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Metodologia de Pesquisa em 
Segurança Pública
SANDRA MARA BESSA
1ª Edição
Brasília/DF - 2020
Autores
Sandra Mara Bessa
Revisor
Marcelle Figueira
Produção
Equipe Técnica de Avaliação, Revisão Linguística e 
Editoração
Sumário
Organização do Livro Didático........................................................................................................................................5
Introdução ..............................................................................................................................................................................7
Capítulo 1
A ciência e outros saberes ..........................................................................................................................................9
1.1. Os saberes da Humanidade ..............................................................................................................................9
1.2. A ciência frente ao saber humano ................................................................................................................ 12
1.3. Os tipos de conhecimento .............................................................................................................................. 14
Capítulo 2
Do conhecimento comum à ciência ..................................................................................................................... 18
2.1. A autoridade da ciência .................................................................................................................................... 19
2.2. O que conhecer .................................................................................................................................................. 22
2.3. Como conhecer .................................................................................................................................................... 26
Capítulo 3
O debate moderno nas ciências ............................................................................................................................ 31
3.1. Pensadores e debates da Idade Média ...................................................................................................... 32
3.2. Pensadores e debates do Renascimento e Modernidade .................................................................... 36
Capítulo 4
A teoria e a observação: as bases do conhecimento científico .................................................................. 45
4.1. O método científico. Dedução e indução .................................................................................................... 45
4.2. A pergunta condutora. A hipótese científica. A delimitação do problema ...................................... 49
4.3. Delineamento de um estudo científico ..................................................................................................... 53
Capítulo 5 
Pesquisa: um processo .............................................................................................................................................. 57
5.1 O que é pesquisa ................................................................................................................................................. 57
5.2. Tipos de pesquisa .............................................................................................................................................. 62
4
SuMáRIO
Capítulo 6
Método quantitativo e método qualitativo na área de segurança pública ............................................ 67
6.1. Método quantitativo .......................................................................................................................................... 68
6.2. Método qualitativo ............................................................................................................................................. 69
6.3. Métodos mistos .................................................................................................................................................. 73
Referências .......................................................................................................................................................................... 77
5
Organização do Livro Didático
Para facilitar seu estudo, os conteúdos são organizados em capítulos, de forma didática, objetiva e 
coerente. Eles serão abordados por meio de textos básicos, com questões para reflexão, entre outros 
recursos editoriais que visam tornar sua leitura mais agradável. Ao final, serão indicadas, também, 
fontes de consulta para aprofundar seus estudos com leituras e pesquisas complementares.
A seguir, apresentamos uma breve descrição dos ícones utilizados na organização do Livro Didático.
Atenção
Chamadas para alertar detalhes/tópicos importantes que contribuam para a 
síntese/conclusão do assunto abordado.
Cuidado
Importante para diferenciar ideias e/ou conceitos, assim como ressaltar para o 
aluno noções que usualmente são objeto de dúvida ou entendimento equivocado.
Importante
Indicado para ressaltar trechos importantes do texto.
Observe a Lei
Conjunto de normas que dispõem sobre determinada matéria, ou seja, ela é origem, 
a fonte primária sobre um determinado assunto.
Para refletir
Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma pausa 
e reflita sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em seu raciocínio. 
É importante que ele verifique seus conhecimentos, suas experiências e seus 
sentimentos. As reflexões são o ponto de partida para a construção de suas 
conclusões.
6
ORgAnIzAçãO DO LIvRO DIDáTICO
Provocação
Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto antes 
mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para o autor 
conteudista.
Saiba mais
Informações complementares para elucidar a construção das sínteses/conclusões 
sobre o assunto abordado.
Gotas de Conhecimento
Partes pequenas de informações, concisas e claras. Na literatura há outras 
terminologias para esse termo, como: microlearning, pílulas de conhecimento, 
cápsulas de conhecimento etc.
Sintetizando
Trecho que busca resumir informações relevantes do conteúdo, facilitando o 
entendimento pelo aluno sobre trechos mais complexos.
Sugestão de estudo complementar
Sugestões de leituras adicionais, filmes e sites para aprofundamento do estudo, 
discussões em fóruns ou encontros presenciais quando for o caso.
Posicionamento do autor
Importante para diferenciar ideias e/ou conceitos, assim como ressaltar para o 
aluno noções que usualmente são objeto de dúvida ou entendimento equivocado.
7
Introdução
Prezado aluno, é bom tê-lo conosco! 
Ao cursar esta disciplina, por meio de um Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA), você optou 
por uma forma de aprender inovadora que possibilita o desenvolvimento e o aprimoramento de 
competências que o ajudarão a lidar com os desafios da segurança pública nos dias de hoje. Em 
uma formação a distância, todo o conteúdo é elaborado para possibilitar o estudo autônomo, 
pois é você quem organiza a forma e o tempo de suas leituras e reflexões. 
Aqui, trataremos especificamente da metodologia da pequisa aplicada à segurança pública. 
Precisamos nos preparar para as mudanças que ocorrem a todo o momento em nossa sociedade. 
Essas mudanças só podem ser percebidas por aqueles que, atentos ao seu contexto, utilizam-se 
de pesquisas disponíveis ou são capazes de contribuir com o desenvolvimento delas ao longo 
de sua formação. Por isso, esse material foi construído de maneira a dar-lhe a oportunidade de 
refletir sobre sua própria realidade e, a partir dela, tornar-se apto a realizar pesquisas na área 
de segurança. 
Para tanto, organizamos este Livro Didático, com seis capítulos que correspondem às seis aulas 
interativas. Este material que apresentaremos tem uma estrutura dinâmica e interessante de 
maneira a ajudá-lo a compreender de fato sobre que encaminhamentose cuidados devemos 
ter ao realizar uma pesquisa científica. Esse material traz os conceitos mais importantes sobre o 
conteúdo, problematizações que permitam uma proposta de imersão reflexiva, aprofundamento 
com análises teóricas associadas a situações reais relacionadas à pesquisa em segurança, desafios 
que instiguem a busca autônoma de conhecimento e dicas de leituras e referências.
Seu sucesso é também nosso sucesso!
Objetivos
 » Co m p re e n d e r h i s t o r i c a m e n t e o s f u n d a m e n t o s d a c o n s t r u ç ã o 
do conhecimento científ ico, analisando as principais correntes 
epistemológicas e os marcos históricos que contribuíram para a 
estruturação da ciência. 
 » Compreender a lógica e a linguagem da pesquisa científica e o conceito 
de verdade científica. 
8
9
Introdução 
Para iniciar nossos estudos, precisamos tratar de conceitos fundamentais para a 
compreensão do que é a ciência. Parece irrelevante, mas, antes de qualquer coisa, há 
que se entender que, como seres pensantes que somos, l idamos com informação 
e conhecimento o tempo todo.
Em nosso dia a dia , é fáci l reconhecer a necessidade de nos infor mar e de 
desvendarmos coisas novas a todo instante: para fazer uma receita; para descobrir 
um processo de atendimento; para compreender um novo direito que lhe foi 
conferido; para saber como funciona um novo serviço no banco... 
Enfim, como podemos ver, nem todo conhecimento é científico. São muitos os 
saberes que nos movem e conduzem em nosso dia. E é sobre esses conhecimentos 
que trataremos neste capítulo, diferenciando-os do conhecimento científico.
Preparado? Então vamos lá!
Objetivos
 » Diferenciar ciência de outros saberes.
 » Distinguir os diferentes saberes da humanidade.
 » Reconhecer a importância da ciência frente ao saber humano.
 » Identificar os diferentes tipos de conhecimento.
1.1. Os saberes da Humanidade 
Observe as frases a seguir sobre o conhecimento e reflita sobre o que cada uma delas diz:
1CAPÍTULO
A CIÊnCIA E OuTROS SABERES
10
CAPÍTULO 1 • A CIÊnCIA E OuTROS SABERES
Fernando Pessoa (1909?) afirma que “A ciência descreve as coisas como são; a arte 
descreve-as como são sentidas, como se sente que são. O essencial na arte é 
exprimir; o que se exprime não interessa”. 
José Ortega y Gasset (2000) são assertivos ao dizer que “A ciência consiste em 
substituir o saber que parecia seguro por uma teoria, ou seja, por algo problemático”.
Immanuel Kant (s/d) salienta que “Ciência é conhecimento organizado. Sabedoria é 
vida organizada”. 
Neil deGrasse Tyson (s/d) ensina que “Ninguém que é curioso é idiota. As pessoas 
que não fazem perguntas permanecem ignorantes para o resto de suas vidas.”
Da leitura dessas frases, podemos retirar algumas questões importantes para iniciar 
nossa reflexão. Pense!
1. A ciência é o único conhecimento válido?
2. De que modo o conhecimento científico problematiza a realidade?
3. Conhecimento científico e sabedoria são coisas diferentes?
4. A ciência é fruto da curiosidade humana?
É muito comum quando conhecemos pessoas mais velhas ou mesmo algumas 
pessoas muito especiais em seu modo de se expressar, comentarmos: como fulano é 
sábio. Pense quantas pessoas já encontrou em sua vida que considerou inteligentes, 
ponderadas, capazes de opinar sobre as mais diversas realidades... Pois bem, nem 
todas elas têm uma escolaridade considerável, não é? Leia o poema a seguir de 
Patativa do Assaré que vai ajudá-lo a opinar sobre isso.
O Poeta da Roça
Sou fio das mata, cantô da mão grosa
Trabaio na roça, de inverno e de estio
A minha chupana é tapada de barro
Só fumo cigarro de paia de mio
Sou poeta das brenha, não faço o papé
De argum menestrê, ou errante cantô
Que veve vagando, com sua viola
Cantando, pachola, à percura de amô
11
A CIÊnCIA E OuTROS SABERES • CAPÍTULO 1
Não tenho sabença, pois nunca estudei
Apenas eu seio o meu nome assiná
Meu pai, coitadinho! vivia sem cobre
E o fio do pobre não pode estudá
Meu verso rastero, singelo e sem graça
Não entra na praça, no rico salão
Meu verso só entra no campo da roça e dos eito
E às vezes, recordando feliz mocidade
Canto uma sodade que mora em meu peito
(Fonte: http://www.culturaecoisaetal.com.br/2013/03/o-poeta-da-roca-patativa-do-
assare.html).
