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Tecnologias Digitais no Ensino de Ciências

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Pró-Reitoria Acadêmica 
Programa de Pós-Graduação 
Stricto Sensu em Educação 
 
 
 
 
 
 
 
TECNOLOGIAS DIGITAIS: DESAFIOS E POSSIBILIDADES 
NO ENSINO DE CIÊNCIAS NOS ANOS FINAIS DO ENSINO 
FUNDAMENTAL 
 
 
 
 
 
 
Autora: Josiane do Pilar Santos de Souza 
Orientadora: Pricila Kohls dos Santos 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Brasília 
2022
Pró-Reitoria Acadêmica 
Programa de Pós-Graduação 
Stricto Sensu em Educação 
 
 
 
 
 
 
Josiane do Pilar Santos de Souza 
 
 
 
 
 
 
 
 
TECNOLOGIAS DIGITAIS: DESAFIOS E POSSIBILIDADES NO 
ENSINO DE CIÊNCIAS NOS ANOS FINAIS DO ENSINO 
FUNDAMENTAL 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Orientadora: Pricila Kohls dos Santos 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Brasília 
2022 
 
JOSIANE DO PILAR SANTOS DE SOUZA 
 
 
 
 
 
 
TECNOLOGIAS DIGITAIS: DESAFIOS E POSSIBILIDADES NO ENSINO DE 
CIÊNCIAS NOS ANOS FINAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL. 
 
 
 
 
 
 
Dissertação apresentada ao Programa de 
Pós-Graduação Stricto Sensu em 
Educação da Universidade Católica de 
Brasília, na área de Educação, Tecnologia 
e Comunicação, como requisito parcial 
para a obtenção do Título de Mestre em 
Educação. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Dissertação de autoria de Josiane do Pilar Santos de Souza, intitulada 
“Tecnologias Digitais: desafios e possibilidades no ensino de ciências nos 
anos finais do ensino fundamental”, apresentada como requisito parcial para 
obtenção do grau de Mestre em Educação da Universidade Católica de Brasília, 
em 30 de março de 2022, defendida e aprovada pela banca examinadora abaixo 
assinada: 
 
 
 
 
 
 
 
Profª. Drª. Pricila Kohls dos 
Santos 
Orientadora 
Universidade Católica de Brasília – 
UCB 
 
 
 
 
 
 
 
Profª. Drª. Valdivina Alves 
Fereira 
Universidade Católica de Brasília – 
UCB 
 
 
 
 
 
 
 
Prof. Dr. Julian Silveira Diogo de Ávila Fontoura 
Universidade Federal do Rio Grande do Sul – 
UFFS 
 
Brasília 
2022 
6 
 
AGRADECIMENTOS 
 
A Deus, que iluminou meu caminho transmitindo força, coragem e sabedoria 
durante esta caminhada, pois És essencial em minha vida. 
A minha família; meu esposo, meus pais, Moacir e Maria, meu irmão Josimar, 
meus filhos, Milena, Maria Vitória e Lucas, razão do meu viver, obrigada por serem o 
meu porto seguro durante essa trajetória e me apoiarem nos momentos difíceis, 
compreendendo as ausências e se alegrando com minhas vitórias. 
Ao meu esposo, Cloter Oliveira Davi, que de maneira especial me apoiou nos 
momentos de dificuldades e angustias, sempre me incentivando e, com muita 
paciência e compreensão me transmitiu muito carinho e amor, sempre acreditando 
em meu potencial. 
As minhas amigas e companheiras, Maria do Pilar, Simôni Carrijo, Maria 
Alves e Mara Helena, por compartilharmos momentos de alegrias, tristezas, 
angústias e de muito aprendizado, o apoio de vocês foi fundamental. 
Aos professores que participaram e contribuíram com essa pesquisa, a todos 
aqueles, que de alguma maneira, estiveram e estão próximos de mim, me auxiliando 
e me incentivando. 
Aos colegas do curso de mestrado, em especial minha amiga e companheira 
Imaculada Conceição, pela convivência, partilha e contribuições nos estudos e 
construção dos trabalhos. Obrigada pela parceria! 
 A todos os magníficos professores da Universidade Católica de Brasília, pelas 
ricas contribuições na minha formação e por todas as experiências vivenciadas. 
Obrigada pelo carinho, humildade e aprendizado! 
 À minha orientadora, professora doutora Pricila Kohls dos Santos, por todos 
os ensinamentos, pela excelente orientação, sensibilidade e paciência. Suas 
contribuições foram imprescindíveis, para que se tornasse possível o 
desenvolvimento desta pesquisa. Agradeço pela sua serenidade e humildade em 
meio a tantos desafios. Obrigada por acreditar em mim e em meu potencial. 
A Banca de Qualificação do Projeto e da Defesa desta dissertação, professora 
doutora Valdivina Alves Ferreira e professor Julian Avila Fontoura, pelas orientações 
e contribuições relevantes, tanto para a qualificação do meu estudo, quanto para a 
minha qualificação profissional. Obrigada pelas contribuições! 
Gratidão a todos! 
7 
 
 
RESUMO 
 
SOUZA, Josiane do Pilar Santos de. Tecnologias Digitais: Desafios e 
Possibilidades no Ensino de Ciências nos Anos Finais do Ensino 
Fundamental. 143f. Dissertação de Mestrado em Educação – Universidade Católica 
de Brasília. 2022. 
A presente dissertação insere-se na linha de pesquisa Educação, Tecnologia e 
Comunicação do Programa de Pós-graduação Stricto Sensu em Educação da 
Universidade Católica de Brasília (UCB). Apresenta como objetivo geral analisar os 
desafios e as possibilidades do uso das tecnologias digitais como instrumento de 
mediação pedagógica, para o ensino de ciências. Os objetivos específicos se 
referem a relacionar as práticas e instrumentos metodológicos utilizados pelos 
docentes para mediação pedagógica no ensino de ciências; verificar os desafios 
encontrados no trabalho docente com o uso das tecnologias digitais, no ensino de 
ciências; identificar os desafios e as possibilidades no processo de utilização das 
tecnologias digitais para mediação pedagógica. Para alcançar os objetivos propostos 
foi adotada a abordagem qualitativa, por meio de estudo de caso, uma vez que 
permite compreender a complexidade e os detalhes das informações obtidas para a 
análise dos objetos em estudo. Como instrumento de pesquisa foi adotado a 
entrevista semiestruturada construindo assim, um diagnóstico detalhado da temática 
e, por fim, como procedimento de análise de dados foi utilizado o método de Análise 
Textual Discursiva (ATD). Os sujeitos participantes da pesquisa foram professores 
com formação e experiência na disciplina de ciências nas séries finais do ensino 
fundamental de uma escola pública da rede estadual de ensino no município de 
Jauru - MT. A fundamentação teórica teve como base o estado do conhecimento, um 
tipo de pesquisa bibliográfica baseada, principalmente, em teses e dissertações com 
a finalidade de mapear e ampliar as oportunidades de novas construções nos 
diversos campos de conhecimento referentes a temática em estudo. A partir das 
análises de dados foi possível destacar como desafios: falta de equipamentos e 
internet; falta de capacitação; incompatibilidade de aparelhos; falta de fluência 
digital; falta de planejamento; velocidade da evolução tecnológica e conscientização 
do uso das ferramentas digitais para fins pedagógicos. Como possibilidades, 
destacam-se: a conexão com o mundo, meio facilitador motivador e de interação, 
fomenta o protagonismo estudantil; simulação de experiências on-line; ludicidade e 
dinamização; praticidade e inovação nas práticas pedagógicas; acervos digitais 
gratuitos; acesso a diversas informações; aumento da percepção dos recursos 
tecnológicos; o despertar da curiosidade e interesse dos estudantes. Contudo, diante 
dos dados gerados e das pesquisas realizadas, considera-se que ao utilizar-se das 
tecnologias digitais como ferramentas de ensino, principalmente no que se refere a 
disciplina de ciências, deve-se ter consciência que essas são meios 
potencializadores, instrumentos facilitadores de aprendizagem servindo como apoio 
ao professor no processo de desenvolvimento das práticas pedagógicas. O 
professor exerce a função de mediador, estimulando a aprendizagem e promovendo 
a autonomia e o estudante é o protagonista do processo de ensino e aprendizagem. 
 
Palavras-chaves: Tecnologia Digital. Prática Pedagógica. Ensino de Ciências. 
Formação Docente. 
8 
 
 
ABSTRACT 
 
SOUZA, Josiane do Pilar Santos de. Digital Technologies: Challenges and 
Possibilities in Science Teaching in the Final Years of Elementary School. 
143p. Master's Dissertation in Education - Catholic University of Brasília. 2022. 
 
The present dissertation is part of the Education, Technology and Communication 
research line of theStricto Sensu Postgraduate Program in Education at the Catholic 
University of Brasília (UCB). It presents as a general objective to analyse the 
challenges and possibilities of using digital technologies as a pedagogical mediation 
instrument for science teaching. The specific objectives refer to relating the practices 
and methodological instruments used by teachers for pedagogical mediation in 
science teaching; to verify the challenges encountered in teaching work with the use 
of digital technologies in science teaching; to identify the challenges and possibilities 
in the process of using digital technologies for pedagogical mediation. In order to 
achieve the proposed objectives, a qualitative approach was adopted through a case 
study, since it allows understanding the complexity and details of the information 
obtained for the analysis of the objects under study. As a research instrument, a 
semi-structured interview was adopted, thus building a detailed diagnosis of the 
theme and, finally, as data analysis procedures, the Discursive Textual Analysis 
(DTA) method was used. The subjects participating in the research were teachers 
with training and experience in the discipline of science in the final grades of 
elementary school at a public school in the state education network in the city of 
Jauru - MT. The theoretical foundation was based on the state of knowledge, a type 
of bibliographic research based mainly on theses and dissertations in order to map 
and expand the opportunities for new constructions in the various fields of knowledge 
related to the subject under study. From the data analysis, it was possible to highlight 
as challenges: lack of equipment and internet; lack of training; device incompatibility; 
lack of digital fluency; Lack of planning; speed of technological evolution and 
awareness of the use of digital tools for pedagogical purposes. As possibilities, the 
following stand out: the connection with the world, a motivating and interactional 
facilitator, fosters student protagonist; simulation of online experiences; playfulness 
and dynamization; practicality and innovation in pedagogical practices; free digital 
collections; access to various information; increases awareness of technological 
resources; arouse students' curiosity and interest. However, in view of the data 
generated and the research carried out, it is considered that when using digital 
technologies as teaching tools, especially with regard to the discipline of science, one 
must be aware that these are potentiating means, facilitating instruments of learning, 
serving as support to the teacher in the process of developing pedagogical practices. 
The teacher plays the role of mediator, stimulating learning by promoting autonomy 
and the student is the protagonist of the teaching and learning process. 
 
