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TEORIA CRÍTICA DO DIREITO 1 TEORIA CRÍTICA DO DIREITO Passei Direto Concursos Públicos Felipe Lima) A Teoria Crítica do Direito é uma abordagem no campo do pensamento jurídico que se origina da Escola de Frankfurt, um grupo de intelectuais associados ao Instituto de Pesquisa Social da Universidade de Frankfurt, na Alemanha, durante o século XX. Essa escola foi uma das principais representantes da teoria crítica, uma corrente de pensamento que combina elementos da filosofia, sociologia, psicologia e crítica cultural para analisar a sociedade e a cultura modernas. A Teoria Crítica do Direito critica a ideia de que o direito é neutro e imparcial, argumentando que o direito não apenas reflete as relações de poder existentes na sociedade, mas também as perpetua e legitima. Algumas das principais características e conceitos associados a essa abordagem incluem: � Crítica à Neutralidade do Direito Os teóricos críticos argumentam que o direito não é neutro, mas sim influenciado por interesses políticos, econômicos e sociais. As leis e instituições jurídicas muitas vezes refletem e perpetuam desigualdades de poder existentes na sociedade. � Análise das Estruturas de Poder A Teoria Crítica do Direito busca identificar e analisar as estruturas de poder subjacentes ao direito, incluindo as relações de classe, gênero, raça e poder econômico. Isso envolve uma investigação profunda das instituições legais e das práticas jurídicas para entender como elas servem aos interesses dominantes. � Ênfase nos Direitos Sociais e Coletivos Os teóricos críticos destacam a importância dos direitos sociais e coletivos na promoção da justiça social e na transformação das estruturas sociais injustas. Isso inclui o reconhecimento dos direitos dos trabalhadores, direitos humanos, direitos das minorias e direitos ambientais, entre outros. � Crítica ao Formalismo Jurídico A Teoria Crítica do Direito critica o formalismo jurídico, argumentando que a aplicação mecânica das regras legais não leva em consideração o contexto social e as consequências das decisões judiciais. TEORIA CRÍTICA DO DIREITO 2 � Proposta de Mudança Social Ao contrário de abordagens mais conservadoras do direito, a Teoria Crítica do Direito propõe uma mudança social transformadora, visando superar as injustiças e desigualdades presentes no sistema jurídico e na sociedade como um todo. A Teoria Crítica leciona que não se deve criticar o direito instituído meramente na teoria, mas que busca construir e alicerçar uma tendência que resgata a dimensão política do direito a fim de concretizar as demandas e garantias constitucionais e a dignidade da pessoa humana. Dessa forma, a teoria crítica se efetiva na prática político-social. Mas como bem demonstra Luiz Fernando Coelho deverá haver um processo de conscientização dos cidadãos: Daí que a dialética da participação é também uma dialética da transformação, a qual pressupõe um projeto político ao nível da consciência dos cidadãos, mas principalmente ao nível da teoria social econômica, política e jurídica. Esse é o sentido metodológico que atribuo à teoria crítica do direito. A partir do legado da Teoria Crítica desenvolvida na Escola de Frankfurt, que em resumo sempre sustentou a possibilidade do uso da razão como instrumento de libertação do homem, é que o pensamento jurídico crítico passou a entender o direito também como instrumento dessa mesma libertação, em oposição a todas as formas de injustiça e opressão geradas no seio da sociedade capitalista. Entre as principais características de uma teoria crítica do Direito ter-se-ia, conforme relatam Volpe Filho e Scapim, apoiados na valiosa obra de Luiz Fernando Coelho, Teoria Crítica do Direito: o Direito não é sinônimo de lei: trata-se da noção de que o jurista precisa inserir-se na sociedade para entender que o Direito não é apenas àquele originado do Estado. O Direito deve ser identificado com o bem comum, com a justiça e a igualdade, não devendo ser utilizado como artifício pelas classes dominantes; o Direito não é uno: a monopolização do Direito pelo Estado é questionada pelo pensamento crítico, que considera o Estado um ente TEORIA CRÍTICA DO DIREITO 3 contraditório indispensável para a reprodução do sistema capitalista3 e, nesse sentido, seria também um ente alienador. Tentam, os críticos, substituir o ineficaz legalismo do estado por outras vias de juridicidade; o Direito não é neutro: a neutralidade, entendida como um distanciamento absoluto da questão a ser apreciada, pressupõe um jurista isento não somente das complexidades da subjetividade pessoal, mas também das influências sociais. Porém, para a epistemologia de uma Teoria Crítica o sujeito é um sujeito criador da história, ou seja, não se pode isolar sujeito do objeto, e portanto, o Direito não está isolado das relações sociais que o produzem e, por conseguinte, o jurista não pode ser possuidor de uma neutralidade. Uma abordagem crítica do Direito exige operadores do direito conscientes de seu papel contraditório de defesa de interesses de classes ou frações de classe; o objeto do Direito é um problema a ser solucionado: o Direito não pode considerar-se completamente científico, uma vez é produzido por legislador que não é – e nem pode ser – neutro, muito menos racional ou dono de uma “racionalidade limitada .ˮ O Direito se alimenta do social, das experiências vividas quotidianamente, de forma que o jurista cria e modifica o Direito à medida que, em o conhecendo, o interpreta e aplica e, desta forma, o objeto é um problema a ser solucionado e não simplesmente um objeto a ser descrito; o direito não é racional: uma vez que trata-se do produto do emocional, do afeto, do subjetivo, do intuitivo. Nesse sentido, a forma ou aparência de racionalidade do Direito é um meio de legitimar as decisões jurídicas, ou seja, o Direito não pode desligar-se de seus operadores, os quais lhe incutem elementos de irracionalidade, quando objetivam, através das regras e decisões jurídicas, suas crenças, emoções, valores e sentimentos inerentes à psique humana; o Direito é um instrumento de transformação social: pois que deve ter por objetivo a emancipação da sociedade, a partir da noção de que, contraditoriamente, o mesmo Direito que legitima e reproduz a exploração pode ser o elemento fundante de uma mudança social, deve criar as condições jurídicas necessárias para a emancipação do homem; TEORIA CRÍTICA DO DIREITO 4 o Direito não é autolegítimo: pois a legitimidade das normas resulta de um processo ideológico que fundamenta a aceitação das normas pela sociedade por elas regida. A crítica não pode ser relativa somente à condição existente, mas crítica em trabalhar na direção de uma nova existência; e, finalmente: o Direito não é dono de uma positividade axiológica do direito: pois não possui uma característica valorativa apenas positiva (justiça, bem comum, igualdade, liberdade, etc.), há também valores negativos na experiência jurídica, como a escravidão, o despotismo e o desprezo pelos direitos humanos. A bondade essencial do direito não passa de artifício retórico para sua imposição ideológica ao consenso da macro- sociedade dominada e seu caráter ético está na dependência de seu uso como instrumento de controle social.
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