Há, sem dúvida, um valor l i terário no sentimento transmitido pelo poeta ao 
falar de si mesmo e de sua poesa. Repare que ele mesmo aponta que não tem saber 
escolarizado, é trabalhador rural e sua poesia não tem espaço nos salões socialmente 
privilegiados. No entanto, percebe-se o ritmo, a rima e o conteúdo rico do poema. 
Assim como acontece com esse poeta, acontece em nosso cotidiano. Que saberes 
valorizamos de fato? Apenas o conhecimento científico é capaz de responder às 
necessidades humanas de expressão de sua essência? 
Quando, por exemplo, tomamos um ônibus ou escolhemos uma rota para ir a 
determinado lugar, precisamos recorrer a um conjunto de informações de que 
dispomos, tais como endereço, mão das avenidas, regras de trânsito vigentes, rota 
menos tumultuada e mais curta, entre tantos outros.
As frases que selecionamos nos dão alguns indicativos bem interessantes sobre estes 
saberes da humanidade, inclusive o saber científico. Em primeiro lugar, precisamos 
ter claro que não existe apenas o conhecimento advindo da ciência. Vamos ver logo 
mais que há outros tantos conhecimentos que compõem os saberes da humanidade. 
Em segundo lugar, precisamos compreender que estes saberes se caracterizam de 
forma diferenciada, a depender, inclusive, de seu objetivo, utilidade ou contexto. Daí 
Fernando Pessoa falar da perspectiva de expressão do sentimento de que a arte é capaz.
Outra questão é pensar na possibilidade de a ciência problematizar o conhecimento: 
pensar sobre como ele é produzido e como podemos divulgá-lo ou mesmo como 
12
CAPÍTULO 1 • A CIÊnCIA E OuTROS SABERES
fazê-lo chegar até os que precisam desse conhecimento. Veja que de nada adianta 
produzir conhecimento se ele não tiver impacto social. 
A ciência (episteme) é entendida por Aristóteles como um conhecimento demonstrativo, 
isto é, um tipo de saber que pode ser expressado por um discurso (logos) dedutivo 
fundado em premissas necessárias. ( TROSTER, 2016).
Dito de outra forma, a ciência, nessa perspectiva, lida com o conhecimento das 
causas pelas causas, podendo ser demonstrado. São três os componentes que 
norteiam esse fazer científico: observação, experimentação e leis. O que se deseja é 
promover a união de conhecimento teórico, prática e técnica. Extrapola o exercício 
de suposições em direção à construção sistemática do conhecimento por meio de 
um método.
Vamos analisar agora a ciência frente ao saber humano.
1.2. A ciência frente ao saber humano
Você consegue imaginar como era visto o mundo antes da teoria da relatividade, 
sistematizada por Albert Einstein? Como será que as pessoas explicavam a relação 
entre espaço e tempo? Pense em quantos séculos a humanidade viveu sem essa 
noção. Por que será que demorou tanto tempo para que os cientistas chegassem a 
essa teoria? 
Essa reflexão é válida para muitas outras teorias e descobertas. A visão de mundo 
que as pessoas têm, incluindo crenças e princípios os mais variados, determina, em 
muitas situações, a maneira como elas enxergam o mundo e como compreendem os 
fenômenos e fatos que acontecem ao seu redor.
Já antes de Cristo, as teorias científicas são formuladas e sofrem constantemente 
o processo de revisão. Embora tenham sido consideradas verdades absolutas 
durante longo período de tempo. Veja o exemplo da teoria heliocêntrica. Ela já 
existia na Grécia Antiga. Depois foi substituída pela teoria geocêntrica para ser 
futuramente retomada e permanecer até hoje. 
Sugestão de estudo
Teoria da Relatividade. Disponível em: https://super.abril.com.br/mundo-estranho/o-que-e-a-teoria-da-
relatividade-2/.
13
A CIÊnCIA E OuTROS SABERES • CAPÍTULO 1
Quantas vezes, na história da humanidade, ascrenças, os valores, mesmo apoiados 
por teorias científicas, influenciaram os filósofos e cientistas em geral para não 
enxergarem outras possibilidades? Quantas vezes essas teorias permaneceram 
entre nós mesmos depois de alteradas ou substituídas? Quantas pessoas, a despeito 
das comprovações científicas, teimam em acreditar em teorias estapafúrdias, sem 
qualquer fundamento? Podemos, com certeza, perceber isso em nosso cotidiano. 
Um exemplo está em nossa alimentação. Quantos de nós não ouvimos de nossos 
pais e avós que comer mais do que dois, três ovos por dia fazia um mal imenso? 
No entanto, vemos hoje essa teoria superada e muitos nutricionistas receitando 
muito mais do que isso para quem pratica atividades físicas e quer resultados 
mais rápidos.
Perceba que todas estas questões visam levar você a refletir sobre o sentido da 
ciência e a relação desta com outras áreas da nossa vida. Tantas e tantas vezes, 
inventos deixaram de ser divulgados em função de disputas políticas ou questões 
econômicas como as patentes de remédios, por exemplo. Percebe que a ciência não 
é neutra? Pelo simples fato de ser construída e exercida por homens e mulheres 
imersos em diversos grupos sociais, ela é impactada por decisões permeadas de 
interesses.
Temos muito o que pensar, não é? Para que você reflita sobre essa questão da ética 
científ ica, proponho que pense sobre a necessidade de compatibil izarmos a 
necessidade de fazer avançar o conhecimento e o compromisso e responsabilidade 
social envolvidos nesse avanço. 
Sugestão de estudo
Teorias Cientícas superadas. Disponível em: https://www.terra.com.br/noticias/educacao/infograficos/voce-sabia-
teorias-cientificas/.
Saiba mais
A neutralidade científica é considerada hoje um mito e trata-se de considerar a ciência imparcial, e o pesquisador não 
se envolveria emocionalmente com o tema abordado. Sabemos, no entanto, que somos movidos por crenças, valores 
e princípios, os quais mobilizam, por sua vez, interesses, prioridades, olhares... Veja que interessante esse artigo que 
trata do tema. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1678-31662008000100005.
14
CAPÍTULO 1 • A CIÊnCIA E OuTROS SABERES
1.3. Os tipos de conhecimento 
O que diferencia o ser humano dos outros animais é a sua capacidade de pensar 
logicamente. Nesse sentido, não podemos prescindir de explicar o funcionamento 
d o s f e n ô m e n o s. É i n e re n t e à h u m a n i d a d e a d e t e r m i n a ç ã o d e s i m p l i f i c a r o 
mundo, e arrumar maneiras de explicá-lo é uma forma de simplificá-lo, de tornar 
compreensível a dinâmica das coisas que nos rodeiam.
E o que precisamos explicar especificamente no mundo? Tudo! Absolutamente 
tudo nos perturba, tudo demanda de nós compreensão e explicação. Morte, amor, 
casamento, doenças, curas, nascimentos, gravidez, Deus, trabalho, amigos, raiva, 
inveja, vida, fracassos, êxitos, enfim o que mais se possa listar que nos toca ao 
longo da nossa vida, nos faz ter de produzir explicações.
E para fazer sentido para todos nós, muitas dessas explicações são coletivas. 
Explicamos o mundo e compartilhamos esses significados com diversos grupos, 
de modo que seja possível um diálogo coletivo. Certamente, cr iamos nossas 
próprias teorias sobre o mundo e sobre nós mesmos. 
Figura 1. Pensando o mundo.
Fonte: https://www.shutterstock.com/pt/image-vector/flat-line-design-website-banner-exchanging-389760997.
No entanto, elas não se tornam públicas, não são coletivas. Logo, estão numa 
esfera privada e, geralmente, compõem o entendimento de temas muito subjetivos 
e pessoais. Não é desse t ipo de explicação que tratamos nesse momento, as 
quais são amplamente analisadas por psicólogos, terapeutas e psicanalistas. 
Remetemos às mais distintas formas de explicar o que nos rodeia, seja por meio 
da espiritualidade, do senso comum, da ciência e de qualquer outro saber.
15
A CIÊnCIA E OuTROS SABERES • CAPÍTULO 1
E será o conhecimento científico a forma mais “certa” de explicar o mundo? A 
resposta é: seguramente, não! A ciência é só mais uma possibilidade de ver a 
realidade e explicar os fenômenos naturais e sociais. Não é o único conhecimento, 
não é o melhor, não é o mais verdadeiro, nem o mais importante e não desfruta de 
posição superior aos outros. 
Os conhecimentos sobre o mundo se distinguem, principalmente, segundo o método 
que utilizam e o tipo de fenômeno que buscam explicar. Por exemplo, enquanto a 
ciência procura investigar os fatos de ordem prática, como doenças e a violência 
social, por exemplo, a religião se debruça sobre a explicação de acontecimentos da 
ordem do sagrado.
Os principais tipos de conhecimento são: senso comum, filosófico, teológico e 
científico. Esses conhecimentos associados trazem a ideia de uma rede com unidades 
particulares que, juntas, são capazes de prover boa parte das explicações de mundo 
que precisamos para nos manter vivos e equilibrados. Possivelmente, como já 
dissemos, há outros tipos de conhecimentos. 
O importante é ressaltar que essa teia forma uma complexa rede de explicação para 
o mundo e que essas unidades da teia se complementam nessa explicação. Não há 
relação de subordinação e nem de hierarquia entre os conhecimentos. É mais 
fácil que cada pessoa ou grupo busque nessa teia relações de complementaridade, 
considerando que nenhuma das unidades pode sozinha dar conta de simplificar 
o mundo.
Figura 2. Explicando o mundo.
Fonte: https://www.shutterstock.com/pt/image-vector/abstract-artificial-intelligence-technology-web-
background-728178127.
Vamos falar um pouco sobre cada um deles?
16
CAPÍTULO 1 • A CIÊnCIA E OuTROS SABERES
Senso comum ou empírico: Todos os dias de manhã você sai de casa. Acorda, toma 
banho, escova os dentes, toma o café da manhã, pega o seu carro e se dirige ao 
trabalho. Enfrenta o trânsito, l iga o rádio, ouve uma notícia e pensa na vida. 
