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Tal se deu em realidade, conforme as palavras da Virgem: “O Senhor me possuiu no princípio de seus caminhos” (Pr 8, 22). Com razão, pois, lhe dá Dionísio, Arcebispo de Alexandria, o título de única e exclusiva Filha da vida, diferente das outras mulheres, que, nascendo em pecado, são filhas da morte. Criá-la em graça bem convinha, portanto, ao Pai Eterno. 2. A missão de reparadora do mundo perdido e de medianeira entre Deus e os homens apresenta o segundo motivo para a preservação da Virgem Maria Assim a chamam os Santos Padres, especialmente S. João Damasceno, que diz: Ó Virgem bendita, nascestes para servir à salvação de toda a terra. Por isso, na opinião de S. Bernardo, foi a arca de Noé uma figura de Maria. Naquela foram livres os homens do dilúvio, tal como por Maria somos salvos do naufrágio do pecado. Há somente a seguinte diferença: por meio de Maria foi todo o gênero humano libertado. Daí o chamar-lhe o Pseudo-Atanásio “nova Eva, mãe dos vivos”. Nova Eva porque a primeira foi mãe da morte, mas a Virgem Santíssima é Mãe da vida. S. Teófano, Bispo de Niceia, diz à Senhora a mesma saudação: Eu vos saúdo, porque tirastes o luto no qual Eva nos amortalhou. S. Basílio nela saúda a reconciliadora dos homens com Deus; S. Efrém, a pacificadora do mundo universo. Ora é inconveniente que o intermediário da paz seja inimigo do ofendido, ou, pior ainda, que seja cúmplice do mesmo delito. Para aplacar um juiz, não se lhe pode mandar um seu inimigo, observa Gregório Magno. Este, em vez de o aplacar, mais o irritaria. Entretanto, Maria tinha de ser medianeira de paz entre Deus e os homens. Logo, absolutamente não podia aparecer como pecadora e inimiga de Deus, mas só como sua amiga toda imaculada. Mais um motivo reclamou que Deus preservasse Maria da culpa original. 3. Sua missão de vencedora da serpente infernal Seduzindo esta a nossos primeiros pais, trouxera a morte a todos os homens. O Senhor por isso lhe predisserá: Porei inimizade entre ti e a mulher, entre a tua descendência e a descendência dela (Gn 3,15). Ora, Maria devia ser a mulher forte, posta no mundo para vencer a Lúcifer. Não convinha certamente, então, que a princípio houvesse sido subjugada e escravizada por ele. Era, pelo contrário, mais razoável que permanecesse livre sempre de toda mácula e de toda sujeição ao inimigo. Esse espírito mau buscou, sem dúvida, infeccionar a alma puríssima da Virgem, como infeccionado já havia com seu veneno a todo o gênero humano. Mas, louvado seja Deus!, o Senhor a preveniu com tanta graça, que ficou livre de toda mancha do pecado. E dessa maneira pôde a Senhora
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