Keywords: Digital Technology. Pedagogical Practice. Science teaching. Teacher 
Training. 
 
 
 
9 
 
 
LISTA DE SIGLAS 
 
ATD Análise Textual Discursiva 
BDTD Biblioteca Digital de Teses e Dissertações 
BNCC Base Nacional Comum Curricular 
COVID-19 Vírus SARS-CoV-2 
E1, E2, E3 Entrevistados 1, 2, 3 
E4, E5, E6 Entrevistados 4, 5 ,6 
FAITH Nome Fantasia da Editora 
IBICT Instituto Brasileiro de Informação em Ciências e Tecnologia 
LCMS Learning Content Management System 
LDB Lei das Diretrizes e Bases 
LMS Learning Management System (Sistema de Gestão de Aprendizagem) 
PUC-SP Pontifícia Universidade Católica de São Paulo 
SAGAH Soluções Educacionais Integradas 
TDIC Tecnologia Digital de Informação e Comunicação 
TDs Tecnologias Digitais 
UEPB Universidade Estadual da Paraíba 
UFJF Universidade Federal de Juiz de Fora 
UFS Universidade Federal de Sergipe 
UFTM Universidade Federal do Triângulo Mineiro 
UNESCO Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a 
Cultura 
UNESP Universidade Estadual Paulista 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
10 
 
 
 
 
 
LISTA DE FIGURAS 
 
 
Figura 01: Piktochart - Exemplo da página que irá abrir ao clicar na opção “cartazes”
 .................................................................................................................................. 67 
Figura 02: Parte do Painel Colaborativo Padlet (Recursos e Editores de Vídeo .................... 69 
Figura 03: Exemplo de mapa mental .......................................................................................... 69 
Figura 04: Página inicial do Planetabio ...................................................................................... 70 
Figura 05: Corpo humano sem as camadas de pele e músculo ............................... 71 
Figura 06: Nomenclatura de estruturas selecionadas ............................................................... 71 
Figura 07: Tela da interface da sala de aula do Visible Body ................................... 72 
Figura 08: Tela da interface do Thinkercell .............................................................. 73 
Figura 09: Mapa – Monitoramento Mundial do Fechamento de Escolas .................. 77 
Figura 10: Desigualdade de acesso a recursos tecnológicos ................................... 80 
Figura 11: Categorias ............................................................................................... 95 
Figura 12: Cultura Digital ........................................................................................ 107 
Figura 13: O que acontece na internet em 60 segundos? ...................................... 123 
Figura 14: Nuvem de Palavras ............................................................................... 125 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
11 
 
 
 
LISTA DE TABELAS 
 
Tabela 01. Caracterização dos Entrevistados ........................................................... 92 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
12 
 
 
 
LISTA DE GRÁFICOS 
 
Gráfico 01. Resultado de busca avançada por nível ................................................ 32 
Gráfico 02. Instituições em destaque ....................................................................... 32 
Gráfico 03. Categorias da terceira etapa .................................................................. 34 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
13 
 
 
 
LISTA DE QUADROS 
 
QUADRO 01. Competências Específicas de Ciências da Natureza para o Ensino 
Fundamental ............................................................................................................. 64 
QUADRO 02. Quadro de Coerência do Projeto de Pesquisa ................................... 88 
QUADRO 03. Indicador de Possibilidades e Desafios no uso de Tecnologias Digitais 
no Ensino ................................................................................................................ 120 
 
14 
 
 
SUMÁRIO 
 
INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 16 
CAPÍTULO 01 – JUSTIFICATIVA ............................................................................ 22 
CAPÍTULO 02 – REFERENCIAL TEÓRICO ............................................................ 30 
2.1 – ESTADO DO CONHECIMENTO ...................................................................... 30 
2.2 – ANÁLISE DAS PESQUISAS POR CATEGORIAS .......................................... 35 
2.2.1 – Prática Pedagógica ..................................................................................... 36 
2.2.1.2 – Formação Continuada .............................................................................. 39 
2.2.2 – Mediação Pedagógica ................................................................................. 40 
2.2.3 – Prática de Ensino ........................................................................................ 43 
2.2.4 – Recursos Didáticos .....................................................................................45 
2.3 – TECNOLOGIAS DIGITAIS NA EDUCAÇÃO ................................................... 47 
2.3.2 – Tecnologias Digitais no Contexto da Escola Contemporânea ................ 49 
2.3.3 – Mediação Pedagógica Através das Tecnologias Digitais ........................ 54 
2.3.4 – Tecnologias Digitais no Ensino de Ciências e a Base Nacional Comum 
Curricular - BNCC .................................................................................................... 58 
2.3.5 – Ferramentas Digitais para o Ensino de Ciências...................................... 65 
2.3.6 – O Uso das Tecnologias Digitais no Contexto da Educação em Tempos 
de Pandemia ............................................................................................................ 74 
CAPÍTULO 03 – METODOLOGIA ............................................................................ 81 
3.1 – Caracterização da Pesquisa .......................................................................... 82 
3.2 – Local de Pesquisa .......................................................................................... 84 
3.3 – Participantes ................................................................................................... 84 
3.4 – Procedimentos para Geração de Coleta de Dados ...................................... 84 
3.5 – Procedimentos para Análise de Dados ........................................................ 86 
CAPÍTULO 04 – ANÁLISE DOS DADOS E DISCUSSÕES DOS RESULTADOS ... 91 
4.1 – Análise das Entrevistas ................................................................................. 91 
4.1.1 – Caracterização dos Participantes .............................................................. 91 
4.1.2 – Categorização das entrevistas ................................................................... 93 
4.1.2.1 – Mediação Pedagógica no Processo de Ensino ...................................... 95 
4.1.2.1.1 – Prática Pedagógica no Espaço Escolar ............................................ 100 
4.1.2.2 – Tecnologia Digital no Processo de Ensino e Aprendizagem .............. 106 
 
15 
 
4.2.2.2.1 – Recursos Pedagógicos – Ferramentas de Ensino ........................... 110 
4.1.2.3 – Formação Continuada ............................................................................ 113 
4.1.2.4 – Desafios e Possibilidades na Utilização das Tecnologias Digitais no 
Ensino de Ciências................................................................................................ 116 
CAPÍTULO 05 – CONSIDERAÇÕES FINAIS ......................................................... 126 
REFERÊNCIAS ....................................................................................................... 130 
APÊNDICES ........................................................................................................... 139 
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO – TCLE ...................... 139 
ROTEIRO DE ENTREVISTAS ................................................................................ 141 
 
 
16 
 
INTRODUÇÃO 
 
Não haveria cultura nem história sem inovação, 
sem criatividade, sem curiosidade, sem liberdade 
sendo exercida, ou sem liberdade pela qual, sendo 
negada, se luta. Não haveria cultura nem história 
sem risco, assumido ou não, quer dizer, risco de 
que o sujeito que o corre se acha mais ou menos 
consciente. Posso não saber agora que riscos 
corro, mas sei que, como presença no mundo, corro 
risco. É que o risco é um ingrediente necessário à 
modalidade sem a qual não há cultura nem história. 
Paulo Freire (p.16, 2000) 
 
A sociedade contemporânea vivencia nos dias atuais diversas transformações 
sobre as quais nos permite refletir sobre as influências dessas modificações na 
sociedade, na escola, no trabalho docente e na aquisição de conhecimento, ou seja, 
nos processos de ensino e de aprendizagem. Assim, é necessário que ocorram 
adaptações nos diversos setores, entre eles, destacamos a educação. Diante 
dessas inovações consideramos que a evolução das tecnologias digitais se revela 
por se destacar, principalmente diante do trabalho pedagógico, pois o uso da 
tecnologia se torna essencial, com a necessidade de planejamento e qualificação 
dos profissionais para desenvolver com qualidade e eficácia o trabalho, conforme a 
atualidade nos exige. 
 A evolução das tecnologias digitais nos possibilita o desenvolvimento e a 
ampliação de conhecimentos, especialmente nos processos educativos, 
identificando a ligação entre as tecnologias, escola e os processos sociais, sendo 
que possui um lugar evidente na construção da civilização. Nesse contexto, Santos, 
(2018) diz que: “Nos últimos anos, vivemos transformações significativas no mundo, 
seja pela facilidade de acesso à informação, pela diminuição das distâncias ou pela 
maneira de se comunicar e pertencer à sociedade. Tais transformações estão 
intimamente ligadas à tecnologia e à informática”. (SANTOS, 2018, p. 2) 
Nesse sentido ARAUJO (2015), relata que 
É muito importante para o desenvolvimento de um indivíduo como um todo, 
a relação entre educação, tecnologia e sociedade. [...] É uma nova 
tecnologia que oferece transformação pessoal, além de favorecer a 
formação tecnológica necessária para o futuro profissional na sociedade. 
17 
 
(ARAUJO, 2015, p. 377) 
 
