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A Rede de Atenção Psicossocial (RAPS)

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20/04/2024, 15:14 A Rede de Atenção Psicossocial (RAPS)
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02238/index.html?brand=wyden# 1/56
A Rede de Atenção Psicossocial (RAPS)
Marcelo Renó Arbex
Descrição
A constituição das políticas públicas, a função e as características dos
serviços de saúde mental no Brasil.
Propósito
O tratamento da pessoa com sofrimento psíquico grave, em liberdade e
integrada na sociedade, é complexo e desafiador, pois envolve diversos
atores e áreas de atuação que precisam atuar de forma complementar e
seguir os valores antimanicomiais. O conhecimento de todos os
desafios envolvidos e das possibilidades existentes é fundamental para
a prática ética e eficiente dos profissionais inseridos no contexto de
saúde mental.
Objetivos
Módulo 1
Reforma psiquiátrica no Brasil
20/04/2024, 15:14 A Rede de Atenção Psicossocial (RAPS)
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02238/index.html?brand=wyden# 2/56
Identificar os principais valores da reforma psiquiátrica no Brasil.
Módulo 2
Fundamentos do acompanhamento
do paciente
Aplicar os fundamentos do acompanhamento do paciente em
exemplos concretos.
Módulo 3
Funcionamento dos dispositivos da
saúde mental pública
Reconhecer o funcionamento dos diferentes dispositivos da saúde
mental pública.
Módulo 4
Serviços residenciais terapêuticos
Avaliar a importância e as peculiaridades dos serviços residenciais
terapêuticos.
Introdução
Ao trabalhar com saúde mental pública, você vai se deparar com
uma realidade muito diferente da que possa estar imaginando ou
da representada em alguns filmes. Atualmente, o tratamento das

20/04/2024, 15:14 A Rede de Atenção Psicossocial (RAPS)
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02238/index.html?brand=wyden# 3/56
pessoas com transtornos mentais graves é realizado em
liberdade.
A partir da década de 1970, houve uma mudança importante no
mundo todo em relação ao tratamento de pessoas com
transtorno mental grave. Tendo iniciado na Itália, um movimento,
conhecido como psiquiatria democrática, se expandiu para
diversos outros países.
No Brasil, esse movimento se associou à redemocratização do
país e ao movimento sanitarista, o que culminou na criação do
Sistema Único de Saúde (SUS). Aliada ao ideal de libertação das
pessoas, que até então ficavam fechadas em manicômios por
décadas, essa mobilização ansiava por melhores condições de
trabalho para os profissionais da saúde pública.
1 - Reforma psiquiátrica no Brasil
Ao �nal deste módulo, você será capaz de identi�car os principais valores
da reforma psiquiátrica no Brasil.
Marcos normativos
importantes na saúde mental
20/04/2024, 15:14 A Rede de Atenção Psicossocial (RAPS)
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02238/index.html?brand=wyden# 4/56
Mudanças históricas no tratamento
das pessoas com transtorno mental
A sociedade vai se modificando com a passagem do tempo. Pense na
sua vida há dez anos: a cultura e as tecnologias eram muito diferentes.
Na década passada, todos nós, em vários aspectos, pensávamos de
forma muito diferente se compararmos com a maneira como
entendemos as coisas hoje em dia. É só observar os programas de
televisão, por exemplo, ou os filmes nos cinemas.
Nossas concepções também mudam: basta refletir que se nota que a
consciência ambiental das pessoas se desenvolveu bastante nos
últimos anos. Também se modificou a forma como nós tratamos os
outros seres humanos.
Exemplo
Antigamente, a aplicação de castigos físicos por pais e educadores era
muito comum. Contudo, atualmente, acreditamos não haver a
necessidade desse tipo de disciplina – e até a achamos prejudicial na
criação das crianças e jovens.
Outro exemplo de mudança histórica é o destino das pessoas com grave
sofrimento psíquico. Atualmente, entendemos que alguém que sofre
com um transtorno mental está doente, mas não foi sempre assim.
No século XVIII, comportamentos desatinados e estranhos das pessoas
chamadas de “loucas” foram finalmente entendidos como doença
mental por uma área do conhecimento conhecida como alienismo.
Posteriormente, essa área se tornou a especialidade médica
denominada psiquiatria.
Ilustração de hidroterapia praticada em pacientes alienados. Paris, 1868.
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Tratamento moral
Em seu início, a psiquiatria utilizava um “tratamento moral” para tentar
resolver as doenças mentais, sendo ele aplicado com o paciente
internado. Esse “tratamento” não utilizava medicamentos ou qualquer
forma de terapia como nós entendemos hoje em dia, e sim castigos e
rigidez disciplinar. Acreditava-se que, com isso, seria possível modificar
o comportamento da pessoa com transtorno mental para que ela
passasse a agir de forma “normal” (FOUCAULT, 2012).
Saiba mais
O tratamento moral era realizado em manicômios, os quais, em seguida,
seriam chamados de hospitais psiquiátricos. Essas instituições eram
fechadas e estavam afastadas dos grandes centros, pois se entendia
que os doentes mentais não poderiam conviver em sociedade.
Imagine alguém sofrendo com alterações mentais, tendo pensamentos
que invadem sua cabeça, uma convicção em ideias absurdas ou tão
desanimada que mal consegue sair da cama ou cuidar de si mesma.
Agora suponha que essa pessoa seja colocada em internação em um
quarto de hospital longe da cidade onde ela vivia e que seu contato com
todos fora da instituição seja cortado.
Por fim, pense em um cotidiano totalmente controlado dentro desse
hospital. Você acredita que essa pessoa melhoraria ou pioraria seu
transtorno mental? Se respondeu “pioraria”, você acertou.
No entanto, os profissionais que acompanhavam as pessoas internadas
nos manicômios acreditavam que essa piora se devia à doença, e não
ao ambiente. Posteriormente, foi dado um nome a essa condição:
institucionalização.
Reforma psiquiátrica
A situação começou a mudar quando alguns profissionais, no século XX,
começaram a modificar o tratamento, enfatizando as atividades em
grupo dentro dos hospitais psiquiátricos (BIRMAN; COSTA, 2014). Isso
propiciou aos pacientes mais convivência e autonomia. Ambas foram
consideradas terapêuticas e levaram a uma melhora das condições de
saúde mental deles.
Porém, somente na década de 1970, com Franco Basaglia, na Itália,
começou o movimento pelo tratamento em liberdade, fora dos muros
dos manicômios. Com sua experiência piloto em um hospital da cidade
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de Gorizia, Basaglia (2014) utilizou certos fundamentos em sua
reorganização do funcionamento da instituição. Vejamos os mais
importantes:
Com isso, foi criada uma rotina: os pacientes poderiam ficar até mais
tarde na cama, alimentar-se quando quisessem e circular por espaços
antes fechados. Isso também levou a uma recusa da hierarquia e da
opressão sofrida por eles lá dentro. Com isso, nascia a psiquiatria
democrática.
Atenção
O ponto principal da psiquiatria democrática é o tratamento em
liberdade, extramuros, fora do manicômio. A partir dessa visão,
entendeu-se que não adianta tornar o hospital psiquiátrico mais
humanizado, mais confortável ou com tratamentos mais eficazes em
seu interior. A segregação não é terapêutica e viola os direitos humanos
da pessoa com transtorno mental.
 Utilização de medicações que permitiam
eliminar as contenções físicas.
 Reeducação teórica e humana dos
pro�ssionais.
 Restabelecimento de vínculos com o
exterior.
 Destruição de barreiras físicas.
 Abertura das portas.
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A reforma psiquiátrica pode ser entendida como o movimento de tornar
mais humanizado o tratamento das pessoas com transtorno mental,
reinserindo-asna sociedade e acabando com o tratamento fechado em
manicômios. Desse modo, o tratamento da pessoa com tal transtorno
mudou muito desde o surgimento da especialidade da Medicina que
entendia a loucura como uma doença mental.
Dois séculos depois, percebeu-se que o tratamento realizado com
isolamento e exclusão em manicômios era prejudicial. Teve início, com
isso, um movimento de reforma psiquiátrica.
O início da reforma
psiquiátrica no Brasil
O Brasil, como diversos países do mundo, possui uma história marcada
por tratamentos desumanos em relação ao tratamento das pessoas
com transtornos mentais. A longa permanência de internados em
condições insalubres levou a dezenas de milhares de mortos por
décadas a fio até que houvesse um levante contra o que já foi chamado
de “holocausto brasileiro”.
Agora vamos entender como o movimento de mudança dessa triste
realidade começou no país. O maior consenso em relação ao marco
inicial da reforma psiquiátrica foi o processo de redemocratização do
país, no final da década de 1970, que incentivou outros movimentos
sociais.
Um fator que é considerado o estopim para a reforma
foi a deflagração de uma greve pelos trabalhadores da
saúde mental devido às condições precárias de
trabalho (AMARANTE, 2016).
A pauta inicial de reinvindicações girou em torno da regularização da
situação trabalhista, aumento salarial, redução do número excessivo de
consultas por turno de trabalho, críticas à cronificação do manicômio e
ao uso do eletrochoque, por melhores condições de assistência à
população e pela humanização dos serviços. O movimento seguiu por
meio da presença em Congressos de Saúde Mental em âmbito nacional
e na incorporação de seus militantes no serviço público (AMARANTE,
2016).
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Saiba mais
Chamada de “eletrochoque”, a eletroconvulsoterapia é uma forma de
tratamento utilizada até hoje em casos de depressão ou psicose em
pacientes que não melhoram com o uso de medicações e quando isso
representa um risco para eles. No entanto, ela é um tratamento muito
criticado por pessoas da luta antimanicomial, pois, além de
extremamente invasivo, causa efeitos colaterais significativos, como
perda de memória recente. A eletroconvulsoterapia foi utilizada durante
muito tempo de maneira errada, funcionando como forma de castigo
nos manicômios.
Outro fator importante no contexto em que se situa o surgimento da luta
antimanicomial foi a batalha pela garantia de uma assistência de saúde
pública e de qualidade. Denominada reforma sanitária, tal luta levou ao
surgimento do SUS.
Cartão Nacional de Saúde - SUS (Sistema Único de Saúde).
No meio dessas reivindicações por melhores condições de trabalho na
saúde mental e da criação de uma saúde pública para todos, surgia
ainda a luta contra todos os tipos de maus-tratos sofridos pelos
pacientes nos manicômios. Ela foi estimulada por denúncias das
terríveis condições sofridas por essas pessoas.
Lei nº 10.216 – Lei da Reforma
Psiquiátrica
Em 1989, é apresentado o projeto de lei que viria a ser conhecido como
a Lei da Reforma Psiquiátrica. Quais eram os itens mais importantes a
serem garantidos por essa lei?
Vamos enumerá-los a seguir:
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
Diminuir os leitos em hospitais psiquiátricos.

