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Movimento Caras-Pintadas e Manifesto

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Gramática e texto
Você já ouviu falar nos “caras-pintadas”?
Esse foi o nome pelo qual ficou conhecido o 
movimento estudantil brasileiro realizado no decorrer de 
1992, que teve como objetivo principal o impeachment do 
presidente Fernando Collor de Mello.
O movimento, que contou com a adesão de milhares 
de jovens em todo o país, baseou-se nas denúncias 
de corrupção contra o governo da época e, ainda, na 
insatisfação do povo em relação às medidas econômicas 
implementadas. O nome “caras-pintadas” referiu-se à 
principal forma de expressão e símbolo do movimento: as 
cores verde e amarelo pintadas no rosto dos manifestantes.
Neste módulo, vamos estudar um pouco mais a 
respeito do gênero manifesto.
EXPECTATIVAS DE APRENDIZAGEM:
– Compreender o manifesto como gênero textual;
– analisar os elementos básicos presentes no manifesto;
– entender o uso desse gênero como um instrumento de 
participação social.
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1. Construindo o conceito: manifesto
A educação e a cultura são áreas estratégicas dentro 
do projeto do desenvolvimento nacional e da cidadania. A 
escrita e a leitura constituem não só o mais forte amálgama 
entre elas, como também o caminho indispensável para 
a formação do cidadão crítico, emancipado, inserido em 
seu meio e capaz de modiicá-lo. Embora não seja a via 
única de acesso ao conhecimento e à informação – o que 
compartilha com outras linguagens, como a visual e a 
eletrônica –, o livro continua a ser a maior invenção do 
último milênio e a ocupar um papel central na sociedade.
A leitura gera condições para decodiicar, interpretar, 
compreender e se fazer entendido, criando, assim, as 
condições necessárias para o ser humano se comunicar 
com os seus iguais. Ao promover o seu desenvolvimento 
em todos os aspectos, o ato de ler o credencia a buscar 
maior participação social e política e a exercer sua 
cidadania em plenitude.
As conquistas e os avanços obtidos nos últimos anos 
nas esferas federal, estadual e municipal necessitam ser 
preservados, mas não só. Precisam ser ampliados e ganhar 
a dimensão que o tema merece. Programas e projetos de 
acesso ao livro e às outras formas de leitura, de formação 
de agentes multiplicadores (como os educadores, os 
Observe-se o manifesto a seguir, que circula pela 
internet e aborda a problemática da leitura no Brasil, para 
entender como funciona esse gênero textual.
Manifesto do povo do livro
O acesso ao livro e a outras formas de leitura – como 
jornais, revistas e internet – deve ser assegurado a toda a 
nação brasileira. Independentemente de credo, raça, faixa 
etária, necessidade especial, escolaridade ou condição 
econômica, todo brasileiro, como ser humano que é, 
deve ter garantido seu direito inalienável à leitura – como 
meio de transmissão do conhecimento, entretenimento, 
de desenvolvimento pessoal e proissional e, portanto, 
de cidadania.
Em um país como o Brasil – onde apenas um entre 
quatro habitantes está habilitado para a prática da leitura; 
onde nossas crianças ocupam os últimos lugares nos 
estudos internacionais sobre compreensão leitora; onde o 
índice nacional de leitura é de menos de dois livros lidos 
por habitante/ano; e onde a maior parte dos milhões de 
alfabetizados nas últimas décadas tornou-se analfabeta 
funcional –, a leitura precisa e deve ser tratada como uma 
prioridade nacional.
PORTUGUÊS E 
LINGUAGENS
177
8º AnoMódulo 1
bibliotecários e os voluntários), de valorização do ato de 
ler no imaginário coletivo e, ainda, de fortalecimento da 
economia do livro devem ser convertidos em política de 
Estado – acima dos governos e das pessoas.
Tornar a questão do livro e da leitura uma política 
pública significa aprofundar o vínculo das ações de 
educação e cultura e, sobretudo, dotar a área de uma 
estrutura administrativa e orçamentos capazes de atender 
às grandes demandas existentes. Os esforços feitos até 
agora pelos diferentes governos merecem o devido 
respeito, mas ainda são insuicientes para o Brasil começar 
a saldar essa dívida social com o cidadão e a cidadania, 
com o livro e a leitura.
O Estado deve garantir as condições necessárias de 
acesso ao livro gratuito aos seus cidadãos. A biblioteca é 
um serviço público e dever do Estado, tal como a saúde 
e a educação. [...] É, pois, fundamental e urgente que 
todos os municípios brasileiros tenham pelo menos uma 
biblioteca e que a rede existente – municipal, estadual, 
federal, escolar, universitária e comunitária – seja forta-
lecida e reequipada para atender ao cidadão brasileiro 
dentro dos padrões mínimos internacionais: com bons e 
diversiicados acervos de livros e outros materiais; pessoal 
qualiicado e estimulado; e recursos permanentes para 
manutenção, atualização, formação e fomento. A Lei do 
Livro, a Câmara Setorial e o Plano Nacional do Livro e 
Leitura (PNLL) devem ser aprofundados e ganhar maior 
efetividade, materializados em projetos, programas e 
investimentos, em todos os rincões do país, sobretudo 
nas áreas menos favorecidas.
Às vésperas de se comemorarem os 200 anos da 
criação da indústria do livro no país – que ocorreu em 
1808, com a instalação da primeira tipograia e editora, a 
Impressão Régia – faz-se urgente e indispensável tornar 
o Brasil uma nação verdadeiramente de cidadãos leitores. 
A prática social da leitura é, ainal, o caminho para o qual 
apontava a legião de brasileiros notáveis – integrada por 
escritores como Monteiro Lobato e tantos outros – como 
a estratégia de enfrentamento do drama da fome, da 
pobreza, da ignorância e da violência urbana para colocar 
o Brasil, aí sim, no rumo do desenvolvimento, da justiça 
social e da solidariedade. 
Brasil, set. 2006 
Disponível em: <www.culturaemercado.com.br>. Acesso em: 21 out. 2014 (adaptado). 
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O manifesto é um gênero textual que propõe a 
demonstração do pensamento de uma pessoa ou de um 
grupo a respeito de um assunto de interesse geral. Trata-se 
de um texto que denuncia a existência de um problema, 
objetivando alertar a comunidade ou conclamá-la a agir. 
Seu conteúdo é de natureza diversa, podendo ser social, 
político, cultural, religioso, econômico. Pretende-se, 
portanto, mobilizar o leitor a lutar por um problema já 
de seu conhecimento, ou que ele ainda não conhece, ou, 
ainda, alertá-lo sobre a possibilidade de uma situação 
problemática que pode vir a ocorrer. 
Com base na leitura do texto “Manifesto do povo do livro”, 
presente no início deste módulo, responda às questões a seguir:
 01 Airma-se, no início do manifesto, que “a leitura 
precisa e deve ser tratada como uma prioridade nacional”, 
mas é possível identiicar, no próprio texto, dados preo-
cupantes acerca da realidade brasileira no que se refere 
ao assunto. Cite três exemplos desses dados.
 02 Ao longo do texto, são apresentados argumentos 
consistentes acerca da importância da leitura e um deles 
diz respeito à comunicação e ao exercício da cidadania. 
Identiique-o.
 03 Apesar de reconhecer que houve avanços e conquistas 
nas esferas federal, estadual e municipal, o autor defende a 
ideia de que há a necessidade de ampliação do incentivo à 
leitura. Transcreva o trecho em que essa ideia ica evidente.
 04 A linguagem empregada em um manifesto pode 
variar conforme o estilo dos manifestantes, o público-alvo 
e o instrumento de divulgação. Indique que tipo de 
linguagem foi utilizada no manifesto lido.
178
8º Ano
PORTUGUÊS E LINGUAGENS
Módulo 1
 05 Imagine que sua turma tenha icado responsável por 
elaborar um projeto de incentivo à leitura para toda a escola 
e que o primeiro passo seria redigir um manifesto alertando 
sobre a situação da leitura em nosso país. Indique exemplos 
de argumentos que poderiam ajudar a convencer os demais 
alunos a participarem do projeto.
Manifesto contra o trabalho escravo e pela 
aprovação da PEC 438/01
As entidades abaixo-assinadas, representantes dos 
maisdiversos segmentos sociais e políticos que lutam 
contra a existência e a prática do trabalho escravo no 
Brasil, vêm a público externar seu posicionamento de 
repúdio contra todos os segmentos ainda capazes de 
praticar e acobertar tais práticas, tanto no meio rural 
quanto no meio urbano; ao mesmo tempo, exige do 
Parlamento brasileiro a imediata aprovação da Proposta 
de Emenda à Constituição – PEC no 438, de 2001 – que 
visa a expropriar terras em que for constatada a exploração 
do trabalho escravo.
A aprovação da PEC 438/01 é absolutamente impres-
cindível para que o Poder Legislativo brasileiro contribua 
efetivamente para a erradicação dessa chaga social que, 
em pleno século XXI, ainda persiste em vários estados 
e regiões de nosso país, tirando a dignidade de tantos 
trabalhadores e contribuindo para reforçar uma imagem 
negativa do Brasil na comunidade internacional.
A Constituição brasileira garante que toda proprie-
dade rural deve cumprir sua função social. Não pode e 
não deve ser utilizada como instrumento de opressão ou 
submissão de qualquer pessoa. Infelizmente, o que ainda 
se vê, principalmente nas regiões de fronteira agrícola, são 
trabalhadores reduzidos à condição de escravos, privados 
de seus mais elementares direitos como seres humanos.
Escravidão é uma violação dos direitos humanos e a 
sua utilização deve ser tratada como crime. Se um proprie-
tário de terras realiza essa prática, ele deve perdê-la, sem 
direito a nenhuma indenização. Essa medida pune aqueles 
que roubam a dignidade e a liberdade das pessoas.
