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Livro Geografia I para Ensino Fundamental -píginas-8

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CARVALHO, L. V.; MOURA, M. L.16
Ressalte-se que os estados nacionais que até então controlavam maior 
parcela dos territórios conquistados precisavam conter o expansionismo ale-
mão. Ao lado da batalhas que travavam pela manutenção de seus territórios, 
no campo ideológico, o possibilismo francês busca introjetar a visão segundo 
a qual era necessário preservar as paisagens solidamente construídas, pois 
as paisagens recentes poderiam colocar em risco a estabilidade e o equilíbrio 
alcançados pelas paisagens antigas. Isto é, para o possibilismo era preciso 
manter as “paisagens” impostas pelos “mais antigos” colonizadores. 
Nessa direção, a França reage às provocações da Alemanha, tenta con-
ter sua expansão territorial, porém não altera substancialmente as bases ideoló-
gicas justificadoras dessa expansão e do domínio das nações civilizadas sobre 
vastas regiões da África, da Ásia e da América Latina. Afinal, à luz do pensa-
mento possibilista, só seria possível alterar a influência do mundo físico sobre 
o comportamento humano se a região possuísse capital e condições técnicas. 
Ora, quais as regiões que, naquele contexto histórico, detinham as téc-
nicas e o capital necessário para “civilizar” as regiões dominadas? Não havia 
dúvida, a tarefa era mais uma vez remetida aos estados-nação imperialistas 
que, naquele contexto, já haviam consolidado a revolução industrial e, em de-
corrência, desenvolvido, como em nenhuma época precedente, as ciências 
e as técnicas. 
A versão possibilista e a ideologia que fundamentava sua visão espacial 
do mundo foram largamente difundidas décadas mais tarde em livros didáti-
cos no Brasil. Um desses livros, editado nos anos de 1970, destaca, ao se 
reportar às quatro massas de elementos do ambiente geográfico:
...Os fatos ou fenômenos que nelas ocorrem – as formas de relevo, 
as condições atmosféricas, os climas, os rios e lagos, os pântanos, 
os tipos de vegetação e os solos, entre muitos outros – se combinam 
em cada lugar de modo distinto, formando os ambientes geográficos. 
A êstes ambientes chamamos meio natural. O homem interfere po-
derosamente neles. Acumulando cultura e técnica, o homem provo-
ca transformações rápidas do meio e organiza, devido às atividades 
que exerce, o espaço geográfico que habita na superfície terrestre. 
As transformações culturais da superfície da terra são as verdadeiras 
conquistas geográficas realizadas pelo homem. Mas, para entendê-las, 
devemos primeiros estudar os fatos naturais (1970 , p. 43, grifo nosso). 
Nas décadas que findaram o século 19 e nas primeiras décadas do 
século 20, as lutas pelo domínio territorial entre os impérios coloniais não ces-
saram, porém, a pilhagem sobre a África, a Ásia já havia se consolidado e, em 
certa medida, seus valores culturais sobre o mundo já haviam sido introjetados 
nas culturas locais. Restava, no entanto, criar as condições para a presença

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