Investir em dispositivos que tratassem fora dos manicômios.

Impedir a internação feita de forma arbitrária.
A lei foi homologada somente no ano de 2001 como Lei nº 10.216/2001
(BRASIL, 2004a). Porém, antes disso, já havia portarias ministeriais que
regulamentavam os serviços, por exemplo, os centros de atenção
psicossocial.
Um dos aspectos mais significativos da Lei nº 10.216 é sua garantia dos
direitos da “pessoa portadora de transtorno mental”. Destacaremos
adiante alguns dos direitos mais importantes garantidos por essa lei
federal para as pessoas acometidas de transtorno mental:
 Os direitos e a proteção dessas pessoas
são assegurados sem qualquer forma de
discriminação.
 Direito de ser tratado com humanidade e
respeito, e de acordo com suas
necessidades, pelo que o sistema de saúde
tenha melhor a oferecer.
 Direito de ser tratado visando unicamente
ao benefício de sua saúde, tendo como
objetivo alcançar sua melhora por meio
d i ã d i t f íli
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Percebe-se que a lei busca garantir direitos até então negados às
pessoas que sofrem de transtornos mentais. Também é possível notar
uma preocupação com a transparência do atendimento: todo o
tratamento, afinal, tem de ser esclarecido ao paciente.
Atenção
Ao trabalhar com o público que sofre com transtornos mentais, é
preciso conhecer os fundamentos do que se concebe atualmente como
da reinserção do paciente na família, no
trabalho e na comunidade.
 Direito a esclarecimento médico
relacionado a assuntos pertinentes à
internação involuntária.
 Direito de ser informado ao máximo em
relação à sua doença e a seu tratamento.
 Direito de que seu tratamento se dê por
meios minimamente invasivos tanto em
ambiente terapêutico quanto em serviços
comunitários.
 As pesquisas cientí�cas para �ns
diagnósticos ou terapêuticos não poderão
ser realizadas sem o consentimento
expresso do paciente ou de seu
representante legal.
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o tratamento mais indicado. A ideia na qual se baseia essa lei é a
utilização de locais comunitários e descentralizados de centros de
saúde, permitindo, assim, uma maior integração ao Território.
Território
O termo “território” aqui faz referência à territorialização do SUS. Esse fato
permite a organização dos serviços oferecidos segundo as necessidades
do território, pois entende-se que são os serviços de saúde que devem se
adequar às necessidades da população.
Você pode estar pensando agora: essa lei prevê o fim dos hospitais
psiquiátricos? A resposta é não. No entanto, a Portaria GM nº 52, de
2004, prevê a diminuição progressiva dos leitos psiquiátricos.
Com essa redução, os recursos que mantinham esses leitos seriam
redirecionados para os dispositivos de atenção psicossocial extra-
hospitalares, como os centros de atenção psicossocial, os quais, aliás,
estudaremos posteriormente (BRASIL, 2004a).
Dessa forma, a Lei nº 10.216 garante a interrupção da violação de
direitos ocasionada pela forma como a psiquiatria vinha intervindo na
vida das pessoas com transtorno mental ao longo de dois séculos. Mais
do que o tratamento em liberdade, ela pretende ratificar, na verdade, a
cidadania a todos que possam ser vítimas do poder médico no âmbito
da saúde mental.
A legislação deve servir de base para uma nova forma de se pensar o
acompanhamento com o paciente com transtorno mental.
Portaria nº 148 e o serviço hospitalar
de referência para atenção a pessoas
com sofrimento mental
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Outra legislação que vale a pena mencionar aqui é a Portaria nº 148, de
2012, que regulamenta os leitos de internação. Esses leitos são
chamados de serviço hospitalar de referência para atenção a pessoas
com sofrimento mental e necessidades decorrentes do uso de crack e
outras drogas.
Sua função principal é preservar a vida e garantir a continuidade do
cuidado pelos outros serviços da rede de atenção psicossocial (BRASIL,
2012). Ou seja, esse serviço deverá ser utilizado em casos de risco para
o paciente ou outras pessoas no seu entorno até que a situação seja
estabilizada e se torne possível continuaro acompanhamento pelos
outros dispositivos.
Uma diretriz a ser destacada dos serviços hospitalares é a sua
integração à RAPS, pois eles precisam funcionar em articulação e
corresponsabilidade com os outros serviços, não operando como uma
instituição separada ou deslocada.
Comentário
Os serviços que compõem a RAPS não são somente os dispositivos
específicos de saúde mental, e sim todos os serviços de saúde que
devem acompanhar as pessoas com transtorno mental, como as
unidades básicas de saúde e os hospitais.
É claro que os serviços hospitalares de internação funcionam 24 horas
por dia e 7 dias por semana. A portaria também estabelece que as
internações devem ser de curta duração. É importante salientar que
certas demandas clínicas podem exigir um atendimento em unidades
hospitalares mais complexas.
Falaremos adiante da internação, recurso que ainda deve ser usado em
situações mais graves. Contudo, já cabe salientar que ele é utilizado de
forma muito diferente das internações ocorridas antes da reforma
psiquiátrica. A principal diferença é que, hoje em dia, elas são de curta
permanência, enquanto antes se internava o paciente por anos – e até
mesmo por décadas.
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https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02238/index.html?brand=wyden# 13/56
Do Holocausto brasileiro às
políticas antimanicomiais
Vamos refletir a seguir sobre a triste história do holocausto brasileiro, o
qual, em grande parte, motivou as transformações alcançadas pelas
políticas antimanicomiais e os serviços oferecidos pela RAPS na
atualidade.

