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Regulamentador de Consórcios Públicos

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Regulamentador, o de N° 6.017, de 17 de janeiro de 2007, cujo art. 2°, inciso I43, traz 
o conceito de Consórcio Público: 
Art. 2o Para os fins deste Decreto, consideram-se: 
I - consórcio público: pessoa jurídica formada exclusivamente por entes da 
Federação, na forma da Lei no 11.107, de 2005, para estabelecer relações 
de cooperação federativa, inclusive a realização de objetivos de Interesse 
comum, constituída como associação pública, com personalidade jurídica de 
direito público e natureza autárquica, ou como pessoa jurídica de direito 
privado sem fins econômicos; (grifei). 
Conforme salientado, a palavra de ordem de um Consórcio Público é 
cooperação, somente sendo viável sua criação se os entes integrantes 
estabelecerem entre si relações de cooperação e auxílio mútuo, estas baseadas na 
competência administrativa comum (política) estabelecida pelo rol do art. 23 da 
Constituição Federal, e na competência legislativa concorrente, trazida pelo elenco do 
art. 24, da Carta. A competência comum (art. 23) é política, dá fundamento fático aos 
consórcios, pois viabiliza o trato dos serviços públicos que subsidiariamente são de 
competência municipal; o rol do art. 24, por sua vez, traz sustentáculo legal aos 
Consórcios Intermunicipais, pois limita a Subsidiariedade do Município na gestão dos 
serviços do art. 23, passando para a responsabilidade do ente Político (Consórcio 
Intermunicipal) o serviço que um Município não pode executar individualmente. 
Ao final do trabalho, apresentar-se-ão as conclusões extraídas do presente 
estudo. 
2 O INTERESSE LOCAL – INTRODUÇÃO HISTÓRICA DO MUNICÍPIO 
 Como já explicado, a explanação sobre o Interesse Intermunicipal (de um 
conjunto de Municípios) possui o Interesse Local (de um só Município, de forma 
isolada) como ponto de partida. Dessa forma, no primeiro plano, far-se-á a 
apresentação de um painel histórico no qual os assuntos da municipalidade, 
inicialmente representados pelo termo Peculiar Interesse, gradativamente adquirem 
outra conotação, representada na Constituição de 1988 pelo termo Interesse Local44. 
Tais variações semânticas, como também já explicitado, acompanham as nuances da 
 
43 BRASIL, Lei Nº 11.107, de 06 de abril de 2005. Planalto. Disponível em: 
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2005/lei/l11107.htm>. Acesso em: 19 jul. 2015. 
44 “Art. 30. Compete aos Municípios: I - legislar sobre assuntos de interesse local;” (grifei) 
BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Disponível 
em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm >. Acesso em: 19 jul. 2015. 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2005/Lei/L11107.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2005/lei/l11107.htm
Forma de Estado adotada pelo Brasil em cada ocasião, desde o período colonial 
(quando éramos mera extensão de Portugal), passando pelo 1º Império Brasileiro, 
quando o Brasil era Estado Unitário, até os dias atuais, em que passamos por um 
momento de releitura do pacto federativo. 
 2.1 O MUNICÍPIO NO BRASIL COLÔNIA 
 A organização político-administrativa, no início do Brasil Colônia, deu-se de 
maneira totalmente improvisada, representada na figura dos Juízes de Fora. Tais 
indivíduos eram considerados uma espécie de mandatários da Coroa Portuguesa, 
pois representavam os interesses do Rei de Portugal em solo brasileiro, segundo José 
Nilo de Castro45. Apesar de existir um relativo grau de autonomia neste período, como 
adiante será demonstrado, não havia por que falar em “Peculiar Interesse”, muito 
menos em “Interesse Local”, visto que tal autonomia era concedida previamente pela 
Coroa Portuguesa, que era quem decidia arbitrariamente quais competências 
(funções) cabiam em relação a cada um dos Vilarejos e Cidades então existentes na 
Colônia. 
 Com isso, as funções político-administrativas eram distribuídas a essas 
Cidades e Vilarejos coloniais de maneira assimétrica, porém arbitrária, pois era 
destituída de critérios transparentes e preestabelecidos, que assegurassem o 
conjunto de funções concedidas atendessem efetivamente às necessidades e 
interesses dessas primeiras organizações locais. Isso porque a doutrina dominante 
era a Absolutista, o Rei era confundido com a figura do próprio Estado, pois o monarca 
concentrava em sua pessoa os poderes de administrar, legislar e julgar46, dentre 
outros. Ou seja, não havia o Princípio da Legalidade para impor a necessidade de 
regras preestabelecidas para a distribuição de competências: o Rei Português tinha 
Poder Absoluto, Uno e Indivisível, com o aparelho estatal e os bens públicos utilizados 
em seu próprio benefício ou de outros por ele arbitrariamente favorecidos, em 
detrimento da sociedade colonial. 
 
45 CASTRO, José Nilo de. Direito Municipal Positivo. Belo Horizonte: Del Rey, 1996. p. 30. 
46 SOUZA JUNIOR, Cezar Saldanha. O tribunal constitucional como poder: uma nova teoria da 
divisão dos poderes. São Paulo: Editora Memória Jurídica, 2002. p. 39-40. 
	Márcia Regina Zok da Silva
	Márcia Regina Zok da Silva

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