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AULA 02 - 08 04 - DA RESPONSABILIDADE

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AULA 02
08.04.2024
DA RESPONSABILIDADE
Estamos em responsabilidade pelo fato do produto (art. 12 e 13), há um tratamento diferente.
Prestadores de serviços também respondem de forma objetiva, na qual decorre de lei. 
*O profissional liberal (art. 14, §4º) responde de forma subjetiva.
Quem é o profissional liberal? É o contador, engenheiro, arquiteto, médico, veterinário, administrador, etc.
Deve demonstrar:
a) DANO
b) CULPA: Negligência, imprudência ou imperícia
c) NEXO CAUSAL
Só respondem se agirem com culpa, pois assumiram a obrigação de meio e não de fim.
Nota: Na questão médica são várias vertentes, não dá pra discutir todas as correntes doutrinárias. O direito é dinâmico, há uma corrente muito forte com a jurisprudência.
Devemos diferenciar se contratamos um médico específico ou sociedade (hospital/clínica):
CONTRATAÇÃO COM MÉDICO ESPECÍFICO: Responsabilidade de forma subjetiva, pois trata-se de um profissional liberal.
 art. 14, § 4° A responsabilidade pessoal dos profissionais liberais será apurada mediante a verificação de culpa.
CONTRATAÇÃO COM HOSPITAL: Responsabilidade de forma objetiva, pois trata-se de uma sociedade de médicos.
Nota: deve haver o atendimento personalizado para caracterizar a responsabilidade subjetiva.
Não há clinica? Responde de forma subjetiva.
De todos os tipos, há uma modalidade:
CIRURGIÃO PLÁSTICO – É um profissional liberal, mas existem dois tipos, que são: plástico estético (embelezador), entende-se que sua obrigação é de resultado. Nenhum profissional liberal há uma obrigação de resultado. Quanto ao cirurgião plástico reparador, é uma obrigação de meio.
É um entendimento do STJ:
DIREITO CIVIL. RESPONSABILIDADE CIVIL DO MÉDICO. CIRURGIA PLÁSTICA.OBRIGAÇÃO DE RESULTADO. SUPERVENIÊNCIA DE PROCESSO ALÉRGICO. CASOFORTUITO. ROMPIMENTO DO NEXO DE CAUSALIDADE. 
1. O requisito do prequestionamento é indispensável, por isso inviável a apreciação, em sede de recurso especial, de matéria sobrea qual não se pronunciou o Tribunal de origem, incidindo, por analogia, o óbice das Súmulas 282 e 356 do STF. 
2. Em procedimento cirúrgico para fins estéticos, conquanto a obrigação seja de resultado, não se vislumbra responsabilidade objetiva pelo insucesso da cirurgia, mas mera presunção de culpa médica, o que importa a inversão do ônus da prova, cabendo ao profissional elidi-la de modo a exonerar-se da responsabilidade contratual pelos danos causados ao paciente, em razão do ato cirúrgico. 
3. No caso, o Tribunal a quo concluiu que não houve advertência a paciente quanto aos riscos da cirurgia, e também que o médico não provou a ocorrência de caso fortuito, tudo a ensejar a aplicação da súmula 7/STJ, porque inviável a análise dos fatos e provas produzidas no âmbito do recurso especial. 
4. Recurso especial não conhecido.
(STJ - REsp: 985888 SP 2007/0088776-1, Relator: Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, Data de Julgamento: 16/02/2012, T4 - QUARTA TURMA, Data de Publicação: DJe 13/03/2012)
Obs: serviço advocatício é regido pelo estatuto da ordem, e não de consumo.
Nota: Advogado não pode dar garantia de processo, pois trata-se de uma obrigação de meio.
CIRURGIA ESTÉTICA: obrigação de resultado; inversão do ônus da prova; responsabilidade subjetiva – cabe ao médico comprovar que não agiu com imprudência, negligência ou imperícia; caso fortuito e força maior: são excludentes de responsabilidade. 
O STJ entende que as cirurgias plásticas estéticas/embelezadoras são obrigações de resultado. Contudo, a responsabilidade continua sendo subjetiva, ou seja, deve-se demostrar a culpa do profissional liberal, que é presumida. Cabendo ao réu demonstrar que não houve culpa (inverte o ônus da prova). Para diferenciar, determinou que nas obrigações de meio a culpa é provada; ao passo que nas obrigações de resultado, a culpa é presumida.
