Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Embriologia Animal Sistema genital 1 Universidade de Brasília (UnB) Universidade Aberta do Brasil (UAB) Aula 17: Morfogênese e organogênese do sistema genital Síntese: Formação das gônadas e formação comparada da genitália externa nos mamíferos Embriologia Animal Sistema genital 2 Sumário Informações gerais da aula 1- Objetivos: geral e específicos 2- Conteúdo da aula: Morfogênese e organogênese do sistema genital 2.1- Introdução 2.2- Sistema genital indiferenciado. 2.3- Sistema genital masculino. 2.4- Sistema genital feminino. 2.5- Diferenciação da genitália externa. 3- Metodologia 4- Atividades de aprendizagem 5- Avaliação da aprendizagem 6- Bibliografia 1- Objetivos 1.1- Objetivo geral Definir e compreender os processos envolvidos na formação do sistema genital. Embriologia Animal Sistema genital 3 1.2- Objetivos específicos 1.2.1- Identificar as estruturas presentes no sistema genital indiferenciado. 1.2.2- Caracterizar as estruturas e o processo de formação do sistema genital masculino. 1.2.3- Caracterizar as estruturas e o processo de formação do sistema genital feminino. 1.2.4- Caracterizar as estruturas e o processo de formação e diferenciação da genitália externa. 2. Conteúdo da aula: Morfogênese e organogênese do sistema genital 2.1- Introdução O sexo genético de um embrião é estabelecido na fertilização, porém o sistema genital inicial é semelhante nos dois sexos, pois as gônadas somente começam a ter características sexuais específicas a partir da sétima semana. Este primeiro período do desenvolvimento genital que tem início na 5ª semana é chamado de indiferenciado, pois as gônadas e a genitália externa não apresentam características masculinas ou femininas distintas até a 12ª semana. Durante esse estágio indiferenciado, o embrião está potencialmente apto para se desenvolver tanto como masculino como feminino, porém já está determinado o seu sexo desde a fecundação o que não permite um desenvolvimento ao acaso. A origem do sistema genital tem início com o desenvolvimento das gônadas, a partir da diferenciação do epitélio mesodérmico em epitélio celomático e, posteriormente em epitélio superficial, que na região da crista gonadal, localizada medialmente se expande para o epitélio subjacente. Quase que ao mesmo tempo, ao final da quarta semana, formam-se as células germinativas primordiais na parede da Embriologia Animal Sistema genital 4 vesícula vitelina, no endoderma que migram para a crista gonadal em desenvolvimento, onde se diferenciam de células germinativas para espermatogônias e ovogônias, em machos e fêmeas respectivamente. O principal fator determinante testicular, FDT, do sexo gonadal, o gene SRY, localiza-se na região do braço curto do cromossomo Y e também tem como papel direcionar a diferenciação testicular. Outros estudos confirmam a existência de outros fatores envolvidos no complexo processo de determinação gonadal, passando pelo já clássico SRY e ressaltando os principais genes candidatos a participarem desta verdadeira cascata de determinação gonadal. Os genes candidatos se avolumam e têm mostrado os vários caminhos por onde passam este processo chave da diferenciação sexual, ou seja, a diferenciação de um testículo ou de um ovário. O montante destes genes WT1, SF-1, e SOX9, estão ali localizados e, também relacionados às funções do SRY. Além deles, outros genes, WNT4 e, DAX-1, estão envolvidos com o desenvolvimento do ovário e dos dutos paramesonéfricos ou de Muller; apresentam suas interdependências e a ativação de promotores de mais genes, como promotor do gene do hormônio antimülleriano. Apesar da lista destes genes ter crescido nos últimos tempos, ainda restam muitas interrogações e, portanto muitas pesquisas deverão ser desenvolvidas para que se esclareça com maior precisão este passo crucial no mecanismo de diferenciação sexual. 