20/04/2024, 15:15 A Rede de Atenção Psicossocial (RAPS)
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02238/index.html?brand=wyden# 14/56
Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamos praticar alguns conceitos?
Questão 1
Existem diferenças marcantes no tratamento das pessoas com
transtornos mentais antes e depois da reforma psiquiátrica. Com a
luta antimanicomial, houve uma ruptura com o que se entendia
como tratamento dos pacientes psiquiátricos. Uma mudança
principal ocorrida após essa reforma foi o surgimento de
A medicamentos mais eficazes.
B tratamento mais humanizado.
C exames mais avançados para o diagnóstico.
D reinserção social.
E
20/04/2024, 15:15 A Rede de Atenção Psicossocial (RAPS)
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02238/index.html?brand=wyden# 15/56
Parabéns! A alternativa D está correta.
O que a reforma psiquiátrica trouxe de original foi a ideia de que o
paciente pode ser tratado em liberdade, não segregado em
manicômios, ou seja, reinserido na comunidade.
Questão 2
Uma das legislações mais importantes da reforma psiquiátrica no
Brasil é a Lei nº 10.216. Ela surgiu com o intuito de garantir uma
mudança na forma com que as pessoas com transtornos mentais
vinham sendo tratadas nos últimos dois séculos. Podemos afirmar
que o objetivo dessa legislação é
Parabéns! A alternativa D está correta.
A Lei nº 10.216 trouxe como novidade o tratamento humanizado e a
exigência de transparência ao acompanhar a pessoa com
maior comunicação dentro dos hospitais
psiquiátricos.
A
acabar com os leitos em hospitais psiquiátricos até
uma data determinada.
B
estipular que as internações devem ser debatidas
com o paciente.
C
criar residências nas quais os internos dos
manicômios pudessem viver após a alta.
D
garantir tratamento humanizado ao paciente e
informações sobre a sua doença.
E
permitir o uso de ferramentas tecnológicas mais
avançadas de diagnóstico.
20/04/2024, 15:15 A Rede de Atenção Psicossocial (RAPS)
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02238/index.html?brand=wyden# 16/56
transtorno mental. As internações continuam existindo, mas não
devem mais ser arbitrárias ou prolongadas.
2 - Fundamentos do acompanhamento do
paciente
Ao �nal deste módulo, você será capaz de aplicar os fundamentos do
acompanhamento do paciente em exemplos concretos.
Projeto terapêutico singular e
a atuação interdisciplinar
Projeto terapêutico singular
Quando acompanhamos uma pessoa que faz tratamento na saúde
mental, temos de traçar um plano de trabalho com ela. Esse
planejamento é denominado projeto terapêutico singular (PTS).
Primeiramente, precisamos entender que uma pessoa que sofre com
transtornos mentais não precisa somente de medicamentos ou de
psicoterapia. Ela pode ter diversos problemas diferentes na sua vida que
requeiram algum cuidado, como necessidade de renda para sobreviver.
Além disso, essa pessoa pode sofrer de outra doença e não conseguir
acessar os serviços especializados para se tratar.
20/04/2024, 15:15 A Rede de Atenção Psicossocial (RAPS)
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02238/index.html?brand=wyden# 17/56
Mas você pode estar pensando: tais problemas
precisam ser atendidos apenas pelo serviço social ou
também pelas unidades básicas de saúde e pelas
policlínicas da cidade?
A questão é que, como já vimos, a pessoa com transtorno mental
historicamente era uma excluída da sociedade, sofrendo um enorme
preconceito em diferentes ambientes. Vai ser necessário, portanto, todo
um trabalho de inclusão social para mudar esse cenário.
O PTS é um instrumento que busca atender a todas essas demandas do
usuário na rede de serviços públicos. Ele se constitui de uma série de
ações que, construída em conjunto com o usuário, tem como finalidade
a melhoria de sua qualidade de vida nas diferentes esferas da vida:
física, mental e social.
Atenção
A pessoa que busca e necessita do centro de atenção psicossocial não
é vista somente como um paciente, ficando passivo frente à oferta de
cuidados, mas também como um usuário protagonista de sua vida e
cidadão portador de direitos e voz política. Por isso, é importante que o
PTS seja elaborado com o usuário do serviço e busque satisfazer às
demandas de todas as esferas que compõem sua vida.
Ações que compõem o PTS
O PTS não deve se concentrar somente na saúde do usuário do serviço,
mas também buscar reintegrá-lo na sociedade e evitar que seus direitos
sejam violados.
Mas, afinal, que ações podem compor um PTS? Eis alguns exemplos
(BRASIL, 2004b):
 Inclusão em atividades no CAPS, como convivência
e oficinas (de esporte, de música, expressiva ou de
geração de renda).
20/04/2024, 15:15 A Rede de Atenção Psicossocial (RAPS)
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02238/index.html?brand=wyden# 18/56
Cada PTS será elaborado com um conjunto variado de ações. Todo
projeto terapêutico é único, pois cada caso apresenta suas
especificidades, isto é, cada pessoa é singular e precisa ser atendida
sem nenhuma ideia preconcebida.
 Atendimento psicoterápico individual ou em grupo.
 Realização de visitas domiciliares (VD) para
avaliação do entorno e do contexto social no qual o
paciente está inserido.
 Atendimento aos familiares do paciente em
reuniões de família ou em consultas específicas.
 Auxílio para obtenção de benefícios
governamentais, como benefício de prestação
continuada, Minha Casa, Minha Vida ou auxílio-
doença.
 Inserção do usuário em atividades no próprio bairro
ou nas proximidades para vinculá-lo à sua
comunidade e ao suporte que ela pode oferecer.
 Ações em conjunto com a atenção primária ou a
rede de assistência.
20/04/2024, 15:15 A Rede de Atenção Psicossocial (RAPS)
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Após a elaboração do projeto terapêutico, o que acontece? Devemos
acompanhar se as ações propostas tiveram o efeito esperado. Os
resultados são observados em uma avaliação periódica do PTS, com o
objetivo de avaliar se ele é adequado ao paciente e se está sendo
eficiente para atender e resolver as demandas às quais se propôs.
Atuação interdisciplinar
Como já apontamos, a pessoa em tratamento na saúde mental possui
diversas necessidades além da estabilização de seu quadro de
transtorno mental. Ela pode estar passando por problemas sociais,como dificuldades financeiras e de moradia, ou ter problemas motores
que prejudicam sua autonomia, por exemplo.
Por isso, entendemos que o ser humano precisa ser
visto como alguém constituído de diferentes
dimensões (biológica, psicológica, social e histórica).
Seu tratamento, assim, tem de levar em conta todas
essas esferas.
Para dar conta do ser humano integralmente, o trabalho nos CAPS é
realizado por uma equipe multidisciplinar na qual nenhuma
especialidade possui qualquer tipo de protagonismo ou superioridade
hierárquica. Antes da reforma psiquiátrica, salientamos, o poder médico
era exercido de forma absoluta.
Ainda temos a tendência de buscar prioritariamente um médico ou um
psicólogo quando precisamos cuidar de um transtorno mental. Porém,
como enfatizamos, os problemas das pessoas nos serviços de saúde
mental pertencem a campos muito variados.
Exemplo
Questões sociais, ocupacionais e jurídicas.
20/04/2024, 15:15 A Rede de Atenção Psicossocial (RAPS)
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Especialidades
É claro que, se uma pessoa tem um problema específico de certa área,
ela precisa de um profissional especializado no assunto. Por isso, não
podemos desprezar o conhecimento do especialista.
Mas existem diversas tarefas que todo profissional no CAPS pode fazer,
como elaborar um PTS. Já outras coisas, como receitar uma medicação,
somente o médico pode realizar.
Atenção
O campo da saúde mental é muito complexo e plural, demandando um
intercâmbio intenso de diversos saberes para a realização de um
trabalho efetivo e de qualidade.
Também temos questões que não podem ser resolvidas somente com a
equipe do CAPS, por mais variada que ela seja. Por vezes, é preciso que
o paciente acesse serviços da assistência social ou da Justiça – e