É hora de abolir de vez essas práticas criminosas contra 
os trabalhadores. No ano em que se completam 120 anos 
da abolição da escravatura, os senhores e as senhoras 
congressistas podem modiicar a história de nosso país, 
garantindo liberdade e dignidade ao trabalhador brasileiro 
e votando contra o trabalho escravo e favoravelmente à 
PEC 438/01, que garantirá a expropriação de terras em 
que comprovadamente for lagrada a existência de mão 
de obra escrava.
Brasília, 21 de maio de 2008.
Entidades:
I. Subcomissão de Combate ao Trabalho Escravo no 
Senado Federal.
II. Subcomissão de Combate ao Trabalho Escravo, 
Degradante e Infantil na Câmara dos Deputados.
III. Secretaria Especial de Direitos Humanos. 
IV. Ministério Público do Trabalho. 
V. Procuradoria Geral do Trabalho.
VI. Secretaria de Inspeção do Trabalho – Ministério do 
Trabalho e Emprego.
VII. CNBB – Conferência Nacional dos Bispos do Brasil 
VIII. CPT – Comissão Pastoral da Terra.
IX. OIT – Organização Internacional do Trabalho.
X. Fórum Nacional da Reforma Agrária.
XI. Contag – Confederação Nacional dos Trabalhadores 
da Agricultura.
(...)
Disponível em: <reporterbrasil.org.br>. Acesso em: 21 out. 2014.
 01 É possível airmar que o título do manifesto evoca 
a atenção do público e adianta o seu assunto? Se sim, 
explique como isso ocorre.
 02 No primeiro e no segundo parágrafos, temos uma 
justiicativa para a necessidade de aprovação da PEC 
438/01. Responda:
a. No que consiste a PEC 438/01?
b. Quais motivos justiicam sua aprovação?
 03 Explique o que signiica a expressão “chaga social”, 
presente no segundo parágrafo, e indique o termo a que 
ela faz referência no texto.
 04 O terceiro e o quarto parágrafos trazem uma análise 
dos argumentos e do problema que justiicam o ponto de 
vista do autor.
Qual relação é estabelecida entre o texto da Constituição 
Brasileira e o trabalho escravo persistente, sobretudo, nas 
regiões de fronteira agrícola?
Gramática e texto PORTUGUÊS E LINGUAGENS
Módulo 1
179
8º Ano
 05 Observe as informações sobre o manifesto:
É por meio do gênero textual manifesto que uma pessoa 
ou um grupo expressa irmemente o seu posicionamento 
acerca de diversas problemáticas, sejam de caráter político, 
social ou cultural. Esse gênero atua como mecanismo de 
denúncia sobre um assunto que ainda não é de conhe-
cimento de toda a sociedade. Pode, também, alertar a 
população sobre a possibilidade de um problema ocorrer.
Com base nas informações anteriores, responda:
a. Qual expressão, presente no primeiro parágrafo, 
representa o locutor que assume a tarefa de porta-voz 
do problema a ser abordado no manifesto?
b. No texto lido, encontramos a manifestação de um 
pensamento ou de um posicionamento a respeito de 
um interesse social. Qual problema é denunciado, no 
texto, à sociedade?
c. Ainda no primeiro parágrafo do texto, anunciam-se os 
objetivos do manifesto. Quais são eles?
Utilize o texto dos Exercícios contextualizados para as 
próximas questões.
 01 O último parágrafo tem a função de realizar uma 
conclamação.
a. A quem é dirigida essa conclamação ou esse apelo inal?
b. Explique a estratégia argumentativa empregada, no 
trecho a seguir, para sensibilizar o público-alvo e, 
consequentemente, fazê-lo aderir às ideias defendidas 
no texto.
 “... os senhores e as senhoras congressistas podem 
modificar a história de nosso país, garantindo 
liberdade e dignidade ao trabalhador brasileiro...”
 02 Explique os motivos pelos quais as assinaturas 
colocadas no inal do texto colaboram para a força argu-
mentativa dele.
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180
8º Ano
PORTUGUÊS E LINGUAGENS
Módulo 1
1. Construindo o conceito: 
anedota
A seguir, observe-se uma anedota para auxiliar no 
entendimento do conceito de frase:
“Em uma festa, a madame é apresentada a um impor-
tante político.
— Muito prazer! – diz ele.
— Prazer! Saiba que já ouvi falar muito do senhor!
— É possível,minha senhora, mas ninguém tem provas!”
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01. Anedotas ou piadas são textos curtos que apresentam 
uma sequência narrativa capaz de causar humor. Nesse 
sentido, relita sobre o motivo da graça da piada.
02. E você? Conhece alguma piada bem engraçada? 
Conte à turma!
2. Frase, oração, período
As pessoas interagem por meio de enunciados – 
palavras ou conjuntos de palavras – que constituem 
unidades menores e que têm sentido completo, ou 
seja, elas estabelecem comunicação por meio de frases. 
Portanto, uma frase é um enunciado, oral ou escrito, 
que possui sentido completo e que, portanto, consegue 
comunicar algo. Trata-se de uma unidade de sentido cujo 
objetivo é transmitir uma mensagem.
Por exemplo, nunca se ouviu de um falante da língua 
portuguesa uma frase como esta: “Gerais im para no interior 
família semana passado de o minha viajei com Minas de.” 
Esse trecho não é considerado uma frase, pois não é uma 
unidade de texto que, em uma situação de comunicação, 
seja capaz de transmitir um sentido completo. 
Sujeitos simples, composto, desinencial e indeterminado
Você já ficou em dúvida sobre a roupa que 
deveria usar?
Quando se recebe um convite para um evento impor-
tante, é frequente a dúvida sobre que roupa, sapato e 
acessórios devemos usar. Para que a decisão seja tomada, 
é necessário levar em consideração o objetivo do evento, 
o local, as condições climáticas, entre outros aspectos. 
Não seria adequado, por exemplo, ir de roupa de praia e 
chinelos a um evento formal, em que os demais convi-
dados estarão de terno ou vestido longo.
O mesmo ocorre no uso da língua. É preciso selecionar 
as palavras e combiná-las corretamente na elaboração de 
frases, a im de que haja sentido para o interlocutor.
Neste módulo, começaremos os estudos sobre sintaxe, 
a parte da gramática que estuda a combinação e as relações 
entre as palavras que compõem os enunciados, sejam eles 
orais, sejam eles escritos.
EXPECTATIVAS DE APRENDIZAGEM:
– Iniciar os estudos sobre sintaxe;
– conhecer os termos essenciais da oração;
– identiicar diferentes tipos de sujeito.
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PORTUGUÊS E 
LINGUAGENS
181
8º AnoMódulo 2
Para se ter uma frase, é necessário organizar as palavras 
escolhidas de tal forma que o leitor tenha uma compreensão 
mínima do seu sentido. Por isso, considera-se como frase 
o seguinte enunciado: “No im de semana passado, viajei 
com minha família para o interior de Minas Gerais.”
Em todas as frases, é possível perceber que o início é 
marcado pela letra maiúscula e o im é indicado por algum 
sinal de pontuação, que geralmente é o ponto inal (.), 
a exclamação (!), a interrogação (?) ou as reticências (...).
O trecho “Prazer! Saiba que já ouvi falar muito do 
senhor!” constitui-se de quantas frases? Pelas deinições 
estabelecidas, teríamos duas. Mas é possível uma frase 
ser formada por apenas uma palavra, como “Prazer!”? 
De acordo com o conceito estudado, o enunciado teria de 
respeitar a dois critérios básicos para ser considerado uma 
frase: ser um conjunto de palavras e ter sentido completo. 
O trecho possui claramente uma organização semântica 
válida para a comunicação no contexto, mas podemos 
airmar que ele é um conjunto?
A Matemática pode nos ajudar a resolver esse 
impasse. Os conjuntos numéricos compõem uma parte 
fundamental dessa disciplina. A teoria dos conjuntos 
admite como coleções de objetos, chamados elementos, 
os componentes do conjunto e os classiica de acordo 
com seu número de elementos. Tem-se, por exemplo, os 
conjuntos ininitos, os initos, os vazios e os unitários ou 
singulares. Estes possuem um único elemento.
Dessa forma, “Prazer!” é, sim, um conjunto. Trata-se 
de um agrupamento no qual há apenas um componente. 
Podemos concluir que esse enunciado é uma frase. O 
mesmo se pode airmar para a placa colocada abaixo:
“Silêncio” é uma frase, pois é um conjunto de palavras 
(unitário) que consegue, por ter sentido completo, 
comunicar o pedido de que se cale ou se abstenha da fala.
Cada língua tem suas formas de organizar as frases. 
O primeiro passo para se ordenar uma frase, geralmente, 
é escolher se ela conterá ou não verbos. Essa escolha 
dependerá da intenção comunicativa do falante – ser 
mais breve, chamar a atenção para o tema ou para a ideia 
da frase, destacar um acontecimento ou uma ação, etc.
As frases organizadas sem nenhum verbo são 
chamadas de frases nominais, como “Muito prazer!”. Já 
as organizadas com um verbo ou uma locução verbal 
são denominadas frases verbais ou de orações: “Saiba 
que já ouvi falar muito do senhor!”
As frases podem ser mais extensas, além de serem 
formadas por mais de um verbo. Quando isso ocorre, 
dizemos que cada forma verbal constitui uma oração 
dentro da frase.
Atenção:
Na contagem das orações, as locuções verbais devem 
ser consideradas como se fossem um único verbo. 
Assim, no exemplo “Saiba que já ouvi falar muito do 
senhor!”, temos duas orações; a primeira é constituída 
pela forma verbal simples “saiba”, e a segunda, pela 
forma verbal composta (ou locução verbal) “ouvi falar”.
