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Peak Oil

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Peak Oil
O mundo em geral e os transportes, em particular, estão a atravessar 
um momento de transição muito importante em matéria de energia, 
como todos já percebemos. Mas afinal o que se passa? Mais 
importante ainda: o que se irá passar?
São sem dúvida questões de importância estratégica vital para todas 
as empresas e para todos os sectores, com destaque para o sector 
dos transportes. Mas como avaliar questões estratégicas de tão 
elevada complexidade? O que fazer? Como preparar a sua empresa? 
Vou tentar apontar algumas pistas gerais tendo em consideração as 
matérias que tenho estudado, obviamente sem ter uma bola de 
cristal que permita adivinhar o futuro.
Neste contexto são vários os temas e as tendências que é 
fundamental perceber, quer do lado da oferta, quer do lado da 
procura dos combustíveis ou da enegia, se quisermos olhar o tema 
numa perspectiva estratégica mais global e no longo prazo.
Por exemplo o que é o “Peak oil” e que importância tem neste tema 
sobre a oferta?
O “Peak oil” é o ponto (pico) no tempo em que será atingida a taxa 
máxima da extracção global de petróleo, depois do qual a taxa de 
extracção/produção entrará inevitavelmente em declínio. O conceito 
é baseado na história e na observação da evolução da produção de 
certos países de forma individual, cuja taxa de produção já atingiu o 
seu próprio “peak”. 
A taxa de crescimento da extracção de petróleo parece 
habitualmente subir de forma galopante até ao pico, momento em 
que cai, por vezes de forma abrupta, segundo os especialistas. Não se 
trata do momento em que termina a produção de petróleo, mas 
apenas o momento em que se inicia o seu declínio.
Obviamente que este pico poderá ser atrasado em relação às 
melhores expectativas, fruto da inovação tecnológica e da 
possibilidade que um preço mais elevado dá às explorações mais 
profundas no subsolo. Mas esse atraso não significa que o pico não 
seja atingido nos próximos anos e que as expectativas futuras não 
impliquem, desde já, a assunção de preços mais elevados, por via da 
especulação sobre as perspectivas de aumento.
No gráfico seguinte poderemos verificar o “Peak oil” global previsto, 
constituído pelas diversas curvas dos diferentes países produtores de 
petróleo de forma cumulativa, podendo-se observar o formato em “U” 
ou “V” invertido. Este gráfico apontava 2005 como o ano do peak, o 
que veio a ser retardado, ainda não se conhecendo com exactidão o 
momento em que ocorrerá. À medida que este pico se aproximar e 
após ocorrer, os preços do petróleo e dos combustíveis terão 
tendência para subir, a não ser que a procura se reduza.
Fonte: Wikipédia
Conjuntamente com esta tendência na produção, existem ainda as 
tendências do lado da procura, como sejam por um lado o grande 
crescimento mundial da população e, por outro, o aumento 
exponencial expectável da capacidade de aquisição de viaturas e do 
consumo de combustível nos países em vias de desenvolvimento, 
cujos habitantes possuem ainda, em média, baixos rendimentos per 
capita, mas cujas têm taxas de crescimento elevadas que deverão 
naturalmente fazer tender o consumo e a procura de combustível por 
habitante para os níveis médios dos países mais desenvolvidos, 
aproximando-se de Portugal e da França/USA.
Por outro lado, assiste-se à tendência mundial de crescimento da 
mobilidade individual, em detrimento da colectiva, e ao crescimento 
da motorização, em detrimento por exemplo da bicicleta ou da opção 
pedestre, como já é observável nas grandes cidades chinesas, que 
deixaram de ter bicicletas para passar a ter motorizadas e carros, o 
que irá inevitavelmente levar ao aumento da procura de combustível 
de forma galopante. 
O acordar dos gigantes, e das suas classes médias e baixas, com 
destaque para a China, a Índia e o Brasil, terá um impacto 
inimaginável na procura do ouro negro. As tendências da motorização 
e do transporte individual estão associadas a mudanças na 
optimização da produção, a mudanças de mentalidade e a mudanças 
de organização das cidades, tendências que habitualmente arrastam 
a inovação e a procura de fontes energéticas adaptadas às 
necessidades.
 
