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Pró-Reitoria Acadêmica Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Educação TECNOLOGIAS DIGITAIS: DESAFIOS E POSSIBILIDADES NO ENSINO DE CIÊNCIAS NOS ANOS FINAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL Autora: Josiane do Pilar Santos de Souza Orientadora: Pricila Kohls dos Santos Brasília 2022 Pró-Reitoria Acadêmica Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Educação Josiane do Pilar Santos de Souza TECNOLOGIAS DIGITAIS: DESAFIOS E POSSIBILIDADES NO ENSINO DE CIÊNCIAS NOS ANOS FINAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL Orientadora: Pricila Kohls dos Santos Brasília 2022 JOSIANE DO PILAR SANTOS DE SOUZA TECNOLOGIAS DIGITAIS: DESAFIOS E POSSIBILIDADES NO ENSINO DE CIÊNCIAS NOS ANOS FINAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL. Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Educação da Universidade Católica de Brasília, na área de Educação, Tecnologia e Comunicação, como requisito parcial para a obtenção do Título de Mestre em Educação. Dissertação de autoria de Josiane do Pilar Santos de Souza, intitulada “Tecnologias Digitais: desafios e possibilidades no ensino de ciências nos anos finais do ensino fundamental”, apresentada como requisito parcial para obtenção do grau de Mestre em Educação da Universidade Católica de Brasília, em 30 de março de 2022, defendida e aprovada pela banca examinadora abaixo assinada: Profª. Drª. Pricila Kohls dos Santos Orientadora Universidade Católica de Brasília – UCB Profª. Drª. Valdivina Alves Fereira Universidade Católica de Brasília – UCB Prof. Dr. Julian Silveira Diogo de Ávila Fontoura Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFFS Brasília 2022 6 AGRADECIMENTOS A Deus, que iluminou meu caminho transmitindo força, coragem e sabedoria durante esta caminhada, pois És essencial em minha vida. A minha família; meu esposo, meus pais, Moacir e Maria, meu irmão Josimar, meus filhos, Milena, Maria Vitória e Lucas, razão do meu viver, obrigada por serem o meu porto seguro durante essa trajetória e me apoiarem nos momentos difíceis, compreendendo as ausências e se alegrando com minhas vitórias. Ao meu esposo, Cloter Oliveira Davi, que de maneira especial me apoiou nos momentos de dificuldades e angustias, sempre me incentivando e, com muita paciência e compreensão me transmitiu muito carinho e amor, sempre acreditando em meu potencial. As minhas amigas e companheiras, Maria do Pilar, Simôni Carrijo, Maria Alves e Mara Helena, por compartilharmos momentos de alegrias, tristezas, angústias e de muito aprendizado, o apoio de vocês foi fundamental. Aos professores que participaram e contribuíram com essa pesquisa, a todos aqueles, que de alguma maneira, estiveram e estão próximos de mim, me auxiliando e me incentivando. Aos colegas do curso de mestrado, em especial minha amiga e companheira Imaculada Conceição, pela convivência, partilha e contribuições nos estudos e construção dos trabalhos. Obrigada pela parceria! A todos os magníficos professores da Universidade Católica de Brasília, pelas ricas contribuições na minha formação e por todas as experiências vivenciadas. Obrigada pelo carinho, humildade e aprendizado! À minha orientadora, professora doutora Pricila Kohls dos Santos, por todos os ensinamentos, pela excelente orientação, sensibilidade e paciência. Suas contribuições foram imprescindíveis, para que se tornasse possível o desenvolvimento desta pesquisa. Agradeço pela sua serenidade e humildade em meio a tantos desafios. Obrigada por acreditar em mim e em meu potencial. A Banca de Qualificação do Projeto e da Defesa desta dissertação, professora doutora Valdivina Alves Ferreira e professor Julian Avila Fontoura, pelas orientações e contribuições relevantes, tanto para a qualificação do meu estudo, quanto para a minha qualificação profissional. Obrigada pelas contribuições! Gratidão a todos! 7 RESUMO SOUZA, Josiane do Pilar Santos de. Tecnologias Digitais: Desafios e Possibilidades no Ensino de Ciências nos Anos Finais do Ensino Fundamental. 143f. Dissertação de Mestrado em Educação – Universidade Católica de Brasília. 2022. A presente dissertação insere-se na linha de pesquisa Educação, Tecnologia e Comunicação do Programa de Pós-graduação Stricto Sensu em Educação da Universidade Católica de Brasília (UCB). Apresenta como objetivo geral analisar os desafios e as possibilidades do uso das tecnologias digitais como instrumento de mediação pedagógica, para o ensino de ciências. Os objetivos específicos se referem a relacionar as práticas e instrumentos metodológicos utilizados pelos docentes para mediação pedagógica no ensino de ciências; verificar os desafios encontrados no trabalho docente com o uso das tecnologias digitais, no ensino de ciências; identificar os desafios e as possibilidades no processo de utilização das tecnologias digitais para mediação pedagógica. Para alcançar os objetivos propostos foi adotada a abordagem qualitativa, por meio de estudo de caso, uma vez que permite compreender a complexidade e os detalhes das informações obtidas para a análise dos objetos em estudo. Como instrumento de pesquisa foi adotado a entrevista semiestruturada construindo assim, um diagnóstico detalhado da temática e, por fim, como procedimento de análise de dados foi utilizado o método de Análise Textual Discursiva (ATD). Os sujeitos participantes da pesquisa foram professores com formação e experiência na disciplina de ciências nas séries finais do ensino fundamental de uma escola pública da rede estadual de ensino no município de Jauru - MT. A fundamentação teórica teve como base o estado do conhecimento, um tipo de pesquisa bibliográfica baseada, principalmente, em teses e dissertações com a finalidade de mapear e ampliar as oportunidades de novas construções nos diversos campos de conhecimento referentes a temática em estudo. A partir das análises de dados foi possível destacar como desafios: falta de equipamentos e internet; falta de capacitação; incompatibilidade de aparelhos; falta de fluência digital; falta de planejamento; velocidade da evolução tecnológica e conscientização do uso das ferramentas digitais para fins pedagógicos. Como possibilidades, destacam-se: a conexão com o mundo, meio facilitador motivador e de interação, fomenta o protagonismo estudantil; simulação de experiências on-line; ludicidade e dinamização; praticidade e inovação nas práticas pedagógicas; acervos digitais gratuitos; acesso a diversas informações; aumento da percepção dos recursos tecnológicos; o despertar da curiosidade e interesse dos estudantes. Contudo, diante dos dados gerados e das pesquisas realizadas, considera-se que ao utilizar-se das tecnologias digitais como ferramentas de ensino, principalmente no que se refere a disciplina de ciências, deve-se ter consciência que essas são meios potencializadores, instrumentos facilitadores de aprendizagem servindo como apoio ao professor no processo de desenvolvimento das práticas pedagógicas. O professor exerce a função de mediador, estimulando a aprendizagem e promovendo a autonomia e o estudante é o protagonista do processo de ensino e aprendizagem. Palavras-chaves: Tecnologia Digital. Prática Pedagógica. Ensino de Ciências. Formação Docente. 8 ABSTRACT SOUZA, Josiane do Pilar Santos de. Digital Technologies: Challenges and Possibilities in Science Teaching in the Final Years of Elementary School. 143p. Master's Dissertation in Education - Catholic University of Brasília. 2022. The present dissertation is part of the Education, Technology and Communication research line of theStricto Sensu Postgraduate Program in Education at the Catholic University of Brasília (UCB). It presents as a general objective to analyse the challenges and possibilities of using digital technologies as a pedagogical mediation instrument for science teaching. The specific objectives refer to relating the practices and methodological instruments used by teachers for pedagogical mediation in science teaching; to verify the challenges encountered in teaching work with the use of digital technologies in science teaching; to identify the challenges and possibilities in the process of using digital technologies for pedagogical mediation. In order to achieve the proposed objectives, a qualitative approach was adopted through a case study, since it allows understanding the complexity and details of the information obtained for the analysis of the objects under study. As a research instrument, a semi-structured interview was adopted, thus building a detailed diagnosis of the theme and, finally, as data analysis procedures, the Discursive Textual Analysis (DTA) method was used. The subjects participating in the research were teachers with training and experience in the discipline of science in the final grades of elementary school at a public school in the state education network in the city of Jauru - MT. The theoretical foundation was based on the state of knowledge, a type of bibliographic research based mainly on theses and dissertations in order to map and expand the opportunities for new constructions in the various fields of knowledge related to the subject under study. From the data analysis, it was possible to highlight as challenges: lack of equipment and internet; lack of training; device incompatibility; lack of digital fluency; Lack of planning; speed of technological evolution and awareness of the use of digital tools for pedagogical purposes. As possibilities, the following stand out: the connection with the world, a motivating and interactional facilitator, fosters student protagonist; simulation of online experiences; playfulness and dynamization; practicality and innovation in pedagogical practices; free digital collections; access to various information; increases awareness of technological resources; arouse students' curiosity and interest. However, in view of the data generated and the research carried out, it is considered that when using digital technologies as teaching tools, especially with regard to the discipline of science, one must be aware that these are potentiating means, facilitating instruments of learning, serving as support to the teacher in the process of developing pedagogical practices. The teacher plays the role of mediator, stimulating learning by promoting autonomy and the student is the protagonist of the teaching and learning process. Keywords: Digital Technology. Pedagogical Practice. Science teaching. Teacher Training. 