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IanCrofton-OPequenoLivroDaGrandeHistoriaMundo-141-230-píginas-64

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A	LONGA	ESTRADA	RUMO	À	TOLERÂNCIA
A	intolerância	 religiosa	é	quase	 tão	antiga	quanto	a	própria	 religião.	Quando	a
crença	se	baseia	na	ideia	de	uma	batalha	do	bem	contra	o	mal,	ela	pode	acarretar
um	senso	de	certeza	incontestável,	uma	convicção	de	que	qualquer	um	que	tenha
crenças	diferentes	seja	odioso	e	mereça	ser	condenado	à	morte.
A	 perseguição	 de	 dissidentes	 costuma	 acontecer	 quando	 a	 religião	 já	 está
institucionalizada.	 Sempre	 que	 isso	 ocorre,	 a	 per-seguição	 preserva	 o	 poder	 e
defende	 a	 doutrina.	 Em	 muitos	 casos,	 a	 religião	 institucionalizada	 tem	 sido
aliada	do	poder	do	Estado	 (ou	mesmo	controlada	por	 ele).	Um	dos	 títulos	dos
imperadores	 romanos	 era	 pontifex	 maximus,	 “sumo	 sacerdote”.	 Os	 romanos
toleravam	 uma	 variedade	 de	 religiões,	 muitos	 até	 se	 uniam	 a	 cultos	 como	 o
mitraísmo.	 Mas	 os	 primeiros	 cristãos	 foram	 vistos	 como	 uma	 ameaça:	 eles
atraíam	as	pessoas	sem	posses	e	falavam	sediciosamente	de	uma	construção	do
reino	de	Cristo	na	Terra.	Isso	resultou	em	perseguições	até	que	os	 imperadores
romanos	 decidiram	 adotar	 o	 cristianismo.	 Assim,	 a	 Igreja	 tornou-se	 um
instrumento	do	poder	do	Estado	e,	por	sua	vez,	perseguiu	as	minorias	religiosas
consideradas	hereges.
Às	 vezes,	 aqueles	 que	 estavam	 no	 poder	 reconheciam	 que	 a	 tolerância,	 o
pensamento	criativo,	a	inovação	e	o	pluralismo	contribuíam	para	uma	sociedade
mais	 feliz	 e	mais	próspera.	Na	China	 imperial,	 três	 religiões	–	 confucionismo,
taoismo	e	budismo	–	coexistiam	pacificamente.	Na	Índia,	no	final	do	século	16,
Akbar,	 o	 maior	 dos	 imperadores	 mogóis,	 procurou	 manter	 unido	 seu	 vasto
império	conferindo	 tolerância	 religiosa	a	 todos	os	 seus	 súditos,	 fossem	hindus,
siques	ou	jainistas,	mesmo	sendo	ele	muçulmano.	No	entanto,	um	século	depois,

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