Outro conceito importante de sintaxe é o de período. 
Período é a frase organizada em oração ou em orações, 
ou seja, um período pode ter várias orações ou uma só, 
isto é, terá tantas quantos forem os verbos.
Quando o período só tem uma oração, chama-se 
período simples; por exemplo: “Em uma festa, a madame 
é apresentada a um eminente político.” É classiicado 
dessa forma porque é formado apenas por uma oração, 
representada pela locução verbal “é apresentada”. Essa 
única oração que integra o período simples é denominada 
oração absoluta.
Por outro lado, quando o período tem duas ou mais 
orações, tem-se o período composto. Por exemplo: 
“É possível, minha senhora, mas ninguém tem provas!”
O conceito de frase e a Matemática
182
8º Ano
PORTUGUÊS E LINGUAGENS
Módulo 2
O modo de construção das 
manchetes jornalísticas
Atente para as seguintes manchetes e observe 
como ocorre sua construção:
Nova suspeita de ebola
Suspeita de ebola fecha UPA no Paraná
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Ambas as manchetes noticiam fatos relacionados 
ao ebola, uma doença grave e frequentemente mortal, 
causada pelo vírus Ebola, representado na imagem, 
e transmitida por contato direto com o sangue ou 
outros luidos corporais (como saliva, urina e vômito) 
de pessoas infectadas, mortas ou vivas. Ela também 
pode ser transmitida por contato sexual não protegido 
com doentes até três meses depois de estes terem se 
recuperado da doença.
Note que a primeira manchete é uma frase cons-
truída sem verbos, ou seja, uma frase nominal. O 
uso desse tipo frasal em manchetes dá mais destaque 
ao tema ou ao assunto do relato jornalístico do que 
necessariamente a um fato que ocorreu. No exemplo 
analisado, a ênfase recai sobre a nova suspeita.
Já a segunda manchete vale-se da forma verbal 
“fecha”. Trata-se de uma frase verbal ou oração. O verbo 
foi propositalmente lexionado no presente do indica-
tivo para reforçar o imediatismo, característica recor-
rente do gênero textual notícia. O uso desse tempo e 
modo verbais gera o efeito de aproximar o leitor do texto 
lido, dando-lhe a impressão de que os fatos relatados 
estão ocorrendo no momento da leitura do texto.
Percebe-se, assim, que a opção por uma frase 
nominal ou uma frase verbal está relacionada à 
intenção de comunicação do sujeito e ao contexto de 
uso da língua.
3. Termos essenciais da oração: 
sujeito e predicado
O sujeito é o termo essencial da oração a quem o verbo 
se refere e com ele estabelece relação de concordância em 
número (singular e plural) e pessoa (primeira, segunda 
e terceira pessoas gramaticais). Assim, a conjugação ou a 
lexão do verbo depende do sujeito da frase. O primeiro 
passo para localizar o sujeito de uma oração é encontrar 
o verbo. Depois, faz-se necessário encontrar a queou a 
quem ele está se referindo.
Contrastando diferentes 
concepções de sujeito
O conceito de sujeito na gramática tradicional é um 
dos tantos pontos que merecem uma maior atenção por 
parte de quem estuda a língua portuguesa. Geralmente, 
essas gramáticas airmam que uma oração é dividida 
em dois termos essenciais: sujeito e predicado. Anali-
saremos, a seguir, algumas deinições de sujeito.
Cunha e Cintra (1995), na sua Nova gramática do 
português contemporâneo, airmam que “o sujeito é o ser 
sobre o qual se faz uma declaração”. Considerando-se 
essa concepção, pode-se ter problemas para encontrar 
o sujeito da oração. Na frase “Pedro comprou o livro”, 
pode-se defender que “Pedro” é o sujeito, pois há uma 
declaração sobre ele nessa oração. No entanto, também 
há uma declaração sobre o “livro” (ele foi comprado por 
Pedro); embora a gramática não aceite que o “livro” 
seja sujeito da oração em análise, seria perfeitamente 
plausível – de acordo com exposto pela regra – dizer 
que o termo “livro” é o sujeito da oração.
Outra concepção bastante divulgada é a de que o 
sujeito é o ser que pratica a ação expressa pelo verbo. 
Essa deinição pode ser contestada por dois motivos:
• Muitos verbos não expressam ação. Na oração 
“Os alunos estavam inquietos durante a 
palestra de ontem”, o verbo “estar” indica um 
estado do ser, e não uma ação praticada por 
ele. Dessa forma, o sujeito “os alunos” não é um 
termo agente, mas alguém que é caracterizado 
por determinado estado.
Sujeitos simples, composto, desinencial e indeterminado PORTUGUÊS E LINGUAGENS
Módulo 2
183
8º Ano
• Muitos sujeitos sofrem a ação expressa pelo verbo. 
Na oração “Meu bolo de aniversário foi feito por 
minha mãe”, o sujeito “meu bolo de aniversário” 
não é o elemento que pratica a ação expressa pela 
locução verbal “foi feito”. Se fôssemos identiicar 
o sujeito a partir da deinição que airma que esse 
termo realiza a ação verbal, o sujeito dessa oração 
só poderia ser a expressão “minha mãe”.
Percebemos, assim, que o problema da má formu-
lação do conceito de sujeito é recorrente em algumas 
gramáticas. Adotaremos uma concepção orientada 
por um critério sintático: o sujeito é o termo da oração 
com quem o verbo estabelece relação de concordância 
em número e em pessoa gramatical.
4. Tipos de sujeito
Serão estudados primeiro os dois tipos de sujeitos 
reconhecidos pela identificação dos seus núcleos. 
Trata-se do sujeito simples e do sujeito composto.
4.1 Sujeito simples e sujeito composto
O sujeito pode ser formado por várias palavras, mas 
o verbo se refere e faz concordância apenas com a(s) 
palavra(s) principal(is), isto é, aquela(s) que traz(em) a 
ideia central. Chama-se núcleo do sujeito o termo que 
representa a ideia principal do sujeito e ao qual o verbo se 
refere especiicamente. É importante notar que o núcleo 
é sempre um substantivo ou um pronome.
Como foram construídas as orações do texto abaixo?
EU FIZ O
TRABALHO
SOBRE O 
PLANETA
MARTE E VOU
APRESENTÁ-LO... EU, VOCÊ E O
RESTANTE DO
GRUPO FIZEMOS
O TRABALHO, NÉ?
Na frase usada pelo garoto, que inicia a apresentação 
do trabalho feito pelo seu grupo, a forma verbal “iz” 
refere-se ao sujeito “eu”, o qual é composto por apenas 
um núcleo, o pronome “eu”. A outra integrante do grupo, 
na tentativa de deixar clara a participação de todos na 
pesquisa apresentada, constrói sua fala valendo-se de 
uma oração formada por um sujeito constituído de 
três núcleos: “Eu, você e o restante do grupo izemos o 
trabalho, né?” 
Nesse enunciado, o verbo “fazer” está na terceira 
pessoa do plural para concordar com os três núcleos 
presentes no sujeito da oração: “eu”, “você” e “restante”. 
Em uma oração, a localização do sujeito e de seu 
respectivo núcleo contribui para determinar com mais 
precisão a concordância verbal. 
Observem-se, agora, mais alguns exemplos nos quais 
os verbos estão destacados:
Frase I
O jogador fez uma falta dura em seu adversário e recebeu 
um cartão amarelo.
Frase II
O juiz puniu o jogador com um cartão amarelo por sua 
falta dura.
Frase III
O jogador e o juiz discutiram por haver discordância em 
relação à aplicação do cartão. 
184
8º Ano
PORTUGUÊS E LINGUAGENS
Módulo 2
Analisando a construção das frases I e II, percebe-se 
que os sujeitos dos verbos destacados possuem apenas 
um núcleo. Na primeira, o verbo “fez” refere-se ao núcleo 
do sujeito “jogador”. Já na segunda, o verbo “puniu” 
faz concordância especiicamente com o termo “juiz”. 
Quando o sujeito de uma oração tem apenas um núcleo, 
isto é, tem um só termo como a ideia central do sujeito, 
trata-se de um sujeito simples. Por outro lado, na frase III, 
o verbo “discutiram” foi lexionado na terceira pessoa do 
plural para concordar com os dois núcleos do sujeito da 
oração: “jogador” e “juiz”. Ou seja, na primeira oração da 
terceira frase, o sujeito tem dois núcleos, pois a declaração 
feita no predicado refere-se a duas pessoas. Trata-se, 
portanto de um sujeito composto.
Em orações com sujeito composto, o verbo vai 
concordar com os vários núcleos que o sujeito possuir; 
vai, então, para o plural. Ressalte-se que o sujeito simples 
e o sujeito composto podem aparecer antes ou depois 
do verbo ou da locução verbal. Por isso, é preciso estar 
bastante atento para não perder de vista a concordância 
do verbo com o sujeito, principalmente em caso de 
sujeito posposto. No exemplo abaixo, o verbo deve icar 
na terceira pessoa do plural para concordar com o sujeito 
composto, que está posposto a ele, ou na terceira pessoa 
do singular para concordar apenas com o núcleo do 
sujeito mais próximo (concordância atrativa).
Ex.: “Após o assalto, chegaram à delegacia o criminoso e a 
vítima.” ou “Após o assalto, chegou à delegacia o criminoso 
e a vítima.”
4.2 Sujeito desinencial 
Nem sempre o sujeito estará explícito em uma oração. Observe-se a tirinha 
abaixo, atentando-se para o sujeito:
NÃO QUERO
FAZER COM
NINGUÉM... ... POIS NÃO FUI
DEVIDAMENTE
VALORIZADA PELO
GRUPO NA APRESENTAÇÃO
DO TRABALHO DE HOJE.