9 LISTA DE SIGLAS ATD Análise Textual Discursiva BDTD Biblioteca Digital de Teses e Dissertações BNCC Base Nacional Comum Curricular COVID-19 Vírus SARS-CoV-2 E1, E2, E3 Entrevistados 1, 2, 3 E4, E5, E6 Entrevistados 4, 5 ,6 FAITH Nome Fantasia da Editora IBICT Instituto Brasileiro de Informação em Ciências e Tecnologia LCMS Learning Content Management System LDB Lei das Diretrizes e Bases LMS Learning Management System (Sistema de Gestão de Aprendizagem) PUC-SP Pontifícia Universidade Católica de São Paulo SAGAH Soluções Educacionais Integradas TDIC Tecnologia Digital de Informação e Comunicação TDs Tecnologias Digitais UEPB Universidade Estadual da Paraíba UFJF Universidade Federal de Juiz de Fora UFS Universidade Federal de Sergipe UFTM Universidade Federal do Triângulo Mineiro UNESCO Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura UNESP Universidade Estadual Paulista 10 LISTA DE FIGURAS Figura 01: Piktochart - Exemplo da página que irá abrir ao clicar na opção “cartazes” .................................................................................................................................. 67 Figura 02: Parte do Painel Colaborativo Padlet (Recursos e Editores de Vídeo .................... 69 Figura 03: Exemplo de mapa mental .......................................................................................... 69 Figura 04: Página inicial do Planetabio ...................................................................................... 70 Figura 05: Corpo humano sem as camadas de pele e músculo ............................... 71 Figura 06: Nomenclatura de estruturas selecionadas ............................................................... 71 Figura 07: Tela da interface da sala de aula do Visible Body ................................... 72 Figura 08: Tela da interface do Thinkercell .............................................................. 73 Figura 09: Mapa – Monitoramento Mundial do Fechamento de Escolas .................. 77 Figura 10: Desigualdade de acesso a recursos tecnológicos ................................... 80 Figura 11: Categorias ............................................................................................... 95 Figura 12: Cultura Digital ........................................................................................ 107 Figura 13: O que acontece na internet em 60 segundos? ...................................... 123 Figura 14: Nuvem de Palavras ............................................................................... 125 11 LISTA DE TABELAS Tabela 01. Caracterização dos Entrevistados ........................................................... 92 12 LISTA DE GRÁFICOS Gráfico 01. Resultado de busca avançada por nível ................................................ 32 Gráfico 02. Instituições em destaque ....................................................................... 32 Gráfico 03. Categorias da terceira etapa .................................................................. 34 13 LISTA DE QUADROS QUADRO 01. Competências Específicas de Ciências da Natureza para o Ensino Fundamental ............................................................................................................. 64 QUADRO 02. Quadro de Coerência do Projeto de Pesquisa ................................... 88 QUADRO 03. Indicador de Possibilidades e Desafios no uso de Tecnologias Digitais no Ensino ................................................................................................................ 120 14 SUMÁRIO INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 16 CAPÍTULO 01 – JUSTIFICATIVA ............................................................................ 22 CAPÍTULO 02 – REFERENCIAL TEÓRICO ............................................................ 30 2.1 – ESTADO DO CONHECIMENTO ...................................................................... 30 2.2 – ANÁLISE DAS PESQUISAS POR CATEGORIAS .......................................... 35 2.2.1 – Prática Pedagógica ..................................................................................... 36 2.2.1.2 – Formação Continuada .............................................................................. 39 2.2.2 – Mediação Pedagógica ................................................................................. 40 2.2.3 – Prática de Ensino ........................................................................................ 43 2.2.4 – Recursos Didáticos .....................................................................................45 2.3 – TECNOLOGIAS DIGITAIS NA EDUCAÇÃO ................................................... 47 2.3.2 – Tecnologias Digitais no Contexto da Escola Contemporânea ................ 49 2.3.3 – Mediação Pedagógica Através das Tecnologias Digitais ........................ 54 2.3.4 – Tecnologias Digitais no Ensino de Ciências e a Base Nacional Comum Curricular - BNCC .................................................................................................... 58 2.3.5 – Ferramentas Digitais para o Ensino de Ciências...................................... 65 2.3.6 – O Uso das Tecnologias Digitais no Contexto da Educação em Tempos de Pandemia ............................................................................................................ 74 CAPÍTULO 03 – METODOLOGIA ............................................................................ 81 3.1 – Caracterização da Pesquisa .......................................................................... 82 3.2 – Local de Pesquisa .......................................................................................... 84 3.3 – Participantes ................................................................................................... 84 3.4 – Procedimentos para Geração de Coleta de Dados ...................................... 84 3.5 – Procedimentos para Análise de Dados ........................................................ 86 CAPÍTULO 04 – ANÁLISE DOS DADOS E DISCUSSÕES DOS RESULTADOS ... 91 4.1 – Análise das Entrevistas ................................................................................. 91 4.1.1 – Caracterização dos Participantes .............................................................. 91 4.1.2 – Categorização das entrevistas ................................................................... 93 4.1.2.1 – Mediação Pedagógica no Processo de Ensino ...................................... 95 4.1.2.1.1 – Prática Pedagógica no Espaço Escolar ............................................ 100 4.1.2.2 – Tecnologia Digital no Processo de Ensino e Aprendizagem .............. 106 15 4.2.2.2.1 – Recursos Pedagógicos – Ferramentas de Ensino ........................... 110 4.1.2.3 – Formação Continuada ............................................................................ 113 4.1.2.4 – Desafios e Possibilidades na Utilização das Tecnologias Digitais no Ensino de Ciências................................................................................................ 116 CAPÍTULO 05 – CONSIDERAÇÕES FINAIS ......................................................... 126 REFERÊNCIAS ....................................................................................................... 130 APÊNDICES ........................................................................................................... 139 TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO – TCLE ...................... 139 ROTEIRO DE ENTREVISTAS ................................................................................ 141 16 INTRODUÇÃO Não haveria cultura nem história sem inovação, sem criatividade, sem curiosidade, sem liberdade sendo exercida, ou sem liberdade pela qual, sendo negada, se luta. Não haveria cultura nem história sem risco, assumido ou não, quer dizer, risco de que o sujeito que o corre se acha mais ou menos consciente. Posso não saber agora que riscos corro, mas sei que, como presença no mundo, corro risco. É que o risco é um ingrediente necessário à modalidade sem a qual não há cultura nem história. Paulo Freire (p.16, 2000) A sociedade contemporânea vivencia nos dias atuais diversas transformações sobre as quais nos permite refletir sobre as influências dessas modificações na sociedade, na escola, no trabalho docente e na aquisição de conhecimento, ou seja, nos processos de ensino e de aprendizagem. Assim, é necessário que ocorram adaptações nos diversos setores, entre eles, destacamos a educação. Diante dessas inovações consideramos que a evolução das tecnologias digitais se revela por se destacar, principalmente diante do trabalho pedagógico, pois o uso da tecnologia se torna essencial, com a necessidade de planejamento e qualificação dos profissionais para desenvolver com qualidade e eficácia o trabalho, conforme a atualidade nos exige. A evolução das tecnologias digitais nos possibilita o desenvolvimento e a ampliação de conhecimentos, especialmente nos processos educativos, identificando a ligação entre as tecnologias, escola e os processos sociais, sendo que possui um lugar evidente na construção da civilização. Nesse contexto, Santos, (2018) diz que: “Nos últimos anos, vivemos transformações significativas no mundo, seja pela facilidade de acesso à informação, pela diminuição das distâncias ou pela maneira de se comunicar e pertencer à sociedade. Tais transformações estão intimamente ligadas à tecnologia e à informática”. (SANTOS, 2018, p. 2) Nesse sentido ARAUJO (2015), relata que É muito importante para o desenvolvimento de um indivíduo como um todo, a relação entre educação, tecnologia e sociedade. [...] É uma nova tecnologia que oferece transformação pessoal, além de favorecer a formação tecnológica necessária para o futuro profissional na sociedade. 