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1 Padrões de peso ao nascimento por idade gestacional no Brasil Carlos Eduardo Pedreira, BSc(Eng), PhD*†, Francisco Azeredo Pinto, MSc(Eng)‡, Silvia Porto Pereira, MD, PhD§ Elaine Sobral da Costa, MD, PhD , §|| Escola de Medicina , Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Brasil . † COPPE- Programa de Pós Graduação em Engenharia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Brasil. ‡ Departamento de Estatística, Universidade Federal Fluminense (UFF), Niterói , Brasil . §Instituto de Pediatria, Universidade Federal do Rio de Janeiro (IPPMG UFRJ), Rio de Janeiro, Brasil.| |Programa de Pós Graduação em Clínica Médica da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Brasil. Título abreviado: Padrões de peso ao nascimento por idade gestacional no Brasil Autor correspondente: Carlos Pedreira - carlosp@centroin.com.br Área do manuscrito: Ciências Biomédicas e Médicas Instituições: Universidade Federal do Rio de Janeiro; PEE-COPPE-UFRJ Av. Horácio Macedo, 2030, CT, Bloco H, 3 º andar Ilha do Fundão, Cidade Universitária, 21941-914 Rio de Janeiro; Brasil Universidade Federal Fluminense; Dept.de Estatística Rua Mário Santos Braga s/n, 24020-140 Niterói Instituto de Puericultura e Pediatria Martagão Gesteira, UFRJ Rua Bruno Lobo, 50, Ilha do Fundão, Cidade Universitária 21941-912 Rio de Janeiro 2 RESUMO. Introdução e Objetivos. Apresentamos um panorama atualizado de peso ao nascimento por idade gestacional, com base em quase 8 milhões de observações de uma população etnicamente mista. Este é o primeiro estudo abrangente com gráficos baseados em dados brasileiros. Esta contribuição pretende auxiliar os pediatras na classificação do crescimento fetal e fornecer uma referência para pesquisas de prognósticos e consequências dos padrões pequeno e grande para o parto por idade gestacional. A maioria dos dados de referência para avaliar o peso ao nascimento por idade gestacional sofre de tamanho de amostra insuficiente, especialmente em idades gestacionais mais baixas. Estudos populacionais com uma amostra de tamanho considerável referem-se a dados coletados há mais de 15 anos. Métodos: Nós realizamos um estudo populacional, com base em nascimentos em todos os estados brasileiros de 2003 a 2005. Os resultados foram baseados em 7.993.166 nascimentos de gravidez única. Construímos curvas suavizadas e tabelas gênero-específicas de 22 a 43 semanas completas de gestação para os percentis 3°, 5°, 10°, 25º, 50º, 90°, 95° e 97°. Resultados: As tabelas e as representações gráficas resultantes fornecem uma referência gênero-específica para acessar a distribuição de peso ao nascimento de acordo com a idade gestacional na população brasileira. Conclusões: Esta é a primeira referência populacional construída com dados de um país em desenvolvimento. Estas tabelas podem ser uma importante ferramenta para melhorar a avaliação clínica do crescimento em recém-nascidos. Palavras-chave: peso ao nascimento, recém-nascido, idade gestacional, crescimento fetal, pré-termo, pós-termo 3 INTRODUÇÃO Depois do artigo de Lubchenco (Lubchenco et. al. 1963) na década de sessenta, uma série de dados de referência para avaliar o peso ao nascimento de acordo com a idade gestacional têm sido propostos na literatura (Kramer et. al. 2001), (Zhang e Bowes, 