2.2- Formação do sistema genital indiferenciado Como já afirmado, o desenvolvimento sistema genital inicial em ambos os sexos são semelhantes, passando por um período indiferenciado. O desenvolvimento das gônadas é derivado do mesênquima mesodérmico e das células germinativas; as gônadas indiferenciadas são formadas por uma região externa, cortical e outra medular, interna. O desenvolvimento gonadal consiste em um espessamento da crista gonadal, na região medial de cada ducto mesonefro. A Figura 1 ilustra o desenvolvimento inicial humano, quando ainda Embriologia Animal Sistema genital 5 Figura 1 – Desenvolvimento inicial e diferenciação das gônadas, em humanos. (MOORE, 2010) Embriologia Animal Sistema genital 6 os embriões apresentam de 9 a 10 mm de comprimento, caracterizando com um aumento em espessura, do epitélio celomático, que recebe por migração de 100 a 300 células germinativas primordiais provenientes da vesícula vitelina, via mesentério. O desenvolvimento do esboço gonadal está estreitamente ligado à regressão dos ductos mesonefros. Cordões de células epiteliais dos túbulos mesonéfricos e das cápsulas glomerulares em degeneração, invadem a área da crista gonadal agrupando-se em torno das células germinativas para formar os cordões sexuais primitivos. Estes cordões estabelecem desde o princípio uma rede epitelial entre a crista gonadal e os túbulos mesonéfricos que consistem em formações digitiformes, denominados cordões sexuais primários, que logo crescem a partir das no mesênquima subjacente. A gônada indiferenciada consiste agora de um córtex externo e uma medula interna. Ver Figura 1 Os dados mais significativos sobre a origem dos cordões sexuais foram obtidos a partir do estudo da gonadogênese em ovinos e bovinos, cujos representantes da espécie possuem néfrons grandes e bem visíveis ocupando a metade cranial dos ductos mesonefros, portadores de uma cápsula multissegmentada que dá origem a vários túbulos. Quando este néfron se desorganiza, as células epiteliais da cápsula colonizam a crista gonadal e formam os cordões sexuais primários que caracterizam o período indiferenciado da gonadogênese. 2.3- Formação do sistema genital masculino. O sexo genotípico é determinado na fecundação a partir do espermatozóide X ou Y, no entanto, o sexo gonadal será estabelecido mais tarde. Desta forma, os embriões passam por um período máximo, dependo da espécie em questão, de aproximadamente 35 dias nos machos e 45 dias na fêmea apresentando a estrutura gonadal indiferenciada. Conforme MORAES (2004), a diferenciação inicia-se no bovino quando o embrião mede entre 2,5 e 3,0 cm e no suíno entre 2,0 e 2,5 cm. Os cordões corticais na fêmea e os medulares nos machos originam as células intersticiais e as estruturas tubulares, sendo assim, se o indivíduo em questão for XY, portanto macho, os cordões sexuais primários invadem a medula, se diferenciando em testículo, com a formação Embriologia Animal Sistema genital 7 de espermatogônias primordiais e a regressão da córtex. Se, por outro lado, for XX, uma fêmea, os cordões sexuais secundários do córtex se desenvolvem geralmente se diferenciando em um ovário e a medula regride. As células germinativas primordiais, se diferenciarão em novos tipos celulares tanto em machos como em fêmeas. Estas células sexuais primitivas são esféricas, de grandes tamanhos e visíveis já no início da quarta semana de desenvolvimento, na parede da vesícula vitelina. Sua migração, mais tarde ao longo do mesentério dorsal do intestino posterior para as cristas gonadais permitirá a sua incorporação aos cordões sexuais primários. O gene organizador testicular está localizado no cromossomoY em uma região denominada fator de determinação testicular, ou simplesmente, TDF, localizado no braço curto do cromossomo é o responsável pela diferenciação gonadal. No momento em que as células primordiais indiferenciadas migram para a crista genital do embrião, são orientadas pelo TDF para a ocupação e formação da gônada masculina. Na ausência do TDF, o desenvolvimento estará comprometido, pois não haverá formação da estrutura típica masculina e nem mesmo feminina, já que esta também depende da expressão de genes específicos. Após muitas tentativas de se identificar o fator que sinaliza para a gônada indiferenciada seguir seu caminho para testículo, chegaram- se a um segmento no braço curto do cromossomo Y, localizado entre o gene ZFY (zinc-finger protein, inicialmente caracterizado como o TDF) e