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O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Amanda - amanda-lov@hotmail.com, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. BNB Banco Nacional do Nordeste Analista Bancário 1 Língua Portuguesa O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Amanda - amanda-lov@hotmail.com, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. PIRATARIA É CRIME! Todos os direitos autorais deste material são reservados e protegidos pela Lei nº 9.610/1998. É proibida a reprodução parcial ou total, por qualquer meio, sem autorização prévia expressa por escrito da Nova Concursos. Pirataria é crime e está previsto no art. 184 do Código Penal, com pena de até quatro anos de prisão, além do pagamento de multa. Já para aquele que compra o produto pirateado sabendo desta qualidade, pratica o delito de receptação, punido com pena de até um ano de prisão, além de multa (art. 180 do CP). Não seja prejudicado com essa prática. Denuncie aqui: sac@novaconcursos.com.br O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Amanda - amanda-lov@hotmail.com, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. SUMÁRIO LÍNGUA PORTUGUESA.......................................................................................................5 COMPREENSÃO E INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS DE GÊNEROS VARIADO ................................... 5 RECONHECIMENTO DE TIPOS E GÊNEROS TEXTUAIS .................................................................. 10 DOMÍNIO DA ORTOGRAFIA OFICIAL ................................................................................................ 26 DOMÍNIO DOS MECANISMOS DE COESÃO TEXTUAL .................................................................... 31 EMPREGO DE ELEMENTOS DE REFERENCIAÇÃO, SUBSTITUIÇÃO E REPETIÇÃO, DE CONECTORES E DE OUTROS ELEMENTOS DE SEQUENCIAÇÃO TEXTUAL ..........................................................................31 DOMÍNIO DA ESTRUTURA MORFOSSINTÁTICA DO PERÍODO ...................................................... 39 EMPREGO DAS CLASSES DE PALAVRAS .......................................................................................................39 Colocação dos Pronomes Átonos .................................................................................................................. 59 Emprego de Modos Verbais ............................................................................................................................ 60 Emprego de Tempos Verbais .......................................................................................................................... 61 RELAÇÕES DE COORDENAÇÃO ENTRE ORAÇÕES E ENTRE TERMOS DA ORAÇÃO....................................95 RELAÇÕES DE SUBORDINAÇÃO ENTRE ORAÇÕES E ENTRE TERMOS DA ORAÇÃO ..................................96 REGÊNCIA VERBAL E NOMINAL ....................................................................................................................102 CONCORDÂNCIA VERBAL E NOMINAL .........................................................................................................105 EMPREGO DOS SINAIS DE PONTUAÇÃO ......................................................................................118 EMPREGO DO SINAL INDICATIVO DE CRASE ...............................................................................................123 REESCRITA DE FRASES E PARÁGRAFOS DO TEXTO: REORGANIZAÇÃO DA ESTRUTURA DE ORAÇÕES E DE PERÍODOS DO TEXTO ......................................................................................127 SUBSTITUIÇÃO DE PALAVRAS OU DE TRECHOS DE TEXTO .......................................................................127 REESCRITA DE TEXTOS DE DIFERENTES GÊNEROS E NÍVEIS DE FORMALIDADE ....................................130 SIGNIFICAÇÃO DAS PALAVRAS .....................................................................................................132 O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Amanda - amanda-lov@hotmail.com, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. LÍ N G U A P O RT U G U ES A 5 LÍNGUA PORTUGUESA COMPREENSÃO E INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS DE GÊNEROS VARIADO A interpretação e a compreensão textual são aspectos essenciais a serem dominados por aque- les candidatos que buscam a aprovação em seleções e concursos públicos. Trata-se de um assunto que abrange questões específicas e de conteúdo geral nas provas; conhecer e dominar estratégias que facilitem a apreensão desse assunto pode ser o grande diferencial entre o quase e a aprovação. Além disso, seja a compreensão textual, seja a interpretação textual, ambas guardam uma relação de proximidade com um assunto pouco explorado pelos cursos de português: a semântica, que incide suas relações de estudo sobre as relações de sentido que a forma lin- guística pode assumir. Portanto, neste material você encontrará recursos para solidificar seus conhecimentos em interpretação e compreensão textual, associando a essas temáticas as relações semânticas que permeiam o sentido de todo amontoado de palavras, tendo em vista que qualquer aglo- meração textual é, atualmente, considerada texto e, dessa forma, deve ter um sentido que precisa ser reconhecido por quem o lê. Assim, vamos começar nosso estudo fazendo uma breve diferença entre os termos com- preensão e interpretação textual. Para muitos, essas palavras expressam o mesmo sentido, mas, como pretendemos deixar claro neste material, ainda que existam relações de sinonímia entre palavras do nosso voca- bulário, a opção do autor por um termo ao invés de outro reflete um sentido que deve ser interpretado no texto, uma vez que a interpretação realiza ligações com o texto a partir das ideias que o leitor pode concluir com a leitura. Já a compreensão busca a análise de algo exposto no texto, e, geralmente, é marcada por uma palavra ou uma expressão, e apresenta mais relações semânticas e sintáticas. A com- preensão textual estipula aspectos linguísticos essencialmente relacionados à significação das palavras e, por isso, envolve uma forte ligação com a semântica. Sabendo disso, é importante separarmos os conteúdos que tenham mais apelo interpre- tativo ou compreensivo. Esses assuntos completam o estudo basilar de semântica com foco em provas e concur- sos, sempre de olho na sua aprovação. Por isso, convidamos você a estudar com afinco e dedicação, sem esquecer de praticar seus conhecimentos realizando a seleção de exercícios finais, selecionados especialmente para que este material cumpra o propósito de alcançar sua aprovação. INFERÊNCIA — ESTRATÉGIAS DE INTERPRETAÇÃO A inferência é uma relação de sentido conhecida desde a Grécia Antiga e que embasa as teorias sobre interpretação de texto. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Amanda - amanda-lov@hotmail.com, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. 6 Dica Interpretar é buscar ideias e pistas do autor do texto nas linhas apresentadas. Apesar de parecer algo subjetivo, existem “regras” para se buscar essas pistas. A primeira e mais importante delas é identificar a orientação do pensamento do autor do tex- to, que fica perceptível quando identificamos como o raciocínio dele foi exposto, se de maneira mais racional, a partir da análise de dados, informações com fontes confiáveis ou se de maneira mais empirista, partindo dos efeitos, das consequências, a fim de se identificar ascausas. Por isso, é preciso compreender como podemos interpretar um texto mediante estratégias de leitura. Muitos pesquisadores já se debruçaram sobre o tema, que é intrigante e de grande profundidade acadêmica; neste material, selecionamos as estratégias mais eficazes que podem contribuir para sua aprovação em seleções que avaliam a competência leitora dos candidatos. A partir disso, apresentamos estratégias de leitura que focam nas formas de inferência sobre um texto. Dessa forma, é fundamental identificar como ocorre o processo de infe- rência, que se dá por dedução ou por indução. Para entender melhor, veja este exemplo: O marido da minha chefe parou de beber. Observe que é possível inferir várias informações a partir dessa frase. A primeira é que a chefe do enunciador é casada (informação comprovada pela expressão “marido”), a segunda é que o enunciador está trabalhando (informação comprovada pela expressão “minha che- fe”) e a terceira é que o marido da chefe do enunciador bebia (expressão comprovada pela expressão “parou de beber”). Note que há pistas contextuais do próprio texto que induzem o leitor a interpretar essas informações. Tratando-se de interpretação textual, os processos de inferência, sejam por dedução ou por indução, partem de uma certeza prévia para a concepção de uma interpretação, construí- da pelas pistas oferecidas no texto junto da articulação com as informações acessadas pelo leitor do texto. A seguir, apresentamos um fluxograma que representa como ocorre a relação desses processos: INFERÊNCIA DEDUÇÃO → CERTEZA → INTERPRETAR INDUÇÃO → INTERPRETAR → CERTEZA A partir desse esquema, conseguimos visualizar melhor como o processo de interpreta- ção ocorre. Agora, iremos detalhar esse processo, reconhecendo as estratégias que compõem cada maneira de inferir informações de um texto. Por isso, vamos apresentar nos tópicos seguintes como usar estratégias de cunho dedutivo, indutivo e, ainda, como articular a isso o nosso conhecimento de mundo na interpretação de textos. A Indução As estratégias de interpretação que observam métodos indutivos analisam as “pistas” que o texto oferece e, posteriormente, reconhecem alguma certeza na interpretação. Dessa for- ma, é fundamental buscar uma ordem de eventos ou processos ocorridos no texto e que variam conforme o tipo textual. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Amanda - amanda-lov@hotmail.com, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. LÍ N G U A P O RT U G U ES A 7 Sendo assim, no tipo textual narrativo, podemos identificar uma organização cronológi- ca e espacial no desenvolvimento das ações marcadas, por exemplo, pelo uso do pretérito imperfeito; na descrição, podemos organizar as ideias do texto a partir da marcação de adje- tivos e demais sintagmas nominais; na argumentação, esse encadeamento de ideias fica mar- cado pelo uso de conjunções e elementos que expõem uma ideia/ponto de vista. No processo interpretativo indutivo, as ideias são organizadas a partir de uma especifica- ção para uma generalização. Vejamos um exemplo: Eu não sou literato, detesto com toda a paixão essa espécie de animal. O que observei neles, no tempo em que estive na redação do O Globo, foi o bastante para não os amar, nem os imitar. São em geral de uma lastimável limitação de ideias, cheios de fórmulas, de receitas, só capa- zes de colher fatos detalhados e impotentes para generalizar, curvados aos fortes e às ideias vencedoras, e antigas, adstritos a um infantil fetichismo do estilo e guiados por concei- tos obsoletos e um pueril e errôneo critério de beleza. (Barreto, 2010, p. 21) O trecho em destaque na citação do escritor Lima Barreto, em sua obra “Recordações do escrivão Isaías Caminha” (1917), identifica bem como o pensamento indutivo compõe a inter- pretação e decodificação de um texto. Para deixar ainda mais evidentes as estratégias usadas para identificar essa forma de interpretar, deixamos a seguir dicas de como buscar a organi- zação cronológica de um texto. PROCURE SINÔNIMOS A propriedade vocabular leva o cérebro a aproximar as palavras que têm maior associação com o tema do texto ATENÇÃO AOS CONECTIVOS Os conectivos (conjunções, preposições, pronomes) são marcadores claros de opiniões, espaços físicos e localizadores textuais A Dedução A leitura de um texto envolve a análise de diversos aspectos que o autor pode colocar explicitamente ou de maneira implícita no enunciado. Em questões de concurso, as bancas costumam procurar nos enunciados implícitos do texto aspectos para abordar em suas provas. No momento de ler um texto, o leitor articula seus conhecimentos prévios a partir de uma informação que julga certa, buscando uma interpretação; assim, ocorre o processo de inter- pretação por dedução. Conforme Kleiman (2016): Ao formular hipóteses o leitor estará predizendo temas, e ao testá-las ele estará depreendendo o tema; ele estará também postulando uma possível estrutura textual; na predição ele estará ativando seu conhecimento prévio, e na testagem ele estará enriquecendo, refinando, checan- do esse conhecimento. (Kleiman, 2016, p. 47) Fique atento a essa informação, pois é uma das primeiras estratégias de leitura para uma boa interpretação textual: formular hipóteses, a partir da macroestrutura textual; ou seja, antes da leitura inicial, o leitor deve buscar identificar o gênero textual ao qual o texto per- tence, a fonte da leitura, o ano, entre outras informações que podem vir como “acessórios” do texto e, então, formular hipóteses sobre a leitura que deverá se seguir. Uma outra dica O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Amanda - amanda-lov@hotmail.com, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. 8 importante é ler as questões da prova antes de ler o texto, pois, assim, suas hipóteses já esta- rão agindo conforme um objetivo mais definido. O processo de interpretação por estratégias de dedução envolve a articulação de três tipos de conhecimento: � conhecimento linguístico; � conhecimento textual; � conhecimento de mundo. O conhecimento de mundo, por tratar-se de um assunto mais abrangente, será abordado mais adiante. Os demais, iremos abordar detalhadamente a seguir. z Conhecimento Linguístico Esse é o conhecimento basilar para compreensão e decodificação do texto, envolve o reco- nhecimento das formas linguísticas estabelecidas socialmente por uma comunidade linguís- tica, ou seja, envolve o reconhecimento das regras de uma língua. É importante salientar que as regras de reconhecimento sobre o funcionamento da língua não são, necessariamente, as regras gramaticais, mas as regras que estabelecem, por exem- plo, no caso da língua portuguesa, que o feminino é marcado pela desinência -a, que a ordem de escrita respeita o sistema sujeito-verbo-objeto (SVO) etc. Ângela Kleiman (2016) afirma que o conhecimento linguístico é aquele que “abrange desde o conhecimento sobre como pronunciar português, passando pelo conhecimento de vocabulá- rio e regras da língua, chegando até o conhecimento sobre o uso da língua” (2016, p. 15). Um exemplo em que a interpretação textual é prejudicada pelo conhecimento linguístico é o texto a seguir: Fonte: https://bit.ly/3kCyWoI. Acesso em: 22 set. 2020. Como é possível notar, o texto é uma peça publicitária escrita em inglês, portanto, somen- te os leitores proficientes nessa língua serão capazes de decodificar e entender o que está O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Amanda - amanda-lov@hotmail.com, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. LÍ N G U A P O RT U G U ES A 9 escrito; assim,o conhecimento linguístico torna-se crucial para a interpretação. Essas são algumas estratégias de interpretação em que podemos usar métodos dedutivos. z Conhecimento Textual Esse tipo de conhecimento atrela-se ao conhecimento linguístico e se desenvolve pela experiência leitora. Quanto maior exposição a diferentes tipos de textos, melhor se dá a sua compreensão. Nesse conhecimento, o leitor desenvolve sua habilidade porque prepara sua leitura de acordo com o tipo de texto que está lendo. Não se lê uma bula de remédio como se lê uma receita de bolo ou um romance. Não se lê uma reportagem como se lê um poema. Em outras palavras, esse conhecimento relaciona-se com a habilidade de reconhecer dife- rentes tipos de discursos, estruturas, tipos e gêneros textuais. z Conhecimento de Mundo O uso dos conhecimentos prévios é fundamental para a boa interpretação textual, por isso, é sempre importante que o candidato a cargos públicos reserve um tempo para ampliar sua biblioteca e buscar fontes de informações fidedignas, para, dessa forma, aumentar seu conhecimento de mundo. Conforme Kleiman (2016), durante a leitura, nosso conhecimento de mundo que é rele- vante para a compreensão textual é ativado; por isso, é natural ao nosso cérebro associar informações, a fim de compreender o novo texto que está em processo de interpretação. A esse respeito, a autora propõe o seguinte exercício para atestarmos a importância da ativação do conhecimento de mundo em um processo de interpretação. Leia o texto a seguir e faça o que se pede: Como gemas para financiá-lo, nosso herói desafiou valentemente todos os risos desdenhosos que tentaram dissuadi-lo de seu plano. “Os olhos enganam” disse ele, “um ovo e não uma mesa tipificam corretamente esse planeta inexplorado.” Então as três irmãs fortes e resolutas saíram à procura de provas, abrindo caminho, às vezes através de imensidões tranquilas, mas amiúde através de picos e vales turbulentos. (Kleiman, 2016, p. 24) Agora tente responder as seguintes perguntas sobre o texto: Quem é o herói de que trata o texto? Quem são as três irmãs? Qual é o planeta inexplorado? Certamente, você não conseguiu responder nenhuma dessas questões, porém, ao desco- brir o título desse texto, sua compreensão sobre essas perguntas será afetada. O texto se chama “A descoberta da América por Colombo”. Agora, volte ao texto, releia-o e busque res- ponder às questões; certamente você não terá mais as mesmas dificuldades. Ainda que o texto não tenha sido alterado, ao voltar seus olhos por uma segunda vez a ele, já sabendo do que se trata, seu cérebro ativou um conhecimento prévio que é essencial para a interpretação de questões. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Amanda - amanda-lov@hotmail.com, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. 10 RECONHECIMENTO DE TIPOS E GÊNEROS TEXTUAIS CONHECENDO OS TIPOS TEXTUAIS Tipos ou sequências textuais são unidades que estruturam o texto. Para Bronckart1, “são unidades estruturais, relativamente autônomas, organizadas em frases”. Os tipos textuais marcam uma forma de organização da estrutura do texto, que se molda a depender do gênero discursivo e da necessidade comunicativa. Por exemplo, há gêneros que apresentam a predominância de narrações (contos, fábulas, romances, história em quadri- nhos etc.). Já em outros, predomina a argumentação (redação do Enem, teses, dissertações, artigos de opinião etc.). No intuito de conceituar melhor os tipos textuais, inspiramo-nos em Cavalcante (2013) e apresentamos a seguinte figura, que demonstra como podemos identificar os tipos textuais e suas principais características, tendo em vista que cada sequência textual apresenta caracte- rísticas próprias que pouco ou nada sofrem em alterações, mantendo uma estrutura linguís- tica quase rígida que nos permite classificar os tipos textuais em cinco categorias (narrativo, descritivo, expositivo, instrucional e argumentativo). FRASES TEXTOTIPO TEXTUAL GÊNERO TEXTUAL A partir dessa imagem, podemos identificar que a orientação gramatical mantida pelas frases apresenta marcas linguísticas, assinalando o tipo textual predominante que o texto deve manter, organizado pelas marcas do gênero textual ao qual o texto pertence. TIPO TEXTUAL Classifica-se conforme as marcas linguísticas apresentadas no texto. Também é chamado de sequência textual GÊNERO TEXTUAL Classifica-se conforme a função do texto, atribuída socialmente Uma última informação muito importante sobre tipos textuais que devemos considerar é que nenhum texto é composto apenas por um tipo textual; o que ocorre é a existência de predominância de algumas sequências em detrimento de outras, de acordo com o texto. A seguir, aprenderemos a diferenciar cada classe de tipos textuais, reconhecendo suas principais características e marcas linguísticas. 1 BRONCKART, 1999 apud CAVALCANTE, 2013. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Amanda - amanda-lov@hotmail.com, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. LÍ N G U A P O RT U G U ES A 11 CLASSIFICAÇÃO DOS TIPOS TEXTUAIS E SUAS PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS Narrativo Os textos compostos predominantemente por sequências narrativas cumprem o objetivo de contar uma história, narrar um fato. Por isso, precisam manter a atenção do leitor/ouvinte e, para tal, lançam mão de algumas estratégias, como a organização dos fatos a partir de mar- cadores temporais e espaciais, a inclusão de um momento de tensão (chamado de clímax) e um desfecho que poderá ou não apresentar uma moral. Conforme Cavalcante (2013), o tipo textual narrativo pode ser caracterizado por sete aspectos. São eles: z Situação inicial: envolve a “quebra” de um equilíbrio, o que demanda uma situação conflituosa; z Complicação: desenvolvimento da tensão apresentada inicialmente; z Ações (para o clímax): acontecimentos que ampliam a tensão; z Resolução: momento de solução da tensão; z Situação final: retorno da situação equilibrada; z Avaliação: apresentação de uma “opinião” sobre a resolução; z Moral: apresentação de valores morais que a história possa ter apresentado. Esses sete passos podem ser encontrados no seguinte exemplo, a canção “Era um garoto que como eu...” Vamos lê-la e identificar essas características, bem como aprender a identifi- car outros pontos do tipo textual narrativo. Era um garoto que como eu Amava os Beatles e os Rolling Stones Girava o mundo sempre a cantar As coisas lindas da América Não era belo, mas mesmo assim Havia mil garotas a fim Cantava Help and Ticket to Ride Oh Lady Jane e Yesterday Cantava viva à liberdade Situação inicial: predomínio de equilíbrio Mas uma carta sem esperar Da sua guitarra, o separou Fora chamado na América Stop! Com Rolling Stones Stop! Com Beatles songs Complicação: início da tensão Mandado foi ao Vietnã Lutar com vietcongs Clímax Era um garoto que como eu Amava os Beatles e os Rolling Stones Girava o mundo, mas acabou Fazendo a guerra no Vietnã Resolução O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Amanda - amanda-lov@hotmail.com, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. 