1995), (Alshimmiri 2004), (Bonellie et. al. 2008), (Alexander et. al. 1996), (Shin et. al. 2005), (Skjærven et.al. 2000). A maioria desses artigos referem-se a dados de países desenvolvidos e nenhum dos estudos em países subdesenvolvidos ou em desenvolvimento são estudos populacionais. Apesar da importância óbvia dessas contribuições, algumas sofrem devido a problemas metodológicos (Kramer et. al. 2001), por exemplo: estudos não populacionais, referências unissex e amostras de tamanhos pequenos, o que é especialmente crítico para a idade gestacional baixa. Na verdade, alguns destes problemas derivam de desafios intrínsecos na construção de gráficos de peso ao nascimento por idade gestacional, por exemplo, a exigência de estudos populacionais e a necessidade de amostras de tamanho razoável, mesmo que para eventos esporádicos como pré-termos extremos. Além disso, deve ser levado em consideração, que algumas dificuldades decorrem diretamente dos documentos de registro de nascimento, dos quais em geral não se tem controle. Neste trabalho realizamos um estudo que resultou em uma referência gênero- específica de peso ao nascimento por idade gestacional. Foi baseado em um conjunto de dados, incluindo todos os recém-nascidos em todos os estados brasileiros entre 2003 e 2005. Estes são os primeiros gráficos abrangentes com dados brasileiros. Atualmente, a maioria das avaliações clínicas no Brasil são baseadas em dados internacionais. Representações gráficas, bem como tabelas para os 3º, 5º, 10º, 25º, 50º, 90º, 95º e 97º percentis são apresentados. O Brasil tem uma grande população e uma taxa de 4 natalidade bastante elevada, permitindo que os resultados sejam baseados em uma amostra de tamanho grande. Isto é particularmente importante para baixas idades gestacionais e para o cálculo de percentis mais extremos (3º, 5º, 95º e 97º), usados como pontos de corte para definir recém-nascidos grandes ou pequenos para sua idade gestacional. Embora constituído por um número consideravelmente grande de observações, nosso conjunto de dados abrange apenas o período de três anos, evitando possíveis efeitos indesejáveis devido a mudanças de padrão de peso ao nascimento no período considerado (Bonellie e Raab 1997), (Chike-Obi et. al. 1996). MÉTODOS Para este estudo, foram utilizados dados de nascimentos em todos os estados brasileiros de 2003 a 2005, fornecidos pelas certidões de nascidos vivos fornecidas pelo Sistema Único de Saúde (SUS). A emissão de certidões de nascidos vivos é obrigatória no Brasil e nascimentos não registrados são quase inexistentes e podem, portanto, ser desconsiderados. Nossos resultados basearam-se em 7.993.166 nascimentos de gestação única (4.093.316 recém-nascidos do sexo masculino e 3.899.832 do sexo feminino), após algumas exclusões. Recém-nascidos de gestações múltiplas (n = 169.373) e com grandes anomalias congênitas (n = 53.891) foram excluídos do conjunto de dados. Registros com grandes anomalias congênitas (817.867), idade gestacional (79.137), peso ao nascimento (52.967) e gestações múltiplas (15.467) também foram eliminados. Foram também eliminadas algumas (menos de 0,1%) medições obviamente errôneas. Além destas variáveis, o conjunto de dados também forneceu informações sobre etnicidade e paridade. Decidimos não utilizar estas informações, uma vez que a