Junto a essas transformações, o processo de ensino e de aprendizagem vem 
passando por muitas modificações, principalmente em relação às metodologias 
utilizadas, ressaltando que é de fundamental importância que os professores 
encontrem métodos diversificados, a fim de integrar o uso das tecnologias digitais na 
prática diária, com o objetivo de auxiliar os educandos, para que se sintam 
motivados e, assim, oportunizar a construção de conhecimentos, pois ao utilizar 
diferentes recursos metodológicos contribui-se para a comunicação e integração 
entre docentes e educandos possibilitando a aprendizagem. 
Santos e Giraffa (2017), colaboram relatando que é preciso pensar um novo 
espaço de aprendizagem específico de um contexto, no qual a aquisição do 
conhecimento se dá de maneira facilitadora, atrativa e criativa, em que os 
estudantes são motivados e desafiados a pensar e criar opiniões com o propósito de 
construir o próprio processo de ensino e de aprendizagem e, assim, a construção 
coletiva do conhecimento. Diante disso, Silva (2001, p. 37) apresenta que: 
O impacto das transformações de nosso tempo obriga a sociedade, e mais 
especificamente os educadores, a repensarem a escola, a repensarem a 
sua temporalidade. E continua. Vale dizer que precisamos estar atentos 
para a urgência do tempo e reconhecer que a expansão das vias do saber 
não obedece mais a lógica vetorial. É necessário pensarmos a educação 
como um caleidoscópio, e perceber as múltiplas possibilidades que ela pode 
nos apresentar, os diversos olhares que ela impõe, sem, contudo, 
submetêla à tirania do efêmero. 
 
O papel ativo do professor é fundamental para o desenvolvimento de 
estratégias para o processo de ensino e de aprendizagem, de forma a levar o 
educando a ser crítico, criativo e idealizar distintas situações a partir de uma ação, 
assim o educador se torna cada vez um orientador de caminhos que favoreçam a 
construção de conhecimentos que venham beneficiar o desenvolvimento da 
sociedade. 
O que a tecnologia traz hoje é integração de todos os espaços e tempos. O 
ensinar e o aprender acontecem em uma interligação simbiótica, profunda e 
constante entre os chamados mundo físico e digital. Não são dois mundos 
ou espaços, mas um espaço estendido, uma sala de aula ampliada, que se 
mescla, hibridiza constantemente. Por isso a educação formal é cada vez 
mais blended, misturada, híbrida, porque não acontece só no espaço físico 
da sala de aula, mas nos múltiplos espaços do cotidiano, que incluem os 
digitais. O professor precisa seguir comunicando-se face a face com os 
alunos, mas tambémdeve fazê-lo digitalmente, com as tecnologias móveis, 
equilibrando a interação com todos e com cada um. (BACICH, 2015, p39). 
 
18 
 
Nesse sentido, é necessário que a escola desenvolva competências 
necessárias e dê suporte ao professor, para que, por meio dos recursos tecnológicos 
e digitais, possa melhorar o processo de ensino e de aprendizagem e a 
compreensão dos conteúdos educacionais. Portanto, como já relatado, é de grande 
importância para o mundo atual, a utilização desses recursos e o manejo de novas 
tecnologias no âmbito escolar, pois são ferramentas que contribui também para o 
desenvolvimento intelectual favorecendo a aprendizagem e o desenvolver crítico. 
As instituições de ensino são órgãos que devem favorecer a adoção de novas 
metodologias envolvendo a utilização dos recursos tecnológicos digitais, estimular os 
docentes e ofertar condições de trabalho, infraestrutura, materiais, equipamentos 
para que esse trabalho ocorra de maneira satisfatória e com qualidade de forma 
inovadora. Nesse sentido (Moran, 2003, p.65) diz que: “a escola pode ser, também, 
um espaço de inovação, de experimentação saudável de novos caminhos. Não se 
precisa romper com tudo, mas implementar mudanças e supervisioná-las com 
equilíbrio e maturidade”. Assim, a escola é um espaço essencial que favorece a 
relação entre educação, tecnologia e sociedade. 
A definição da temática de estudo “Tecnologias Digitais: Desafios e 
Possibilidades no Ensino de Ciências nos Anos Finais do Ensino Fundamental”, 
surgiu há alguns anos, por meio de observações no espaço escolar em que trabalho, 
tanto como professora e também como gestora, mostraram problemas enfrentados 
pela grande maioria dos professores em sala de aula, pois muitos possuem 
dificuldade no uso de recursos tecnológicos como ferramenta de suporte 
metodológico e, por esse motivo acabam sendo ausentes em sala de aula. 
É notório que essas observações não acontecem somente na instituição de 
ensino em que trabalho, mas também em diversas outras instituições, como também 
é evidente ao ler e estudar diversos artigos, pesquisas e publicações científicas. 
Observa-se que a cada dia é mais frequente a reclamação de muitos docentes 
quanto à apatia, ao desencantamento e desinteresse apresentado pelos estudantes, 
não só na área das Ciências da Natureza, mas em todas as áreas do conhecimento. 
Ressaltando que boa parte dos educandos que chegam à escola e, muitas vezes, 
não tiram nem o material da bolsa, recusam a realizar as atividades propostas 
dizendo: “não utilizarei isso em minha vida” e, em alguns casos agem de maneira 
indisciplinar. 
Diante do exposto e das experiências vivenciadas no decorrer da minha vida 
19 
 
acadêmica e profissional, surge então à reflexão, em relação ao processo de 
processo de ensino e de aprendizagem e à profissão – ser professor, tendo como 
base inicial as práticas pedagógicas desenvolvidas juntamente com as teorias 
estudadas, ou seja, considerações sobre o percurso vivido na perspectiva 
teórico/prática e a construção pessoal de ser professora que foi elaborada durante o 
processo de formação. Assim, as estratégias de ensino são de fundamental 
importância implicando no processo de ensino de modo a facilitar o aprendizado ou 
até mesmo prejudicar a formação do educando. 
O professor deve pensar no seu aluno e nas possibilidades de aprendizagem, 
refletir sobre a interação no espaço educativo e de subjetividades. “À medida que o 
educador, enquanto educador compreende a importância social do seu trabalho, a 
dimensão transformadora da sua ação, a importância social, cultural, coletiva e 
política da sua tarefa, o seu compromisso cresce” (RODRIGUES, 2003, p. 66). 
 Espera-se que no espaço escolar ocorra a evolução, acerca do uso das 
tecnologias digitais como ferramentas pedagógicas, com o intuito de tornar as aulas 
mais proveitosas e facilitar o processo de ensino e de aprendizagem. Assim, 
compreende-se que as possíveis articulações entre o ensino de ciências e o uso das 
tecnologias digitais no espaço escolar, pode se tornar um recurso importante 
promovendo vínculos metodológicos de ensino trazendo mais significado para o 
ambiente escolar. 
 A utilização da tecnologia digital pode permitir novas formas de aprender e 
ensinar e então tornar a aula mais atrativa aos alunos com uma interação diferente, 
promovendo novas experiências para o estudante de forma criativa e oportunizando 
a autonomia. O ensino de ciências possui como objetivo promover aos estudantes a 
construção do conhecimento cientifico para sua atuação em sociedade de maneira 
crítica. Sendo assim, percebe-se que a evolução das tecnologias digitais vem 
modificando os processos de comunicações na sociedade e esses podem auxiliar na 
aprendizagem do educando, promovendo mais possibilidades no ensino de ciências. 
 De acordo com BACH, 2020, p.04: 
Para que a tecnologia se torne um beneficiador do ensino, é necessário que 
as metodologias utilizadas pelo professor, assegurem que o educando 
possa participar argumentar e também investigar para que assim se 
construa um pensamento crítico, contudo, deve-se utilizar a tecnologia 
digital de maneira planejada. No ensino de Ciências, o uso desse recurso 
pode instigar o interesse do aluno, com aquele conteúdo que está sendo 
trabalhado e a aprendizagem ocorre de uma maneira diferenciada para 
aquele aluno. 
20 
 
 
 Pensando no ensino de Ciências, o uso das tecnologias digitais possui como 
objetivo permitir a ampliação de recursos nos espaços escolares, nos quais não 
possuem laboratórios específicos, como exemplo podemos citar simulações da 
circulação sanguínea no corpo humano, simulações de reações químicas, 
animações dos ciclos biogeoquímicos, etc. 
 Portanto, as tecnologias no ensino de Ciências surgem como instrumentos 
facilitadores de aprendizagem, de ensino e de comunicação, proporcionando um 
ensino com mais qualidade de maneira mais dinâmica e prazerosa oportunizando 
aos estudantes a construção de conhecimento. 
Sempre tive ansiedade em buscar outros conhecimentos, aprofundar mais 
sobre a educação, esse anseio que me faz estar hoje na realização de estudos e na 
construção dessa pesquisa. Somente atuando como professora e gestora consegui 
refletir melhor sobre os métodos de ensino e a utilização de novas ferramentas 
metodológicas, sobre a contribuição que os diferentes autores podem nos oferecer 
com suas teorias. Pois, não só vivenciei bons momentos trabalhando, mas também 
os momentos difíceis e esses de cunho social, familiar e emotivo. Construir 
conhecimento e desenvolvimento em um ser humano não é tarefa fácil, exigem 
recursos, métodos e vários outros fatores diferenciados que nos demonstra essa 
idealidade na educação. 
Ser professor é trabalhar contribuindo no desenvolvimento e crescimento do 
educando, tornando-os capazes de exercer atividades educativas com qualidade e 
favorecendo a construção do conhecimento. 
Assim, diante do contexto, essa pesquisa analisou materiais teóricos, que os 
pesquisadores apresentaram sobre a temática, compressões de suma importância 
para prática docente vinculada ao uso das tecnologias digitais como ferramenta 
metodológica e aliada do professor de Ciências nos anos finais do ensino 
fundamental, bem como os desafios e as possibilidades desse instrumento no 
processo de ensino e de aprendizagem. 
Por meio deste estudo foi estabelecido uma análise das concepções e 
práticas dos professores sobre o ensino de Ciências, alguns recursos tecnológicos 
digitais que podem ser utilizados em sala de aula como aliados do professor de 
Ciências no complexo processo de ensino e de aprendizagem. 
Portando, no desenvolvimento desse estudo foi possível compreender que as 
21 
 