GUTO, 
FAREMOS O 
PRÓXIMO TRABALHO
NA CASA DA
PATRÍCIA!
Na primeira fala, o sujeito do verbo “fazer” não está 
presente na frase, embora seja possível determiná-lo ou 
identiicá-lo. Por meio da terminação verbal, sabe-se que 
o verbo se refere ao pronome pessoal reto “nós” e, pelo 
contexto, que esse pronome se refere aos integrantes 
do grupo.
Nessa oração, o sujeito não está explícito, claro, ou 
escrito no enunciado, mas pode ser determinado a partir 
do texto e da forma verbal. Quando o sujeito não aparece 
na oração, mas é facilmente identiicado pela desinência 
do verbo (terminação do verbo) e pelo contexto, tem-se 
um sujeito desinencial. Nesse caso, a oração inteira é um 
predicado que faz referência a um sujeito oculto. 
Ainda na tira, há outro exemplo de sujeito desinen-
cial. No segundo quadrinho, os verbos “querer” e “ser” 
referem-se ao pronome “eu”, identiicado pela terminação 
verbal. No contexto, sabe-se que esse pronome se refere 
à aluna Patrícia.
Sujeitos simples, composto, desinencial e indeterminado PORTUGUÊS E LINGUAGENS
Módulo 2
185
8º Ano
Considerem-se, agora, os verbos destacados no texto 
a seguir:
“O dia 8 de março de 2016 foi um tanto peculiar. Tido 
como ‘Dia internacional das Mulheres’, o que mais vi nas 
redes sociais foram postagens de meninas e mulheres 
dizendo que dispensam as lores ou os parabéns, trocan-
do-os facilmente por respeito e oportunidades iguais. 
Parei para pensar sobre isso na volta para casa. É um 
sentimento contraditório ser mulher no Brasil. Por um lado, 
honestamente, acho que sou uma pessoa minimamente 
privilegiada. Isso porque vivo em um país no qual não existe 
a mutilação genital, como em vários países da África, ou que 
não me impede de estudar ou trabalhar, como em vários 
lugares do Oriente Médio, ou que não permite, legalmente, 
que maridos espanquem as esposas uma vez pormês, como 
no Arkansas, Estados Unidos (sim... Estados Unidos!). 
Por outro lado, ainda sofremos com mais de 63 mil casos 
registrados de violência contra a mulher anualmente.”
Disponível em: <www.desaltonaareia.com>.
Sabe-se que as formas verbais “parei”, “acho” e “vivo”, 
presentes no segundo parágrafo, referem-se ao mesmo 
sujeito, o pronome “eu”. No entanto, esse sujeito aparece de 
maneira implícita ou oculta, sendo possível identiicá-lo 
pelas terminações dos verbos.
Também na frase a seguir, é possível observar um 
verbo que se refere ao seu sujeito de maneira implícita, a 
im de evitar a repetição:
“Tido como ‘Dia internacional das Mulheres’, o que 
mais vi nas redes sociais foram postagens de meninas e 
mulheres dizendo que dispensam as lores ou os parabéns, 
trocando-os facilmente por respeito e oportunidades iguais.”
Se o leitor não identiicar o sujeito a que os verbos se 
referem e com os quais concordam em número e pessoa, 
um texto não será bem compreendido, comprometendo a 
intenção do autor e a mensagem que pretende transmitir.
Na elaboração de um texto, é importante utilizar 
alguns recursos linguísticos para deixá-lo mais claro e 
articulado. Os elementos que fazem a ligação ou a articu-
lação entre as partes do texto são chamados de elementos 
de coesão textual. O sujeito subentendido é um desses 
elementos, pois ajuda a evitar repetições desnecessárias 
e, também, não deixa a frase perder de vista o tema a que 
está se referindo. A coesão é a relação entre as partes ou 
frases de um texto.
4.3 Sujeito indeterminado
No módulo anterior, foi visto que o sujeito subenten-
dido não está presente na oração, mas pode ser identii-
cado ou determinado pelas informações que o texto traz 
e por meio do verbo.
Entretanto, há momentos de uso da língua em que 
a intenção comunicativa é não determinar o sujeito que 
praticou a ação expressa pelo verbo, ou seja, o objetivo é 
não deixar claro para o leitor quem é precisamente o sujeito 
da oração. Nesse caso, tem-se um sujeito indeterminado.
Tal sujeito não é nomeado na oração, ou porque não se 
quer identiicá-lo, ou por se desconhecer quem pratica a ação. 
Há um sujeito ao qual o verbo se refere, mas nem o contexto 
nem a forma verbal permitem que ele seja identiicado.
Na frase abaixo, do Padre Antônio Vieira, escritor do 
movimento literário Barroco e conhecido pela atuação 
em defesa dos índios, é possível observar o uso do sujeito 
indeterminado: 
“Dizem que temos valor (os portugueses), mas que nos 
falta dinheiro e união; e todos nos prognosticam os fados 
que naturalmente se seguem destas infelizes premissas.”
Cartas, Padre Antônio Vieira. 
Observando a frase, pode-se indicar com precisão a 
quem a personagem se refere quando usa a forma verbal 
“dizem”? Pela desinência verbal (-m), nota-se que o sujeito 
poderia ser representado pelos pronomes “eles”, “elas” 
ou “vocês” (pronomes de terceira pessoa do plural). No 
entanto, não mostra qual pronome representa exatamente 
o sujeito e, sobretudo, qual o referente desse pronome. 
Como não é possível determinar o sujeito a que esse verbo 
faz referência, diz-se que essa oração foi organizada com 
um sujeito indeterminado. A utilização desse tipo de 
sujeito é um elemento fundamental para a construção de 
sentido da charge. O sujeito indeterminado confere um 
tom generalizante à fala do trabalhador. 
Na língua portuguesa, a indeterminação do sujeito é 
feita de duas formas. Em uma delas, o verbo é lexionado na 
terceira pessoa do plural, sem que se reira a nenhum termo 
expresso anteriormente. Essa é a forma de indeterminação 
do sujeito usada na oração destacada na frase apresentada: 
“Dizem que temos valor (os portugueses), mas que nos 
falta dinheiro e união; e todos nos prognosticam os fados 
que naturalmente se seguem destas infelizes premissas.”
186
8º Ano
PORTUGUÊS E LINGUAGENS
Módulo 2
Nas frases abaixo, o sujeito indeterminado também 
é construído com o verbo na terceira pessoa do plural.
Ex.:
Roubaram minha carteira no centro da cidade.
Não aguento mais! Novamente tocaram a campainha 
e saíram correndo.
Quebraram a vidraça da igreja.
Sujaram o tapete da sala.
A outra forma de indeterminar o sujeito ocorre 
com o emprego do verbo na terceira pessoa do singular, 
acrescendo-lhe o pronome “se”, chamado de índice de 
indeterminação do sujeito. É o que se vê nos enunciados 
abaixo:
Ex.:
Passeia-se muito nesse lugar?
Em Jacarepaguá, vive-se bem e com conforto.
Trabalha-se bastante naquela empresa.
Obs.: Nos diversos textos, o uso do sujeito indeterminado 
pode ser motivado por vários fatores. Ele pode estar 
relacionado ao desconhecimento de quem praticou a ação 
(“Roubaram minha carteira”); ao fato de o locutor não querer 
mencionar um responsável que é conhecido; à intenção 
deliberada de não se identiicar um sujeito (para proteger 
sua identidade ou para provocar surpresa no leitor); a um 
discurso que pretende fazer generalizações a respeito de 
um grupo social. A utilização desse tipo de sujeito provoca, 
portanto, diferentes efeitos de sentido, de acordo com as 
intenções comunicativas de quem produz o enunciado.
 01 Identiique os tipos de sujeito dos verbos destacados 
abaixo:
a. Vamos gastar toda a nossa energia nos jogos.
b. Foram chamar o aluno que recebeu o prêmio.
c. Não terminamos de veriicar o documento.
d. Eu e você queremos ser como eles.
 02 Leia as manchetes jornalísticas colocadas abaixo, 
copie-as no caderno e classiique os termos destacados 
de acordo com as indicações que se seguem:
a. Moradores mortos em combate a incêndio são 
enterrados em clima de comoção.
b. Adultos com atitudes de crianças.
c. Aécio Neves e Dilma Roussef voltam a icar frente a 
frente a partir das 18 h por uma hora e vinte minutos.
d. Jovens roubam carro para dar “voltinha”, fogem da 
polícia, batem e são presos.
e. Roubam carro e fogem da polícia na Grande 
Florianópolis.
I. Frase nominal
II. Oração com sujeito simples
III. Oração com sujeito composto
IV. Oração com sujeito indeterminado
V. Oração com sujeito subentendido
Texto para as questões de 03 a 05:
Tempos modernos
Filme de 1936, do cineasta britânico Charles Chaplin, 
em que o seu famoso personagem tenta sobreviver em 
meio ao mundo moderno e industrializado.
Nesse ilme, Chaplin quis passar uma mensagem social. 
Cada cena é trabalhada para que a mensagem chegue verda-
deiramente tal qual seja. E nada parece escapar: máquina 
tomando o lugar dos homens, as facilidades que levam à 
criminalidade, à escravidão. O amor também surge, mas 
surge quase paternal: o de um vagabundo por uma menina de 
rua. Tempos modernos é, ao mesmo tempo, comédia, drama 
e romance.
Disponível em: <www.adorocinema.com.br>. Acesso em: 13 out. 2014. 
 03 Retire do texto uma frase nominal, uma frase verbal 
e uma oração com sujeito simples. Depois, indique o 
número de orações do primeiro parágrafo e o número de 
frases do segundo parágrafo.