17 (ARAUJO, 2015, p. 377) Junto a essas transformações, o processo de ensino e de aprendizagem vem passando por muitas modificações, principalmente em relação às metodologias utilizadas, ressaltando que é de fundamental importância que os professores encontrem métodos diversificados, a fim de integrar o uso das tecnologias digitais na prática diária, com o objetivo de auxiliar os educandos, para que se sintam motivados e, assim, oportunizar a construção de conhecimentos, pois ao utilizar diferentes recursos metodológicos contribui-se para a comunicação e integração entre docentes e educandos possibilitando a aprendizagem. Santos e Giraffa (2017), colaboram relatando que é preciso pensar um novo espaço de aprendizagem específico de um contexto, no qual a aquisição do conhecimento se dá de maneira facilitadora, atrativa e criativa, em que os estudantes são motivados e desafiados a pensar e criar opiniões com o propósito de construir o próprio processo de ensino e de aprendizagem e, assim, a construção coletiva do conhecimento. Diante disso, Silva (2001, p. 37) apresenta que: O impacto das transformações de nosso tempo obriga a sociedade, e mais especificamente os educadores, a repensarem a escola, a repensarem a sua temporalidade. E continua. Vale dizer que precisamos estar atentos para a urgência do tempo e reconhecer que a expansão das vias do saber não obedece mais a lógica vetorial. É necessário pensarmos a educação como um caleidoscópio, e perceber as múltiplas possibilidades que ela pode nos apresentar, os diversos olhares que ela impõe, sem, contudo, submetêla à tirania do efêmero. O papel ativo do professor é fundamental para o desenvolvimento de estratégias para o processo de ensino e de aprendizagem, de forma a levar o educando a ser crítico, criativo e idealizar distintas situações a partir de uma ação, assim o educador se torna cada vez um orientador de caminhos que favoreçam a construção de conhecimentos que venham beneficiar o desenvolvimento da sociedade. O que a tecnologia traz hoje é integração de todos os espaços e tempos. O ensinar e o aprender acontecem em uma interligação simbiótica, profunda e constante entre os chamados mundo físico e digital. Não são dois mundos ou espaços, mas um espaço estendido, uma sala de aula ampliada, que se mescla, hibridiza constantemente. Por isso a educação formal é cada vez mais blended, misturada, híbrida, porque não acontece só no espaço físico da sala de aula, mas nos múltiplos espaços do cotidiano, que incluem os digitais. O professor precisa seguir comunicando-se face a face com os alunos, mas tambémdeve fazê-lo digitalmente, com as tecnologias móveis, equilibrando a interação com todos e com cada um. (BACICH, 2015, p39). 18 Nesse sentido, é necessário que a escola desenvolva competências necessárias e dê suporte ao professor, para que, por meio dos recursos tecnológicos e digitais, possa melhorar o processo de ensino e de aprendizagem e a compreensão dos conteúdos educacionais. Portanto, como já relatado, é de grande importância para o mundo atual, a utilização desses recursos e o manejo de novas tecnologias no âmbito escolar, pois são ferramentas que contribui também para o desenvolvimento intelectual favorecendo a aprendizagem e o desenvolver crítico. As instituições de ensino são órgãos que devem favorecer a adoção de novas metodologias envolvendo a utilização dos recursos tecnológicos digitais, estimular os docentes e ofertar condições de trabalho, infraestrutura, materiais, equipamentos para que esse trabalho ocorra de maneira satisfatória e com qualidade de forma inovadora. Nesse sentido (Moran, 2003, p.65) diz que: “a escola pode ser, também, um espaço de inovação, de experimentação saudável de novos caminhos. Não se precisa romper com tudo, mas implementar mudanças e supervisioná-las com equilíbrio e maturidade”. Assim, a escola é um espaço essencial que favorece a relação entre educação, tecnologia e sociedade. A definição da temática de estudo “Tecnologias Digitais: Desafios e Possibilidades no Ensino de Ciências nos Anos Finais do Ensino Fundamental”, surgiu há alguns anos, por meio de observações no espaço escolar em que trabalho, tanto como professora e também como gestora, mostraram problemas enfrentados pela grande maioria dos professores em sala de aula, pois muitos possuem dificuldade no uso de recursos tecnológicos como ferramenta de suporte metodológico e, por esse motivo acabam sendo ausentes em sala de aula. É notório que essas observações não acontecem somente na instituição de ensino em que trabalho, mas também em diversas outras instituições, como também é evidente ao ler e estudar diversos artigos, pesquisas e publicações científicas. Observa-se que a cada dia é mais frequente a reclamação de muitos docentes quanto à apatia, ao desencantamento e desinteresse apresentado pelos estudantes, não só na área das Ciências da Natureza, mas em todas as áreas do conhecimento. Ressaltando que boa parte dos educandos que chegam à escola e, muitas vezes, não tiram nem o material da bolsa, recusam a realizar as atividades propostas dizendo: “não utilizarei isso em minha vida” e, em alguns casos agem de maneira indisciplinar. Diante do exposto e das experiências vivenciadas no decorrer da minha vida 19 acadêmica e profissional, surge então à reflexão, em relação ao processo de processo de ensino e de aprendizagem e à profissão – ser professor, tendo como base inicial as práticas pedagógicas desenvolvidas juntamente com as teorias estudadas, ou seja, considerações sobre o percurso vivido na perspectiva teórico/prática e a construção pessoal de ser professora que foi elaborada durante o processo de formação. Assim, as estratégias de ensino são de fundamental importância implicando no processo de ensino de modo a facilitar o aprendizado ou até mesmo prejudicar a formação do educando. O professor deve pensar no seu aluno e nas possibilidades de aprendizagem, refletir sobre a interação no espaço educativo e de subjetividades. “À medida que o educador, enquanto educador compreende a importância social do seu trabalho, a dimensão transformadora da sua ação, a importância social, cultural, coletiva e política da sua tarefa, o seu compromisso cresce” (RODRIGUES, 2003, p. 66). Espera-se que no espaço escolar ocorra a evolução, acerca do uso das tecnologias digitais como ferramentas pedagógicas, com o intuito de tornar as aulas mais proveitosas e facilitar o processo de ensino e de aprendizagem. Assim, compreende-se que as possíveis articulações entre o ensino de ciências e o uso das tecnologias digitais no espaço escolar, pode se tornar um recurso importante promovendo vínculos metodológicos de ensino trazendo mais significado para o ambiente escolar. A utilização da tecnologia digital pode permitir novas formas de aprender e ensinar e então tornar a aula mais atrativa aos alunos com uma interação diferente, promovendo novas experiências para o estudante de forma criativa e oportunizando a autonomia. O ensino de ciências possui como objetivo promover aos estudantes a construção do conhecimento cientifico para sua atuação em sociedade de maneira crítica. Sendo assim, percebe-se que a evolução das tecnologias digitais vem modificando os processos de comunicações na sociedade e esses podem auxiliar na aprendizagem do educando, promovendo mais possibilidades no ensino de ciências. De acordo com BACH, 2020, p.04: Para que a tecnologia se torne um beneficiador do ensino, é necessário que as metodologias utilizadas pelo professor, assegurem que o educando possa participar argumentar e também investigar para que assim se construa um pensamento crítico, contudo, deve-se utilizar a tecnologia digital de maneira planejada. No ensino de Ciências, o uso desse recurso pode instigar o interesse do aluno, com aquele conteúdo que está sendo trabalhado e a aprendizagem ocorre de uma maneira diferenciada para aquele aluno. 