ações realizadas pelos profissionais da educação abrangem uma totalidade da 
realidade escolar, principalmente tendo como ponto primordial as práticas 
pedagógicas instituídaspela unidade escolar, visando garantir a qualidade na 
educação e no desenvolvimento do aluno como um todo, além de oportunizar novas 
possibilidades de aprendizagem e refletir sobre a interação no espaço educativo e 
na subjetividade. 
 A presente dissertação está estruturada da seguinte maneira: no capítulo 01 a 
justificativa, no capítulo 02 apresentamos o referencial teórico no qual aborda o 
Estado do Conhecimento e a análise por categoria, sendo elas: Prática Pedagógica, 
Formação Continuada, Mediação Pedagógica, Pratica de Ensino, Recursos 
Didáticos; As Tecnologias Digitais na Educação no Contexto da Escola 
Contemporânea; Mediação Pedagógica através das Tecnologias Digitais; As 
Tecnologias Digitais no Ensino de Ciências e a BNCC; Ferramentas Digitais para o 
Ensino de Ciências; O Uso das Tecnologias Digitais no Contexto da Educação em 
Tempos de Pandemia. 
O capitulo 03 aborda a Metodologia na qual apresenta a Caracterização da 
Pesquisa; Local de Pesquisa, Participantes, Procedimentos para Geração de Coleta 
de Dados; Procedimentos para Análise de Dados. 
Já o capítulo 04 apresenta a Análise dos Dados e Discussões dos Resultados 
- Análise das Entrevistas; Caracterização dos Participantes; Categorização das 
Entrevistas, em que temos: Mediação Pedagógica no Processo de Ensino, Prática 
Pedagógica no Espaço Escolar, Tecnologia Digital no Processo de Ensino e de 
Aprendizagem, Recursos Pedagógicos – Ferramentas de Ensino, Formação 
Continuada, Desafios e Possibilidades na utilização de tecnologias digitais no Ensino 
de Ciências. E por fim, temos o capítulo 06 com as Considerações Finais, em 
seguida as referências utilizadas nessa pesquisa e, então os apêndices. 
22 
 
 
CAPÍTULO 01 – JUSTIFICATIVA 
 
 Ao realizar as pesquisas a partir do Estado do Conhecimento, foram feitas 
diversas análises nas publicações encontradas, a pesquisa científica é uma 
atividade de grande importância para o desenvolvimento e a construção de um 
pensamento. Percebeu-se nas pesquisas a relevância do trabalho docente e a 
adoção de métodos atrativos que permitem o desenvolvimento do educando. O uso 
das tecnologias digitais como ferramenta pedagógica, principalmente nesse 
momento que estamos vivenciando, proporciona ao estudante um desenvolvimento 
ativo, autônomo e protagonista do processo de ensino e de aprendizagem. 
A inserção da aprendizagem no âmbito escolar proporcionada pelas mais 
variadas atividades, pois permite compreender e relacionar a teoria com a prática, 
garantindo aos professores competências necessárias para uma prática docente 
reflexiva, que possibilite ao educando uma aprendizagem satisfatória. 
Dessa forma, a escola deve ser vista como um espaço educativo de extrema 
importância para a formação e atuação do professor, contribuindo para a 
constituição do indivíduo, na qual é marcada por um contexto sócio histórico que 
envolve o ser humano. Contudo, o conhecimento é determinado como produto das 
relações entre sujeitos e objetos, e ao mesmo tempo, como processos de 
construção de representações significativas acerca da realidade e de como os seres 
humanos produzem seus conhecimentos. 
A organização do ambiente traduz uma maneira de compreender a infância, 
de entender seu desenvolvimento e o papel da educação e do educador. As 
diferentes formas de organizar o ambiente para o desenvolvimento de 
atividades de cuidado e educação das crianças pequenas traduzem os 
objetivos, as concepções e as diretrizes que os adultos possuem com 
relação ao futuro das novas gerações e às suas ideias pedagógicas. 
(BARBOSA, 2006, p.122). 
 
Para tanto, ser professor consiste em um processo que abrange uma 
complexidade de competências no qual envolve a interação entre as diversas 
dimensões presentes no trabalho docente, contemplando a participação de todos os 
envolvidos da comunidade escolar, criando uma identidade precisa para que dessa 
forma desenvolva estratégias de ensino que favoreçam aprendizagens de maneira a 
desenvolver todas as competências. Para isso, o professor é o responsável por 
assumir o papel de mediador na construção de conhecimento. Diante do exposto, 
ressalta-se que: 
23 
 
Com essa identidade, o professor é o profissional dotado de competência 
para produzir conhecimento sobre seu trabalho, de tomar decisões em favor 
da qualidade cognitiva das aprendizagens escolares e, fundamentalmente, 
de atuar no processo constitutivo da cidadania do “aprendente”, seja ela 
criança, jovem ou adulto. (BRZEZINSKI, 2001, p. 119). 
 
Ser professor nos dias atuais é conviver com grandes desafios e transformar 
informações em conhecimentos a serem transmitidos por meio de saberes. Para 
Gadotti (2000), sem dúvida os educadores são indispensáveis, sendo eles os 
verdadeiros construtores do processo de ensino e de aprendizagem. 
A aprendizagem se caracteriza como um processo que sucede ao longo de 
toda a vida e ela acontece, por meio de momentos em que o professor é o mediador 
do ensino para promover aprendizagem, possibilitando mediante trocas de 
experiências e afetividade, a conectividade do ensinar e do aprender. 
Neste sentido, o bom professor é o que consegue, enquanto fala, trazer o 
aluno até a intimidade do movimento de seu pensamento. Sua aula é assim 
um desafio e não uma "cantiga de ninar". Seus alunos cansam, não 
dormem. Cansam porque acompanham as idas e vindas de seu 
pensamento, surpreendem suas pausas, suas dúvidas, suas incertezas. 
(FREIRE, 1996, p. 52). 
 
Para tanto, cabe a nós professores sermos conscientes da importância de 
atuarmos na formação de nossos alunos, estabelecendo um propósito de prepara-
los para atuarem no contexto social, ensinando-os não apenas os conteúdos 
propostos nos currículos escolares, mas sim ensinar que a aquisição de 
conhecimentos se estabelece através do respeito, da liberdade e principalmente da 
valorização do ser. 
Dessa forma, considerando que o docente tem a responsabilidade de 
preparar suas práticas, é necessário utilizar-se de uma ferramenta indispensável: o 
planejamento. É por meio desse planejamento que o educador se baseia, para que 
dessa maneira leve o aluno a pensar, a ser crítico, a questionar, a valorizar, 
respeitando a si próprio e a todos que o rodeia, formando pessoas ativas dentro de 
uma sociedade e consequentemente, rompendo todos os paradigmas existentes. 
Todo saber implica um processo de aprendizagem e de formação; e, quanto 
mais desenvolvido, formalizado e sistematizado é um saber, como acontece 
com as ciências e os saberes contemporâneos, mais longe e complexo 
torna o processo de aprendizagem, o qual por sua vez exige uma 
formalização e uma sistematização adequada. (TARDIF, LESSARD e 
LAHAYE, 1991, p.35). 
 
24 
 
Ensinar não é tarefa fácil, mas cabe ao professor esse privilégio, sempre 
tendo em mente que o aluno é o foco dessa profissão. Nesse sentido, é necessário 
que os educadores se dediquem e promovam aos educandos a motivação, o 
despertar do interesse, a criatividade e a imaginação, para que dessa forma o 
próprio aluno, através desses estímulos ofertados pelo professor, torne-se capaz de 
construir seu próprio conhecimento. De acordo com o autor Paulo Freire (1996): 
“ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua 
própria produção ou a sua construção”. (FREIRE, 1996, p. 47). 
Portanto, pensar no papel do professor frente ao trabalho pedagógico 
consiste em criar e ampliar meios visando à construção e a produção de 
conhecimentos. Ao professor, cabe ainda o papel de criar novas situações que 
despertem a curiosidade e estimulem os alunos a chegar ao conhecimento, por 
intermédio de situações criativas em sala de aula. 
Assim, o ensino por meio da tecnologia está sendo cada vez mais inovador, 
e isso modifica as formas de pensar, agir, conviver e, principalmente, de aprender 
com e mediante essas tecnologias. Segundo Maturana: 
Sem dúvida, a interconectividadeatingida através da Internet é muito maior 
do que a que vivemos há cem ou cinquenta anos através do telégrafo, rádio 
ou telefone. Todavia nós ainda fazemos com a Internet nada mais nada 
menos do que o que desejamos no domínio das opções que ela oferece, e 
se nossos desejos não mudarem, nada muda de fato, porque continuamos 
a viver através da mesma configuração de ações (de emocionar) que 
costumamos viver (MATURANA, 2001, p. 199). 
 