natureza patofisiológica das diferenças étnicas no crescimento fetal ainda não está clara (Kierans http://www.ncbi.nlm.nih.gov/sites/entrez?Db=pubmed&Cmd=Search&Term=%22Bonellie%20SR%22%5BAuthor%5D&itool=EntrezSystem2.PEntrez.Pubmed.Pubmed_ResultsPanel.Pubmed_DiscoveryPanel.Pubmed_RVAbstractPlus http://www.ncbi.nlm.nih.gov/sites/entrez?Db=pubmed&Cmd=Search&Term=%22Raab%20GM%22%5BAuthor%5D&itool=EntrezSystem2.PEntrez.Pubmed.Pubmed_ResultsPanel.Pubmed_DiscoveryPanel.Pubmed_RVAbstractPlus 5 et al.. 2008). Nos documentos de certidões de nascimento brasileiros, a idade gestacional registrada em semanas de gestação vem apresentada nas seguintes categorias: menos de 22, 22 a 27, 28 a 31, 32 a 36, 37 a 41 e mais de 41 semanas. A idade gestacional se refere ao intervalo, em semanas completas, entre a data da última menstruação da mãe (DUM) e o dia do parto. Este intervalo também pode ser estimado com base na ultrassonografia materna, no exame físico do recém-nascido ou em outro método. O manual de registros de nascimentos brasileiros recomenda o uso de DUM. Outros métodos, tais como estimativa de ultrassom e medidas obstétricas,podem, também, ter sido usados em alguns casos. Construímos curvas separadas e tabelas para recém-nascidos do sexo masculino e do sexo feminino para o 3º, 5º, 10º, 25º, 50 º, 90º, 95 º e 97º percentis de 22 a 42 semanas completas, fundamentadas em curvas suavizadas estimadas. As curvas e tabelas foram suavizadas por um método de interpolação com forma preservada por funções spline cúbicas (Fritsch e Carlson 1980), (Kahaner et. al. 1988) usando o programa de software MATLAB (Mathworks, Natick, MA). As diferenças relativas de percentuais entre os gráficos publicados anteriormente e o presente artigo são computadas para o 10º, 50º e 90º percentis utilizando os dados brasileiros como referência. As diferenças relativas de percentual foram calculadas como: 100 difference percentual Relative perc percperc Brazil OtherBrazil . Aqui, percBrazil representa os percentis brasileiros enquanto percOther são os percentis publicados por Kramer et. al. (2001), Zhang e Bowes, (1995), Alshimmiri (2004) e Bonellie et. al. (2008). Diferença Relativa Percentual Brasil Brasil Outro Brasil Outro 6 O comitê institucional de ética em pesquisa considerou que este estudo está isento de aprovação, uma vez que os dados estão publicamente disponíveis no site do governo brasileiro. RESULTADOS Na tabela 1 pode-se encontrar os 3º, 5º, 10º, 25º, 50º, 90º, 95º e 97º percentis de peso ao nascimento por idade gestacional dos recém-nascidos do sexo masculino e feminino, respectivamente. A figura 1 é a representação gráfica destes percentis. 7 Tabela 1. Peso ao nascimento (g) por Idade Gestacional, Todas as Gestações Únicas em População Brasileira de 2003 a 2005, Suavizada. Idade Gestacional (semanas) Percentis 3º 5º 10º 25º 50º 75º 90º 93º 97º Masc ulino Femi nino Masc ulino Femi nino Masc ulino Femi nino Masc ulino Femi nino Masc ulino Femi nino Masc ulino Femi nino Masc ulino Femi nino Masc ulino Femi nino Masc ulino Femi nino 22 328 331 348 359 388 388 468 457 576 566 690 677 827 786 888 864 926 903 23 400 395 410 417 451 443 532 516 651 633 788 764 925 883 987 964 1029 1002 24 466 453 470 473 517 500 603 581 735 709 894 862 1033 992 1096 1075 1161 1111 25 521 504 528 526 582 559 678 650 826 793 