O profissional liberal deverá provar naquele caso concreto que não foi negligente, imprudente ou imperito (inversão do ônus da prova). 
Nota: Na consultoria com o médico, peça todos os tipos de exames, testemunhas, faça a cliente assinar o contrato.
*Cirurgião plástico não responde de forma subjetiva, e deverá ainda comprovar.
O STJ entende que as cirurgias plásticas estéticas/embelezadoras são obrigações de resultado. Contudo, a responsabilidade continua sendo subjetiva, ou seja, deve-se demostrar a culpa do profissional liberal, que é presumida. Cabendo ao réu demonstrar que não houve culpa (inverte o ônus da prova). Para diferenciar, determinou que nas obrigações de meio a culpa é provada; ao passo que nas obrigações de resultado, a culpa é presumida
· O hospital enquadra-se no caput do art. 14 do CDC, como fornecedor. Sendo sua responsabilidade objetiva. Ao passo que o médico, está enquadrado no § 4º, como profissional liberal, responde mediante culpa
Problema!! médico (subjetiva) X hospital (objetiva): STJ:
1º Quando o dano é causado pelo hospital (ex.: falha na segurança, intoxicação alimentar, infecção hospitalar), responsabilidade apenas do hospital e na forma objetiva. 
2º Quando o dano é causado pelo médico, a responsabilidade do hospital deverá ser analisada da seguinte forma: 
a) Há vinculo do médico com o hospital: responde pelo dano causado junto com médico. 
Aqui, o hospital responde objetivamente pela culpa do médico. Nota-se que é necessário comprovar a culpa do médico. 
b) Não há vinculo do médico com o hospital: não responde pelo dano causado pelo médico. São as hipóteses em que o médico utiliza apenas o espaço do hospital. 
OBS: médico-cirurgião plástico reparador, que não assume obrigação de resultado, mas de meio, sujeitando-se à responsabilidade subjetiva: surge a necessidade de prova de culpa para a sua responsabilidade 
(TJSP – Apelação com Revisão 317.053.4/2 – Acórdão 3248005, Campinas – Terceira Câmara de Direito Privado – Rel. Des. Jesus de Nazareth Lofrano – j. 16.09.2008 – DJESP 10.10.2008; TJMG – Acórdão 1.0024.03.038091-9/001, Belo Horizonte – Décima Sétima Câmara Cível – Rel. Des. Eduardo Mariné da Cunha – j. 03.08.2006 – DJMG 31.08.2006). 
“Em se tratando de cirurgia plástica estética, haverá, segundo a melhor doutrina, obrigação de resultado. Entretanto, se se tratar de cirurgia plástica reparadora (decorrente de queimaduras, por exemplo), a obrigação do médico será reputada de meio, e a sua responsabilidade excluída, se não conseguir recompor integralmente o corpo do paciente, a despeito de haver utilizado as melhores técnicas disponíveis”. (Pablo Stolze Gagliano e Rodolfo Pamplona Filho)
Diferença entre a culpa presumida e a responsabilidade objetiva:
a) De comum, tanto na culpa presumida como na responsabilidade objetiva inverte-se o ônus da prova, ou seja, o autor da ação não necessita provar a culpa do réu. 
b) Diferença: na culpa presumida, hipótese de responsabilidade subjetiva, se o réu provar que não teve culpa, não responderá. Por seu turno, na responsabilidade objetiva, essa comprovação não basta para excluir o dever de reparar do agente, que somente é afastado se comprovada uma das excludentes de nexo de causalidade, a seguir estudadas (culpa ou fato exclusivo da vítima, culpa ou fato exclusivo de terceiro, caso fortuito ou força maior). 
Na responsabilidade objetiva, deverá comprovar que sofreu um dano e um nexo causal. Com a inversão do ônus, deverá provar que ele não foi o causador do dano a qual prestou serviço, e que a culpa é exclusiva do consumidor. 
Ex: o caso de uma consumidora que fez uma cirurgia do nariz, foi para a praia. O médico usou as fotos para comprovar que o dano é exclusivo da consumidora.
Sendo a responsabilidade subjetiva, com a culpa presumida, o réu deverá provar que não é negligente, imprudente ou imperito.