assim por diante.
Por conta disso, o acompanhamento não pode ser feito de forma
centralizada no CAPS. Deve haver a atuação conjunta de toda a rede de
serviços de saúde, de assistência social, de educação e de cultura, entre
outros, que possam auxiliar nos cuidados e na reinserção social da
pessoa com transtorno mental.
Dessa forma, o atendimento à pessoa com transtorno mental deve ser
realizado de forma integral, isto é, não fragmentada, levando-se em
conta que as diversas dimensões da pessoa se influenciam
mutuamente e não podem ser tratadas de forma separada.
Papel da família no
acompanhamento
Na época das internações de longa permanência, a pessoa com
transtorno mental era retirada da sociedade e separada de sua família.
Atualmente, nosso modelo de tratamento prevê que o acompanhamento
em um CAPS tem de ocorrer em parceria com as famílias (BAGNOLA;
SOUZA, 2007).
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Mas deve-se ter cuidado ao abordar as famílias dos usuários dos
serviços de saúde mental. É preciso evitar uma vertente que as culpe
pelos problemas dos pacientes, assim como não devemos
responsabilizá-las por todo o cuidado com eles.
Muitas vezes, o surgimento e a presença de uma pessoa com transtorno
mental na família causam uma reestruturação no funcionamento
familiar. O paciente pode requerer maior vigilância ou – sendo até então
alguém produtivo – estar incapacitado para o trabalho. Desse modo, é
importante entender como a família vê esse membro, que sofre com
todas as implicações de um transtorno mental, o qual, em muitos casos,
é incapacitante.
Qual é, então, o objetivo do trabalho
com os familiares?
Pode-se dizer que ele visa a auxiliar na relação e na gerência do paciente
no cotidiano, gerando uma melhor cooperação, diminuindo os fatores
que podem levar a um conflito intrafamiliar e incentivando a
participação de todos no tratamento.
Atenção
É importante destacar que o acompanhamento da pessoa com
transtorno mental deve ser feito com a família, pois entende-se que os
familiares podem tanto auxiliar como prejudicar o estado do paciente. O
atendimento técnico a eles pode ter como consequência uma mudança
positiva na atitude da família como um todo em relação ao usuário do
serviço.
Ao receber a família de um paciente no serviço, é necessário algum tipo
de atividade que a envolva no tratamento para intermediar suas relações
no núcleo familiar ou para obter outro tipo de informação sobre ele.
Ainda é essencial disponibilizar um espaço de escuta para os familiares
dentro do serviço para que também exista um momento para o
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sofrimento deles, do cuidador e dos envolvidos, destacam Bagnola e
Souza (2007).
Muitas vezes é a família que primeiramente busca o tratamento, pois a
pessoa com transtorno mental pode não ter consciência de seu estado
alterado. Com isso, o próprio paciente pode não frequentar o CAPS.
Nesses casos, o trabalho realizado em conjunto com o familiar pode
auxiliar ou ser o único vínculo entre a pessoa com transtorno mental e o
serviço de saúde mental.
Agora você pode estar pensando que é muito pesado para um só
profissional acompanhar o paciente e toda sua família. Por conta disso,
é recomendado que o acompanhamento dos familiares do usuário seja
feito por um funcionário diferente daquele que acompanha o próprio
usuário. Além de dividir a carga do caso, o vínculo e a confiança podem
ser comprometidos quando o acompanhamento é feito a ambos,
pontuam Bagnola e Souza (2007).
Desde o início, temos visto que a ideia mais atual do acompanhamento
de pessoas com transtorno mental é o tratamento feito em liberdade.
Isso significa que ele preferencialmente vai estar em casa ao longo
desse processo.
Então, mesmo que seu quadro de transtorno mental fique agudo, ele terá
de ser – de modo preferencial, insistimos – tratado da seguinte forma: o
paciente vai ao serviço, mas tem de voltar para sua residência todos os
dias. Com isso, a família precisa ser esclarecida sobre seu papel de
apoio e orientada a como cuidar do paciente, além de ter suas angústias
acolhidas e elaboradas em um trabalho profissional eficiente.
Muitas vezes, os transtornos mentais mais graves são
crônicos. Isso quer dizer que não existe cura, mas
somente o tratamento. O acompanhamento feito de
forma eficiente permite que esse quadro fique
estabilizado.
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Porém, no momento que chamamos de “crise”, a situação se
desestabiliza. Resultado: pode haver alterações capazes de representar
um risco para a própria pessoa ou para os outros.
Desinstitucionalização
Um dos conceitos que perpassa todo o pensamento da reforma
psiquiátrica é o de desinstitucionalização, que pode ser entendido como
“desconstrução” da ideia tradicional de que os transtornos mentais
devem ser tratados somente com a internação nos hospitais
psiquiátricos (AMORIM; DIMENSTEIN, 2009, p. 196).
Essa tendência “manicomial” não está presente somente nos hospitais
psiquiátricos, mas também em toda a nossa cultura. É muito comum a
tendência de patologizar o diferente, excluir o disforme e segregar o que
vai contra as normas e os valores com os quais estamos acostumados.
Por isso, a luta antimanicomial é muito mais do que simplesmente
retirar os internos dos hospitais psiquiátricos: é necessária uma
mudança cultural mais ampla. Uma parte importante da
desinstitucionalização é a consciência de que os transtornos mentais
podem não ser curados no mesmo sentido que as outras doenças.
É por isso que utilizamos o termo “transtorno” no lugar de “doença. Não
há uma causa definida para os transtornos mentais; então, tampouco
existe uma medicação ou outra ferramenta que resolva esse problema
de forma definitiva.
Na saúde mental, trabalhamos com o conceito de redução de danos.
Trata-se de um termomais conhecido no trabalho com as pessoas que
sofrem prejuízos com o uso de álcool e de outras drogas.
Ao atender um dependente químico, não se utiliza a abstinência (ou a
interrupção do uso de substâncias psicoativas) como critério de
inclusão e continuidade no tratamento, cujo objetivo, em qualquer caso
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de transtorno mental, é diminuir os prejuízos que ele causa à vida da
pessoa, e não a eliminação completa das alterações. Como não existe
um local que resolva definitivamente o transtorno mental, a pessoa terá
de ser acompanhada dentro do território onde vive e estabelece seus
vínculos.
Território
Na saúde mental, trabalhamos com o conceito de redução de danos. Trata-
se de um termo mais conhecido no trabalho com as pessoas que sofrem
prejuízos com o uso de álcool e de outras drogas.
Atenção
Um ponto importante do trabalho do território é a construção de uma
rede de serviços e de pessoas que possam dar o suporte às
necessidades da pessoa com transtorno mental.
Ao trabalhar em rede, entende-se que não existe um centro ou um
elemento de destaque em importância. Todos as pessoas envolvidas no
cuidado são essenciais. Da mesma forma, nenhum serviço é mais
importante que os outros.
Os centros de atenção psicossocial, que vamos conhecer no próximo
módulo, podem ser a referência no atendimento à pessoa com
transtorno mental, mas, entre outros, eles dependem de outros serviços
de saúde, das instituições não governamentais (ONGs), da família, dos
órgãos da educação e da assistência social.
A responsabilidade pela reinserção social da pessoa em sofrimento
psíquico grave não deve ficar restrita a certos espaços. Ela precisa ser
difundida por toda a cultura, o que permite uma mudança na tendência
de impedir a livre circulação e o acesso a certos espaços por quem
sofre com transtornos mentais.
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Implicações do conceito de
redução de danos e os centros
de atenção psicossocial
Vamos refletir a seguir sobre a ideia de cura no caso dos transtornos
mentais, além de explicar o conceito de redução de danos e a filosofia
de atendimentos nos CAPS. Confira!