1007 969 1169 1110 1215 1196 1260 1230 26 564 544 579 571 642 616 754 721 922 885 1122 1084 1270 1235 1338 1324 1383 1356 27 601 580 628 613 702 671 836 798 1027 989 1244 1210 1601 1373 1673 1663 1515 1693 28 641 619 683 660 770 735 928 886 1166 1107 1380 1351 1549 1527 1624 1620 1665 1648 29 692 669 750 720 852 816 1037 990 1283 1244 1537 1511 1719 1702 1801 1799 1840 1829 30 768 741 840 804 960 918 1176 1124 1653 1612 1732 1706 1933 1918 2024 2024 2066 2057 31 889 857 978 938 1124 1080 1380 1326 1697 1656 2012 1984 2249 2234 2363 2358 2417 2405 32 1045 1007 1150 1109 1327 1281 1625 1569 1982 1941 2336 2302 2615 2594 2758 2742 2829 2810 33 1221 1177 1340 1298 1543 1697 1876 1819 2265 2222 2647 2604 2962 2930 3130 3099 3218 3187 34 1600 1350 1530 1685 1750 1700 2100 2040 2500 2450 2890 2835 3220 3170 3400 3350 3500 3450 35 1609 1553 1746 1693 1966 1910 2309 2246 2698 2637 3071 3004 3397 3325 3572 3504 3676 3608 36 1860 1796 1997 1933 2205 2160 2524 2459 2888 2816 3234 3156 3548 3456 3713 3630 3815 3733 37 2113 2042 2247 2171 2436 2361 2725 2656 3060 2976 3378 3288 3679 3567 3834 3736 3936 3834 38 2330 2256 2457 2372 2628 2545 2890 2816 3202 3105 3500 3397 3795 3664 3949 3833 4058 3941 39 2470 2400 2590 2500 2750 2660 3000 2910 3300 3190 3600 3480 3900 3750 4070 3930 4200 4050 40 2556 2492 2668 2577 2823 2728 3072 2964 3369 3248 3682 3545 3996 3828 4196 4027 4366 4168 41 2622 2564 2727 2636 2878 2780 3127 3004 3423 3292 3751 3598 4079 3895 4319 4117 4546 4284 42 2650 2600 2750 2660 2900 2800 3150 3020 3450 3310 3800 3630 4150 3950 4440 4200 4735 4440 8 Na tabela 2 apresentamos uma visão comparativa com respeito a alguns aspectos de projeto entre o presente artigo e outros estudos. É interessante notar que a maioria dos gráficos anteriores foram baseados em dados de países desenvolvidos e que os gráficos brasileiros foram construídos com quase 8 milhões de recém-nascidos, mais do que o dobro do tamanho da amostra dos maiores estudos iniciais. Figura 1. Representação gráfica do 3°, 5°, 10°, 25°, 50°, 90°, 95° e 97° percentis para o sexo feminino e para o sexo masculino Feminino Masculino ° ° ° ° ° ° ° ° ° ° ° ° ° ° ° ° ° ° 9 Tabela 2. Diferentes estudos publicados para avaliar o peso ao nascimento por idade gestacional Região n Gênero- específica Populacional Anos Brasil 7.993.166 sim sim 2003-2005 Escócia 5 100.133 sim sim 1998-2003 Coreia 7 118.538 sim não 2001 Kuwait 4 35.768 sim não 1998-2000 Noruega 8 1.800.000 sim sim 1987-1998 Canadá 2 676.605 sim sim 1994-1996 Estados Unidos 6 3.134.879 não * sim 1991 Estados Unidos 3 3.427.009 sim sim 1989 Estados Unidos 1 5.635 sim não 1948-1961 presente trabalho * apenas os valores do 10º percentil são fornecidos para os gêneros masculino e feminino Na tabela 3 pode-se encontrar uma tabulação comparativa das diferenças relativas de percentual para o 10 º, 50 º e 90º percentis para o sexo masculino entre quatro gráficos publicados anteriormente (Kramer et. al., 2001; Alshimmiri, 2004; Bonellie et. al., 2008; Alexander et. al., 1996) e o presente artigo, utilizado como referência. Na tabela 3, valores positivos e negativos refletem que os percentis brasileiros foram maiores ou menores, respectivamente, em comparação com as outras quatro referências. Números negativos indicam que os percentis são superestimados em comparação aos brasileiros, enquanto os valores positivos significam subestimação em relação aos percentis do estudo. Observe que todos os valores são representados em percentual. Por exemplo, a partir da tabela 3 para 40 semanas, o percentil 90 do sexo masculino seria superestimado em 4,1% se a referência (Bonellie et. al. 2008) fosse utilizada. 