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1 APOSTILA DE APOIO DA DISCIPLINA FUNDAÇÕES E CONTENÇÕES Professor: Marcelo Araújo FUNDAÇÕES EMENTA DO CURSO: • Introdução e Critérios de Projeto; • Investigações Geotécnicas; • Fundações Rasas; • Fundações Profundas; • Controle de Qualidade; • Estruturas de Contenção. DEFINIÇÃO: Fundações são elementos estruturais com função de transmitir as cargas da estrutura ao terreno onde ela se apóia. QUAIS OS PRINCÍPIOS QUE DEVEMOS SEGUIR? • Não romper; • Não recalcar excessivamente; • Não prejudicar o ambiente externo (Vizinhança, bacias, etc). 2 TERMOS E DEFINIÇÕES (NBR 6122) 1. Fundação superficial (rasa ou direta): elemento de fundação em que a carga é transmitida ao terreno pelas tensões distribuídas sob a base da fundação, e a profundidade de assentamento em relação ao terreno adjacente à fundação é inferior a duas vezes a menor dimensão da fundação. 2. Fundação profunda: elemento de fundação que transmite a carga ao terreno ou pela base (resistência de ponta) ou por sua superfície lateral (resistência de fuste) ou por uma combinação das duas, devendo sua ponta ou base estar assente em profundidade superior ao dobro de sua menor dimensão em planta, e no mínimo 3 m. Neste tipo de fundação incluem-se as estacas e os tubulões. TIPOS DE FUNDAÇÕES SUPERFICIAIS: Sapata Elemento de fundação superficial, de concreto armado, dimensionado de modo que as tensões de tração nele resultantes sejam resistidas pelo emprego de armadura especialmente disposta para esse fim. 3 Bloco Elemento de fundação superficial de concreto, dimensionado de modo que as tensões de tração nele resultantes sejam resistidas pelo concreto, sem necessidade de armadura. Radier Elemento de fundação superficial que abrange parte ou todos os pilares de uma estrutura, distribuindo os carregamentos. 4 Sapata associada Sapata comum a mais de um pilar. Sapata corrida Sapata sujeita à ação de uma carga distribuída linearmente ou de pilares ao longo de um mesmo alinhamento. TIPOS DE FUNDAÇÕES PROFUNDAS: Estaca Elemento de fundação profunda executado inteiramente por equipamentos ou ferramentas, sem que, em qualquer fase de sua execução, haja descida de pessoas. Os materiais empregados podem ser: madeira, aço, concreto pré-moldado, concreto moldado in loco ou pela combinação dos anteriores. Tubulão Elemento de fundação profunda, escavado no terreno em que, pelo menos na sua etapa final, há descida de pessoas, que se faz necessária para executar o alargamento de base, ou pelo menos a limpeza do fundo da escavação, uma vez que neste tipo de fundação as cargas são transmitidas preponderantemente pela ponta. 5 Existem, ainda, as fundações mistas, que combinam soluções de fundação superficial com profunda. Alguns exemplos são mostrados na figura. Sapata associada à estaca. Radier sobre estacas ou tubulões (chamada “estaca T”) ELEMENTOS NECESSÁRIOS AO PROJETO Os elementos necessários para o desenvolvimento de um projeto de fundação são: 1. Topografia da área: • Levantamento topográfico (planialtimétrico); • Dados sobre taludes e encostas no terreno (ou que possam atingir o terreno); • Dados sobre erosões (ou evoluções preocupantes na geomorfologia). 2. Dados geológico-geotécnicos: • Investigação do subsolo (as vezes em duas etapas: preliminar e complementar); • Outros dados geológicos e geotécnicos (mapas, fotos aéreas e levantamentos aerofotogramétricos, artigos sobre experiências anteriores na área etc) 6 Cidade da Guatemala Sinkhole com 30 m prof. e 20 mlargura, aproximadamente. 7 3. Dados da estrutura a construir: • Tipo e uso que terá a nova obra; • Sistema estrutural (hiperestaticidade, flexibilidade etc); • Sistema construtivo (convencional ou pré-moldado); • Cargas (ações nas fundações). 4. Dados sobre construções vizinhas: • Número de pavimentos, carga média por pavimento; • Tipo de estrutura e fundações; • Desempenho das fundações; • Existência de subsolo; • Possíveis conseqüências de escavações e vibrações provocadas pela nova obra. Os conjuntos de dados 1, 2 e 4 devem ser cuidadosamente avaliados pelo projetista em uma visita ao local de construção. Deve ser feito laudo de vistoria do vizinho, com registro de danos. O conjunto de dados 3 deve ser discutido com o projetista de obra (arquiteto ou engenheiro industrial, por exemplo) e com o projetista da estrutura. Desta discussão vão resultar os deslocamentos admissíveis e os 8 fatores de segurança a serem aplicados às diferentes cargas ou ações da estrutura. No caso de fundações de pontes e portos, dados sobre o regime do rio e condições do mar são importantes para avaliação de possíveis erosões e escolha do método executivo. Já nas zonas urbanas, as condições dos vizinhos constituem, frequentemente, o fator decisivo na definição da solução de fundação. E quando