20 Pensando no ensino de Ciências, o uso das tecnologias digitais possui como objetivo permitir a ampliação de recursos nos espaços escolares, nos quais não possuem laboratórios específicos, como exemplo podemos citar simulações da circulação sanguínea no corpo humano, simulações de reações químicas, animações dos ciclos biogeoquímicos, etc. Portanto, as tecnologias no ensino de Ciências surgem como instrumentos facilitadores de aprendizagem, de ensino e de comunicação, proporcionando um ensino com mais qualidade de maneira mais dinâmica e prazerosa oportunizando aos estudantes a construção de conhecimento. Sempre tive ansiedade em buscar outros conhecimentos, aprofundar mais sobre a educação, esse anseio que me faz estar hoje na realização de estudos e na construção dessa pesquisa. Somente atuando como professora e gestora consegui refletir melhor sobre os métodos de ensino e a utilização de novas ferramentas metodológicas, sobre a contribuição que os diferentes autores podem nos oferecer com suas teorias. Pois, não só vivenciei bons momentos trabalhando, mas também os momentos difíceis e esses de cunho social, familiar e emotivo. Construir conhecimento e desenvolvimento em um ser humano não é tarefa fácil, exigem recursos, métodos e vários outros fatores diferenciados que nos demonstra essa idealidade na educação. Ser professor é trabalhar contribuindo no desenvolvimento e crescimento do educando, tornando-os capazes de exercer atividades educativas com qualidade e favorecendo a construção do conhecimento. Assim, diante do contexto, essa pesquisa analisou materiais teóricos, que os pesquisadores apresentaram sobre a temática, compressões de suma importância para prática docente vinculada ao uso das tecnologias digitais como ferramenta metodológica e aliada do professor de Ciências nos anos finais do ensino fundamental, bem como os desafios e as possibilidades desse instrumento no processo de ensino e de aprendizagem. Por meio deste estudo foi estabelecido uma análise das concepções e práticas dos professores sobre o ensino de Ciências, alguns recursos tecnológicos digitais que podem ser utilizados em sala de aula como aliados do professor de Ciências no complexo processo de ensino e de aprendizagem. Portando, no desenvolvimento desse estudo foi possível compreender que as 21 ações realizadas pelos profissionais da educação abrangem uma totalidade da realidade escolar, principalmente tendo como ponto primordial as práticas pedagógicas instituídaspela unidade escolar, visando garantir a qualidade na educação e no desenvolvimento do aluno como um todo, além de oportunizar novas possibilidades de aprendizagem e refletir sobre a interação no espaço educativo e na subjetividade. A presente dissertação está estruturada da seguinte maneira: no capítulo 01 a justificativa, no capítulo 02 apresentamos o referencial teórico no qual aborda o Estado do Conhecimento e a análise por categoria, sendo elas: Prática Pedagógica, Formação Continuada, Mediação Pedagógica, Pratica de Ensino, Recursos Didáticos; As Tecnologias Digitais na Educação no Contexto da Escola Contemporânea; Mediação Pedagógica através das Tecnologias Digitais; As Tecnologias Digitais no Ensino de Ciências e a BNCC; Ferramentas Digitais para o Ensino de Ciências; O Uso das Tecnologias Digitais no Contexto da Educação em Tempos de Pandemia. O capitulo 03 aborda a Metodologia na qual apresenta a Caracterização da Pesquisa; Local de Pesquisa, Participantes, Procedimentos para Geração de Coleta de Dados; Procedimentos para Análise de Dados. Já o capítulo 04 apresenta a Análise dos Dados e Discussões dos Resultados - Análise das Entrevistas; Caracterização dos Participantes; Categorização das Entrevistas, em que temos: Mediação Pedagógica no Processo de Ensino, Prática Pedagógica no Espaço Escolar, Tecnologia Digital no Processo de Ensino e de Aprendizagem, Recursos Pedagógicos – Ferramentas de Ensino, Formação Continuada, Desafios e Possibilidades na utilização de tecnologias digitais no Ensino de Ciências. E por fim, temos o capítulo 06 com as Considerações Finais, em seguida as referências utilizadas nessa pesquisa e, então os apêndices. 22 CAPÍTULO 01 – JUSTIFICATIVA Ao realizar as pesquisas a partir do Estado do Conhecimento, foram feitas diversas análises nas publicações encontradas, a pesquisa científica é uma atividade de grande importância para o desenvolvimento e a construção de um pensamento. Percebeu-se nas pesquisas a relevância do trabalho docente e a adoção de métodos atrativos que permitem o desenvolvimento do educando. O uso das tecnologias digitais como ferramenta pedagógica, principalmente nesse momento que estamos vivenciando, proporciona ao estudante um desenvolvimento ativo, autônomo e protagonista do processo de ensino e de aprendizagem. A inserção da aprendizagem no âmbito escolar proporcionada pelas mais variadas atividades, pois permite compreender e relacionar a teoria com a prática, garantindo aos professores competências necessárias para uma prática docente reflexiva, que possibilite ao educando uma aprendizagem satisfatória. Dessa forma, a escola deve ser vista como um espaço educativo de extrema importância para a formação e atuação do professor, contribuindo para a constituição do indivíduo, na qual é marcada por um contexto sócio histórico que envolve o ser humano. Contudo, o conhecimento é determinado como produto das relações entre sujeitos e objetos, e ao mesmo tempo, como processos de construção de representações significativas acerca da realidade e de como os seres humanos produzem seus conhecimentos. A organização do ambiente traduz uma maneira de compreender a infância, de entender seu desenvolvimento e o papel da educação e do educador. As diferentes formas de organizar o ambiente para o desenvolvimento de atividades de cuidado e educação das crianças pequenas traduzem os objetivos, as concepções e as diretrizes que os adultos possuem com relação ao futuro das novas gerações e às suas ideias pedagógicas. (BARBOSA, 2006, p.122). Para tanto, ser professor consiste em um processo que abrange uma complexidade de competências no qual envolve a interação entre as diversas dimensões presentes no trabalho docente, contemplando a participação de todos os envolvidos da comunidade escolar, criando uma identidade precisa para que dessa forma desenvolva estratégias de ensino que favoreçam aprendizagens de maneira a desenvolver todas as competências. Para isso, o professor é o responsável por assumir o papel de mediador na construção de conhecimento. Diante do exposto, ressalta-se que: 23 Com essa identidade, o professor é o profissional dotado de competência para produzir conhecimento sobre seu trabalho, de tomar decisões em favor da qualidade cognitiva das aprendizagens escolares e, fundamentalmente, de atuar no processo constitutivo da cidadania do “aprendente”, seja ela criança, jovem ou adulto. (BRZEZINSKI, 2001, p. 119). Ser professor nos dias atuais é conviver com grandes desafios e transformar informações em conhecimentos a serem transmitidos por meio de saberes. Para Gadotti (2000), sem dúvida os educadores são indispensáveis, sendo eles os verdadeiros construtores do processo de ensino e de aprendizagem. A aprendizagem se caracteriza como um processo que sucede ao longo de toda a vida e ela acontece, por meio de momentos em que o professor é o mediador do ensino para promover aprendizagem, possibilitando mediante trocas de experiências e afetividade, a conectividade do ensinar e do aprender. Neste sentido, o bom professor é o que consegue, enquanto fala, trazer o aluno até a intimidade do movimento de seu pensamento. Sua aula é assim um desafio e não uma "cantiga de ninar". Seus alunos cansam, não dormem. Cansam porque acompanham as idas e vindas de seu pensamento, surpreendem suas pausas, suas dúvidas, suas incertezas. (FREIRE, 1996, p. 52). Para tanto, cabe a nós professores sermos conscientes da importância de atuarmos na formação de nossos alunos, estabelecendo um propósito de prepara- los para atuarem no contexto social, ensinando-os não apenas os conteúdos propostos nos currículos escolares, mas sim ensinar que a aquisição de conhecimentos se estabelece através do respeito, da liberdade e principalmente da valorização do ser. Dessa forma, considerando que o docente tem a responsabilidade de preparar suas práticas, é necessário utilizar-se de uma ferramenta indispensável: o planejamento. É por meio desse planejamento que o educador se baseia, para que dessa maneira leve o aluno a pensar, a ser crítico, a questionar, a valorizar, respeitando a si próprio e a todos que o rodeia, formando pessoas ativas dentro de uma sociedade e consequentemente, rompendo todos os paradigmas existentes. Todo saber implica um processo de aprendizagem e de formação; e, quanto mais desenvolvido, formalizado e sistematizado é um saber, como acontece com as ciências e os saberes contemporâneos, mais longe e complexo torna o processo de aprendizagem, o qual por sua vez exige uma formalização e uma sistematização adequada. (TARDIF, LESSARD e LAHAYE, 1991, p.35). 24 Ensinar não é tarefa fácil, mas cabe ao professor esse privilégio, sempre tendo em mente que o aluno é o foco dessa profissão. Nesse sentido, é necessário que os educadores se dediquem e promovam aos educandos a motivação, o despertar do interesse, a criatividade e a imaginação, para que dessa forma o próprio aluno, através desses estímulos ofertados pelo professor, torne-se capaz de construir seu próprio conhecimento. De acordo com o autor Paulo Freire (1996): “ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua própria produção ou a sua construção”. (FREIRE, 1996, p. 47). Portanto, pensar no papel do professor frente ao trabalho pedagógico consiste em criar e ampliar meios visando à construção e a produção de conhecimentos. Ao professor, cabe ainda o papel de criar novas situações que despertem a curiosidade e estimulem os alunos a chegar ao conhecimento, por intermédio de situações criativas em sala de aula. Assim, o ensino por meio da tecnologia está sendo cada vez mais inovador, e isso modifica as formas de pensar, agir, conviver e, principalmente, de aprender com e mediante essas tecnologias. Segundo Maturana: Sem dúvida, a interconectividadeatingida através da Internet é muito maior do que a que vivemos há cem ou cinquenta anos através do telégrafo, rádio ou telefone. Todavia nós ainda fazemos com a Internet nada mais nada menos do que o que desejamos no domínio das opções que ela oferece, e se nossos desejos não mudarem, nada muda de fato, porque continuamos a viver através da mesma configuração de ações (de emocionar) que costumamos viver (MATURANA, 2001, p. 199). Dessa maneira, o ensinar, baseando-se nas metodologias diferenciadas e planejadas, aparece como elemento indispensável, principalmente, quando essas metodologias se aprimoram, por meio da ludicidade, pois é por seu intermédio que o aluno adquire habilidades no desenvolver social, intelectual, criativo e físico. Por essa razão, acredita-se que o aprender por meio das experiências vivenciadas coma interação do lúdico entre professor/aluno contribui de forma a desenvolver significativamente a criatividade e a imaginação. Estamos vivendo momentos de grandes dificuldades e desafios, numa era tecnológica, em que toda a comunidade escolar deve estar integrada em prol a um único objetivo com comprometimento, responsabilidade e respeito, a fim de contribuir com o desenvolvimento social e com a qualidade no processo de ensino e de aprendizagem. Assim, família e escola devem estar unidas buscando as melhores alternativas e adotando novas práticas de ensino. 