Dessa maneira, o ensinar, baseando-se nas metodologias diferenciadas e 
planejadas, aparece como elemento indispensável, principalmente, quando essas 
metodologias se aprimoram, por meio da ludicidade, pois é por seu intermédio que o 
aluno adquire habilidades no desenvolver social, intelectual, criativo e físico. Por 
essa razão, acredita-se que o aprender por meio das experiências vivenciadas coma 
interação do lúdico entre professor/aluno contribui de forma a desenvolver 
significativamente a criatividade e a imaginação. 
Estamos vivendo momentos de grandes dificuldades e desafios, numa era 
tecnológica, em que toda a comunidade escolar deve estar integrada em prol a um 
único objetivo com comprometimento, responsabilidade e respeito, a fim de 
contribuir com o desenvolvimento social e com a qualidade no processo de ensino e 
de aprendizagem. Assim, família e escola devem estar unidas buscando as 
melhores alternativas e adotando novas práticas de ensino. 
25 
 
Segundo Santos, Schwanke e Machado (2017, p. 133): 
As tecnologias na educação podem auxiliar na tarefa de desenvolver 
um educando mais empreendedor e inovador. Quando utilizadas em 
atividades de sala de aula, estimulam o desenvolvimento de 
competências cognitivas e socioemocionais, valorizando o trabalho 
em equipe e desenvolvendo habilidades de comunicação, interação, 
reflexão, pensamento crítico, dentre outras, habilidades estas 
preconizadas pela Educação para a Cidadania Global (ECG). 
 
O professor deve a todo momento refletir a sua postura frente as suas ações 
e práticas, comprometendo-se em apoiar a criança nas suas mais diversas 
manifestações, oportunizando assim criar condições de se expressarem e 
desenvolverem potencialidades. 
Nesse sentido, é importante que o trabalho incorpore a expressividade e a 
mobilidade próprias as crianças. Assim, um grupo disciplinado não é aquele 
em que todos se mantêm quietos e calados, mas sim um grupo em que 
vários elementos se encontram envolvidos e mobilizados pelas atividades 
propostas. Os deslocamentos, as conversas e as brincadeiras resultantes 
desse envolvimento não podem ser entendidos como dispersão ou 
desordem, e sim como uma manifestação natural das crianças. 
Compreender o caráter lúdico e expressivo das manifestações da 
motricidade infantil poderá ajudar o professor a organizar melhor a sua 
prática, levando em conta as necessidades das crianças. (BRASIL, 1998, 
p.19). 
 
Dessa forma, devemos compreender a importância do nosso papel, pois 
assim como podemos levar a criança ao mérito de um desenvolvimento satisfatório, 
também podemos levá-la ao “fracasso” mediante a aplicação de um ensino sem 
nenhuma preparação. É no ambiente escolar, por meio da intervenção do professor, 
que se criam as possibilidades para as crianças interagirem, ganharem autonomia e 
ampliarem seus conhecimentos, respeitando e valorizando o que está a sua volta. 
Assim, (LÉVY, 2004, p. 7) corrobora expondo que: 
Novas maneiras de pensar e de conviver estão sendo elaboradas no mundo 
das telecomunicações e da informática. As relações entre os homens, o 
trabalho, a própria inteligência depende, na verdade, da metamorfose 
incessante de dispositivos informacionais de todos os tipos. Escrita, leitura, 
visão, audição, criação, aprendizagem são capturadas por uma informática 
cada vez mais avançada. 
 
Nesta perspectiva, após várias as reflexões e estudos realizados durante todo 
o contexto de pesquisa, tornou-se possível compreender que as práticas 
pedagógicas, na unidade escolar devem estar voltadas para a realidade dos alunos, 
com a participação efetiva de todos os integrantes, sendo possível reconhecer que a 
aplicação de atividades lúdicas colabora positivamente, para os aspectos corporais, 
morais e sociais do educando. 
26 
 
Todo trabalho de um professor deve ser aquele que define suas ações por 
meio de uma postura centrada no ensinar e no aprender, de forma a organizar, 
definir e compreender a importância dessas ações para o processo de ensino, que o 
aluno está inserido, vivenciando toda a dinâmica de construção de ensino. De 
acordo com Vieira (2009, p.40), “o professor tem o papel de mediador do processo 
de aprendizagem, é ele quem incentiva as crianças a experimentarem as formas de 
conhecimentos.” 
A ação proposta deve ser aquela que articule e integre o aluno a participar 
buscando aptidões técnicas diante de um planejamento bem estruturado, no qual se 
estabeleça por meio do saber e do fazer pedagógico, reforçando o comprometimento 
e a preocupação com uma educação de qualidade. 
O educador assume um papel importante diante do contexto da educação, 
porque, por meio dele é que o aluno cria possibilidade de ações de respeito ao ato 
de fazer, pensar e articular ações. Desse modo, cabe ao professor pensar e 
repensar a aplicação das suas práticas, buscando elementos, para que o processo 
de ensino e de aprendizagem aconteça de forma ampla e significativa. 
Desse modo, o professor por meio de técnicas é o responsável por estimular 
e construir o conhecimento apropriando-se de elementos facilitadores para que o 
processo de ensino aconteça, aguçando a curiosidade, o prazer e principalmente a 
autonomia nas tomadas de decisões. 
A prática educativa proposta pelo professor deve ser aquela que se 
estabelece, a fim de intervir na realidade em que o aluno se encontra, devendo ser 
aprimorada dentro do contexto escolar. Por meio do planejamento e de 
metodologias, é possível que o professor possa fazer a sistematização do seu 
trabalho no ambiente escolar, bem como orientar-se e acompanhar o que foi 
proposto. 
A partir daí, a principal função do professor não pode mais ser uma difusão 
dos conhecimentos, que agora é feita de forma mais eficaz por outros 
meios. Sua competência deve deslocar-se no sentido de incentivar a 
aprendizagem e o pensamento. O professor tornou-se um animador da 
inteligência coletiva dos grupos que estão a seu encargo. Sua atividade será 
centrada no acompanhamento e na gestão das aprendizagens: O 
incitamento à troca dos saberes, a mediação relacional e simbólica, a 
pilotagem personalizada dos percursos de aprendizagem etc. (LEVY, 1999, 
p. 173). 
 
Todo o conhecimento adquirido é requisito fundamental para promover a 
aprendizagem, sendo o ambiente escolar o local oportuno para o aluno integrar-se 
27 
 
no contexto social. Por essa razão, concede ao professor assumir uma postura 
centrada nas práticas que contribui para desenvolver o ensino, porém devem ser 
planejadas, organizadas e avaliadas requerendo definições e reformulações no 
decorrer da sua aplicação. Assim, “o educador projeta como finalidade do trabalho 
educativo a formação do aluno como um ser humano em suas máximas 
possibilidades” (VIEIRA, 2009, p.36). 
Nesse sentindo, no livro “Filosofia da Ciências” nos faz refletir referente ao: “o 
que conhecemos? Os debates se arrastam ao longo dos séculos com alguns 
teóricos defendendo a tese de que só é cognoscível o que se oferece à observação 
como fato, ao passo que outros são de opinião que o conhecimento se estende a 
tudo o que é passível de explicação por meio da razão. Não é fácil determinar a 
extensão do conhecimento humano. A impressão mais forte é a de que se sabe 
muito pouco, em relação ao que se desconhece. É que se está ainda longe de um 
critério universalmente aceito que permita, para cada caso particular, definir se algo 
é de jure conhecimento e não uma mera opinião”. 
O conhecimento pode ser entendidocomo produto e processo estabelecido 
pela relação de comprometimento entre uma trajetória dinâmica que cria 
possibilidades de integração do processo ensino e de aprendizagem, porém, o 
conhecimento não deve ser visto apenas como um produto, no qual implica em uma 
pedagogia voltada para sua transmissão. 
Nessa abordagem, OLIVA (2003) diz: “o que é conhecimento: pode-se 
justificar uma ação invocando determinados padrões morais. Uma decisão, 
indicando os fins perseguidos. Com relação ao conhecimento, a justificação de uma 
teoria depende de sua consistência lógica e de sua fundamentação empírica. Diga-
me o método que empregas e te direi o tipo de credibilidade epistêmica que pode ser 
alcançada pelos resultados que obténs”. 
Portanto, é de responsabilidade do professor a integração do conhecimento 
do aluno, apropriando-se de toda a dinamização que envolve o trabalho pedagógico, 
tendo como elemento principal o planejamento de todas as ações e práticas, 
cumprindo os objetivos e metas que foram planejados para o sucesso da 
aprendizagem do aluno. Consoante Vasconcellos (1999, p.43). “O planejamento é 
posto como uma ferramenta para dar mais segurança e para diminuir o sofrimento 
nesse percurso”. 
Assim, é necessário compreender o espaço escolar e o planejamento das 
28 
 
práticas educativas como campo fundamental no processo de construção de 
identidade e conhecimento do ser humano, reconhecendo a importância do mesmo 
para o desenvolvimento intelectual e cognitivo. Segundo Vygotsky, (2010/1935, apud 
MOREIRA, SOUZA e LORENSINI, 2015, p.79). 
O espaço é sempre um campo de possibilidades em que cada sujeito 
produz o seu, na medida e, que as pessoas constroem sentidos particulares 
sobre o espaço a partir dos significados que a cultura lhes apresenta. Em 
outras palavras, o ser humano, ao afetar e ser afetado pelos diferentes 
ambientes, cria espaços próprios, únicos, singulares e inéditos. 
 