APELAÇÃO CÍVEL. DIREITO DO CONSUMIDOR. DIREITO CONSTITUCIONAL. DIREITO PROCESSUAL CIVIL. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO. HOSPITAL. FALHA PRESTAÇÃO SERVIÇO. DANO. NEXO CAUSAL.      COMPROVADOS. DANO ESTÉTICO E MORAL. CARACTERIZADOS. QUANTUM INDENIZATÓRIO. RAZOÁVEL. PROPORCIONAL. RECURSO CONHECIDO E NÃO PROVIDO. SENTENÇA MANTIDA. 
1. No caso em tela, discute-se a responsabilidade do Hospitalem indenizar o autor por possível erro médico em razão da realização de duas cirurgias, inclusive, uma reparadora, realizadas por via convencional, a despeito de o método de abordagem ajustado ser o laparoscópico. 
2. A responsabilidade dos fornecedores de serviços é objetiva fundada no risco do empreendimento. 
3. É pacífica a doutrina e jurisprudência no sentido de que toda a cadeia de consumo é responsável pelo acidente de consumo, nos moldes dos artigos 7º, parágrafo único e 25, §1º, do CDC. Precedentes. 
4. Necessária a exteriorização do defeito e o nexo causal para que seja configurado como fato do serviço. Do arcabouço probatório é possível concluir que os danos sofridos pelo autor decorreram da conduta negligente do médico ao realizar cirurgia invasiva, diferente do ajustado, além de lesionar a bexiga do paciente, colocando-o em risco, configurando, pois, clara falha na prestação do serviço. 
5. A pretensão de reparação por dano estético pressupõe a comprovação da deformidade física permanente e o dano do constrangimento e do abalo psicológico em razão da lesão que afete a harmonia física, o que não demonstrado no caso dos autos.  
6. O desgaste a que foi submetido o paciente no momento em que se encontra com sua integridade física abalada, com alto risco de piora, evidencia afronta aos direitos da personalidade, ensejando, na hipótese, reparação de ordem moral. 
7. A fixação do valor da indenização a título de danos estéticos e morais deve considerar os princípios da proporcionalidade e razoabilidade, observando as condições econômicas das partes e o dano causado, a fim de evitar a obtenção de vantagem indevida. 
7.1. Na situação que se descortina, o valor fixado apresenta-se razoável  
8. Honorários advocatícios majorados. Art. 85, §11, CPC. 
9. Recurso conhecido e não provido. Sentença mantida.  
(TJDF. 07300370420178070001 . 05.02.2020)
Por exemplo: em caso de intoxicação alimentar da comida do hospital, o médico não tem nada a ver. Quem responde? Quando o dano é causado por uma conduta do hospital, só o hospital responde. Não deve colocar a culpa onde não tem.
Se o dano for causado pelo médico, devemos ver:
Vínculo do médico com o hospital – ele está agindo em nome do hospital. A doutrina entende que eles respondem, mas:
Hospital – responde de forma objetiva
Médico – responde de forma subjetiva
Em um caso de aluguel de centro cirúrgico, e a conduta médica (sendo o médico sem vínculo com o hospital), subentende-se que a culpa é inteiramente do médico, pois não há vínculo com o hospital.
Devemos analisar se é dano estético/reparador por parte do médico de cirurgia plástica.
Info. 666/STJ. A operadora de plano de saúde tem responsabilidade solidária por defeito na prestação de serviço médico, quando o presta por meio de hospital próprio e médicos contratados, ou por meio de médicos e hospitais credenciados.
... A operadora do plano de saúde, na condição de prestadora de serviço, responde perante o consumidor pelos defeitos em sua prestação, seja quando os presta por meio de hospital próprio e médicos contratados, seja quando por meio de médicos e hospitais credenciados, nos termos dos arts. 2º, 3º, 14 e 34 do Código de Defesa do Consumidor; art. 1.521, III, do Código Civil de 1916, e art. 932, III, do Código Civil de 2002. Essa responsabilidade é objetiva e solidária em relação ao consumidor, mas, na relação interna, respondem o hospital, o médico e a operadora do plano de saúde, nos limites de sua culpa. No caso, a demora para a autorização da cirurgia indicada como urgente pela equipe médica do hospital, sem justificativa plausível, caracteriza defeito na prestação do serviço da operadora do plano de saúde, resultando na sua responsabilização.