12 Cabelos longos não usa mais Não toca a sua guitarra e sim Um instrumento que sempre dá A mesma nota, ra-tá-tá-tá Não tem amigos, não vê garotas Só gente morta caindo ao chão Ao seu país não voltará Pois está morto no Vietnã [...] Situação final / Avaliação No peito, um coração não há Mas duas medalhas sim Moral Disponível em: https://www.letras.mus.br/engenheiros-do-hawaii/12886/. Acesso em: 30 ago. 2021. Essas sete marcas que definem o tipo textual narrativo podem ser resumidasem marcas de organização linguística que são caracterizadas por: z presença de marcadores temporais e espaciais; z verbos, predominantemente, utilizados no passado; z presença de narrador e personagens. Importante! Os gêneros textuais que são predominantemente narrativos apresentam outras tipologias textuais em sua composição, tendo em vista que nenhum texto é composto exclusivamen- te por uma sequência textual. Por isso, devemos sempre identificar as marcas linguísticas que são predominantes em um texto, a fim de classificá-lo. Para sua compreensão, também é necessário saber o que são marcadores temporais e espaciais. São formas linguísticas como advérbios, pronomes, locuções etc. utilizadas para demarcar um espaço físico ou temporal em textos. Nos tipos textuais narrativos, esses ele- mentos são essenciais para marcar o equilíbrio e a tensão da história, além de garantirem a coesão do texto. Exemplos de marcadores temporais e espaciais: atualmente, naquele dia, nesse momento, aqui, ali, então... Outro indicador do texto narrativo é a presença do narrador da história. Por isso, é impor- tante aprendermos a identificar os principais tipos de narrador de um texto: Narrador: também conhecido como foco narrativo, é o responsável por contar os fatos que compõem o texto Narrador personagem: verbos flexionados em 1ª pessoa. O narrador participa dos fatos Narrador observador: verbos flexionados em 3ª pessoa. O narrador tem propriedade dos fatos contados, porém, não participa das ações Narrador onisciente: os fatos podem ser contados na 3ª ou 1ª pessoa verbal. O narrador co- nhece os fatos e não participa das ações, porém, o fluxo de consciência do narrador pode ser exposto, levando o texto para a 1ª pessoa O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Amanda - amanda-lov@hotmail.com, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. LÍ N G U A P O RT U G U ES A 13 Alguns gêneros conhecidos por suas marcas predominantemente narrativas são notícia, diário, conto, fábula, entre outros. É importante reafirmar que o fato de esses gêneros serem essencialmente narrativos não significa que não possam apresentar outras sequências em sua composição. Para diferenciar os tipos textuais e proceder na classificação correta, é sempre essencial atentar-se às marcas que predominam no texto. Após demarcarmos as principais características do tipo textual narrativo, vamos agora conhecer as marcas mais importantes da sequência textual classificada como descritiva. Descritivo O tipo textual descritivo é marcado pelas formas nominais que dominam o texto. Os gêne- ros que utilizam esse tipo textual geralmente utilizam a sequência descritiva como suporte para um propósito maior. São exemplos de textos cujo tipo textual predominante é a descri- ção: relato de viagem, currículo, anúncio, classificados, lista de compras. Veja um trecho da Carta de Pero Vaz de Caminha, que relata, no ano de 1500, suas impres- sões a respeito de alguns aspectos do território que viria a ser chamado de Brasil. Ali veríeis galantes, pintados de preto e vermelho, e quartejados, assim pelos corpos como pelas pernas, que, certo, assim pareciam bem. Também andavam entre eles quatro ou cinco mulheres, novas, que assim nuas, não pareciam mal. Entre elas andava uma, com uma coxa, do joelho até o quadril e a nádega, toda tingida daquela tintura preta; e todo o resto da sua cor natural. Outra trazia ambos os joelhos com as curvas assim tintas, e também os colos dos pés; e suas vergonhas tão nuas, e com tanta inocência assim descobertas, que não havia nisso desvergonha nenhuma. Disponível em: https://www.todamateria.com.br/carta-de-pero-vaz-de-caminha/. Acesso em: 30 ago. 2021. Note que apesar da presença pontual da sequência narrativa, há predominância da des- crição do cenário e dos personagens, evidenciada pela presença de adjetivos (galantes, preto, vermelho, nuas, tingida, descobertas etc.). A carta de Pero Vaz constitui uma espécie de relato descritivo utilizado para manter a comunicação entre a Corte Portuguesa e os navegadores. Considerando as emergências comunicativas do mundo moderno, a carta tornou-se um gênero menos usual e, aos poucos, substituído por outros gêneros, como, por exemplo, o e-mail. A sequência descritiva também pode se apresentar de forma esquemática em alguns gêne- ros, como podemos ver no cardápio a seguir: O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Amanda - amanda-lov@hotmail.com, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. 14 Disponível em: https://g1.globo.com/sp/sorocaba-jundiai/noticia/2020/07/12/filha-de-dono-de-cantina-faz- desenhos-para-divulgar-cardapio-e-ajudar-o-pai-a-vender-na-web.ghtml. Acesso em: 30 ago. 2021. Note que há a presença de muitos adjetivos, locuções, substantivos, que buscam levar o leitor a imaginar o objeto descrito. O gênero mostrado apresenta a descrição das refeições (pão, croissant, feijão, carne etc.) com uso de adjetivos ou locuções adjetivas (de queijo, doce, salgado, com calabresa, moída etc.). Ele está organizado de forma esquematizada em seções (salgados, lanches, caldos e panquecas) de maneira a facilitar a leitura (o pedido, no caso) do cliente. Expositivo O texto expositivo visa apresentar fatos e ideias a fim de deixar claro o tema principal do texto. Nesse tipo textual, é muito comum a presença de dados, informações científicas, citações diretas e indiretas, que servem para embasar o assunto do qual o texto trata. Para ilustrar essa explicação, veja o exemplo a seguir: O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Amanda - amanda-lov@hotmail.com, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. LÍ N G U A P O RT U G U ES A 15 Fonte: https://www.boavontade.com/pt/ecologia/infografico-dados-mostram-panorama-mundial-da-situacao-da- agua O infográfico acima apresenta as informações pertinentes sobre o panorama mundial da situação da água no ano de 2016. O gênero foi construído com o objetivo de deixar o leitor informado a respeito do tema tratado, e para isso, o autor dispõe, além da linguagem clara e objetiva, de recursos visuais para atingir esse objetivo. Assim como os tipos textuais apresentados anteriormente, os textos expositivos também apresentam uma estrutura que mistura elementos tipológicos de outras sequências textuais, tendo em vista que, para apresentar fatos e ideias, utilizamos aspectos descritivos, narrativos e, por vezes, injuntivos. É importante destacar que os textos expositivos podem, muitas vezes, serem confundidos com textos argumentativos, uma vez que existem textos argumentativos que são classifica- dos como expositivos, pois utilizam exemplos e fatos para fundamentar uma argumentação. Outra importante diferença entre a sequência expositiva e a argumentativa é que esta apresenta uma opinião pessoal, enquanto aquela não abre margem para a argumentação, uma vez que o fato exposto é apresentado como dado, ou seja, o conhecimento sobre uma questão não é posto em debate. Apresenta-se um conceito e expõem-se as características desse conceito sem espaço para opiniões. Marcas linguísticas do texto expositivo: z apresenta informações sobre algo ou alguém, presença de verbos de estado; z presença de adjetivos, locuções e substantivos que organizam a informação; z desenvolve-se mediante uso de recursos enumerativos; z presença de figuras de linguagem como metáfora e comparação; O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Amanda - amanda-lov@hotmail.com, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratoresà responsabilização civil e criminal. 16 z pode apresentar um pensamento contrastivo ao final do texto. Os textos expositivos são comuns em gêneros científicos ou que desencadeiam algum aspecto de curiosidade nos leitores, como o exemplo a seguir: VEJA 10 MULHERES INVENTORAS QUE REVOLUCIONARAM O MUNDO 08/03/2015 07h43 - Atualizado em 08/03/2015 07h43 Hedy Lamarr - conexão wireless Além de atriz de Hollywood, famosa pelo longa “Ecstasy” (1933), a austríaca naturalizada norte-ame- ricana Hedy Lamarr foi a inventora de uma tecnologia que permitia controlar torpedos à distância, durante a Segunda Guerra Mundial, alterando rapidamente os canais de frequência de rádio para que não fossem interceptados pelo inimigo. Esse conceito de transmissão acabou, mais tarde, permitin- do o desenvolvimento de tecnologias como o Wi-Fi e o Bluetooth. Fonte: https://glo.bo/2Jgh4Cj/. Acesso em: 07 set. 2020. Adaptado. Instrucional ou Injuntivo O tipo textual instrucional, ou injuntivo, é caracterizado por estabelecer um “propósito autônomo” (CAVALCANTE, 2013, p. 73) que busca convencer o leitor a realizar alguma tarefa. Esse tipo textual é predominante em gêneros como: bula de remédio, tutoriais na internet, horóscopos e também nos manuais de instrução. A principal marca linguística dessa tipologia é a presença de verbos conjugados no modo imperativo e também em sua forma infinitiva. Isso se deve ao fato de essa tipologia buscar persuadir o leitor e levá-lo a realizar as ações mencionadas pelo gênero. Para que possamos identificar corretamente essa tipologia textual, faz-se necessário obser- var um gênero textual que apresente esse tipo de texto, como o exemplo a seguir: Como faço para criar uma conta do Instagram? Para criar uma conta do Instagram pelo aplicativo: 1. Baixe o aplicativo do Instagram na App Store (iPhone) ou Google Play Store (Android). 2. Depois de instalar o aplicativo, toque no ícone para abri-lo. 3. Toque em Cadastrar-se com e-mail ou número de telefone (Android) ou Criar nova conta (iPho- ne) e insira seu endereço de e-mail ou número de telefone (que exigirá um código de confirmação), toque em Avançar. Também é possível tocar em Entrar com o Facebook para se cadastrar com sua conta do Facebook. 4. Se você se cadastrar com o e-mail ou número de telefone, crie um nome de usuário e uma senha, preencha as informações do perfil e toque em Avançar. Se você se cadastrar com o Facebook, será necessário entrar na conta do Facebook, caso tenha saído dela. Fonte: https://www.facebook.com/help/instagram/. Acesso em: 07 set. 2020. No exemplo acima, podemos destacar a presença de verbos conjugados no modo impera- tivo, como: baixe, toque, crie, além de muitos verbos no infinitivo, como: instalar, cadas- trar, avançar. Outra característica dos textos injuntivos é a enumeração de passos a serem cumpridos para a realização correta da tarefa ensinada e também a fim de tornar a leitura mais didática. É importante lembrar que a principal marca linguística dessa tipologia é a presença de verbos conjugados no modo imperativo e em sua forma infinitiva. Isso se deve ao fato de essa tipologia buscar persuadir o leitor e levá-lo a realizar as ações mencionadas pelo gênero. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Amanda - amanda-lov@hotmail.com, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. LÍ N G U A P O RT U G U ES A 17 Argumentativo O tipo textual argumentativo é sem dúvidas o mais complexo e, por vezes, pode apresentar maior dificuldade na identificação, bem como em sua análise. O texto argumentativo tem por objetivo a defesa de um ponto de vista, portanto, envol- ve a defesa de uma tese e a apresentação de argumentos que visam sustentar essa tese. Alguns exemplos de textos argumentativos são artigos, monografias, ensaios científicos e filo- sóficos, dentre outros. Outro aspecto importante dos textos argumentativos é que eles são compostos por estru- turas linguísticas conhecidas como operadores argumentativos, que organizam as orações subordinadas, estruturas mais comuns nesse tipo textual. A seguir, apresentamos um quadro sintético com algumas estruturas linguísticas que funcionam como operadores argumentativos e que facilitam a escrita e a leitura de textos argumentativos: OPERADORES ARGUMENTATIVOS É incontestável que... Tal atitude é louvável / repudiável / notável... É mister / é fundamental / é essencial... Observe o exemplo a seguir: “O governo gasta, todos os anos, bilhões de reais no tratamento das mais diversas doenças relacionadas ao tabagismo; os ganhos com os impostos nem de longe compensam o dinheiro gasto com essas doenças. Além disso, as empresas têm grandes prejuízos por causa de afas- tamentos de trabalhadores devido aos males causados pelo fumo. Portanto, é mister que sejam proibidas quaisquer propagandas de cigarros em todos os meios de comunicação.” Disponível em: http://educacao.globo.com/portugues/assunto/texto-argumentativo/argumentacao.html. Acesso em: 30 ago. 2021. Adaptado. Essas estruturas, quando utilizadas adequadamente no texto argumentativo, expõem a opinião do autor, ajudando na defesa de seu ponto de vista e construindo a estrutura argu- mentativa desse tipo textual. O QUE SÃO OS GÊNEROS TEXTUAIS? Quando pensamos em uma definição para gêneros textuais, somos levados a inúmeros autores que buscaram definir e classificar esses elementos, e, inicialmente, é interessante nos lembrarmos dos gêneros literários que estudamos na escola. Podemos nos remeter aos conceitos de Tragédia e Comédia, referentes aos clássicos da literatura grega. Afinal, quem nunca ouviu falar das histórias de Ilíada ou A Odisseia, ambas de Homero? Mas o que esses textos têm em comum? Inicialmente, você pode ser levado a pensar que nada, além do fato de terem sido escritos pelo mesmo autor; porém, a estrutura dessas histórias respeita um padrão textual estabelecido e reconhecido na época em que foram escritas. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Amanda - amanda-lov@hotmail.com, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. 18 De maneira análoga, quando pensamos em gêneros textuais, devemos identificar os ele- mentos que caracterizam textos, aparentemente, tão diferentes. Logo, da mesma forma que comparamos as estruturas de Ilíada e Odisseia, é preciso buscar as semelhanças entre uma notícia e um artigo de opinião, por exemplo, e também é fundamental identificar as razões que nos levam a classificar cada um desses gêneros com termos diferentes. Importante! Esse ponto de interseção é o que podemos estabelecer como os principais aspectos de classificação de um gênero textual. Dessa forma, conforme Maingueneau (2018, p. 71), o ponto de interseção que estabelece sobre qual gênero estamos tratando é indicado por “rotinas de comportamentos estereoti- pados e anônimos que se estabilizaram pouco a pouco, mas que continuam sujeitos a uma variação contínua”. Logo, o primeiro elemento que precisamos identificar para classificar um gênero é o papel social, marcado pelos comportamentos e pelas “rotinas” humanas típicas de quem vive em sociedade e, portanto, precisa se fazer compreender tão bem quanto ser compreendido. Esse é sem dúvidas o elemento que melhor diferencia tipos e gêneros textuais, uma vez que os tipos textuais não têm apelo ao ambiente social e são muito mais identificáveis por suas marcas linguísticas. O fator social dos gêneros textuais também irá direcionar outros aspectos importantes na classificação desses elementos, justamente devido à dinâmica social em que estão inseridos, os gêneros são passíveis de alterações em sua estrutura. Tais alterações podem ocorrer ao longo do tempo, tornando o gênero completamente modificado, como se deu com as cartaspessoais e os e-mails, por exemplo; ou podem ser alte- rações pontuais que se prestam a uma finalidade específica e momentânea, como aconteceu com o anúncio, apresentado a seguir, da loja “O Boticário”: PROPAGANDAS e os contos de fadas – parte 3. Encantamentos Literários, 2009. Disponível em: http:// encantamentosdaliteratura.blogspot.com/2010/08/propagandas-e-os-contos-de-fadas-parte_16.html. Acesso em: 10 fev. 2023. O gênero anúncio apresenta uma clara referência ao gênero contos de fada, porém, a estrutura desse gênero que é, predominantemente, narrativo foi modificada para que o pro- pósito do anúncio fosse alcançado, ou seja, persuadir o leitor e levá-lo a adquirir os produtos da marca. No caso do gênero anúncio publicitário, usar outros gêneros e modificar sua estrutura básica é uma estratégia que é estabelecida a fim de que a principal função do anún- cio se cumpra, qual seja: vender um produto. A partir desses exemplos, já podemos enumerar mais algumas características comuns a todos os tipos de gêneros textuais: presença de aspectos sociais e o propósito de um gênero, O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Amanda - amanda-lov@hotmail.com, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. LÍ N G U A P O RT U G U ES A 19 para alguns autores, como Swales (1990), chamado de propósito comunicativo. Segundo esse autor, os gêneros têm a função de realizar um objetivo ou objetivos; então, ele sustenta a posição de que o propósito comunicativo é o critério de maior importância, pois é o que moti- va uma ação e é vinculado ao poder do autor. Além disso, um gênero textual, para ser identificado como tal, é amparado por um protó- tipo textual, o qual também pode ser reconhecido como estereótipo textual, que resguarda características básicas do gênero. Por exemplo, ao olharmos para o anúncio mencionado acima, identificamos traços do gênero contos de fada tanto na porção textual do anúncio que menciona “varinha de condão” quanto pelas imagens que remetem ao conto da “Cinderela”. Tais marcas, sobretudo as linguísticas, auxiliam os falantes de uma comunidade a reco- nhecer o gênero e também a escrever esse gênero quando necessitam. Isso é o que torna a característica da prototipicidade tão importante no reconhecimento e na classificação de um gênero. Ademais, os traços estereotipados de um gênero devem ser reconhecidos por uma comunidade, reafirmando o teor social desses elementos e estabelecendo a importância de um indivíduo adquirir o hábito da leitura, pois quanto mais se lê, a mais gêneros se é exposto. Portanto, a partir de todas essas informações sobre os gêneros textuais, podemos afirmar que, de maneira resumida, os gêneros textuais são ações linguísticas situadas socialmen- te que servem a propósitos específicos e são reconhecidos pelos seus traços em comum. A seguir, demonstramos uma tabela com as características básicas para a correta identifica- ção dos gêneros textuais: GÊNEROS TEXTUAIS SÃO: z Ações sociais z Ações com configuração prototípica z Reconhecidos pelos membros de uma comunidade z O propósito de uma ação social z Divididos em classes Outra importante característica que devemos reforçar é que os gêneros textuais não são quantificáveis, existem inúmeros. Justamente pelo fato de os gêneros sofrerem com as rela- ções sociais, que são instáveis, não há um número exato de gêneros textuais que possamos estudar, diferentemente dos tipos textuais. GÊNEROS TEXTUAIS TIPOS TEXTUAIS Relação com aspectos sociais Associação a aspectos linguísticos Podem ser alterados Não podem sofrer alteração, sob pena de se- rem reclassificados Estabelecem uma função social Organizam os gêneros textuais Apesar de não existir um número quantificável de gêneros textuais, podemos estudar a estrutura dos gêneros mais comuns nas provas de concursos, com o fito de nos prepararmos melhor e ganharmos tempo na resolução de questões que envolvam esse assunto. Por isso, a seguir, iremos nos deter aos principais gêneros textuais abordados em importantes bancas de concursos no país. Posteriormente, trazemos questões de provas de concursos anteriores que irão nos auxiliar a praticar esse conteúdo. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Amanda - amanda-lov@hotmail.com, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. 