25 Segundo Santos, Schwanke e Machado (2017, p. 133): As tecnologias na educação podem auxiliar na tarefa de desenvolver um educando mais empreendedor e inovador. Quando utilizadas em atividades de sala de aula, estimulam o desenvolvimento de competências cognitivas e socioemocionais, valorizando o trabalho em equipe e desenvolvendo habilidades de comunicação, interação, reflexão, pensamento crítico, dentre outras, habilidades estas preconizadas pela Educação para a Cidadania Global (ECG). O professor deve a todo momento refletir a sua postura frente as suas ações e práticas, comprometendo-se em apoiar a criança nas suas mais diversas manifestações, oportunizando assim criar condições de se expressarem e desenvolverem potencialidades. Nesse sentido, é importante que o trabalho incorpore a expressividade e a mobilidade próprias as crianças. Assim, um grupo disciplinado não é aquele em que todos se mantêm quietos e calados, mas sim um grupo em que vários elementos se encontram envolvidos e mobilizados pelas atividades propostas. Os deslocamentos, as conversas e as brincadeiras resultantes desse envolvimento não podem ser entendidos como dispersão ou desordem, e sim como uma manifestação natural das crianças. Compreender o caráter lúdico e expressivo das manifestações da motricidade infantil poderá ajudar o professor a organizar melhor a sua prática, levando em conta as necessidades das crianças. (BRASIL, 1998, p.19). Dessa forma, devemos compreender a importância do nosso papel, pois assim como podemos levar a criança ao mérito de um desenvolvimento satisfatório, também podemos levá-la ao “fracasso” mediante a aplicação de um ensino sem nenhuma preparação. É no ambiente escolar, por meio da intervenção do professor, que se criam as possibilidades para as crianças interagirem, ganharem autonomia e ampliarem seus conhecimentos, respeitando e valorizando o que está a sua volta. Assim, (LÉVY, 2004, p. 7) corrobora expondo que: Novas maneiras de pensar e de conviver estão sendo elaboradas no mundo das telecomunicações e da informática. As relações entre os homens, o trabalho, a própria inteligência depende, na verdade, da metamorfose incessante de dispositivos informacionais de todos os tipos. Escrita, leitura, visão, audição, criação, aprendizagem são capturadas por uma informática cada vez mais avançada. Nesta perspectiva, após várias as reflexões e estudos realizados durante todo o contexto de pesquisa, tornou-se possível compreender que as práticas pedagógicas, na unidade escolar devem estar voltadas para a realidade dos alunos, com a participação efetiva de todos os integrantes, sendo possível reconhecer que a aplicação de atividades lúdicas colabora positivamente, para os aspectos corporais, morais e sociais do educando. 26 Todo trabalho de um professor deve ser aquele que define suas ações por meio de uma postura centrada no ensinar e no aprender, de forma a organizar, definir e compreender a importância dessas ações para o processo de ensino, que o aluno está inserido, vivenciando toda a dinâmica de construção de ensino. De acordo com Vieira (2009, p.40), “o professor tem o papel de mediador do processo de aprendizagem, é ele quem incentiva as crianças a experimentarem as formas de conhecimentos.” A ação proposta deve ser aquela que articule e integre o aluno a participar buscando aptidões técnicas diante de um planejamento bem estruturado, no qual se estabeleça por meio do saber e do fazer pedagógico, reforçando o comprometimento e a preocupação com uma educação de qualidade. O educador assume um papel importante diante do contexto da educação, porque, por meio dele é que o aluno cria possibilidade de ações de respeito ao ato de fazer, pensar e articular ações. Desse modo, cabe ao professor pensar e repensar a aplicação das suas práticas, buscando elementos, para que o processo de ensino e de aprendizagem aconteça de forma ampla e significativa. Desse modo, o professor por meio de técnicas é o responsável por estimular e construir o conhecimento apropriando-se de elementos facilitadores para que o processo de ensino aconteça, aguçando a curiosidade, o prazer e principalmente a autonomia nas tomadas de decisões. A prática educativa proposta pelo professor deve ser aquela que se estabelece, a fim de intervir na realidade em que o aluno se encontra, devendo ser aprimorada dentro do contexto escolar. Por meio do planejamento e de metodologias, é possível que o professor possa fazer a sistematização do seu trabalho no ambiente escolar, bem como orientar-se e acompanhar o que foi proposto. A partir daí, a principal função do professor não pode mais ser uma difusão dos conhecimentos, que agora é feita de forma mais eficaz por outros meios. Sua competência deve deslocar-se no sentido de incentivar a aprendizagem e o pensamento. O professor tornou-se um animador da inteligência coletiva dos grupos que estão a seu encargo. Sua atividade será centrada no acompanhamento e na gestão das aprendizagens: O incitamento à troca dos saberes, a mediação relacional e simbólica, a pilotagem personalizada dos percursos de aprendizagem etc. (LEVY, 1999, p. 173). Todo o conhecimento adquirido é requisito fundamental para promover a aprendizagem, sendo o ambiente escolar o local oportuno para o aluno integrar-se 27 no contexto social. Por essa razão, concede ao professor assumir uma postura centrada nas práticas que contribui para desenvolver o ensino, porém devem ser planejadas, organizadas e avaliadas requerendo definições e reformulações no decorrer da sua aplicação. Assim, “o educador projeta como finalidade do trabalho educativo a formação do aluno como um ser humano em suas máximas possibilidades” (VIEIRA, 2009, p.36). Nesse sentindo, no livro “Filosofia da Ciências” nos faz refletir referente ao: “o que conhecemos? Os debates se arrastam ao longo dos séculos com alguns teóricos defendendo a tese de que só é cognoscível o que se oferece à observação como fato, ao passo que outros são de opinião que o conhecimento se estende a tudo o que é passível de explicação por meio da razão. Não é fácil determinar a extensão do conhecimento humano. A impressão mais forte é a de que se sabe muito pouco, em relação ao que se desconhece. É que se está ainda longe de um critério universalmente aceito que permita, para cada caso particular, definir se algo é de jure conhecimento e não uma mera opinião”. O conhecimento pode ser entendidocomo produto e processo estabelecido pela relação de comprometimento entre uma trajetória dinâmica que cria possibilidades de integração do processo ensino e de aprendizagem, porém, o conhecimento não deve ser visto apenas como um produto, no qual implica em uma pedagogia voltada para sua transmissão. Nessa abordagem, OLIVA (2003) diz: “o que é conhecimento: pode-se justificar uma ação invocando determinados padrões morais. Uma decisão, indicando os fins perseguidos. Com relação ao conhecimento, a justificação de uma teoria depende de sua consistência lógica e de sua fundamentação empírica. Diga- me o método que empregas e te direi o tipo de credibilidade epistêmica que pode ser alcançada pelos resultados que obténs”. Portanto, é de responsabilidade do professor a integração do conhecimento do aluno, apropriando-se de toda a dinamização que envolve o trabalho pedagógico, tendo como elemento principal o planejamento de todas as ações e práticas, cumprindo os objetivos e metas que foram planejados para o sucesso da aprendizagem do aluno. Consoante Vasconcellos (1999, p.43). “O planejamento é posto como uma ferramenta para dar mais segurança e para diminuir o sofrimento nesse percurso”. Assim, é necessário compreender o espaço escolar e o planejamento das 28 práticas educativas como campo fundamental no processo de construção de identidade e conhecimento do ser humano, reconhecendo a importância do mesmo para o desenvolvimento intelectual e cognitivo. Segundo Vygotsky, (2010/1935, apud MOREIRA, SOUZA e LORENSINI, 2015, p.79). O espaço é sempre um campo de possibilidades em que cada sujeito produz o seu, na medida e, que as pessoas constroem sentidos particulares sobre o espaço a partir dos significados que a cultura lhes apresenta. Em outras palavras, o ser humano, ao afetar e ser afetado pelos diferentes ambientes, cria espaços próprios, únicos, singulares e inéditos. Desse modo, o ato de ensinar ganha um novo espaço a cada dia, sendo através dos experimentos proporcionados por ele, cria-se possibilidades de instigar os educandos a participarem de tudo que lhes é proposto mediante um planejamento, utilização