Ex: Fui internado no hospital da UNIMED, e o médico que me atendeu é credenciado UNIMED. No entanto, a responsabilidade aqui será solidária, inclusive o plano de saúde.
Feito o parêntese nessa situação toda de dano pelo fato do produto, entramos em responsabilidade do comerciante:
Comerciante: é aquele que revende, e não está no art. 12, mas sim no art. 13
Art. 12 – fabrica, constrói, importa;
Art. 13 – responsabilidade do comerciante;
4. RESPONSABILIDADE DO COMERCIANTE
· subsidiária - responsabilidade do fornecedor individualizada 
Já que ele recebe os produtos já embalados e sem possibilidade de teste.
· art. 13 → são hipóteses em que o comerciante assume solidariamente a responsabilidade. 
- direito de regresso – par. Único, art. 13
Art. 13. O comerciante é igualmente responsável, nos termos do artigo anterior, quando:
        I - o fabricante, o construtor, o produtor ou o importador não puderem ser identificados;
        II - o produto for fornecido sem identificação clara do seu fabricante, produtor, construtor ou importador;
        III - não conservar adequadamente os produtos perecíveis.
        Parágrafo único. Aquele que efetivar o pagamento ao prejudicado poderá exercer o direito de regresso contra os demais responsáveis, segundo sua participação na causação do evento danoso.
5. PRESSUPOSTOS DA RESPONSABILIDADE
a) colocação do produto no mercado
b) relação de causalidade
c) dano: é o prejuízo causado ao consumidor
6. EXCLUSÃO DA RESPONSABILIDADE
- art. 12, § 3º:
III – hipóteses: 
a) sem observância das instruções ou advertências, o consumidor ou usuário faz uso de forma inadequada, ou dele faz uso pessoa a quem a mercadoria é contra-indicada;
b) não observância do prazo de validade;
c) quando não se atenta a um vício ou defeito manifesto;
d) quando o produto é utilizado de modo diverso do objetivamente previsto
ART.12, § 3° O fabricante, o construtor, o produtor ou importador só não será responsabilizado quando provar:
        I - que não colocou o produto no mercado;
        II - que, embora haja colocado o produto no mercado, o defeito inexiste;
        III - a culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro.
Súmula 479 - As instituições financeiras respondem objetivamente pelos danos gerados por fortuito interno relativo a fraudes e delitos praticados por terceiros no âmbito de operações bancárias.
· - serviço – art. 14, § 3º. 
- o legislador proibiu as cláusulas de irresponsabilidade ou de não indenizar: arts 23, 24 (dispensa de termo expresso para que a garantia se efetive) e 25.
Art. 23. A ignorância do fornecedor sobre os vícios de qualidade por inadequação dos produtos e serviços não o exime de responsabilidade.
Art. 24. A garantia legal de adequação do produto ou serviço independe de termo expresso, vedada a exoneração contratual do fornecedor.
Art. 25. É vedada a estipulação contratual de cláusula que impossibilite, exonere ou atenue a obrigação de indenizar prevista nesta e nas seções anteriores.
§ 1° Havendo mais de um responsável pela causação do dano, todos responderão solidariamente pela reparação prevista nesta e nas seções anteriores.
§ 2° Sendo o dano causado por componente ou peça incorporada ao produto ou serviço, são responsáveis solidários seu fabricante, construtor ou importador e o que realizou a incorporação
- em caso fortuito e força maior – entendimento doutrinário
FORTUITO INTERNO:
Está relacionado com a organização da empresa. É um fato ligado aos riscos da atividade desenvolvida pelo fornecedor. 
Ex1: o estouro de um pneu do ônibus da empresa de transporte coletivo; Ex2: cracker invade o sistema do banco e consegue transferir dinheiro da conta de um cliente. 
O fortuito interno NÃO exclui a obrigação do fornecedor de indenizar o consumidor
FORTUITO EXTERNO:
Não está relacionado com a organização da empresa. 
É um fato que não guarda nenhuma relação de causalidade com a atividade desenvolvida pelo fornecedor. É uma situação absolutamente estranha ao produto ou ao serviço fornecido. 