 04 Faça a análise das orações abaixo, destacando o 
verbo, o sujeito, o núcleo do sujeito, o tipo de sujeito e o 
predicado.
a. “Nesse filme, Chaplin quis passar uma mensagem 
social.”
b. “Tempos modernos é, ao mesmo tempo, comédia, 
drama e romance.”
c. “O amor também surge, mas surge quase paternal.”
Sujeitos simples, composto, desinencial e indeterminado PORTUGUÊS E LINGUAGENS
Módulo 2
187
8º Ano
 05 Releia os seguintes fragmentos retirados do texto 
anterior:
Fragmento I: 
“Cada cena é trabalhada para que a mensagem chegue 
verdadeiramente tal qual seja.”
Fragmento II: 
“Nesse ilme, Chaplin quis passar uma mensagem social.”
A partir do emprego da língua em situações reais de uso, 
pode-se airmar que os dois trechos acima evidenciam 
tipos diferentes de período. Com base em seus conhe-
cimentos sobre o assunto, diferencie-os, explicando o 
processo de formação de cada um deles.
 01 Machado de Assis, um dos maiores nomes da litera-
tura brasileira, teve seu discurso lido no PasseioPúblico, 
ao inaugurar-se o busto de Gonçalves Dias (in: ASSIS, 
Machado de. Relíquias de casa velha. São Paulo: Globo, 
1997. p. 117-118). Segue um trecho:
Dizem que os cariocas somos pouco dados aos jardins 
públicos. Talvez este busto emende o costume; mas supondo 
que não, nem por isso perderão os que só vierem contemplar 
aquela fonte que meditou páginas tão magníicas.
Uma das deinições de sujeito indica que ele é o termo com 
o qual o verbo concorda em número e pessoa. Indique por 
que essa regra foi transgredida no trecho acima.
 02 Observe o seguinte fragmento, retirado de outra obra 
do autor Machado de Assis, Memorial de Aires, e depois 
responda ao que se pede. 
D. Carmo entrou. Aguiar e eu apertamos a mão 
um do outro. Indo a sair, lembrou-me falar do cão ali 
sepultado.
Caso, no período em destaque, o sujeito fosse substituído 
pelo pronome “nós” haveria diferença na classiicação? 
Justiique sua resposta.
 03 Leia os períodos seguintes, extraídos da obra Senhora, 
de José de Alencar:
— Os compromissos rompem-se dum momento para 
outro.
— É exato; às vezes ocorrem circunstâncias que 
desatam as mais solenes obrigações.
Explique por que o verbo “ocorrer” foi empregado no 
plural, levando em conta a classiicação do sujeito.
 04 
Nel mezzo del camin...
Cheguei. Chegaste. Vinhas fatigada
E triste, e triste e fatigado eu vinha.
Tinhas a alma de sonhos povoada,
E a alma de sonhos povoada eu tinha...
Olavo Bilac
No fragmento do poema de Olavo Bilac, o autor faz uma 
comparação entre os comportamentos e os sentimentos do 
eu lírico e da mulher amada, alternando-os.
Identiique o tipo de sujeito predominante no trecho e 
explique de que maneira ele contribui para a coesão textual.
 05 Leia a manchete do jornal O tempo, de 26 de julho 
de 2017, e depois responda ao que se pede.
Em Uberlândia
Criminosos assaltam três fazendas e fazem cinco 
pessoas reféns por seis horas
Disponível em: <http://www.otempo.com.br/cidades/criminosos-assaltam-tr%C3%AAs-
fazendas-e-fazem-5-pessoas-ref%C3%A9ns-por-6-horas-1.1501614>.
Compare o emprego dos verbos “assaltar” e “fazer”, no que 
diz respeito à classiicação do sujeito, e indique se devem 
receber a mesma classiicação.
188
8º Ano
PORTUGUÊS E LINGUAGENS
Módulo 2
 01 Leia atentamente o texto a seguir:
Sujeito composto, segundo a deinição de Alfredo 
Gomes, é o que representa mais de um ser. 
Ex.: Senhora em estado interessante.
FRADIQUE, Mendes. Grammatica portugueza pelo methodo confuso. 4. ed. fac-similada. 
Rio de Janeiro: Rocco, 1985. p. 79.
A intenção humorística de Mendes Fradique foi satis-
feita, uma vez que popularmente dizendo “senhora em 
estado interessante” é o mesmo que “senhora grávida”. 
Entretanto, o mesmo efeito não ocorre em outras cons-
truções. Tomando como exemplo para análise a frase a 
seguir, explique por que o conceito de sujeito composto 
apresentado por Alfredo Gomes é falho.
“Duas pessoas acudiram a senhora em estado interessante.”
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 02 Considere a deinição abaixo sobre sujeito, retirada 
de uma gramática da língua portuguesa:
O sujeito é o ser sobre o qual se faz uma declaração.
CUNHA, Celso; CINTRA, Lindley. Nova gramática do português contemporâneo. 
Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1985. p. 119. 
Explique por que esse conceito não se aplica a cada um 
dos enunciados apresentados a seguir:
Enunciado I: 
Eu vos declaro marido e mulher. 
Enunciado II:
Dessa água, nós não bebemos de jeito nenhum.
Sujeitos simples, composto, desinencial e indeterminado PORTUGUÊS E LINGUAGENS
Módulo 2
189
8º Ano
1. Construindo o conceito: carta ao leitor
As pessoas foram às ruas não para tentar demonstrar 
que sua religião é superior às demais. Elas foram às ruas 
para reairmar que não aceitam mais o anacronismo de 
matar o semelhante a pretexto de vingar ofensas a seus 
profetas ou símbolos sagrados. Foram às ruas não para 
protestar contra o multiculturalismo nem para exigir a 
inaceitável repatriação dos imigrantes, mas para deixar 
claro que a consequência da convivência civilizada em um 
mesmo território entre povos de cultura e fé diferentes 
não pode ser a censura, mas o oposto dela, a liberdade 
de expressão e a tolerância. (...)”
©
Sh
ot
Sh
ar
e/
iS
to
ck
A seguir há um trecho do texto “Jihadismo, o novo 
fascismo”, publicado na seção “Carta ao leitor”, de Eurípedes 
Alcântara / Abril Comunicações S.A., revista Veja.
“Neste ano, o mundo comemora sete décadas da 
vitória das forças aliadas contra a forma mais desumana 
e monstruosa de fascismo que a humanidade já conheceu: 
o nazismo.
Não poderia ter havido uma homenagem não 
planejada mais signiicativa do que a marcha de quarenta 
chefes de Estado e de governo ou seus representantes em 
Paris, no domingo passado, que, de braços dados, foram 
saudados pela multidão que extravasava seu júbilo pela 
poderosa reação contra o ataque terrorista ao jornal 
satírico francês Charlie Hebdo, em que 12 pessoas foram 
assassinadas a tiros por radicais islâmicos.
Desde a libertação de Paris do jugo nazista pelas tropas 
americanas, há 71 anos, a capital francesa, que é também a 
capital mundial das manifestações, não via tanta gente na 
rua unida contra o fascismo. Quase 4 milhões de franceses 
foram às ruas contra o jihadismo, o fascismo do século 
XXI, o “islamofascismo”, neologismo que descreve com 
precisão o fenômeno de intolerância e de imposição pelo 
terror do totalitarismo em nome da religião criada por 
Maomé no século VII da era cristã. (...)
Verbosimpessoais: oração sem sujeito
Você já ouviu falar em “trovejar insultos 
sobre alguém”?
O verbo “trovejar” normalmente é empregado com 
o significado relacionado ao fenômeno da natureza, 
referente a produzir ruído semelhante ao do trovão. Nesse 
caso, é considerado impessoal e é parte integrante de uma 
oração sem sujeito.
No entanto, ele pode ser empregado em um sentido 
igurado, sendo equivalente a “falar com veemência contra 
alguém ou algo”. Nessa situação, refere-se a um sujeito 
presente na frase, como no exemplo “A torcida trovejou 
insultos sobre o juiz”, no qual é possível identiicar “a 
torcida” como agente da ação de trovejar, e não o fato de 
emitir o som de um trovão.
EXPECTATIVAS DE APRENDIZAGEM:
– Continuar o estudo de sujeitos;
– identiicar os principais casos de oração sem sujeito;
– relembrar os principais verbos impessoais.
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ad
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PORTUGUÊS E 
LINGUAGENSMódulo 3
190
8º Ano
01. Você já sabe que leitores de grandes veículos de 
comunicação têm a oportunidade de escrever para tais 
meios a im de expressar suas opiniões na seção chamada 
“Carta do leitor”. Há, ainda, a seção “Carta ao leitor” 
na maioria dos jornais e revistas de grande circulação, 
texto que representa uma oportunidade de o veículo se 
comunicar com seus leitores. O texto lido é uma carta do 
leitor ou uma carta ao leitor?
02. Releia as seguintes frases:
“Neste ano, o mundo comemora sete décadas da vitória 
das forças aliadas contra a forma mais desumana e mons-
truosa de fascismo que a humanidade já conheceu (...)”
“Não poderia ter havido uma homenagem não 
planejada mais signiicativa do que a marcha de quarenta 
chefes de Estado e de governo ou seus representantes em 
Paris (...)”
Foi visto anteriormente que sujeito é o termo da oração 
sobre quem a informação é dada. Nesse sentido, é possível 
indicar o sujeito de cada uma das frases?
Além dos sujeitos simples, composto, desinencial e 
indeterminado, a gramática normativa da língua portu-
guesa ainda prevê outros tipos de sujeito. 
2. Oração sem sujeito
Anteriormente, foram estudados dois elementos 
essenciais na formação de uma oração: o sujeito (termo 
da oração a que o verbo se refere em número e em pessoa 
gramatical) e o predicado (termo da oração que inclui o 
verbo e que contém a informação ou a declaração sobre 
o sujeito).
