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Patologias das Fundações

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PATOLOGIA DAS 
ESTRUTURAS
Bianca Funk Weimer
 
Patologias das fundações
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
  Identificar as falhas no processo de sondagem do subsolo.
  Relacionar o subsolo à solução construtiva escolhida.
  Comparar falhas de projeto e execução a recalques e/ou falência da 
infraestrutura.
Introdução
Denomina-se fundação o elemento que faz a transição entre uma edifica-
ção e o solo, ou seja, é uma estrutura que transfere as cargas provenientes 
de uma edificação para o solo em que ela está assentada. Dependendo de 
como a carga é transmitida ao solo, as fundações podem ser classificadas 
em superficiais ou profundas. Elas estão sujeitas a alterações de compor-
tamento e ocorrência de problemas, que vão desde a caracterização do 
solo, durante a fase de análise e projeto, até a execução das estruturas e 
também de eventos após a sua conclusão, incluindo a possível degra-
dação dos materiais que constituem esses elementos. A concepção e a 
execução de fundações envolvem inúmeras atividades, que, em geral, 
são desempenhadas por profissionais com formações distintas. Por isso, 
é muito importante o conhecimento de todas as possibilidades de pro-
blemas ao longo da vida útil dessas estruturas, a fim de permitir ações 
mais qualificadas de cada um dos profissionais.
Neste capítulo, você vai aprender a diferenciar os principais tipos de 
fundações existentes e conhecerá as diferentes etapas de origem de 
problemas em uma fundação e quais as falhas que costumam ocorrer.
Cap_2_Patologia_das_Estruturas.indd 1 05/03/2018 10:50:38
Investigação do subsolo
Todas as edifi cações, seja durante a sua construção ou após a sua conclusão, 
estão submetidas a deslocamentos verticais lentos — os recalques — até que 
seja atingido o equilíbrio entre as cargas que chegam às fundações e o solo 
sob o qual elas estão construídas. Quando as fundações são mal concebidas, 
podem ocorrer recalques distintos entre os diversos apoios da edifi cação, 
denominados de recalques diferenciais, podendo ocasionar a abertura de 
trincas nas alvenarias e nas estruturas. 
Os problemas em fundações podem ter origem, basicamente, na investigação 
do subsolo, durante a análise e o projeto, na sua execução e em eventos após 
a sua construção, englobando a degradação do solo. Problemas patológicos 
em fundações de construções civis têm acontecido com frequência no mundo 
todo. Na Figura 1, é possível verificar o desaprumo ocorrido em um famoso 
monumento italiano, a Torre de Pisa. Construída há mais de 600 anos, quando 
ainda não se realizavam estudos tão aprofundados do solo, a Torre de Pisa 
começou a sofrer recalques ainda na sua construção, pois o tipo de fundação 
escolhida não era apropriado para o solo do local.
Figura 1. Caso típico de problemas em 
fundações: a Torre de Pisa, na Itália.
Fonte: Fedor Selivanov/Shutterstock.com.
Patologias das fundações2
Cap_2_Patologia_das_Estruturas.indd 2 05/03/2018 10:50:39
A grande maioria dos problemas em fundações se dá na investigação do 
subsolo. É necessário que exista uma programação apropriada, para que a in-
vestigação seja realizada de modo a identificar e caracterizar o comportamento 
do solo. É realizado um programa preliminar, um programa complementar e, 
eventualmente, um programa especial de ensaios geotécnicos, de modo que 
o local de implantação da obra seja adequadamente reconhecido. 
De acordo com Milititsky, Consoli e Schnaid (2015), no Brasil, o ensaio de 
campo mais utilizado para a fase preliminar é o SPT (Standard Penetration 
Test). O ensaio consiste na medição da resistência dinâmica do solo, medida 
pelo número de golpes para cravar um amostrador padrão nele, combinada 
com uma sondagem de simples reconhecimento, por meio da amostra de solo 
coletada pelo amostrador.
Para saber mais sobre o ensaio SPT, leia a ABNT NBR 6484:2001, “Solo – Sondagens de 
simples reconhecimento com SPT – Método de ensaio”.