Ex1: assalto à mão armada no interior de ônibus coletivo (não é parte da organização da empresa de ônibus garantir a segurança dos passageiros contra assaltos); Ex2: um terremoto faz com que o telhado do banco caia, causando danos aos clientes que lá estavam. 
É uma causa excludente de responsabilidade.
Nota: Estourode pneu de ônibus é problema interno. 
Fortuito externo que não diz respeito a organização empresarial, não tem como a empresa responder.
Ex: terremoto faça com que o telhado do banco caia, não vai responder.
CORPO ESTRANHO EM ALIMENTO
Corpo estranho de alimento – rabo do ratinho dentro da coca, pedaço de preservativo dentro de uma peça de um presento, etc. (quanto a ingestão do alimento, não há duvidas sobre o dano moral. Quanto a exposição
Nota: abriu um chocolate e viu larva, faça um b.o, faz vídeos e leva ao supermercado.
STJ, REsp 1.424.304-SP. DIREITO DO CONSUMIDOR. DANO MORAL DECORRENTE DA PRESENÇA DE CORPO ESTRANHO EM ALIMENTO.
A aquisição de produto de gênero alimentício contendo em seu interior corpo estranho, expondo o consumidor a risco concreto de lesão à sua saúde e segurança, ainda que não ocorra a ingestão de seu conteúdo, dá direito à compensação por dano moral. A lei consumerista protege o consumidor contra produtos que coloquem em risco sua segurança e, por conseguinte, sua saúde, integridade física, psíquica, etc. Segundo o art. 8º do CDC, “os produtos e serviços colocados no mercado de consumo não acarretarão riscos à saúde ou segurança dos consumidores”. 
Tem-se, assim, a existência de um dever legal, imposto ao fornecedor, de evitar que a saúde ou segurança do consumidor sejam colocadas sob risco. Vale dizer, o CDC tutela o dano ainda em sua potencialidade, buscando prevenir sua ocorrência efetiva 
(o art. 8º diz “não acarretarão riscos”, não diz necessariamente “danos”). 
Desse dever imposto pela lei, decorre a responsabilidade do fornecedor de “reparar o dano causado ao consumidor por defeitos decorrentes de […] fabricação […] de seus produtos” (art. 12 do CDC). Ainda segundo o art. 12, § 1º, II, do CDC, “o produto é defeituoso quando não oferece a segurança que dele legitimamente se espera […], levando-se em consideração […] o uso e os riscos” razoavelmente esperados. Em outras palavras, há defeito – e, portanto, fato do produto – quando oferecido risco dele não esperado, segundo o senso comum e sua própria finalidade. Assim, na hipótese em análise, caracterizado está o defeito do produto (art. 12 do CDC), o qual expõe o consumidor a risco concreto de dano à sua saúde e segurança, em clara infringência ao dever legal dirigido ao fornecedor, previsto no art. 8º do CDC. Diante disso, o dano indenizável decorre do risco a que fora exposto o consumidor.
Ainda que, na espécie, a potencialidade lesiva do dano não se equipare à hipótese de ingestão do produto contaminado (diferença que necessariamente repercutirá no valor da indenização), é certo que, mesmo reduzida, também se faz presente na hipótese de não ter havido ingestão do produto contaminado. Ademais, a priorização do ser humano pelo ordenamento jurídico nacional exige que todo o Direito deva convergir para sua máxima tutela e proteção. Desse modo, exige-se o pronto repúdio a quaisquer violações dirigidas à dignidade da pessoa, bem como a responsabilidade civil quando já perpetrados os danos morais ou extrapatrimoniais. 
Nessa linha de raciocínio, tem-se que a proteção da segurança e da saúde do consumidor tem, inegavelmente, cunho constitucional e de direito fundamental, na medida em que esses valores decorrem da especial proteção conferida à dignidade da pessoa humana (art. 1º, III, da CF). Cabe ressaltar que o dano moral não mais se restringe à dor, à tristeza e ao sofrimento, estendendo sua tutela a todos os bens personalíssimos. Em outras palavras, não é a dor, ainda que se tome esse termo no sentido mais amplo, mas sua origem advinda de um dano injusto que comprova a existência de um prejuízo moral ou imaterial indenizável. Logo, uma vez verificada a ocorrência de defeito no produto, a afastar a incidência exclusiva do art. 18 do CDC à espécie (o qual permite a reparação do prejuízo material experimentado), é dever do fornecedor de reparar também o dano extrapatrimonial causado ao consumidor, fruto da exposição de sua saúde e segurança a risco concreto e da ofensa ao direito fundamental à alimentação adequada, corolário do princípio da dignidade da pessoa humana. 
