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estrelas desaparece como se deixasse de existir; igualmente diante dos fulgores
da Santíssima Virgem empalidece o brilho dos santos e dos anjos, de tal modo
que uns e outros quase não se distinguem no céu. Por esta razão afirma S.
Bernardo que os bem-aventurados participam em parte da glória de Deus, mas a
Virgem, em certo modo, foi de tal maneira dela enriquecida, que parece
impossível a uma criatura unir-se a Deus mais do que Maria. Com isso
concordam as palavras de S. Alberto Magno, ao declarar que nossa Rainha
contempla a Deus muito de perto e incomparavelmente melhor que todos os
espíritos celestes. E S. Bernardino de Sena vai mais longe e escreve: Semelhantes
aos planetas que são iluminados pelo sol, assim todos os bem-aventurados
recebem luz e gozo maior pela vista de Maria. Noutro lugar, do mesmo modo
afirma que a Mãe de Deus, subindo ao céu, aumentou muito o gozo a todos os
seus habitantes. Por isso, segundo Nicolau, monge, os bem-aventurados, depois
da visão de Deus, não têm maior glória a gozar no céu que a vista desta
formosíssima Rainha. Da mesma opinião é também Conrado de Saxônia.
Alegremo-nos, pois, com Maria, pelo excelso trono em que Deus a
sublimou no céu. E alegremo-nos também por nossa causa, porque se a nossa
Mãe nos privou de sua presença subindo ao céu, não nos deixou com o afeto.
Antes, estando ali mais vizinha, e unida a Deus, conhece ainda mais as nossas
misérias, e de lá se compadece mais de nós e melhor nos pode socorrer.
Porventura – pergunta-lhe Nicolau, monge, – ó bendita Virgem, por que fostes
tão elevada no céu, vos esquecereis de nós miseráveis? Não, Deus nos livre de o
pensarmos; não pode um coração tão piedoso deixar de compadecer-se das
nossas misérias tão grandes. Se tanta foi a piedade que teve Maria conosco,
quando vivia no mundo, assaz maior, observa Conrado de Saxônia, é no céu onde
reina.
Dediquemo-nos, entretanto, a servir esta Rainha, a honrá-la e amá-la
quanto pudermos. Ela não nos oprime com encargos à maneira de outros
soberanos, diz Ricardo de S. Lourenço; nossa Rainha ao contrário, enriquece os
seus servos em graça, merecimentos e prêmios. E digamos-lhe com Guerrico,
abade: Ó Mãe de Misericórdia, vós estais assentada tão junto de Deus, imperando
como Rainha do mundo. Saciai-vos da glória do vosso Jesus e mandai a nós
servos os restos que sobejam. Vós já gozais à mesa do Senhor; nós, debaixo da
mesa aqui na terra, quais pobres cãezinhos, vos pedimos piedade.
EXEMPLO
S. Pedro Damião conta-nos o seguinte de seu irmão Marino, apoiando-