a região pseudoautossômica. Uma sub-região de 35kb nesse segmento contém um gene com um único éxon, que codifica uma proteína de 223 aminoácidos, com um domínio de ligação ao DNA de 80 aminoácidos com homologia aos fatores de transcrição nuclear humanos, pertencente ao grupo de proteínas de alta mobilidade (High Mobility Group - HMG). Após ligar-se a uma proteína nuclear chamada SIP-1 (SK-interacting- protein 1), o SRY provoca um encurvamento de 82° no DNA, o que media seus efeitos. (DAMIANI et al, 2000) O gene SRY é específico do cromossomo Y e, estabelece o papel determinante na formação do testículo, o perfil de expressão do SRY está de acordo com a função do TDF, onde os mRNAs do SRY são identificados na gônada do feto exatamente no momento de sua diferenciação, quando pode ser observado a formação das primeiras células de Sertoli. Embriologia Animal Sistema genital 8 O gene do fator esteroidogênico 1, SF-1, localizado no cromossomo 9, é um dos responsáveis pela diferenciação gonadal masculina, este gene possui o papel de regular a função endócrina no H-H-G e é expresso em momentos cruciais tais como: na gônada bipotencial antes da determinação testicular, nas células de Sertoli regulando a expressão do gene do hormônio antimülleriano (HAM) e nas células de Leydig na regulação da produção dos hormônios esteróides. Nos embriões com um cromossomo Y, o gene SRY, o FDT induz os cordões sexuais primários a se condensar e se ramificar penetrando na medula da gônada indiferenciada, local em que ocorre a ramificação de suas extremidades e a anastomose para formar a rede testicular. Os cordões sexuais, dão origem aos túbulos cordões seminíferos, ao perderem suas conexões com o epitélio germinativo e a túnica albugínea. Os cordões seminíferos se diferenciam e formam os túbulos retos, a rede testicular e os túbulos seminíferos. Este sistema tubular, derivado dos ductos mesonéfricos, apresentam suas extremidades conectadas com a rede de testicular, que se continua para o meio externo pelos ductos eferentes. As células de Sertoli produzem a substância inibidora de Müller, que inibe o desenvolvimento dos primórdios dos ductos genitais femininos a partir dos ductos paramesonéfricos. O mesênquima que separa os túbulos seminíferos formam as células de Leydig que atuam na produção de hormônios masculinizantes dentre eles a testosterona, que induz a diferenciação da genitália externa masculina. O bloqueio do desenvolvimento dos ductos paramesonéfricos no organismo masculino também é resultado da atuação destes hormônios masculinizantes. Na Figura 2 A é mostrado o desenvolvimento dos túbulos seminíferos e da rede testicular a partir da gônada em formação e, do epidídimo a partir da porção da estrutura mesonéfrica. Em 2B, é mostrado o ducto paramesonéfricos, estrutura persistente no organismo feminino que irá formar as tubas uterinas enquanto que os cordões medulares sofrerão degeneração. No testículo definitivo, as células germinativas primordiais se diferenciam em espermatogônias, que estão localizadas na parede dos túbulos seminíferos associadas às células de Sertoli que atuam no processo da divisão meiótica para a formação do gameta masculino. Embriologia Animal Sistema genital 9 Figura 2 - Início da diferenciação das gônadas masculinas e femininas. Adaptado de (DREWS, 1998). Em resumo, as células germinativas primordiais formam as espermatogônias, o epitélio superficial, as células de Sertoli e o mesênquima, as células intersticiais de Leydig. Grande parte do rim mesonéfrico degenera restando apenas sua porção terminal representada pelo ducto mesonéfrico remanescente deste processo que irá participar da formação de partes dos sistemas genital e urinário. Assim, na Figura 3 pode ser acompanhado o processo de diferenciação desta região. Embriologia Animal Sistema genital 10 Figura 3 - Degeneração do ducto paramesonéfricos e separação das vias urinárias e genitais masculinas. (DUMM, 2006). A porção cranial do ducto mesonéfrico origina o epidídimo, enquanto que as porções média e distal dão origem ao ducto deferente cuja porção terminal, o ducto ejaculatório que desemboca na futura uretra prostática. Na porção terminal