REsp 1.424.304-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 11/3/2014 (Informativo nº 0537).
RECURSO ESPECIAL Nº 1.768.009 - MG (2018/0214304-2) 
EMENTA: DIREITO DO CONSUMIDOR. RECURSO ESPECIAL. AÇÃO DE REPARAÇÃO DE DANOS MATERIAIS E COMPENSAÇÃO DE DANOS MORAIS. AQUISIÇÃO DE GARRAFA DE REFRIGERANTE. CONSTATAÇÃO DE CORPO ESTRANHO EM SEU INTERIOR. EXPOSIÇÃO DO CONSUMIDOR A RISCO CONCRETO DE LESÃO À SUA SAÚDE E SEGURANÇA. FATO DO PRODUTO. EXISTÊNCIA DE DANO MORAL. VIOLAÇÃO DO DEVER DE NÃO ACARRETAR RISCOS AO CONSUMIDOR. 
1. Ação de reparação de danos materiais e compensação de danos morais, em virtude da constatação de presença de corpo estranho no interior de garrafa de refrigerante adquirida para consumo. 
2. Ação ajuizada em 11/06/2015. Recurso especial concluso ao gabinete em 06/09/2018. Julgamento: CPC/2015. 
3. O propósito recursal é determinar se, para ocorrer danos morais em função do encontro de corpo estranho em alimento industrializado, é necessária a sua ingestão ou se a mera constatação de sua existência no interior de recipiente lacrado é suficiente para a configuração de dano moral.
4. A aquisição de produto de gênero alimentício contendo em seu interior corpo estranho, expondo o consumidor à risco concreto de lesão à sua saúde e segurança, ainda que não ocorra a ingestão de seu conteúdo, dá direito à compensação por dano moral, dada a ofensa ao direito fundamental à alimentação adequada, corolário do princípio da dignidade da pessoa humana. 
5. Hipótese em que se caracteriza defeito do produto (art. 12, CDC), o qual expõe o consumidor a risco concreto de dano à sua saúde e segurança, em clara infringência ao dever legal dirigido ao fornecedor, previsto no art. 8º do CDC. 
6. Na hipótese dos autos, ao constatar a presença de corpo estranho no interior de garrafa de refrigerante adquirida para consumo, é evidente a exposição negativa à saúde e à integridade física do consumidor. 
7. Recurso especial conhecido e não provido.
A ingestão reverbera na questão do valor da condenação. Vai haver dano moral ingerindo ou não, mas o fato de ingerir ele aumenta o valor da indenização.
Pronto, finaliza responsabilidade pelo fato do produto.
RESPONSABILIDADE PELO FATO DO SERVIÇO
Quem é fornecedor p/ fins de responsabilidade pelo fato do produto?
1. Fabricante
2. Produtor
3. Construtor
4. Cortador
Não há vício no serviço, pois é genérico. Aqui, não temos um rol taxativo como no fato do produto.
O legislador não especificou quem são fornecedor de serviço, portanto aquele que fornece responde, independente de culpa.
Não há rol taxativo de fornecedores.
Art. 14. O fornecedor de serviços responde, independentemente da existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos relativos à prestação dos serviços, bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua fruição e riscos.
        § 1° O serviço é defeituoso quando não fornece a segurança que o consumidor dele pode esperar, levando-se em consideração as circunstâncias relevantes, entre as quais:
        I - o modo de seu fornecimento; (informações)
        II - o resultado e os riscos que razoavelmente dele se esperam; (padrões de razoabilidade; regras de experiência do homem; impossibilidade de se eliminar, de forma completa, os riscos)
        III - a época em que foi fornecido.
        § 2º O serviço não é considerado defeituoso pela adoção de novas técnicas.
        § 3° O fornecedor de serviços só não será responsabilizado quando provar:
        I - que, tendo prestado o serviço, o defeito inexiste;
        II - a culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro.
        § 4° A responsabilidade pessoal dos profissionais liberais será apurada mediante a verificação de culpa.