20 NOTÍCIA A notícia é um gênero textual de caráter jornalístico e, como tal, deve apresentar os fatos narrados de maneira objetiva e imparcial. A notícia pode apresentar sequências textuais nar- rativas e descritivas na sua composição linguística, por isso, é fundamental sempre termos em mente as características basilares de todos os principais tipos textuais, os quais tratamos anteriormente. Como aprendemos no início deste capítulo, os gêneros textuais possuem características que os distinguem dos tipos textuais, dentre elas o fato de ter um apelo a questões sociais, um propósito comunicativo e apresentar uma configuração mais ou menos padrão que varia em poucos ou nenhum aspecto entre os gêneros. Por ser um gênero, a notícia também apresenta essas características. Seu propósito comu- nicativo é informar uma comunidade sobre assuntos de interesse comum, por isso, a notícia deve ser comunicada com imparcialidade, ou seja, sem que o meio que a transmite apresente sua opinião sobre os fatos; outra importante característica da notícia é a sua configuração prototípica, seu padrão textual reconhecido por leitores de uma comunidade. Essa configuração própria da notícia é reconhecida pelos termos: Manchete, Lead e Cor- po da Notícia. Vejamos na prática como reconhecer o esquema prototípico desse gênero: Casal suspeito de assaltos é preso após colidir carro na contramão enquanto fu- gia da polícia, em Fortaleza Manchete Foram apreendidos três aparelhos celulares roubados e uma arma de fogo com seis munições. Lead Um casal suspeito de realizar assaltos foi preso após capotar um carro ao dirigir na contramão enquanto fugia da polícia na tarde deste domingo (13), no Bairro Henrique Jorge, em Fortaleza. Uma das vítimas, que preferiu não se identificar, disse que os assaltantes dirigiam em alta velocidade pelas ruas após abordar de forma fria os pertences. “A mulher estava conduzindo o carro e o comparsa dela abordava as pessoas colocando a arma na cabeça”, afirmou. Corpo da notícia Fonte: https://glo.bo/35KM591. Acesso em: 14 set. 2020. Na formulação de uma notícia, para que ela atinja seu propósito de informar, é fundamen- tal que o autor do texto seja guiado por essas perguntas a fim de tornar seu texto imparcial e objetivo: O quê? Onde? Quando? MANCHETE CORPO DA NOTÍCIA Como? Por quê? O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Amanda - amanda-lov@hotmail.com, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. LÍ N G U A P O RT U G U ES A 21 É importante ressaltar que, com o advento das redes sociais, tornou-se cada vez mais comum que o gênero notícia seja divulgado por meio de plataformas diferentes, como as redes sociais. Isso democratiza a informação, porém também abre margem para a criação de notícias falsas que se baseiam nesse esquema de organização das notícias tentando passar alguma credibilidade ao público. Então, atualmente, podemos afirmar que a fonte de publi- cação é tão importante para o reconhecimento de uma notícia quanto à estrutura padrão do gênero da qual tratamos acima. O próximo gênero que trataremos é a reportagem que guarda sutis diferenças em compa- ração com a notícia e também é muito abordada em provas de concursos. REPORTAGEM A reportagem é um gênero textual que, diferentemente da notícia, alémde oferecer infor- mações acerca de um assunto, também apresenta os pontos de vista sobre um tema, tendo, portanto, um caráter argumentativo; essa é a principal diferença entre os gêneros notícia e reportagem. Como vimos anteriormente, a notícia deve ser, ou buscar ser, imparcial, ou seja, não deve- mos encontrar nesse gênero a opinião do meio que a divulga. Por isso, nesse texto, as sequên- cias textuais mais encontradas são a narrativa e a descritiva, justamente com a finalidade de se evitar apresentar um ponto de vista. Porém, a reportagem apresenta as opiniões sobre um mesmo fato, pois essa opinião é o principal “ingrediente” dos textos desse gênero que são representados, predominantemente, pela sequência argumentativa. É importante relembrarmos que o tipo textual argumentativo é organizado em três macro partes: tese, desenvolvimento e conclusão. Por manter esse padrão, a reportagem aprofun- da-se em temas sociais de ampla repercussão e interesse do público, algo que não é o foco da notícia, tendo em vista que a notícia busca apenas a divulgação da informação. Diante disso, o suporte de veiculação das reportagens é, quase sempre, aquele que faz uso do vídeo, como a televisão, o computador, o tablet, o celular. As reportagens têm um caráter de “matérias especiais” em jornais de ampla repercussão, mas também podem ser veicula- das em suportes escritos, como revistas e jornais, apesar de, com o avanço do uso das redes sociais, estas são os principais meios de divulgação desse gênero atualmente. Conforme a Academia Jornalística (2019), a reportagem apresenta informações mais deta- lhadas sobre um fato e/ou fenômeno de grande relevância social. Isso significa que o repórter deve demonstrar os lados que compõem a matéria, a fim de que o leitor construa sua própria opinião sobre o tema. A despeito dessas diferenças na construção dos gêneros mencionados, a reportagem e a notícia guardam semelhanças, como a busca pelas respostas às perguntas O quê? Como? Por quê? Onde? Quando? Quem? Essas perguntas norteiam a escrita tanto da reportagem quanto da notícia, que se diferencia da primeira por seu caráter essencialmente informativo. NOTÍCIA REPORTAGEM Apresenta um fato de forma simples e objetiva Questiona fatos e efeitos de um fato determinado Objetivo é informar Apresenta argumentos sobre um mesmo fato O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Amanda - amanda-lov@hotmail.com, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. 22 NOTÍCIA REPORTAGEM Apuração dos fatos objetiva Apuração extensa Conteúdo de curto prazo Conteúdo sem ordem determinada, pode apre- sentar entrevistas, dados, imagens etc. Conteúdo segue o modelo da pirâmide inverti- da (conf. acima) - Fonte: https://bit.ly/3kD9tvk. Acesso em: 17 set. 2020. Adaptado. É importante ressaltar que nenhum gênero é composto apenas por uma única sequência textual e que, portanto, a reportagem também apresentará esse paradigma, pois esse gênero é essencialmente argumentativo, porém pode apresentar outras sequências textuais a fim de alcançar seu objetivo final. A seguir, daremos continuidade aos nossos estudos sobre os principais gêneros textuais objeto de provas de concurso com um dos gêneros mais comuns em provas de seleções: o artigo de opinião. ARTIGO DE OPINIÃO O artigo de opinião faz parte da ordem de textos que buscam argumentar. Esse gênero usa a argumentação para analisar, avaliar e responder a uma questão controversa. Esse ins- trumento textual situa-se no âmbito do discurso jornalístico, pois é um gênero que circula, principalmente, em jornais e revistas impressos ou virtuais. Com o artigo de opinião, temos a discussão de um problema de âmbito social. E, por meio dessa discussão, podemos defender nossa opinião, como também refutar opiniões contrárias às nossas, ou ainda, propor solu- ções para a questão controversa. A intenção do escritor ao escolher o artigo de opinião é a de convencer seu interlocu- tor; para isso, ele terá que usar de informações, fatos, opiniões que serão seus argumentos. Bräkling apud Ohuschi e Barbosa aponta: O artigo de opinião é um gênero de discurso em que se busca convencer o outro de uma deter- minada ideia, influenciá-lo, transformar os seus valores por meio de um processo de argumen- tação a favor de uma determinada posição assumida pelo produtor e de refutação de possíveis opiniões divergentes. É um processo que prevê uma operação constante de sustentação das afirmações realizadas, por meio da apresentação de dados consistentes que possam conven- cer o interlocutor. (2011, p. 305) Dessa forma, para alcançar o objetivo do gênero, o escritor deverá usar diversos conheci- mentos, como: enciclopédicos, interacionais, textuais e linguísticos. É por meio da escolha de determinados recursos linguísticos que percebemos que nada é por acaso, pois, a cada esco- lha há uma intenção: “[...] toda atividade de interpretação presente no cotidiano da linguagem fundamenta-se na suposição de quem fala tem certas intenções ao comunicar-se” (Koch, 2011, p. 22). O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Amanda - amanda-lov@hotmail.com, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. LÍ N G U A P O RT U G U ES A 23 Quando queremos dar uma opinião sobre determinado tema, é necessário que tenhamos conhecimento sobre ele. Por isso, normalmente, os autores de artigos de opinião são especia- listas no assunto por eles abordado. Ao escolherem um assunto, os autores devem considerar as diversas “vozes” já existentes sobre o mesmo assunto. E, dependendo da intenção, apoiar ou negar determinadas vozes. Por isso, a linguagem utilizada pelo articulista de um texto de opinião deve ser simples, direta, convincente. Utiliza-se a terceira pessoa, apesar de a primeira ser adequada para um artigo de opinião pessoal; porém, ao escolher a terceira pessoa do singular, o articulista con- segue dar um tom impessoal ao seu texto, fazendo com que sua produção textual não fique centrada só em suas próprias opiniões. Quanto à composição estrutural, Kaufman e Rodriguez (1995) apud Pereira (2008) pro- põem a seguinte estruturação: z identificação do tema, acompanhada de seus antecedentes e alcance para situar a questão polêmica; z tomada de posição, exposição de argumentos de modo a justificar a tese; z reafirmação da posição adotada no início da produção, ao mesmo tempo em que as ideias são articuladas e o texto é concluído. ORGANIZAÇÃO TEXTUAL DO ARTIGO DE OPINIÃO Introdução Identificação da questão polêmica alvo de debate no texto Desenvolvimento Tese do autor (posicionamento defendido) – Tese contrária (posicionamen- tos de terceiros) – Aceitação ou refutação – Argumentos a favor da tese do autor do texto Conclusão Fechamento do texto e reforço do posicionamento adotado No processo de escrita de qualquer texto, é preciso estar atento aos elementos de coesão que ligam as ideias do autor aos seus argumentos, porém, nos textos argumentativos, é fun- damental prestar ainda mais atenção a esse processo; por isso, muito cuidado com a coesão na escrita e na leitura de textos opinativos. A fim de mantermos a linha de pensamento nos estudos de textos argumentativos, segui- mos nossa abordagem apresentando outro gênero sempre presente nas provas de língua portuguesa em concursos públicos: o editorial. EDITORIAL Até aqui, estudamos dois gêneros com predominância de sequência argumentativa. O ter- ceiro será o editorial, gênero muito marcante no âmbito jornalístico e que expressa a opinião de um veículo de comunicação. Como já debatemos muito sobre a estrutura dos textos argumentativos de uma forma geral, iremos nos atentar aqui para as principais características do gênero editorial e no que ele se diferenciado artigo de opinião, por exemplo. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Amanda - amanda-lov@hotmail.com, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. 24 EDITORIAL — CARACTERÍSTICAS z Expressa opinião de um jornal ou revista a respeito de um tema atual z O objetivo desse gênero é esclarecer ou alertar os leitores sobre alguma temática importante z Busca persuadir os leitores, mobilizando-os a favor de uma causa de interesse coletivo z Sua estrutura também é baseada em: Introdução, Desenvolvimento e Conclusão O início de um editorial é bem semelhante ao de um artigo de opinião: apresenta-se a ideia central ou problema social a ser debatido no texto, posteriormente segue-se a apresentação do ponto de vista defendido e conclui-se com a retomada da opinião apresentada inicialmen- te. A principal diferença entre editorial e artigo de opinião é que aquele representa a opinião de uma corporação, empresa ou instituição. EDITORIAL — MARCAS LINGUÍSTICAS z Verbos na 3ª pessoa do singular ou plural z Uso do modo indicativo nas formas verbais predominante z Linguagem clara, objetiva e impessoal O editorial, além de ser um gênero muito comum nas provas de interpretação textual em concursos públicos, também é, recorrentemente, cobrado por muitas bancas em provas de redação. Por isso, a seguir, apresentamos um breve esquema para facilitar a escrita desse gênero, especialmente em certames que cobrem redação. EDITORIAL — ESTRUTURA TEXTUAL POR PARÁGRAFOS Parágrafo 1 Apresentação do tema (situando o leitor) e já com um posicionamento definido. Ser didático ao apresentar o assunto ao leitor Parágrafo 2 Contextualização do tema, comparando-o com a realidade e trazendo as causas e indicativos concretos do problema. Mais uma vez, posicionamento sobre o assunto Parágrafo 3 Análise e as possíveis motivações que tornam o tema polêmico (ou justificativas de especialista da área). É preciso trazer dados factuais, exemplos concretos que ilus- tram a argumentação Parágrafo 4 Conclusivo, com o posicionamento crítico final, retomando o posicionamento inicial sem se repetir A seguir, apresentamos nosso último gênero textual abordado neste material. Lembramos que o universo de gêneros textuais é imenso, por isso, é impossível apresentar uma compi- lação de estudos com todos os gêneros; apesar disso, trazemos aqui os principais gêneros cobrados em avaliações de língua portuguesa. Seguindo esse critério, o próximo gênero estu- dado é a crônica. CRÔNICA O gênero crônica é muito conhecido no meio literário no Brasil. Podemos citar ilustres autores que se tornaram famosos pelo uso do gênero, como Luís Fernando Veríssimo e Mari- na Colasanti. Também por ser um gênero curto de cunho social voltado para temas atuais, é muito usado em provas de concurso para ilustrar questões de interpretação textual e tam- bém para contextualizar questões que avaliam a competência gramatical dos candidatos. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Amanda - amanda-lov@hotmail.com, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. LÍ N G U A P O RT U G U ES A 25 As crônicas apresentam uma abordagem cotidiana sobre um assunto atual e podem ser narrativas ou argumentativas. CRÔNICA NARRATIVA CRÔNICA ARGUMENTATIVA z Limita-se a contar fatos do cotidiano z Pode apresentar um tom humorístico z Foco narrativo em 1ª ou 3ª pessoa z Defesa de um ponto de vista, relacionado ao assunto em debate z Uso de argumentos e fatos z Também pode ser escrita em 1ª ou 3ª pessoa z Uso de argumentos de modo pessoal e subjetivo Apesar de as formas de texto verbais serem o formato mais comum na construção de uma crônica, atualmente, podemos encontrar crônicas veiculadas em outros formatos, como vídeo, muito divulgados nas redes sociais. No tocante ao estilo da crônica argumentativa, trata-se de um texto com estrutura argu- mentativa padrão (introdução, desenvolvimento, conclusão), muito veiculado em jornais e revistas, e, por isso, é um gênero que passeia pelos ambientes literários e jornalísticos; apresenta um teor opinativo forte, com observação dos fatos sociais mais atuais. Outra carac- terística presente nesse gênero é o uso de figuras de linguagem, como a ironia e a metáfora, que auxiliam na presença do tom sarcástico que a crônica pode ter. A seguir, apresentamos um trecho da crônica “O que é um livro?” da escritora Marina Colasanti em que podemos identificar as principais características desse gênero: O que é um livro? O que é um livro? A pergunta se impõe neste momento em que a isenção de impostos sobre o objeto primeiro da cultura e do conhecimento está em risco. Uma contribuição tributária de 12% afastaria ainda mais a leitura de quem tanto precisa dela. Um livro é: – A casa das palavras. Acabei de gravar um vídeo para jovens estudantes e disse a eles que o ofício de um escritor é cuidar dessa casa, varrê-la, fazer a cama das palavras, providenciar sua comida, vesti-las com harmonia. – A nave espacial que nos permite viajar no tempo para a frente e para trás. Habitar o pas- sado ao tempo em que foi escrito. Ou revisitá-lo de outro ponto de vista, inalcançável quando o passado aconteceu: o do presente, com todos os conhecimentos adquiridos e as novas manei- ras de viver. […] - Ao mesmo tempo, espelho da realidade e ponte que nos liga aos sonhos. Crítica e fantasia. Palavra e música, prosa e poesia. Luz e sombra. Metáfora da vida e dos sentimentos. Lugar de preservação do alheio e ponto de encontro com nosso núcleo mais profundo. Onde muitas portas estão disponíveis, para que cada um possa abrir a sua. – A selva na qual, entre rugidos e labaredas, dragões enfrentam centauros. O pântano onde as hidras agitam suas múltiplas cabeças. – Todas as palavras do sagrado, todas elas foram postas nos livros que deram origem às religiões e neles conservadas. Fonte: https://bit.ly/2HIecxi. Acesso em: 17 set. 2020. Adaptado. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Amanda - amanda-lov@hotmail.com, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. 26 Como podemos notar, a crônica trata de um assunto bem atual: o aumento da carga tri- butária que incide sobre o preço dos livros. A autora apresenta sua opinião e segue argu- mentando sobre a importância dos livros na sociedade com um ponto de vista ladeado pela literatura, o que fortalece sua argumentação. Para finalizar nossos estudos sobre gêneros textuais, é importante deixarmos uma infor- mação relevante sobre esse assunto. Para muitos autores, os gêneros não apenas moldam formas de texto, mas formas de dizer marcadas pelo discurso; por isso, em algumas metodo- logias (e também em alguns editais de concurso), os gêneros serão tratados como do discurso. Dica Gêneros do discurso marcam o processo de interação verbal; como todo discurso materia- liza-se por meio de textos, a nomenclatura gêneros textuais torna-se mais adequada para essa perspectiva de estudos. Podemos distinguir as duas variantes vocabulares de acordo com as demandas sociais e culturais de estudo dos gêneros. DOMÍNIO DA ORTOGRAFIA OFICIAL As regras de ortografia são muitas e, na maioria dos casos, contraproducentes, tendo em vista que a lógica da grafia e da acentuação das palavras, muitas vezes, é derivada de proces- sos históricos de evolução da língua. Por isso, vale lembrar a dica de ouro do aluno craque em ortografia: leia sempre! Somen- te a prática de leitura irá lhe garantir segurança no processo de grafia das palavras. Em relação à acentuação, por outro lado, a maior parte das regras não são efêmeras, porém, são em grande número. Ainda sobre aspectos ortográficosda língua portuguesa, é importante estarmos atentos ao uso de letras cujos sons são semelhantes e geram confusão quanto à escrita correta. Veja: z É com X ou CH? Empregamos X após os ditongos. Ex.: ameixa, frouxo, trouxe. USAMOS X: USAMOS CH: z Depois da sílaba en, se a palavra não for derivada de palavras iniciadas por CH: enxerido, enxada z Depois de ditongo: caixa, faixa z Depois da sílaba inicial me, se a palavra não for derivada de vocábulo iniciado por CH: mexer, mexilhão z Depois da sílaba en, se a palavra for derivada de palavras iniciadas por CH: encher, encharcar z Em palavras derivadas de vocábulos que são grafados com CH: recauchutar, fechadura Fonte: instagram/academiadotexto. Acesso em: 10 out. 2020. z É com G ou com J? Usamos G em: � Substantivos terminados em: -agem; -igem; -ugem. Ex.: viagem, ferrugem; O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Amanda - amanda-lov@hotmail.com, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. LÍ N G U A P O RT U G U ES A 27 � Palavras terminadas em: ágio, -égio, -ígio, -ógio, -úgio. Ex.: sacrilégio; pedágio; � Verbos terminados em: -ger e -gir. Ex.: proteger; fugir. Usamos J em: � Formas verbais terminadas: em -jar ou -jer. Ex.: viajar; lisonjear; � Termos derivados do latim escritos com j. Ex.: majestade; jejum. z É com Ç ou S? � Após ditongos, usamos, geralmente, Ç quando houver som de S. Ex.: eleição; � Escrevemos S quando houver som de Z. Ex.: Neusa; coisa. z É com S ou com Z? � Palavras que designam nacionalidade ou títulos de nobreza e terminam em -ês e -esa devem ser grafadas com S. Ex.: norueguesa; inglês; marquesa; duquesa; � Palavras que designam qualidade, cuja terminação seja -ez ou -eza, são grafadas com Z: embriaguez; lucidez; acidez. Essas regras para correção ortográfica das palavras, em geral, apresentam muitas exce- ções; por isso é importante ficar atento e manter uma rotina de leitura, pois esse aprendizado é consolidado com a prática. Sua capacidade ortográfica ficará melhor a partir da leitura e da escrita de textos, por isso, recomendamos que se mantenha atualizado e leia fontes confiáveis de informação, pois, além de contribuir para seu conhecimento geral, sua habilidade em língua portuguesa tam- bém aumentará. NOVO ACORDO ORTOGRÁFICO O novo acordo ortográfico é um documento que normaliza diversas mudanças na língua portuguesa. Ele foi assinado em 1990, mas seu uso só passou a ser obrigatório a partir de 2016. Esse documento foi elaborado com base nas mudanças práticas da língua e nos estudos desenvolvidos por linguistas. Além disso, tem o objetivo de padronizar a ortografia em diver- sos países nos quais se fala e escreve a língua portuguesa. É importante estudar essas mudanças na língua, pois a ortografia é um aspecto responsá- vel por “tirar” pontos na avaliação da redação, logo, pode ser essencial para prejudicar sua nota. Alfabeto z Como era: A B C D E F G H I J L M N O P Q R S T U V X Z; O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Amanda - amanda-lov@hotmail.com, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. 28 z Como está: A B C D E F G H I J K L M N O P Q R S T U V W X Y Z. Antes do acordo, tínhamos 23 letras em nosso alfabeto; agora, contamos com o acréscimo das letras K, W e Y, totalizando 26 letras no alfabeto do português brasileiro. Essa mudan- ça ocorreu com a intenção de oficializar letras que, na prática, já faziam parte de diversas palavras em português. Ou seja, as letras não estavam no alfabeto, mas já eram utilizadas no cotidiano em nomes de pessoas, marcas, ou abreviações como: km, Yago, Kamila, Wilson, Olympikus, entre outros. Pensando nisso, o acordo procurou tornar oficial as letras que já eram utilizadas pelos falantes do português. Importante! Ter tornado essas letras oficiais não muda a escrita de palavras que já existem, ou seja, palavras como “quilo” e “quilômetro” não passarão a ser escritas como “kilo” e “kilômetro”. A oficialização significa, sim, que a partir de agora novas palavras podem usar essas letras. Além do alfabeto, as principais mudanças trazidas pelo novo acordo ortográfico foram: o fim do uso do trema, mudanças na acentuação e mudanças no uso do hífen, que detalhare- mos a seguir: Fim do Uso do Trema O trema já estava caindo em desuso, visto que não é necessário ter o acento para identifi- car a pronúncia. Com o novo acordo ortográfico, de forma oficial, o trema não é mais utili- zado, seja em palavras portuguesas ou aportuguesadas. Muitos não lembram, mas o trema era representado por dois pontinhos em cima do “u” que indicavam hiato. z Antes do acordo: freqüência; cinqüenta; conseqüência; tranqüilo; z Depois do acordo: frequência; cinquenta; consequência; tranquilo. Atenção: o trema ainda é usado em nomes próprios estrangeiros como Bündchen e Mül- ler, por exemplo. Acentuação O acento diferencial não é mais usado em palavras paroxítonas com vogal tônica aberta ou fechada que possuem a mesma escrita. z Antes do acordo: pára (verbo); pólo (substantivo); pêlo (substantivo); z Depois do acordo: para (verbo); polo (substantivo); pelo (substantivo). O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Amanda - amanda-lov@hotmail.com, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. LÍ N G U A P O RT U G U ES A 29 Nos casos em que o acento marca a diferença entre verbos no singular e plural, como em vem (singular) e vêm (plural) e tem (singular) e têm (plural), o acento foi mantido. O acento circunflexo não é mais usado com e e o aberto e fechado (mêdo: medo, almôço: almoço), nem em letras repetidas, como em palavras paroxítonas terminadas em “êem” nem em palavras com o hiato “oo”. z Antes do acordo: lêem, vôo, abençôo; z Depois do acordo: leem, voo, abençoo. O acento agudo não é mais usado em palavras paroxítonas com ditongo aberto ei e oi. z Antes do acordo: andróide, alcatéia, idéia, diarréia, estóico; z Depois do acordo: androide, alcateia, ideia, diarreia, estoico. É comum confundir com as paroxítonas com as oxítonas terminadas em ditongo aberto. As oxítonas com ditongos abertos continuam com acento: herói e dói. O acento em palavras paroxítonas com i e u tônico depois de ditongo não é mais utilizado. z Antes do acordo: feiúra, bocaiúva; z Depois do acordo: feiura, bocaiuva. PRINCIPAIS MUDANÇAS Assunto Mudança Como era Como ficou ACENTUAÇÃO Trema Só aparece em palavras es- trangeiras. Deixou de ser uti- lizado em palavras da língua portuguesa Conseqüên- cia Agüentar Consequência Aguentar Ditongo em palavras paroxítonas Não recebem mais acento Idéia Assembléia Ideia Assembleia Hiatos com paroxítonas com “i” ou “u” Não recebem mais acento Feiúra Feiura Letras repetidas: ee/oo Não recebem mais acento Enjôo Lêem Enjoo Leem Acento diferencial Deixou de ser utilizado Pára Pêlo Para Pelo Acento diferencial em conjugações verbais Mantido Ele tem. Eles têm. Ele tem. Eles têm. Hífen z Não se usa hífen nos casos em que o primeiro termo acaba em vogal e o segundo termo começa com vogal inicial diferente. Ex.: semiárido, autoestima, contraindicação; O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Amanda - amanda-lov@hotmail.com, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. 