de recursos e tecnologias para que assim possa criar perspectivas de inovação, participação, afetividade e motivação, por meio de movimentos que o espaço proporciona. Contudo, o presente trabalho de pesquisa visa trazer uma abordagem significativa para a formação e atuação docente principalmente no que se refere a relação do processo de ensino e aprendizagem do aluno e a prática pedagógica, bem como, essa relação contribui para que o aprendizado aconteça de maneira satisfatória, englobando fatores de extrema importância e relevância para a melhoria do desenvolvimento do aluno e então na qualidade do processo de ensino e de aprendizagem. No entanto, cabe ressaltar, que a educação consiste no desenvolvimento de um trabalho, no qual o enfoque é a formação dos educandos, para que dessa forma os mesmos possam viver democraticamente em uma sociedade que se baseia constantemente em mudanças sociais e na atualidade também tecnológica. Observando essa realidade, verifica-se que os anos se passaram, os estudos sobre as metodologias de ensino se aperfeiçoaram, as tecnologias avançaram, os investimentos em formação docente aumentaram, o quadro funcional das escolas melhorou, mas podemos afirmar que em muitos casos, o desenvolvimento da atividade docente precisa de inovação em busca de novos métodos de ensino e que esses sejam mais atrativos e significantes. Contudo, apresentamos reflexões acerca das práticas pedagógicas executadas pelos professores, porém apresentaremos também nesta pesquisa a importância do uso das tecnologias como ferramentas metodológicas a serem 29 utilizados em sala de aula como aliados do professor de Ciências no processo de ensino e de aprendizagem. Diante disso, a presente proposta de pesquisa, busca responder ao seguinte problema de pesquisa: Quais são os desafios e possibilidades que os professores possuem no uso das tecnologias digitais como instrumento de mediação pedagógica para o ensino de ciências? Considerando os aspectos mencionados e o problema de pesquisa, a pesquisa possui como objetivo geral: Analisar os desafios e as possibilidades do uso das tecnologias digitais como instrumento de mediação pedagógica para o ensino de ciências. Para o alcance do objetivo geral, serão trabalhados os seguintes objetivos específicos: Relacionar as práticas e instrumentos metodológicos utilizados pelos docentes para mediação pedagógica no ensino de ciências; Verificar os desafios encontrados no trabalho docente com o uso das tecnologias digitais, no ensino de ciências; Identificar os desafios e as possibilidades no processo de utilização das tecnologias digitais para a mediação pedagógica. Assim, diante do contexto aqui apresentado e da pesquisa realizada, a seguir teremos o referencial teórico, que está dividido em partes e se refere ao estado do conhecimento e outras relacionadas a estudos embasados em autores e grandes pesquisadores referente a temática abordada. 30 CAPÍTULO 02 – REFERENCIAL TEÓRICO 2.1. ESTADO DO CONHECIMENTO Antes de adentrar em aspectos mais detalhados sobre a pesquisa do Estado do Conhecimento e como foi realizada, é preciso entender o conceito, acerca deste tipo de pesquisa, o qual pode ser definido como um tipo de pesquisa bibliográfica baseada, principalmente, em teses e dissertações com a finalidade de mapear e ampliar as oportunidades de novas construções nos diversos campos de conhecimento. (KOHLS-SANTOS e MOROSINI, 2021) A importância de se realizar O Estado do Conhecimento se confirma pela possibilidade que o pesquisador tem de ampliar seu saber dentro de uma determinada temática e/ou área, identificar o que já foi discutido e o que ainda não foi pensado, o que pode ser inovador ou até mesmo o que pode ser diferente daquilo que já foi feito. Desta forma, o estado do conhecimento amplia as possibilidades de estudo demonstrando determinadas lacunas que possam ser preenchidas tentando responder indagações ou aspectos em diferentes épocas, lugares e culturas. Nesta perspectiva, a função do estado do conhecimento é oportunizar aos pesquisadores aquilo que o próprio nome diz, conhecer o estado de um determinado tema no campo de uma pós-graduação, buscando investigar enfoques característicos de cada trabalho e os fenômenos a serem considerados. De acordo com (KOHLS-SANTOS e MOROSINI, 2021): O EC é um tipo de pesquisa bibliográfica, baseada, principalmente, em teses, dissertações e artigos científicos, pois neste rol de pesquisas é possível conhecer o que está sendo pesquisado em nível de pós-graduação stricto sensu de determinada área, sobre determinado tema. De acordo com Morosini e Fernandes (2014, p. 102) o Estado do Conhecimento se refere a “identificação, registro, categorização que levem à reflexão e síntese sobre a produção científica de uma determinada área, em um determinado espaço de tempo”. É importante ressaltar que o Estado do Conhecimento não busca somente objetos e faz registros dos mesmos. Existem etapas próprias para se trabalhar com esse método de pesquisa, conforme sugere a professora Drª. Pricila Kohls dos Santos em seus vídeos publicados em uma página no Youtube1. Dentre eles se destaca o Banco de Tese da Capes e a Biblioteca Digital de Teses e Dissertações denominada como IBICT – Instituto Brasileiro de Informações em Ciências e 1 https://www.youtube.com/playlist?list=PLRpFU0tJ4g4VVj1aA7X-MctctfANHtvQE https://www.youtube.com/playlist?list=PLRpFU0tJ4g4VVj1aA7X-MctctfANHtvQE 31 Tecnologia entrelaçadas ao método da análise de conteúdo de Laurice Bardin, que utiliza os procedimentos, como por exemplo, a leitura flutuante, que seria a leiturados textos, em qual acontece à busca de sentido, a categorização desses dados, a reescrita, em outras palavras a reinterpretação destes textos. Contudo, a realização do estado do conhecimento não é simplesmente buscar pesquisas que não foram realizadas sobre determinadas temáticas ou fazer listas dessa pesquisa, e sim a seleção de diversas pesquisas que estão relacionadas à sua temática, sendo favorável de modo a aperfeiçoar olhares diante do que realmente se está pesquisando. Portanto, um Estado de Conhecimento bem feito compõe parte de uma dissertação ou tese, porém isso irá depender da dedicação do pesquisador, pois é essencial seguir todas as etapas: bibliografia anotada, bibliografia sistematizada, bibliografia categorizada e a bibliografia propositiva, pois o mesmo vai refinando e modelando a pesquisa de modo a permitir ao pesquisador estabelecer parâmetros específicos. Diante do exposto, (KOHLS-SANTOS e MOROSINI, 2021) retratam que: [...] para conhecer e planejar esse percurso global como uma reinvenção, é necessário que o pesquisador se aproprie do conhecimento anterior, em outras palavras, o que vem sendo estudo por determinada área ou campo científico, para poder viabilizar e inovar na reinvenção de seu trabalho científico. Para tal, uma das alternativas para conhecer sistematicamente a realidade da construção do conhecimento científico de um determinado campo, em um determinado espaço e tempo, é a partir da realização de pesquisa do tipo Estado do Conhecimento (EC). A realização do presente Estado do Conhecimento ocorreu no período que se estendeu desde a segunda quinzena do mês de dezembro de 2020 até a primeira quinzena de março 2021, tendo como objetivo, mapear o que está sendo pesquisado acerca do uso das tecnologias digitais no ensino de ciências e nas práticas pedagógicas. Os descritores utilizados foram: Tecnologias digitais, tecnologia, prática pedagógica e ensino de ciências e o período de buscas determinado foi pesquisas publicadas entre os anos de 2015 e 2021, sendo importante registrar que ao iniciar as buscas, as informações referentes ao ano de 2020 ainda não haviam sido completamente carregadas no Catálogo de Teses e Dissertações. Para tal pesquisa foi utilizado como fonte a Biblioteca Digital de Teses e Dissertações (BDTD) do Instituto Brasileiro de Informação em Ciências e Tecnologia (IBICT). Inicialmente, na primeira busca, com o descritor “Tecnologias digitais”, uma busca simples, foram encontrados 1.683 trabalhos, porém como as pesquisas 32 apresentadas eram um número muito alto e diversidade temática, realizou-se então uma busca avançada, assim o número voltou para 1.148. Seguindo então as orientações apresentadas nos procedimentos do estado do conhecimento, na segunda busca, foram utilizados os descritores “Tecnologias digitais” e Ensino de ciências, ressaltando que o segundo descritor não foi colocado “aspas”, sendo encontradas 478 produções, desse total, 381 são dissertações de mestrado e 97 são teses. Na terceira busca também avançada, usamos os descritores “Tecnologias digitais”, Ensino de ciências e acrescentamos Práticas pedagógicas, sendo que somente o primeiro foi colocado em “aspas”, encontrando 292 produções e por fim, na quarta busca, usando todos os descritores e colocando “aspas” somente nos primeiros “Tecnologias digitais”, a busca retornou 197 produções, sendo 160 dissertações de 37 teses. Dentre essas as instituições que se destacaram com maiores números de pesquisas são: UNESP (19), UFTM (15), PUC-SP (13), UFJF (12), UEPB (8), UFS (8), os demais são de diversas outras instituições no Brasil. No que se refere aos sujeitos os que se predominaram foram: Educação (27), Tecnologias digitais (19), Tecnologias Educacionais (18), Formação de Professores (14), TDIC (8), Currículo (06) e os demais foram bastante diversificados. Os Gráficos 1 e 2 se referem às buscas para seleção das pesquisas para primeira etapa do estado do conhecimento, no qual o Gráfico 1 demonstra o resultado do quantitativo de publicações por nível, já o Gráfico 2 se refere às instituições que mais se