        Art. 15. (Vetado).
        Art. 16. (Vetado).
        Art. 17. Para os efeitos desta Seção, equiparam-se aos consumidores todas as vítimas do evento.
Nota:Aqui, quem prova é o fornecedor. Ou então, a culpa é exclusiva do consumidor.
· NA RESPONSABILIDADE PELO FATO DO SERVIÇO, TODOS OS FORNECEDORES ENVOLVIDAS NA PRESTAÇÃO DO SERVIÇO AO CONSUMIDOR SÃO RESPONSÁVEIS PELOS DANOS CAUSADOS
· Análise da solidariedade: caso concreto
· Erro médico e plano de saúde: há solidariedade. O médico responde de forma subjetiva; o plano, de forma objetiva
Súm. 506, STJ: A Anatel não é parte legítima nas demandas entre a concessionária e o usuário de telefonia decorrentes de relação contratual.
Nota: Quem faz o contato com o consumidor é a operadora. A Anatel não é parte legítima em uma relação voltada a relação contratual do usuário-consumidor c/ concessionária e telefonia.
APELAÇÃO CÍVEL. CIVIL E CONSUMIDOR. RESPONSABILIDADE CIVIL POR ACIDENTE DE CONSUMO. PRELIMINARES DE ILEGITIMIDADE DE UMA DAS RÉS, CERCEAMENTO DE DEFESA E JULGAMENTO ULTRA PETITA. REJEIÇÃO. INCÊNDIO EM VEÍCULO. FATO DO PRODUTO E DO SERVIÇO. RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA DAS RÉS. DEMONSTRAÇÃO DOS REQUISITOS DA RESPONSABILIDADE CIVIL. INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS E MATERIAIS. CABIMENTO. REDUÇÃO OU MAJORAÇÃO DOS DANOS MATERIAIS E MORAIS. IMPOSSIBILIDADE. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. ELEVAÇÃO.
1. O juiz é o destinatário da prova. Assim, se o magistrado entende que as provas colacionadas aos autos são suficientes para o seu convencimento e solução do litígio, não está obrigado a deferir a produção de todas as provas requeridas pelas partes. Assim, não ocorre cerceamento de defesa quando o juiz processante considera suficientes as provas produzidas nos autos e julga desnecessárias outras diligências para a resolução da lide.
2. A legitimidade processual, de acordo com teoria da asserção, não é caracterizada com base no direito material discutido em juízo, mas com base nas afirmações feitas na inicial, de forma que a legitimação ativa cabe ao titular do interesse sustentado na pretensão e, a passiva, àquele contra quem tal pretensão é exercida.
3. Se o ilustre magistrado apenas se valeu da distribuição da carga probatória determinada em lei, não se há de falar em julgamento ultra petita por causa de inversão do ônus da prova sem pedido da parte autora.
4. Nos termos dos art. 12, § 3º, do CDC, cabe ao fabricante, ao produtor, ou ao importador, na hipótese de acidente de consumo, demonstrar: que não colocou o produto no mercado; que, embora haja colocado o produto no mercado, o defeito inexiste; que houve culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro. Ainda, consoante a dicção do art. 14, § 3º, do CDC, o fornecedor dos serviços só não será responsabilizado quanto provar: que, tendo prestado o serviço, o defeito inexiste; a culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro. Ao consumidor assiste apenas o dever de comprovar que ocorreu um acidente de consumo.
5. A fabricante colocou no mercado de consumo produto que não garantiu a devida segurança aos consumidores, vindo a pegar fogo quanto trafegava em via pública, com apenas dois anos de uso, sem que exista comprovação de má utilização pelos autores, que, ademais, realizaram todas as revisões periódicas exigidas pela fabricante. Ainda que não tenha sido realizada perícia no veículo, é possível concluir pela existência de defeito de fabricação, porquanto, salvo hipóteses excludentes de responsabilidade, como o mau uso do bem pelo consumidor ou fatos extraordinários, não se espera de tal espécie de produto que se incendeie durante a utilização. Assim, a fabricante violou o dever que lhe é imposto pelo art. 8º, do CDC, respondendo na forma do art. 12, § 3º, do CDC.