do ducto mesonéfrico forma-se um divertículo que irá se diferenciar na vesícula seminal; o seio urogenital, estrutura em verde na Figura 3, também irá sofrer midificações Embriologia Animal Sistema genital 11 conforme segue: a porção cefálica formará a bexiga urinária enquanto que a porção caudal as uretras prostática e membranosa. A formação da próstata se dá a partir do crescimento e diferenciação de brotos epiteliais da uretra prostática enquanto que as glândulas bulbouretrais se formam por evaginações pares da porção membranosa da uretra. Com o desenvolvimento da gônada masculina ocorre a separação do mesonefro que degenera, assim um mesênquima de tecido conjuntivo se desenvolve e prendendo a gônada à edorsal do abdome. A porção caudal dessa estrutura conjuntiva forma um ligamento chamado gubernáculo (gubernaculum testis) que une os testículos às saliências labioescrotais. Com o crescimento desproporcional da pélvis e do tronco do embrião, o gubernáculo, que cresce pouco, provoca uma tração nos testículos levando-os para a bolsa escrotal. Inicialmente o testículo é intra-abdominal e sua descida para a bolsa escrotal se dá pelos canais inguinais por ação do gubernáculo presente nas laterais do abdome que se conecta ao polo inferior dos testículos e prendendo-se à superfície interna da saliência labioescrotal. Com a evaginação do peritônio, forma-se o processo vaginal, que se desenvolve-se projetando-se pela parede abdominal ao longo do próprio gubernáculo. Cada processo vaginal traciona consigo extensões das camadas da parede abdominal, formando os canais inguinais. O processo de descida testicular é controlado por andrógenos produzidos pelos testículos já na fase fetal. Neste processo, os testículos passam externamente ao peritônio e ao processo vaginal atingindo a bolsa escrotal. Com a degeneração do gubernáculo, o testículo ganha mobilidade na bolsa escrotal. A descida ocorre geralmente um pouco antes do parto porém em algumas espécies somente se concretiza após o nascimento. Em cães, por exemplo, a descida que é lateral ao pênis deve ocorrer de 8 a 10 dias antes do nascimento, mas em alguns casos pode ser pós natal. Em bovinos e suínos descem entre 100 e 110 dias, antes e em equinos descem no último mês de gestação (MORAES, 2004). Em humanos recém nascidos, é possível observar a comunicação entre o processo vaginal e a cavidade peritoneal através de um pedúnculo estreito. Com o passar do tempo, porém, os canais inguinais contraem-se em torno do cordão espermático, cujo envoltório é originado a partir das camadas da parede abdominal, assim como o processo vaginal origina a túnica vaginal. Este processo pode visto na Figura 4. EmbriologiaAnimal Sistema genital 12 Figura 4: Formação dos canais inguinais e descida dos testículos. (MOORE, 2010) Embriologia Animal Sistema genital 13 2.4- Formação do sistema genital feminino. Na ausência do cromossomo Y e na presença de dois cromossomos X, o WNT4 é o principal gene que que atua na sinalização e na expressão que é comandada pelo DAX-1 na diferenciação dos ovários. Sendo assim, os ductos mesonéfricos sofrem regressão enquanto que o os paramesonéfricos diferenciam-se em útero e tubas uterinas; a vagina, por sua vez, se desenvolve a partir do seio urogenital. O desenvolvimento do ovário se dá a partir da 10º semana com a modificação caraterística do córtex, momento em que os cordões sexuais primários deixam de desenvolver em embriões femininos. A rede ovariana, passa a ser uma estrutura rudimentar transitória da rede testicular feminina pela ausência de hormônios sexuais masculinos. No período fetal, formam-se também os cordões sexuais secundários ou cordões corticais, que se estendem da superfície epitelial para o mesênquima subjacente. Esses cordões fragmentam-se formando os folículos primordiais¸ que logo regridem-se enquanto, há nova proliferação deste mesmo epitélio germinativo que adentra ao mesênquima, para forma os folículos definitivos agora por ação hormonal feminina. A incorporação das células germinativas primordiais somente é possível devido ao aumento do tamanho desses cordões, que se desagregam em grupos celulares isolados constituindo-se nos