Estaciona o carro, pega o elevador e, finalmente, inicia a sua jornada de trabalho. 
Bom, certamente, sobre todas as coisas que aconteceram nesse lapso de tempo 
você tem uma explicação. Nesse caso específico, é provável que a maior parte da 
sua compreensão venha do senso comum. Ou seja, da experiência, da capacidade 
de observar os fenômenos e a partir de métodos baseados na observação para dar 
significado a eles. O senso comum, ou vulgar, é obtido por meio da experiência 
cotidiana e se dá independentemente de pesquisas, reflexões ou métodos rigorosos. 
Ao contrário, o método é simples e muitas vezes os resultados não são confiáveis. 
Todavia, é preciso ressaltar que o senso comum é base do conhecimento científico. 
Isto porque se trata da primeira forma que o homem utilizou para interpretar a 
realidade. 
Filosofia: Qual o sentido da vida? Por que estamos vivos? O que devemos realizar? 
Quem pode responder a essas perguntas? Bom, certamente, elas não são fáceis. 
Você, provavelmente, já se fez essas indagações e deve ter ido beber na fonte dos 
filósofos para compreendê-las melhor. Pois é, nem a ciência, nem o senso comum, 
nem a religião se dispõem a explicar (ou são suficientes para tanto) o sentido geral 
do universo. É conhecimento filosófico que executa essa tarefa a partir de métodos 
baseados puramente na reflexão e raciocínio lógico.
O conhecimento teológico: A realidade é interpretada de modo muito particular, 
porque, em regra, não se buscam os fenômenos de ordem prática. Não se explica, 
por exemplo, como funciona a engrenagem do seu carro, com o qual você vai 
todos os dias trabalhar. A área de atuação é o divino, o sagrado, o oculto. São 
explicações tão importantes quanto as anter iores porque contr ibuem para a 
nossa sobrevivência, visto que, como já argumentamos, explicar o mundo é um 
modo de nos manter vivos e equilibrados. São os conhecimentos adquiridos a 
partir da fé religiosa.
Ciência: como já afirmamos, essa é mais uma possibil idade de interpretar a 
realidade e se diferencia das citadas anteriormenteporque se baseia em métodos 
rigorosos, capazes de serem reproduzidos por outros pesquisadores e, portanto, 
chega a resultados mais conf iáveis. Enquanto o senso comum se baseia na 
observação da realidade, a ciência mergulha na investigação metódica e rigorosa. 
Não basta apenas perceber, por exemplo, que o sol nasce e se põe todos os dias. 
Isso atende ao senso comum, mas não atende aos objetivos do conhecimento 
científico que vai atrás de entender a rotação da Terra para explicar que não é o 
sol que gira em torno dela e sim ela que gira em torno do sol.
17
A CIÊnCIA E OuTROS SABERES • CAPÍTULO 1
Veja a tabela a seguir para entender ainda melhor como funciona essa divisão:
Tabela 1. Os tipos de conhecimento.
Empírico Científico Filosófico Teológico
O que é
Esse tipo de 
conhecimento surge a 
partir da interação do ser 
humano com o ambiente 
que o rodeia.
Engloba informações 
e fatos que foram 
comprovados, tendo como 
base análises e testes 
científicos.
É o conhecimento que 
surge das reflexões 
que o homem faz sobre 
as questões imateriais 
e subjetivas.
Acredita que a fé 
religiosa possui a 
verdade absoluta 
e apresenta todas 
as explicações para 
justificar esta crença.
Valor
valorativo, apoiando-
se nas experiências 
pessoais.
Factual, lida com fatos e 
ocorrências.
valorativo, pois lida 
com hipóteses que não 
podem ser observadas.
valorativo, apoiando-
se nas doutrinas 
sagradas.
Verificação É verificável. É verificável. Não é verificável. Não é verificável.
Exatidão Falível e inexato. Falível e aproximadamente 
exato. Infalível e exato. Infalível e exato.
Sistema
Assistemático, pois é 
organizado com base 
nas experiências de um 
sujeito, e não em um 
estudo para observar o 
fenômeno.
Sistemático, pois é 
um saber ordenado 
logicamente.
É sistemático, pois 
busca uma coerência 
com a realidade.
Conhecimento 
sistemático do 
mundo.
Fonte: https://www.diferenca.com/conhecimento-empirico-cientifico-filosofico-e-teologico/.
Alguns autores ainda destacam como tipos de conhecimento o saber das artes (a 
observação sensível ligada às emoções, ao belo, ao estético), o saber mítico ou 
transcendental (ligado às explicações intuitivas, naturais e sobrenaturais para os 
fenômenos da realidade) e o saber técnico (diz respeito ao conhecimento que 
permite o domínio operacional de determinado fazer). 
Cuidado
Estas classificações só fazem sentido para um efeito didático, pois o importante é compreender que faz parte do 
percurso humano conciliar os diferentes conhecimentos e valores essenciais que lhe permitam a fruição estética, 
a sensibilidade popular, o bom senso e a sabedoria na tomada de decisões, as vivências pessoais e profissionais, a 
espiritualidade, os princípios éticos etc. O conhecimento pressupõe relação com o outro e com o mundo, requer a 
comunicação e a interação com diferentes modos de ver a realidade.
Sintetizando
Vimos até agora:
 » O que é o conhecimento científico e como se diferencia de outros conhecimentos. 
 » O conhecimento científico não é mais importante que os outros conhecimentos advindos de outros tantos saberes 
necessários aos seres humanos.
 » A neutralidade científica é um mito, pois somos todos imbrincados por conceitos, valores e interesses que levamos 
conosco quando realizamos uma pesquisa.
18
Introdução 
Vimos em nosso primeiro capítulo que somos formados por interações com as 
pessoas e com o mundo que geram conhecimentos os mais variados. Segundo a 
Filosofia, o conhecimento comum é o primeiro passo para se chegar à ciência. 
Observando a realidade, as demandas sociais e a partir da curiosidade do homem 
é que se faz o conhecimento avançar.
Abordaremos neste capítulo a ciência como fonte segura que, embora fal ível , 
deve ser considerada como conhecimento legít imo que traduz o esforço da 
humanidade, ao longo de sua histór ia, de buscar expl icar o que lhe cerca e 
responder às necessidades humanas de remédios e tratamentos, de tecnologias, 
entre tantas outras.
Vamos ainda analisar como devemos buscar esse conhecimento, tendo em vista 
que, ao chegar à educação superior, precisamos compreender como lidar com 
os dados e pesquisas disponíveis, assim como produzir dados e pesquisas em 
nossas áreas. No que diz respeito à segurança pública, é fundamental instigarmos 
a produção de conhecimento na busca de soluções, especialmente nos locais em 
que nos inserimos.
Objetivos
 » Diferenciar o conhecimento comum da ciência.
 » Reconhecer a autoridade da ciência como fonte segura do conhecimento.
 » Definir o que é conhecer e as fontes adequadas de conhecimento.
 » Identificar como se deve buscar o conhecimento.
2
CAPÍTULO
DO COnHECIMEnTO COMuM À 
CIÊnCIA
19
DO COnHECIMEnTO COMuM À CIÊnCIA • CAPÍTULO 2
2.1. A autoridade da ciência
Vamos iniciar retomando e esclarecendo melhor esse conceito de conhecimento. 
Você já deve ter ouvido a expressão “conhecimento é poder”. E, hoje, de fato, isso é 
muito real, pois vivemos a era do conhecimento. Anteriormente, os homens eram 
valorizados por sua força física e o poder que exerciam em função dela. Hoje, a 
força é obtida facilmente por meios tecnológicos. Logo, tem poder quem domina 
essa tecnologia. Dizendo de outra forma, o poder está com quem detém esse 
conhecimento tecnológico.
Além disso, o conhecimento amplia nossa visão de mundo, abrindo novos horizontes, 
despertando a consciência e ampliando as possibilidades de interação com o outro, 
já que impacta também em como utilizamos nosso discurso. No dicionário Houaiss 
(2008), temos os seguintes conceitos:
1. Cognição, percepção.
2. Fato, estado ou condição de compreender; entendimento.
3. Domínio, competência, experiência.
4. Coisa ou pessoa conhecida.
5. Erudição, sabedoria, cultura.
Figura 3. nuvem de palavras relacionadas à ciência.
Fonte: Elaborada pela autora.
Saiba mais
Leia o texto a seguir sobre essa sociedade do conhecimento em contraposição à sociedade da informação. Disponível 
em: https://www.baguete.com.br/colunas/claudio-de-musacchio/26/07/2014/sociedade-da-informacao-x-
sociedade-do-conhecimento.
20
CAPÍTULO 2 • DO COnHECIMEnTO COMuM À CIÊnCIA
É o conhecimento que nos permite estar no mundo e interagir com ele. São os 
saberes q u e a d q u i r i m o s p o r v i a d e n o s s a s e x p e r i ê n c i a s q u e n o s p e r m i t e m 
o s e n t i m e n t o d e p e r t e n ç a e d e i n s e r ç ã o n a re a l i d a d e. É , e n f i m , p e l a v i a d o 
c o n h e c i m e n t o q u e n o s p o s i c i o n a m o s d i a n t e d a s m a i s d i v e r s a s q u e s t õ e s q u e 
n o s s ã o c o t i d i a n a m e n t e a p re s e n t a d a s, s e j a m e l a s a d v i n d a s d a re l i g i ã o, d a 
p o l í t i c a , d o s v a l o re s q u e a d o t a m o s s e g u n d o n o s s a i n t e r p re t a ç ã o p e s s o a l d o 
m u n d o.
O conhecimento não existe por si só, mas se constitui por meio das pessoas que o 
elaboram continuamente, a partir dos seus pontos de vista e vivências. Leonardo 
Boff (1999, p. 9-10) afirma:
Todo ponto de vista é a vista de um ponto. Ler significa reler e compreender, 
interpretar. Cada um lê com os olhos que tem. E interpreta a partir de 
onde os pés pisam. Todo ponto de vista é a vista de um ponto. Para 
entender como alguém lê, é necessário saber como são seus olhos e qual 
é a sua visão de mundo. Isso faz da leitura sempre uma releitura. A cabeça 
pensa a partir de onde os pés pisam. Para compreender, é essencial 
conhecer o lugar social de quem olha. Vale dizer, como alguém vive, 
com que convive, que experiências tem, em que trabalha, que desejos 
alimenta, como assume os dramas da vida e da morte e que esperanças 
o animam. Isso faz da compreensão sempre uma interpretação. Sendo 
assim, fica evidente que cada leitor é coautor. Porque cada um lê e relê 
com os olhos que tem. Porque compreende e interpreta a partir do 
mundo que habita. 