30 z Exceção: em palavras com prefixo com o segundo elemento começando em -h, utiliza-se hífen. Exemplos: anti-herói, anti-higiênico, extra-humano; z Usa-se hífen nas palavras com o primeiro terminado em vogal e que o segundo elemento começacom vogal igual. Ex.: anti-inflamatório, micro-ondas, arqui-inimigo; z Exceção: nos prefixos átonos (sem acento) co-, pre-, re-, e pro-, o hífen não é usado. Exemplos: reenviar, preestabelecer, coordenação; z Não se usa hífen em palavras compostas, quando, pelo uso, se perde a noção de composição. Exemplos: paraquedas, paraquedista, mandachuva; z Exceção: o hífen permanece em palavras compostas que não têm um elemento de liga- ção e que formam uma unidade, como as que definem animais e plantas. Exemplos: erva-doce, quinta-feira, cavalo-marinho. A seguir, há um quadro comparativo com algumas palavras mais comuns em relação ao uso do hífen: ANTES DO ACORDO DEPOIS DO ACORDO Microondas Micro-ondas Semi-analfabeto Semianalfabeto Co-autor Coautor Infra-estrutura Infraestrutura Extra-escolar Extraescolar Dia-a-dia Dia a dia Ultra-som Ultrassom Re-eleição Reeleição Uso das Letras Maiúsculas De acordo com o novo acordo ortográfico da língua portuguesa, as letras maiúsculas são usadas em: z nomes próprios de pessoas, animais, lugares (cidades, países, continentes...), acidentes geográficos, rios, instituições e entidades; z marcas; z nomes de festas e festividades; z nomes astronômicos; z títulos de periódicos e em siglas; z símbolos ou abreviaturas. Exemplos: Luiza, IBGE, Espanha, Riachuelo, Alagoas, Jogos Olímpicos, Revista Veja. As letras minúsculas são usadas em todas as outras situações, como: dias da semana, meses e estações do ano e pontos cardeais. Exemplo: terça-feira, janeiro, verão, sul, nordeste. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Amanda - amanda-lov@hotmail.com, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. LÍ N G U A P O RT U G U ES A 31 O uso da letra maiúscula ou minúscula é opcional para títulos de livros (totalmente em maiúsculas ou apenas com maiúscula inicial), palavras de categorizações (rio, rua, igreja…), nomes de áreas do saber (biologia), matérias e disciplinas (português, matemática), versos que não iniciam o período e palavras ligadas a uma religião. Uso do Acento Grave Apesar da dificuldade de muitos com as regras do uso de crase, o novo acordo prevê que o acento grave continue a ser utilizado apenas para marcar a ocorrência de crase, nos casos já previstos nas normas gramaticais. Não há alteração quanto a novas formas de uso ou proi- bição da crase. Exemplos: à, às, àquele, àquela, àquilo. DIVISÃO SILÁBICA O novo acordo mantém as regras de divisão silábica já existentes; no entanto, faz uma especificação sobre a separação das palavras em linhas diferentes. Quando é necessário separar as palavras que já têm hífen, a nova regra prevê que o hífen seja repetido em cima e em baixo. Exemplo: Naquela cidade, a festa repetia- -se todos os anos. DOMÍNIO DOS MECANISMOS DE COESÃO TEXTUAL EMPREGO DE ELEMENTOS DE REFERENCIAÇÃO, SUBSTITUIÇÃO E REPETIÇÃO, DE CONECTORES E DE OUTROS ELEMENTOS DE SEQUENCIAÇÃO TEXTUAL Ao elaborarmos um texto, devemos buscar organizar as ideias apresentadas de modo a torná-lo coeso e coerente. Porém, como fazer para que essa organização mantenha esse padrão? Para descobrir, primeiro é preciso esclarecer o que é coesão e o que é coerência e por que buscar esse padrão é importante. Os textos não são somente um aglomerado de palavras e frases escritas. Suas partes devem ser articuladas e organizadas harmoniosamente de maneira que o texto faça sentido como um todo. A ligação, a relação, os nexos entre essas partes estabelecem o que se chama de coesão textual. Os articuladores responsáveis por essa “costura” do tecido (tessitura) do texto são conhecidos como recursos coesivos que devem ser articulados de forma que garanta uma relação lógica entre as ideias, fazendo com que o texto seja inteligível e faça sentido em deter- minado contexto. A respeito disso, temos a coerência textual, que está ligada diretamente à significação do texto, aos sentidos que ele produz para o leitor. COESÃO COERÊNCIA Utiliza-se de elementos superficiais, dando-se ênfase na forma e na articulação entre as ideias Subjacente ao texto, enfatiza-se o conteúdo e a produção de sentido/relação lógica O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Amanda - amanda-lov@hotmail.com, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. 32 Podemos usar uma metáfora muito interessante quando se trata de compreender os pro- cessos de coesão e coerência. Essa metáfora nos leva a comparar um texto com um prédio. Tal qual uma boa constru- ção precisa de um bom alicerce para manter-se em pé, um texto bem construído depende da organização das nossas ideias, da forma como elas estão dispostas no texto. Isso significa que precisamos utilizar adequadamente os processos coesivos, a fim de defendermos nossas ideias adequadamente. Por isso, neste capítulo, iremos apresentar as principais formas de marcação, em um texto, de processos que buscam organizar as ideias em um texto, principalmente, os processos de coesão que, como dissemos, apresentam um apelo mais forte às formas linguísticas que os processos envolvendo a coerência. Antes, porém, faz-se mister indicar mais algumas características da coerência em um texto e como esse processo liga-se não apenas às formas gramaticais, mas, sobretudo, ao forte teor cognitivo. Tendo em vista que a coerência é construída, tal qual o sentido, coletivamente, não por acaso, o grande linguista e estudioso da língua portuguesa, Luis Antônio Marcuschi (2007) afirmou que a coerência é “algo dinâmico que se encontra mais na mente que no texto”. Dito isso, usamos as palavras de Cavalcante (2013) para esclarecer ainda mais o conceito de coerência e passarmos ao estudo detalhado dos processos de coesão. A autora afirma que a coerência: [...] Não está no texto em si; não nos é possível apontá-la, destacá-la ou sublinhá-la.. Ela se constrói [...] numa dada situação comunicativa, na qual o leitor, com base em seus conheci- mentos sociocognitivos e interacionais e na materialidade linguística, confere sentido ao que lê. (Cavalcante, 2013, p. 31) A seguir iremos nos deter aos processos de coesão importantes para uma boa compreen- são e elaboração textual. É importante destacar que esses processos de coesão não podem ser dissociados da construção de sentidos implícita no processo de organização da coerência. No entanto, como nossa finalidade é tornar seu aprendizado mais fácil, separamos esses concei- tos com fins estritamente didáticos. Coesão Referencial A coesão é marcada por processos referenciais relacionados a ideias a partir de mecanis- mos que inserem ou retomam uma porção textual. Os processos marcados pela referencia- ção caracterizam-se pela construção de referentes em um texto, os quais se relacionam com as ideias defendidas no texto. Esse processo é marcado por vocábulos gramaticais e pode ser reconhecido pelo uso de algumas classes de palavras, das quais falaremos a seguir. Antes, porém, faz-se mister reconhecer os processos referenciais que envolvem o uso de expressões anafóricas e catafóricas. Conforme Cavalcante (2013), “as expressões que reto- mam referentes já apresentados no texto por outras expressões são chamadas de anáforas”. Vejamos o exemplo a seguir: O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Amanda - amanda-lov@hotmail.com, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. LÍ N G U A P O RT U G U ES A 33 O Rocky Balboa era um humilde lutador de bairro, que vivia de suas discretas lutas, no início de sua carreira. Segundo seu treinador Mickey, Rocky era um jovem promissor, mas nunca se inte- ressou realmente em evoluir, preferiu trabalhar para um agiota italianochamado Tony Gazzo, com quem manteve uma certa amizade. Gazzo gostava de Rocky por ele ser descendente de italiano e o ajudou dando US$ 500,00 para o seu treinamento, na primeira luta que fez com Apollo Creed. Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Rocky_Balboa. Acesso em: 30 set. 2020. Adaptado. A partir da leitura, podemos perceber que todos os termos destacados fazem referência a um mesmo referente: Rocky Balboa. O processo de referenciação utilizado foi o uso de anáfo- ras que assumem variadas formas gramaticais e buscam conectar as ideias do texto. Já os processos referenciais catafóricos apontam para porções textuais que ainda não foram mencionadas anteriormente no texto, conforme o exemplo a seguir: “Os documentos requeridos para os candidatos são estes: Identidade, CPF, Título de eleitor e reservista” Dica Em provas de concursos e seleções, ainda se encontra a terminologia “expressões refe- renciais catafóricas”, remetendo ao uso já indicado no material. No entanto, é importante salientar que, para linguistas e estudiosos, as anáforas são os processos referenciais que recuperam e/ou apontam para porções textuais. z Uso de Pronomes ou Pronominalização Utilizar pronomes para manter a coesão de um texto é essencial, evitando-se repetições desnecessárias que tornam o texto cansativo para o leitor. Como a classe de pronomes é vas- ta, vamos enfatizar neste estudo os principais pronomes utilizados em recursos textuais para manter a coesão. A pronominalização é a base de recursos anafóricos que recuperam porções textuais ou ainda um nome específico a que o autor faz referência no texto. Vejamos dois exemplos: O primeiro debate entre Donald Trump e Joe Biden foi quente, com diversas interrupções e acu- sações pesadas. […] O primeiro ponto discutido foi a indicação de Trump da juíza conservadora Amy Barrett para a Suprema Corte, depois da morte de Ruth Bader Ginsburg. O presidente defendeu que tem esse direito, pois os republicanos têm maioria no Senado [Casa que ratifica essa escolha] e criticou os democratas, dizendo “que eles ainda não aceitaram que perderam a eleição”. […]. O segundo ponto discutido foi a covid-19. Os EUA são o país mais atingido pela pandemia - são 7 milhões de casos e mais de 200 mil mortos. O âncora Chris Wallace perguntou aos dois o que eles fariam até que uma vacina aparecesse. Biden atacou o republicano dizendo que Trump “não tem um plano para essa tragédia”. Já Trump começou sua resposta atacando a China - “deveriam ter fechado suas fronteiras no começo” -, colocou em dúvida as estatísticas da Rússia e da própria China e, com pouca modéstia, disse que fez um “excelente trabalho” nesse momento dos EUA. Fonte: https://br.noticias.yahoo.com/eleicoes-eua-debate-025314998.html. Acesso em: 30 set. 2020. Adaptado. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Amanda - amanda-lov@hotmail.com, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. 34 Após a leitura do texto, é possível notar que a recuperação da informação apresentada é feita a partir de muitos processos de coesão, porém, o uso dos pronomes destacados recupera o assunto informado e ajuda o leitor a construir seu posicionamento. É importante buscar sempre o elemento a que o pronome faz referência; por exemplo, o primeiro pronome pes- soal destacado no texto refere-se ao termo “democratas”, já o segundo, faz referência aos presidenciáveis que participavam do debate. Nota-se, com isso, que esses pronomes apontam para uma parcela objetiva do texto, diferente do pronome “essa”, associado ao substantivo “tragédia”, que recupera uma parcela textual maior, fazendo referência ao momento de pan- demia pelo qual o mundo passa. O uso de pronomes pode ser um aliado na construção da coesão, porém, o uso inadequado pode gerar ambiguidades, ocasionando o efeito oposto e prejudicando a coesão. Ex.: Encon- trei Matheus, Pedro e sua mulher. Não é possível saber qual dos homens estava acompanhado. Por fim, destacamos que as classes de palavras relacionadas neste capítulo com os pro- cessos de coesão não podem ser vistas apenas sob a ótica descritiva-normativa, amplamente estudada nas gramáticas escolares. O interesse das principais bancas de concursos públicos é avaliar a capacidade interpretativa e racional dos candidatos, dessa feita, a análise de pro- cessos coesivos visa analisar a capacidade do candidato de reconhecer a que e qual elemento está construindo as referências textuais. z Uso de Numerais Conforme mencionamos anteriormente, o uso de categorias gramaticais concorre para a progressão textual; uma das classes gramaticais que auxilia esse processo é o uso de numerais. Neste subtópico, iremos focar no valor coesivo que essa classe promove, auxiliando na ligação de ideias em um texto. Dessa forma, as expressões quantitativas, em algumas circuns- tâncias, retomam dados anteriores numa relação de coesão. Ex.: Foram deixados dois avisos sobre a mesa: o primeiro era para os professores, o segun- do para os alunos. As formas destacadas são numerais ordinais que recuperam informação no texto, evitan- do a repetição de termos e auxiliando no desenvolvimento textual. z Uso de Advérbios Muitos advérbios auxiliam no processo de recuperação e instauração de ideias no texto, auxiliando o processo de coesão. As formas adverbiais que marcam tempo e espaço podem também ser denominadas de marcadores dêiticos, caso dos seguintes elementos: Hoje, aqui, acolá, amanhã, ontem... Perceba que esses advérbios só podem ser associados a um referente se forem instaurados no discurso, isto é, se mantiverem associação com as pessoas que produzem as falas. Assim, uma pessoa que lê “hoje não haverá aula” em um cartaz na porta de uma sala compreenderá que a marcação temporal refere-se ao momento em que a leitura foi realizada. Por isso, esses elementos são conhecidos como dêiticos. Independentemente de como são chamados, esses elementos colaboram para a ligação de ideias no texto, auxiliando também a construção da coesão textual. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Amanda - amanda-lov@hotmail.com, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. LÍ N G U A P O RT U G U ES A 35 z Uso de Nominalização As expressões que retomam ideias e nomes, já apresentados no texto, mediante outras for- mas de expressão, podem ser analisadas como processos nominalizadores, incluindo subs- tantivos, adjetivos e outras classes nominais. Essas expressões recuperam informações mediante novos nomes inseridos no texto, ou ainda, com o uso de pronomes, conforme vimos anteriormente. Vejamos um exemplo: Antonio Carlos Belchior, mais conhecido como Belchior foi um cantor, compositor, músico, produ- tor, artista plástico e professor brasileiro. Um dos membros do chamado Pessoal do Ceará, que inclui Fagner, Ednardo, Amelinha e outros. Bel foi um dos primeiros cantores de MPB do nordeste brasileiro a fazer sucesso internacional, em meados da década de 1970. Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Belchior. Acesso em: 30 set. 2020. Adaptado. Todas as marcações em negrito fazem referência ao nome inicial Antônio Carlos Belchior; os termos que se referem a esse nome inicial são expressões nominalizadoras que servem para ligar ideias e construir o texto. z Uso de Adjetivos Os adjetivos também são considerados expressões nominalizadoras que fazem referência a uma porção textual ou a uma ideia referida no texto. No exemplo acima, a oração “Belchior foi um cantor, compositor, músico, produtor, artista plástico e professor” apresenta seis nomes que funcionam como adjetivos de Belchior e, ao mesmo tempo, acrescentam informa- ções sobre essa personalidade, referida anteriormente. É importante recordar que não podemos identificar uma classe depalavra sem avaliar o contexto em que ela está inserida. No exemplo mencionado, as palavras cantor, compositor, músico, produtor, artista, professor são substantivos que funcionam como adjetivos e cola- boram na construção textual. z Uso de Verbos Vicários O vocábulo vicário é oriundo do latim vicarius e significa “fazer as vezes”; assim, os verbos vicários são verbos usados em substituição de outros que já foram muito utilizados no texto. Ex.: A disputa aconteceu, mas não foi como nós esperávamos. O verbo “acontecer” foi substituído na segunda oração pelo verbo “foi”. ALGUNS VERBOS VICÁRIOS IMPORTANTES Ser: “Ele trabalha, porém não é tanto assim” Fazer: “Poderíamos concordar plenamente, mas não o fizemos” Aceitar: “Se ele não acatar a promoção não aceita por falta de interesse” Foi: “Se desistiu da vaga, foi por motivos pessoais” O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Amanda - amanda-lov@hotmail.com, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. 36 z Uso de Elipse A elipse é uma forma de omissão de uma informação já mencionada no texto. Geralmente, estudamos a elipse mais detalhadamente na seção de figuras de linguagem de uma gramáti- ca. Neste material, iremos nos deter a maiores aspectos da elipse também nessa seção. Aqui é importante salientar as propriedades recategorizadoras e referenciais da elipse, com o pro- pósito de manter a coesão textual. Conforme Antunes (2005, p. 118), a elipse como recurso coesivo “corresponde à estratégia de se omitir um termo, uma expressão ou até mesmo uma sequência maior (uma frase inteira, por exemplo) já introduzidos anteriormente em outro segmento do texto, mas recuperável por marcas do próprio contexto verbal”. Vejamos como ocorre, a partir do segmento abaixo: “O Brasil evoluiu bastante desde o início do século XXI. O país proporcionou a inclusão social de muitas pessoas. A nação obteve notoriedade internacional por causa disso. A pátria, porém, ainda enfrenta certas adversidades...” Sem Elipse “O Brasil evoluiu bastante desde o início do século XXI e proporcionou a inclusão social de mui- tas pessoas, por causa disso obteve notoriedade internacional, porém ainda enfrenta certas adversidades...” Com Elipse Coesão Sequencial A coesão sequencial é responsável por organizar a progressão temática do texto, isto é, garantir a manutenção do tema tratado pelo texto de maneira a promover a evolução do debate assumido pelo autor. Essa coesão pode ser garantida, em um texto, a partir de locuções que marcam tempo, conjunções, desinências e modos verbais. Neste material, iremos nos deter, sobretudo, aos processos de conjunções que são utilizadas para garantir a progressão textual. z Conjunções Coordenativas As conjunções coordenativas são aquelas que ligam orações coordenadas, ou seja, orações de valor semântico independente. Na construção textual, elas são importantes, pois, com seus valores, adicionam informações relevantes ao texto. Exemplos de conjunções coordenativas atuando na coesão: ADITIVA Não apenas conversava com os demais alunos como também atrapalhava o professor ADVERSATIVA Eram ideias interessantes, porém ninguém concordou com elas ALTERNATIVAS Superou o estigma que pregava “ou estuda, ou trabalha” e conseguiu ser aprovada EXPLICATIVA Ao final, faça os exercícios, pois é uma forma de praticar o que aprendeu CONCLUSIVA O candidato não cumpriu sua promessa. Ficamos, portanto, desapontados com ele O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Amanda - amanda-lov@hotmail.com, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. LÍ N G U A P O RT U G U ES A 37 Perceba que as ideias ligadas pelas conjunções precisam manter uma relação contextual, estabelecida pela coerência e demonstrada pela coesão. Por isso, orações como esta: “Não gosto de festas de aniversário, mas não vou à sua” estão equivocadas, pois as ideias ligadas não estabelecem uma relação de adversidade, como demonstra a conjunção “mas”. z Conjunções Subordinativas Tais quais as conjunções coordenativas, as subordinativas estabelecem uma ligação entre as ideias apresentadas num texto, porém, diferentemente daquelas, estas ligam ideias apre- sentadas em orações subordinadas, ou seja, orações que precisam de outra para terem o sentido apreendido. Exemplos de conjunções subordinativas atuando na coesão: CAUSAL Como não havia estudado suficiente, resolvi não fazer essa prova CONSECUTIVA Falaram tão mal do filme que ele nem entrou em cartaz COMPARATIVA Trabalhou como um escravo CONFORMATIVA Conforme o Ministro da Economia, os concursos não irão acabar CONCESSIVA Ainda que vivamos um período de poucos concursos, não podemos desanimar CONDICIONAL Se estudarmos, conseguiremos ser aprovados! PROPORCIONAL À proporção que aumentava seus horários de estudo, mais forte o candi- dato se tornava FINAL Estudava sempre com afinco, a fim de ser aprovado TEMPORAL Quando o edital for publicado, já estarei adiantado nos estudos Importante! Não confundir: Afim de — relativo à afinidade, semelhança: “Física e Química são disciplinas afins”. A fim de — relativo a ter finalidade, ter como objetivo, com desejo de: “Estou a fim de comer pastel”. z Conjunções Integrantes As conjunções integrantes fazem parte das orações subordinadas, na realidade, elas ape- nas integram, ligam uma oração principal a outra, subordinada. Como podemos notar, o papel dessas conjunções é essencialmente coesivo, tendo em vista que elas são “peças” que unem as orações. Existem apenas dois tipos de conjunções integrantes: que e se. Quando é possível substituir o que pelo pronome isso, esta- mos diante de uma conjunção integrante Quero que a prova esteja fácil. Quero. O quê? Isso Sempre haverá conjunção integrante em orações substanti- vas e, consequentemente, em períodos compostos Perguntei se ele estava em casa. Perguntei. O quê? Isso O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Amanda - amanda-lov@hotmail.com, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. 