Contudo, a gramática normativa ainda prescreve uma 
oração estruturada de uma forma diferente.
A oração não tem sujeito quando a declaração expressa 
pelo predicado não é atribuída a nenhum ser. Isto é, diz-se 
que uma oração é sem sujeito quando o predicado não 
pode ser atribuído a qualquer outro termo dessa oração.
A seguir, há outros casos considerados pela gramática 
como oração sem sujeito.
2.1 Casos de oração sem sujeito
2.1.1 Verbo “haver” empregado com sentido 
de “existir”
Ex.:
 Há alguém aí?
 Havia pessoas descontentes na ila do banco.
 Houve fatos importantes que não foram tratados 
na reunião.
 Haverá dias em que você se sentirá muito frustrado.
 Ainda há pessoas honestas neste país.
É possível perceber que, nas frases acima, o verbo “haver” 
está no singular e se considera que a oração não tem sujeito.
Ter ou haver?
Na língua portuguesa – seja no registro culto ou 
na linguagem espontânea, descontraída, do nosso 
dia a dia –, é comum a troca do verbo “existir” por 
“haver” ou “ter”.
Segundo a norma-padrão, observam-se, com o 
verbo “existir”, as regras habituais de concordância 
com o sujeito a que ele se refere.
Ex.: Ainda existem pessoas honestas neste país. 
Contudo, quando se trata do verbo “haver” 
utilizado com esse signiicado, a gramática o considera 
impessoal. 
Por isso, ele se mantém no singular e o seu 
aparente sujeito é, na realidade, classiicado como 
objeto direto. 
Ex.: Ainda há pessoas honestas neste país.
O verbo “ter”, nesse contexto semântico, é de 
uso ainda considerado restrito ao âmbito coloquial 
da língua e, com relação à flexão, seu emprego 
acompanha o do verbo “haver”, ou seja, ele deve icar 
no singular. 
Ex.: Ainda tem pessoas honestas neste país. 
Registre-se, inalmente, que o uso de “ter” com 
esse sentido, embora ainda não aceito pela norma-
-padrão, vem frequentando cada vez mais os redutos 
cultos da língua. 
Verbos impessoais: oração sem sujeito PORTUGUÊS E LINGUAGENS
Módulo 3
191
8º Ano
 Existe funcionário que não respeita os horários 
e as regras estabelecidas pela empresa.
 Limites existirão para que possamos conviver 
em harmonia.
No entanto, a forma mais adequada, conforme a 
variante padrão da língua, é usar “haver” na terceira 
pessoa do singular, pois esse verbo não tem sujeito, 
não concorda com nada. Veja:
Ex.:
 Nesta cidade, há bons professores.
 Há funcionário que não respeita os horários e as 
regras estabelecidas pela empresa.
 Limites há para que possamos conviver em 
harmonia.
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2.1.2 Verbos que indicam fenômeno da natureza
Ex.:
 Choveu, nos últimos dias, o esperado para o mês 
inteiro.
 Ventou forte ontem em algumas cidades.
 Neva em algumas cidades catarinenses. 
 Trovejou bastante na noite passada.
Os verbos destacados integram orações sem sujeito, 
pois expressam ações relativas a fenômenos da natureza 
e que acontecem à revelia de qualquer sujeito especíico.
2.1.3 Verbos “ser” e “estar” indicando tempo 
ou fenômeno meteorológico
Ex.:
 Agora é tarde demais para você desistir do nosso projeto.
 Era verão quando a conheci.
 São nove horas da manhã agora, e o calor já está 
insuportável.
 Está um calor infernal nos últimos dias de outubro.
 Estava frio no dia do fatídico acontecimento.
É importante ressaltar que o verbo “ser” na indicação 
de horas, datas e distâncias é impessoal e concordará 
com a expressão designativa de hora, data ou distância, 
constituindo também um caso de oração sem sujeito. 
Observem-se os exemplos abaixo:
Ex.:
 Seriam nove horas da noite quando ocorreu a perse-
guição policial.
 São três da tarde agora.
 Hoje são vinte e cinco do mês, não são?
 Da minha casa à escola, são quatro quilômetros de 
distância.
 Da estação de trem à nossa fazenda no interior de 
São Paulo são sete léguas.
Em todos os exemplos acima, o verbo “ser” está 
lexionado na terceira pessoa do plural para concordar 
com as expressões de tempo e de distância presentes nas 
frases. Caso ocorra uma expressão no singular, o verbo 
estará também conjugado nesse número. Observe-se:
Ex.:
Hoje é primeiro de setembro.
Agora é exatamente uma hora da madrugada.
Atenção:
As gramáticas atuais prescrevem que a concordância 
feita com o verbo “ser” indicando datas possibilita o uso 
do singular ou plural. Quando aparecer a palavra “dia” 
antes da expressão numérica, o verbo concorda com 
essa palavra. No entanto, se ela estiver implícita no 
contexto, a concordância ocorrerá, nesse caso, com o 
referente numérico. Assim:
Hoje é dia 31 de outubro.
Hoje são 31 de outubro.
Amanhã será dia 1o de setembro, 
dia do meu aniversário.
Ontem foi dia 9 de agosto.
2.1.4 Verbos “fazer”, “haver” e “ir” indicando 
tempo decorrido 
Ex.:
 Há seis horas que o dia raiou, e você ainda não se 
levantou da cama.
 Há dias espero a entrega da minha correspondência.
192
8º Ano
PORTUGUÊS E LINGUAGENS
Módulo 3
 Faz onze anos que o acidente aconteceu.
 Faz três horas que estou te esperando.
 Vai para dois anos que não coloco os pés na minha 
terra natal.
 Foi para meses que não o vejo.
2.1.5 Verbos “bastar” e “chegar” nas 
expressões “basta de” e “chega de” 
Ex.:
 Basta de promessas vazias.
 Basta de tolices nessa sala.
 Chega de ouvir esse papo furado.
 Chega de tempos ruins na minha vida.
3. Verbos impessoais 
Nos casos de oração sem sujeito, o verbo ica neutro, 
impessoal, pois ele não tem um sujeito a quem se referir 
e com quem concordar em número e em pessoa. Assim, 
nas situações de oração sem sujeito, o verbo é denomi-
nado impessoal e empregado sempre na terceira pessoa 
do singular.
Observe-se overbo “haver” no enunciado do cartaz:
NÃO HÁ VAGAS
Nesse caso, o verbo “haver” não estabelece concordância 
com nenhum termo desse período. Tal fato se explica pela 
regra de concordância dos verbos impessoais. Por não apre-
sentarem sujeito, icam sempre na terceira pessoa do singular.
Relembrando os principais verbos impessoais:
• Verbo “haver” empregado com sentido de “existir”;
• verbos que indicam fenômenos da natureza;
• verbos “ser” e “estar” indicando tempo ou fenômeno 
meteorológico;
• verbos “fazer”, “haver” e “ir” indicando tempo decorrido;
• verbos “bastar” e “chegar” nas expressões “basta de” 
e “chega de”.
No caso do verbo “ser” indicando tempo (horas e datas) 
e distâncias, a forma verbal pode ser empregada no plural.
Ex.:
 É um quilômetro até o posto de gasolina mais próximo.
 São duzentos quilômetros até nossa casa de campo.
 É uma hora da tarde agora.
 São duas horas da tarde agora.
 Amanhã será 1o de abril, dia da mentira.
 Hoje são 25 de dezembro, dia de Natal.
Portanto, pode-se concluir que, nas orações sem 
sujeito, os verbos geralmente estão conjugados na 
terceira pessoa do singular, com exceção do verbo “ser” 
nas indicações de distância, hora e data.
E o caso do verbo “amanhecer”?
Leia as frases a seguir e atente para a construção 
dos períodos formados com o verbo “amanhecer”:
O dia amanheceu nublado.
A cidade amanheceu coberta por gelo.
O torcedor amanheceu feliz com a conquista do 
título.
Será que, nas construções acima, a forma verbal 
“amanheceu” integra uma oração sem sujeito?
Nos três exemplos, as frases foram construídas 
com os dois elementos essenciais de uma oração: 
o sujeito e o predicado. Na primeira delas, por 
exemplo, o verbo “amanhecer” refere-se ao sujeito 
“dia”. O mesmo ocorre na oração seguinte (“A cidade 
amanheceu coberta por gelo.”), na qual o verbo em 
questão concorda em número e em pessoa com o 
núcleo do sujeito, que é o substantivo “cidade”. Note 
que, se o termo “torcedor”, presente na terceira frase, 
for substituído por outra palavra ou expressão corres-
pondente – “torcedores brasileiros”, por exemplo 
–, o verbo também deverá ser alterado para haver 
concordância. Veja: “Os torcedores amanheceram 
felizes com a conquista do título.”
Por outro lado, essa lexão não será necessária 
quando a forma verbal for impessoal. Nas frases a 
seguir, o verbo “amanhecer” permanece conjugado 
na terceira pessoa do singular.
Ex.:
 Ontem amanheceu chovendo.
 Na semana passada, amanheceu chovendo.
 Nos dias passados, amanheceu chovendo.
Verbos impessoais: oração sem sujeito PORTUGUÊS E LINGUAGENS
Módulo 3
193
8º Ano
 01 Assinale abaixo apenas as orações sem sujeito. Em 
seguida, determine o sujeito das outras orações.
(A) Havia dois ônibus velhos no estacionamento.
(B) Existiam dois ônibus velhos no estacionamento.
(C) O dia está muito quente.
(D) Amanheceu mais quente hoje.
(E) São Paulo amanheceu mais quente hoje.
