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Nervos Cranianos e Suas Funções


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Anatomia Introdução 
Sobre os nervos cranianos, é importante saber a origem 
aparente encefálica e a origem aparente craniana. A origem 
aparente encefálica é com qual acidente anatômico do 
encéfalo está relacionada a origem do nervo, já a origem 
aparente craniana é qual acidente anatômico do crânio se 
relaciona com o nervo. 
Nervo Vestibulococlear (8° par) 
O nervo vestibulococlear é o oitavo par de nervos cranianos, 
ele é um nervo somente sensitivo (aferente) e é formado a 
partir da união do nervo vestibular e do nervo coclear. 
Na orelha interna existe a cóclea, que é onde se encontram 
os receptores cocleares que são receptores da audição, e 
o aparelho vestibular, que é o local onde ficam os receptores 
vestibulares que são sensíveis à movimentação da cabeça. 
A partir da cóclea parte o nervo coclear e a partir do 
aparelho vestibular parte o nervo vestibular, esses nervos se 
unem, formam o nervo vestibulococlear e ele segue pelo 
meato acústico interno até o SNC, onde penetra no sulco 
bulbopontino para terminar nos núcleos cocleares e núcleos 
vestibulares (também mantêm comunicação com o 
cerebelo) que se encontram na ponte e no bulbo. 
Resumindo 
A origem aparente encefálica é o sulco bulbo pontino, a 
origem aparente craniana é o meato acústico interno, os 
núcleos estão localizados na ponte e no bulbo (sendo que 
os vestibulares estão principalmente no soalho do quarto 
ventrículo), as funções desse nervo se relacionam ao 
equilíbrio, à sensibilidade quanto a movimentação e posição 
da cabeça, à audição e ao reflexo vestíbulo-ocular. 
Quanto as relações com estruturas do SNC, os núcleos 
vestibulares se conectam com núcleos do hipotálamo, com 
o córtex cerebral, com neurônios motores da medula (por 
intermédio do trato vestíbulo-espinal), com os núcleos dos 
nervos da motricidade do olho, com o cerebelo e com o 
núcleo do nervo acessório. 
Lesões do nervo vestibulococlear 
Com base nas funções desse nervo, entende-se que lesões 
nele podem provocar vertigem (tontura), surdez, zumbido, 
nistagmo e ataxia (distúrbio do equilíbrio e coordenação). 
Nervos da motricidade ocular 
Existem 3 nervos que são somente motores que vão inervar 
a musculatura extrínseca do olho e, com isso, a função deles 
é permitir a motricidade ocular. Os nervos são o nervo 
oculomotor (NC3), nervo troclear (NC4) e o nervo 
abducente (NC6). A origem aparente craniana dos 3 nervos 
é a fissura orbital superior. 
A partir da área motora primária parte o trato corticonuclear 
que passa pela cápsula interna e se encaminha para os 
núcleos de vários nervos cranianos motores (dentre eles, os 
núcleos dos 3 nervos que inervam a musculatura extrínseca 
do olho) para que possa existir um controle superior deles. 
Nervo Oculomotor 
O núcleo do nervo oculomotor se encontra no mesencéfalo. 
A partir do seu núcleo, o nervo emerge na fossa 
interpeduncular, localizada entre os pedúnculos cerebrais do 
mesencéfalo, e se encaminha pela fissura orbital superior até 
os músculos que ele inerva. 
O nervo oculomotor vai permitir a elevação da pálpebra (m. 
levantador da pálpebra superior), elevação do olho (m. reto 
superior e m. oblíquo inferior), abaixamento do olho (m. reto 
inferior), adução do olho (m. reto medial) e a rotação lateral 
do olho (m. oblíquo inferior) 
O nervo oculomotor ainda dá a inervação autônoma 
parassimpática ao músculo circular da pupila, com isso esse 
nervo também vai permitir a miose pupilar 
Lesões no nervo oculomotor são mais comuns que dos 
outros dois nervos e elas causam ptose palpebral (pálpebra 
caída), midríase, impossibilidade de mover o bulbo ocular para 
cima, para baixo e medialmente. Com isso, o paciente 
apresenta estrabismo divergente e diplopia (visão dupla). 