Desse modo, o ato de ensinar ganha um novo espaço a cada dia, sendo 
através dos experimentos proporcionados por ele, cria-se possibilidades de instigar 
os educandos a participarem de tudo que lhes é proposto mediante um 
planejamento, utilização de recursos e tecnologias para que assim possa criar 
perspectivas de inovação, participação, afetividade e motivação, por meio de 
movimentos que o espaço proporciona. 
Contudo, o presente trabalho de pesquisa visa trazer uma abordagem 
significativa para a formação e atuação docente principalmente no que se refere a 
relação do processo de ensino e aprendizagem do aluno e a prática pedagógica, 
bem como, essa relação contribui para que o aprendizado aconteça de maneira 
satisfatória, englobando fatores de extrema importância e relevância para a melhoria 
do desenvolvimento do aluno e então na qualidade do processo de ensino e de 
aprendizagem. 
No entanto, cabe ressaltar, que a educação consiste no desenvolvimento de 
um trabalho, no qual o enfoque é a formação dos educandos, para que dessa forma 
os mesmos possam viver democraticamente em uma sociedade que se baseia 
constantemente em mudanças sociais e na atualidade também tecnológica. 
Observando essa realidade, verifica-se que os anos se passaram, os estudos 
sobre as metodologias de ensino se aperfeiçoaram, as tecnologias avançaram, os 
investimentos em formação docente aumentaram, o quadro funcional das escolas 
melhorou, mas podemos afirmar que em muitos casos, o desenvolvimento da 
atividade docente precisa de inovação em busca de novos métodos de ensino e que 
esses sejam mais atrativos e significantes. 
Contudo, apresentamos reflexões acerca das práticas pedagógicas 
executadas pelos professores, porém apresentaremos também nesta pesquisa a 
importância do uso das tecnologias como ferramentas metodológicas a serem 
29 
 
utilizados em sala de aula como aliados do professor de Ciências no processo de 
ensino e de aprendizagem. 
Diante disso, a presente proposta de pesquisa, busca responder ao seguinte 
problema de pesquisa: Quais são os desafios e possibilidades que os 
professores possuem no uso das tecnologias digitais como instrumento de 
mediação pedagógica para o ensino de ciências? 
Considerando os aspectos mencionados e o problema de pesquisa, a 
pesquisa possui como objetivo geral: 
Analisar os desafios e as possibilidades do uso das tecnologias 
digitais como instrumento de mediação pedagógica para o ensino de 
ciências. 
Para o alcance do objetivo geral, serão trabalhados os seguintes 
objetivos específicos: 
 Relacionar as práticas e instrumentos metodológicos utilizados pelos 
docentes para mediação pedagógica no ensino de ciências; 
 Verificar os desafios encontrados no trabalho docente com o uso das 
tecnologias digitais, no ensino de ciências; 
 Identificar os desafios e as possibilidades no processo de utilização das 
tecnologias digitais para a mediação pedagógica. 
Assim, diante do contexto aqui apresentado e da pesquisa realizada, a seguir 
teremos o referencial teórico, que está dividido em partes e se refere ao estado do 
conhecimento e outras relacionadas a estudos embasados em autores e grandes 
pesquisadores referente a temática abordada. 
30 
 
 
CAPÍTULO 02 – REFERENCIAL TEÓRICO 
 
2.1. ESTADO DO CONHECIMENTO 
Antes de adentrar em aspectos mais detalhados sobre a pesquisa do Estado 
do Conhecimento e como foi realizada, é preciso entender o conceito, acerca deste 
tipo de pesquisa, o qual pode ser definido como um tipo de pesquisa bibliográfica 
baseada, principalmente, em teses e dissertações com a finalidade de mapear e 
ampliar as oportunidades de novas construções nos diversos campos de 
conhecimento. (KOHLS-SANTOS e MOROSINI, 2021) 
A importância de se realizar O Estado do Conhecimento se confirma pela 
possibilidade que o pesquisador tem de ampliar seu saber dentro de uma 
determinada temática e/ou área, identificar o que já foi discutido e o que ainda não 
foi pensado, o que pode ser inovador ou até mesmo o que pode ser diferente daquilo 
que já foi feito. Desta forma, o estado do conhecimento amplia as possibilidades de 
estudo demonstrando determinadas lacunas que possam ser preenchidas tentando 
responder indagações ou aspectos em diferentes épocas, lugares e culturas. 
Nesta perspectiva, a função do estado do conhecimento é oportunizar aos 
pesquisadores aquilo que o próprio nome diz, conhecer o estado de um determinado 
tema no campo de uma pós-graduação, buscando investigar enfoques 
característicos de cada trabalho e os fenômenos a serem considerados. 
De acordo com (KOHLS-SANTOS e MOROSINI, 2021): 
O EC é um tipo de pesquisa bibliográfica, baseada, principalmente, em 
teses, dissertações e artigos científicos, pois neste rol de pesquisas é 
possível conhecer o que está sendo pesquisado em nível de pós-graduação 
stricto sensu de determinada área, sobre determinado tema. De acordo com 
Morosini e Fernandes (2014, p. 102) o Estado do Conhecimento se refere a 
“identificação, registro, categorização que levem à reflexão e síntese sobre 
a produção científica de uma determinada área, em um determinado espaço 
de tempo”. 
 
É importante ressaltar que o Estado do Conhecimento não busca somente 
objetos e faz registros dos mesmos. Existem etapas próprias para se trabalhar com 
esse método de pesquisa, conforme sugere a professora Drª. Pricila Kohls dos 
Santos em seus vídeos publicados em uma página no Youtube1. Dentre eles se 
destaca o Banco de Tese da Capes e a Biblioteca Digital de Teses e Dissertações 
denominada como IBICT – Instituto Brasileiro de Informações em Ciências e 
 
1 https://www.youtube.com/playlist?list=PLRpFU0tJ4g4VVj1aA7X-MctctfANHtvQE 
https://www.youtube.com/playlist?list=PLRpFU0tJ4g4VVj1aA7X-MctctfANHtvQE
31 
 
Tecnologia entrelaçadas ao método da análise de conteúdo de Laurice Bardin, que 
utiliza os procedimentos, como por exemplo, a leitura flutuante, que seria a leiturados textos, em qual acontece à busca de sentido, a categorização desses dados, a 
reescrita, em outras palavras a reinterpretação destes textos. Contudo, a realização 
do estado do conhecimento não é simplesmente buscar pesquisas que não foram 
realizadas sobre determinadas temáticas ou fazer listas dessa pesquisa, e sim a 
seleção de diversas pesquisas que estão relacionadas à sua temática, sendo 
favorável de modo a aperfeiçoar olhares diante do que realmente se está 
pesquisando. 
Portanto, um Estado de Conhecimento bem feito compõe parte de uma 
dissertação ou tese, porém isso irá depender da dedicação do pesquisador, pois é 
essencial seguir todas as etapas: bibliografia anotada, bibliografia sistematizada, 
bibliografia categorizada e a bibliografia propositiva, pois o mesmo vai refinando e 
modelando a pesquisa de modo a permitir ao pesquisador estabelecer parâmetros 
específicos. 
Diante do exposto, (KOHLS-SANTOS e MOROSINI, 2021) retratam que: 
[...] para conhecer e planejar esse percurso global como uma reinvenção, é 
necessário que o pesquisador se aproprie do conhecimento anterior, em 
outras palavras, o que vem sendo estudo por determinada área ou campo 
científico, para poder viabilizar e inovar na reinvenção de seu trabalho 
científico. Para tal, uma das alternativas para conhecer sistematicamente a 
realidade da construção do conhecimento científico de um determinado 
campo, em um determinado espaço e tempo, é a partir da realização de 
pesquisa do tipo Estado do Conhecimento (EC). 
 
A realização do presente Estado do Conhecimento ocorreu no período que se 
estendeu desde a segunda quinzena do mês de dezembro de 2020 até a primeira 
quinzena de março 2021, tendo como objetivo, mapear o que está sendo pesquisado 
acerca do uso das tecnologias digitais no ensino de ciências e nas práticas 
pedagógicas. Os descritores utilizados foram: Tecnologias digitais, tecnologia, 
prática pedagógica e ensino de ciências e o período de buscas determinado foi 
pesquisas publicadas entre os anos de 2015 e 2021, sendo importante registrar que 
ao iniciar as buscas, as informações referentes ao ano de 2020 ainda não haviam 
sido completamente carregadas no Catálogo de Teses e Dissertações. Para tal 
pesquisa foi utilizado como fonte a Biblioteca Digital de Teses e Dissertações 
(BDTD) do Instituto Brasileiro de Informação em Ciências e Tecnologia (IBICT). 
Inicialmente, na primeira busca, com o descritor “Tecnologias digitais”, uma 
busca simples, foram encontrados 1.683 trabalhos, porém como as pesquisas 
32 
 
apresentadas eram um número muito alto e diversidade temática, realizou-se então 
uma busca avançada, assim o número voltou para 1.148. Seguindo então as 
orientações apresentadas nos procedimentos do estado do conhecimento, na 
segunda busca, foram utilizados os descritores “Tecnologias digitais” e Ensino de 
ciências, ressaltando que o segundo descritor não foi colocado “aspas”, sendo 
encontradas 478 produções, desse total, 381 são dissertações de mestrado e 97 são 
teses. 
Na terceira busca também avançada, usamos os descritores “Tecnologias 
digitais”, Ensino de ciências e acrescentamos Práticas pedagógicas, sendo que 
somente o primeiro foi colocado em “aspas”, encontrando 292 produções e por fim, 
na quarta busca, usando todos os descritores e colocando “aspas” somente nos 
primeiros “Tecnologias digitais”, a busca retornou 197 produções, sendo 160 
dissertações de 37 teses. Dentre essas as instituições que se destacaram com 
maiores números de pesquisas são: UNESP (19), UFTM (15), PUC-SP (13), UFJF 
(12), UEPB (8), UFS (8), os demais são de diversas outras instituições no Brasil. No 
que se refere aos sujeitos os que se predominaram foram: Educação (27), 
Tecnologias digitais (19), Tecnologias Educacionais (18), Formação de Professores 
(14), TDIC (8), Currículo (06) e os demais foram bastante diversificados. 
Os Gráficos 1 e 2 se referem às buscas para seleção das pesquisas para 
primeira etapa do estado do conhecimento, no qual o Gráfico 1 demonstra o 
resultado do quantitativo de publicações por nível, já o Gráfico 2 se refere às 
instituições que mais se destacaram no quantitativo de publicações de trabalhos 
pesquisados, ressaltando que no gráfico não consta os dados relacionados às 
demais instituições, porém nenhuma outra obteve mais trabalhos que as 
mencionadas. 
Gráfico 01: Resultado de busca avançada 
por nível 
Fonte: Dados da pesquisa, 2021 
 