 02 Todas as orações abaixo foram construídas sem 
sujeito. Identiique o verbo impessoal presente em cada 
uma delas e mostre a qual caso de oração sem sujeito elas 
se relacionam:
a. Geou em Campos do Jordão esta noite.
b. É cedo ainda, Maíra!
c. Já são quatro horas?
d. Ah! Já faz muitos anos...
e. Há grandes poetas neste país.
f. Hoje são treze de novembro.
g. Havia muitos alunos naquela aula.
h. Há anos que espero por essa viagem.
 03 Neste módulo, estudamos as regras para o uso dos 
verbos impessoais. Reescreva, no caderno, as frases a 
seguir e faça a concordância verbal correta, usando uma 
das duas formas entre parênteses:
a. (Faz/Fazem) trinta minutos que estamos à sua espera. 
b. (Havia/Haviam) poucas vagas no estacionamento. 
c. Conhecido o resultado da eleição, (choveu/choveram) 
vaias.
d. (Deverá haver/Deverão haver) seis anos que ocorreu 
o acidente.
e. Ontem nas cidades paulistas (choveu/choveram) 
demais.
f. Hoje (é/são) dia 31 de outubro, o Dia das Bruxas.
 04 Assinale a alternativa em que há oração sem sujeito: 
(A) Existe um povo que a bandeira empresta. 
(B) Embora com atraso, eles chegaram.
(C) Existem lores que devoram insetos. 
(D) Alguns de nós ainda tinham esperança de encontrá-lo. 
(E) Há de haver recurso desta sentença.
 05 Leia as seguintes orações: 
I. Pede-se silêncio.
II. Ontem anoiteceu aos poucos.
III. Fazia um calor tremendo naquela tarde.
O sujeito de cada uma delas se classiica, respectivamente, 
como: 
(A) indeterminado, inexistente e simples. 
(B) oculto, simples e inexistente. 
(C) simples, inexistente e inexistente. 
(D) oculto, inexistente e simples. 
(E) simples, simples e inexistente.
 01 Leia os seguintes versos de Mário de Andrade:
Assim como há resquício de barro
Nas estradas asfaltadas
E ruínas pelo impacto das guerras 
e catástrofes
Há em cada poema uma lágrima; (...)
Classiique o verbo “haver”, destacado no poema, e explique 
por qual motivo ele foi lexionado na terceira pessoa do 
singular.
 02 
A ordem é se assumir
As expressões ou palavras que entram na moda erudita 
das cidades são muito signiicativas. Mas se massiicam 
tanto pelo uso abusivo, que se acaba icando com o ouvido 
raivoso de tanto as escutar.
Observo nas minhas próprias crônicas a insistência 
com algumas palavrinhas da moda que se tornaram 
chatas. Uma que uso muito é “mobilizar”. Outra é 
“empatia”. Uma terceira, “feedback”. Tenho um amigo que, 
depois de descobrir o que quer dizer “feedback”, a utiliza 
até para comprar um cachorro-quente naquelas carroci-
nhas da praia. Já está chamando o troco de “feedback”...
O mais engraçado dessas palavras é que todo mundo 
sabe mais ou menos o que signiicam, mas ninguém lhes 
conhece o sentido exato. Por isso ganham tanta notorie-
dade. A partir do momento em que uma palavra pode 
signiicar várias coisas, estamos salvos. É só usá-la e dar 
a explicação que se quiser.
Outra em grande evidência é “gratiicar”. Vinda da psica-
nálise e atingindo as normas cultas do falar urbano-zona-
-sul-carioca, portanto ganhando jornais, artistas e televisão 
e, por aí, o grande público, “gratiicar” serve para tudo.
194
8º Ano
PORTUGUÊS E LINGUAGENS
Módulo 3
“Fiquei muito gratiicada com o que você disse”, diz 
a menininha, saborosa de doer, frente a qualquer coisa. 
“Ah – diz o intelectual – isso é altamente gratiicante.” E 
tome gratiicação a torto e a direito. E a gente escutando. 
Gratiicação pra cá, gratiicação prá lá, mas gratiicação 
no duro, aquele tutu que sempre achamos merecer, essa 
que é a boa, nunca vem.
“Eu fui, sabe, até a praia. Lá naquela duna, sabe, eu 
vi aquele cara, sabe, aí, sabe, ele estava escutando o rádio 
de pilha, sabe, naquela música, sabe, na qual, sabe, eu me 
amarro, sabe.”
Este “sabe” é dito mole e escorregadamente como 
muleta respiratória ou pausa, sabe, para encontrar a 
palavra adequada que não vem nunca...
Também em grande destaque, neste outono, o 
“assumir”. Está todo mundo “se assumindo” ou “assumindo” 
algo. É um tal de “se assumir” que parece que antes a 
pessoa não existia, ou era um “cargo” vago até que resolveu 
“assumi-lo”, assumindo-se. O que há de pessoas vagas por 
aí tentando assumir-se, assume assombrosas proporções. 
O pior é quando malandro assume o que sempre temeu e 
aí requebra de vez...
“Assume-se” tudo: a carreira, a culpa, a confusão, a 
neurose. Já vi mães jovens que um belo dia descobrem 
a pólvora:
— “Sabe, resolvi assumir os meus ilhos.” Espantado, 
pergunto: — “Por quê? Você se separou e agora tem a seu 
cargo a manutenção dos meninos?” — “Não – responde 
a princesa – separei nada. É que descobri que ainda não 
tinha assumido a maternidade e resolvi assumir os meus 
ilhos. Sabe, criança é um barato.”
De tanto ouvir essas coisas (e até escrevê-las em meu 
sugante trabalho de colunista diário), sinto vontade de 
compor o samba-modelo da Zona Sul:
 “Gratiiquei meu feedback
 assumindo minha empatia.
 Mobilizei minha neurose
 para não entrar em entropia.
 Inserido no contexto, sabe,
 devolvi a gratiicaçãomas vi ser problema estrutural
 e angustiado repudiei a frustração.”
Não haverá um compositor bondoso e baiano 
(também é moda) para botar música de samba ou rock 
nesta letra-modelo da atual temporada? O estribilho 
seria assim:
 “Gratiicação, gratiicação,
 com você eu derroto a inlação.” (bis) 
Artur da Távola
Marque a alternativa cujo período apresenta oração sem 
sujeito: 
(A) Come-se bem naquelas carrocinhas de praia.
(B) Há palavras que se massiicam pelo uso diário.
(C) Fiquei muito gratiicada com o que você disse.
(D) As expressões e palavras estrangeiras estão na moda.
(E) Todo mundo sabe mais ou menos o signiicado dessas 
palavras.
 03 Observe o trecho abaixo:
A sala icou vazia. Todos os homens se dirigiram 
para o curral. As mulheres foram depois. Os vaqueiros 
decidiram, como já era um pouco tarde, que os animais 
fossem montados de dois em dois.
Transcreva do texto:
a. uma oração sem sujeito.
b. uma oração na voz passiva. 
Tempo perdido
Havia um tempo de cadeiras na calçada. Era um tempo 
em que havia mais estrelas. Tempo em que as crianças 
brincavam sob a claraboia da lua. E o cachorro da casa era 
um grande personagem. E também o relógio de parede! Ele 
não media o tempo simplesmente: ele meditava o tempo.
QUINTANA, Mário. 80 anos de poesia. Rio de Janeiro: Globo, 1986.
 04 No texto, o eu lírico afirma que, assim como o 
cachorro, o relógio de parede também era um personagem 
da casa. Explique essa comparação, levando em conside-
ração a classiicação do sujeito nas duas últimas orações.
 05 Segundo a gramática, o sujeito é um termo essencial 
da oração. Retire do texto “Tempo perdido” uma frase que 
contradiz essa airmação e justiique sua resposta.
Verbos impessoais: oração sem sujeito PORTUGUÊS E LINGUAGENS
Módulo 3
195
8º Ano
 01 Escreva um parágrafo justiicando por qual motivo há 
um “erro de português” na frase a seguir. Para isso, recorra 
às regras gramaticais estudadas e mostre a classiicação e o 
tipo de sujeito da forma verbal destacada.
Deixei meu emprego porque houveram algumas 
diiculdades na empresa em que eu trabalhava.
 02 Ao analisar o trecho a seguir, percebe-se que ele é 
formado pelo mesmo verbo. No entanto, é possível airmar 
que ambas constituem casos de orações sem sujeito?
Chove há quatro dias no interior do país.
Chove carinho naquela casa. 
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8º Ano
PORTUGUÊS E LINGUAGENS
Módulo 3
Casos gerais de concordância
Você já pensou por que ocorrem tantas 
variações na linguagem?
O estudo da concordância verbal ou nominal leva 
em consideração a relação estabelecida entre as palavras, 
especialmente nas orações. A concordância nominal 
estuda a relação do núcleo nominal (substantivo) com 
seus determinantes. Já a concordância verbal leva em 
consideração a relação que ocorre entre o sujeito e o verbo.
Não respeitar as regras gramaticais no uso da língua 
distancia as pessoas do prestígio social cobrado nos 
grandes centros urbanos.
Neste módulo, analisaremos não só as regras prescritas 
pela gramática normativa, mas também o porquê da ocor-
rência de tantas variantes no uso cotidiano da linguagem.
EXPECTATIVAS DE APRENDIZAGEM:
– Empregar as regras básicas de concordância nominal e 
verbal em situações comunicativas e na produção de textos;
– identiicar casos gerais de concordância, a im de não 
cometer desvios.
1. Grandes nomes da Literatura – Euclides da Cunha
os verdadeiros e os únicos materiais para a prodigiosa 
construção da civilização da pátria – nós, os operários 
do futuro, e que devemos em breve – atirar na ação toda 
a fortaleza de nossa vitalidade – todos os brilhos de 
nosso espírito – todas as energias de nosso caráter, não 
devemos olvidar os heróis de ontem, de cujas almas partiu 
o movimento inicial desta deslumbrante ascensão, dessa 
soberana elevação moral...