destacaram no quantitativo de publicações de trabalhos pesquisados, ressaltando que no gráfico não consta os dados relacionados às demais instituições, porém nenhuma outra obteve mais trabalhos que as mencionadas. Gráfico 01: Resultado de busca avançada por nível Fonte: Dados da pesquisa, 2021 Gráfico 02: Instituições em destaque Instituições UNESP - 19 UFTM - 15 PUC-SP - 13 UFJF - 12 UEPB - 8 UFS - 8 OUTRAS - 116 33 Diante das análises acerca das produções encontradas e suas relações com a temática definida a ser pesquisada, conforme propõe Kohls-Santos e Morosini (2021), a constituição do Estado do Conhecimento, na perspectiva de Morosini (2015), segue as etapas denominadas: Bibliografia Anotada, Bibliografia Sistematizada e Bibliografia Categorizada. Salientando que a quarta etapa é uma ampliação da proposta, apresenta pela autora, com o propósito da metodologia do estado do conhecimento se posicione, para além de uma revisão bibliográfica. Assim, na primeira etapa, denominada como bibliografia anotada, acontece à identificação e seleção das produções encontradas, a partir da pesquisa por descritores, sendo que após a análise permaneceram 61 produções. O fato de ter diminuído muito o quantitativo referente ao número encontrado na quarta busca se justifica ao número de trabalhos encontrados associados à temática que se propõe a ser pesquisada e os objetivos propostos. Nesse momento, é necessária uma seleção mais direcionada e específica para a temática do objeto, sendo assim, isso nos permite selecionar quais trabalhos possuem mais afinidades com sua pesquisa. É importante observar que os períodos nos filtros de buscas podem ser diferentes para cada temática ou busca, pois cada detalhe inserido, precisa ser registrado, sendo de fundamental importância na construção e elaboração do texto. Então, na segunda etapa, bibliografia sistematizada, decorreu por meio de uma leitura flutuante dos trabalhos, sendo considerado um contato importante com os documentos que serão analisados, porém no Estado do Conhecimento esse tipo de leitura é entendido como um processo inicial dos trabalhos encontrados, a fim de chegar ao corpus de análise, assim conclui-se essa etapa com a seleção de 25 (vinte e cinco) produções científicas, dentre elas, 17 (dezessete) são dissertações de mestrados e 8 (oito) são teses. É importante ressaltar que após a leitura flutuante, foram selecionadas algumas pesquisas relacionadas a áreas afins com ciências da natureza, como biologia, química e física, devido ao quantitativo referente a ciências naturais. Nessa etapa analisa-se também a relação dos trabalhos de teses e/ou dissertações considerando os seguintes itens: número de trabalho (identificação do banco de dados); ano de defesa; autor; título; nível (mestrado ou doutorado, profissional ou acadêmico). Na terceira etapa, denominada bibliografia categorizada, com o objetivo de reorganização do material selecionado, ou seja, reagrupamento em categorias ou 34 blocos temáticos. As unidades definidas como categorias foram: Prática pedagógica, tendo uma subcategoria denominada como Formação continuada, totalizando 09 (nove); Prática de Ensino, 08 (oito) trabalhos; Mediação pedagógica com 06 (seis); Recursos com 02 (dois) trabalhos. Gráfico 03: Categorias da terceira etapa Fonte: Dados da pesquisa, 2021 De acordo com Kohls-Santos e Morosini (2021): Como mencionado, esta etapa consiste na organização dos trabalhos em categorias, ou seja, são definidas as unidades para que possa ser realizada a agregação e escolha das categorias. Em geral, como se trata de documentos de teses, dissertações e artigos são utilizadas a Unidade de Registro (Bardin, 2011) que é a unidade de significação codificadae corresponde ao segmento de conteúdo considerado unidade de base, que visa a categorização. (KOHLS-SANTOS e MOROSINI, 2021, p.136) É importante destacar nessa etapa que os trabalhos que a compõem são os mesmos, nos quais passaram por todo processo e seleção inicial, salvo por meio da leitura dita como flutuante foi identificado com maior proximidade com a temática e o objetivo de pesquisa definido no Estado do Conhecimento. E por fim a quarta etapa, bibliografia propositiva, se refere à organização e apresentação, por meio da análise das proposições, ou seja, os achados, identificado como resultados das pesquisas do autor das publicações e as propostas emergentes, a partir da análise de quem está realizando a pesquisa. Assim, Kohls- Santos e Morosini (2021) apresentam que: 35 Na etapa da Bibliografia Propositiva é onde refinamos a análise realizada nas etapas anteriores e utilizamos como base, principalmente, o material organizado na etapa da “Bibliografia Categorizada”. Uma vez que, para realizar a categorização foi realizada a leitura mais aprofundada das pesquisas, a fim de encontrar as unidades de registro para compor as categorias, o pesquisador já conhece com maior propriedade os assuntos abordados em cada trabalho que faz parte deste corpus de análise, o que, por sua vez, facilita a realização da quarta etapa do Estado do Conhecimento. (KOHLS-SANTOS e MOROSINI, 2021, p. 138) Podemos concluir que as proposições do estudo são apresentadas pelos autores das publicações e proposições emergentes são as ideias ou posicionamentos que o pesquisando conseguiu elencar, a partir da análise dos trabalhos. É de fundamental importância ressaltar o quanto cada uma destas etapas deve ser realizada de maneira eficaz, para assim apresentar qualidade na pesquisa a ser realizada, nortear e ampliar os conhecimentos relacionados à determinada temática. Portanto, cada fase do Estado do Conhecimento precisa ser realizada satisfatoriamente, pois essa fase possibilita ao pesquisador alargar seus saberes buscando algo inovador aperfeiçoando olhares diante de quem está sendo pesquisado. 2.2 - ANÁLISE DAS PESQUISAS POR CATEGORIAS O trabalho que envolve a pesquisa científica se considera como uma atividade de grande importância, conforme diz Gaston Bachelard, “todo o pensamento científico deve mudar diante duma experiência nova; um discurso sobre o método científico será sempre um discurso de circunstância, não descreverá uma constituição definitiva do espírito científico”. (BACHELARD, 1996, p.97). É importante entender que, para a realização de uma pesquisa se faz necessário ter clareza no objetivo e no percurso metodológico, nesse sentido, o Estado do Conhecimento contribui para análise de conteúdo e para o avanço da pesquisa, pois por seu intermédio entendemos que essa análise vai além de uma representação. Conforme Morosini (2015): [...] a construção de uma produção científica está relacionada não só à pessoa/pesquisador que a produz, mas as influências da instituição na qual está inserida, do país em que vive e de suas relações com a perspectiva global. Em outras palavras, a produção está inserida no campo científico e, em suas regras constitutivas (MOROSINI, 2015 p.02). 36 Assim, as categorias analisadas no decorrer da realização do Estado do Conhecimento foram: Prática pedagógica tendo uma sub-categoria denominada como Formação continuada, mediação pedagógica, prática de ensino e recursos pedagógicos, totalizando 25 publicações. 2.2.1 – Prática Pedagógica A prática pedagógica se refere à prática social que é desempenhada com o objetivo de realizar técnicas pedagógicas, nesse sentido, o estudo relacionado à composição dos saberes docente compreende-se que muito se constrói baseado no contato com os estudantes, com os colegas de trabalho e com a realidade das unidades escolares e então a construção e o desenvolvimento das práticas pedagógicas. A partir desta perspectiva, Tardif (2014, p.39) descreve que o “professor ideal é alguém que deve conhecer sua matéria, sua disciplina e seu programa, além de possuir certos conhecimentos relativos às ciências da educação e à pedagogia e desenvolver um saber prático, baseado em sua experiência cotidiana com os alunos”. Pensando no uso das tecnologias digitais para fins educacionais percebe-se que essas ferramentas fornecem possibilidades que vem inovar as práticas pedagógicas e favorecer os processos de ensino e de aprendizagem, proporcionando aos professores a oportunidade de buscarem uns novos meios de ensinar e às escolas de inovarem-se, portanto, diante do exposto cabe ao professor, promover o uso das tecnologias digitais na prática, para fins educacionais Nesse sentido, BRANCO, 2020, p. 4, apresenta que: É importante destacar que o letramento digital é fundamental para que o uso pedagógico das TDIC se concretize. Para os professores porque o letramento digital deve capacitá-los para usar as ferramentas digitais como recurso pedagógico. Reside aí a necessidade de repensar e reorganizar a formação inicial e a continuada dos educadores, para que se familiarizem com seu uso e suas potencialidades para as práticas pedagógicas. Assim, o uso das Tecnologias Digitais, pode ser visto como uma proposta de suma importância na prática de ensino, propiciando avanços no desenvolvimento do estudante e satisfação no processo de ensinar e aprender. Porém, é importante destacar que inserir tais recursos tecnológicos nas práticas não é garantia de uma verdadeira transformação no processo de ensino e de qualidade nas práticas pedagógicas e consequentemente no ensino de ciências. 