6. A concessionária responsável pela venda do veículo qualifica-se como comerciante, de modo que, em princípio, sua responsabilidade é subsidiária, emergindo apenas no caso de ausência de identificação do fabricante, nos art. 13, do CDC. Todavia, se a atuação da concessionária na cadeia de consumo não se resumiu à alienação do bem fabricado por terceiro, tendo havido também a prestação de serviços, por meio da realização das revisões periódicas no veículo dos requerentes, possível a sua responsabilização por fato do serviço, nos termos do art. 14, § 3º, do CDC. Evidenciado que os consumidores se queixaram de superaquecimento do veículo em revisão anterior e que o defeito não foi reparado devidamente, impõe-se a responsabilização da fornecedora do serviço pelo acidente de consumo.
7. O art. 375, do CPC, permite que o magistrado se valha das regras de experiência subministradas pela observação do que ordinariamente acontece para formar sua convicção, desde que de forma motivada.
8. Afigura-se verossímil a alegação de que havia roupas, sapatos e perfumes nas bagagens dos requerentes, porque tais itens normalmente são carregados por viajantes, devendo ser prestigiada a estimativa de valor fixada na sentença em harmonia com as regras da experiência comum.
9. Impossibilita-se o ressarcimento de danos relativos a objeto pertencentes a pessoas que não integram o processo, ante a ausência de autorização legal aos autores para defenderem em nome próprio direito alheio. Também se mostra inviável a indenização pela perda de supostos aparelhos eletrônicos que se encontravam nas malas dos requerentes, se não houve, ao menos, a juntada de notas fiscais comprobatórias da propriedade.
10. O incêndio súbito de veículo seminovo, do qual se esperava segurança, colocando a vida dos autores em risco, e a indisponibilidade do bem por período relevante de tempo, são circunstâncias que, indubitavelmente, causam lesão a direitos da personalidade, dando ensejo à indenização por danos morais.
11. A indenização fixada a título de danos morais deve atender aos princípios da razoabilidade e proporcionalidade, considerando a extensão e a gravidade do dano, a capacidade econômica do ofensor, além do caráter punitivo-pedagógico da medida. Observados esses parâmetros pela sentença, impossibilita-se sua modificação quanto a esse ponto.
12. Impõe-se a majoração dos honorários advocatícios, se o valor fixado na sentença não se mostra compatível com a complexidade da causa, o trabalho zeloso realizado pelos advogados e o tempo de labor exigido.
13. Apelo dos autores parcialmente provido. Apelo das rés não provido. 
(TJDFT. 20161410012953APC. 24.09.18)
7 – RESPONSABILIDADE PELO VÍCIO DO PRODUTO OU SERVIÇO (Art. 18 ao 25)
Art. 18. Os fornecedores de produtos de consumo duráveis ou não duráveis respondem solidariamente pelos vícios de qualidade ou quantidade que os tornem impróprios ou inadequados ao consumo a que se destinam ou lhes diminuam o valor, assim como por aqueles decorrentes da disparidade, com a indicações constantes do recipiente, da embalagem, rotulagem ou mensagem publicitária, respeitadas as variações decorrentes de sua natureza, podendo o consumidor exigir a substituição das partes viciadas.
· Afetam a funcionalidade do produto ou do serviço nos aspectos qualidade e quantidade, tornando-os impróprios ou inadequados ao consumo ou lhes diminuído o valor, bem como aquelas decorrentes da divergência do conteúdo com as indicações constantes do recipiente, da embalagem, rotulagem ou mensagem publicitária.
REPERCUSSÃO EXTERNA DO VÍCIO → DANO (ACIDENTE DE CONSUMO)
Nota: aqui tenho um produto ou serviço viciado, e o critério é um produto durável ou não durável. Esse vício é de funcionalidade, seja por quesito de quantidade ou qualidade (em prol do consumo, por exemplo. ou diminuição do valor)
É um sistema que atinge a esfera econômica do produto. Não houve um dano moral ou estético, é um vício intrínseco ao produto.
O produto com defeito tinha um vício, só que extrapolou.
O que acontece? Se não for sanado em no máximo trinta dias, pode o consumidor exigir alternativamente ou a sua escolha.
Produto durável – prazo de 90 dias (por lei);
Produto não durável – prazo de 30 dias (por lei);
CONTINUA NA PRÓXIMA AULA

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