Falhas no processo de investigação do solo podem acarretar muitos pro-
blemas durante a execução das fundações. Por isso, é imprescindível que 
sejam contratadas empresas íntegras e capacitadas, cujo trabalho deverá ser 
supervisionado pelo contratante. A imprecisão com relação às condições do 
subsolo — e o consequente aparecimento de manifestações patológicas por 
problemas nas fundações — pode ter os seguintes motivos (MILITITSKY; 
CONSOLI; SCHNAID, 2015): 
  Falta de investigação do subsolo: considerada uma prática inadmissí-
vel, costuma ocorrer em obras de pequeno e médio porte, geralmente por 
questões econômicas. O desempenho insatisfatório de fundações, em 
mais de 80% dos casos, é devido à ausência completa de investigação 
do solo e à escolha de uma solução imprópria.
  Investigação insuficiente do subsolo: mesmo sendo realizadas as 
investigações, elas podem não contemplar a identificação de aspectos 
cruciais, relativos ao comportamento da fundação a ser projetada:
 ■ número insuficiente de sondagens, em áreas extensas ou que possuem 
o subsolo diversificado, e realização deficiente de ensaios — quando 
3Patologias das fundações
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apenas o SPT não fornece todas as informações necessárias e pre-
cisaria ser complementado com outros ensaios (CPT ou ensaio de 
Palheta);
 ■ profundidade de investigação insuficiente, não contemplando cama-
das normalmente de pior desempenho, que também serão afetadas 
pelo carregamento;
 ■ propriedades de comportamento do solo não determinadas, por 
ausência de ensaios especiais (expansibilidade, colapsividade, etc.);
 ■ casos de grande variação das propriedades do solo, anomalias loca-
lizadas ou situações não identificadas.
  Realização insuficiente de ensaios ou falhas na investigação do sub-
solo: execução de sondagem em local diferente, localização incompleta, 
aplicação de procedimentos indevidos ou ensaios não padronizados, 
equipamentos defeituosos, descrição malfeita do tipo do solo, desvio 
de prumo na colocação de equipamentos no solo (cravação do SPT) 
pode gerar a identificação errada das camadas do subsolo. Também 
estão inclusos os casos de fraude, com a geração de resultados que 
não existem.
  Casos especiais: a investigação, mesmo bem planejada, está sujeita a 
ocorrências singulares, que são mais difíceis de identificar:
 ■ Influência da vegetação: a interferência pode ser física, no caso das 
raízes, ou pode haver modificações na umidade do solo, causando 
mudanças volumétricas no solo e nos recalques.
 ■ Colapsividade: propriedade de materiais que estão sujeitos à rea-
comodação brusca de suas partículas e redução do volume, quando 
saturados. O colapso depende da estrutura do solo, das tensões exis-
tentes e do rompimento dos agentes cimentantes.
 ■ Expansibilidade: alguns argilo-minerais têm a propriedade de se 
expandir, devido a mudanças no teor de umidade do solo.
 ■ Zonas de mineração: pelo fato de a extração de minérios se dar em 
pequenas profundidades, é importante que se tenha a sua exata loca-
lização, pois essas zonas estão sujeitas a fenômenos de instabilidade.
 ■ Zonas cársticas: rochas que contenham carbonato de cálcio e mag-
nésio (rochas calcárias ou dolomíticas) possuem características que 
as diferem das demais, pois essas substâncias possuem solubilidade 
em água, e tais rochas podem ter grandes cavidades e porosidades. Se 
estiverem localizadas abaixo de camadas rochosas com sedimentos 
não solúveis e solos residuais, podem causar uma falsa impressão 
de segurança.
Patologias das fundações4
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 ■ Ocorrência de matacões: blocos de rochas ainda não decompostos, 
localizados em solos residuais originados do processo de intem-
perismo, são conhecidos por matacões. Sua presença no solo pode 
ser confundida com um perfil contínuo de rocha, causando uma 
interpretação equivocada do terreno e produzindo uma solução não 
compatível com ocomportamento real do solo.