Olvidá-los, mais do que uma ingratidão, seria um erro, 
seria desconhecer que os grandes ideais dessas frontes 
olímpicas disseminam-se por todos os corações, difun-
dem-se em todos os cérebros, e levados pela tradição, presos 
nos elos inquebráveis da solidariedade humana, revivem, 
continuamente crescentes – no seio das sociedades.
A luz – a grande luz imaculada e sublime que circunda 
a data mais gloriosa de nossa história e traça – irradiando 
para o futuro – o itinerário da nossa nacionalidade 
não deluiuda mentalidade dos brilhantes patriotas do 
presente; veio de longe, cintilou no seio de muitas gerações 
e as frontes dos pensadores de hoje foram apenas as lentes 
ideais que a refrataram – aumentada – sobre a sociedade.
E isso – somente isso – explica o ter sido tão calma, uma 
transformação tão radical e que tão profundamente alterou 
o nosso organismo social; em geral – a história o diz – esses 
Euclides da Cunha (1866-1909) foi um escritor, 
jornalista, professor e poeta brasileiro, autor da obra Os 
sertões. Foi enviado como correspondente ao sertão da 
Bahia, pelo jornal O Estado de S. Paulo, para cobrir a 
guerra no município de Canudos. Seu livro Os sertões 
narra e analisa os acontecimentos da guerra.
O artigo a seguir, que faz parte da coletânea O pensa-
mento político brasileiro, relete um pouco de seus juízos 
por meio da vigorosa crítica resultante de minuciosas e 
integradas observações.
1.1 Construindo o conceito
Heróis de ontem
Afastemo-nos um instante da harmonia festiva que 
circunda os vencedores do presente e concentremo-nos, 
recordando os nomes dos combatentes do passado.
Nunca se nos impôs tanto esta necessidade; na transição 
que sofre a nossa pátria, rapidamente nivelada a toda a 
deslumbrante grandeza do século atual, pela realização 
de sua reforma liberal; nesse instante supremo de nossa 
história, em que se inicia a uniicação de todos os direitos, 
a harmonia de todas as esperanças e a convergência de 
todas as atividades; hoje, que os nossos ideais são, de fato, 
PORTUGUÊS E 
LINGUAGENS
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8º AnoMódulo 4
grandes males cedem somente aos cáusticos tremendos da 
revolução, desaparecem somente quando afogados pela 
brutalidade – algumas vezes benéica – das paixões indo-
máveis do povo e mui recentemente ainda, na América do 
Norte, para poder aniquilá-los, o brilho do pensamento de 
Lincoln aliou-se à cintilação da espada de Ulisses Grant...
Entre nós porém – não deu-se uma revolução – 
operou-se uma evolução.
Não houve um abalo – porque respeitou-se uma lei.
Particularizam-se alguns termos na fórmula geral do 
progresso, por isto esta reconstrução não necessitou de 
uma destruição anterior e por sobre toda esta enorme 
transformação paira, deslumbrante, retilínea e irme a 
lógica inabalável da história.
E de tudo isto nos são credores os grandes ilhos da 
pátria – animados hoje da existência imortal da história, 
e por isso é bem natural que remontando-nos ao passado, 
procuremos nas inscrições dos seus túmulos imaculados 
– a senha do futuro!
Recordemo-nos, pois, das almas soberanas aonde se 
germinou essa generosa ideia da liberdade, que após elevar 
todas as frontes, imergiu em nossa civilização – tendo 
como último ponto de apoio a sua força desmesurada – 
um coração de princesa!...
José Bonifácio, Eusébio de Queirós, Paranhos – sinte-
tizam admiravelmente todos os pensadores que melhor 
emprestaram-lhe energia e brilho; Ferreira de Meneses, 
Tavares Bastos e Luís Gama – deinem perfeitamente os 
grandes corações, bastante grandes para conterem as dores 
cruciantes de muitas gerações e pátrias; Gonçalves Dias, 
Castro Alves e Varela – foram os brilhantes educadores 
de nossos corações que se engrandeceram dilatados pelo 
calor ideal emanado dos brilhos de suas estrofes imortais...
Ante esses nomes a ideia que fazemos da consciência 
nacional, justiica um silêncio – profundamente eloquente.
No dia de hoje eles deviam ser lembrados, não tanto 
por um impulso de gratidão, mas pelo grande ensina-
mento que disto nos advém – por isto é que os recordamos 
– afastando-nos – por um instante – da alegria ruidosa e 
festiva que no dia de hoje aclama – a regeneração da pátria.
CUNHA, Euclides da. Artigo publicado pela primeira vez na Revista da Família Acadêmica, 
Rio de Janeiro, ano I, n. 1, p. 227-229, 13 mar. 1888.
01. Euclides da Cunha solicita, em seu artigo, que sejam 
exaltados os heróis do passado, parte importante na 
história de nossa pátria, e aponta algumas razões para 
isso. Cite dois exemplos delas.
02. No trecho “Não houve um abalo – porque respei-
tou-se uma lei”, caso substituíssemos a expressão “um 
abalo” apenas pelo termo “abalos”, o verbo “haver” deveria 
permanecer no singular?
Provavelmente algumas pessoas poderiam achar que 
a forma adequada de concordância seria “Não houveram 
abalos”, mas esse é apenas um dos desvios comuns na 
língua portuguesa. Entretanto, ao contrário do que muitos 
pensam, ele não é cometido apenas por pessoas com 
menos instrução. Qualquer um acostumado com marcas 
da fala acaba cometendo esses erros.
2. Casos gerais de concordância
Concordância é a relação que se estabelece entre os 
termos das orações. Na concordância nominal, é estabelecida 
a concordância em gênero e número do substantivo com os 
seus determinantes (adjetivo, artigo, numeral e pronome). 
Na concordância verbal, determina-se a concordância em 
número e pessoa entre o verbo e o sujeito da oração.
No entanto, o estudo de concordância não se restringe 
às regras gerais. Há casos especiais que devem ser 
estudados e analisados, principalmente no uso da língua.
3. Concordância nominal 
É PROIBIDO ENTRADA COM ALIMENTOS. 
Na oração apresentada na placa de entrada do teatro, o 
uso da expressão “É proibido” não sofre lexão de gênero. 
Isso ocorre porque não há um elemento que determine 
o substantivo “entrada”, que se refere a essa expressão.
Se o substantivo “entrada” fosse antecedido pelo artigo 
“a”, haveria lexão de gênero da expressão – “É proibida a 
entrada com alimentos”.
198
8º Ano
PORTUGUÊS E LINGUAGENS
Módulo 4
3.1 Casos especiais de concordância nominal
Ex.: 
 
É permitido fotograias no Museu de Arte 
Contemporânea Inhotim.
adjetivo
(masculino, singular)
substantivo
(feminino, plural)
II. Concordam com o substantivo a que se referem 
quando este vier precedido de um elemento deter-
minante. O adjetivo ou particípio deve variar em 
gênero e número com o determinante que antecede 
o substantivo.
Ex.: 
 
São permitidas as fotograias no Museu de Arte 
Contemporânea Inhotim.
adjetivo
(feminino, plural)
artigo e substantivo
(feminino, plural)
3.1.2 Meio
A palavra meio pode apresentar-se de duas formas: atuando como 
advérbio ou como numeral adjetivo.
I. Quando utilizada como advérbio, 
refere-se a um adjetivo e, portanto, 
é invariável. Nesse caso, esse termo 
funciona como advérbio de modo.
Quando a aluna conversa com 
o colega sobre sua preocupação, ela 
espera que ele possa ajudá -la a entender 
por que as mulheres não se tornaram 
independentes no passado, mesmo 
sendo muito inteligentes. No entanto, 
o aluno entende que a preocupação 
da colega é apenas com a perda de 
pontos na apresentação do seminário e 
a instrui sobre uma maneira de desviar 
a atenção da professora durante a 
apresentação do trabalho.
O humor da tira constrói-se pela 
escolha do assunto sugerido pelo 
aluno para distrair a professora. O 
fato de as pessoas pensarem que as 
 MEIA HORA ANTES DO 
SEMINÁRIO, ENTREGUE A ELA 
UM BILHETINHO ELOGIANDO
 A ROUPA QUE ESTÁ VESTINDO
 ESTOU MEIO
PREOCUPADA
COM O TEMA QUE
APRESENTAREI
NO SEMINÁRIO
DA AULA DE
HOJE. 
POR QUÊ?
NÃO CONSEGUI ENTENDER 
MUITO BEM POR QUE AS
 MULHERES NÃO HAVIAM
 AINDA SE TORNADO
 INDEPENDENTES,
SE JÁ
ERAM TÃO
INTELIGENTES
NO PASSADO. 
ELA SÓ ESTARÁ
PENSANDO NA
ROUPA QUE USARÁ
NA PRÓXIMA AULA.
E DIGA QUE VAI
 PEDIR PARA SUA 
MÃE UM MODELO 
IGUALZINHO. 
APOSTO QUE
ENQUANTO
VOCÊ ESTIVER 
APRESENTANDO, 
Além das regras gerais de concordância com núcleo 
nominal, há diversos casos especiais desse tipo de 
concordância apresentados na gramática normativa. Neste 
tópico, serão estudados os casos de expressões (formadas 
pelo verbo “ser” + adjetivo) e também o uso das palavras 
“meio” e “menos”.
3.1.1 É bom, é necessário, é permitido, é 
proibido
As expressões formadas pelo verbo “ser”, seguidas 
de adjetivo ou verbo no particípio (função de adjetivo), 
podem apresentar-se

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