Nervo Troclear 
O núcleo do nervo troclear está no mesencéfalo e ele é o 
único dos 10 pares de NC que partem do tronco encefálico 
que tem origem aparente encefálica na região posterior do 
tronco. 
A partir do seu núcleo, o nervo troclear emerge na região 
caudal aos colículos inferiores do mesencéfalo e se 
encaminha pela fissura orbital superior até o músculo oblíquo 
superior. Por esse motivo, a função desse nervo é permitir 
a rotação medial do olho principalmente, mas participa do 
abaixamento com abdução também. 
Lesões no nervo troclear causam dificuldade em mover o 
olho para baixo e lateralmente (ao mesmo tempo), com isso 
o paciente apresenta diplopia. 
Nervo Abducente 
O núcleo do nervo abducente está na ponte. A partir de seu 
núcleo, o nervo emerge no sulco bulbopontino e se 
encaminha pela fissura orbital superior até o músculo reto 
lateral. Por esse motivo, a função desse nervo é permitir a 
abdução do olho. 
Lesões no nervo abducente impossibilitam o movimento de 
abdução do olho, com isso o paciente apresenta estrabismo 
convergente e diplopia 
Cerebelo 
O cerebelo é o órgão que se conecta com diversos sistemas 
e isso dá a ele várias funções, sendo que as principais estão 
relacionadas com o equilíbrio, postura, controle do tônus 
muscular, coordenação de movimentos voluntários e 
aprendizagem motora. 
O cerebelo é inferior ao lobo occiptal, e se separa dele 
graças à tenda do cerebelo, ele é superior à fossa cerebelar 
do osso occipital e posterior ao tronco encefálico, 
principalmente à ponte e ao bulbo, e entre eles existe o 
quarto ventrículo. 
Na vista inferior e na anterior do cerebelo é possível 
identificar os pedúnculos cerebelares, que são estruturas 
importantes que conectam o cerebelo com o tronco 
encefálico e medula. O pedúnculo cerebelar superior conecta 
o cerebelo com o mesencéfalo, o pedúnculo cerebelar 
médio conecta o cerebelo com a ponte e o pedúnculo 
cerebelar inferior conecta o cerebelo com o bulbo e a 
medula espinal. 
Estrutura interna 
A estrutura interna do cerebelo é semelhante à do cérebro. 
A substância cinzenta é periférica e forma o córtex 
cerebelar, a substância branca é interna e forma o corpo 
medular do cerebelo, sendo que nela é possível identificar os 
núcleos do cerebelo, que são áreas de substância cinzenta. 
Divisão anatômica 
O cerebelo possui dois hemisférios cerebelares, sendo que 
entre eles existe o verme do cerebelo (também chamado 
de vérmis do cerebelo). Na face dorsal a distinção entre 
verme e os hemisférios é difícil, já na região ventral ela é 
bem clara pela presença de dois sulcos bem definidos entre 
as estruturas. 
O cerebelo é formado por várias folhas delimitadas por 
sulcos. Conjuntos de folhas formam os lóbulos do cerebelo 
que vão apresentar nomes diferentes nos hemisférios e no 
verme. Por fim, conjuntos de lóbulos formam os 3 lobos do 
cerebelo, que são separados por sulcos profundos chamados 
de fissuras. 
.
Na vista superior, é possível identificar o lobo anterior e o 
lobo posterior separados pela fissura prima (ou primária). Na 
vista inferior pode-se visualizar o lobo anterior e o lobo 
posterior com o lobo flóculo-nodular inferiormente a eles. 
Esse último lobo é separado do restante do cerebelo pela 
fissura posterolateral e é formado por dois flóculos (um em 
cada hemisfério) e um nódulo do verme. 
No lobo posterior, bem próximo do lobo flóculo-nodular, 
existe uma tonsila em cada hemisfério. Essa estrutura chama 
atenção pois em situações de hipertensão craniana ela 
aumenta de tamanho e comprime o bulbo contra o forame 
magno. Como o bulbo é onde se encontram componentes 
do centro vital, existe um risco nessa situação da pessoa ir 
a óbito. 
Com base nisso, é possível dividir o cerebelo em lobo flóculo-
nodular e corpo do cerebelo, separados pela fissura 
posterolateral. O corpo do cerebelo é dividido em lobo 
anterior e lobo posterior pela fissura prima. 