10 Tabela 3: Diferenças relativas de percentual em percentis para o gênero masculino (todos os valores estão em %). O presente trabalho foi tomado como referência. 10 º percentil 50 º percentil 90 º percentil Idade Gestacional (semanas) Kramer 2 Alexander 6 Alshimmiri 4 Bonellie 5 Kramer 2 Alexander 6 Alshimmiri 4 Bonellie 5 Kramer 2 Alexander 6 Alshimmiri 4 Bonellie 5 22 -3.5 3.0 22.6 - 16,9 13,9 -1.6 - 29.0 0.1 49.7 - 23 -5.2 2.5 23.6 - 9.6 10.6 -4.4 - 22.8 4.6 47.4 - 24 -5.8 3.6 17.6 15.2 6.1 8.3 -9.2 12.5 18.3 5.4 44.2 19.5 25 -6.0 4.2 8.6 10.6 3.8 5.7 -17.3 8.3 16.6 0.9 39.9 15.2 26 -6.8 2.7 0.7 7.2 1.5 2.5 -24.2 6.9 11.4 -7.3 35.2 13.5 27 -8.6 0.1 -3.1 2.3 -0.6 -0.8 -26.3 4.9 8.8 -16.7 31.1 11.4 28 -10.8 -3.7 -3.5 -3.9 -2.4 -4.4 -24.5 1.8 6.7 -27.6 28.7 8.3 29 -13.2 -8.6 -2.4 -8.9 -3.8 -8.7 -22.4 -0.5 5.2 -37.3 27.9 5.7 30 -16.5 -13.0 1.2 -11.2 -3.7 -12.7 -21.8 -0.8 4.9 -40.2 28.5 5.2 31 -12.0 -13.7 6.8 -9.1 -0.1 -13.0 -19.8 2.2 8.0 -32.8 31.3 8.2 32 -8.9 -12.7 8.6 -4.9 3.8 -11.1 -16.8 6.5 11.3 -22.4 33.6 12.3 33 -6.8 -11.8 6.5 -2.0 6.1 -8.5 -16.1 8.8 12.9 -13.8 33.9 16.3 34 -6.6 -11.4 3.1 -1.0 5.6 -6.7 -16.7 8.6 11.5 -8.8 31.7 13.2 35 -6.4 -9.8 0.9 -0.3 3.6 -4.9 -18.0 6.7 7.8 -5.9 27.7 9.8 36 -5.2 -6.7 -0.3 0.3 1,5 -3.0 -20.2 4.2 3.9 -3.4 23.4 5.5 37 -4.7 -4.3 -1.2 0.2 -0.6 -1.9 -20.2 1.6 0.4 -2.1 19.8 1.8 38 -5.2 -3.3 -1.4 -1.5 -2.8 -1.9 -19.2 -1.1 -2.2 -1.9 17.6 -1.0 39 -7.0 -3.7 -2.2 -3.8 -5.0 -3.0 -18.8 -3.3 -3.8 -2.1 16.4 -2.3 40 -9.1 -3.8 -3.1 -7.1 -7.2 -3.7 -18.9 -6.2 -5.1 -1.6 15.9 -4.1 41 -10.5 -2.4 -3.1 -10.0 -9.0 -3.0 -18.2 -8.9 -6.1 -0.4 16.2 -5.7 42 -11.5 -1.2 -2.9 -11.4 -10.6 -2.1 -17.4 -10.0 -6.8 1.3 17.4 -5.5 11 Seguindo o modo como as referênciassão publicadas por diferentes autores, para Bonellie 5 usamos a média entre nulíparos e multíparos para efeito de comparação. Apesar de (Alexander et. al. 1996) fornecer valores de 10º percentil para masculino e feminino, os dados não são gênero-específicos para a maioria dos percentis, e assim os mesmos valores foram utilizados nas tabelas 3 e 5. DISCUSSÃO Os gráficos de peso ao nascimento por idade gestacional são uma ferramenta essencial e que fornece informações relevantes para os pediatras, como, quais são os recém-nascidos que podem estar em maior risco de morbidade neonatal e subsequente mortalidade ou atraso no desenvolvimento. Neste artigo, apresentamos os primeiros gráficos abrangentes com dados brasileiros. A Tabela 2 permite uma visão comparativa do estudo brasileiro apresentado neste artigo e alguns dos gráficos publicados. Pode ser observado que os únicos estudos populacionais publicados com amostra de tamanho consideravelmente grande referem- se a dados coletados há mais de 15 anos. Do ponto de vista étnico, a população brasileira apresenta uma grande mistura. Nesse sentido, o presente estudo constitui um panorama do peso ao nascimento para a idade gestacional, de uma população mista, com base em quase 8 milhões de observações. A Tabela 3 deve ser vista com cautela, uma