folículos primários, que contém as ovogônias derivadas das células germinativas primordiais. Portanto é no ovário que as células primordiais diferenciam-se em ovogônias, e o epitélio superficial, às células foliculares. A partir do mesênquima formam-se os vasos, tecido conjuntivo do ovário e células das tecas interna e externa. Durante a vida fetal, ocorre mitose ativa das ovogônias produzindo milhares dessas células germinativas primitivas. Ver Figura 1. Não há formação de ovogônias após o nascimento, exceto em um grupo restrito de animais como em hamsters por exemplo, na maioria dos demais todas as ovogônias tornam-se ovócitos primários antes do nascimento. Os ductos mesonéfricos atrofiam-se, degeneram-se e desaparecem, enquanto que os ductos paramesonéfricos desenvolvem-se tendo em sua porção cranial a formação da tuba uterina, a abertura para a cavidade celomática desenvolve-se irregularmente, formando o pavilhão da tuba, a extremidade caudal do futuro útero forma o Embriologia Animal Sistema genital 14 Tuberculo de Müller, que consiste em uma saliência maciça onde com o seu espessamento formará a lâmina lâmina epitéliovaginal a a partir do seio urogenital. osteriormente, tanto a lâmina vaginal como a porção sólida da extremidade dos condutos de Müller, fundidos, canalizam- se, formando a vagina. O gene do AMH contém cinco éxons expressos como um mRNA de 2kb e é mapeado no braço curto do cromossomo 19. Atua na regressão dos ductos de Müller, impedindo a formação de tubas uterinas, do útero e de 1/3 proximal da vagina por um processo de apoptose. Dentre outras funções por exemplo, ao se expor indevidamente um feto feminino ao AMH, ocorre alterações morfológicas ovarianas, mudando a diferenciação para testículo, cujo efeito é possível ser reproduzido em cultura de órgão. Com a inibição da aromatase, o AMH induz o ovário a produzir testosterona, ao invés de estradiol, e isso significa uma reversão sexual endócrina. Além disso, sua presença diminui o número de receptores de LH, opondo-se à biossíntese de progesterona que é induzida pelo fator de crescimento epidérmico. Na ausência do AMH, há comprometimento crítico na esteroidogênese ovariana. No ovário, vários genes autossômicos estão envolvidos, ligados aos cromossomos sexuais participando ativamente, no processo, como ocorre com o SF-1 que, pode estar agindo juntamente com o WT1, que por sua vez ativa o promotor de AMH. Deve haver um controle, possivelmente comandado por um ou mais genes, permitindo que todo o processo embrionário tenha início no zigoto culminando na formação de um indivíduo normal, masculino ou feminino. Defeitos associados a mutações do gene WT1 e os associados a anormalidades da porção distal do braço curto do cromossomo 9 poderiam levar a um retardo na diferenciação da prega gonadal. No sexo feminino, com a formação do vestíbulo vaginal, a porção alta do seio urogenital torna-se menos profunda, trazendo à superfície as aberturas urinária e genital, que ficam assim separadas. Na Figura 5 são mostrados os percursos na trajetória de diferenciação de estruturas masculinas e femininas de um embrião Embriologia Animal Sistema genital 15 Figura 9: Desenvolvimento dos sistemas reprodutores masculino e feminino a partir do seio urogenital e ductos genitais. (MOORE, 2010) Embriologia Animal Sistema genital 16 A morfologia do útero varia notavelmente entre os mamíferos devido à amplitude com que acontece a fusão dos ductos paramesonéfricos. Nos monotremados e na maioria dos marsupiais os ductos não se fusionam e desembocam independentemente no seio urogenital. Grande parte dos roedores e lagomorfos tem um útero duplo formado por dois cornos que desembocam por colos separados em uma vagina comum. O restante dos mamíferos domésticos apresenta um útero bicórneo em que os cornos uterinos se unem para formar o corpo do útero que se abre na vagina por meio da cérvix. As aberturas dos cornos no corpo uterino podem estar em seu interior total ou parcialmente separado conforme mostrado na Figura 6. Na formação da vagina há derivação do endoderma do seio urogenital (estrutura embrionária indiferenciada), enquanto a parede muscular forma-se a partir do