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espontaneamente o ofício de compassiva consoladora. Compadecida da aflição dos noivos, empenhou-se junto ao Filho e obteve o milagre que fez abundar o vinho nas talhas de água.** 2. Ainda mais misericordiosa é Maria no céu* Dirige-lhe S. Pedro Damião a pergunta: Porventura vos esquecestes de nós, miseráveis, agora que estais exaltada à dignidade de Rainha do céu? Longe de nós tal pensamento! É incompatível com a grande piedade do vosso coração o olvido de uma tão grande miséria como a nossa. – As honras mudam os costumes, afirma um conhecido adágio. Mas ele não é aplicável a Maria. Vale dos homens no mundo, que se ensoberbecem e esquecem os antigos amigos pobres, logo que se veem elevados a alguma dignidade. Assim não procede Maria Santíssima. Justamente, por melhor ajudar os miseráveis é que se rejubila com sua grandeza. Em vista disso, aplica-lhe Conrado as palavras de Booz a Rute: Filha, bendita sejas do Senhor, que excedeste a tua primeira bondade com esta de agora (Rt 3,10). Por outra queria dizer o autor: Se grande foi a piedade de Maria para com os miseráveis, quando vivia no mundo, muito maior é ela agora no céu. E a prova está em que agora a Virgem melhor conhece nossas misérias. Sua misericórdia aumentou com esse conhecimento, como o demonstram as inumeráveis graças que nos alcança. Como em esplendor o sol supera à lua, assim a compaixão de Maria, no céu, excede a que tinha durante sua vida na terra. E quem há que neste mundo não goze da luz do sol? E onde haverá um homem sobre cuja cabeça não caiam os esplendores da misericórdia de Maria? Assim termina Conrado suas considerações. É por esta razão que lemos ser Maria “fulgurante como o sol” (Ct 6,9). Pois, segundo Raimundo Jordão, não há quem não sinta o calor desse astro: Ninguém pode esconder-se de seu calor (Sl 18,7). Foi o que S. Inês revelou a s. Brígida: Nossa Rainha, ao lado de seu Filho no céu, não pode se esquecer de sua natural bondade. Até os pecadores mais ímpios são obsequiados com provas de sua misericórdia. Tal como a terra e outros planetas são iluminados pelo sol, também por intercessão de Maria todos os homens participam da divina misericórdia, desde que a peçam. Escreve S. Bernardo que Maria se faz tudo para todos e lhes abre o seu compassivo coração, para que todos dele recebam: o escravo, o resgate; o enfermo, a saúde; o pecador, o perdão; Deus, a glória. É o sol e assim ninguém fica sem sentir seu calor. – E quem não amaria essa amabilíssima Rainha? pergunta S. Boaventura.* Ela é mais bela que o sol, mais doce que o mel; é um tesouro de bondade, para todos é amável, com todos afável. Salve, pois, prossegue o inflamado Santo, ó minha Santíssima Senhora e Mãe! Salve, ó meu coração e minha alma! Perdoai-me se vos declaro meu amor. Se de amar-vos não sou digno, muito digna, entretanto, sois vós de meu amor.