em pesquisa de metástase, muitas vezes, se utiliza o radiofármaco que possua afinidade com o câncer primário, pois a metástase apresenta o mesmo tipo de célula que o câncer primário. Agora, você poderá avaliar seu aprendizado, realizando as atividades. VERIFICANDO O APRENDIZADO 1. A CAPTAÇÃO DE RADIOFÁRMACO É REDUZIDA NOSLOCAIS EM QUE A ATIVIDADE CELULAR É REDUZIDA. OS PONTOS QUENTES ENCONTRADOS NAS IMAGENS ÓSSEAS, PORTANTO, ESTÃO ASSOCIADOS A: A) Osteosblastos tentando recuperar o tecido afetado. B) Pontos de tecido saudável. C) Regiões com baixa renovação celular. D) Osteócitos. E) Apenas regiões com metástase. 2. A IMAGEM PARA AVALIAÇÃO MORFOLÓGICA DO CÓRTEX RENAL É REALIZADA COM A TÉCNICA DE PINHOLE. SÃO OBTIDAS TRÊS IMAGENS, UMA CENTRADA NO RIM ESQUERDO, OUTRA NO RIM DIREITO, E MAIS OUTRA CENTRADA ENTRE OS DOIS RINS. UMA DAS PRINCIPAIS INFORMAÇÕES OBTIDAS POR ESSAS IMAGENS É A DA CAPTAÇÃO DE RADIOFÁRMACO EM CADA RIM. PARA QUE ESSE RESULTADO ESTEJA CORRETO, É NECESSÁRIO QUE: A) O paciente esteja posicionado de gente para o colimador (posição anterior). B) O paciente não tenha bebido água antes da realização do exame. C) A distância entre o colimador e o paciente seja sempre a mesma em cada imagem. D) O SPECT possua duas cabeças de detecção. E) O paciente seja posicionado lateralmente. GABARITO 1. A captação de radiofármaco é reduzida nos locais em que a atividade celular é reduzida. Os pontos quentes encontrados nas imagens ósseas, portanto, estão associados a: A alternativa "A " está correta. Regiões onde ocorre a renovação celular são os pontos onde estão as lesões. As lesões em si possuem baixa captação, mas a atividade de renovação celular resulta em alta captação. 2. A imagem para avaliação morfológica do córtex renal é realizada com a técnica de pinhole. São obtidas três imagens, uma centrada no rim esquerdo, outra no rim direito, e mais outra centrada entre os dois rins. Uma das principais informações obtidas por essas imagens é a da captação de radiofármaco em cada rim. Para que esse resultado esteja correto, é necessário que: A alternativa "C " está correta. Se não for mantida a distância entre o paciente e o colimador durante a aquisição das imagens, ocorrerá magnificações diferentes em cada imagem, ocasionando erro de contagem. CONCLUSÃO CONSIDERAÇÕES FINAIS O exame de tireoide é fundamental para diagnósticos de câncer e para o acompanhamento da eficácia da terapia para hipertireoidismo ou para a ablação do câncer de tireoide. Da mesma forma, a pesquisa de corpo inteiro é de suma importância para o diagnóstico de metástase, possibilitando tratamento ainda na fase inicial da doença. As imagens de perfusão miocárdica avaliam diversas características do coração, como a condição de infarto do miocárdio. Também possibilitam a avaliação dos candidatos a transplante de coração ou cirurgias visando a revascularização, como pontes ou outra técnica de cirurgia. O renograma é uma técnica que torna possível o estudo da função renal, que, associado às imagens corticais, possibilita análise completa da função renal, da morfologia, detectando má formações, inflamações, perda de eficiência na atividade glomerular, sendo importante auxiliar nos processos de diálise assistidos por equipamentos médicos. Nos casos dos estudos por ventilação e perfusão pulmonar, que podem associar mais de um radiofármaco para que seja realizado da melhor forma possível, são as melhores técnicas para o diagnóstico de embolia pulmonar, sendo também utilizadas para outros propósitos diagnósticos. Finalmente, a cintilografia óssea é um exame que possui alta sensibilidade, uma vez que os radiofármacos são prontamente absorvidos pelos tecidos ósseos comprometidos. Fundamentais para o diagnóstico de metástase óssea, esses exames possibilitam a detecção precoce e possibilitam o tratamento no estágio inicial da doença. Para que se obtenham resultados aceitáveis, há, para cada modalidade, protocolos bastantes meticulosos, adotados para cada região anatômica de interesse clínico. Assim, a medicina nuclear se mostra uma ferramenta de extrema importância para a medicina de forma geral, através da tecnologia e da utilização de princípios físicos conhecidos. AVALIAÇÃO DO TEMA: REFERÊNCIAS CAMARGO R. Radioterapia e Medicina Nuclear. São Paulo: Érica, 2015. HIRONAKA FH. Medicina Nuclear: Princípios e Aplicações. 2. ed. Rio de Janeiro: Atheneu, 2017. TAUHATA L, SALATI PA, DI PRINZIO R, DI PRINZIO AR. Radioproteção e dosimetria: fundamentos. Instituto de Radioproteção e Dosimetria. 10. ed. Rio de Janeiro: IRD CNEN, 2014. EXPLORE+ Assista ao video Nódulos na tireoide, disponível no canal Alexis Guedes, no YouTube. Assista ao vídeo Como interpretar o bull’s eye, disponível no canal Cardiopapers, no YouTube. Para conhecer mais sobre cintilografia renal com gálio, consulte a página do Instituto de Radiologia do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. CONTEUDISTA Paulo Cesar Baptista Travassos CURRÍCULO LATTES javascript:void(0); javascript:void(0);
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