mesênquima circundante. O contato entre o primórdio uterovaginal e o seio urogenital forma o tubérculo do seio ou de Müller, e este é induzido à formação de evaginações pares endodérmicas. Estas estruturas crescem caudalmente fundindo-se originando a placa vaginal que, mais tarde, por apoptose celular dão espaço à luz da vagina. O terço superior da vagina tem origem endodérmica, derivado do primórdio uterovaginal enquanto que os dois terços inferiores, mesodérmica, derivados do seio urogenital. Por outro lado, muitos acreditam que todo o revestimento da vagina seja derivado do seio urogenital e, consequentemente, da placa vaginal. Embriologia Animal Sistema genital 17 Figura 6 - Morfologia de úteros de diferentes mamíferos. (NODEN, 2001) Embriologia Animal Sistema genital 18 Até o final da vida fetal, a luz da vagina é separada da cavidade do seio urogenital por uma membrana – o hímen. Ele é formado pela invaginação da parede posterior do seio urogenital, resultando da expansão da porção caudal da vagina. O hímen normalmente rompe-se nos primeiros sete de vida permanecendo como uma fina camada de mucosa ao redor da entrada da vagina. As glândulas acessórias femininas nascem brotos da uretra que penetram o mesênquima circundante e formam as glândulas uretrais e as parauretrais, correspondentes à próstata, elas produzem a enzima PDE5, que atua na excitação feminina. Projeções do seio urogenital formam as glândulas vestibulares maiores ou glândulas de Bartholin, que tem a função de efetuar a lubrificação do canal vaginal, preparando-o para o ato sexual. São homólogas às glândulas bulbouretrais masculinas. 2.5- Diferenciação e formação da genitália externa. Em humanos, até a sétima semana de gestação, a genitália externa do feto encontra-se em um estado indiferenciado, em um estado assexuado. O tubérculo genital já é formado na quarta semana, com a proliferação célulasdo mesênquima, que é uma estrutura comum para ambos os sexos, localizada na porção cranial da membrana cloacal. Ele se alonga para formar a estrutura do phalus. Também desenvolvem-se lateralmente à membrana cloacal as saliências labioescrotais ou genitais e pregas urogenitais ou uretrais se desenvolvem de cada lado da membrana cloacal. Na sexta semana, o septo urorretal cresce em direção à membrana cloacal dividindo-a dorsalmente na membrana anal, e ventralmente na membrana urogenital. Estas membranas se rompem cerca de uma semana depois para formar o ânus e a abertura urogenital, respectivamente. Ver Figura 7 À medida que cresce e alonga-se para formar o pênis, o phalus traciona as pregas urogenitais para formar as paredes laterais do sulco uretral na superfície ventral do pênis. Este sulco é revestido por uma proliferação de células endodérmicas, a placa ou lâmina uretral. As pregas urogenitais fundem-se umas às outras ao longo da porção ventral do pênis, formando a uretra esponjosa. As pregas urogenitais Embriologia Animal Sistema genital 19 Figura 11: Diferenciação da genitália externa masculina e feminina. (MOORE, 2010) Embriologia Animal Sistema genital 20 (ectoderma) se fundem no plano mediano do pênis, dando origem à rafe peniana e encerrando em seu interior a uretra com revestimento endodérmico. Na ponta da glande, forma-se um cordão de células ectodérmicas por invaginação chamado placa glandular, que cresce em direção à raiz do pênis até encontrar a uretra esponjosa. Ali, o cordão se canaliza, forma a fossa navicular e se junta à uretra. A placa glandular, então, completa a parte terminal da uretra, deslocando o orifício uretral para a ponta da glande. Semelhante ao que ocorre na formação da placa glandular, uma invaginação ectodérmica ocorre na glande do pênis, porém na periferia deste. Quando esta invaginação se rompe, há a formação do prepúcio – uma prega que recobre a glande. Porém, este rompimento normalmente só ocorre na infância. O corpo cavernoso e o corpo esponjoso do pênis nascem do mesênquima do phalus. As saliências labioescrotais se unem para formar o escroto e a linha de fusão dessas estruturas forma a chamada rafe escrotal. (MOORE, 2010). Ver Figura 7 A diferenciação da genitália feminina a partir da genitália indiferenciada