Gráfico 02: Instituições em destaque 
Instituições UNESP - 19
UFTM - 15
PUC-SP - 13
UFJF - 12
UEPB - 8
UFS - 8
OUTRAS - 116
 
33 
 
Diante das análises acerca das produções encontradas e suas relações com 
a temática definida a ser pesquisada, conforme propõe Kohls-Santos e Morosini 
(2021), a constituição do Estado do Conhecimento, na perspectiva de Morosini 
(2015), segue as etapas denominadas: Bibliografia Anotada, Bibliografia 
Sistematizada e Bibliografia Categorizada. Salientando que a quarta etapa é uma 
ampliação da proposta, apresenta pela autora, com o propósito da metodologia do 
estado do conhecimento se posicione, para além de uma revisão bibliográfica. 
 Assim, na primeira etapa, denominada como bibliografia anotada, acontece à 
identificação e seleção das produções encontradas, a partir da pesquisa por 
descritores, sendo que após a análise permaneceram 61 produções. O fato de ter 
diminuído muito o quantitativo referente ao número encontrado na quarta busca se 
justifica ao número de trabalhos encontrados associados à temática que se propõe a 
ser pesquisada e os objetivos propostos. 
Nesse momento, é necessária uma seleção mais direcionada e específica 
para a temática do objeto, sendo assim, isso nos permite selecionar quais trabalhos 
possuem mais afinidades com sua pesquisa. É importante observar que os períodos 
nos filtros de buscas podem ser diferentes para cada temática ou busca, pois cada 
detalhe inserido, precisa ser registrado, sendo de fundamental importância na 
construção e elaboração do texto. 
 Então, na segunda etapa, bibliografia sistematizada, decorreu por meio de 
uma leitura flutuante dos trabalhos, sendo considerado um contato importante com 
os documentos que serão analisados, porém no Estado do Conhecimento esse tipo 
de leitura é entendido como um processo inicial dos trabalhos encontrados, a fim de 
chegar ao corpus de análise, assim conclui-se essa etapa com a seleção de 25 
(vinte e cinco) produções científicas, dentre elas, 17 (dezessete) são dissertações de 
mestrados e 8 (oito) são teses. É importante ressaltar que após a leitura flutuante, 
foram selecionadas algumas pesquisas relacionadas a áreas afins com ciências da 
natureza, como biologia, química e física, devido ao quantitativo referente a ciências 
naturais. Nessa etapa analisa-se também a relação dos trabalhos de teses e/ou 
dissertações considerando os seguintes itens: número de trabalho (identificação do 
banco de dados); ano de defesa; autor; título; nível (mestrado ou doutorado, 
profissional ou acadêmico). 
 Na terceira etapa, denominada bibliografia categorizada, com o objetivo de 
reorganização do material selecionado, ou seja, reagrupamento em categorias ou 
34 
 
blocos temáticos. As unidades definidas como categorias foram: Prática pedagógica, 
tendo uma subcategoria denominada como Formação continuada, totalizando 09 
(nove); Prática de Ensino, 08 (oito) trabalhos; Mediação pedagógica com 06 (seis); 
Recursos com 02 (dois) trabalhos. 
Gráfico 03: Categorias da terceira etapa 
 
Fonte: Dados da pesquisa, 2021 
 
De acordo com Kohls-Santos e Morosini (2021): 
Como mencionado, esta etapa consiste na organização dos trabalhos em 
categorias, ou seja, são definidas as unidades para que possa ser realizada 
a agregação e escolha das categorias. Em geral, como se trata de 
documentos de teses, dissertações e artigos são utilizadas a Unidade de 
Registro (Bardin, 2011) que é a unidade de significação codificadae 
corresponde ao segmento de conteúdo considerado unidade de base, que 
visa a categorização. (KOHLS-SANTOS e MOROSINI, 2021, p.136) 
 
 É importante destacar nessa etapa que os trabalhos que a compõem são os 
mesmos, nos quais passaram por todo processo e seleção inicial, salvo por meio da 
leitura dita como flutuante foi identificado com maior proximidade com a temática e o 
objetivo de pesquisa definido no Estado do Conhecimento. 
 E por fim a quarta etapa, bibliografia propositiva, se refere à organização e 
apresentação, por meio da análise das proposições, ou seja, os achados, 
identificado como resultados das pesquisas do autor das publicações e as propostas 
emergentes, a partir da análise de quem está realizando a pesquisa. Assim, Kohls-
Santos e Morosini (2021) apresentam que: 
35 
 
Na etapa da Bibliografia Propositiva é onde refinamos a análise realizada 
nas etapas anteriores e utilizamos como base, principalmente, o material 
organizado na etapa da “Bibliografia Categorizada”. Uma vez que, para 
realizar a categorização foi realizada a leitura mais aprofundada das 
pesquisas, a fim de encontrar as unidades de registro para compor as 
categorias, o pesquisador já conhece com maior propriedade os assuntos 
abordados em cada trabalho que faz parte deste corpus de análise, o que, 
por sua vez, facilita a realização da quarta etapa do Estado do 
Conhecimento. (KOHLS-SANTOS e MOROSINI, 2021, p. 138) 
 
 Podemos concluir que as proposições do estudo são apresentadas pelos 
autores das publicações e proposições emergentes são as ideias ou 
posicionamentos que o pesquisando conseguiu elencar, a partir da análise dos 
trabalhos. 
 É de fundamental importância ressaltar o quanto cada uma destas etapas 
deve ser realizada de maneira eficaz, para assim apresentar qualidade na pesquisa 
a ser realizada, nortear e ampliar os conhecimentos relacionados à determinada 
temática. Portanto, cada fase do Estado do Conhecimento precisa ser realizada 
satisfatoriamente, pois essa fase possibilita ao pesquisador alargar seus saberes 
buscando algo inovador aperfeiçoando olhares diante de quem está sendo 
pesquisado. 
 
2.2 - ANÁLISE DAS PESQUISAS POR CATEGORIAS 
 
O trabalho que envolve a pesquisa científica se considera como uma atividade 
de grande importância, conforme diz Gaston Bachelard, “todo o pensamento 
científico deve mudar diante duma experiência nova; um discurso sobre o método 
científico será sempre um discurso de circunstância, não descreverá uma 
constituição definitiva do espírito científico”. (BACHELARD, 1996, p.97). 
É importante entender que, para a realização de uma pesquisa se faz 
necessário ter clareza no objetivo e no percurso metodológico, nesse sentido, o 
Estado do Conhecimento contribui para análise de conteúdo e para o avanço da 
pesquisa, pois por seu intermédio entendemos que essa análise vai além de uma 
representação. 
Conforme Morosini (2015): 
[...] a construção de uma produção científica está relacionada não só à 
pessoa/pesquisador que a produz, mas as influências da instituição na qual 
está inserida, do país em que vive e de suas relações com a perspectiva 
global. Em outras palavras, a produção está inserida no campo científico e, 
em suas regras constitutivas (MOROSINI, 2015 p.02). 
36 
 
 
Assim, as categorias analisadas no decorrer da realização do Estado do 
Conhecimento foram: Prática pedagógica tendo uma sub-categoria denominada 
como Formação continuada, mediação pedagógica, prática de ensino e recursos 
pedagógicos, totalizando 25 publicações. 
 
2.2.1 – Prática Pedagógica 
A prática pedagógica se refere à prática social que é desempenhada com o 
objetivo de realizar técnicas pedagógicas, nesse sentido, o estudo relacionado à 
composição dos saberes docente compreende-se que muito se constrói baseado no 
contato com os estudantes, com os colegas de trabalho e com a realidade das 
unidades escolares e então a construção e o desenvolvimento das práticas 
pedagógicas. A partir desta perspectiva, Tardif (2014, p.39) descreve que o 
“professor ideal é alguém que deve conhecer sua matéria, sua disciplina e seu 
programa, além de possuir certos conhecimentos relativos às ciências da educação 
e à pedagogia e desenvolver um saber prático, baseado em sua experiência 
cotidiana com os alunos”. 
 Pensando no uso das tecnologias digitais para fins educacionais percebe-se 
que essas ferramentas fornecem possibilidades que vem inovar as práticas 
pedagógicas e favorecer os processos de ensino e de aprendizagem, 
proporcionando aos professores a oportunidade de buscarem uns novos meios de 
ensinar e às escolas de inovarem-se, portanto, diante do exposto cabe ao professor, 
promover o uso das tecnologias digitais na prática, para fins educacionais 
 Nesse sentido, BRANCO, 2020, p. 4, apresenta que: 
É importante destacar que o letramento digital é fundamental para que o uso 
pedagógico das TDIC se concretize. Para os professores porque o 
letramento digital deve capacitá-los para usar as ferramentas digitais como 
recurso pedagógico. Reside aí a necessidade de repensar e reorganizar a 
formação inicial e a continuada dos educadores, para que se familiarizem 
com seu uso e suas potencialidades para as práticas pedagógicas. 
 
 Assim, o uso das Tecnologias Digitais, pode ser visto como uma proposta de 
suma importância na prática de ensino, propiciando avanços no desenvolvimento do 
estudante e satisfação no processo de ensinar e aprender. Porém, é importante 
destacar que inserir tais recursos tecnológicos nas práticas não é garantia de uma 
verdadeira transformação no processo de ensino e de qualidade nas práticas 
pedagógicas e consequentemente no ensino de ciências. 
37 
 
 Para Martinho & Pombo (2009, p. 528): 
[...] a introdução das TICs no ensino, e em particular, no Ensino das 
Ciências Naturais, origina uma alteração nos papéis de todos os 
intervenientes do processo de ensino e de aprendizagem. Esta alteração 
traz a resolução de várias questões que “perseguem” o ensino, na procura 
da melhoria da sua qualidade, como seja, o combate à indisciplina e ao 
insucesso, o despertar da motivação e o desenvolvimento de 
competências. Parece-nos, assim, que um dos papéis que sofrerá mais 
alterações será o do professor, o qual passará de uma exposição do 
conteúdo para o aluno assimilar, para um papel mais mediador. 
Tomando essa perspectiva, a presente categoria apresenta a análise dos 
trabalhos selecionados para o Estado do Conhecimento e que versam sobre a 
Prática Pedagógica no ensino de ciências. Assim, diante desse contexto a pesquisa 
de Gonçalves (2019) menciona: 
 [...] que é observado na prática, onde as TDIC proporcionam aos 
educadores chances de mudarem os processos de ensino e de 
aprendizagem, encurtando distâncias e aproximando gerações diferentes, 
pois há uma gama muito grande de materiais virtuais disponíveis. Ainda é 
possível afirmar que, o uso das TDIC podem aproximar colegas educadores 
através das trocas de experiências, possibilitando a interdisciplinaridade. 
(GONÇALVES, 2019, p.19). 
 