E quando falamos de leitura aquiestamos remetendo à leitura de mundo, ao modo 
como lemos a vida, as coisas, as pessoas.. . É como diz Paulo Freire (1986) “A 
leitura do mundo antecede a leitura da palavra”.
Pois bem! Você já percebeu que todos os tipos de conhecimento são importantes 
para a nossa formação como seres humanos. Agora, vamos discutir a relevância do 
conhecimento científico. Por que o conhecimento científico é tão importante?
O conhecimento cientí f ico surge da necessidade de o homem 
não assumir uma posição meramente passiva, de testemunha dos 
fenômenos, sem poder de ação ou controle dos mesmos. Cabe ao 
homem, otimizando o uso da sua racionalidade, propor uma forma 
sistemática, metódica e crítica da sua função de desvelar o mundo, 
compreendê-lo, explicá-lo e dominá-lo. (KOCHE, 2006, p. 29).
Co m o s e p o d e p e rc e b e r, o c o n h e c i m e n t o c i e n t í f i c o ve m n o s d a r re s p o s t a s 
mais assertivas sobre determinados aspectos da vida de forma mais sistemática. 
Daí sua relevância como saber humano. É a partir das constatações científicas que 
21
DO COnHECIMEnTO COMuM À CIÊnCIA • CAPÍTULO 2
o conhecimento avança tanto em ter mos tecnológicos, como em ter mos de 
atendimento a demandas que emergem das novas formas de viver e agir das pessoas.
A evolução humana é marcada pela evolução da inteligência da espécie, a qual passou 
por três fases determinadas pela forma como o homem percebe os fenômenos da 
natureza. São elas:
 » a fase do medo; 
 » a fase do misticismo; e 
 » a fase da ciência. 
Quando não conseguiam compreender os fenômenos naturais, ainda em sua fase 
primitiva, o homem temia tudo o que não conseguia explicar. Sua impotência diante 
de fenômenos como mudanças climáticas, tempestades, trovões, raios e terremotos. 
Como não controlava esses fenômenos, o homem apenas reagia a eles de maneira 
defensiva como forma de sobrevivência. 
Em uma segunda fase, o ser humano tenta explicar estes fenômenos por meio de 
pensamentos abstratos e associativos, recorrendo ao transcendente, à mágica, às 
crendices e às superstições. Veja os exemplos: os terremotos seriam resultado da ira 
divina; uma boa colheita seria resultado de uma bênção dos deuses e as chuvas viriam 
depois de um ritual de dança. Embora estes saberes sejam considerados inócuos, 
são muito importantes na perspectiva da evolução do pensamento humano e de sua 
linguagem simbólica, por meio do uso de metáforas. 
Em uma terceira fase, o homem foi capaz de dar encaminhamento à evolução de 
seu pensamento, por meio da busca sistemática e metódica de explicações para os 
fenômenos naturais e sociais. Sai, então, das explicações mágicas e sensoriais para 
Provocação
Antes de continuarmos, vamos pensar sobre algumas questões:
A autoridade científica é aceita por todos?
Em que medida e com base em que as pessoas questionam o saber científico?
O fato de a ciência ser falível contribui para que se questionem suas verdades?
Como as pessoas lidam com o conhecimento científico nesse momento de tanta desinformação veiculada pela 
internet?
O que estabelece a autoridade científica nas explicações sobre as relações do homem com a natureza e com os 
outros?
22
CAPÍTULO 2 • DO COnHECIMEnTO COMuM À CIÊnCIA
a formulação lógica do pensamento, para a ciência. Daí é que a ciência passa a ter 
autoridade sobre os demais saberes humanos quando se trata de conhecimento 
racional, sistemático e verificável.
Muito bem! Trataremos, a partir de agora, do conhecimento científico na perspectiva 
do que precisamos conhecer.
2.2. O que conhecer 
Saiba mais
Figura 4. A autoridade da ciência.
Fonte: Podcast disponível em: http://oxigenio.comciencia.br/47-tematico-autoridade-da-ciencia/.
Provocação
Para iniciar nossa discussão, leia o texto O que é a ciência? de Paul Davies (2015):
“A ciência tem de envolver mais do que a mera catalogação de factos e do que a descoberta, através da tentativa 
e erro, de maneiras de proceder que funcionam. O que é crucial na verdadeira ciência é o facto de envolver a 
descoberta de princípios que subjazem e conectam os fenómenos naturais.
Apesar de concordar completamente que devemos respeitar a visão do mundo de povos indígenas não europeus, 
não penso que coisas como a astronomia maia, a acupuntura chinesa etc., obedeçam à minha definição. O sistema 
ptolemaico de epiciclos alcançou uma precisão razoável ao descrever o movimento dos corpos celestes, mas não 
havia qualquer teoria propriamente dita subjacente ao sistema. A mecânica newtoniana, pelo contrário, não apenas 
descrevia os movimentos dos planetas de modo mais simples, conectava o movimento da Lua com a queda da maçã. 
Isto é verdadeira ciência, pois revela coisas que não podemos saber de nenhuma outra maneira.
23
DO COnHECIMEnTO COMuM À CIÊnCIA • CAPÍTULO 2
Esse texto no faz refletir sobre como nossos valores e interesses determinam o 
que consideramos científico ou não; o que consideramos que deve ser pesquisado 
ou não; o que deve ser valor izado ou não. . . Durante muito tempo, a cultura 
eurocêntrica se sobrepôs às outras culturas, inclusive no meio científico. Com a 
globalização, vemos o quanto isso tem mudado e evoluído. São possíveis trocas 
de informações e conhecimentos compartilhados gerarem novos conhecimentos e 
avanços técnico-científicos.
Quando determinamos O que conhecer, subtítulo de nossa aula, estamos todos 
impregnados de todo um processo cultural que traz em seu bojo nossas vivências, 
nossas crenças, nossas hipóteses. Por exemplo, quando lemos textos e pesquisas que 
tratam de violência urbana, percebemos subliminarmente quais os posicionamentos 
filosóficos e políticos dos autores, pois, a depender deles, os dados são apresentados 
e analisados de maneira diversa, embora partam de um mesmo fato. É a interpretação 
que damos aos dados que os diferencia. Isso depende da forma como encaramos a 
realidade. Veja a história a seguir para compreender melhor o que estamos dizendo:
Num tempo em que os homens ainda não se alimentavam da carne 
de animais, um incêndio consumiu um bosque onde havia inúmeros 
porcos. Alguém que por ali passava, após a extinção das chamas, resolveu 
Terá a astronomia maia ou a acupuntura chinesa alguma vez conduzido a uma previsão que não tenha falhado nem 
seja trivial e que tenha conduzido a novos conhecimentos sobre o mundo? Muitas pessoas tropeçaram no facto 
de que certas coisas funcionam, mas a verdadeira ciência consiste em saber por que razão as coisas funcionam. 
Tenho uma atitude de abertura em relação à acupuntura, mas se tal coisa funcionar, apostaria muito mais numa 
explicação baseada em impulsos nervosos do que em misteriosas correntes de energia cuja realidade física nunca foi 
demonstrada.
Por que razão nasceu a ciência na Europa? Na época de Galileu e Newton a China era muito mais avançada 
tecnologicamente. Contudo, a tecnologia chinesa (como a dos aborígenes australianos) foi alcançada por tentativa e 
erro, refinados ao longo de muitas gerações. O boomerang não foi inventado partindo da compreensão dos princípios 
da hidrodinâmica para depois conceber um instrumento. A bússola (descoberta pelos chineses) não envolveu a 
formulação dos princípios do magnetismo. Estes princípios emergiram da (verdadeira, segundo a minha definição) 
cultura científica da Europa. Claro que, historicamente, surgiu também alguma ciência de descobertas acidentais 
que só mais tarde foram compreendidas. Mas os exemplos mais óbvios da verdadeira ciência – tais como as ondas 
de rádio, a energia nuclear, o computador, a engenharia genética – emergiram, todos eles, da aplicação de uma 
compreensão teórica profunda que já existia – muitas vezes há muito tempo – antes da tecnologia que se procurava.
As razões que determinaram que tenha sido a Europa a dar à luz a ciência são complexas, mas têm certamente muito 
a ver com a filosofia grega e a sua noção de que os seres humanos podiam alcançar uma compreensão do modo 
como o mundo funciona por intermédio do pensamentoracional, e com as três religiões monoteístas – o judaísmo, 
o cristianismo e o islamismo – e a sua noção de uma ordem na natureza, ordem essa que era real, legiforme, criada e 
imposta por um Grande Arquitecto.
Apesar de a ciência ter começado na Europa, é universal e está agora à disposição de todas as culturas. Podemos 
continuar a dar valor aos sistemas de crenças das outras culturas, ao mesmo tempo em que reconhecemos que o 
conhecimento científico é algo de especial que transcende a cultura.”
24
CAPÍTULO 2 • DO COnHECIMEnTO COMuM À CIÊnCIA
experimentar aqueles porcos assados e descobriu que eram palatáveis. 