Os tipos de fundações
O solo é o meio de suporte dos carregamentos, e é de suma importância co-
nhecer o seu comportamento. Sua capacidade de carga e de deformabilidade 
são variáveis e dependem dos seguintes fatores principais:
  tipo e estado do solo (areais em vários estados de compacidade e argilas 
em vários estados de consistência);
  situação (cota) do lençol freático;
  carga aplicada;
  tipo de fundação (superficial ou profunda);
  interferência das fundações próximas.
A composição dos solos se dá, essencialmente, pela presença de partículas 
sólidas com água, ar e material orgânico incorporados. Sob a presença de 
carregamentos externos, ele se deformará. No caso de o solo ser uma argila 
dura ou uma areia compacta, os recalques serão ocasionados por deformações 
e pela consequente modificação do formato do solo, dependendo da carga que 
está atuando e do módulo de deformação do solo. Já para os solos de areia fofa 
e argila mole, a redução de volume é a causa dos recalques.
As fundações, que são os elementos de transição entre a estrutura e o 
solo, podem ser classificadas em dois tipos, de acordo com a forma como 
transmitem as cargas ao solo:
  Superficiais, rasas ou diretas: a carga é transmitida ao solo por meio 
de pressões na base das fundações. Os tipos de fundações superficiais 
são bloco, sapata, viga de fundação, grelha e radier.
  Profundas: a carga é transmitida ao solo por pressões sob a base das 
fundações, chamada de resistência de ponta, e também por atrito na 
superfície lateral, chamada de resistência de fuste. Os tipos de fundações 
profundas são estaca, tubulão e caixão.
5Patologias das fundações
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Fundações superficiais
As fundações superfi ciais são mais utilizadas em obras de pequeno porte (cargas 
baixas), para solos rígidos e rochosos, e são assentadas em profundidades de até 
duas vezes a sua menor dimensão em planta. Os principais tipos de fundação 
superfi cial são apresentados a seguir e podem ser visualizados na Figura 2:
  Bloco: elemento de fundação feito de concreto simples ou rocha arga-
massada, que vai resistir às tensões de tração sem o auxílio de armadura. 
Os blocos são utilizados em solos de alta resistência e possuem custo 
mais baixo, em relação a outros tipos de fundação. 
  Sapata: difere do bloco pela presença de armadura, a qual vai suportar 
as tensões de tração; é feita, portanto, de concreto armado e geralmente 
possui altura menor que o bloco. As sapatas são utilizadas em solos 
resistentes e possuem custo baixo.
  Radier: trata-se de uma laje de concreto armado que recebe todos 
os pilares da edificação, executada sobre o solo e ao longo de toda a 
construção. Os radiers são utilizados em solos de baixa resistência e 
possuem custo alto, pois é necessário muito material.
Figura 2. Principais tipos de fundações superficiais: bloco, sapata e radier, respectivamente.
Fonte: Adaptada de Associação Brasileira de Cimento Portland (2002).
Fundações profundas
As fundações profundas são mais utilizadas em obras grandes ou para solos 
mais instáveis, em que muita carga será depositada no terreno. Elas são as-
sentadas em profundidades maiores que duas vezes a sua menor dimensão em 
planta. Os tipos de fundação superfi cial são apresentados a seguir e podem 
ser visualizados na Figura 3:
Patologias das fundações6
Cap_2_Patologia_das_Estruturas.indd 6 05/03/2018 10:50:40
  Estacas: elemento de fundação enterrado no solo por meio de cravação, 
escavação ou ambas. Os principais tipos de estacas são:
 ■ Pré-moldadas (estacas do tipo cravadas): são cravadas no terreno e 
podem ser de concreto simples, armado ou protendido, ou metálicas. 
Aumentam a capacidade de carga em solos não coesivos, pois estes 
são compactados durante a cravação.
 ■ Moldadas in loco (estacas do tipo cravadas e escavadas):
 – Tipo Franki: são cravadas no solo, por meio da colocação de um 
tubo de revestimento com ponta fechada, o qual é posteriormente 
preenchido com concreto. Não possuem limitação de profundidade 
na presença de água no subsolo.