38 Coesão Recorrencial z Uso de Repetições As recorrências de repetições em textos são comumente recusadas pelos mestres da língua portuguesa. Sobretudo, quando o assunto é redação, muitos professores recomendam em uníssono: evite repetir palavras e expressões! No entanto, a repetição é um recurso coesivo essencial para manter a progressão temática do texto, isto é, para que o tema debatido no texto não seja perdido, levando o escritor a fugir da temática. Embora também não recomendemos as repetições exageradas no texto, sabemos valori- zar seu uso adequado em um texto; por isso, apresentamos, a seguir, alguns usos comuns dessa estratégia coesiva. CONTEXTOS DE USO ADEQUADO DE REPETIÇÕES Marcar ênfase O candidato foi encontrado com duzentos milhões de reais na mala, du- zentos milhões! Marcar contraste Existem Políticos e políticos Marcar a continuidade temática “Agora que sentei na minha cadeira de madeira, junto à minha mesa de ma- deira, colocada em cima deste assoalho de madeira, olho minhas estantes de madeira e procuro um livro feito de polpa de madeira para escrever um artigo contra o desmatamento florestal” Millôr Fernandes z Uso de Paráfrase A paráfrase é um recurso de reiteração que proporciona maior esclarecimento sobre o assunto tratado no texto. A paráfrase é utilizada para voltar a falar sobre algo utilizando-se de outras palavras. Conforme Antunes (2005, p. 63), “alguma coisa é dita outra vez, em outro ponto do texto, embora com palavras diferentes”. Vejamos o seguinte exemplo: Ceará goleia Fortaleza no Castelão. Fortaleza é goleado pelo Ceará no Castelão. Os textosacima poderiam ser manchetes de jornais da capital cearense. A forma como o texto se apresenta indica que a ênfase dada ao nome dos times, em posições diferentes, cum- pre um papel importante na progressão temática do texto. Além dessa função, a paráfrase pode ser marcada pelo uso de expressões textuais bem características, como: em outras palavras, em outros termos, isto é, quer dizer, em resumo, em suma, em síntese etc. Essas expressões indicam que algo foi dito e passará a ser ressigni- ficado, garantindo a informatividade do texto. z Uso de Paralelismo As ideias similares devem fazer a correspondência entre si; a essa organização de ideias no texto, dá-se o nome de paralelismo. Quando as construções de frases e orações são O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Amanda - amanda-lov@hotmail.com, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. LÍ N G U A P O RT U G U ES A 39 semelhantes, ocorre o paralelismo sintático. Quando há sequência de expressões simétri- cas no plano das ideias e coerência entre as informações, ocorre o paralelismo semântico ou paralelismo de sentido. ESTRUTURAS QUE SEMPRE DEVEM SER USADAS JUNTAS Não só..., mas também; não apenas..., mas ainda; não tanto...quanto; ora...ora; seja...seja etc. Além disso, é preciso respeitar a estrutura sintática a qual a frase está inserida; vejamos um exemplo em que houve quebra de paralelismo: “É necessário estudar e que vocês se ajudem” — Errado. “É necessário que vocês se ajudem e que estudem” — Correto. Devemos manter a organização das orações, pois não podemos coordenar orações redu- zidas com orações desenvolvidas, é preciso manter o paralelismo e deixá-las ou somente desenvolvida ou somente reduzidas. No tocante ao paralelismo semântico, a ideia é a mesma, porém deixamos de analisar os pares no âmbito sintático e passamos ao plano das ideias. Vejamos o seguinte exemplo: “Por um lado, os manifestantes agiram corretamente, por outro podem não ter agido erra- do” — Incorreto. “Por um lado, os manifestantes agiram corretamente, por outro podem ter causado pre- juízo à população” — Correto. “Encontrei duas pessoas conhecidas na rua: uma foi sua irmã e a outra estava bem” — Incorreto. “Encontrei duas pessoas conhecidas na rua: uma foi sua irmã e a outra foi minha prima” — Correto. REFERÊNCIAS CAVALCANTE, M. Os sentidos do texto. São Paulo: Contexto, 2016. KAUFMAN, A. M.; RODRIGUEZ, M. H. Escola, leitura e produção de textos. Tradução de Inajara Rodrigues. Porto Alegre: Artmed, 1995. OHUSCHI, M. C. G.; BARBOSA, F. de S. O gênero artigo de opinião: da teoria à prática em sala de aula. Acta Scientiarum. Language and Culture, 33(2), 2011, 303-314. DOMÍNIO DA ESTRUTURA MORFOSSINTÁTICA DO PERÍODO EMPREGO DAS CLASSES DE PALAVRAS A palavra morfologia refere-se ao estudo das formas. Por isso, o termo é utilizado por lin- guistas e também por médicos, que estudam as formas dos órgãos e suas funções. Analogamente, para compreender bem as funções de uma forma, seja ela uma palavra, seja um órgão, precisamos conhecer como essa forma se classifica e como se organiza. Por isso, em língua portuguesa, estudamos as formas das palavras na morfologia, que organiza as classes das palavras em dez categorias. A seguir, estudaremos detalhadamente O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Amanda - amanda-lov@hotmail.com, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. 40 cada uma delas e também veremos um “bônus” para seus estudos: as palavras denotativas, atualmente, muito cobradas por bancas exigentes. ARTIGOS Os artigos devem concordar em gênero e número com os substantivos. São, por isso, con- siderados determinantes dos substantivos. Essa classe está dividida em artigos definidos e artigos indefinidos. Os definidos funcio- nam como determinantes objetivos, individualizando a palavra, já os indefinidos funcionam como determinantes imprecisos. O artigo definido — o — e o artigo indefinido — um — variam em gênero e número, tor- nando-se “os, a, as”, para os definidos, e “uns, uma, umas”, para os indefinidos. Assim, temos: z Artigos definidos: o, os; a, as; z Artigos indefinidos: um, uns; uma, umas. Os artigos podem ser combinados às preposições. São as chamadas contrações. Algumas contrações comuns na língua são: z em + a = na; z a + o = ao; z a + a = à; z de + a = da. Lembre-se: toda palavra determinada por um artigo torna-se um substantivo. Ex.: o não, o porquê, o cuidar etc. NUMERAIS São palavras que se relacionam diretamente ao substantivo, inferindo ideia de quantidade ou posição. Os numerais podem ser: z Cardinais: indicam quantidade em si. Ex.: Dois potes de sorvete; zero coisas a comprar; ambos os meninos eram bons em português; z Ordinais: indicam a ordem de sucessão de uma série. Ex.: Foi o segundo colocado do con- curso; chegou em último/penúltimo/antepenúltimo lugar; z Multiplicativos: indicam o número de vezes pelo qual determinada quantidade é multi- plicada. Ex.: Ele ganha o triplo no novo emprego; z Fracionários: indicam frações, divisões ou diminuições proporcionais em quantidade. Ex.: Tomou um terço de vinho; o copo estava meio cheio; ele recebeu metade do pagamento. Podemos encontrar ainda os numerais coletivos, isto é, designam um conjunto, porém expressam uma quantidade exata de seres/conceitos. Veja: Dúzia: conjunto de doze unidades; Novena: período de nove dias; O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Amanda - amanda-lov@hotmail.com, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. LÍ N G U A P O RT U G U ES A 41 Década: período de dez anos; Século: período de cem anos; Bimestre: período de dois meses. Um: Numeral ou Artigo? A forma um pode assumir na língua a função de artigo indefinido ou de numeral cardi- nal; então, como podemos reconhecer cada função? É preciso observar o contexto em uso. Observe: z Durante a votação, houve um deputado que se posicionou contra o projeto; z Durante a votação, apenas um deputado se posicionou contra o projeto. Na primeira frase, podemos substituir o termo um por uma, realizando as devidas alte- rações sintáticas, e o sentido será mantido, pois o que se pretende defender é que a espécie do indivíduo que se posicionou contra o projeto é um deputado e não uma deputada, por exemplo. Já na segunda oração, a alteração do gênero não implicaria em mudanças no sentido, pois o que se pretende indicar é que o projeto foi rejeitado por um deputado, marcando a quantidade. Outra forma de notarmos a diferença é ficarmos atentos com a aparição das expressões adverbiais, o que sempre fará com que a palavra “um” seja numeral. Ainda sobre os numerais, atente-se às dicas a seguir: z Sobre o numeral milhão/milhares, é importante destacar que sua forma é masculina. Logo, a concordância com palavras femininas é inaceitável pela gramática. Errado: As milhares de vacinas chegaram hoje. Correto: Os milhares de vacina chegaram hoje. z A forma 14 por extenso apresenta duas formas aceitas pela norma gramatical: catorze e quatorze. SUBSTANTIVOS Os substantivos classificam os seres em geral. Uma característica básica dessa classe é admitir um determinante — artigo, pronome etc. Os substantivos flexionam-se em gênero, número e grau. Tipos de Substantivos A classificação dos substantivos admite nove tipos diferentes. São eles: z Simples: formados a partir de um único radical. Ex.: vento, escola; z Compostos: formados pelo processo de justaposição. Ex.: couve-flor, aguardente; O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Amanda - amanda-lov@hotmail.com, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a suareprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. 42 z Primitivos: possibilitam a formação de um novo substantivo. Ex.: pedra, dente; z Derivados: são formados a partir de substantivos primitivos. Ex.: pedreiro (pedra), den- tista (dente), florista (flor); z Concretos: designam seres com independência ontológica, ou seja, um ser que existe por si, independentemente de sua conotação espiritual ou real. Ex.: Maria, gato, Deus, fada, carro; z Abstratos: indicam estado, sentimento, ação, qualidade. Os substantivos abstratos exis- tem apenas em função de outros seres. A feiura, por exemplo, depende de uma pessoa, um substantivo concreto a quem esteja associada. Ex.: chute, amor, coragem, liberalismo, feiura; z Comuns: designam todos os seres de uma espécie. Ex.: homem, cidade; z Próprios: designam uma determinada espécie. Ex.: Pedro, Fortaleza; z Coletivos: usados no singular, designam um conjunto de uma mesma espécie. Ex.: pina- coteca, manada. É importante destacar que a classificação de um substantivo depende do contexto em que ele está inserido. Vejamos: Judas foi um apóstolo. (Judas como nome de uma pessoa = Próprio); O amigo mostrou-se um judas (judas significando traidor = comum). Flexão de Gênero Os gêneros do substantivo são masculino e feminino. Porém, alguns deles admitem apenas uma forma para os dois gêneros. São, por isso, cha- mados de uniformes. Os substantivos uniformes podem ser: z Comuns-de-dois-gêneros: designam seres humanos e sua diferença é marcada pelo arti- go. Ex.: o pianista / a pianista; o gerente / a gerente; o cliente / a cliente; o líder / a líder; z Epicenos: designam geralmente animais que apresentam distinção entre masculino e feminino, mas a diferença é marcada pelo uso do adjetivo macho ou fêmea. Ex.: cobra macho / cobra fêmea; onça macho / onça fêmea; gambá macho / gambá fêmea; girafa macho / girafa fêmea; z Sobrecomuns: designam seres de forma geral e não são distinguidos por artigo ou adje- tivo; o gênero pode ser reconhecido apenas pelo contexto. Ex.: a criança; o monstro; a testemunha; o indivíduo. Já os substantivos biformes designam os substantivos que apresentam duas formas para os gêneros masculino ou feminino. Ex.: professor/professora. Destacamos que alguns substantivos apresentam formas diferentes nas terminações para designar formas diferentes no masculino e no feminino: Ex.: ator/atriz; ateu/ ateia; réu/ré. Outros substantivos modificam o radical para designar formas diferentes no masculino e no feminino. Estes são chamados de substantivos heteroformes: Ex.: pai/mãe; boi/vaca; genro/nora. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Amanda - amanda-lov@hotmail.com, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. LÍ N G U A P O RT U G U ES A 43 Gênero e Significação Alguns substantivos uniformes podem aparecer com marcação de gênero diferente, oca- sionando uma modificação no sentido. Veja, por exemplo: z A testemunha: pessoa que presenciou um crime; z O testemunho: relato de experiência, associado a religiões. Algumas formas substantivas mantêm o radical e a pequena alteração no gênero do artigo interfere no significado: z O cabeça: chefe / a cabeça: membro o corpo; z O moral: ânimo / a moral: costumes sociais; z O rádio: aparelho / a rádio: estação de transmissão. Além disso, algumas palavras na língua causam dificuldade na identificação do gênero, pois são usadas em contextos informais com gêneros diferentes. Alguns exemplos são: a alfa- ce; a cal; a derme; a libido; a gênese; a omoplata / o guaraná; o formicida; o telefonema; o trema. Algumas formas que não apresentam, necessariamente, relação com o gênero, são admi- tidas tanto no masculino quanto no feminino: o personagem / a personagem; o laringe / a laringe; o xerox / a xerox. Flexão de Número Os substantivos flexionam-se em número, de maneira geral, pelo acréscimo do morfema -s. Ex.: casa / casas. Porém, podem apresentar outras terminações: males, reais, animais, projéteis etc. Geralmente, devemos acrescentar -es ao singular das formas terminadas em R ou Z, como: flor / flores; paz / pazes. Porém, há exceções, como a palavra mal, terminada em L e que tem como plural “males”. Já os substantivos terminados em al, el, ol, ul fazem plural trocando-se o L final por -is. Ex.: coral / corais; papel / papéis; anzol / anzóis. Entretanto, também há exceções. Ex.: a forma mel apresenta duas formas de plural acei- tas: meles e méis. Geralmente, as palavras terminadas em -ão fazem plural com o acréscimo do -s ou pelo acréscimo de -es. Ex.: capelães, capitães, escrivães. Contudo, há substantivos que admitem até três formas de plural, como os seguintes: z Ermitão: ermitãos, ermitões, ermitães; z Ancião: anciãos, anciões, anciães; z Vilão: vilãos, vilões, vilães. Podemos, ainda, associar às palavras paroxítonas que terminam em -ão o acréscimo do -s. Ex.: órgão / órgãos; órfão / órfãos. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Amanda - amanda-lov@hotmail.com, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. 44 Plural dos Substantivos Compostos Os substantivos compostos são aqueles formados por justaposição. O plural dessas formas obedece às seguintes regras: z Variam os dois elementos: Substantivo + substantivo. Ex.: mestre-sala / mestres -salas; Substantivo + adjetivo. Ex.: guarda-noturno / guardas -noturnos; Adjetivo + substantivo. Ex.: boas-vindas; Numeral + substantivo. Ex.: terça-feira / terças -feiras. z Varia apenas um elemento: Substantivo + preposição + substantivo. Ex.: canas-de-açúcar; Substantivo + substantivo com função adjetiva. Ex.: navios-escola. Palavra invariável + palavra invariável. Ex.: abaixo-assinados. Verbo + substantivo. Ex.: guarda-roupas. Redução + substantivo. Ex.: bel-prazeres. Destacamos, ainda, que os substantivos compostos formados por verbo + advérbio verbo + substantivo plural ficam invariáveis. Ex.: os bota-fora; os saca-rolha. Variação de Grau A flexão de grau dos substantivos exprime a variação de tamanho dos seres, indicando um aumento ou uma diminuição. z Grau aumentativo: quando o acréscimo de sufixos aos substantivos indicar um aumento de tamanho. Ex.: bocarra, homenzarrão, gatarrão, cabeçorra, fogaréu, boqueirão, poetastro; z Grau diminutivo: exprime, ao contrário do aumentativo, a diminuição do tamanho/pro- porção do ser. Ex.: fontinha, lobacho, casebre, vilarejo, saleta, pequenina, papelucho. Dica O emprego do grau aumentativo ou diminutivo dos substantivos pode alterar o sentido das palavras, podendo assumir um valor: Afetivo: filhinha / mãezona; Pejorativo: mulherzinha / porcalhão. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Amanda - amanda-lov@hotmail.com, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. LÍ N G U A P O RT U G U ES A 45 O Novo Acordo Ortográfico e o Uso de Maiúsculas O novo acordo ortográfico estabelece novas regras para o uso de substantivos próprios, exigindo o uso da inicial maiúscula. Dessa forma, devemos usar com letra maiúscula as iniciais das palavras que designam: z Nomes, sobrenomes e apelidos de pessoas reais ou imaginárias. Ex.: Gabriela, Silva, Xuxa, Cinderela; z Nomes de cidades, países, estados, continentes etc., reais ou imaginários. Ex.: Belo Horizonte, Ceará, Nárnia, Londres; z Nomes de festividades. Ex.: Carnaval, Natal, Dia das Crianças; z Nomes de instituições e entidades. Ex.: Embaixada do Brasil, Ministério das Relações Exteriores, Gabinete da Vice-Presidência, Organização das Nações Unidas; z Títulos de obras. Ex.: Memórias póstumas de BrásCubas. Caso a obra apresente em seu título um nome próprio, como no exemplo dado, este também deverá ser escrito com ini- cial maiúscula; z Nomenclatura legislativa especificada. Ex.: Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB); z Períodos e eventos históricos. Ex.: Revolta da Vacina, Guerra Fria, Segunda Guerra Mundial; z Nome dos pontos cardeais e equivalentes. Ex.: Norte, Sul, Leste, Oeste, Nordeste, Sudes- te, Oriente, Ocidente. Importante: os pontos cardeais são grafados com maiúsculas apenas quando utilizados indicando uma região. Ex.: Este ano vou conhecer o Sul (O Sul do Brasil); quando utilizados indicando uma direção, devem ser escritos com minúsculas. Ex.: Correu a América de norte a sul; z Siglas, símbolos ou abreviaturas. Ex.: ONU, INSS, Unesco, Sr., S (Sul), K (Potássio). Atente-se: em palavras com hífen, pode-se optar pelo uso de maiúsculas ou minúsculas. Portanto, são aceitas as formas Vice-Presidente, Vice-presidente e vice-presidente; porém, é preciso manter a mesma forma em todo o texto. Já nomes próprios compostos por hífen devem ser escritos com as iniciais maiúsculas, como em Grã-Bretanha e Timor-Leste. ADJETIVOS Os adjetivos associam-se aos substantivos, garantindo a estes um significado mais preciso. Os adjetivos podem indicar: z Qualidade: professor chato; z Estado: aluno triste; z Aspecto, aparência: estrada esburacada. Locuções Adjetivas As locuções adjetivas apresentam o mesmo valor dos adjetivos, indicando as mesmas características deles. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Amanda - amanda-lov@hotmail.com, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. 46 Elas são formadas por preposição + substantivo, referindo-se a outro substantivo ou expressão substantivada, atribuindo-lhe o mesmo valor adjetivo. A seguir, colocamos diferentes locuções adjetivas ao lado da forma adjetiva, importantes para seu estudo: z voo de águia / aquilino; z poder de aluno / discente; z conselho de professores / docente; z cor de chumbo / plúmbea; z luz da lua / lunar; z sangue de baço / esplênico; z nervo do intestino / celíaco ou entérico; z noite de inverno / hibernal ou invernal. É importante destacar que, mais do que “decorar” formas adjetivas e suas respectivas locuções, é fundamental reconhecer as principais características de uma locução adjetiva: caracterizar o substantivo e apresentar valor de posse. Ex.: Viu o crime pela abertura da porta; A abertura de conta pode ser realizada on-line. Quando a locução adjetiva é composta pela preposição “de”, pode ser confundida com a locução adverbial. Nesse caso, para diferenciá-las, é importante perceber que a locução adje- tiva apresenta valor de posse, pois, nesse caso, o meio usado pelo sujeito para ver “o crime”, indicado na frase, foi pela abertura da porta. Além disso, a locução destacada está caracteri- zando o substantivo “abertura”. Já na segunda frase, a locução destacada é adverbial, pois quem sofre a “ação” de ser aberta é a “conta”, o que indica o valor de passividade da locução, demonstrando seu caráter adverbial. As locuções adjetivas também desempenham função de adjetivo e modificam substanti- vos, pronomes, numerais e orações substantivas. Ex.: Amor de mãe; Café com açúcar. Subst. — loc. adj. / subst. — loc. adj. Já as locuções adverbiais desempenham função de advérbio. Modificam advérbios, ver- bos, adjetivos e orações adjetivas com esses valores. Ex.: Morreu de fome; Agiu com rapidez. Verbo — loc. adv. / verbo — loc. adv. Adjetivo de Relação No estudo dos adjetivos, é fundamental conhecer o aspecto morfológico designado como “adjetivo de relação”, muito cobrado por bancas de concursos. Para identificar um adjetivo de relação, observe as seguintes características: z Seu valor é objetivo, não podendo, portanto, apresentar meios de subjetividade. Ex.: Em “Menino bonito”, o adjetivo não é de relação, já que é subjetivo, pois a beleza do menino depende dos olhos de quem o descreve; O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Amanda - amanda-lov@hotmail.com, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. LÍ N G U A P O RT U G U ES A 47 z Posição posterior ao substantivo: os adjetivos de relação sempre são posicionados após o substantivo. Ex.: Casa paterna, mapa mundial; z Derivado do substantivo: derivam-se do substantivo por derivação prefixal ou sufixal. Ex.: paternal — pai; mundial — mundo; z Não admitem variação de grau: os graus comparativo e superlativo não são admitidos. Ex.: Não pode ser mapa “mundialíssimo” ou “pouco mundial”. Alguns exemplos de adjetivos relativos: Presidente americano (não é subjetivo; posiciona- do após o substantivo; derivado de substantivo; não existe a forma variada em grau “america- níssimo”); plataforma petrolífera; economia mundial; vinho francês; roteiro carnavalesco. Variação de Grau O adjetivo pode variar em dois graus: comparativo ou superlativo. Cada um deles apre- senta suas respectivas categorias. z Grau comparativo: exprime a característica de um ser, comparando-o com outro da mes- ma classe nos seguintes sentidos: � Igualdade: compara elementos colocando-os em um mesmo patamar. Igual a, como, tanto quanto, tão quanto. Ex.: Somos tão complexos quanto simplórios; � Superioridade: compara, evidenciando um elemento como superior ao outro. Mais do que, melhor do que. Ex.: O amor é mais suficiente do que o dinheiro; � Inferioridade: compara, evidenciando um elemento como inferior ao outro. Menos do que, pior do que. Ex.: Homens são menos engajados do que mulheres. z Grau superlativo: em relação ao grau superlativo, é importante considerar que o valor semântico desse grau apresenta variações, podendo indicar: � Característica de um ser elevada ao último grau: superlativo absoluto, que pode ser analítico (associado ao advérbio) ou sintético (associação de prefixo ou sufixo ao adjetivo). Ex.: O candidato é muito humilde (Superlativo absoluto analítico). O candidato é humílimo (Superlativo absoluto sintético); � Característica de um ser relacionada com outros indivíduos da mesma classe: superlativo relativo, que pode ser de superioridade (o mais) ou de inferioridade (o menos). Ex.: O candidato é o mais humilde dos concorrentes? (Superlativo relativo de superioridade). O candidato é o menos preparado entre os concorrentes à prefeitura (Superlativo rela- tivo de inferioridade). O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Amanda - amanda-lov@hotmail.com, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. 