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Poder Judiciário da União TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO DISTRITO FEDERAL E DOS TERRITÓRIOS Órgão 6ª Turma Cível Processo N. APELAÇÃO CÍVEL 0703440-85.2023.8.07.0001 APELANTE(S) GEO LOGICA - CONSULTORIA AMBIENTAL LTDA APELADO(S) ARY BELGRANO JUNIOR Relator Desembargador LEONARDO ROSCOE BESSA Acórdão Nº 1803782 EMENTA APELAÇÃO CÍVEL. DIREITO PROCESSUAL CIVIL. DIREITO CIVIL. AÇÃO MONITÓRIA. PROVA DO PAGAMENTO. ÔNUS DO DEVEDOR. RECURSO CONHECIDO E NÃO PROVIDO. SENTENÇA MANTIDA. HONORÁRIOS MAJORADOS. 1. O art. 373, II, do Código de Processo Civil-CPC, prevê que é ônus do réu comprovar a existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor. 2. Nos termos do art. 320, do Código Civil (CC), a prova do pagamento é feita por meio de documento escrito, que contenha informações suficientes para identificar a obrigação adimplida. Destaca-se que a declaração de quitação da obrigação é direito do credor que pode, inclusive, reter o pagamento, enquanto não lhe for dada (art. 319, do CC). 3. O apelante comprovou apenas o regular pagamento de três das cinco parcelas pactuadas. Logo, não se desincumbiu de demonstrar fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor em relação as duas últimas parcelas do acordo, o que impõe o reconhecimento do débito de tais parcelas. A sentença deve ser mantida. 4. Recurso conhecido e não provido. Honorários majorados. ACÓRDÃO Acordam os Senhores Desembargadores do(a) 6ª Turma Cível do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios, LEONARDO ROSCOE BESSA - Relator, ARQUIBALDO CARNEIRO - 1º Vogal e SONÍRIA ROCHA CAMPOS D'ASSUNÇÃO - 2º Vogal, sob a Presidência do Senhor Desembargador LEONARDO ROSCOE BESSA, em proferir a seguinte decisão: CONHECIDO. DESPROVIDO. UNÂNIME., de acordo com a ata do julgamento e notas taquigráficas. Brasília (DF), 23 de Janeiro de 2024 Desembargador LEONARDO ROSCOE BESSA Presidente e Relator RELATÓRIO Trata-se de apelação cível interposta porGEO LOGICA – CONSULTORIA AMBIENTAL LTDA.contra sentença da 13ª Vara Cível de Brasília que, nos autos de ação monitória, julgou parcialmente procedente o pedido inicial. Em razão da sucumbência recíproca, as partes foram condenadas ao pagamento das custas processuais e honorários advocatícios, fixados em 10% sobre o valor da condenação, nos termos do artigo 85, §2º, do Código de Processo Civil, na proporção de 30% para o autor e 70% para o réu. Em suas razões, o apelante alega que: 1) o apelado não apresentou provas constitutivas de seu direito – o ônus da prova é de quem alega; 2) já efetuou o pagamento de todas as parcelas do acordo feito com o autor; 3) não se trata de relação de consumo, o que afasta a inversão do ônus da prova; 4) o autor poderia provar o alegado com a apresentação dos extratos da conta corrente indicada para pagamento das prestações, no acordo pactuado (ID 53300920). Requer o provimento do recurso para que a sentença seja reformada e o pedido da inicial julgado improcedente. Preparo recolhido (ID53300921/22). Contrarrazões apresentadas (ID 53300926). É o relatório. VOTOS O Senhor Desembargador LEONARDO ROSCOE BESSA - Relator 1. CONHECIMENTO Presente os pressupostos de admissibilidade, conheço do recurso. 2. MÉRITO Narra a petição inicial que o autor celebrou acordo com o réu para extinção da dívida, no valor total de R$ 113.012,63, a ser pago em 5 parcelas de R$ 22.602,52. Afirma que somente as duas primeiras parcelas foram pagas. Alega que tentou a resolução extrajudicial, mas que não obteve êxito. Nesse contexto, ajuizou a presente ação monitória. O juiz julgou parcialmente procedente o pedido do autor "para condenar o réu ao pagamento da quantia de R$ 45.205,04 (quarenta e cinco mil duzentos e cinco reais e quatro centavos), incidindo juros, correção monetária e multa de 10% (dez) por cento, conforme planilha (ID 163614154).”