Logo a notícia se espalhou e os homens passaram a comer porcos assados, 
que eram então preparados da maneira original, isto é, reuniam-se os 
animais num bosque e ateava-se fogo à vegetação. Esta instituição de 
cozimento de porcos foi crescendo e começaram a surgir especialistas: 
especialistas em tipos de bosques, em ventos, em atear fogo no setor norte, 
no setor sul, leste, oeste, especialistas em reflorestamento, especialistas 
no ponto da mata em que os animais deveriam ser colocados etc. Enfim, 
toda uma parafernália para fazer progredir e aperfeiçoar a instituição foi 
criada. Realizavam-se então congressos anuais onde técnicas e inovações 
dentro de cada especialidade eram apresentadas e discutidas. Até que um 
dia um indivíduo procurou o presidente da organização e apresentou-lhe 
uma proposta que implicaria uma radical mudança na instituição, talvez 
no seu fim: bastaria que os porcos fossem mortos e colocados numa 
grelha, sob a qual se acenderia uma pequena fogueira. Imediatamente o 
presidente fez-lhe ver o absurdo de sua proposição, pois que ela geraria 
o desemprego para milhares de especialistas, além de abalar a confiança 
que o restante da sociedade manifestava com relação ao saber que eles 
detinham. Mostrou-lhe ainda que, pensando daquela maneira, revelava-se 
um perigoso elemento subversivo que poderia levar a sociedade ao caos, 
ainda mais ao propugnar métodos violentos que implicavam os homens 
matarem os animais com suas próprias mãos. O presidente então, num 
rasgo de “generosidade”, disse ao dissidente que daquela vez ele seria 
perdoado, mas com a condição de nunca revelar a ninguém aquela ideia 
tão herética. E assim os homens continuaram a atear fogo nos bosques e 
a instituição foi mantida. (DUARTE JÚNIOR, 2004, pp. 60- 61).
A história lida nos mostra o quanto a cultura pode ser um fator interveniente ao 
se conduzir uma nova forma de ver ou de fazer da sociedade. Ao produzirmos 
conhecimento, precisamos, o mais objetivamente possível, observar os fatos de 
maneira a interpretá-los com a maior isenção possível. Para isso, é preciso que 
desenvolvamos o que chamamos aqui de espírito científico.
Tal espírito implica uma predisposição do pesquisador na busca de soluções, a partir 
da seleção de métodos adequados para o problema que enfrenta. Essa postura se 
traduz por uma atitude aberta ao novo, objetiva, crítica e racional.
A habilidade de julgamento, discernimento, análise e crítica é condição essencial para 
se alcançar a objetividade necessária para a escolha do tema a ser pesquisado. Essa 
consciência implica o rompimento com posicionamentos pessoais ou interpretações 
mal fundamentadas oriundas do senso comum.
A pessoa do pesquisador, nesse contexto, fica em segundo plano, pois o que interessa 
é a definição do problema a ser pesquisado e o método para se alcançar a solução. 
25
DO COnHECIMEnTO COMuM À CIÊnCIA • CAPÍTULO 2
O pressuposto é que qualquer pesquisador pode repetir a mesma experiência, em 
qualquer tempo, obtendo o mesmo resultado.
Portanto, ao definir o que buscaremos como conhecimento científico, precisamos 
considerar algumas questões importantes, como:
 » a relevância do que queremos pesquisar;
 » a nossa responsabilidade social ao propor determinado estudo;
 » a importância de estarmos motivados a conhecer determinado tema;
 » o impacto social, profissional e para nossa formação;
a impessoalidade e a ética no trato com o tema.
E aí? Aproveite para ir pensando sobre o tema que lhe interessa e como seria bom 
conhecer mais sobre ele. Você, como operador da segurança pública, será chamado 
muitas e muitas vezes a buscar soluções para os problemas mais diversos. Aprenda 
a buscar as informações e os dados disponíveis em favor de sua prática. Todo bom 
Saiba mais
Observe que a nossa realidade determina o que somos e o que pensamos. Como operador da segurança pública, 
é preciso, muitas vezes, se despojar desse nosso modo de ver para respeitar o modo de ser do outro. Isso traz 
implicações sérias não só como pesquisadores, mas em nossa atuação prática direta. Leia o trecho a seguir para 
compreender melhor do que estamos falando:
Há uma dimensão ética imediata que é problema da realidade. A pergunta “em que 
mundo você vive?” não está relacionada apenas ao conhecimento. A maneira como 
vemos o mundo está ligada diretamente ao modo como vamos agir nele e ao nosso 
comportamento em relação aos outros. A visão que tenho do mundo influencia a 
maneira como vou situar as outras pessoas nele, como vou interpretar suas ações em 
relação a mim e aos outros. A equivalência entre “realidade” e “visão da realidade” 
costuma ter consequências práticas, isto é, interfere diretamente na relação com o 
outro. 
[...] Em geral, pauta-se a Ética a partir de noções que se têm da realidade. Uma visão 
dessa realidade composta por conhecimentos e classificações de um determinado 
tipo pode levar a valores éticos igualmente específicos. As mudanças nesses valores, 
no sentido oposto, costumam estar ligadas a mudanças nessa visão de mundo. (Isso 
é o que torna a Filosofia uma prática: ela pode não mudar diretamente o mundo, mas 
muda a visão que temos dele e, por tabela, nossa maneira de agir). 
Uma visão da realidade que encaixa um grupo como inferior abre brecha para que 
esse grupo seja maltratado – em último caso, eliminado. É possível delinear uma 
explicação para isso. As “visões de mundo” geralmente não são pensadas como tais, 
mas como a “realidade” em si. A essa primeira equivalência segue-se outra: equivaler 
“realidade” e “normalidade”. Desse modo, naturalizam-se valores arbitrários que 
passam a ser considerados “normais” dentro de uma visão de mundo que não se 
reconhece como tal. (MARTINO, s.d, p. 3).
26
CAPÍTULO 2 • DO COnHECIMEnTO COMuM À CIÊnCIA
profissional é curioso e insatisfeito com a sua realidade. E é essa insatisfação 
que leva a humanidade à descoberta e à inovação. Nosso desafio é descobrir que 
caminhos trilhar para alcançar esse objetivo.
2.3. Como conhecer
Quando pensamos em conhecimento, devemos imediatamente pensar em como 
obter esse conhecimento. A forma como escolhemos o tema com que queremos 
trabalhar, o modo como vamos obter os dados e como vamos tratá- los são 
determinados pelo modo como vemos a realidade. Lembre-se de como falamos 
sobre isso anteriormente, certo?
Ao conjunto de informações, valores e princípios que norteiam as escolhas que 
fazemos chamamos de paradigma (sistema que usamos como modelo, padrão 
para realizar uma pesquisa). Para isso, precisamos ter consciência das premissas, 
ou seja, qual o conjunto de pressupostos de que eu parto para realizar o meu 
estudo. Os paradigmas se alteram ao longo do tempo segundo o que a comunidade 
científica considera como razoável para determinar o padrão/modelo de pesquisa 
em determinada época. Mais adiante em nossas aulas, verificaremos alguns desses 
paradigmas no decorrer da história.
Importante
Um mesmo objeto ou fato pode ser visto de uma forma diferenciada. Por exemplo, um crime, se visto por um 
familiar da vítima, é considerado numa perspectiva passional; se visto pela perícia, sob a perspectiva dos detalhes; se 
visto por um jornalista, sob a perspectiva das histórias ali suscitadas... Enfim, a depender de quem quer produzir o 
conhecimento, o prisma será diferente.
Atenção
Para Thomas Kuhn (1989, apud MENDES, 2010),por outro lado, a comunidade científica seria integrada por 
indivíduos que, além de compartilharem do mesmo paradigma (no seu sentido amplo, um sem número de crenças, 
valores, técnicas – definidos cognitivamente, que em determinado momento são adequados para a resolução do 
conjunto de problemas existentes), estariam comprometidos com uma maneira coletiva de se praticar ciência. Em 
outras palavras, segundo Kuhn, é impossível desenvolver a prática científica de modo solitário. A ciência só existe se 
existe uma comunidade científica.
27
DO COnHECIMEnTO COMuM À CIÊnCIA • CAPÍTULO 2
A busca por conhecer é, dessa forma, uma atividade coletiva por vários motivos, entre 
eles:
 » recorremos ao conhecimento construído até então como ponto de partida para a 
proposição de novos estudos;
 » uti l izamos o paradigma adotado pela comunidade científ ica naquele 
determinado momento histórico;
 » podemos compartilhar dados, soluções e questões que vão surgindo ao longo 
do estudo;
 » todo conhecimento produzido só toma vida quando partilhado, vivemos hoje 
em um mundo em rede.
Observe o esquema a seguir com as vantagens de se trabalhar de maneira colaborativa 
em busca do conhecimento:
Figura 5. A comunidade científica: a diversidade importa.
A diversidade equilibra 
preconceitos e 
distorções
A diversidade 
fortalece a 
resolução de 
problemas
A diversidade 
facilita a 
especialização
Fonte: Elaborada pela autora.
Outro aspecto fundamental a que se deve estar atento ao se buscar o conhecimento 
científico é o que chamamos de ética na produção acadêmica. Toda busca por gerar 
conhecimento científico gera relatórios de pesquisa. Estes documentos devem estar 
Sugestão de estudo
Veja um texto que detalha melhor o esquema anterior. Disponível em: https://saberciencia.tecnico.ulisboa.pt/
artigos/comunidade-cientifica-02.php.
28
CAPÍTULO 2 • DO COnHECIMEnTO COMuM À CIÊnCIA
alinhados com as normas para a produção de textos, como com os valores éticos de 
respeito aos direitos autorais.
No tocante à construção de textos acadêmicos, você precisa compreender que 
esta é uma atividade relacionada diretamente à capacidade argumentativa do 
autor, o que implica o estabelecimento de relações, confronto de ideias, análise, 
problematização e criticidade. Assim como no ato de leitura, a aquisição dessas 
habilidades é um processo paulatino e que exige, portanto, a prática insistente 
de exercícios que instiguem o raciocínio e oportunizem a maturação intelectual. 
Essas atividades pressupõem autoria. Quando não nos apropriamos devidamente 
d e s s e p r o c e s s o, c a r a c t e r i z a - s e o p l á g i o, a p r o p r i a ç ã o i n d e v i d a d e t re c h o s 
d e t e x t o s d i s p o n í v e i s n o s l i v r o s , n o s p e r i ó d i c o s o u e m o u t r o s m e i o s d e 
comunicação, sejam eles f ísicos ou virtuais. Ao copiarmos textos (sejam apenas 
c ó p i a s d e t re c h o s o u c ó p i a s i n t e g r a i s ) s e m i n d i c a r s e u a u t o r, c o m e t e m o s 
p l á g i o e n ã o n o s p o s s i b i l i t a m o s a m a d u r e c e r c o m o p r o d u t o r e s d e n o s s o s 
p r ó p r i o s t e x t o s. 