48 Importante! Ao compararmos duas qualidades de um mesmo ser, devemos empregar a forma analítica (mais alta, mais magra, mais bonito etc.). Ex.: A modelo é mais alta que magra. Porém, se uma mesma característica referir-se a seres diferentes, empregamos a forma sintética (melhor, pior, menor etc.). Ex.: Nossa sala é menor que a sala da diretoria. Formação dos Adjetivos Os adjetivos podem ser primitivos, derivados, simples ou compostos. z Primitivos: adjetivos que não derivam de outras palavras. A partir deles, é possível for- mar novos termos. Ex.: útil, forte, bom, triste, mau etc.; z Derivados: são palavras que derivam de verbos ou substantivos. Ex.: bondade, lealdade, mulherengo etc.; z Simples: apresentam um único radical. Ex.: português, escuro, honesto etc.; z Compostos: formados a partir da união de dois ou mais radicais. Ex.: verde-escuro, luso- -brasileiro, amarelo-ouro etc. Lembre-se: o plural dos adjetivos simples é realizado da mesma forma que o plural dos substantivos. Plural dos Adjetivos Compostos O plural dos adjetivos compostos segue as seguintes regras:z Invariável: � os adjetivos compostos azul-marinho, azul-celeste, azul-ferrete; � locuções formadas de cor + de + substantivo, como em cor-de-rosa, cor-de-cáqui; � adjetivo + substantivo, como tapetes azul-turquesa, camisas amarelo-ouro. z Varia o último elemento: � primeiro elemento é palavra invariável, como em mal-educados, recém-formados; � adjetivo + adjetivo, como em lençóis verde-claros, cabelos castanho-escuros. Adjetivos Pátrios Os adjetivos pátrios, também conhecidos como gentílicos, designam a naturalidade ou nacionalidade de seres e objetos. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Amanda - amanda-lov@hotmail.com, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. LÍ N G U A P O RT U G U ES A 49 O sufixo -ense, geralmente, designa a origem de um ser relacionada a um estado brasilei- ro. Ex.: amazonense, fluminense, cearense. z Curiosidade: o adjetivo pátrio “brasileiro” é formado com o sufixo -eiro, que é costumei- ramente usado para designar profissões. O gentílico que designa nossa nacionalidade teve origem com as pessoas que comercializavam o pau-brasil; esse ofício dava-lhes a alcunha de “brasileiros”, termo que passou a indicar os nascidos em nosso país. Veja a seguir alguns dos adjetivos pátrios de nosso país: ADVÉRBIOS Advérbios são palavras invariáveis que modificam um verbo, adjetivo ou outro advér- bio. Em alguns casos, os advérbios também podem modificar uma frase inteira, indicando circunstância. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Amanda - amanda-lov@hotmail.com, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. 50 As gramáticas da língua portuguesa apresentam listas extensas com as funções dos advér- bios. Porém, decorar as funções dos advérbios, além de desgastante, pode não ter o resultado esperado na resolução de questões de concurso. Dessa forma, sugerimos que você fique atento às principais funções designadas aos advér- bios para, a partir delas, conseguir interpretar a função exercida nos enunciados das ques- tões que tratem dessa classe de palavras. Ainda assim, julgamos pertinente apresentar algumas funções basilares exercidas pelo advérbio: z Dúvida: talvez, caso, porventura, quiçá etc.; z Intensidade: bastante, bem, mais, pouco etc.; z Lugar: ali, aqui, atrás, lá etc.; z Tempo: jamais, nunca, agora etc.; z Modo: assim, depressa, devagar etc. Novamente, chamamos sua atenção para a função que o advérbio deve exercer na oração. Como dissemos, essas palavras modificam um verbo, um adjetivo ou um outro advérbio, por isso, para identificar com mais propriedade a função denotada pelos advérbios, é preciso perguntar: Como? Onde? Por quê? As respostas sempre irão indicar circunstâncias adverbiais expressas por advérbios, locu- ções adverbiais ou orações adverbiais. Vejamos como podemos identificar a classificação/função adequada dos advérbios: z O homem morreu... de fome (causa) com sua família (companhia) em casa (lugar) enver- gonhado (modo); z A criança comeu... demais (intensidade) ontem (tempo) com garfo e faca (instrumento) às claras (modo). Locuções Adverbiais Conjunto de duas ou mais palavras que pode desempenhar a função de advérbio, alteran- do o sentido de um verbo, adjetivo ou advérbio. A maioria das locuções adverbiais é formada por uma preposição e um substantivo. Há também as que são formadas por preposição + adjetivos ou advérbios. Veja alguns exemplos: z Preposição + substantivo: de novo. Ex.: Você poderia me explicar de novo? (de novo = novamente); z Preposição + adjetivo: em breve. Ex.: Em breve, o filme estará em cartaz (em breve = brevemente); z Preposição + advérbio: por ali. Ex.: Acho que ele foi por ali. As locuções adverbiais são bem semelhantes às locuções adjetivas. É importante saber que as locuções adverbiais apresentam um valor passivo. Ex.: Ameaça de colapso. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Amanda - amanda-lov@hotmail.com, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. LÍ N G U A P O RT U G U ES A 51 Nesse exemplo, o termo em negrito é uma locução adverbial, pois o valor é de passivida- de, ou seja, se invertemos a ordem e inserirmos um verbo na voz passiva, a frase manterá seu sentido. Veja: Ex.: Colapso foi ameaçado. Essa frase faz sentido e apresenta valor passivo, logo, sem o verbo, a locução destacada anteriormente é adverbial. Ainda sobre esse assunto, perceba que em locuções como esta: “Característica da nação”, o termo destacado não terá o mesmo valor passivo, pois não aceitará a inserção de um verbo com essa função: Nação foi característica*. Essa frase quebra a estrutura gramatical da língua portugue- sa, que não admite voz passiva em termos com função de posse (caso das locuções adjeti- vas). Isso torna tal estrutura agramatical; por isso, inserimos um asterisco para indicar essa característica. Lembre-se: Locuções adverbiais apresentam valor passivo. Locuções adjetivas apresentam valor de posse. Com essas dicas, esperamos que você seja capaz de diferenciar essas locuções em ques- tões. Buscamos desenvolver seu aprendizado para que não seja preciso gastar seu tempo decorando listas de locuções adverbiais. Lembre-se: o sentido está no texto. Advérbios Interrogativos Os advérbios interrogativos são, muitas vezes, confundidos com pronomes interrogativos. Para evitar essa confusão, devemos saber que os advérbios interrogativos introduzem uma pergunta, exprimindo ideia de tempo, modo ou causa. Ex.: Como foi a prova? Quando será a prova? Onde será realizada a prova? Por que a prova não foi realizada? De maneira geral, as palavras como, onde, quando e por que são advérbios interroga- tivos, pois não substituem nenhum nome de ser (vivo), exprimindo ideia de modo, lugar, tempo e causa. Grau do Advérbio Assim como os adjetivos, os advérbios podem ser flexionados nos graus comparativo e superlativo. Vejamos as principais mudanças sofridas pelos advérbios quando flexionados em grau: GRAU COMPARATIVO NORMAL SUPERIORIDADE INFERIORIDADE IGUALDADE Bem Melhor (mais bem*) - Tão bem Mal Pior (mais mal*) - Tão mal Muito Mais - - Pouco Menos - - O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Amanda - amanda-lov@hotmail.com, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. 52 Obs.: As formas “mais bem” e “mais mal” são aceitas quando acompanham o particípio verbal. GRAU SUPERLATIVO NORMAL ABSOLUTO SINTÉTICO ABSOLUTO ANALÍTICO RELATIVO Bem Otimamente Muito bem Inferioridade - Mal Pessimamente Muito mal Superioridade - Muito Muitíssimo - Superioridade: o mais Pouco Pouquíssimo - Superioridade: o menos Advérbios e Adjetivos O adjetivo é uma classe de palavras variável. Porém, quando se refere a um verbo, ele fica invariável, confundindo-se com o advérbio. Nesses casos, para ter certeza de qual é a classe da palavra, basta tentar colocá-la no femi- nino ou no plural; caso a palavra aceite uma dessas flexões, será adjetivo. Ex.: O homem respondeu feliz à esposa. Os homens responderam felizes às esposas. Como “feliz” aceitou a flexão para o plural, trata-se de um adjetivo. Agora, acompanhe o seguinte exemplo: Ex.: A cerveja que desce redondo. As cervejas que descem redondo. Nesse caso, como a palavra continua invariável, trata-se de um advérbio. Palavras Denotativas São termos que apresentam semelhança com os advérbios; em alguns casos, são até clas- sificados como tal, mas não exercem função modificadora de verbo, adjetivo ou advérbio. Sobre as palavras denotativas, é fundamental saber identificaro sentido a elas atribuído, pois, geralmente, é isso que as bancas de concurso cobram. z Eis: sentido de designação; z Isto é, por exemplo, ou seja: sentido de explicação; z Ou melhor, aliás, ou antes: sentido de ratificação; z Somente, só, salvo, exceto: sentido de exclusão; z Além disso, inclusive: sentido de inclusão. Além dessas expressões, há, ainda, as partículas expletivas ou de realce, geralmente for- madas pela forma ser + que (é que). A principal característica dessas palavras é que elas podem ser retiradas sem causar prejuízo sintático ou semântico à frase. Ex.: Eu é que faço as regras / Eu faço as regras. Outras palavras denotativas expletivas são: lá, cá, não, é porque etc. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Amanda - amanda-lov@hotmail.com, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. LÍ N G U A P O RT U G U ES A 53 Algumas Observações Interessantes z O adjunto adverbial sempre deve vir posicionado após o verbo ou complemento verbal. Caso venha deslocado, em geral, separamos por vírgulas. Ex.: Na reunião de ontem, o pedido foi aprovado (O pedido foi aprovado na reunião de ontem); z Em uma sequência de advérbios terminados com o sufixo -mente, apenas o último elemento recebe a terminação destacada. Ex.: A questão precisa ser pensada política e socialmente. PRONOMES Pronomes são palavras que representam ou acompanham um termo substantivo. Dessa forma, a função dos pronomes é substituir ou determinar uma palavra. Eles indicam pessoas, relações de posse, indefinição, quantidade, localização no tempo, no espaço e no meio tex- tual, entre outras funções. Os pronomes exercem papel importante na análise sintática e também na interpretação textual, pois colaboram para a complementação de sentido de termos essenciais da oração, além de estru- turar a organização textual, contribuindo para a coesão e também para a coerência de um texto. Pronomes Pessoais Os pronomes pessoais designam as pessoas do discurso. Acompanhe a tabela a seguir, com mais informações sobre eles: PESSOAS PRONOMES DO CASO RETO PRONOMES DO CASO OBLÍQUO 1ª pessoa do singular Eu Me, mim, comigo 2ª pessoa do singular Tu Te, ti, contigo 3ª pessoa do singular Ele/Ela Se, si, consigo o, a, lhe 1ª pessoa do plural Nós Nos, conosco 2ª pessoa do plural Vós Vos, convosco 3ª pessoa do plural Eles/Elas Se, si, consigo os, as, lhes Os pronomes pessoais do caso reto costumam substituir o sujeito. Ex.: Pedro é bonito / Ele é bonito. Já os pronomes pessoais oblíquos costumam funcionar como complemento verbal ou adjunto. Ex.: Eu a vi com o namorado; Maura saiu comigo. z Os pronomes que estarão relacionados ao objeto direto são: o, a, os, as, me, te, se, nos, vos. Ex.: Informei-o sobre todas as questões; z Já os que se relacionam com o objeto indireto são: lhe, lhes, (me, te, se, nos, vos — com- plementados por preposição). Ex.: Já lhe disse tudo (disse tudo a ele). O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Amanda - amanda-lov@hotmail.com, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. 54 Lembre-se de que todos os pronomes pessoais são pronomes substantivos. Além disso, é importante saber que “eu” e “tu” não podem ser regidos por preposição e que os pronomes “ele(s)”, “ela(s)”, “nós” e “vós” podem ser retos ou oblíquos, dependendo da função que exercem. Os pronomes oblíquos tônicos são precedidos de preposição e costumam ter função de complemento: z 1ª pessoa: mim, comigo (singular); nós, conosco (plural); z 2ª pessoa: ti, contigo (singular); vós, convosco (plural); z 3ª pessoa: si, consigo (singular ou plural); ele(s), ela(s). Não devemos usar pronomes do caso reto como objeto ou complemento verbal, como em “mate ele”. Contudo, o gramático Celso Cunha destaca que é possível usar os pronomes do caso reto como complemento verbal, desde que antecedidos pelos vocábulos “todos”, “só”, “apenas” ou “numeral”. Ex.: Encontrei todos eles na festa. Encontrei apenas ela na festa. Após a preposição “entre”, em estrutura de reciprocidade, devemos usar os pronomes oblíquos tônicos. Ex.: Entre mim e ele não há segredos. Pronomes de Tratamento Os pronomes de tratamento são formas que expressam uma hierarquia social institucio- nalizada linguisticamente. As formas de pronomes de tratamento apresentam algumas pecu- liaridades importantes: z Vossa: designa a pessoa a quem se fala (relativo à 2ª pessoa). Apesar disso, os verbos rela- cionados a esse pronome devem ser flexionados na 3ª pessoa do singular. Ex.: Vossa Excelência deve conhecer a Constituição; z Sua: designa a pessoa de quem se fala (relativo à 3ª pessoa). Ex.: Sua Excelência, o presidente do Supremo Tribunal, fará um pronunciamento hoje à noite. Os pronomes de tratamento estabelecem uma hierarquia social na linguagem, ou seja, a partir das formas usadas, podemos reconhecer o nível de discurso e o tipo de poder instituí- dos pelos falantes. Por isso, alguns pronomes de tratamento só devem ser utilizados em contextos cujos inter- locutores sejam reconhecidos socialmente por suas funções, como juízes, reis, clérigos, entre outras. Dessa forma, apresentamos alguns pronomes de tratamento, seguidos de sua abreviatura e das funções sociais que designam: z Vossa Alteza (V. A.): príncipes, duques, arquiduques e seus respectivos femininos; z Vossa Eminência (V. Ema.): cardeais; O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Amanda - amanda-lov@hotmail.com, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. LÍ N G U A P O RT U G U ES A 55 z Vossa Excelência (V. Exa.): autoridades do governo e das Forças Armadas membros do alto escalão; z Vossa Majestade (V. M.): reis, imperadores e seus respectivos femininos; z Vossa Reverendíssima (V. Rev. Ma.): sacerdotes; z Vossa Senhoria (V. Sa.): funcionários públicos graduados, oficiais até o posto de coronel, tratamento cerimonioso a comerciantes importantes; z Vossa Santidade (V. S.): papa; z Vossa Excelência Reverendíssima (V. Exa. Revma.): bispos. Os exemplos apresentados fazem referência a pronomes de tratamento e suas respectivas designações sociais conforme indica o Manual de Redação oficial da Presidência da República. Portanto, essas designações devem ser seguidas com atenção quando o gênero textual abor- dado for um gênero oficial. Ainda sobre o assunto, veja algumas observações: z Sobre o uso das abreviaturas das formas de tratamento é importante destacar que o plural de algumas abreviaturas é feito com letras dobradas, como: V. M. / VV. MM.; V. A. / VV. AA. Porém, na maioria das abreviaturas terminadas com a letra a, o plural é feito com o acrés- cimo do s: V. Exa. / V. Exas.; V. Ema. / V.Emas.; z O tratamento adequado a Juízes de Direito é Meritíssimo Juiz; z O tratamento dispensado ao Presidente da República nunca deve ser abreviado. Pronomes Indefinidos Os pronomes indefinidos indicam quantidade de maneira vaga e sempre devem ser utili- zados na 3ª pessoa do discurso. Os pronomes indefinidos podem variar e podem ser invariá- veis. Observe a seguinte tabela: PRONOMES INDEFINIDOS2 Variáveis Invariáveis Algum, alguma, alguns, algumas Alguém Nenhum, nenhuma, nenhuns, nenhumas Ninguém Todo, toda, todos, todas Quem Outro, outra, outros, outras Outrem Muito, muita, muitos, muitas Algo Pouco, pouca, poucos, poucas Tudo Certo, certa, certos, certas Nada Vários, várias Cada Quanto, quanta, quantos, quantas Que Tanto, tanta, tantos, tantas - Qualquer, quaisquer - 2 Disponível em: https://educacao.uol.com.br/disciplinas/portugues/pronomes-indefinidos-e-interrogativos- nenhum-outro-qualquer-quem-quanto-qual.htm. Acesso em: 14 jul. 2020.O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Amanda - amanda-lov@hotmail.com, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. 56 PRONOMES INDEFINIDOS2 Variáveis Invariáveis Qual, quais - Um, uma, uns, umas - As palavras certo e bastante serão pronomes indefinidos quando vierem antes do subs- tantivo, e serão adjetivos quando vierem depois. Ex.: Busco certo modelo de carro (pronome indefinido). Busco o modelo de carro certo (adjetivo). A palavra bastante frequentemente gera dúvida quanto a ser advérbio, adjetivo ou pro- nome indefinido. Por isso, atente-se ao seguinte: z Bastante (advérbio): será invariável e equivalente ao termo “muito”. Ex.: Elas são bastante famosas; z Bastante (adjetivo): será variável e equivalente ao termo “suficiente”. Ex.: A comida e a bebida não foram bastantes para a festa; z Bastante (pronome indefinido): concorda com o substantivo, indicando grande, porém incerta, quantidade de algo. Ex.: Bastantes bancos aumentaram os juros. Pronomes Demonstrativos Os pronomes demonstrativos indicam a posição e apontam elementos a que se referem as pessoas do discurso (1ª, 2ª e 3ª). Essa posição pode ser designada por eles no tempo, no espaço físico ou no espaço textual. z 1ª pessoa: este, estes / esta, estas; z 2ª pessoa: esse, esses / essa, essas; z 3ª pessoa: aquele, aqueles / aquela, aquelas; z Invariáveis: isto, isso, aquilo. Usamos este, esta, isto para indicar: z Referência ao espaço físico, indicando a proximidade de algo ao falante. Ex.: Esta caneta aqui é minha. Entreguei-lhe isto como prova; z Referência ao tempo presente. Ex.: Esta semana começarei a dieta. Neste mês, pagarei a última prestação da casa; z Referência ao espaço textual. Ex.: Encontrei Joana e Carla no shopping; esta procurava um presente para o marido (o pronome refere-se ao último termo mencionado). Este artigo científico pretende analisar... (o pronome “este” refere-se ao próprio texto). Usamos esse, essa, isso para indicar: O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Amanda - amanda-lov@hotmail.com, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. LÍ N G U A P O RT U G U ES A 57 z Referência ao espaço físico, indicando o afastamento de algo de quem fala. Ex.: Essa sua gravata combinou muito com você; z Indicar distância que se deseja manter. Ex.: Não me fale mais nisso. A população não confia nesses políticos; z Referência ao tempo passado. Ex.: Nessa semana, eu estava doente. Esses dias estive em São Paulo; z Referência a algo já mencionado no texto/ na fala. Ex.: Continuo sem entender o porquê de você ter falado sobre isso. Sinto uma energia negativa nessa expressão utilizada. Usamos aquele, aquela, aquilo para indicar: z Referência ao espaço físico, indicando afastamento de quem fala e de quem ouve. Ex.: Margarete, quem é aquele ali perto da porta? z Referência a um tempo muito remoto, um passado muito distante. Ex.: Naquele tempo, podíamos dormir com as portas abertas. Bons tempos aqueles! z Referência a um afastamento afetivo. Ex.: Não conheço mais aquela mulher; z Referência ao espaço textual, indicando o primeiro termo de uma relação expositiva. Ex.: Saí para lanchar com Ana e Beatriz. Esta preferiu beber chá; aquela, refrigerante. Dica O pronome “mesmo” não pode ser usado em função demonstrativa referencial. Veja: Errado: O candidato fez a prova, porém o mesmo esqueceu de preencher o gabarito. Correto: O candidato fez a prova, porém esqueceu de preencher o gabarito. Pronomes Relativos Uma das classes de pronomes mais complexas, os pronomes relativos têm função muito importante na língua, refletida em assuntos de grande relevância em concursos, como a aná- lise sintática. Dessa forma, é essencial conhecer adequadamente a função desses elementos, a fim de saber utilizá-los corretamente. Os pronomes relativos referem-se a um substantivo ou a um pronome substantivo men- cionado anteriormente. A esse nome (substantivo ou pronome mencionado anteriormente) chamamos de antecedente. São pronomes relativos: z Variáveis: o qual, os quais, cujo, cujos, quanto, quantos / a qual, as quais, cuja, cujas, quan- ta, quantas. z Invariáveis: que, quem, onde, como. z Emprego do pronome relativo que: pode ser associado a pessoas, coisas ou objetos. Ex.: Encontrei o homem que desapareceu. O cachorro que estava doente morreu. A caneta que emprestei nunca recebi de volta. z Em alguns casos, há a omissão do antecedente do relativo “que”. Ex.: Não teve que dizer (não teve nada que dizer). O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Amanda - amanda-lov@hotmail.com, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. 