Divisão funcional 
Funcionalmente, o lobo flóculo-nodular é chamado de 
cerebelo vestibular (ou vestíbulo-cerebelo) por ser a região 
do cerebelo que se conecta com o sistema vestibular. 
O verme (zona medial) e as regiões dos hemisférios que são 
adjacentes a ele (zonas intermedias) constituem o cerebelo 
espinal (ou espino-cerebelo) por ser o local de conexão do 
cerebelocom a medula espinal. 
Por fim, o restante dos hemisférios (zonas laterais) constitui 
o cerebelo cortical (ou cérebro-cerebelo) que é a região do 
cerebelo que se conecta com o córtex cerebral. 
Conexões do Cerebelo 
Antes de descrever as conexões do cerebelo, deve-se ter 
em mente que o cerebelo vai se comunicar com áreas 
homolaterais sempre. Tanto as vias aferentes quanto 
eferentes, quando não são homolaterais, sofrem cruzamento 
duplo antes de chegar ao cerebelo para que esse princípio 
possa acontecer. Essa informação é importante pois lesões 
em um hemisfério cerebelar vão gerar sintomas 
homolaterais à lesão. 
O cerebelo vestibular recebe vias aferentes, como o 
fascículo vestibulocerebelar, vindas dos núcleos vestibulares. 
A partir do cerebelo vestibular partem vias eferentes rumo 
aos núcleos vestibulares, sendo que a informação que ela 
leva segue depois até a medula espinal pelo trato vestíbulo-
espinal. Essa região do cerebelo e suas conexões são 
importantes para a postura e o equilíbrio. 
O cerebelo espinal recebe vias aferentes vindas da medula 
espinal (tratos espinocerebelares anterior e posterior). Essa 
região do cerebelo envia vias eferentes para a medula por 
intermédio do núcleo rubro, formação reticular e núcleos 
vestibulares. As principais vias eferentes são o trato 
rubroespinal, trato reticuloespinal e o trato vestibuloespinal. 
As vias aferentes são importantes para a propriocepção, já 
as vias eferentes permitem que o cerebelo ajuste o tônus 
muscular 
Por fim, o cerebelo cortical recebe vias aferentes vindas do 
córtex através do trato corticopontino que chega no núcleo 
pontino, em seguida parte uma via desse núcleo rumo ao 
cerebelo. As vias eferentes dessa região do cerebelo partem 
para o tálamo para depois chegarem ao córtex. Todas essas 
conexões são importantes para a função de coordenação 
que o cerebelo tem, principalmente para movimentos 
delicados 
Lesões 
Lesões cerebelares podem causar hipotonia, perda de 
equilíbrio, nistagmo, Disartria (fala sem coordenação), marcha 
atáxica (sem coordenação), dismetria (incapacidade de 
coordenar os membros) e disdiadococinesia (dificuldade de 
realizar movimentos rápidos e alternados). 
.
Grandes Vias Aferentes 
As vias aferentes são aquelas que levam a informação 
captada por receptores sensitivos até o SNC, pela medula, 
pelo tronco ou passando por ambas as estruturas. 
Trato espinotalâmico anterior 
Essa via aferente é responsável pela sensibilidade à pressão 
e pelo tato protopático (é mais grosseiro). Ela é formada por 
3 neurônios, o primeiro neurônio se encontra nos gânglios 
espinais das raízes dorsais dos nervos espinais, o segundo 
neurônio se encontra no corno posterior da medula, sendo 
que seu axônio vai cruzar pela comissura branca em direção 
ao funículo anterior do lado oposto, a partir do qual ele vai 
ascender. Por fim, o terceiro neurônio está no núcleo ventral 
posterolateral do tálamo, e seu axônio segue até a área 
somestésica presente no córtex cerebral. 
Vias da propriocepção consciente 
A propriocepção é a percepção do corpo no espaço, 
processo esse que inclui a percepção dos movimentos 
(incluindo a força e a velocidade deles), da posição dos 
membros e do corpo em si. Deve-se ter em mente que a 
propriocepção pode ser consciente (chega no córtex 
cerebral) ou inconsciente (chega no córtex cerebelar). 