vez que os estudos além das diversidades étnicas e sócio-econômicas, também abrangem diferenças metodológicas substanciais entre si. No entanto, é interessante observar que o gráfico brasileiro produziu percentis mais baixos (valores negativos na tabela 3) para a maioria das semanas gestacionais, se comparado com (Alexander et. al. 1996). Além disso, o percentil 50º é geralmente maior para os dados brasileiros com idade gestacional muito baixa (até 26ª semanas) e 12 inferior para os dados a termo. Isto pode ser uma indicação de menores taxas de sobrevivência. Em geral, apesar das discrepâncias metodológicas e o desvio consequente esperado nos valores dos percentis, o gráfico brasileiro é bastante consistente com os estudos anteriores. As maiores divergências apareceram em relação aos gráficos de (Alshimmiri 2004), talvez explicadas pelo seu tamanho muito pequeno da amostra. Vários estudos demonstram preocupação com a avaliação errônea da idade gestacional para uma proporção de recém-nascidos (Kramer et. al., 2001; Bonellie et. al., 2008; Platt et. al. 2001; Oja et. al., 1991; Hutcheon e Platt, 2008). O erro de classificação pode produzir curvas que não são suaves ou não são biologicamente plausíveis. Efeitos indesejáveis como elevações em percentis extremos, especialmente em torno de 28 a 30 semanas, têm sido relatados (Kramer et. al. 2001), (Bonellie et. al. 2008). Não observamos essas distorções em nossas curvas, talvez por causa do grande tamanho da amostra. Esperamos que os gráficos apresentados sejam úteis aos médicos na classificação do crescimento fetal e possam contribuir como uma referência para investigações de prognósticos e consequências dos padrões pequeno e grande para a idade gestacional. Finalmente, algumas limitações devem ser reconhecidas. Nosso estudo é transversal, como qualquer referência de idade gestacional baseada na população. Possíveis desvios devido à falta de dados causados pela ausência dos pesos dos fetos ainda no útero (Hutcheon e Platt 2008) também é comum em todos os gráficos, incluindo o nosso. Finalmente, a determinação precisa da idade gestacional em estudos populacionais é um desafio aberto para todos os gráficos e a adequação prática de diferentes medidas é um problema de investigação interessante (Wingate et. al. 2007). http://www.ncbi.nlm.nih.gov/sites/entrez?Db=pubmed&Cmd=Search&Term=%22Hutcheon%20JA%22%5BAuthor%5D&itool=EntrezSystem2.PEntrez.Pubmed.Pubmed_ResultsPanel.Pubmed_DiscoveryPanel.Pubmed_RVAbstractPlus http://www.ncbi.nlm.nih.gov/sites/entrez?Db=pubmed&Cmd=Search&Term=%22Platt%20RW%22%5BAuthor%5D&itool=EntrezSystem2.PEntrez.Pubmed.Pubmed_ResultsPanel.Pubmed_DiscoveryPanel.Pubmed_RVAbstractPlus http://www.ncbi.nlm.nih.gov/sites/entrez?Db=pubmed&Cmd=Search&Term=%22Hutcheon%20JA%22%5BAuthor%5D&itool=EntrezSystem2.PEntrez.Pubmed.Pubmed_ResultsPanel.Pubmed_DiscoveryPanel.Pubmed_RVAbstractPlus http://www.ncbi.nlm.nih.gov/sites/entrez?Db=pubmed&Cmd=Search&Term=%22Platt%20RW%22%5BAuthor%5D&itool=EntrezSystem2.PEntrez.Pubmed.Pubmed_ResultsPanel.Pubmed_DiscoveryPanel.Pubmed_RVAbstractPlus 13 AGRADECIMENTOS Este trabalho foi parcialmente financiado por bolsas do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e pela Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (FAPERJ). 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