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Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamos praticar alguns conceitos?
Questão 1
O projeto terapêutico singular (PTS) deve ser elaborado com o
paciente e ser constituído de diversas atividades, as quais, por sua
vez,.
A visam estabilizar seu quadro de alteração psíquica.
B
devem ser realizadas dentro dos centros de atenção
psicossocial.
C
tem como objetivo atender às diferentes demandas
que ele apresenta.
D buscam cuidar da sua saúde.
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Parabéns! A alternativa C está correta.
O PTS deve ser pensando com o paciente para atender às suas
diferentes necessidades – e não só no campo da saúde. As
atividades que compõem o PTS podem ser realizadas nos mais
diferentes locais, sejam eles serviços públicos ou outros espaços
da comunidade.
Questão 2
É muito comum que a família chegue ao serviço de saúde mental
antes do paciente. Muitas vezes, ela comparece ao local queixando-
se do comportamento dele e demandando alguma solução
imediata. Qual é o papel da equipe no acolhimento desses
familiares nesse momento?
E são pensadas pela equipe do CAPS e comunicadas
ao paciente.
A
Informar que logo será ministrada uma medicação
que fará o paciente melhorar esses
comportamentos alterados.
B
Colocar essa família em uma atividade para que
essas queixas trazidas sejam resolvidas.
C
Encaminhar os familiares aos serviços da
assistência social nos quais suas demandas serão
mais bem atendidas.
D
Escutar o sofrimento dessa família e explicar que o
auxílio deles é essencial para o tratamento ser mais
eficiente.
E
Explicar que é preciso atender o paciente antes de
tirar qualquer conclusão, pois a visão deles pode ser
tendenciosa.
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Parabéns! A alternativa C está correta.
Em um primeiro momento, a queixa da família deve ser acolhida. É
preciso esclarecer que o suporte deles é muito importante para que
o acompanhamento tenha mais qualidade.
3 - Funcionamento dos dispositivos da saúde
mental pública
Ao �nal deste módulo, você será capaz de reconhecer o funcionamento dos
diferentes dispositivos da saúde mental pública.
Centro de Atenção
Psicossocial (CAPS), atenção
psicossocial e atenção básica
Características dos centros de
atenção psicossocial
Como já pontuamos, as pessoas que sofrem com transtornos mentais
possuem necessidades de tratamento que vão além de questões da
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saúde propriamente dita. Muitas possuem dificuldades de convívio ou
de inserção social.
Por isso, os centros de atenção psicossocial não devem ser apenas
dispositivos de saúde. Eles, na verdade, precisam ser espaços aonde os
usuários do serviço também vão para conviver com outros e exercer sua
cidadania.
Para isso, esses serviços devem ser acolhedores e não reprimir a
singularidade dos usuário, para que as pessoas com transtornos
mentais possam apresentar supostos comportamentos bizarros e
discursos delirantes sem o medo de sofrer represálias ou preconceitos.
Tipos de CAPS
Os CAPS podem variar em três níveis de acordo com o número de
habitantes:
 Cidades menores
(entre 15.000 e 70.000 habitantes)
Os CAPS I atendem a toda a demanda de saúde
mental desses municípios.
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A divisão em subtipos de CAPS busca melhorar o atendimento a
demandas específicas de cada público, além de especializar o serviço.
Imagine que você consiga uma vaga no serviço público e que sua
lotação seja em um serviço de tratamento para dependentes químicos.
Ou pode ser que você vá para um local de atendimento infantil.
São duas situações bastante diferentes, não é verdade? Dependendo da
situação, você vai precisar se especializar em um assunto ou no outro.
Por conta disso, o CAPS infantojuvenil (CAPSi), por exemplo, se dedica
aos casos mais comuns que acometem as pessoas menores de idade,
trabalhando mais de perto com os conselhos tutelares.
 Cidades medianas
(entre 700.000 e 150.000 habitantes)
Atuam os CAPS II, que têm mais dois subtipos:
CAPSi (para atendimento infantojuvenil) e CAPS-ad
(para atender a população que sofre com o uso de
álcool ou outras drogas).
 Cidades grandes
Com mais de 150.000 habitantes
Contam com os CAPS III e CAPS ad III. Esses
dispositivos podem funcionar 24 horas por dia, ter
vagas para acolhimento noturno e atender a todas
as faixas etárias.
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Os profissionais que atuam no CAPSi vão precisar conhecer a fundo o
Estatuto da Criança e do Adolescente e as principais psicopatologias da
infância. Por outro lado, quem trabalha em um CAPSad tem de conhecer
amplamente o universo da dependência química e das substâncias
psicoativas. Todos os serviços da saúde mental, porém, seguem os
fundamentos da reforma psiquiátrica, como vimos na primeira parte de
nosso estudo.
Estrutura física do CAPS
Como deve ser uma estrutura física
de um CAPS?
Você pode estar pensando queisso não é tão importante. O CAPS,
afinal, pode funcionar em qualquer tipo de casa – contanto que tenha
salas de atendimento, como um consultório.
Porém, conforme já verificamos, o acompanhamento do paciente em
um CAPS vai além do cuidado com sua saúde. A pessoa com transtorno
mental tem de ser atendida levando-se em conta todas as esferas de
sua vida. O ser humano, afinal, deve ser visto como um ser
biopsicossocial e histórico.
Com isso, o ambiente do CAPS (BRASIL, 2004b) precisa ter:

Espaços de convívio social.

Áreas para atividades dos mais
diversos tipos (chamadas de
“o�cinas”).

Refeitório para os pacientes que
precisam passar o dia lá.
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
Salas para atendimentos e
sanitários.
Sobre o CAPS é importante reforçar:
O Centro de atenção psicossocial não deve tornar o
paciente dependente do serviço. As atividades internas
precisam resolver as demandas do usuário para que
ele consiga conviver na sociedade de forma mais
satisfatória.
Apesar da estrutura abrangente, a equipe não deverá ficar restrita ao
CAPS se quiser atender a todas as demandas do usuário. É preciso, em
suma, atuar com toda a RAPS, os serviços de assistência social, a rede
de educação e quaisquer outras instituições que possam auxiliar na
melhoria da saúde mental e da qualidade de vida da pessoa atendida.
Em resumo, cada CAPS varia de acordo com o tamanho da cidade. Nas
medianas ou grandes, existe a subdivisão em três tipos de CAPS (de
transtornos mentais de adultos, infantojuvenil e de transtornos
relacionados ao uso de álcool e outras drogas). Cada tipo precisa cuidar
de seus pacientes em todas as dimensões relacionadas à sua existência
sem deixar de estimular a autonomia deles.
Atenção psicossocial
Uma pessoa procura um CAPS quando está sofrendo por causa de um
transtorno mental próprio ou de outra pessoa. Esse sofrimento não
precisa ser somente da esfera mental: ele também pode ser social ou
um problema físico.
A causa desse sofrimento muitas vezes é consequência da exclusão
social que a pessoa com transtorno mental sofre em nossa sociedade.
Mesmo alguém sem esse tipo de transtorno pode ter um sofrimento
psíquico devido a uma situação de preconceito.
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A ausência de recursos materiais, o preconceito, os conflitos familiares
e a falta de acesso à educação e à cultura já fazem sofrer uma
significativa parcela da população. Todos esses itens deixam mais grave
ainda a situação de quem tem um transtorno mental.
Por isso, a atenção psicossocial deve levar em conta todo o entorno e o
contexto no qual o paciente está inserido. O PTS tem de contemplar
todas essas esferas da vida da pessoa em questão. No entanto, isso
não quer dizer que a equipe do CAPS vai resolver os problemas da vida
das pessoas por elas.
Atenção
O objetivo do acompanhamento do paciente é estimular a autonomia e o
protagonismo do usuário para evitar ações que estimulem a
dependência, a submissão e a incapacidade da pessoa em ser
responsável por si mesma.
Outro ponto que já mencionamos é que o trabalho da atenção
psicossocial não deve ficar restrito a espaço do CAPS. É preciso lutar
pelo fim das fronteiras que impedem o livre fluxo das pessoas com
transtornos mentais na sociedade.
Não pode existir um local específico para que as pessoas frequentem.
Tampouco deve haver impedimentos para uma pessoa com transtorno
mental visitar certos locais por conta do preconceito, por exemplo.
Nosso trabalho na saúde mental também inclui, portanto, modificar a
consciência das pessoas em relação a esse problema.
Além da clínica
É importante entender que o trabalho clínico muitas vezes pode se
assemelhar a um controle social em vez da busca pela autonomia e
independência das pessoas. Afirmar que o outro precisa de ajuda, afinal,
pode configurar uma forma de interferir, aliciar, tutelar, dominar etc.
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Por isso, a atenção psicossocial precisa encontrar o delicado equilíbrio
entre dar suporte sem retirar a possibilidade de escolha do sujeito.
É preciso observar atentamente que existe o perigo de
tornar o espaço interno dos CAPS excludente e
manicomial.
Isso pode acontecer na oferta de atividades que nada mais são do que
meros “passatempos”. Além desse fato, a tendência em serviços do tipo
é a de ser um ambulatório com atividades diversas, embora lhes falte a
produção de cultura e de práticas inovadoras, assim como um trabalho
político.
Atenção!
É necessário ir além da produção de saúde ao se acompanhar o
paciente na saúde mental. Tendo isso em vista, a reinserção social e a
atividade como cidadão devem ser estimuladas e auxiliadas.
Deve-se abandonar, então, o modelo de consultas individuais e
agendadas, dando prioridade a ações e atividades coletivas no CAPS em
que outros atores sociais estejam envolvidos; caso contrário, tal espaço
acaba servindo como excludente. O usuário pode tê-lo como local único
de convívio e de entretenimento; afinal, muitas vezes, mesmo em casa,
ele fica segregado de sua família.
Então, ao trabalhar em um CAPS, devemos entender que nosso papel
não é torná-lo o único local seguro e agradável para o paciente, e sim
possibilitar sua convivência em um território cada vez mais amplo. Com
isso, o nosso trabalho tem de transpor as paredes do CAPS.
Matriciamento
Imagine que você seja um profissional lotado em um centro de atenção
psicossocial. Você precisa acompanhar dezenas de pacientes em um
território amplo da cidade.
Muitos deles não vão ao CAPS e, por isso, demandam visitas
domiciliares. Contudo, o carro do serviço é utilizado para diversas
funções ao longo dos dias. Além disso, você possui uma agenda de
atividades dentro do serviço.
A solução para esse tipo de situação é realizar o acompanhamento dos
pacientes da saúde mental com a atenção básica (ou a primária)
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presente nas Unidades Básicas de Saúde (UBS). O nome dado a esse
trabalho em conjunto feito pelos CAPS e pelas UBS é matriciamento.
Saiba mais
A atenção em saúde é dividida em três níveis: primário, secundário e
terciário. O nível primário, também denominado atenção básica, é
composto pelas UBS nas quais se organiza a estratégia da saúde da
família.
A atenção primária realiza o acompanhamento básico de todos os
moradores de dada região. Trata-se de um acompanhamento de saúde
descentralizado que visa à prevenção e ao acompanhamento de
doenças muito comuns que precisam ser monitoradas constantemente,
como hipertensão e diabetes.
Esse trabalho é realizado pelos agentes comunitários de saúde (ACS),
que são profissionais de nível médio. Na abordagem de pacientes com
transtornos mentais, o suporte especializado da saúde mental –
representado pelos profissionais dos CAPS – pode ser necessário.
A equipe de saúde mental dos CAPS, chamada, nesse
âmbito, de “equipe matriciadora”, deve dar apoio
matricial à equipe de saúde da família (ESF). A ESF é
constituída pelos ACS, os quais, nesse contexto, são
denominados “equipes de referência”.
O acompanhamento do paciente pelos ACS é imprescindível para levar
em conta sua saúde integral e o acompanhamento mais próximo no
próprio território onde ele reside. Os agentes de saúde devem ser
capacitados e instrumentalizados pela equipe de saúde mental para
lidar com demandas mais simples e avaliações iniciais dos pacientes
para que haja uma resolução de demanda inicial nos postos de saúde.
A ideia desse acompanhamento conjunto é que se elabore um projeto
terapêutico singular com o paciente ecom os agentes comunitários. O
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acompanhamento dele pode ser feito pela atenção primária: a equipe de
saúde mental pode funcionar somente como uma retaguarda e
acompanhar de perto os casos mais graves.
O acompanhamento matricial tem como consequência a mudança na
forma de funcionamento e organização dos serviços de saúde. O
matriciamento tem como objetivo evitar uma comunicação “precária e
irregular” feita por intermédio de encaminhamentos sem muita
efetividade (CHIAVERINI, 2011). Ao se trabalhar em conjunto e
responsabilizar cada setor com seus papéis específicos, é possível
haver uma atenção à saúde eficiente.
A ideia do matriciamento não é ter um especialista em saúde mental
nas unidades básicas de saúde atendendo ou tomando decisões por
conta própria. Pelo contrário: seu papel é dar um suporte especializado
para a equipe encarregada do acompanhamento na atenção básica.
Dessa forma, esse especialista permite:
Um suporte técnico-pedagógico, um
vínculo interpessoal e o apoio
institucional no processo de
construção coletiva de projetos
terapêuticos
(CHIAVERINI, 2011, p. 14 e 15).
Internação
Você sabe que diversos tratamentos de saúde demandam internação
hospitalar por alguns dias ou até semanas. Na saúde mental, isso não é
diferente. No entanto, precisamos estar atentos ao fato de que ela não
pode ser prolongada como era na época manicomial.
Por isso, a Lei nº 10.216 define que a internação só será utilizada
quando o tratamento extra-hospitalar não for suficiente para evitar
riscos para o próprio paciente ou para terceiros. Então, antes de se
indicar uma internação, deve-se buscar o suporte familiar e comunitário,
além de estimular a autonomia do paciente no próprio tratamento.
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Na internação, a assistência integral à pessoa ainda precisa ser
garantida, incluindo serviços médicos, psicológicos e do serviço social,
além de outros. Essa preocupação se baseia na tendência
anteriormente em voga, já que antigamente a internação em manicômio
privava o paciente de qualquer tipo de assistência, configurando-se
simplesmente como uma reclusão e isolamento da sociedade.
A internação pode ser de três tipos (BRASIL, 2004a):