As vias da propriocepção consciente compreendem os 
fascículos grácil e cuneiforme, que levam além das 
informações de propriocepção consciente, informações 
acerca do trato epicrítico (é mais preciso) e da sensibilidade 
vibratória. O primeiro neurônio está nos gânglios das raízes 
dorsais dos nervos espinais, e seu prolongamento central 
penetra no corno posterior da medula, a partir daí ele 
ascende. O segundo neurônio está nos núcleos grácil e 
cuneiforme, e seu axônio vai cruzar para o lado oposto no 
bulbo e ascender depois. Por fim, o terceiro neurônio está 
no núcleo ventral posterolateral do tálamo, e seu axônio 
termina na área somestésica presente no córtex cerebral. 
*Perceba que diferentemente da via anterior, o cruzamento 
aqui é realizado no bulbo, não na medula 
Vias da propriocepção inconsciente 
As vias da propriocepção inconsciente são homolaterais, isto 
é, levam informações captadas do lado esquerdo para o 
cerebelo espinal do lado esquerdo por exemplo. 
O trato espinocerebelar anterior tem seu primeiro neurônio 
nos gânglios das raízes dorsais dos nervos espinais. O 
segundo neurônio se encontra no corno posterior da 
medula, cruza para o funículo lateral do lado oposto da 
medula e ascende, sendo que antes de chegar no cerebelo 
espinal ele vai decussar novamente, o que torna a via 
homolateral. 
O trato espinocerebelar posterior tem seu primeiro neurônio 
no mesmo local do trato anterior, já seu segundo neurônio 
se encontra no corno posterior da medula (especificamente 
no núcleo torácico) e vai ascender até o cerebelo espinal 
homolateral, sem decussar. 
Grandes Vias Eferentes 
A nomenclatura “tratos piramidais” e “tratos extrapiramidais” 
é considerada antiga, atualmente entende-se que os tratos 
piramidais são basicamente os tratos corticoespinais laterais, 
e os tratos extrapiramidais são todos os outros que não 
passam pelas pirâmides bulbares. Todos os grandes tratos 
eferentes vão fazer sinapse (direta ou indiretamente) com 
um neurônio motor, permitindo movimentos coordenados e 
proporcionando tônus muscular. 
Trato corticonuclear 
Também chamado de trato corticobulbar, esse trato parte 
da área motora primária, passa pela cápsula interna e no 
mesencéfalo se divide para fazer sinapse com os núcleos 
dos nervos cranianos responsáveis pela motricidade ocular. 
O restante do trato continua a descender e faz sinapse com 
os núcleos de outros nervos, como o trigêmeo, o facial e o 
hipoglosso. 
Tratos extrapiramidais 
Também chamados de tratos descendentes mediais, esses 
tratos correspondem ao trato tectoespinal, vestibuloespinal, 
reticuloespinal e rubroespinal. Os 3 primeiros se relacionam 
à musculatura do esqueleto axial e a proximal dos membros, 
já o último está relacionado à musculatura distal de membros. 
O trato tectoespinal parte do colículo superior presente no 
teto do mesencéfalo, o trato vestibuloespinal parte dos 
núcleos vestibulares, o trato retículoespinal parte da 
formação reticular do tronco e o trato rubroespinal parte do 
núcleo rubro do tronco. 
Nervo Facial (7º par) 
É o nervo misto responsável pela motricidade da face, 
sensibilidade especial dos 2/3 anteriores da língua e 
inervação parassimpática da glândula lacrimal e das glândulas 
salivares sublinguais e submandibulares. 
Musculatura da expressão facial 
Para estudar o nervo facial, antes deve-se conhecer um 
pouco sobre os músculos da expressão facial. Os principais 
músculos são o orbicular da boca, o levantador do lábio 
superior e da asa do nariz, zigomático maior, depressor do 
lábio inferior, levantador e depressor do ângulo da boca. É 
importante perceber que essa musculatura atua em 
conjunto para permitir as diversas expressões que são 
garantidas principalmente pelos movimentos da boca e olhos. 
Quanto aos principais movimentos, os mm. que atuam na 
abertura e fechamento dos olhos (que são inervados pelo 
nervo facial) são o m. orbicular dos olhos e o m. occiptofrontal. 
Para algumas expressões se utilizam o m. prócero, m. risório, 
m. levantador e m. depressor dos lábios e vários outros. 