Fonte: Jean-Paul Rodrigue, 2006, Hofstra University, Hempstead, NY
Não menos importante é a tendência nos transportes de cargas para 
a crescente utilização da rodovia, apesar de todas as medidas 
desincentivadoras tomadas pelas cidades, pelos governos e pela 
Comissão europeia. A rodovia continua a ser a via mais económica, 
mais flexível e mais rápida no interior dos continentes, facilitando o 
nosso estilo de produção, de consumo e de crescimento em 
globalização. 
No entanto, a rodovia possui um maior consumo de energia e uma 
maior libertação de CO2 por tonelada/km, que os modos marítimos e 
ferroviário, como demonstram vários estudos, como é o caso do 
estudo de Raimondo Orsini, da International Union of Railways (UIC), 
citado na United Nations Framework Conference on Climate Changes-
SB24, disponível na internet em 
regserver.unfccc.int/seors/file_storage/fz17pid1hrhh1o7.ppt.
Assim sendo, qual será afinal o futuro do transporte? Que tendências 
se vão manter e quais as que se vão inverter? Que combustíveis e 
tecnologias se irão utilizar? O avião perderá importância como dizem 
alguns futurologistas? O veículo individual perderá importância? O 
transporte rodoviário perderá importância a favor do transporte 
ferroviário e marítimo?
Sinceramente, acredito que a necessidade tem levado a humanidade 
a inovar nos momentos de dificuldade, ultrapassando os problemas 
tecnológicos e de energia, levando a um crescendo de consumo, de 
individualidade, de actividade, de crescimento e de mobilidade.
Por esse motivo, não acredito que a necessidade relativa à mudança 
de fonte energética venha a ser um factor inibidor da continuação das 
tendências de aumento do transporte individual, da mecanização e 
motorização e do crescimento económico, pelo menos até ser 
atingido o ponto de saturação do espaço físico nos países 
emergentes, crendo antes que se irá recorrer a combustíveis 
alternativos de forma muito inovadora e muito rapidamente. As 
soluções estão aí e só precisam de ser afinadas.
A tendência nas empresas de combustíveis será tentarem ser cada 
vez mais empresas de energia, cuja cadeia de produção procurarão 
elas próprias dominar, desde a produção integral das células de 
hidrogénio, ao bio-combustível.
A Shell por exemplo já está a procurar produzir óleo vegetal para o 
biodiesel a partir de algas, num projecto conjunto com a VW, no 
Hawaii, procurando que a actual dependência que possui dos países 
produtores de petróleo, não se transforme numa dependência do 
sector agrícola de produção de cereais e oleaginosas, e centrando 
ainda o seu discurso na necessidade de produzir biodisel de 3ª e 4ª 
geração, que não provoque a fome no mundo, e que maiores 
rendimentos por hectare de produção, ficando mais barato que o 
resultante de fonte agrícola, podendo ter uma transformação directa 
em gasolina, quase a 100% sem misturas de petróleo.
Fonte: http://www.nrg-nl.com
No sector dos transportes, estas tendências poderão implicar 
momentos de dificuldade para as empresas durante a fase de 
transição, com eventuais aumentos nos preços da energia, mudanças 
na procura de transporte, necessidade de mudança de equipamento 
de transporte e de fornecedores de energia, mas também poderão 
significar oportunidades para o transporte de produtos agrícolas, 
sólidos e líquidos, e na produção de novos combustíveis ou novas 
tecnologias.
Outra questão, será a saturação das estradas na Europa, e neste 
aspecto, independentemente do combustível que vier a ser utilizado, 
não tenho dúvida que a ferrovia,o transporte aéreo e o marítimo 
terão um papel importante no descongestionamento das vias 
terrestres europeias, nos segmentos das cargas e dos passageiros, no 
sentido de contribuir para a melhoria das condições ambientais das 
pessoas, e como única possibilidade da continuação do crescimento 
das trocas comerciais, da produção e do padrão de consumo de bens 
na Europa. Parece inevitável.
http://www.nrg-nl.com/

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