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Aula 6

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A água do mar é sabidamente salgada. 
Assim como as lágrimas!
Portugal foi uma das potências 
imperiais nos séculos XV e XVI, 
atravessando os oceanos e 
conquistando terras na América, 
África e Ásia. Esta não foi, entretanto, 
uma tarefa fácil ou sem riscos. Muitos 
marinheiros, todos homens, morriam 
nas viagens ou eram abandonados 
como náufragos. As mulheres, que 
ficavam em Portugal e esperavam, 
choravam sua ausência.
Estes versos estão entre os mais 
conhecidos em Língua Portuguesa.
Fernando Pessoa estabelece, aqui, 
que a grandiosidade dos sonhos de 
conquista portugueses fez valer a 
pena todas as dores, riscos e mortes, 
não porque aquilo que se conquista 
tenha este valor, mas porque é esta 
alma cheia de sonhos e desejos de 
conquista que faz a identidade do 
bravo povo português. Pessoa não 
está aqui fazendo um elogio histórico 
ao imperialismo português, seus 
métodos ou suas conquistas, mas uma 
declaração de amor a este povo que 
vive num pequeno país pedregoso, 
espremido na pontinha da Europa e, 
ainda assim, tem sonhos do tamanho 
do mundo! A expressão “valer a pena” 
tem precisamente este significado: 
descrever algo que é tão valioso 
que vale até os sacrifícios (penas) 
necessários para conquistá-lo. 
Aula 6
7 lições para ler 
e escrever
Mar Português 
Fernando Pessoaa
Ó mar salgado, quanto do teu sal
São lágrimas de Portugal!
Por te cruzarmos, quantas mães choraram,
Quantos filhos em vão rezaram!
Quantas noivas ficaram por casar
Para que fosses nosso, ó mar!
Valeu a pena? Tudo vale a pena
Se a alma não é pequena.
Quem quer passar além do Bojador
Tem que passar além da dor.
Deus ao mar o perigo e o abismo deu,
Mas nele é que espelhou o céu.
O Cabo do Bojador fica na costa africana, 
bem ali onde a África faz aquela primeira 
curva, naquela parte que parece encaixar 
perfeitamente no mesmo recorte que 
existe na costa brasileira. Este ponto 
geográfico foi a primeira dificuldade 
encontrada pelos portugueses em sua 
busca de um caminho para a Índia que 
não passasse pelo Mar Mediterrâneo. 
Marcado pela incidência de fortes 
correntes marítimas, o Cabo do Bojador 
era um conhecido lugar de naufrágios, 
por isso, o verso de Pessoa aqui tem o 
sentido de valorizar aquele que consegue 
superar seus medos e suas próprias dores 
em função de um objetivo. Os versos 
finais reiteram o que o poeta disse até 
agora, com uma ênfase exemplar: o mar 
esconde perigos e abismos, mas é nele 
que se reflete o céu! Tudo isso associado à 
conhecida imagem religiosa, que confere 
à palavra céu, nesse caso, um duplo 
sentido: o de beleza e o de salvação.
Note que Pessoa intitula seu poema 
de MAR PORTUGUÊS, e não Oceano 
Atlântico, como pediria a correção 
geográfica. Aqui, vemos o poeta fazendo 
uma declaração, como se dissesse que 
o Oceano Atlântico pode ser de todos 
os países que ele banha, mas é também, 
por direito de conquista e de dor, o Mar 
Português por excelência.
Os dois versos finais, nesse caso, são 
muito importantes para o contexto, pois 
eles funcionam como um resumo de 
todo o poema e, principalmente, uma 
declaração sobre a posição do poeta. 
Pessoa não mostra qualquer orgulho 
histórico pelo que foi feito por seu país 
no período imperial, nem mesmo mostra 
achar justas as conquistas de Portugal. 
Ele mostra, por outro lado, um imenso 
orgulho da identidade histórico-cultural 
desse povo, que mesmo vivendo num 
dos menores, mais pobres e menos 
férteis países da Europa, conquistou 
territórios em todo o mundo, tudo isso 
porque tinha sonhos grandiosos, uma 
alma que nunca foi pequena.
É assim que, nos dois versos finais, 
Pessoa altera completamente o contexto 
do poema em si: se ele começa lá, na 
geografia de Portugal – o mar – e em sua 
história – a conquista de territórios além 
desse mar -, nos versos finais o poeta nos 
surpreende e nos mostra que o contexto 
é muito maior do que a geografia e a 
história, o contexto é a própria alma 
portuguesa, seu modo de sonhar e, 
possivelmente, sua salvação. 
A situacionalidade, como dissemos, 
é o elemento de textualidade que 
ajusta e equilibra a produção de texto 
ao contexto de uso deste mesmo 
texto. Um dos exemplos mais claros 
de situacionalidade hoje em dia é a 
forma como as pessoas escrevem nos 
aplicativos de comunicação por texto na 
internet ou de telefones celulares.
Há uma série de abreviações, 
emoticons, palavras novas etc. Esse 
tipo de texto é perfeitamente razoável 
para uma comunicação entre pessoas 
que têm alguma intimidade, como 
amigos, namorados. Os problemas 
começam quando os usuários deste 
tipo de aplicativo fazem uso da mesma 
linguagem em seus emails, destinados a 
outros interlocutores, nada íntimos.
O email se assemelha mais a uma carta 
postal, enquanto que o texto destes 
aplicativos de comunicação on line se 
assemelham mais às conversas. Percebe 
como são diferentes?
Assim, para escrever um e-mail você deve 
ter um corpo inicial em seu texto com 
algo semelhante a um endereçamento, 
que pode ser resumido a um pronome 
de tratamento (prezados senhores, 
caríssimos etc.) ou apenas o nome de seu 
interlocutor.
Em seguida, vem o texto do e-mail 
propriamente dito, que deve ter poucas 
informações, ser breve, organizado em 
parágrafos curtos, mas deve ter letras 
Exercício 1
A situacionalidade também é o elemento 
que nos permite evitar ambiguidades 
e situações dúbias, que confundem e 
desorientam o leitor.
a. Veja as três frases abaixo e escreva um 
pequeno texto, de dois parágrafos, no 
qual você explica cada uma das formas 
que podemos compreender o que está 
escrito;
b. Corrija ou altere o que considerar 
necessário para eliminar o duplo sentido 
ou o engano.
A situacionalidade é um elemento de 
textualidade tão interessante que ele até 
determina a escolha de palavras para a 
composição de determinados textos.
Faça uma lista de palavras consideram 
as situações descritas:
a. Palavras que não devem ser ditas em 
aeroportos internacionais;
b. Palavras que devem aparecer em 
velórios e enterros;
c. Palavras que devem aparecer em 
aniversários, nascimentos, casamentos.
d. Palavras que não devem ser ditas em 
quartos de pessoas muito doentes em 
hospitais.
Exercício 2
. Mando-lhe uma cadelinha pela minha 
criada que tem as orelhas cortadas.
. Vi o ladrão da janela. 
. Comprei o retrato do menino. 
maiúsculas e minúsculas, pontuação e 
correção ortográfica e gramatical, como 
aconteceria em uma carta.
Abreviações devem ser evitadas e emo-
ticons e coisas do gênero não devem 
aparecer de forma alguma.
Finalmente, um último parágrafo de en-
cerramento e despedida e sua assinatura 
(seu nome e cargo, se for esse o caso).

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