Anatomia do nervo facial 
O núcleo do nervo facial se encontra posteriormente na 
ponte, e ele forma um acidente anatômico nela que vai 
receber o nome de colículo facial. A origem encefálica do 
nervo facial é a região mais lateral do sulco bulbopontino. 
O nervo facial sai do tronco encefálico e penetra no meato 
acústico interno percorrendo a porção petrosa do osso 
temporal. Durante esse trajeto o nervo emite o nervo 
petroso maior que inerva as glândulas lacrimais, o ramo para 
o estapédio que inerva o m. estapédio (é um músculo que 
participa da audição), e ainda recebe o nervocorda do 
tímpano que transmite a sensibilidade especial da língua. A 
inervação das glândulas salivares também parte dessa região 
do nervo. 
Terminando seu trajeto pela parte petrosa do temporal, 
apenas a parte motora do nervo facial sai do crânio pelo 
forame estilomastóide (origem aparente craniana do nervo 
facial), que é o forame encontrado entre o processo estiloide 
e o processo mastoide do osso temporal. 
A partir do forame, o nervo penetra na glândula parótida 
(mas NÃO inerva ela) e nela se divide em cinco ramos para 
inervar a musculatura da mímica facial, ramo temporal (mm. 
occiptofrontal, parte superior do orbicular do olho e outros 
mm. da região temporal), ramo zigomático (mm. zigomático, 
parte inferior do orbicular do olho e outros da região 
zigomática), ramos bucais (maioria dos mm. da boca), ramo 
marginal da mandíbula (mm. depressor do lábio inferior, 
mentoniano e outros) e ramo cervical (inerva o m. platisma) 
Paralisia facial 
A partir da área motora primária partem dois neurônios 
(chamados de neurônios motores 1), um vai fazer sinapse no 
núcleo do nervo facial homolateral e o outro vai decussar na 
ponte para fazer sinapse com o núcleo do nervo facial do 
lado oposto. Dessa forma, o nervo facial recebe comandos 
dos dois córtex cerebrais para a movimentação da face. 
A porção do nervo que inerva o quadrante superior da face, 
tem a chamada representação bilateral, isto é, recebe 
comandos do neurônio motor I do córtex homolateral e do 
neurônio motor I do córtex contralateral. Dessa forma, tanto 
o hemisfério cerebral direito quanto o esquerdo comandam 
a mimica facial do quadrante superior direito por exemplo. 
Por outro lado, a porção do nervo facial que inerva a 
musculatura da mímica facial do quadrante inferior da face, 
recebe comandos somente do neurônio motor I do córtex 
contralateral ao nervo. Dessa forma, o hemisfério cerebral 
direito controla a mímica facial do quadrante inferior 
esquerdo da face por exemplo. 
Quando o paciente possui paralisia facial central, isto é, um 
dos hemisférios cerebrais é lesado e perde a capacidade de 
enviar comandos ao nervo facial, somente o quadrante 
inferior da face contralateral à lesão será paralisado, pois a 
porção do nervo que inerva o quadrante superior continua 
podendo ser comandada pelo outro hemisfério cerebral. 
Quando o paciente possui paralisia facial periférica, isto é, um 
dos nervos faciais foi lesado, há um impedimento dos 
comandos produzidos pelos dois córtex cerebrais de 
chegarem à musculatura da mímica facial. Nessa situação, 
toda a hemiface homolateral ao nervo lesado ficará paralisada. 
Nervo Trigêmeo (5º par) 
Tendo conhecido o nervo responsável pela motricidade da 
face, agora será descrito o nervo responsável pela 
sensibilidade da face, que é o nervo trigêmeo. O nervo 
trigêmeo é o quinto par de nervos cranianos, ele é um nervo 
misto pois o seu ramo mandibular inerva a musculatura da 
mastigação, o tensor do véu palatino, tensor do tímpano, 
ventre anterior do digástrico e milo-hióideo. 
O nervo trigêmeo possui três ramos, o ramo oftálmico 
responsável pela sensibilidade do couro cabeludo, da região 
da órbita ocular e nariz, da região frontal e parietal. O ramo 
maxilar oferece sensibilidade à região maxilar e superior da 
boca. Por fim, o ramo mandibular oferece sensibilidade à 
região temporal, mandibular e inferior da boca. 