fundações profundas ou escoramentos de escavações são previstos, o projetista deve ter uma idéia da disponibilidade de equipamentos na região da obra. AÇÕES NAS FUNDAÇÕES: No Brasil, a norma NBR 8681/84 (Ações e Segurança nas Estruturas) classifica as ações nas estruturas em: a) Ações permanentes: Ocorrem com valores constantes durante a vida da obra (peso próprio, equipamentos fixos, empuxos, esforços devidos a recalques); b) Ações variáveis: Ocorrem com valores que apresentam variações significativas em torno da média (ações derivadas ao uso da obra, como por exemplo: efeitos dos ventos, das variações da temperatura etc); c) Ações excepcionais: Ocorrem com duração extremamente curta e muito baixa probabilidade de ocorrência durante a vida da obra, mas que precisam ser consideradas no projeto de determinadas estruturas (explosões, colisões, incêndios, enchentes e sismos). A norma NBR 8681/84 estabelece critérios para combinações destas ações na verificação dos estados limites de uma estrutura (assim chamados os estados a partir dos quais a estrutura apresenta desempenho inadequado às finalidades da obra): 9 • Estados limites últimos (associados a colapsos parciais ou total da obra); • Estados limites de utilização (quando ocorrem deformações, fissuras etc. que comprometem o uso da obra). REQUISITOS DE UM PROJETO DE FUNDAÇÕES Tradicionalmente, os requisitos básicos a que um projeto de fundações deverá atender são: a) Deformações aceitáveis sob as condições de trabalho (figura 2.5 (a); b) Segurança adequada ao colapso do solo de fundação ou estabilidade externa (figura 2.5 (b); c) Segurança adequada ao colapso dos elementos estruturais ou estabilidade interna (figura 2.5 (e); 10 Outros requisitos específicos de certos tipos de obra: Segurança adequada ao tombamento e deslizamento (também “estabilidade externa”, a ser verificada nos casos em que forças horizontais elevadas atuam em elementos de fundação superficial; Segurança à flambagem; Níveis de vibração compatíveis com o uso da obra, a serem verificados nos casos de cargas dinâmicas. Verificação da Segurança ao Colapso (Verif. de Estados Limites Últimos) Nos problemas de engenharia há sempre incertezas: - Nos métodos de cálculo; - Nos valores dos parâmetros dos materiais introduzidos nesses cálculos; - Nas ações (cargas) a suportar; - Na execução. Consequentemente, há a necessidade de introdução de coeficientes de segurança, CS (também chamados de fatores de segurança, FS) que levem em conta essas incertezas. A fixação desses coeficientes de segurança é bem mais difícil na Engenharia de Fundações e Geotécnica que na Engenharia Estrutural. 11 Os materiais estruturais – concreto armado e aço – são materiaisexecutados ou fabricados pelo homem, portanto, relativamente homogêneos e com propriedades mecânicas que podem ser razoavelmente determinadas. O solo que participa do comportamento de uma fundação é: - Muito heterogêneo e seu conhecimento restrito ao revelado pelas investigações realizadas em alguns pontos do terreno; - Comportamento complexo: • Elasto-visco-plástico, portanto, dependente das tensões iniciais da evolução das tensões iniciais, da evolução das tensões e do tempo; • Trifásico-sólidos + água + ar – portanto, dependente das condições de drenagem. Verificação de deslocamentos e danos associados (Verif. de Estados Limites de Utilização) Deslocamentos em Estruturas e Danos Associados Toda fundação sofre deslocamentos verticais (recalques),horizontais ou rotacionais, dependendo das solicitações.Esses deslocamentos causam danos que variam desde arquitetônicos ou estéticos até o colapso da estrutura (pelo surgimento de esforços para os quais ela não está dimensionada). 12 TIPOS DE DEFORMAÇÃO DE UMA ESTRUTURA Figura 2.10 – Principais modos de deformação de uma estrutura: a) Recalques uniformes; b) Recalques desuniformes sem distorção (alteração da forma); c) Recalques desuniformes com distorção. 13 Tipo 1a) Ocorrem danos estéticos e funcionais: Se os recalques forem muito grandes; Tipo 1b) Ocorrem danos às ligações da estrutura com o exterior (tubulações de água e esgoto, rampas, escadas, passarelas etc) Tipo 2) Ocorrem danos estéticos devido ao desaprumo (mais visível quanto mais alto o prédio) e danos funcionais decorrentes do desnivelamento de pisos, etc. 14 Tipo 3) Além dos danos estéticos e funcionais mencionados nos dois itens anteriores, há: • Danos desta mesma natureza decorrentes da fissuração; • Danos estruturais. 15 Observação: Na prática, há uma combinação dos 3 tipos de recalques. Valores limites, na prática: Distorção (angular): • Danos estruturais: 1/200; • Fissuras em paredes e divisórias: 1/300; • Porém, recomendado: 1/500. Recalque máximo: Areias Argilas Sapatas: 2,5 cm 5.0 cm Radiers: 5,0 cm 10,0 cm
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