 – Tipo Stauss: após a inserção de uma camisa metálica (coroa) no solo, 
que define o diâmetro da estaca, a escavação se dá por meio de uma 
sonda mecânica que retira o solo; depois de escavado, faz-se a con-
cretagem. Não é recomendada a sua execução abaixo do nível d’água 
(principalmente em solos arenosos), nem em solos de argila mole.
 – Hélice contínua: escavada mecanicamente, com a injeção simultâ-
nea de concreto à medida que a hélice é extraída do solo, trazendo 
consigo o material escavado. Sua execução pode ser feita em 
terrenos coesivos e arenosos, com ou sem a presença de água no 
subsolo, e pode ser utilizada até em solos resistentes.
 – Estaca-raiz: escavada mecanicamente com uma perfuratriz e um 
tubo de revestimento em volta, com circulação de água, lama ben-
tonítica ou ar, para eliminar o material escavado continuamente; 
depois de completada a perfuração, faz-se a concretagem. Possui 
diâmetro pequeno e pode ser executada em terrenos de qualquer 
natureza, mesmo quando o solo tiver matacões ou rochas.
  Tubulão: elemento de fundação cilíndrico, em que um operário desce 
durante a sua construção; é utilizado em obras de grande porte, como 
pontes e viadutos. Pode ser de dois tipos:
 ■ A céu aberto: escavado manualmente com a posterior concretagem 
de um poço aberto, com base alargada no terreno, dispensando es-
coramento, se o terreno for coesivo. Executado somente acima do 
nível d’água.
 ■ A ar comprimido: similar ao procedimento a céu aberto, com a 
diferença de que se pode ultrapassar o nível d’água, fazendo-se 
uso de ar comprimido e camisa de aço ou concreto, para evitar o 
desmoronamento das paredes. Pode ser utilizado em áreas com alta 
densidade de matacões.
7Patologias das fundações
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Dependendo da forma como as estacas são assentadas no solo, elas podem se classificar 
em estacas cravadas (ou de deslocamento) e estacas escavadas.
As estacas cravadas são introduzidas no terreno de forma que o solo não seja retirado, 
que é o caso das estacas pré-moldadas de concreto, metálicas, de madeira e também as 
do tipo Franki. As estacas escavadas são executadas in loco (no próprio local), mediante 
a retirada prévia do solo por algum processo de perfuração, que é o caso das estacas 
do tipo Strauss, hélice contínua e estaca-raiz.
As estacas cravadas possuem mobilização de resistência na ponta e de atrito lateral, 
imediatamente após inseridas no solo. Desse modo, costumam suportar cargas maiores 
que uma estaca escavada com as mesmas características. As estacas escavadas dependem 
de um pequeno recalque para que o atrito e a resistência de ponta sejam mobilizados.
Figura 3. Principais tipos de fundações profundas: estaca cravada (a1 e a2), estaca 
moldada in loco (b) e tubulão (c).
Fonte: Adaptada de Associação Brasileira de Cimento Portland (2002).
Patologias das fundações8
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Problemas em fundações
Partindo do pressuposto de que as fundações vão se movimentar, seja durante 
a construção ou após a conclusão, é muito importante saber distinguir os pos-
síveis movimentos a que estão suscetíveis. Um elemento de fundação poderá 
estar sujeito tanto a recalques absolutos, que são os deslocamentos verticais 
descendentes, quanto a recalques diferenciais, que representam a diferença 
entre recalques absolutos de quaisquer elementos de fundação.
O recalque diferencial causa distorções em uma estrutura e, conforme 
a sua magnitude, pode provocar o aparecimento de fissuras na edificação, 
a inversão da inclinação de uma tubulação de esgoto ou até o colapso da 
superestrutura, pela geração de esforços não suportados por ela. Se todos os 
elementos de fundação tiverem o mesmo recalque absoluto, não ocorrerão 
fissuras; no entanto, não é possível prever se outrosdanos poderão ser cau-
sados, como o rompimento de canais de água e esgoto ou o desnível entre 
a rua e a entrada da obra. Nesse contexto, surgiu o conceito de recalques 
admissíveis.