37 Para Martinho & Pombo (2009, p. 528): [...] a introdução das TICs no ensino, e em particular, no Ensino das Ciências Naturais, origina uma alteração nos papéis de todos os intervenientes do processo de ensino e de aprendizagem. Esta alteração traz a resolução de várias questões que “perseguem” o ensino, na procura da melhoria da sua qualidade, como seja, o combate à indisciplina e ao insucesso, o despertar da motivação e o desenvolvimento de competências. Parece-nos, assim, que um dos papéis que sofrerá mais alterações será o do professor, o qual passará de uma exposição do conteúdo para o aluno assimilar, para um papel mais mediador. Tomando essa perspectiva, a presente categoria apresenta a análise dos trabalhos selecionados para o Estado do Conhecimento e que versam sobre a Prática Pedagógica no ensino de ciências. Assim, diante desse contexto a pesquisa de Gonçalves (2019) menciona: [...] que é observado na prática, onde as TDIC proporcionam aos educadores chances de mudarem os processos de ensino e de aprendizagem, encurtando distâncias e aproximando gerações diferentes, pois há uma gama muito grande de materiais virtuais disponíveis. Ainda é possível afirmar que, o uso das TDIC podem aproximar colegas educadores através das trocas de experiências, possibilitando a interdisciplinaridade. (GONÇALVES, 2019, p.19). Assim, parafraseando Gonçalves (2019), no que se refere aos educandos que utilizam as TDIC, observa-se que há o desenvolvimento de competências como: poder de pensamento crítico e ao mesmo tempo, auto avaliativo; melhorias significativas na comunicação-social; aprendizagem da utilização das informações obtidas; entre outras. E ainda, relatando a importância das TDIC para o Ensino de Ciências afirma que, através do emprego das TDIC “é possível transpor o abstrato para o visual por meio do digital”. Nessa perspectiva, a pesquisa realizada por Franco (2016, p. 536), considera que: [...] uma prática pedagógica, em seu sentido de práxis, configura-se sempre como uma ação consciente e participativa, que emerge da multidimensionalidade que cerca o ato educativo. Como conceito, entende- se que ela se aproxima da afirmação de Gimeno Sacristán(1999) de que a prática educativa é algo mais do que expressão do ofício dos professores; é algo que não pertence por inteiro aos professores, uma vez que há traços culturais compartilhados que formam o que pode ser designado por subjetividades pedagógicas (Franco, 2012a). No entanto, destaca-se que o conceito de prática pedagógica poderá variar dependendo da compreensão de pedagogia e até mesmo do sentido que se atribui a prática. Contudo, consideramos que uma aula ou qualquer outro encontro educativo é uma prática pedagógica, pois se organiza em prol de objetivos. A partir do momento que se assegura uma intencionalidade proposta a todos, uma reflexão contínua e coletiva a prática pedagógica garante a aprendizagem, e esta se torna um processo 38 de construção do aluno, em que mesmo se torna o autor do seu desenvolvimento. Pode-se observar que a educação passa a ser um processo da sociedade, onde é possível aprender em diversos espaços, ou seja, nos formais como na escola e sala de aula, ou nos ambientes informais, como internet, televisão, livros, etc. Assim, percebe-se que a sociedade atual está fortemente influenciada pelos meios de comunicação e pelas tecnologias digitais na qual em ritmo acelerado se faz cada vez mais presente na vida dos cidadãos. Contudo, ROSA, 2016. p. 79 apresenta que: [...]a educação brasileira ainda se depara com diversos constrangimentos e desafios. Desde logo ao nível das infraestruturas e recursos, passando pelas condições de exercício da prática docente e se estendendo às questões socioprofissionais. Ora, nesse particular, o aperfeiçoamento continuado dos quadros docentes constitui uma linha de ação capaz de produzir efeitos primários e secundários regenerativos da práxis pedagógica. Entretanto, pode-se relatar que a utilização de ferramentas estratégicas de ensino no ambiente escolar possibilita o desenvolvimento em busca do alcance de objetivos de maneira mais eficiente. Nesse sentido, no que se refere à tecnologia digital, pesquisas têm revelado resultados positivos para toda comunidade escolar. Oliveira (2018, p. 08) destaca que, “as tecnologias poderão envolver o aluno em atividades que busquem a descoberta de padrões algebricamente válidos. Procurou-se estabelecer um diálogo entre os dois componentes de conteúdo: pedagogia e tecnologia, propondo uma convivência em estado de equilíbrio entre elas”. Diante do exposto, CHIARI, 2015, p.193, traz uma reflexão retratando que o uso pedagógico de tecnologias digitais proporciona propostas que podem ser implementadas em diversas disciplinas no contexto escolar e com grande potencial para estimular a interação e produção colaborativa. As mídias digitais abrem diversas possibilidades que podem ser exploradas buscando sempre novas formas de se ensinar e de aprender. É de fundamental importância à aquisição de novos instrumentos no processo de ensino e de aprendizagem, pois são procedimentos que fazem com que as aulas sejam mais interativas e saem da rotina escolar e são medidas que incorporam a nova cultura de comunicação. Nesta perspectiva DAMASCENO, 2019, p. 39, nos diz em sua pesquisa que “a distância entre o mundo da criança fora da escola e as práticas adotadas nos 39 sistemas educacionais ainda é grande (CETIC, 2017). Nos ambientes externos ao da escola, os atores já estão imersos na cultura digital, enquanto a escola, especificamente a sala de aula, ainda não usufrui plenamente das oportunidades decorrentes do uso da tecnologia.” Diante disso, ainda expõe que: Em 2016, o Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br) juntamente com o CETIC e NIC.br publicaram uma pesquisa sobre o “Uso das Tecnologias de Informação e Comunicação nas Escolas Brasileiras” refletindo acerca da presença da tecnologia na educação. A pesquisa demonstrou que ainda há muitos desafios a serem vencidos para ultrapassar a capacitação tradicional dos alunos e que a tecnologia é uma enorme fonte de ampliação do conhecimento. É notória a importância das tecnologias digitais nas escolas e salas de aulas tanto para professores quanto para alunos. As TDICs surgem no cenário mundial para somar estratégias de ensino e facilitar a aprendizagem do aluno. Como os alunos atuais são ‘nativos digitais’, pois possuem facilidade em lidar com as tecnologias e o fazem de forma natural, isso aflora a necessidade de a escola acompanhar esse universo, proporcionando uma vivência semelhante à que eles estão acostumados no dia a dia fora do ambiente acadêmico. (DAMASCENO, 2019, p. 40). A cada fase da sociedade, se faz necessárias mudanças e adaptações atreladas à educação, as pessoas, os pesquisadores e teóricos, por meio de estudos e pesquisas nos comprovam o quando importante a adoção de novos meios que cultivam o significado de aprender e ensinar e assim contribuir na orientação de práticas que aumentem os níveis de aprendizagem dos educandos. Nesse contexto, SILVA, 2019, p. 114, aponta que sua pesquisa mostrou indícios que é possível melhorar o desenvolvimento no processo de aprendizagem dos alunos na disciplina de Física ao se realizar mudanças na prática pedagógica do professor, concebendo a utilização da interatividade, do diálogo orientado para facilitar a aprendizagem dialógica no contexto educacional. A prática educativa está proporcionando os melhores resultados da atualidade quanto à melhora da aprendizagem e da convivência. Constatando por meio desses aspectos, que as interações se multiplicam, se diversificam e o tempo de trabalho efetivo se expande, possibilitando maior ocorrência de aprendizagem. 2.2.1. 2 – Formação continuada Como uma subcategoria de prática pedagógica, a formação continuada, pode ser descrita como um percurso que permite ao profissional docente desenvolver competências necessárias que possibilite atender as expectativas da sociedade atual. E no cenário do surgimento de novas tecnologias se faz necessário atualizar 40 conhecimentos para que possa desempenhar melhor seu papel ou seja, suas competências aperfeiçoando saberes necessários para a sala de aula e oferecer a qualidade no ensino. Partindo desse pressuposto, OLIVEIRA, 2019, p. 76, apresenta que: Após a análise dos dados coletados, evidenciou-se que a formação continuada deve ser um fator determinante e significativo no processo intermitente de formação do educador, pois denotou um avanço nas ações dos professores aprendentes e, a partir da fala, mudança de pensamento com relação ao uso de recursos tecnológicos no contexto de sala de aula, quebrando os paradigmas pedagógicos alicerçados no método tradicional, analogicamente é como se de repente se percebesse uma “luz no fim do túnel” como forma de dinamizar a aula, não que a tecnologia na educação tornar-se a salvadora da educação, mas que seja considerada um recurso eficaz na apreensão de conteúdo, tendo em vista que os alunos de hoje em dia, apresentam grande facilidade e encantamento, com relação ao uso de equipamentos tecnológicos. Não tem como reportar-se em educação de qualidade sem mencionar a formação de professores, sendo essa uma ação fundamental a ser executada nas políticas públicas. A escola tem como função desempenhar diversos papéis, principalmente na sociedade atual e o professor é a ferramenta central, pois ele o responsável pela mudança de atitude e pensamento dos alunos. Assim, é necessário que o professor esteja preparado para afrontar os novos desafios desta sociedade. Nesse sentido, Silva (2017) e Stroeymeyte (2015), enfatizam em suas pesquisas a certeza que a formação continuada não deve ser apenas uma opção para o docente e nem algo que sirva somente para uma diplomação ou certificação, mas sim, algo que venha servir como qualificação profissional e que se constrói. Dessa forma, o processo de formação de professores deve se perdurar por toda uma trajetória profissional. O fazer pedagógico
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