Usar as ideias de outrem, sem lhe conferir o crédito a que tem direito ou deixando 
de citá-lo como fonte de pesquisa é, portanto, uma ação grave e que fere os 
princípios éticos que tanto preconizamos nas comunidades científicas. 
Lembre-se de que a qualidade comunicativa do seu texto está irremediavelmente 
ligada a todo um trabalho consciente e ético. Portanto, fique atento e aproveite a 
produção de seus trabalhos e a participação nos fóruns para aprender. Com certeza, 
isto fará toda a diferença para sua formação pessoal e profissional.
Como forma de evitar a utilização de plágio, é possível usar citações e referenciá-las 
d e m a n e i ra a f a z e r j u s à a u t o r i a d o s t re c h o s u t i l i z a d o s. Pa ra t a n t o, d e v e m o s 
re c o r re r às normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT ).
Observe a lei
Você sabia que o plágio é considerado crime? Veja na Lei no 9.610, sancionada em 1998. Disponível em: http://
www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9610.htm#:~:text=LEI%20N%C2%BA%209.610%2C%20DE%2019%20DE%20
FEVEREIRO%20DE%201998.&text=Altera%2C%20atualiza%20e%20consolida%20a,autorais%20e%20d%C3%A1%20
outras%20provid%C3%AAncias.&text=Art.,os%20que%20lhes%20s%C3%A3o%20conexos. O autor que foi plagiado 
pode recorrer à Justiça por ter seus direitos autorais violados.
Sugestão de estudo
Conheça as Normas da ABNT para citações e referências. Disponível em: https://www.normasabnt.org/.
29
DO COnHECIMEnTO COMuM À CIÊnCIA • CAPÍTULO 2
Importante
Você deve ter verificado que não é fácil fazer as referências bibliográficas exigidas ao final dos trabalhos acadêmicos, 
não é? Pois bem, segue uma ferramenta incrível para ajudá-lo a fazer suas referências. Basta colocar as informações e 
ele gera automaticamente a referência. Disponível em: http://www.more.ufsc.br/.
Percebeu que conhecer, no que diz respeito à produção científica, é um processo complexo pautado em 
intencionalidades as mais diversas? São fatores que determinam essa intencionalidade, entre outros:
1. os interesses sociais da pesquisa;
2. os interesses pessoais da pesquisa;
3. os interesses econômicos das agências de fomento.
Para alcançar os objetivos da pesquisa, devemos considerar as intencionalidades presentes e planejar desde a escolha 
do tema, sua problematização até a redação final do estudo em pauta. Nesse fazer é preciso considerar também 
a seleção adequada de fontes de pesquisa. Seguem algumas indicações interessantes que podem ajudá-lo nesse 
processo:
Google Acadêmico (Por meio de palavras-chaves você tem acesso a artigos – publicados em periódicos, congressos, 
seminários e outros – e e-books). Disponível em: http://scholar.google.com.br/.
Scielo Brasil (Biblioteca eletrônica que indexa periódicos brasileiros). Disponível em: http://www.scielo.br/.
WebQualis (Indexa as mais importantes revistas científicas do País. Você pode fazer a busca por área de 
conhecimento ou pela avaliação da Capes, “A” e “B” são as melhores avaliações). Disponível em: http://qualis.capes.
gov.br/webqualis/.
16 sites de pesquisa. Disponível em:https://bibliotecaucs.wordpress.com/2018/02/23/16-sites-de-pesquisa-
academica-que-farao-voce-esquecer-do-google/.
Na área de Segurança Pública, é importante considerar ainda as fontes de pesquisa específicas tais como:
Atlas da Violência no Brasil. Disponível em: http://www.ipea.gov.br/atlasviolencia/.
FLACSO. Disponível em: http://flacso.org.br/?project=mapa-da-violencia.
CRISP. Disponível em: https://www.crisp.ufmg.br/.
Estes são indicativos, mas há muito o que pesquisar. Procure selecionar sempre fontes confiáveis, de maneira a dar 
credibilidade aos dados e às informações que apresentar. Afinal, é para dar autoridade aos seus textos e as suas ideias 
que se busca citar outras fontes e outros autores, o que possibilita a comparação, tanto para confirmar similitudes 
como para confrontar resultados discrepantes.
Saiba mais
Para saber mais sobre o tema desta aula, leia o artigo Para uma demarcação entre ciência e pseudociência. 
Disponível em: https://criticanarede.com/fil_paraciencia.html.
30
CAPÍTULO 2 • DO COnHECIMEnTO COMuM À CIÊnCIA
Sintetizando
Vimos até agora:
 » O conceito de conhecimento como uma possiblidade de estar no mundo.
 » A complexidade de conhecimentos com que lidamos cotidianamente conformam uma rede que nos possibilita 
nossa intervenção no mundo.
 » A ciência é fruto de um trabalho sistemático e metódico.
 » Ao considerarmos o que conhecer e como conhecer, estamos imbrincados por valores, princípios e 
responsabilidades.
31
Introdução 
Nos capítulos anteriores, você pôde refletir sobre a ciência e sua relação com os 
saberes humanos e, especialmente, o seu lugar em meio a outros tantos tipos de 
conhecimento. Viu também que, ao longo dahistória, trabalhamos com diferentes 
paradigmas. Et imologicamente, paradigma se or igina do grego paradeigma, 
remetendo a modelo ou padrão a ser seguido. O paradigma é, portanto, uma teoria, 
um princípio, um exemplo ou um conhecimento adotado pelos pesquisadores 
em determinado campo científico.
O debate sobre o que é científico ou não e mesmo sobre qual é o melhor caminho a 
ser seguido para se fazer ciência mobiliza pesquisadores desde a antiguidade. Neste 
capítulo, vamos fazer uma viagem pelas ideias que nortearam os paradigmas científicos 
ao longo do tempo para que você compreenda como chegamos ao que consideramos 
ser o paradigma contemporâneo. 
Para isso, vamos relembrar o que alguns pensadores, a partir da Idade Média, 
trouxeram de importante para o fazer científico em sua época e a influência que 
têm sobre a forma como se faz ciência atualmente. Está preparado?
Então sigamos! Há muito o que aprender!
Objetivos 
 » Refletir sobre o debate moderno nas ciências.
 » Reconhecer os pensadores e debates da Idade Média na aquisição do conhecimento 
científico.
 » Reconhecer os pensadores e debates do renascimento e modernidade na aquisição 
do conhecimento científico.
3CAPÍTULO
O DEBATE MODERnO nAS CIÊnCIAS
32
CAPÍTULO 3 • O DEBATE MODERnO nAS CIÊnCIAS
3.1. Pensadores e debates da Idade Média 
Ao analisarmos os estudos da ciência, muitos imaginam que ela tenha surgido 
apenas na Idade Moderna (nos séculos XVI e XVII). Daí surgiu também a visão 
equivocada de que a Idade Média foi a ideia das trevas como se não houvesse 
qualquer produção do conhecimento ou ref lexão que merecesse um olhar mais 
a t e n t o. Ma s m e s m o a n t e s n a A n t i g u i d a d e, p o r e x e m p l o, j á s e p e rc e b i a u m 
grande desenvolvimento nos saberes produzidos sobre os fenômenos naturais 
e a própr ia Fi losofia.
As discussões sobre a ciência na Idade Média é que abriram espaço para que se 
alcançasse novas perspectivas na Idade Moderna. Especificamente no que diz 
respeito à ciência que se desenvolveu no mundo medieval, não se pode deixar 
de considerar a grande influência que o Cristianismo exerceu. Crenças, valores e 
princípios religiosos influenciaram fortemente o conhecimento humano ao longo 
da história. Na Idade Média, em especial, o domínio da Igreja Católica determinou 
o que, para quê e como se dariam a produção e a divulgação do conhecimento. À 
exceção do clero, ninguém tinha acesso ao saber e à sua produção, já que todos 
os documentos para consulta ficavam circunscritos aos mosteiros de suas ordens 
religiosas. Isto comprova o que hoje ouvimos na fala popular: conhecimento é poder.
Por aí já dá pra você imaginar que a ciência foi mudando no decorrer do tempo... 
Vamos focar nossos estudos a partir da Idade Média, pois não temos como estudar 
profundamente a ciência desde a sua origem. Antes disso, o conhecimento científico 
se confundia com o conhecimento filosófico e até com a religião ou a arte. Nesse 
período, havia um caráter mais especulativo, contemplativo...
A Idade Média, que durou por volta de mil anos, foi equivocadamente conhecida 
como a Idade das Trevas. Esse título adveio do domínio da Igreja, do qual falamos 
há pouco, que restringiu o desenvolvimento científico e filosófico ao clero, o que 
ratificou as formas de pensar a ciência como veio da Antiguidade.
A Idade Média foi marcada ainda pelo embate entre dois grupos de estudiosos: o 
clero e os livres pensadores. Esse conflito se confundia com a luta pelo poder na 
época e, portanto, foi marcado por violência e repressão, especialmente por parte 
da Igreja. O clero valorizava os estudos teológicos, filosóficos, literários, entre 
outros, sempre na perspectiva da religião. Os pensadores livres foram taxados de 
bruxos, magos, alquimistas e buscavam conhecer os fenômenos naturais por meio 
da experimentação. Eram perseguidos e punidos, por isso trabalhavam sempre 
em segredo, tendo em vista que os resultados de suas pesquisas nem sempre 
corroboravam o que estava nas Sagradas Escrituras.
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O DEBATE MODERnO nAS CIÊnCIAS • CAPÍTULO 3
Todo e qualquer conhecimento que não se alinhasse com a teologia católica era 
considerado profano e, consequentemente, herético. Em um movimento claramente 
teocêntrico, buscava-se discutir a vida espiritual do homem, o sentido da vida e os 
caminhos para se alcançar a salvação. Dessa forma, todo conhecimento tomava como 
ponto de partida a Fé. Isso significa que todo conhecimento deveria ser passado 
por aqueles que tinham condições de compreendê-lo por meio de suas crenças, 
desconsiderando os sentidos e as percepções.
Ao final da Idade Média, surgiram dentro da própria Igreja algumas correntes em que 
pensadores propunham uma leitura menos rígida, em que seria possível o diálogo 
entre Fé e Razão. Tais mudanças vinham em resposta também à necessidade de 
desenvolvimento econômico e aprimoramento de técnicas naquele momento histórico. 