Durante a fase de análise e projeto de uma fundação, faz-se a estimativa 
dos recalques admissíveis, que são valores obtidos por meio de dados técni-
cos coletados de obras no passado e que servem apenas como recomendação, 
devendo ser utilizados com cautela. Os valores limites recomendados não 
indicam se os danos resultantes dos recalques são apenas visuais ou estéticos 
(sem risco), se comprometem o uso da edificação ou se são estruturais e 
oferecem risco aos usuários.
Como já mencionado, as manifestações patológicas mais comuns em 
elementos estruturais, resultantes do movimento relativo entre as fundações, 
são as fissuras. Geralmente inclinadas, podem ser confundidas com fissuras 
geradas por deflexão de componentes estruturais, mas estas não costumam 
ter aberturas tão grandes. A Figura 4 apresenta as configurações típicas de 
fissuras causadas por recalques de fundações de pilar interno (A), pilar de 
canto (B) e de extremidade de parede portante (C).
9Patologias das fundações
Cap_2_Patologia_das_Estruturas.indd 9 05/03/2018 10:50:40
Figura 4. Configurações típicas de fissuras causadas por recalque de fundações de pilar 
interno (A), pilar de canto (B) e de extremidade de parede portante (C).
Fonte: Adaptada de Milititsky, Consoli e Schnaid (2015). 
Falhas de projeto
Realizada a investigação do subsolo, o próximo passo é a determinação das 
solicitações ou cargas de projeto, levando em conta o comportamento do 
solo mediante carregamento (empuxo, atrito negativo, etc.) e como se dará a 
transmissão de esforços entre o elemento de fundação e o solo. Verifi ca-se a 
segurança com relação à ruptura e à deformação do solo, a qual pode ser feita 
por meio de métodos numéricos, e faz-se o dimensionamento estrutural do 
elemento de fundação, com a posterior elaboração de uma planta construtiva 
para a etapa de execução no canteiro.
No que se refere à etapa de análise e projeto, as falhas que podem acontecer 
com as fundações são relacionadas a (MILITITSKY; CONSOLI; SCHNAID, 
2015):
  Solo: são muitos os problemas que envolvem o comportamento do solo 
como causa. Por exemplo, a adoção de perfil otimista de solo, sem a 
caracterização adequada de todas as camadas, excluindo possíveis 
localizações de solos menos resistentes, ou o uso indevido dos resultados 
de ensaios de penetração (SPT e CPT) para a definição das propriedades 
do solo podem gerar recalques e danos à estrutura.
  Mecanismos: há problemas originados pela falta de identificação de 
mecanismos que podem causar um comportamento ruim ou o colapso do 
solo. Por exemplo, na interação solo-estrutura, pode haver sobreposição 
de tensões geradas no solo pela construção de fundações superficiais 
próximas, capazes de comprometê-las.
Patologias das fundações10
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  Desconhecimento do comportamento das fundações: os tipos de funda-
ções recebem cargas de formas distintas e se deformam de modo peculiar, 
o que influi diretamente no comportamento da estrutura que se apoia 
sobre elas. Por exemplo, a utilização de dois diferentes tipos de fundação 
para uma mesma estrutura, devido à variação de cargas atuantes ou da 
profundidade de camadas de subsolo resistentes, pode causar recalques 
diferenciais e danos à edificação, se as fundações distintas não forem 
unidas por meio de uma junta que harmoniza os seus comportamentos.
  Estrutura de fundação: o projeto ou detalhamento estrutural das 
fundações pode apresentar problemas. Por exemplo, o erro na definição 
das cargas que vão atuar sob as fundações, ou ainda no seu próprio 
dimensionamento, com elementos armados incorretamente, podem 
causar o colapso das fundações.
  Especificações construtivas: informações erradas ou a ausência delas 
no projeto podem causar problemas nas fundações. Por exemplo, a 
indicação equivocada ou inexistente do tipo e das características do solo 
que deverá ser encontrado na execução de uma fundação rasa, ou ainda 
as características que o concreto deve ter (resistência e trabalhabilidade) 
para que os elementos de fundação se mantenham íntegros ao longo do 
tempo pode trazer danos às fundações.