 Assim, parafraseando Gonçalves (2019), no que se refere aos educandos que 
utilizam as TDIC, observa-se que há o desenvolvimento de competências como: 
poder de pensamento crítico e ao mesmo tempo, auto avaliativo; melhorias 
significativas na comunicação-social; aprendizagem da utilização das informações 
obtidas; entre outras. E ainda, relatando a importância das TDIC para o Ensino de 
Ciências afirma que, através do emprego das TDIC “é possível transpor o abstrato 
para o visual por meio do digital”. 
Nessa perspectiva, a pesquisa realizada por Franco (2016, p. 536), considera 
que: 
[...] uma prática pedagógica, em seu sentido de práxis, configura-se sempre 
como uma ação consciente e participativa, que emerge da 
multidimensionalidade que cerca o ato educativo. Como conceito, entende-
se que ela se aproxima da afirmação de Gimeno Sacristán(1999) de que a 
prática educativa é algo mais do que expressão do ofício dos professores; é 
algo que não pertence por inteiro aos professores, uma vez que há traços 
culturais compartilhados que formam o que pode ser designado por 
subjetividades pedagógicas (Franco, 2012a). No entanto, destaca-se que o 
conceito de prática pedagógica poderá variar dependendo da compreensão 
de pedagogia e até mesmo do sentido que se atribui a prática. 
 
Contudo, consideramos que uma aula ou qualquer outro encontro educativo é 
uma prática pedagógica, pois se organiza em prol de objetivos. A partir do momento 
que se assegura uma intencionalidade proposta a todos, uma reflexão contínua e 
coletiva a prática pedagógica garante a aprendizagem, e esta se torna um processo 
38 
 
de construção do aluno, em que mesmo se torna o autor do seu desenvolvimento. 
Pode-se observar que a educação passa a ser um processo da sociedade, 
onde é possível aprender em diversos espaços, ou seja, nos formais como na escola 
e sala de aula, ou nos ambientes informais, como internet, televisão, livros, etc. 
Assim, percebe-se que a sociedade atual está fortemente influenciada pelos meios 
de comunicação e pelas tecnologias digitais na qual em ritmo acelerado se faz cada 
vez mais presente na vida dos cidadãos. 
Contudo, ROSA, 2016. p. 79 apresenta que: 
[...]a educação brasileira ainda se depara com diversos constrangimentos e 
desafios. Desde logo ao nível das infraestruturas e recursos, passando 
pelas condições de exercício da prática docente e se estendendo às 
questões socioprofissionais. Ora, nesse particular, o aperfeiçoamento 
continuado dos quadros docentes constitui uma linha de ação capaz de 
produzir efeitos primários e secundários regenerativos da práxis 
pedagógica. 
 
Entretanto, pode-se relatar que a utilização de ferramentas estratégicas de 
ensino no ambiente escolar possibilita o desenvolvimento em busca do alcance de 
objetivos de maneira mais eficiente. Nesse sentido, no que se refere à tecnologia 
digital, pesquisas têm revelado resultados positivos para toda comunidade escolar. 
Oliveira (2018, p. 08) destaca que, “as tecnologias poderão envolver o aluno 
em atividades que busquem a descoberta de padrões algebricamente válidos. 
Procurou-se estabelecer um diálogo entre os dois componentes de conteúdo: 
pedagogia e tecnologia, propondo uma convivência em estado de equilíbrio entre 
elas”. 
Diante do exposto, CHIARI, 2015, p.193, traz uma reflexão retratando que o 
uso pedagógico de tecnologias digitais proporciona propostas que podem ser 
implementadas em diversas disciplinas no contexto escolar e com grande potencial 
para estimular a interação e produção colaborativa. As mídias digitais abrem 
diversas possibilidades que podem ser exploradas buscando sempre novas formas 
de se ensinar e de aprender. 
É de fundamental importância à aquisição de novos instrumentos no processo 
de ensino e de aprendizagem, pois são procedimentos que fazem com que as aulas 
sejam mais interativas e saem da rotina escolar e são medidas que incorporam a 
nova cultura de comunicação. 
Nesta perspectiva DAMASCENO, 2019, p. 39, nos diz em sua pesquisa que 
“a distância entre o mundo da criança fora da escola e as práticas adotadas nos 
39 
 
sistemas educacionais ainda é grande (CETIC, 2017). Nos ambientes externos ao 
da escola, os atores já estão imersos na cultura digital, enquanto a escola, 
especificamente a sala de aula, ainda não usufrui plenamente das oportunidades 
decorrentes do uso da tecnologia.” 
Diante disso, ainda expõe que: 
Em 2016, o Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br) juntamente com o 
CETIC e NIC.br publicaram uma pesquisa sobre o “Uso das Tecnologias de 
Informação e Comunicação nas Escolas Brasileiras” refletindo acerca da 
presença da tecnologia na educação. A pesquisa demonstrou que ainda há 
muitos desafios a serem vencidos para ultrapassar a capacitação tradicional 
dos alunos e que a tecnologia é uma enorme fonte de ampliação do 
conhecimento. É notória a importância das tecnologias digitais nas escolas 
e salas de aulas tanto para professores quanto para alunos. As TDICs 
surgem no cenário mundial para somar estratégias de ensino e facilitar a 
aprendizagem do aluno. Como os alunos atuais são ‘nativos digitais’, pois 
possuem facilidade em lidar com as tecnologias e o fazem de forma natural, 
isso aflora a necessidade de a escola acompanhar esse universo, 
proporcionando uma vivência semelhante à que eles estão acostumados no 
dia a dia fora do ambiente acadêmico. (DAMASCENO, 2019, p. 40). 
 
A cada fase da sociedade, se faz necessárias mudanças e adaptações 
atreladas à educação, as pessoas, os pesquisadores e teóricos, por meio de estudos 
e pesquisas nos comprovam o quando importante a adoção de novos meios que 
cultivam o significado de aprender e ensinar e assim contribuir na orientação de 
práticas que aumentem os níveis de aprendizagem dos educandos. 
Nesse contexto, SILVA, 2019, p. 114, aponta que sua pesquisa mostrou 
indícios que é possível melhorar o desenvolvimento no processo de aprendizagem 
dos alunos na disciplina de Física ao se realizar mudanças na prática pedagógica do 
professor, concebendo a utilização da interatividade, do diálogo orientado para 
facilitar a aprendizagem dialógica no contexto educacional. A prática educativa está 
proporcionando os melhores resultados da atualidade quanto à melhora da 
aprendizagem e da convivência. Constatando por meio desses aspectos, que as 
interações se multiplicam, se diversificam e o tempo de trabalho efetivo se expande, 
possibilitando maior ocorrência de aprendizagem. 
 
2.2.1. 2 – Formação continuada 
Como uma subcategoria de prática pedagógica, a formação continuada, pode 
ser descrita como um percurso que permite ao profissional docente desenvolver 
competências necessárias que possibilite atender as expectativas da sociedade 
atual. E no cenário do surgimento de novas tecnologias se faz necessário atualizar 
40 
 
conhecimentos para que possa desempenhar melhor seu papel ou seja, suas 
competências aperfeiçoando saberes necessários para a sala de aula e oferecer a 
qualidade no ensino. 
Partindo desse pressuposto, OLIVEIRA, 2019, p. 76, apresenta que: 
Após a análise dos dados coletados, evidenciou-se que a formação 
continuada deve ser um fator determinante e significativo no processo 
intermitente de formação do educador, pois denotou um avanço nas ações 
dos professores aprendentes e, a partir da fala, mudança de pensamento 
com relação ao uso de recursos tecnológicos no contexto de sala de aula, 
quebrando os paradigmas pedagógicos alicerçados no método tradicional, 
analogicamente é como se de repente se percebesse uma “luz no fim do 
túnel” como forma de dinamizar a aula, não que a tecnologia na educação 
tornar-se a salvadora da educação, mas que seja considerada um recurso 
eficaz na apreensão de conteúdo, tendo em vista que os alunos de hoje em 
dia, apresentam grande facilidade e encantamento, com relação ao uso de 
equipamentos tecnológicos. 
 
Não tem como reportar-se em educação de qualidade sem mencionar a 
formação de professores, sendo essa uma ação fundamental a ser executada nas 
políticas públicas. A escola tem como função desempenhar diversos papéis, 
principalmente na sociedade atual e o professor é a ferramenta central, pois ele o 
responsável pela mudança de atitude e pensamento dos alunos. Assim, é 
necessário que o professor esteja preparado para afrontar os novos desafios desta 
sociedade. 
Nesse sentido, Silva (2017) e Stroeymeyte (2015), enfatizam em suas 
pesquisas a certeza que a formação continuada não deve ser apenas uma opção 
para o docente e nem algo que sirva somente para uma diplomação ou certificação, 
mas sim, algo que venha servir como qualificação profissional e que se constrói. 
Dessa forma, o processo de formação de professores deve se perdurar por toda 
uma trajetória profissional. O fazer pedagógico

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