não depende da influência de um hormônio sexual - diferentemente do que acontece no homem. O crescimento do falo cessa gradualmente e ele torna-se o clitóris, um órgão sexual sensível. Tal órgão se desenvolve semelhantemente ao pênis, porém as pregas urogenitais só se fundem na parte posterior, onde se juntam para formar o freio dos lábios menores. As partes não fundidas vão constituir os lábios menores. Já as saliências labioescrotais fundem-se posterior e anteriormente para formar a comissura labial posterior e o monte pubiano, respectivamente. A maior parte das saliências labioescrotais que permanece não-fundida vai formar duas dobras de pele chamadas lábios maiores, estruturas homólogas ao escroto. (MOORE, 2010), Figura 7 3- Metodologia Leitura atenta dos conteúdos da aula e redação das respostas. Nem sempre somente essa leitura será suficiente, portanto, para melhor compreensão do assunto complemente a leitura com a bibliografia indicada e com os conteúdos adquiridos em outras disciplinas já estudadas. Embriologia Animal Sistema genital 21 O recurso fundamental para o seu estudo e para as respostas da atividade é este guia de aula, nele encontrarão a maior parte das informações sobre a morfogênese e organogênese do sistema genital. É importante ressaltar que para se adquirir conhecimentos mais aprofundados e críticos e respostas mais completas das atividades propostas é necessário apoiar em outras informações contidas não somente na bibliografia indicada, mas também de outras bibliografias de áreas complementares em particular de citologia, anatomia, histologia e fisiologia. 4- Atividade de aprendizagem Responder as quatro questões propostas após o texto explicativo. Para responder as questões das atividades propostas é necessário estar atento aos objetivos da aula, pois eles serão os guias e suportes correções de cada uma das respostas. Como já afirmado anteriormente, para responder as atividades é necessário leitura complementar que está indicada na bibliografia da aula ou da disciplina, além de conteúdos de outras disciplinas da área de Morfologia e Fisiologia. Questões 4.1- Explicar a formação do sistema genital indiferenciado. 4.2- Explicar a formação das gônadas e vias genitais masculina. 4.3- Explicar a formação das gônadas e vias genitais feminina. 4.4- Explicar a formação da genitália externa. Embriologia Animal Sistema genital 22 5- Avaliação da atividade Esta atividade tem valor de 10 pontos sendo, cada resposta com valor máximo de 2,5 que deverá ser original, redigida em no mínimo em 10 e máximo em 20 linhas e não serão aceitas cópias de textos, livros ou similares. Caso seja enquadrado nesta situação será atribuída nota zero para a atividade além de poder haver punição por plágio. 6- Bibliografia 1- DAMIANI, D., DICHTCHEKENIAN, V., SETIAN, N. O Enigma da Determinação Gonadal - O Que Existe Além do Cromossomo Y? ; Arq. Bras. Endocrinol. Metab. v.44 , n.3, 2000. Acesso em 11/11/2012. Disponível em: < http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0004- 27302000000300010>. 2- DREWS, U. Atlasde poche d’embryologie. 1. ed. Paris: Flammarion Médicine-Sciences, 1998. 385p. 3- DUMM, C. G. Embriologia humana: atlas e texto. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2006. 401p. 4- GARCIA, S. M. L., CASEMIRO, G. F. Embriologia. 3. ed. Porto Alegre: ArtMed, 2012. 668p. 5- GILBERT, S. F. Biologia do desenvolvimento. 2. ed. Ribeirão Preto: Sociedade Brasileira de Genética, 1995. 563p. 6- MOORE, K, L., PERSAUD, T.V.N. Embriologia clínica. 9. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010. 536p. 7- MORAES, I.A. Embriologia do sistema genital. Universidade Federal Fluminense, Fisiologia veterinária, 2004. Acessado em 11/11/2012. Disponível em:<http://www.uff.br/fisiovet/Conteudos/embriologia.htm>. 8- NODEN, D. M., LAHUNTA, A. Embriologia de los animales domesticos. Zaragoza: Acribia, 2001. 399p. Professor Dr. Umberto Euzebio GEM/IB/UnB Matrícula UnB 148610 http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0004-27302000000300010 http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0004-27302000000300010 http://www.uff.br/fisiovet/Conteudos/embriologia.htm
Compartilhar