  Fundações sobre aterro: ocorrem devido ao desconhecimento dos me-
canismos que estão envolvidos, em projetos executados por profissionais 
não especialistas em geotecnia, que desconhecem dos efeitos relativos aos 
recalques nesses casos. Por exemplo, o corpo do aterro pode se deformar, 
com o seu peso próprio ou o carregamento derivado da superestrutura, e o 
solo abaixo do aterro pode se deformar, principalmente se for mole, pelas 
tensões criadas com a colocação do aterro, somadas às das fundações. 
Ainda, se as obras em aterros forem construídas sobre lixões ou aterros 
sanitários, poderá haver a degradação da matéria orgânica e dos demais 
componentes do solo, e a sua consequente deformação. Deve-se evitar o 
uso de fundações rasas nesses casos.
Falhas de execução
Depois da investigação do subsolo, a execução é a etapa que apresenta a maior 
ocorrência de falhas que geram problemas nas fundações. É muito importante 
que, além de a construção ser feita por profi ssionais experientes e equipamentos 
apropriados, sejam realizados a fi scalização da execução e o registro de todos os 
dados pertinentes, para que se possa verifi car a conformidade com as normas.
11Patologias das fundações
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Na etapa de execução, os problemas que podem acontecer com as fun-
dações são apresentados de acordo com os seguintes tópicos (MILITITSKY; 
CONSOLI; SCHNAID, 2015):
  Fundações superficiais: muitas dessas fundações não possuem projetos 
adequados e pessoas qualificadas para realizá-los, sendo utilizadas como 
base obras vizinhas ou uma abordagem empírica de publicações, e não 
sendo adequadas à situação real. Ocorre ainda o uso dessas fundações 
em locais proibidos pela norma, devido ao desconhecimento do solo pela 
ausência de ensaios de campos (muito comuns em obras residenciais). Os 
problemas relacionados à execução de fundações podem envolver o solo 
(falta de cuidado na escavação e destruição de estrutura do solo, aterros 
mal executados, fundações assentes em solos de comportamentos distin-
tos, etc.) e os elementos estruturais da fundação (concreto de qualidade 
ruim, geometria incorreta, presença de água durante a concretagem, etc.), 
podendo gerar recalques ou até o colapso das fundações.
  Fundações profundas: nem sempre essas fundações são executadas de 
acordo com o projeto, pois existem algumas limitações (em equipamentos, 
comprimento e diâmetro das fundações, por exemplo) que, aliadas às 
condições de campo, decretam mudanças no projeto original. Pode haver 
também casos de má fé das empresas, que executam estacas menores 
que as projetadas. Os problemas relacionados à execução de fundações 
profundas podem ter causas genéricas (erros de posição de estacas, de 
diâmetro, inclinação, relativos à armadura, etc.), assim como podem ser 
específicos de cada tipo de estaca: estacas cravadas (falta ou excesso de 
energia de cravação, levantamentos dos elementos já cravados pela exe-
cução dos novos, flexão dos elementos ao serem cravados, etc.), estacas 
escavadas (falha de concretagem ou desmoronamento das paredes, gerando 
problemas na integridade ou continuidade do elemento, traço inadequado 
do concreto, demora na concretagem, variação do diâmetro, etc.).
  Volumes concretados: por meio do controle preciso dos volumes de con-
creto, é possível identificar a ocorrência de falhas no processo de execução, 
uma vez que o volume real deve estar de acordo com o volume teórico pre-
visto; caso contrário, as fundações poderão apresentar problemas estruturais.
  Cabeça das estacas de concreto: geralmente, ao final da execução, os 
topos dasestacas se encontram em diferentes níveis e, para que sejam 
reduzidos ao tamanho necessário, são utilizadas ferramentas pesadas e 
de impacto, que podem causar danos às estruturas, tanto no topo, quanto 
no fuste (corpo) das estacas, trincando-as.
Patologias das fundações12
Cap_2_Patologia_das_Estruturas.indd 12 05/03/2018 10:50:41
Para saber mais sobre quais são as especificações necessárias para o projeto e a exe-
cução das fundações, leia a ABNT NBR 6122:2010, “Projeto e execução de fundações”.