. Insurge-se o réu contra a sentença. Sustenta, em síntese, que o autor não se desincumbiu de comprovar o fato constitutivo do seu direito, nos termos do art. 373, I, do Código de Processo Civil (CPC) – ou seja: não demonstrou a ausência de pagamento das parcelas questionadas. Não lhe assiste razão. O art. 373, II, do CPC, prevê que é ônus do réu a comprovar a existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor. Nos termos do art. 320, do Código Civil (CC), a prova do pagamento é feita por meio de documento escrito, que contenha informações suficientes para identificar a obrigação adimplida. Transcreve-se: “Art. 320. A quitação, que sempre poderá ser dada por instrumento particular, designará o valor e a espécie da dívida quitada, o nome do devedor, ou quem por este pagou, o tempo e o lugar do pagamento, com a assinatura do credor, ou do seu representante. Parágrafo único. Ainda sem os requisitos estabelecidos neste artigo valerá a quitação, se de seus termos ou das circunstâncias resultar haver sido paga a dívida.”. Destaca-se que a declaração de quitação da obrigação é direito do credor que pode, inclusive, reter o pagamento, enquanto não lhe for dada (art. 319, do CC). No caso, o apelante comprovou apenas o regular pagamento de três das cinco parcelas pactuadas (IDs 53300915 a 53300917). Logo, não se desincumbiu de demonstrar fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor em relação as duas últimas parcelas do acordo, o que impõe o reconhecimento do débito de tais parcelas. Nesse sentido: “(...) 1 - Execução de título extrajudicial. Quitação tácita do débito. Impossibilidade. A extinção da execução se dá pela satisfação integral da obrigação (art. 924, II e III do CPC). A prova do pagamento se dá por meio de recibo ou outro documento hábil para comprovar a quitação (artigo 320 e seguintes, do Código Civil). Não se mostra possível presumir a quitação do débito Precedentes no TJDFT. 2 - Apelação conhecida e provida. Sentença anulada.pela inércia do credor. (Acórdão 1772910, 00361086820148070001, Relator: AISTON HENRIQUE DE SOUSA, 4ª Turma Cível, data de julgamento: 13/10/2023, publicado no PJe: 31/10/2023.)” - grifou-se. “(...)3. A prova do pagamento é ônus do devedor, seja porque consubstancia fato extintivo do direito do autor (art. 373, II, do CPC), seja em razão de conhecida regra de direito das obrigações, segundo a qual cabe ao devedor provar o pagamento, podendo até mesmo haver recusa ao adimplemento da obrigação à falta de quitação oferecida pelo credor (arts 319 e 320 4. No caso dos autos, o autor comprovou a existência do débito não sedo Código Civil). desincumbindo o réu do seu ônus de comprovar o pagamento. (...)" (07122072620218070020, Relator: Alfeu Machado, 6ª Turma Cível, DJE: 9/12/2022.) 3.6. Ou seja, se o autor afirma que houve acordo com pagamento do veículo é obrigação do réu a comprovação nos autos de que efetuou o pagamento acordado. Ademais, o réu não traz nem o boleto resultante, nem o comprovante do seu pagamento, nem mesmo a nota fiscal.(...) (Acórdão 1711544, 07050826020188070004, Relator: JOÃO EGMONT, 2ª Turma Cível, data de julgamento: 31/5/2023, publicado no DJE: 20/6/2023.)" - grifou-se. Acrescente-se que não procede a alegação do apelante no sentido de não reconhecer o valor cobrado pelo apelado. A par das razões acima o próprio apelante admitiu ter duas parcelas em aberto (ID 53300151). Em face do exposto, a sentença deve ser mantida. 3. DISPOSITIVO CONHEÇO do recurso e NEGO-LHE PROVIMENTO. A sentença condenou as partes, na proporção de 70% para o réu e 30% para o autor, ao pagamento de honorários sucumbenciais, os quais foram fixados em 10% sobre o valor da condenação. Majoro os honorários em 2%, nos termos do art. 85, §11, do CPC, que deverão ser pagos pelo apelante. É o voto. O Senhor Desembargador ARQUIBALDO CARNEIRO - 1º Vogal Com o relator A Senhora Desembargadora SONÍRIA ROCHA CAMPOS D'ASSUNÇÃO - 2º Vogal Com o relator DECISÃO CONHECIDO. DESPROVIDO. UNÂNIME.
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