São Tomás de Aquino, por exemplo, defende que fé e razão não são dicotômicas, mas 
complementares e se originam de Deus.
Para além do que pregava São Tomás de Aquino, outros pensadores, como Guilherme 
de Ockham, Roger Bacon, Duns Scotus defendiam que o conhecimento não estava 
ligado à fé, mas que podia ser adquirido por meio de nossas percepções, de nossos 
sentidos. Dessa forma, as vivências, as observações e as experiências geravam 
conhecimento. A percepção de que os experimentos poderiam indicar os caminhos 
para entender as coisas é o marco que determinou o empirismo.
Figura 6. São Tomás de Aquino.
Fonte: https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Bartolom%C3%A9_Esteban_Murillo_Santo_Tom%C3%A1s_de_Aquino.jpg.
Estes pensadores trouxeram à luz a ideia de que o conhecimento da realidade de 
Deus e da realidade dos homens é distinta, pois derivam de mundos diferentes 
que precisam ser estudados de maneira diversa. A fé continua fundamentando 
as explicações sobre o mundo de Deus, mas a realidade terrena é explicada por 
meio da experimentação sensorial. Como você pode perceber, aqui já está o início 
da ciência moderna. 
34
CAPÍTULO 3 • O DEBATE MODERnO nAS CIÊnCIAS
Figura 7. Roger Bacon.
Fonte: http://frasesdofilosofo.blogspot.com/2013/01/frases-do-filosofo-roger-bacon.html.
Bacon propunha, para isso, o método indutivo:
O método de conhecimento científico deve seguir a ordem de pesquisa 
iniciada pela observação da natureza, depois o observador deve levantar 
hipóteses para entender o fenômeno da natureza e por último deve 
buscar comprovar suas hipóteses através da experimentação. O processo 
observação, hipótese e experimentação não têm fim e é aplicado em cadeia 
de acontecimentos que se relacionam e criam o conhecimento científico. 
A verdade da ciência se baseia na repetição dos fenômenos observados e 
para que isso possa ser feito todo o processo tem que ser detalhadamente 
descrito. A verdade científica vai surgir através do trabalho de muitas 
pessoas e vai levar o tempo que esse trabalho demorar. Os erros anteriores 
serão eliminados pelas pesquisas posteriores e assim a ciência alcança 
seu progresso. (SÓ FILOSOFIA, 2020).
Figura 8. guilherme de Ockham.
“Não se deve 
recorrer à 
pluralidade sem 
necessidade.”
Guilherme de 
Ockham 
Fonte: https://www.slideshare.net/nilodemetrio/guilherme-de-ockham-62356631.
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O DEBATE MODERnO nAS CIÊnCIAS • CAPÍTULO 3
Ockham já defende que o todo é formado pela soma de diversos conhecimentos 
que não têm necessariamente ligação entre si. E as diferentes partes isoladas e 
eventuais é que são o objeto da ciência:
A prioridade que o autor dá ao indivíduo faz com que também tenha 
prioridade a experiência e é nela que ele coloca a base do conhecimento, 
que pode ser intuitivo ou abstrativo. O conhecimento intuitivo é que vai 
demonstrar se algo existe concretamente. A compreensão intuitiva da 
realidade do mundo é o que origina todos os outros entendimentos que 
o conhecimento nos possibilita, é nele que inicia todo conhecimento 
experimental.No conhecimento intuitivo não existem intermediários 
entre o objeto conhecido e o indivíduo que vai conhecer esse objeto. O 
conhecimento abstrativo é a totalização, a soma dos diversos conhecimentos 
intuitivos individuais e não necessita para sua formulação da existência 
concreta do objeto do conhecimento. (SÓ FILOSOFIA, 2020).
Figura 9. Scotus.
Fonte: https://www.shutterstock.com/pt/image-illustration/subtle-doctor-vintage-engraved-illustration-
magasin-444244654.
Scotus afirma que se deve considerar a essência, a individualidade do ser:
Um homem possui várias formas, como a humanidade, a animalidade, a 
racionalidade etc., e, por fim, possui uma forma que lhe é única, que lhe 
permite ser distinto, ser ele mesmo. Esta é a distinção formal a parte rei (à 
parte da coisa), à qual Scotus dá o nome de haecceitas, a “estidade” do ente, 
a qualidade dele ser “esta coisa” (haec res) e não ser outra, ou seja, a sua 
individualidade. (SÓ FILOSOFIA, 2020).
36
CAPÍTULO 3 • O DEBATE MODERnO nAS CIÊnCIAS
3.2. Pensadores e debates do Renascimento e Modernidade 
Quando estudamos a evolução do conhecimento na Idade Moderna, devemos 
compreender que se trata do período histórico em que as monarquias europeias se 
constituíram e se fortaleceram, ampliando o seu poder para os cinco continentes do 
mundo em função das grandes navegações iniciadas no século XV. 
Esse período foi chamado de Renascimento por defender causas como humanismo 
e racionalismo, contrapondo-se aos ideais cristãos. E isso se deve ao fato de que, 
à revelia das teorias que tenham surgido desde a Antiguidade até o início do 
Renascimento, todas reconhecem que o homem precisa conhecer sua realidade. 
São grandes as transformações preconizadas pelo Renascimento, entre elas: 
1. a dissociação de fé e razão, que vai impulsionar o desenvolvimento do método 
científico no estudo de ciências naturais;
2. o antropocentrismo, em contraponto ao teocentrismo, o qual determina a razão 
humana como fundamento do saber;
3. a ênfase no saber ativo, contrapondo-se ao saber contemplativo, o qual 
possibilita a verificação das mudanças da natureza e o desenvolvimento das 
técnicas de observação e experimentação.
No tocante às mudanças, adotam uma nova forma de se abordar a busca por 
conhecimento. Além de se refletir sobre o objeto de pesquisa, aquele que se quer 
conhecer, questiona-se ainda sobre o sujeito do conhecimento, o sujeito-pesquisador. 
Até onde se pode aferir acertos e erros? Que métodos podem ser utilizados para 
garantir os resultados obtidos? Como garantir que esse conhecimento é verdadeiro?
Toda essa mudança na forma de ver o mundo traz implicações claras para a forma 
de se fazer ciência. Desvincula-se, assim, a razão da fé; o divino do humano; o 
geocentrismo do heliocentrismo... Incorpora-se, então, uma visão moderna do 
mundo em que a ciência se faz a partir de fatos observáveis.
Atenção
Método dedutivo: parte de um princípio geral, um axioma fundamental, aceito sem crítica e, possivelmente, 
fundamentado na fé ou na necessidade. Tal princípio pode ser Deus ou qualquer fenômeno ordenador da realidade 
que, dada sua universalidade, termina por determinar todos os fenômenos que lhe são intrínsecos. Assim, a 
função do pesquisador seria a de realizar uma descida gradativa desde os cumes daquele princípio universal até os 
fenômenos mais singulares, encontrando as razões que estabeleceriam a concordância entre o singular e o universal.
Método indutivo: faz o caminho contrário. Sai das sensações e das coisas particulares, de observações específicas, 
para encontrar leis intermediárias, que, combinadas, podem gerar leis cada vez mais gerais, axiomas gerais, 
ascendendo contínua e gradativamente, até alcançar os princípios de máxima generalidade. Tal axioma geral deve, 
uma vez verificado mediante prova ou exame, corresponder aos fatos particulares dos quais foi extraído.
37
O DEBATE MODERnO nAS CIÊnCIAS • CAPÍTULO 3
Copérnico apresenta sua teoria heliocêntrica. Em seguida, Johannes Kepler nos 
traz suas leis sobre as órbitas dos planetas. Já Galileu Galilei nos brinda com suas 
leis sobre a queda dos corpos em sua teoria gravitacional e indica que o tamanho 
do universo seria bem maior que a expectativa daquele momento. Assim, eles 
trazem cada um a seu modo, contribuições fundamentais para os avanços dos 
saberes sobre a Física, a Matemática e a Filosofia, os quais foram sintetizados 
por Isaac Newton numa perspectiva moderna do mundo.
Figura 10. nicolau Copérnico.
Nic
“Assim, uma vez que nada impede 
que a terra se mova, sugiro que 
devemos considerar também se 
adequar várias moções, de modo 
que ela pode ser considerada como 
um dos planetas. Pois, não é o 
centro de todas as revoluções.”
“A ciência é filha da verdade e não 
da autoridade.”
Fonte: http://blogdoeliomar.com.br/2013/05/24/ha-470-anos-morria-o-astronomo-matematico-jurista-e-medico-nicolau-
copernico/.
Essa maneira de enxergar o mundo com o olhar da modernidade configura-se como 
uma interpretação do universo que se baseia na Geometria, na Matemática e na 
Física. Galileu dizia que o mundo era um livro escrito em linguagem matemática e 
em caracteres geométricos. Descartes e Bacon passam nesse momento a valorizar o 
conhecimento baseado nessas disciplinas, refletindo sobre os seus resultados. 
Figura 11. galileu galilei.
 
Fonte: https://commons.wikimedia.org/wiki/File:F%C3%A9lix_Parra_-_Galileo_Demonstrating_the_New_Astronomical_
Theories_at_the_University_of_Padua_-_Google_Art_Project.jpg.
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CAPÍTULO 3 • O DEBATE MODERnO nAS CIÊnCIAS
Percebeu que, desde o final da Idade Média, nascia uma nova forma de pensar e de 
ver o mundo? Os pensadores, como Galileu Galilei, passaram a criar instrumentos 
que os ajudassem a ver o mundo e o universo! Não é fantástico esse poder criador do 
ser humano? Que limites podem impor a uma mente criativa e inovadora?
Eles, nesse momento, passam de uma postura contemplativa, observadora, passiva 
a uma postura investigativa, ativa e transformadora. Dominar os conhecimentos da 
matemática, da geometria e das leis naturais contribui para essa evolução...