Voluntária
O paciente aceita a decisão de ser internado ou se encaminha
voluntariamente.

Involuntária
O paciente recusa a indicação. Nesse caso, ela deve ser notificada ao
Ministério Público em até 72 horas.

Compulsória
O paciente não pode decidir, ela é determinada pela Justiça.
A alta da internação não depende apenas da estabilização do quadro do
transtorno mental, pois ela também tem de ser planejada para que os
fatores que possam ter agravado o quadro sejam revertidos. O trabalho
de atenção psicossocial, portanto, não se interrompe com o paciente
internado. Na verdade, ele apenas se intensifica.
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Deve haver também uma abordagem com a família do paciente
internado para que sejam dadas “orientações sobre o diagnóstico, o
programa de tratamento, a alta hospitalar e a continuidade do
tratamento em outros pontos de atenção da rede de atenção
psicossocial” (BRASIL, 2012).
A internação e sua
importância no
funcionamento da RAPS
Vamos refletir a seguir sobre os diversos tipos de internação, assim
como sua importância tanto para os usuários dos serviços oferecidos
pela RAPS quanto para o funcionamento desses serviços nos CAPS.
Confira!

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Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamos praticar alguns conceitos?
Questão 1
Os principais serviços da saúde mental pública são os centros de
atenção psicossocial. Esses centros contam com uma equipe
multidisciplinar para o acompanhamento dos usuários do serviço.
Os profissionais que a compõem devem
A
trabalhar com toda a rede de saúde e de assistência
conforme as necessidades do usuário.
B
acompanhar o usuário, centralizando seus
atendimentos no serviço para vinculá-lo ao CAPS.
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Parabéns! A alternativa A está correta.
O acompanhamento do paciente no CAPS não deve ser feito de
forma centralizada ou excludente. O CAPS é um serviço que opera
de portas abertas, sempre acolhendo o paciente e trabalhando com
toda a rede conforme a necessidade do paciente no momento do
atendimento.
Questão 2
Conhecido como matriciamento, o acompanhamento de pessoas
com transtornos mentais realizado por agentes comunitários de
saúde, com o suporte dado pelas equipes de saúde mental dos
CAPS, é essencial no cuidado desses pacientes, pois:
C
atuar de forma isolada, cada um utilizando as
técnicas de sua especialidade profissional.
D
atender segundo uma agenda de marcações de
atendimento, deixando a critério do paciente o
contato com o serviço.
E
acompanhar o paciente quando ele estiver
estabilizado, pois o indivíduo em crise deverá ser
atendido nos hospitais.
A permite dividir a responsabilidade pelo paciente.
B
possibilita que o paciente possa ser visto de forma
mais frequente.Segunda resposta da pergunta.
C
auxilia a equipe do CAPS a dar conta de todos os
pacientes.
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Parabéns! A alternativa E está correta.
O tratamento ao paciente com transtorno mental deve ser realizado
em território. O matriciamento é a ferramenta que permite o
acompanhamento descentralizado do público que precisa de
cuidados da saúde mental.
4 - Serviços residenciais terapêuticos
Ao �nal deste módulo, você será capaz de avaliar a importância e as
peculiaridades dos serviços residenciais terapêuticos.
Serviço residencial
terapêutico (SRT)
D
dispensa os profissionais do CAPS de atender aos
casos mais urgentes.
E
realiza o tratamento de forma mais próxima do local
onde o paciente reside.
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Criação dos SRT
Imagine como deve ser difícil mudar hábitos constituídos ao longo de
anos ou de décadas. As pessoas que passaram grande parte de suas
vidas enclausuradas dentro de uma instituição adquirem prejuízos
devido a anos e décadas de uma vida controlada, regulada e vigiada.
Isso é chamado de institucionalização. E não basta tirar as pessoas do
aprisionamento dos manicômios para desfazer esses efeitos deletérios.
Um estudo muito profundo sobre as alterações causadas pela
internação em hospitais psiquiátricos e outros locais foi feito por Erving
Goffman. Esse sociólogo norte-americano (1996) descreveu as
características e os efeitos da estadia em uma instituição total.
Características das instituições totais
Uma instituição é total quando ela faz com que todas as atividades da
vida de alguém sejam realizadas dentro dela, causando uma ruptura
com todos os outros espaços de convívio da sociedade. Normalmente,
nós realizamos atividades em locais diversificados: moramos em um
lugar, trabalhamos em outro, estudamos em um terceiro ambiente – e
assim por diante.
Entretanto, algumas situações nos obrigam a ficar fechados em um
local. Nesses casos, ele precisa acumular diversas funções.
Exemplo
Internação para tratamento intensivo de saúde ou prestação de serviço
militar. Conventos e prisões também apresentam características
semelhantes.
As instituições totais possuem, entre outras, as seguintescaracterísticas:
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Viver em um ambiente com essas características leva a uma perda da
liberdade que tem consequências graves. Perde-se a concepção de si
mesmo e de suas crenças, o que é denominado por Goffman (1996)
como “mortificação do eu” e “desculturamento”, respectivamente.
Por isso, deve ser feita uma reabilitação psicossocial assistida do
paciente hospitalizado por longa data ou em “situação de grave
dependência institucional”. Muitas vezes, essas pessoas já não podiam
contar com a família para recebê-los após a saída dos manicômios; para
esses casos, foi necessária a criação de serviços residenciais
terapêuticos, que são moradias mantidas pelo Estado para que elas
possam viver reinseridas na sociedade.
Desde os anos 1990, já existiam algumas iniciativas denominadas
“pensões protegidas” ou “lares abrigados”, uma espécie de protótipo
dos serviços residenciais terapêuticos (FURTADO, 2006). Nessa época,
já ficou demonstrada, na prática, a possibilidade da existência de
moradias dentro das cidades para os internados por longa data. Esses
pacientes praticamente “moravam” dentro dos manicômios e não
conseguiam ser reinseridos em suas famílias ou não tinham as
condições de manter por si só uma residência.
 Os horários são rigorosamente
estabelecidos.
 Há constantemente vigilância e risco de
punição.
 O contato é restrito com o mundo externo.
 Os internos não possuem informações
nem poder sobre as decisões que lhes
afetam.
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Legislação
A legislação que criaria oficialmente os serviços residenciais
terapêuticos só foi publicada no ano 2000 pela Portaria GM nº 106. Ela
estipula que as residências terapêuticas devem ser casas,
preferencialmente inseridas na comunidade.
Essa ação teria como objetivo o acolhimento de:
Egressos de internações
psiquiátricas de longa permanência,
que não possuam suporte social e
laços familiares.
(BRASIL, 2004a, p. 100)
Essa ruptura com a família podia acontecer porque os hospitais não
mantiveram a documentação de seus pacientes internados há muitos
anos e até mesmo décadas, o que tornava impossível esse reencontro.
Mas, mesmo quando eles eram localizados, poderia haver diversas
dificuldades para o recebimento desses internos (FURTADO, 2006, p.
786).
A transferência de pacientes de uma internação em um hospital
psiquiátrico para uma vaga em SRT prevê a redução ou o
descredenciamento do leito previamente ocupado. Tal medida pretendia
não eliminar a verba que mantinha os leitos psiquiátricos de longa
duração e transferi-lo para o serviço que viria a substituí-lo.
Atenção
A função das residências terapêuticas não é somente a de ser um local
para a pessoa residir após a saída do manicômio. Seu objetivo é a
reabilitação psicossocial, graças a uma reintegração social, de
“programas de alfabetização, de reinserção no trabalho, de mobilização
de recursos comunitários, de autonomia para as atividades domésticas
e pessoais e de estímulo à formação de associações de usuários,
familiares e voluntários” (BRASIL, 2004a, p. 101).
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Os serviços residenciais terapêuticos devem ser de natureza pública,
mesmo que eles sejam não governamentais. Além disso, precisam ter
um projeto terapêutico construído tendo em vista os objetivos acima
descritos. Com isso, sua atividade se centraliza nas necessidades de
seus usuários (BRASIL, 2004a).
Para ajudar a reabilitação de quem saía das internações longas em
manicômios, foi estipulado ainda um auxílio financeiro. Em 2003, é
criada a Lei nº 10.708, que prevê um auxílio reabilitação de caráter
indenizatório para pessoas com transtornos mentais egressos de
internações de longa permanência (por pelo menos dois anos
ininterruptos). Esse auxílio é parte integrante de um programa intitulado
"De volta para casa”.
Características e importância dos
SRTs
As residências terapêuticas devem se situar fora de hospitais, evitando,
assim, a tendência à manicomialização de pessoas com transtornos
mentais. Sua estrutura física precisa ser compatível com o máximo de 8
usuários, com 3 por dormitório. Ele ainda tem de ser mobiliado como
qualquer casa confortável e contar com a garantia de três refeições
diárias.
A legislação não prevê que uma equipe atue nos SRTs. Cada um deve
estar referenciado a um serviço de saúde, que será o responsável por
realizar o acompanhamento especializado em saúde mental dos
moradores.
Já a Portaria nº 3.090, de 2011, diferencia os SRTs em tipo I e tipo II
(BRASIL, 2011):
SRT Tipo I 
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Comporta até oito moradores que não possuem outra
característica além de pessoas com transtorno mental em
processo de desinstitucionalização.
Tem como público pessoas com “acentuado nível de
dependência, especialmente em função do seu
comprometimento físico, que necessitam de cuidados
permanentes específicos. Pode comportar até 10 moradores e
conta com uma equipe: 5 cuidadores e um técnico de
enfermagem”.
É importante frisar que os SRTs devem funcionar como uma moradia,
sendo o tratamento dos moradores realizados no serviço de saúde
mental de referência do local (BRASIL, 2004a). Então, apesar de ter
“serviço” em seu nome, o local precisa possuir características de um lar,
“onde se estabelecem vínculos de afeto e cooperação, compartilham-se
vivências prazerosas e dolorosas, enfim, lugar de produção de
subjetividade e de redes de sociabilidade” (ARGILES et al., 2013, p.
2051).
A inserção de ex-internos na sociedade, além de cumprir um direito
humano violado com sua exclusão em um manicômio, também serve
para descontruir a ideia da loucura como perigosa ou como algo que
exige uma reclusão para evitar danos. Como já pontuamos, o tratamento
da pessoa em sofrimento psíquico extramuros deve ser feito a partir do
território e por intermédio de uma rede na qual se entrelaçam serviços,
instituições e pessoas.
SRT Tipo II 
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Essas relações precisam ser percorridas de forma livre pelos indivíduos.
A partir delas, formam-se os “campos de sociabilidade” que vão
estruturar o cotidiano dessas pessoas e construir suas concepções de
mundo (ARGILES et al., 2013, p. 2051).
Isso tudo será construído graças ao trabalho feito pelos SRTs, operando
como um elemento essencial no qual o ex-interno pode vivenciar de
forma saudável a socialização da qual ele havia sido segregado. Por
conta da convivência com os outros moradores e os acordos que vão se
estabelecer entre eles, pode-se trabalhar questões de sociabilidade
necessárias para a reabilitação psicossocial.
Muitos daqueles que amargaram anos e até mesmo décadas de
internação em hospitais psiquiátricos podem sofrer com a desabilidade
social, o que requer todo um trabalho para que o convívio social possa
ser satisfatório. Isso nos leva a compreender que resgatar a cidadania
dos ex-internos dos manicômios não é somente “a restituição de seus
direitos formais, mas, principalmente, [...] de reconstruir seus direitos ao
afeto, às relações sociais, à moradia digna e à produtividade” (ARGILES
et al., 2013, p. 2056).
Interromper a violação de direitos humanos que o encerramento em um
hospital psiquiátrico impõe, portanto, é só o primeiro passo de um longo
processo de restituição e reparação aos usuários dos serviços de saúde
mental.
Atenção
As residências terapêuticas representam, além de um local possívelde
se viver, a possibilidade de alcançar uma qualidade de vida retirada
dessas pessoas por décadas de preconceito, reclusão e exclusão.
Os SRTs, com isso, evitarão que o paciente simplesmente fique
dependente de outra instituição (FURTADO, 2006). Ou seja, de nada
adiantaria fechar os hospitais psiquiátricos para que, em seguida, os
pacientes ficassem à mercê de outros serviços que não suprem suas
necessidades.
A pessoa pode não estar mais isolada em uma instituição total e,
mesmo assim, não ficar plenamente inserida na sociedade. Ela, afinal,
só realiza trocas sociais nos serviços públicos de saúde – e não em
uma sociedade mais ampla.
Desa�os enfrentados pelos SRTs
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Os serviços públicos no Brasil enfrentam muitos desafios relacionados
à manutenção e aos investimentos. Algumas dificuldades já foram
verificadas logo nos primeiros anos de implantação oficial dos SRTs.
Vamos mencionar agora aquelas que dizem respeito à reforma
psiquiátrica e à luta antimanicomial de forma mais ampla.
Muitos proprietários resistem em alugar sua casa para
nela se estabelecer um SRT devido ao preconceito
contra as pessoas com transtorno mental (FURTADO,
2006).
É claro que o preconceito sofrido pelas pessoas com transtorno mental
é um problema mais generalizado. De qualquer maneira, o trabalho na
saúde mental também deve ter como objetivo uma mudança cultural,
que pode ser produzida por meio de campanhas de conscientização
sobre a desinstitucionalização de pessoas com transtorno mental.
Também é preciso desconstruir os mitos associados a quem sofre
disso, como o suposto perigo que ele representa.
Outro desafio enfrentado na implantação dos SRTs é a falta de
capacitação dos profissionais que devem acompanhar de perto os
moradores, que são os mais prejudicados pelos anos de internação.
Esses funcionários precisam ser treinados no “novo referencial ético e
clínico” da saúde mental (FURTADO, 2006, p. 792); caso contrário, ocorre
uma tendência de excesso de tutela ou de aplicação de disciplina rígida
no trato com esses usuários. Deve-se levar em conta que muitos desses
moradores podem estar bastante comprometidos pela
institucionalização, representando, por conta disso, comportamentos
muito divergentes da norma social.
Comentário
Outro problema notado é a dificuldade da gestão de um serviço peculiar
como o das residências terapêuticas. Além de ser visto como um
serviço com 24 horas de duração, o que acarreta um maior custo e uma
manutenção mais complexa, ele, ao mesmo tempo, não é um serviço de
saúde, já que tem de ser gerido como uma residência. Resultado: pode
ocorrer uma resistência quanto à sua implantação em algumas
localidades, diz Furtado (2006).
Porém, apesar dos desafios, a implantação de um SRT é muito
importante, algo que você pôde constatar ao longo deste texto. Trata-se,
em suma, de um serviço que representa ao máximo a
desinstitucionalização e a luta antimanicomial.
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Cada residência terapêutica em funcionamento significa menos
pacientes enclausurados em hospitais psiquiátricos, vivenciando um
isolamento que não faz sentido.
A vida em liberdade não é somente um tratamento
mais eficaz: ela também representa uma restituição do
direito de todo ser humano.
Importância e desa�os do
SRT
Acompanhe uma reflexão sobre a importância, as características e os
desafios enfrentados com os SRT. Vamos lá!