As informações sensitivas captadas pelos receptores do 
trigêmeo ascendem até seus núcleos sensitivos (núcleo 
mesencefálico, principal da ponte e espinal), deles ascendem 
pelo lemnisco trigeminal ventral até o tálamo e dele seguem 
para a área somestésica primária. 
*Além dos 3 núcleos sensitivos ainda existe o núcleo motor do trigêmeo 
Anatomia do nervo trigêmeo 
O tronco do trigêmeo tem origem aparente encefálica na 
ponte, exatamente na região entre ela e o pedúnculo 
cerebelar médio. Assim que ele emerge, ele tem uma íntima 
relação com a porção petrosa do osso temporal, em seguida 
ele apresenta seu gânglio (gânglio trigeminal) na lateral da 
sela turca. A partir do gânglio se tem o nervo trigêmeo 
propriamente dito, e logo após ele se formar ele se divide, 
seu ramo oftálmico terá origem aparente craniana na fissura 
orbital superior, o ramo maxilar no forame redondo e o ramo 
mandibular no forame oval. 
O nervo oftálmico inerva a córnea, conjuntiva superior, 
mucosa da cavidade nasal anterossuperior, seios esfenoidal e 
etmoidal, pálpebra superior e couro cabeludo. O nervo 
maxilar supre pálpebra inferior, mucosa da cavidade nasal 
posteroinferior, seio maxilar, palato e dentes maxilares. O 
nervo mandibular supre o assoalho da boca, dentes 
mandibulares, orelha externa e ainda dá sensibilidade aos 2/3 
anteriores da língua. 
Nervo Vago (10º par) 
O nervo vago é um nervo misto muito extenso, então o 
foco será dado a um de seus ramos, o nervo laríngeo 
recorrente. Quanto ao nervo vago, seu núcleo se encontra 
no bulbo e faz projeção no soalho do quarto ventrículo 
formando o trígono do nervo vago. 
A origem aparente encefálica do nervo vago é o sulco lateral 
posterior do bulbo (lateral à oliva bulbar), entre as origens 
dos nervos glossofaríngeo e acessório. A origem aparente 
craniana do nervo vago é o forame jugular. Após sair do 
crânio, o nervo vago descende pelo pescoço próximo da 
artéria carótida comum e veia jugular interna. 
Já no tórax, o nervo do lado esquerdo vai estar bem próximo 
do arco da aorta (posterior ao nervo), enquanto isso, o nervo 
do lado direito se relaciona com a artéria subclávia direita 
(posterior ao nervo), nesse momento, ambos os nervos 
vagos emitem um ramo laríngeo recorrente. 
Nervo Laríngeo Recorrente 
Após emergirem, o esquerdo na altura do arco da aorta e o 
direito na altura da artéria subclávia direita, ambos os nervos 
laríngeos recorrentes ascendem posteriormente à aorta e à 
a. subclávia direita até o pescoço para inervarem a 
laringofaringe, laringe, tireoide, esôfago dessa região, traqueia 
mais superior e etc. 
Como o nervo vago é misto, a inervação realizada pelo 
nervo laríngeo recorrente também será. Cabe a esse nervo 
oferecer a motricidade da faringe, laringe e esôfago dessa 
região, a movimentação das cordas vocais, os reflexos de 
tosse e vômitos, etc. 
Introdução 
Como já foi estudado anteriormente, um plexo nervoso é 
um emaranhado de raízes ventrais de nervos espinais que 
vão inervar (tanto de maneira sensitiva quanto motora) 
determinadas regiões do corpo. Existem 31 pares de nervos 
espinais, nesse momento, é importante se atentar àqueles 
que vão oferecer inervação aos membros inferiores. 
É importante lembrar que na região lombar as raízes se 
originam no nível dos forames intervertebrais, já na região 
sacral as raízes se originam no nível dos forames sacrais. Na 
região lombar existe um importante músculo, o m. psoas 
maior, que é imediatamente anterior aos plexos lombar e 
sacral. 
Plexo Lombar 
As raízes de L1, L2, L3 e L4 vão dar origem ao plexo lombar. 