Dentre os grandes pensadores desse período, destaca-se Francis Bacon que 
inst i tuiu e disc ipl inou as prát icas invest igat ivas dos c ient is tas dos séculos 
XVII , XVIII e XIX. Foi e le quem pr imeiro esboçou uma metodologia racional 
para a pesquisa cientí f ica. Em seus estudos, preocupa-se pr incipalmente da 
m e t o d o l o g i a c i e n t í f i c a e d o e m p i r i s m o, s e n d o p o r i s s o c o n s i d e r a d o c o m o 
fundador da ciência moder na.
Figura 12. O empirismo inglês.
O Empirismo 
inglês
David 
Hume
Thomas 
Hobbes
Francis 
Bacon
John Locke
(pai do liberalismo 
 e do empirismo)
George 
Berkeley
Fonte: https://cursoenemgratuito.com.br/francis-bacon/.
Francis Bacon elaborou a teoria dos ídolos, responsáveis pelos erros que se cometia 
ao fazer ciência. Identificou quatro diferentes ídolos que impediam, segundo ele, o 
homem de chegar à verdade: ídolos da tribo (inerentes à natureza humana que tende a 
generalizar, omitindo o que contraria o que é visível de forma geral); ídolos da caverna 
(preconceitos que resultam da própria educação e da pressão dos costumes); ídolos 
da vida pública (aqueles que se relacionam à tirania das palavras); ídolos do teatro 
(advindos da subordinação à autoridade).
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O DEBATE MODERnO nAS CIÊnCIAS • CAPÍTULO 3
Sobre o método baconiano, “o conhecimento verdadeiro é resultado da concordância 
e da variação dos fenômenos que, se devidamente observados, apresentam a causa 
real dos fenômenos.” (SÓ FILOSOFIA, 2020). Essa proposição foi o ponto de partida 
do método científico que será mais bem desenvolvido por René Descartes, um século 
depois, ao indicar os passos para que se produza o conhecimento científico, que foi 
chamado de Método Experimental-dedutivo ou Cartesiano.
No final do século XVI, havia uma onda de ceticismo em que as pessoas perdiama 
fé nas explicações dadas pelo cristianismo. Descartes vem resgatar os pressupostos 
humanistas, salientando a possibilidade de se alcançar o conhecimento e chegar 
a verdades cientificamente comprováveis. Para isso, Descartes propõem uma ação 
sistemática, metódica, baseada em um percurso que tinha na dúvida o princípio 
do trabalho científico. Nesse contexto, a dúvida é vislumbrada como imperfeição, 
enquanto o conhecimento é esclarecedor.
Descartes propõe que se duvide de tudo, das coisas, do mundo, até do próprio 
corpo com o qual se percebe o mundo. Tornou-se famoso pela frase “Penso, logo 
existo ou duvido, logo existo”, em que salienta a importância do pensamento 
racional. Essa afirmação é crucial para a compreensão plena da filosofia moderna, 
tendo em vista que traduz a instalação da razão como portadora da capacidade 
de conhecimento humano, motivo essencial de sua existência.
Figura 13. René Descartes.
Fonte: https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Frans_Hals_-_Portret_van_Ren%C3%A9_Descartes_(cropped).jpg.
Veja como é interessante a diferença do pensamento moderno em relação à filosofia 
contemplativa da Idade Média? Evidencia-se a presunção de que o racionalismo 
trará as respostas ao homem, baseado em fatos, dados matemáticos, experimentações. 
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CAPÍTULO 3 • O DEBATE MODERnO nAS CIÊnCIAS
Em seu discurso sobre o método, Descartes compara o mundo a um relógio e isso 
já nos indica o caminho tomado a partir de então: o mecanicismo, em que o mundo 
funciona como uma máquina e nós devemos compreender como opera essa máquina e 
como podemos dominá-la a partir do conhecimento das leis gerais que a regem. Como 
se faz com uma máquina, é preciso dividir o todo em suas partes, classificando-as e 
reconhecendo as relações que se estabelecem entre cada uma delas.
Até o final do século XIX, prevalecem como resposta a essa visão o mecanicismo e o 
materialismo. Conhecer significa, então, analisar cada uma das partes que constituem 
essa máquina, separando-as para observar como esse todo se constitui. 
Resumidamente, os cientistas que representam de forma significativa o Renascimento 
Científico foram:
Tabela 2. O renascimento científico.
Cientista Representação
Nicolau 
Copérnico
Astrônomo e matemático polaco, considerado o “Pai da Astronomia Moderna”, foi criador da Teoria 
Heliocêntrica (sol como centro do universo), na qual contradiz a Teoria geocêntrica medieval 
(adotada pela Igreja Católica), em que a Terra seria o centro do universo.
Galileu Galilei
Astrônomo, físico, matemático e filósofo italiano, foi defensor da Teoria Heliocêntrica de 
Copérnico, sendo considerado um dos fundadores da geometria moderna e da física. Além disso, 
aperfeiçoou o telescópio, inventou o microscópio com duas lentes e o compasso geométrico.
Johannes 
Kepler
Astrônomo, matemático e astrólogo alemão, aprofundou suas teorias sobre mecânica celeste 
inspiradas no modelo heliocêntrico, apresentando estudos sobre as eclipses lunar e solar.
Andreas 
Vesalius
Médico belga, considerado o “Pai da Anatomia Moderna”, foi um dos precursores dos estudos 
sobre anatomia e fisiologia, após dissecar corpos de humanos e escrever sua principal obra, um 
atlas de Anatomia Humana intitulado “Fábrica”.
Para refletir
A preocupação em compreender a natureza ocorre desde os primórdios da humanidade. Sociedades de épocas 
distintas elaboraram e adotaram determinadas ideias sobre a natureza, por isso, o conceito de natureza não é natural, 
mas inventado e instituído pelos seres humanos. A partir da ideia de natureza, os seres humanos estabelecem sua 
existência, constituída por práticas sociais, produtivas e simbólicas.
Em nossa sociedade, a natureza foi definida em oposição à cultura. O ser humano entendido como ser de razão e 
possuidor de cultura passou a se perceber como ser superior, capaz de controlar e dominar a natureza. Este domínio 
implica o controle da inconstância e do imprevisível, ou melhor, significa para o ser humano dominar o natural em si 
próprio.
Segundo Andery e outras autoras (1988:16-17), produzir ciência é uma tentativa de entender e explicar racionalmente 
a natureza, buscando leis gerais que regem os fenômenos e permitam uma atuação humana. Pelo caráter histórico 
da ciência, o próprio significado para entender e explicar o racional altera-se. Em determinado momento histórico 
podem existir diferentes interesses e necessidades, que conduzem a determinadas concepções de homem, de 
natureza, de conhecimento e desta forma, distintos métodos para conhecer.
(Fonte: https://jondisonrodrigues.blogs.sapo.pt/10097.html).
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O DEBATE MODERnO nAS CIÊnCIAS • CAPÍTULO 3
Cientista Representação
Francis Bacon
Filósofo, político e alquimista inglês, foi o criador do “Método Científico” (nova maneira de estudar 
a natureza), sistematizando o conhecimento humano, sendo considerado o fundador da “Ciência 
Moderna”.
René Descartes
Filósofo, físico e matemático francês, segundo seus estudos foi considerado o “Pai do 
Racionalismo e da Matemática Moderna” e ainda, o fundador da Filosofia Moderna. Sua obra mais 
representativa é o “Discurso sobre o Método”, tratado filosófico e matemático propondo as bases 
do racionalismo.
Isaac Newton
Filósofo, físico, matemático, astrônomo, alquimista e teólogo inglês, foi considerado o “Pai da 
Física e da Mecânica Modernas”, do qual desenvolveu diversos conhecimentos nas áreas da 
matemática, física e filosofia natural. Estudou o movimento dos corpos propondo as três “Leis de 
newton”.
Leonardo da 
Vinci
Inventor, matemático, engenheiro e artista italiano, foi considerado um dos mais proeminentes 
gênios do Renascimento e da história da humanidade. Avançou em diversos estudos sobre a 
anatomia humana, e inventou o paraquedas, a máquina de voar, o submarino, o tanque de guerra, 
dentre outros.
Fonte: https://centrodemidias.am.gov.br/storage/lessons_content/19J1HIS0011.2.pdf.
Sugestão de estudo
O advento da ciência moderna: conhecimentos válidos para uma nova ordem. Disponível em: https://
jondisonrodrigues.blogs.sapo.pt/10097.html.
Cultura, Religiosidade e Tecnologias na Modernidade Ocidental. Disponível em: https://centrodemidias.am.gov.br/
storage/lessons_content/19J1HIS0011.2.pdf.
Saiba mais
Para aprofundar mais sobre as características da ciência moderna, leia o pequeno texto “O Nascimento da Ciência 
Moderna”, de Me. Cláudio Fernandes:
A Ciência Moderna, isto é, a ciência que conseguiu articular o método de observação e experimentação com o uso de 
instrumentos técnicos (sobretudo o telescópio e o microscópio), começou a se desenvolver, propriamente, na Europa 
do século XVI. O nascimento dessa ciência nova é tido por muitos historiadores como uma revolução, haja vista que 
no mundo antigo e no mundo medieval as investigações sobre fenômenos naturais (terrestres e celestes), organismos 
vivos, dentre outras coisas, não se valiam do uso da técnica e não concebiam o universo como algo composto de uma 
mesma matéria uniforme, suscetível à corrosão e à finitude.
O universo, melhor dizendo, o mundo, para os antigos e medievais, era um sistema fechado, com estrutura muito 
bem definida e harmônica, grosso modo: um cosmos. Havia, segundo a terminologia aristotélica, o mundo sublunar 
(abaixo das esferas celestes e da Lua), isto é, terreno e finito – cheio de imperfeições, e o mundo supralunar, cujos 
corpos celestes não poderiam ter as mesmas imperfeições que os terrenos. Tal concepção foi absorvida pelos 
doutores da Igreja Católica em uma complexa e muito fértil combinação da doutrina da criação e investigação da 
natureza. Soma-se a essa combinação a perspectiva cosmológica desenvolvida por Ptolomeu, que concebia a Terra 
como sendo o centro desse cosmos harmônico.
Com o chamado Renascimento Cultural, que se deu em várias regiões da Europa entre os séculos XIV e XVI, houve 
um intenso intercâmbio de conhecimento a respeito de antigos tratados sobre astronomia e física, bem como o 
aperfeiçoamento de instrumentos de navegação, como a luneta

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