1. Considerando-se o processo 
construtivo de uma fundação, 
qual é o evento em que a maior 
parte dos problemas podem 
acontecer ou ser originados? 
a) Investigação do subsolo.
b) Análise e projeto das fundações.
c) Execução das fundações.
d) Eventos pós-conclusão 
das fundações.
e) Degradação dos materiais.
2. As fundações _________ são aquelas 
em que o carregamento chega ao 
solo por meio de pressões na sua 
base, e as fundações _________ são 
aquelas em que o carregamento 
é transmitido ao solo por meio de 
pressões na base e também por 
atrito no fuste. As palavras que 
preenchem corretamente as lacunas 
são, respectivamente: 
a) profundas – rasas
b) escavadas – cravadas
c) superficiais – profundas
d) superficiais – diretas
e) diretas – cravadas
3. Define-se recalque como um 
movimento vertical descendente de 
um elemento estrutural, inerente ao 
processo construtivo de fundações. 
Com relação aos recalques, 
marque a opção correta. 
a) A diferença entre recalques 
absolutos de dois elementos 
de fundação chama-se 
recalque diferencial.
b) O aparecimento de fissuras pode 
ser consequência da diferença 
entre dois recalques diferenciais.
c) Os recalques absolutos 
representam os valores 
limites para que a estrutura 
não apresente danos.
d) Os recalques admissíveis 
são obtidos por meio de 
cálculos precisos e dependem 
da configuração do solo e 
da fundação utilizada.
e) Dados técnicos de obras 
antigas servem para definir 
os valores de recalque 
diferencial a ser adotado.
4. Durante a etapa de análise e projeto 
de fundações, basicamente, são 
determinadas as solicitações a 
que estarão sujeitas as estruturas 
e a forma de transmissão desses 
esforços para o solo, e é realizado o 
dimensionamento do elemento de 
fundação. Qual alternativa apresenta 
uma possível falha que pode 
ocorrer nessa etapa? 
a) Presença de água durante a 
concretagem da fundação.
13Patologias das fundações
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ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE CIMENTO PORTLAND. Manual de estruturas: fundação. 
São Paulo: ABCP, 2002.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR 6122:2010. Projeto e 
execução de fundações. Rio de Janeiro: ABNT, 2010.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR 6484:2001. Solo – son-
dagens de simples reconhecimento com SPT – método de ensaio. Rio de Janeiro: 
ABNT, 2001.
MILITITSKY, J.; CONSOLI, N. C.; SCHNAID, F. Patologia das fundações. 2. ed. São Paulo: 
Oficina de Textos, 2015.
Leituras recomendadas
ALONSO, U. R. Previsão e controle das fundações: uma introdução ao controle da 
qualidade em fundações. São Paulo: Edgard Blücher, 1991.
SILVA, D. A. Levantamento de problemas em fundações correntes no Estado do Rio Grande 
do Sul. 1993. 127 f. Dissertação (Mestrado em Engenharia) – Programa de Pós-Gradua-
ção em Engenharia Civil, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 1993.
SOUZA, V. C. M.; RIPPER, T. Patologia, recuperação e reforço de estruturas de concreto. 
São Paulo: Pini, 1998.
THOMAZ, E. Trincas em edifícios: causas, prevenção e recuperação. São Paulo: Pini, 1989
b) Elementos estruturais 
incorretamente armados.
c) Número insuficiente de 
sondagens do subsolo.
d) Falha de concretagem em 
estacas escavadas.
e) Colapsividade dos materiais 
que compõem o solo.
5. As estacas cravadas pré-moldadas, 
de concreto ou metálicas, mobilizam 
resistência de ponta e atrito lateral 
assim que inseridas no solo. Se 
em um perfil de subsolo houver a 
presença de água e for usada uma 
estaca cravada metálica, sem um 
tratamento superficial adequado do 
aço, o que pode acontecer? 
a) Fissuração da estaca.
b) Interferência nas 
fundações próximas.
c) Aumento de resistência do solo.
d) Rebaixamento do lençol freático.
e) Corrosão e diminuição 
da seção da estaca.
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