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Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamos praticar alguns conceitos?
Questão 1
Os serviços residenciais terapêuticos cumprem um papel
fundamental na reforma psiquiátrica e na desinstitucionalização
dos ex-internos dos manicômios. Eles, afinal, permitem que
A
os usuários dos serviços mentais recebam um
cuidado especializado, indo além das atividades
presentes nos CAPS.
B
após a saída dos hospitais psiquiátricos, os
pacientes com laços familiares rompidos possam
ter um local onde morar.
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Parabéns! A alternativa B está correta.
A função da residência terapêutica é servir de moradia para a
pessoa com transtorno mental que, no momento de sua alta, não
tenha condições de retornar para sua família ou de morar sozinho.
Questão 2
Existe uma ambiguidade na nomenclatura dos serviços residenciais
terapêuticos (SRTs): eles, afinal, seriam serviços ou residências?
Quanto a essa questão, podemos afirmar que o aspecto principal de
um SRT é seu caráter
C
o paciente possa passar um tempo em outra
moradia no caso de conflito com a família com a
qual ele reside.
D
os ex-internos possam ter uma convivência
agradável entre si, podendo trocar experiências
sobre o processo de saída dos hospitais
psiquiátricos
E
o Estado faça uma reparação aos ex-internos,
investindo em uma moradia de qualidade.
A
de serviço, pois são estruturas mantidas pelos
governos municipais que prestam um serviço à
população.
B
terapêutico, porque são espaços de tratamento do
transtorno mental apresentado por seus residentes.
C
de residência, já que servem aos ex-internos dos
manicômios como suas moradias e não podem
perder essa especificidade.
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Parabéns! A alternativa C está correta.
Os Surtos devem ser prioritariamente residências, pois representam
a moradia das pessoas que perderam os vínculos com suas
famílias e a cultura devido a um tratamento que violava seus
direitos fundamentais. Mesmo sendo serviços mantidos pelo
Estado e tendo um caráter terapêutico, eles representam uma
reparação da sociedade a essas pessoas, sendo um lar no qual elas
podem viver em liberdade.
Considerações �nais
A história da reforma psiquiátrica é relativamente recente no Brasil e no
mundo. Por isso, ela é um campo de pesquisa que ainda pode revelar
muito; além disso, seu conhecimento gerado é muito instigante. A
atuação profissional nesse campo exige, portanto, um rompimento com
o senso comum em relação aos transtornos mentais.
O trabalho na saúde mental pública precisa ir além dos elementos
próprios do campo da saúde. Ele, afinal, envolve cultura, assistência
social e educação, entre outros itens. Com isso em mente, pontuamos
que o tratamento feito em liberdade coloca desafios que vão além do
campo da Medicina e da saúde tradicional.
Vimos que, em toda a RAPS, existem os mais diversos tipos de serviços
de saúde: de atenção básica, de urgência e emergência, hospitais e
CAPS, além de outros. O importante é todos eles seguirem os preceitos
da reforma psiquiátrica: atenção humanizada, combate a preconceitos e
respeito aos direitos humanos.
D
de serviço, uma vez que contam com uma equipe
especializada em saúde mental que deve realizar o
trabalho de ressocialização.
E
terapêutico, pois devem estar voltadas a todo tempo
para a ideia de melhorar a saúde mental de seus
moradores.
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Além dos profissionais de saúde, a família também é muito importante
no acompanhamento da pessoa com transtorno mental e deve ser
responsabilizada. Na verdade, toda sociedade, frisamos, é responsável
pelo cuidado dessas pessoas, que, por tantos anos, foram excluídas e
submetidas a um tratamento desumano. Apontamos ainda que é papel
dos servidores públicos da saúde mental levar esse conhecimento a
todos.
Por fim, destacamos que a reparaçãode todo mal feito ao longo da
história manicomial encontra seu ápice na manutenção pelo Estado de
residências para aqueles que não conseguem retornar para suas
famílias e na garantia de uma renda para que eles possam se manter. Só
assim podemos tornar a sociedade mais justa e livre para todos.
Podcast
Para encerrar, vamos refletir sobre os preceitos da reforma psiquiátrica e
de sua materialização na rede de atenção psicossocial no Brasil, assim
como sobre os diversos desafios encontrados nos serviços oferecidos.

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Assista a estes vídeos no YouTube:
a) Documentário Holocausto brasileiro
Baseado no livro de mesmo nome da jornalista Daniela Arbex, este
documentário mostra a triste história dos horrores que aconteceram no
Hospital Colônia de Barbacena, por meio de relatos de ex-funcionários,
egressos e outras pessoas. 
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https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02238/index.html?brand=wyden# 54/56
ÍCONES NEGROS. Holocausto brasileiro - 2016 - documentário
completo. Publicado em: 27 abr. 2018. 
b) Programa da série Profissão repórter
Este programa apresenta a vida de quem sofre transtornos mentais,
assim como o drama das famílias e as pessoas envolvidas. 
PROFISSÃO REPÓRTER. Doenças psiquiátricas (transtornos mentais).
Publicado em: 26 nov. 2018. 
c) FilmeBicho de sete cabeças  
Rodrigo Santoro representa um jovem que está internado em um
manicômio porque a família não aceita o comportamento dele e seu uso
de drogas. Esta obra retrata como experiências traumáticas nesse
contexto. 
FILOSOFIA EM PÍLULAS. Bicho de sete cabeças. Publicado em: 24 nov.
2012. 
d) FilmeDá pra fazer
Este filme italiano conta a história ficcional de uma cooperativa de
trabalho na época da reforma psiquiátrica italiana. 
FÁBIO PAZ. Si può fare. Dá pra fazer - filme completo legendado.
Publicado em: 27 mar. 2014. 
Referências
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AMORIM, A. K. M. A; DIMENSTEIN, M. Desinstitucionalização em saúde
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ARGILES, C. T. L. et al. Redes de sociabilidade: construções a partir do
serviço residencial terapêutico. Ciência & saúde coletiva. v. 18. n. 7. jul.
2013. p. 2049-2068. 
BAGNOLA, E. P. P.; SOUZA, S. F. M. O sujeito na família. In: AMARAL, H;
MERHY, E. E. A reforma psiquiátrica no cotidiano II. São Paulo: Aderaldo
& Rothschild Editores Ltda., 2007. 
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fevereiro de 2000, e dispõe, no âmbito da Rede de Atenção Psicossocial,
sobre o repasse de recursos de incentivo de custeio e custeio mensal
para implantação e/ou implementação e funcionamento dos serviços
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BRASIL. Saúde mental no SUS: os centros de atençãopsicossocial.
Ministério da Saúde: Brasília, 2004b. 
CHIAVERINI, D. H. (Org.). Guia prática de matriciamento em saúde
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FOUCAULT, M. História da loucura na idade clássica. São Paulo:
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FURTADO, J.P. Avaliação da situação atual dos serviços residenciais
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GOFFMAN, E. Manicômios, prisões e conventos. Ed. São Paulo:
Perspectiva, 1996.
20/04/2024, 15:15 A Rede de Atenção Psicossocial (RAPS)
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