Os principais nervos terminais com importância motora no 
membro inferior que partem desse plexo são o nervo 
femoral e o nervo obturatório, ambos tendo origem a partir 
das raízes de L2, L3 e L4. Enquanto o nervo femoral se 
origina da divisão posterior das raízes, o nervo obturatório 
se origina da divisão anterior. 
Nervo Femoral 
Após se originar, esse nervo se dirige para o ligamento 
inguinal e, lateralmente à artéria femoral, esse nervo segue 
para o trígono femoral. Esse nervo vai inervar a veia safena 
magna na região da coxa. As outras regiões da safena magna 
são inervadas pelo nervo safeno, ramo do nervo femoral. 
*A veia safena parva é inervada pelo nervo sural 
Esse nervo é importante pois inerva toda a musculatura 
anterior da perna, que corresponde principalmente ao m. 
sartório e quadríceps, que é um músculo biarticulado que vai 
do quadril até a tíbia, por isso é responsável por flexão da 
coxa (conta com a participação do psoas maior) e extensão 
da perna. O nervo femoral inerva o músculo ilíaco também. 
Nervo ObturatórioApós se originar, esse nervo perfura e inerva o m. obturador 
externo responsável pela rotação da coxa, depois disso se 
dirige para a região medial da coxa onde vai inervar a 
musculatura adutora da coxa. 
*O m. obturador interno, também perfurado pelo nervo 
obturatório, é inervado por um ramo do plexo sacral originado das 
raízes de L5 a S2 
Plexo Sacral 
É formado pelo tronco lombossacral (L4 e L5) e pelas raízes 
de S1, S2, S3 e S4. Esse plexo é anterior ao m. piriforme e 
posterior ao m. psoas maior. Ele sai do quadril pela incisura 
isquiática maior em direção à região glútea e posterior de 
coxa. 
*A raiz de S5 e o nervo coccígeo 
emergem pelo canal sacral e não participam da formação do plexo 
Nervo Glúteo Superior 
A partir das raízes L4, L5 e S1 surge o nervo glúteo superior 
que sai do quadril superiormente ao m. piriforme. O nervo 
glúteo superior vai inervar os mm. glúteo médio e mínimo, 
que são responsáveis pelo movimento de abdução da coxa. 
Nervo Glúteo Inferior 
A partir das raízes L5, S1 e S2 surge o nervo glúteo inferior 
que sai do quadril inferiormente ao m. piriforme. O nervo 
glúteo inferior inerva o m. glúteo máximo, importante 
extensor da coxa. 
Nervo Isquiático 
A partir das raízes de L4, L5, S1, S2 e S3 se origina o nervo 
isquiático que sai do quadril pelo forame isquiático maior, 
passa inferiormente ao m. piriforme e desce posteriormente 
na coxa onde vai inervar os músculos dessa região, como o 
m. bíceps femoral, semitendíneo e semimembranáceo, três 
potentes extensores de coxa e flexores de perna. Todos os 
mm. da perna são inervados pelo nervo isquiático. 
Geralmente na região superior da fossa poplítea esse nervo 
se divide em nervo tibial e nervo fibular comum. 
●Nervo Tibial é o ramo que vai descender pela face 
posterior da perna inervando toda a musculatura dessa 
região, como o m. gastrocnêmio, sólio, flexores dos dedos, 
tibial posterior e outros. Além disso, esse nervo passa 
próximo do maléolo medial em direção à planta do pé, onde 
é responsável por inervar a musculatura e a pele da planta 
do pé. 
A função da musculatura inervada pelo nervo tibial é 
principalmente inverter o pé (planta do pé para medial), 
realizar flexão plantar, flexão, abdução e adução dos dedos. 
●Nervo Fibular Comum é o ramo que logo que surge se 
encaminha em direção à cabeça da fíbula, onde emite um 
ramo anterior profundo e um lateral superficial, chamados de 
nervo fibular profundo e nervo fibular superficial 
respectivamente. 
O nervo fibular profundo vai inervar o dorso do pé, os mm. 
extensores do pé, extensores dos dedos e o m. tibial 
anterior, com isso é o nervo que comanda a flexão dorsal 
do pé e extensão dos dedos. O nervo fibular superficial vai 
inervar os mm. fibular curto e fibular longo, que são 
responsáveis pela eversão do pé (planta do pé para lateral)