58 z Emprego do relativo quem: seu antecedente deve ser uma pessoa ou objeto personificado. Ex.: Fomos nós quem fizemos o bolo. z O pronome relativo quem pode fazer referência a algo subentendido: quem cala consente (aquele que cala). z Emprego do relativo quanto: seu antecedente deve ser um pronome indefinido ou demons- trativo; pode sofrer flexões. Ex.: Esqueci-me de tudo quanto foi me ensinado. Perdi tudo quanto poupei a vida inteira. z Emprego do relativo cujo: deve ser empregado para indicar posse e aparecer relacionan- do dois termos que devem ser um possuidor e uma coisa possuída. Ex.: A matéria cuja aula faltei foi língua portuguesa — o relativo cuja está ligando aula (possuidor) à matéria (coisa possuída). O relativo cujo deve concordar em gênero e número com a coisa possuída. Jamais devemos inserir um artigo após o pronome cujo: Cujo o, cuja a Não podemos substituir cujo por outro pronome relativo. O pronome relativo cujo pode ser preposicionado. Ex.: Esse é o vilarejo por cujos caminhos percorri. Para encontrar o possuidor, faça-se a seguinte pergunta: “de quem/do que?” Ex.: Vi o filme cujo diretor ganhou o Óscar (Diretor do que? Do filme). Vi o rapaz cujas pernas você se referiu (Pernas de quem? Do rapaz). z Emprego do pronome relativo onde: empregado para indicar locais físicos. Ex.: Conheci a cidade onde meu pai nasceu. z Em alguns casos, pode ser preposicionado, assumindo as formas aonde e donde. Ex.: Irei aonde você for. z O relativo “onde” pode ser empregado sem antecedente. Ex.: O carro atolou onde não havia ninguém. z Emprego de o qual: o pronome relativo “o qual” e suas variações (os quais, a qual, as quais) é usado em substituição a outros pronomes relativos, sobretudo o “que”, a fim de evitar fenômenos linguísticos, como o “queísmo”. Ex.: O Brasil tem um passado do qual (que) ninguém se lembra. O pronome “o qual” pode auxiliar na compreensão textual, desfazendo estruturas ambíguas. Pronomes Interrogativos São utilizados para introduzir uma pergunta ao texto. Apresentam-se de formas variáveis (Que? Quais? Quanto? Quantos?) e invariáveis (Que? Quem?). Ex.: O que é aquilo? Quem é ela? Qual sua idade? Quantos anos tem seu pai? O ponto de interrogação só é usado nas interrogativas diretas. Nas indiretas, aparece ape- nas a intenção interrogativa, indicada por verbos como perguntar, indagar etc. Ex.: Indaguei quem era ela. Atenção: os pronomes interrogativos que e quem são pronomes substantivos, pois subs- tituem os substantivos, dando fluidez à leitura. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Amanda - amanda-lov@hotmail.com, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. LÍ N G U A P O RT U G U ES A 59 Ex.: O tempo, que estava instável, não permitiu a realização da atividade (O tempo não permitiu a realização da atividade. O tempo estava instável)3. PronomesPossessivos Os pronomes possessivos referem-se às pessoas do discurso e indicam posse. Observe a tabela a seguir: SINGULAR 1ª pessoa 2ª pessoa 3ª pessoa Meu, minha / meus, minhas Teu, tua / teus, tuas Seu, sua / seus, suas PLURAL 1ª pessoa 2ª pessoa 3ª pessoa Nosso, nossa / nossos, nossas Vosso, vossa / vossos, vossas Seu, sua / seus, suas Os pronomes pessoais oblíquos (me, te, se, lhe, o, a, nos, vos) também podem atribuir valor possessivo a uma coisa. Ex.: Apertou-lhe a mão (a sua mão). Ainda que o pronome esteja ligado ao verbo pelo hífen, a relação do pronome é com o objeto da posse. Outras funções dos pronomes possessivos: z delimitam o substantivo a que se referem; z concordam com o substantivo que vem depois dele; z não concordam com o referente; z o pronome possessivo que acompanha o substantivo exerce função sintática de adjunto adnominal. Colocação dos Pronomes Átonos Estudo da posição dos pronomes na oração. z Próclise: pronome posicionado antes do verbo. Casos que atraem o pronome para próclise: � Palavras negativas: nunca, jamais, não. Ex.: Não me submeto a essas condições. � Pronomes indefinidos, demonstrativos, relativos. Ex.: Foi ela que me colocou nesse papel. � Conjunções subordinativas. Ex.: Embora se apresente como um rico investidor, ele nada tem. � Gerúndio, precedido da preposição em. Ex.: Em se tratando de futebol, Maradona foi um ídolo. � Infinitivo pessoal preposicionado. Ex.: Na esperança de sermos ouvidos, muito lhe agradecemos. � Orações interrogativas, exclamativas, optativas (exprimem desejo). Ex.: Como te iludes! 3 Exemplo disponível em: https://www.todamateria.com.br/pronomes-substantivos/. Acesso em: 30 jul. 2021. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Amanda - amanda-lov@hotmail.com, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. 60 z Mesóclise: pronome posicionado no meio do verbo. Casos que atraem o pronome para mesóclise: � os pronomes devem ficar no meio dos verbos que estejam conjugados no futuro, caso não haja nenhum motivo para uso da próclise. Ex.: Dar-te-ei meus beijos agora... / Orgu- lhar-me-ei dos nossos estudantes. z Ênclise: pronome posicionado após o verbo. Casos que atraem o pronome para ênclise: � Início de frase ou período. Ex.: Sinto-me muito honrada com esse título. � Imperativo afirmativo. Ex.: Sente-se, por favor. � Advérbio virgulado. Ex.: Talvez, diga-me o quanto sou importante. Casos proibidos: � Início de frase: Me dá esse caderno! (errado) / Dá-me esse caderno! (certo). � Depois de ponto e vírgula: Falou pouco; se lembrou de nada (errado) / Falou pouco; lembrou-se de nada (correto). � Depois de particípio: Tinha lembrado-se do fato (errado) / Tinha se lembrado do fato (correto). VERBOS Certamente, a classe de palavras mais complexa e importante dentre as palavras da lín- gua portuguesa é o verbo. A partir dos verbos, são estruturados as ações e os agentes desses atos, além de ser uma importante classe sempre abordada nos editais de concursos; por isso, atente-se às nossas dicas. Os verbos são palavras variáveis que se flexionam em número, pessoa, modo e tempo, além da designação da voz que exprime uma ação, um estado ou um fato. As flexões verbais são marcadas por desinências, que podem ser: z Número-pessoal: indicando se o verbo está no singular ou plural, bem como em qual pes- soa verbal foi flexionado (1ª, 2ª ou 3ª); z Modo-temporal: indica em qual modo e tempo verbais a ação foi realizada. Iremos apresentar essas desinências a seguir. Antes, porém, de abordarmos as desinên- cias modo-temporais, precisamos explicar o que são modo e tempo verbais. Emprego de Modos Verbais Indica a atitude da ação/do sujeito frente a uma relação enunciada pelo verbo. z Indicativo: o modo indicativo exprime atitude de certeza. Ex.: Estudei muito para ser aprovado. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Amanda - amanda-lov@hotmail.com, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. LÍ N G U A P O RT U G U ES A 61 z Subjuntivo: o modo subjuntivo exprime atitude de dúvida, desejo ou possibilidade. Ex.: Se eu estudasse, seria aprovado. z Imperativo: o modo imperativo designa ordem, convite, conselho, súplica ou pedido. Ex.: Estuda! Assim, serás aprovado. Emprego de Tempos Verbais O tempo designa o recorte temporal em que a ação verbal foi realizada. Basicamente, podemos indicar o tempo dessa ação no passado, presente ou futuro. Existem, entretanto, ramificações específicas. Observe a seguir: z Presente: Pode expressar não apenas um fato atual, como também uma ação habitual. Ex.: Estudo todos os dias no mesmo horário. Uma ação passada. Ex.: Vargas assume o cargo e instala uma ditadura. Uma ação futura. Ex.: Amanhã, estudo mais! (equivalente a estudarei). z Passado: � Pretérito perfeito: ação realizada plenamente no passado. Ex.: Estudei até ser aprovado. � Pretérito imperfeito: ação inacabada, que pode indicar uma ação frequentativa, vaga ou durativa. Ex.: Estudava todos os dias. � Pretérito mais-que-perfeito: ação anterior à outra mais antiga. Ex.: Quando notei (passado), a água já transbordara (ação anterior) da banheira. z Futuro: � Futuro do presente: indica um fato que deve ser realizado em um momento vindouro. Ex.: Estudarei bastante ano que vem. � Futuro do pretérito: expressa um fato posterior em relação a outro fato já passado. Ex.: Estudaria muito, se tivesse me planejado. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Amanda - amanda-lov@hotmail.com, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. 62 A partir dessas informações, podemos também identificar os verbos conjugados nos tem- pos simples e nos tempos compostos. Os tempos verbais simples são formados por uma úni- ca palavra, ou verbo, conjugado no presente, passado ou futuro. Já os tempos compostos são formados por dois verbos, um auxiliar e um principal; nesse caso, o verbo auxiliar é o único a sofrer flexões. Agora, vamos conhecer as desinências modo-temporais dos tempos simples e compostos, respectivamente: Flexões Modo-Temporais — Tempos Simples TEMPO MODO INDICATIVO MODO SUBJUNTIVO Presente * -e (1ª conjugação) e -a (2ª e 3ª conjugações) Pretérito perfeito -ra (3ª pessoa do plural) * Pretérito imperfeito -va (1ª conjugação) -ia (2ª e 3ª conjugações) -sse Pretérito mais-que-perfeito -ra * Futuro -rá e -re -r Futuro do pretérito -ria * *Nem todas as formas verbais apresentam desinências modo-temporais. Flexões Modo-Temporais — Tempos Compostos (Indicativo) z Pretérito perfeito composto: verbo auxiliar: ter (presente do indicativo) + verbo princi- pal particípio. Ex.: Tenho estudado. z Pretérito mais-que-perfeito composto: verbo auxiliar: ter (pretérito imperfeito do indi- cativo) + verbo principal no particípio. Ex.: Tinha passado. z Futuro composto: verbo auxiliar: ter (futuro do indicativo) + verbo principal no particípio. Ex.: Terei saído. z Futuro do pretérito composto: verbo auxiliar: ter (futuro do pretérito simples) + verbo principal no particípio. Ex.: Teria estudado. Flexões Modo-Temporais — Tempos Compostos (Subjuntivo) z Pretérito perfeito composto: verbo auxiliar: ter (presente do subjuntivo) + verbo princi- pal particípio. Ex.: (que eu) Tenha estudado. z Pretérito mais-que-perfeito composto: verbo auxiliar: ter (pretérito imperfeito do sub- juntivo) + verbo principal no particípio. Ex.: (se eu) Tivesse estudado. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Amanda - amanda-lov@hotmail.com, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratoresà responsabilização civil e criminal. LÍ N G U A P O RT U G U ES A 63 z Futuro composto: verbo auxiliar: ter (futuro simples do subjuntivo) + verbo principal no particípio. Ex.: (quando eu) Tiver estudado. Formas Nominais do Verbo e Locuções Verbais As formas nominais do verbo são as formas no infinitivo, particípio e gerúndio que eles assumem em determinados contextos. São chamadas nominais pois funcionam como subs- tantivos, adjetivo ou advérbios. z Gerúndio: marcado pela terminação -ndo. Seu valor indica duração de uma ação e, por vezes, pode funcionar como um advérbio ou um adjetivo. Ex.: Olhando para seu povo, o presidente se compadeceu. z Particípio: marcado pelas terminações mais comuns -ado, -ido, podendo terminar tam- bém em -do, -to, -go, -so, -gue. Corresponde nominalmente ao adjetivo; pode flexionar-se, em alguns casos, em número e gênero. Ex.: A Índia foi colonizada pelos ingleses. Quando cheguei, ela já tinha partido. Ele tinha aberto a janela. Ela tinha pago a conta. z Infinitivo: forma verbal que indica a própria ação do verbo, ou o estado, ou, ainda, o fenô- meno designado. Pode ser pessoal ou impessoal: � Pessoal: o infinitivo pessoal é passível de conjugação, pois está ligado às pessoas do dis- curso. É usado na formação de orações reduzidas. Ex.: comer eu. Comermos nós. É para aprenderem que ele ensina; � Impessoal: não é passível de flexão. É o nome do verbo, servindo para indicar ape- nas a conjugação. Ex.: estudar — 1ª conjugação; comer — 2ª conjugação; partir — 3ª conjugação. O infinitivo impessoal forma locuções verbais ou orações reduzidas. Locuções verbais: sequência de dois ou mais verbos que funcionam como um verbo. Ex.: Ter de + verbo principal no infinitivo: Ter de trabalhar para pagar as contas. Haver de + verbo principal no infinitivo: Havemos de encontrar uma solução. Dica Não confunda locuções verbais com tempos compostos. O particípio formador de tempo composto na voz ativa não se flexiona. Ex.: O homem teria realizado sua missão. Classificação dos Verbos Os verbos são classificados quanto a sua forma de conjugação e podem ser divididos em: regulares, irregulares, anômalos, abundantes, defectivos, pronominais, reflexivos, impes- soais e auxiliares, além das formas nominais. Vamos conhecer as particularidades de cada um a seguir: O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Amanda - amanda-lov@hotmail.com, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. 64 z Regulares: os verbos regulares são os mais fáceis de compreender, pois apresentam regu- laridade no uso das desinências, ou seja, das terminações verbais. Da mesma forma, os verbos regulares mantêm o paradigma morfológico com o radical, que permanece inalte- rado. Ex.: verbo cantar: PRESENTE — INDICATIVO PRETÉRITO PERFEITO — INDICATIVO Eu canto Cantei Tu cantas Cantaste Ele/ você canta Cantou Nós cantamos Cantamos Vós cantais Cantastes Eles/ vocês cantam Cantaram z Irregulares: os verbos irregulares apresentam alteração no radical e nas desinências ver- bais. Por isso, recebem esse nome, pois sua conjugação ocorre irregularmente, seguindo um paradigma próprio para cada grupo verbal. Perceba a seguir como ocorre uma sutil diferença na conjugação do verbo estar, que uti- lizamos como exemplo. Isso é importante para não confundir os verbos irregulares com os verbos anômalos. Ex.: verbo estar: PRESENTE — INDICATIVO PRETÉRITO PERFEITO — INDICATIVO Eu estou Estive Tu estás Estiveste Ele/ você está Esteve Nós estamos Estivemos Vós estais Estivestes Eles/ vocês estão Estiveram z Anômalos: esses verbos apresentam profundas alterações no radical e nas desinências verbais, consideradas anomalias morfológicas; por isso, recebem essa classificação. Um exemplo bem usual de verbo dessa categoria é o verbo “ser”. Na língua portuguesa, apenas dois verbos são classificados dessa forma: os verbos ser e ir. Vejamos a conjugação o verbo “ser”: PRESENTE — INDICATIVO PRETÉRITO PERFEITO — INDICATIVO Eu sou Fui Tu és Foste Ele / você é Foi Nós somos Fomos Vós sois Fostes Eles / vocês são Foram O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Amanda - amanda-lov@hotmail.com, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. LÍ N G U A P O RT U G U ES A 65 Os verbos ser e ir são irregulares, porém, apresentam uma forma específica de irregu- laridade que ocasiona uma anomalia em sua conjugação. Por isso, são classificados como anômalos. z Abundantes: são formas verbais abundantes os verbos que apresentam mais de uma for- ma de particípio aceitas pela norma culta gramatical. Geralmente, apresentam uma forma de particípio regular e outra irregular. Vejamos alguns verbos abundantes: INFINITIVO PARTICÍPIO REGULAR PARTICÍPIO IRREGULAR Absolver Absolvido Absolto Abstrair Abstraído Abstrato Aceitar Aceitado Aceito Benzer Benzido Bento Cobrir Cobrido Coberto Completar Completado Completo Confundir Confundido Confuso Demitir Demitido Demisso Despertar Despertado Desperto Dispersar Dispersado Disperso Eleger Elegido Eleito Encher Enchido Cheio Entregar Entregado Entregue Morrer Morrido Morto Expelir Expelido Expulso Enxugar Enxugado Enxuto Findar Findado Findo Fritar Fritado Frito Ganhar Ganhado Ganho Gastar Gastado Gasto Imprimir Imprimido Impresso Inserir Inserido Inserto Isentar Isentado Isento Juntar Juntado Junto Limpar Limpado Limpo Matar Matado Morto Omitir Omitido Omisso Pagar Pagado Pago Prender Prendido Preso Romper Rompido Roto O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Amanda - amanda-lov@hotmail.com, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. 66 INFINITIVO PARTICÍPIO REGULAR PARTICÍPIO IRREGULAR Salvar Salvado Salvo Secar Secado Seco Submergir Submergido Submerso Suspender Suspendido Suspenso Tingir Tingido Tinto Torcer Torcido Torto INFINITIVO PARTICÍPIO REGULAR PARTICÍPIO IRREGULAR Aceitar Eu já tinha aceitado o convite O convite foi aceito Entregar Aviso quando tiver entregado a encomenda Está entregue! Morrer Havia morrido há dias Quando chegou, encontrou o animal morto Expelir A bala foi expelida por aquela arma Esta é a bala expulsa Enxugar Tinha enxugado a louça quando o pro- grama começou A roupa está enxuta Findar Depois de ter findado o trabalho, descansou Trabalho findo! Imprimir Se tivesse imprimido tínhamos como provar Onde está o documento impresso? Limpar Eu tinha limpado a casa Que casa tão limpa! Omitir Dados importantes tinham sido omiti- dos por ela Informações estavam omissas Submergir Após ter submergido os legumes, re- parou no amigo Deixe os legumes submersos por al- guns minutos Suspender Nunca tinha suspendido ninguém Você está suspenso! z Defectivos: são verbos que não apresentam algumas pessoas conjugadas em suas formas, gerando um “defeito” na conjugação (por isso, o nome). Alguns exemplos de defectivos são os verbos colorir, precaver, reaver etc. Esses verbos não são conjugados na primeira pessoa do singular do presente do indicativo, bem como: aturdir, exaurir, explodir, esculpir, extorquir, feder, fulgir, delinquir, demolir, puir, ruir, computar, colorir, carpir, banir, brandir, bramir, soer. Verbos que expressam onomatopeias ou fenômenos temporais também apresentam essa característica, como latir, bramir, chover. z Pronominais: esses verbos apresentam um pronome oblíquo átono integrando sua forma verbal. É importante lembrar que esses pronomes não apresentam função sintática. Pre- dominantemente, os verbos pronominas apresentam transitividade indireta, ou seja, são VTI. Ex.: sentar-se. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Amanda - amanda-lov@hotmail.com,vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. LÍ N G U A P O RT U G U ES A 67 PRESENTE — INDICATIVO PRETÉRITO PERFEITO — INDICATIVO Eu me sento Sentei-me Tu te sentas Sentaste-te Ele/ você se senta Sentou-se Nós nos sentamos Sentamo-nos Vós vos sentais Sentastes-vos Eles/ vocês se sentam Sentaram-se z Reflexivos: verbos que apresentam pronome oblíquo átono reflexivo, funcionando sinta- ticamente como objeto direto ou indireto. Nesses verbos, o sujeito sofre e pratica a ação verbal ao mesmo tempo. Ex.: Ela se veste mal. Nós nos cumprimentamos friamente; z Impessoais: verbos que designam fenômenos da natureza, como chover, trovejar, nevar etc. � o verbo haver, com sentido de existir ou marcando tempo decorrido, também será impessoal. Ex.: Havia muitos candidatos e poucas vagas. Há dois anos, fui aprovado em concurso público; � os verbos ser e estar também são verbos impessoais quando designam fenômeno cli- mático ou tempo. Ex.: Está muito quente! / Era tarde quando chegamos; � o verbo ser para indicar hora, distância ou data concorda com esses elementos; � o verbo fazer também poderá ser impessoal, quando indicar tempo decorrido ou tem- po climático. Ex.: Faz anos que estudo pintura. Aqui faz muito calor; � os verbos impessoais não apresentam sujeito; sintaticamente, classifica-se como sujeito inexistente; � o verbo ser será impessoal quando o espaço sintático ocupado pelo sujeito não estiver preenchido: “Já é natal”. Segue o mesmo paradigma do verbo fazer, podendo ser impes- soal, também, o verbo ir: “Vai uns bons anos que não vejo Mariana”. z Auxiliares: os verbos auxiliares são empregados nas formas compostas dos verbos e tam- bém nas locuções verbais. Os principais verbos auxiliares dos tempos compostos são ter e haver. Nas locuções, os verbos auxiliares determinam a concordância verbal; porém, o verbo principal determina a regência estabelecida na oração. Apresentam forte carga semântica que indica modo e aspecto da oração. São importantes na formação da voz passiva analítica. z Formas Nominais: na língua portuguesa, usamos três formas nominais dos verbos: � Gerúndio: terminação -ndo. Apresenta valor durativo da ação e equivale a um advér- bio ou adjetivo. Ex.: Minha mãe está rezando; � Particípio: terminações -ado, -ido, -do, -to, -go, -so. Apresenta valor adjetivo e pode ser classificado em particípio regular e irregular, sendo as formas regulares finalizadas em -ado e -ido. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Amanda - amanda-lov@hotmail.com, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. 68 A norma culta gramatical recomenda o uso do particípio regular com os verbos “ter” e “haver”. Já com os verbos “ser” e “estar”, recomenda-se o uso do particípio irregular. Ex.: Os policiais haviam expulsado os bandidos / Os traficantes foram expulsos pelos policiais. � Infinitivo: marca as conjugações verbais. AR: verbos que compõem a 1ª conjugação (amar, passear); ER: verbos que compõem a 2ª conjugação (comer, pôr); IR: verbos que compõem a 3ª conjugação (partir, sair). Dica O verbo “pôr” corresponde à segunda conjugação, pois origina-se do verbo “poer”. O mesmo acontece com verbos que deste derivam. Vozes Verbais As vozes verbais definem o papel do sujeito na oração, demonstrando se o sujeito é o agen- te da ação verbal ou se ele recebe a ação verbal. Dividem-se em: z Ativa: o sujeito é o agente, praticando a ação verbal. Ex.: O policial deteve os bandidos; z Passiva: o sujeito é paciente, ou seja, sofre a ação verbal. Ex.: Os bandidos foram detidos pelo policial — passiva analítica; z Detiveram-se os criminosos — passiva sintética. z Reflexiva: o sujeito é agente e paciente ao mesmo tempo, pois pratica e recebe a ação verbal. Ex.: Os bandidos se entregaram à polícia. / O menino se agrediu; z Recíproca: o sujeito é agente e paciente ao mesmo tempo, porém há uma ação comparti- lhada entre dois indivíduos. A ação pode ser compartilhada entre dois ou mais indivíduos que praticam e sofrem a ação. Ex.: Os bandidos se olharam antes do julgamento. / Apesar do ódio mútuo, os candidatos se cumprimentaram. A voz passiva é realizada a partir da troca de funções entre sujeito e objeto da voz ativa. Só podemos transformar uma frase da voz ativa para a voz passiva se o verbo da voz ativa for transitivo direto ou transitivo direto e indireto. Logo, só é possível fazer a transformação para a voz passiva se houver a presença do objeto direto. Importante! Não confunda os verbos pronominais com as vozes verbais. Os verbos pro- nominais que indicam sentimentos, como arrepender-se, queixar-se, dignar-se, entre outros, acompanham um pronome que faz parte integrante do seu significado, diferentemente das vozes verbais, que acompanham o pronome “se” com função sintática própria. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Amanda - amanda-lov@hotmail.com, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. LÍ N G U A P O RT U G U ES A 69 Outras Funções do “Se” Como vimos, o “se” pode funcionar como item essencial na voz passiva. Além dessa fun- ção, esse elemento também acumula outras atribuições: z Partícula apassivadora: a voz passiva sintética é feita com verbos transitivos direto (TD) ou transitivos direto indireto (TDI). Nessa voz, incluímos o “se” junto ao verbo, por isso, o elemento “se” é designado partícula apassivadora, nesse contexto. Ex.: Busca-se a felicidade (voz passiva sintética) — “Se” (partícula apassivadora). O “se” exercerá essa função apenas: � com verbos cuja transitividade seja TD ou TDI; � com verbos que concordam com o sujeito; � com a voz passiva sintética. Atenção: na voz passiva nunca haverá objeto direto (OD), pois ele se transforma em sujei- to paciente. z Índice de indeterminação do sujeito: o “se” funcionará nessa condição quando não for possível identificar o sujeito explícito ou subentendido. Além disso, não podemos confun- dir essa função do “se” com a de apassivador, já que, para ser índice de indeterminação do sujeito, a oração precisa estar na voz ativa. Outra importante característica do “se” como índice de indeterminação do sujeito é que isso ocorre em verbos transitivos indiretos, verbos intransitivos ou verbos de ligação. Além disso, o verbo sempre deverá estar na 3ª pessoa do singular. Ex.: Acredita-se em Deus. z Pronome reflexivo: na função de pronome reflexivo, a partícula “se” indicará reflexão ou reciprocidade, auxiliando a construção dessas vozes verbais, respectivamente. Nessa função, suas principais características são: � sujeito recebe e pratica a ação; � funcionará, sintaticamente, como objeto direto ou indireto; � o sujeito da frase poderá estar explícito ou implícito. Ex.: Ele se via no espelho (explícito). Deu-se um presente de aniversário (implícito). z Parte integrante do verbo: nesses casos, o “se” será parte integrante dos verbos pronomi- nais, acompanhando-o em todas as suas flexões. Quando o “se” exerce essa função, jamais terá uma função sintática. Além disso, o sujeito da frase poderá estar explícito ou implícito. Ex.: (Ele/a) Lembrou-se da mãe, quando olhou a filha; O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Amanda - amanda-lov@hotmail.com, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. 70 z Partícula de realce: será partícula de realce o “se” que puder ser retirado do contexto sem prejuízo no sentido e na compreensão global do texto. A partícula de realce não exerce função sintática, pois é desnecessária. Ex.: Vão-seos anéis, ficam-se os dedos; z Conjunção: o “se” será conjunção condicional quando sugerir a ideia de condição. A con- junção “se” exerce função de conjunção integrante, apenas ligando as orações, e poderá ser substituído pela conjunção “caso”. Ex.: Se ele estudar, será aprovado. (Caso ele estudar, será aprovado). Conjugação de Verbos Derivados Verbo derivado é aquele que deriva de um verbo primitivo; para trabalhar a conjugação desses verbos, é importante ter clara a conjugação de seus “originários”. Atente-se à lista de verbos irregulares e de algumas de suas derivações a seguir, pois são assuntos relevantes em provas diversas: z Pôr: repor, propor, supor, depor, compor, expor; z Ter: manter, conter, reter, deter, obter, abster-se; z Ver: antever, rever, prever; z Vir: intervir, provir, convir, advir, sobrevir. Vamos conhecer agora alguns verbos cuja conjugação apresenta paradigma derivado, auxiliando a compreensão dessas conjugações verbais. O verbo criar é conjugado da mesma forma que os verbos “variar”, “copiar”, “expiar” e todos os demais que terminam em -iar. Os verbos com essa terminação são, predominante- mente, regulares. PRESENTE — INDICATIVO Eu Crio Tu Crias Ele/Você Cria Nós Criamos Vós Criais Eles/Vocês Criam Os verbos terminados em -ear, por sua vez, geralmente são irregulares e apresentam algu- ma modificação no radical ou nas desinências. Acompanhe a conjugação do verbo “passear”: PRESENTE — INDICATIVO Eu Passeio Tu Passeias Ele/Você Passeia Nós Passeamos Vós Passeais Eles/Vocês Passeiam O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Amanda - amanda-lov@hotmail.com, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. LÍ N G U A P O RT U G U ES A 71 Conjugação de Alguns Verbos Vamos agora conhecer algumas conjugações de verbos irregulares importantes, que sem- pre são objeto de questões em concursos. Observe o verbo “aderir” no presente do indicativo: PRESENTE — INDICATIVO Eu Adiro Tu Aderes Ele/Você Adere Nós Aderimos Vós Aderis Eles/Vocês Aderem A seguir, acompanhe a conjugação do verbo “por”. São conjugados da mesma forma os verbos dispor, interpor, sobrepor, compor, opor, repor, transpor, entrepor, supor. PRESENTE — INDICATIVO Eu Ponho Tu Pões Ele/Você Põe Nós Pomos Vós Pondes Eles/Vocês Põem PREPOSIÇÕES Conceito São palavras invariáveis que ligam orações ou outras palavras. As preposições apresen- tam funções importantes tanto no aspecto semântico quanto no aspecto sintático, pois com- plementam o sentido de verbos e/ou palavras cujo sentido pode ser alterado sem a presença da preposição, modificando a transitividade verbal e colaborando para o preenchimento de sentido de palavras deverbais4. As preposições essenciais são: a, ante, até, após, com, contra, de, desde, em, entre, para, per, perante, por, sem, sob, trás. Existem, ainda, as preposições acidentais, assim chamadas pois pertencem a outras clas- ses gramaticais, mas funcionam, ocasionalmente, como preposições. Eis algumas: afora, con- forme (quando equivaler a “de acordo com”), consoante, durante, exceto, salvo, segundo, senão, mediante, que, visto (quando equivaler a “por causa de”). Acompanhe a seguir algumas preposições e exemplos de uso em diferentes situações: 4 Palavras deverbais são substantivos que expressam, de forma nominal e abstrata, o sentido de um verbo com o qual mantêm relação. Exemplo: a filmagem, o pagamento, a falência etc. Geralmente, os nomes deverbais são acompanhados por preposições e, sintaticamente, o termo que completa o sentido desses nomes é conhecido como complemento nominal. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Amanda - amanda-lov@hotmail.com, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. 72 “A” z Causa ou motivo: Acordar aos gritos das crianças; z Conformidade: Escrever ao modo clássico; z Destino (em correlação com a preposição de): De Santos à Bahia; z Meio: Voltarei a andar a cavalo; z Preço: Vendemos o armário a R$ 300,00; z Direção: Levantar as mãos aos céus; z Distância: Cair a poucos metros da namorada; z Exposição: Ficar ao sol por um longo tempo; z Lugar: Ir a Santa Catarina; z Modo: Falar aos gritos; z Sucessão: Dia a dia; z Tempo: Nasci a três de maio; z Proximidade: Estar à janela. “Após” z Lugar: Permaneça na fila após o décimo lugar; z Tempo: Logo após o almoço descansamos. “Com” z Causa: Ficar pobre com a inflação; z Companhia: Ir ao cinema com os amigos; z Concessão: Com mais de 80 anos, ainda tem planos para o futuro; z Instrumento: Abrir a porta com a chave; z Matéria: Vinho se faz com uva; z Modo: Andar com elegância; z Referência: Com sua irmã aconteceu diferente; comigo sempre é assim. “Contra” z Oposição: Jogar contra a seleção brasileira; z Direção: Olhar contra o sol; z Proximidade ou contiguidade: Apertou o filho contra o peito. “De” z Causa: Chorar de saudade; z Assunto: Falar de religião; z Matéria: Material feito de plástico; z Conteúdo: Maço de cigarro; z Origem: Você descende de família humilde; z Posse: Este é o carro de João; O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Amanda - amanda-lov@hotmail.com, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. LÍ N G U A P O RT U G U ES A 73 z Autoria: Esta música é de Chopin; z Tempo: Ela dorme de dia; z Lugar: Veio de São Paulo; z Definição: Pessoa de coragem; z Dimensão: Sala de vinte metros quadrados; z Fim ou finalidade: Carro de passeio; z Instrumento: Comer de garfo e faca; z Meio: Viver de ilusões; z Medida ou extensão: Régua de 30 cm; z Modo: Olhar alguém de frente; z Preço: Caderno de 10 reais; z Qualidade: Vender artigo de primeira; z Semelhança ou comparação: Atitudes de pessoa corajosa. “Desde” z Distância: Dormiu desde o acampamento até aqui; z Tempo: Desde ontem ele não aparece. “Em” z Preço: Avaliou a propriedade em milhares de dólares; z Meio: Pagou a dívida em cheque; z Limitação: Aquele aluno em Química nunca foi bom; z Forma ou semelhança: As crianças juntaram as mãos em concha; z Transformação ou alteração: Transformou dólares em reais; z Estado ou qualidade: Foto em preto e branco; z Fim: Pedir em casamento; z Lugar: Ficou muito tempo em Sorocaba; z Modo: Escrever em francês; z Sucessão: De grão em grão; z Tempo: O fogo destruiu o edifício em minutos; z Especialidade: João formou-se em Engenharia. “Entre” z Lugar: Ele ficou entre os aprovados; z Meio social: Entre as elites, este é o comportamento; z Reciprocidade: Entre mim e ele sempre houve discórdia. “Para” z Consequência: Você deve ser muito esperto para não cair em armadilhas; z Fim ou finalidade: Chegou cedo para a conferência; z Lugar: Em 2011, ele foi para Portugal; O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Amanda - amanda-lov@hotmail.com, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. 74 z Proporção: As baleias estão para os peixes assim como nós estamos para as galinhas; z Referência: Para mim, ela está mentindo; z Tempo: Para o ano irei à praia; z Destino ou direção: Olhe para frente! “Perante” z Lugar: Ele negou o crime perante o júri. “Por” z Modo ou conformidade: Vamos escolher por sorteio; z Causa: Encontrar alguém por coincidência; z Conformidade: Copiar por original; z Favor: Lutar por seus ideais; z Medida: Vendia banana por quilo; z Meio: Ir por terra; z Modo: Saber por alto o que ocorreu; z Preço: Comprar um livro por vinte reais; z Quantidade: Chocar por três vezes; z Substituição: Comprar gato por lebre; z Tempo: Viver por muitosanos. “Sem” z Ausência ou desacompanhamento: Estava sem dinheiro. “Sob” z Tempo: Houve muito progresso no Brasil sob D. Pedro II; z Lugar: Ficar sob o viaduto; z Modo: Saiu da reunião sob pretexto não convincente. “Sobre” z Assunto: Não gosto de falar sobre política; z Direção: Ir sobre o adversário; z Lugar: Cair sobre o inimigo. Locuções Prepositivas São grupos de palavras que equivalem a uma preposição. Ex.: Falei sobre o tema da prova. (preposição) / Falei acerca do tema da prova. (locução prepositiva) O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Amanda - amanda-lov@hotmail.com, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. LÍ N G U A P O RT U G U ES A 75 A locução prepositiva na segunda frase substitui perfeitamente a preposição “sobre”. As locuções prepositivas sempre terminam em uma preposição (há apenas uma exceção: a locu- ção prepositiva com sentido concessivo “não obstante”). Veja alguns exemplos: z Apesar de. Ex.: Apesar de terem sumido, voltaram logo; z A respeito de. Ex.: Nossa reunião foi a respeito de finanças; z Graças a. Ex.: Graças ao bom Deus, não aconteceu nada grave; z De acordo com. Ex.: De acordo com W. Hamboldt, a língua é indispensável para que pos- samos pensar, mesmo que estivéssemos sempre sozinhos; z Por causa de. Ex.: Por causa de poucos pontos, não passei no exame; z Para com. Ex.: Minha mãe me ensinou ter respeito para com os mais velhos; z Por baixo de. Ex.: Por baixo do vestido, ela usa um short. Outros exemplos de locuções prepositivas: abaixo de; acerca de; acima de; devido a; a despeito de; adiante de; defronte de; embaixo de; em frente de; junto de; perto de; por entre; por trás de; quanto a; a fim de; por meio de; em virtude de. Importante! Algumas locuções prepositivas apresentam semelhanças morfológicas, mas significados completamente diferentes. Observe estes exemplos5: A opinião dos diretores vai ao encontro do planejamento inicial = Concordância. As decisões do público foram de encontro à proposta do programa = Discordância. Em vez de comer lanches gordurosos, coma frutas = Substituição. Ao invés de chegar molhado, chegou cedo = Oposição. Combinações e Contrações As preposições podem se ligar a outras palavras de outras classes gramaticais por meio de dois processos: combinação e contração. z Combinação: quando se ligam sem sofrer nenhuma redução. a + o = ao a + os = aos z Contração: quando, ao se ligarem, sofrem redução. Veja a lista a seguir6, que apresenta as preposições que se contraem e suas devidas formas: 5 Disponível em: instagram.com/academiadotexto. Acesso em: 20 nov. 2020. 6 Disponível em: https://www.preparaenem.com/portugues/combinacao-contracao-das-preposicoes.htm. Acesso em: 20 naov. 2020. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Amanda - amanda-lov@hotmail.com, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. 76 z Preposição “a”: � Com o artigo definido ou pronome demonstrativo feminino: a + a= à a + as= às � Com o pronome demonstrativo: a + aquele = àquele a + aqueles = àqueles a + aquela = àquela a + aquelas = àquelas a + aquilo = àquilo z Preposição “de”: � Com artigo definido masculino e feminino: de + o/os = do/dos de + a/as = da/das � Com artigo indefinido: de + um= dum de + uns = duns de + uma = duma de + umas = dumas � Com pronome demonstrativo: de + este(s)= deste, destes de + esta(s)= desta, destas de + isto= disto de + esse(s) = desse, desses de + essa(s)= dessa, dessas de + isso = disso de + aquele(s) = daquele, daqueles de + aquela(s) = daquela, daquelas de + aquilo= daquilo � Com o pronome pessoal: de + ele(s) = dele, deles de + ela(s) = dela, delas � Com o pronome indefinido: de + outro(s)= doutro, doutros de + outra(s) = doutra, doutras � Com advérbio: de + aqui= daqui de + aí= daí de + ali= dali O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Amanda - amanda-lov@hotmail.com, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. LÍ N G U A P O RT U G U ES A 77 z Preposição “em”: � Com artigo definido: em + a(s)= na, nas em + o(s)= no, nos � Com pronome demonstrativo: em + esse(s)= nesse, nesses em + essa(s)= nessa, nessas em + isso = nisso em + este(s) = neste, nestes em + esta(s) = nesta, nestas em + isto = nisto em + aquele(s) = naquele, naqueles em + aquela(s) = naquelas em + aquilo = naquilo � Com pronome pessoal: em + ele(s) = nele, neles em + ela(s) = nela, nelas z Preposição “per”: � Com as formas antigas do artigo definido (lo, la): per + lo(s) = pelo, pelos per + la(s) = pela, pelas z Preposição “para” (pra): � Com artigo definido: para (pra) + o(s) = pro, pros para (pra) + a(s)= pra, pras Algumas Relações Semânticas Estabelecidas por Preposições Antes de entrarmos neste assunto, vale relembrar o que significa Semântica. Semântica é a área do conhecimento que relaciona o significado da palavra ao seu contexto. É importante ressaltar que as preposições podem apresentar valor relacional ou podem atribuir um valor nocional. As preposições que apresentam um valor relacional cumprem uma relação sintática com verbos ou substantivos, que, em alguns casos, são chamados deverbais, conforme já mencionamos. Essa mesma relação sintática pode ocorrer com adjetivos e advérbios, os quais também apresentarão função deverbal. Ex.: Concordo com o advogado (preposição exigida pela regência do verbo concordar). Tenho medo da queda (preposição exigida pelo complemento nominal). Estou desconfiado do funcionário (preposição exigida pelo adjetivo). Fui favorável à eleição (preposição exigida pelo advérbio). O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Amanda - amanda-lov@hotmail.com, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. 78 Em todos esses casos, a preposição mantém uma relação sintática com a classe de palavras a qual se liga, sendo, portanto, obrigatória a sua presença na sentença. De modo oposto, as preposições cujo valor nocional é preponderante apresentam uma modificação no sentido da palavra à qual se liga. Elas não são componentes obrigatórios na construção da sentença, divergindo das preposições de valor relacional. As preposições de valor nocional estabelecem uma noção de posse, causa, instrumento, matéria, modo etc. Vejamos algumas na tabela a seguir: VALOR NOCIONAL DAS PREPOSIÇÕES SENTIDO Posse Carro de Marcelo Lugar O cachorro está sob a mesa Modo Votar em branco / Chegar aos gritos Causa Preso por agressão Assunto Falar sobre política Origem Descende de família simples Destino Olhe para frente! / Iremos a Paris CONJUNÇÕES Assim como as preposições, as conjunções também são invariáveis e também auxiliam na organização das orações, ligando termos e, em alguns casos, orações. Por manterem relação direta com a organização das orações nas sentenças, as conjunções podem ser coordenati- vas ou subordinativas. Conjunções Coordenativas As conjunções coordenativas são aquelas que ligam orações coordenadas, ou seja, orações que não fazem parte de uma outra; em alguns casos, ainda, essas conjunções ligam núcleos de um mesmo termo da oração. As conjunções coordenadas podem ser: z Aditivas: somam informações. E, nem, bem como, não só, mas também, não apenas, como ainda, senão (após não só). Ex.: Não fiz os exercícios nem revisei. O gato era o preferido, não só da filha, senão de toda família. z Adversativas: colocam informações em oposição, contradição. Mas, porém, contudo, todavia, entretanto, não obstante, senão (equivalente a mas). Ex.:Não tenho um filho, mas dois. A culpa não foi da população, senão dos vereadores (equivale a “mas sim”). Importante! A conjunção “e” pode apresentar valor adversativo, principalmente quando é antecedida por vírgula: Estava querendo dormir, e o barulho não deixava. z Alternativas: ligam orações com ideias que não acontecem simultaneamente, que se excluem. Ou, ou...ou, quer...quer, seja...seja, ora...ora, já...já. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Amanda - amanda-lov@hotmail.com, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. LÍ N G U A P O RT U G U ES A 79 Ex.: Estude ou vá para a festa. Seja por bem, seja por mal, vou convencê-la. Importante! A palavra “senão” pode funcionar como conjunção alternativa: Saia agora, senão chamarei os guardas! (pode-se trocá-la por “ou”). z Explicativas: ligam orações, de forma que em uma delas explica-se o que a outra afirma. Que, porque, pois, (se vier no início da oração), porquanto. Ex.: Estude, porque a caneta é mais leve que a enxada! Viva bem, pois isso é o mais importante. Importante! “Pois” com sentido explicativo inicia uma oração e justifica outra. Ex.: Volte, pois sinto saudades. “Pois” conclusivo fica após o verbo, deslocado entre vírgulas: Nessa instabilidade, o dólar voltará, pois, a subir. z Conclusivas: ligam duas ideias, de forma que a segunda conclui o que foi dito na primeira. Logo, portanto, então, por isso, assim, por conseguinte, destarte, pois (deslocado na frase). Ex.: Estava despreparado, por isso, não fui aprovado. Está na hora da decolagem; deve, então, apressar-se. Lembre-se: as conjunções “e”, “nem” não devem ser empregadas juntas (“e nem”). Ten- do em vista que ambas indicam a mesma relação aditiva, o uso concomitante acarreta em redundância. Conjunções Subordinativas Tais quais as conjunções coordenativas, as subordinativas estabelecem uma ligação entre as ideias apresentadas em um texto. Porém, diferentemente daquelas, estas ligam ideias apresentadas em orações subordinadas, ou seja, orações que precisam de outra para terem o sentido apreendido. z Causal: iniciam a oração dando ideia de causa. Haja vista, que, porque, pois, porquanto, visto que, uma vez que, como (equivale a porque) etc. Ex.: Como não choveu, a represa secou. z Consecutiva: iniciam a oração expressando ideia de consequência. Que (depois de tal, tanto, tão), de modo que, de forma que, de sorte que etc. Ex.: Estudei tanto que fiquei com dor de cabeça. z Comparativa: iniciam orações comparando ações e, em geral, o verbo fica subtendido. Como, que nem, que (depois de mais, menos, melhor, pior, maior), tanto... quanto etc. Ex.: Corria como um touro. Ela dança tanto quanto Carlos. z Conformativa: expressam a conformidade de uma ideia com a da oração principal. Con- forme, como, segundo, de acordo com, consoante etc. Ex.: Tudo ocorreu conforme o planejado. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Amanda - amanda-lov@hotmail.com, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. 80 Amanhã chove, segundo informa a previsão do tempo. z Concessiva: iniciam uma oração com uma ideia contrária à da oração principal. Embora, conquanto, ainda que, mesmo que, em que pese, posto que etc. Ex.: Teve que aceitar a crítica, conquanto não tivesse gostado. Trabalhava, por mais que a perna doesse. z Condicional: iniciam uma oração com ideia de hipótese, condição. Se, caso, desde que, contanto que, a menos que, somente se etc. Ex.: Se eu quisesse falar com você, teria respondido sua mensagem. Posso lhe ajudar, caso necessite. z Proporcional: ideia de proporcionalidade. À proporção que, à medida que, quanto mais... mais, quanto menos...menos etc. Ex.: Quanto mais estudo, mais chances tenho de ser aprovado. Ia aprendendo, à medida que convivia com ela. z Final: expressam ideia de finalidade. Final, para que, a fim de que etc. Ex.: A professora dá exemplos para que você aprenda! Comprou um computador a fim de que pudesse trabalhar tranquilamente. z Temporal: iniciam a oração expressando ideia de tempo. Quando, enquanto, assim que, até que, mal, logo que, desde que etc. Ex.: Quando viajei para Fortaleza, estive na Praia do Futuro. Mal cheguei à cidade, fui assaltado. Atenção! Os valores semânticos das conjunções não se prendem às formas morfológicas desses elementos. O valor das conjunções é construído contextualmente, por isso, é funda- mental estar atento aos sentidos estabelecidos no texto. Ex.: Se Mariana gosta de você, por que você não a procura? (Se = causal = já que) Por que ficar preso na cidade, quando existe tanto ar puro no campo? (Quando = causal = já que). Conjunções Integrantes As conjunções integrantes fazem parte das orações subordinadas; na realidade, elas ape- nas integram uma oração principal à outra, subordinada. Existem apenas dois tipos de con- junções integrantes: “que” e “se”. z Quando é possível substituir o “que” pelo pronome “isso”, estamos diante de uma conjun- ção integrante. Ex.: Quero que a prova esteja fácil. (Quero. O quê? Isso). z Sempre haverá conjunção integrante em orações substantivas e, consequentemente, em períodos compostos. Ex.: Perguntei se ele estava em casa. (Perguntei. O quê? Isso). z Nunca devemos inserir uma vírgula entre um verbo e uma conjunção integrante. Ex.: Sabe-se, que o Brasil é um país desigual (errado). Sabe-se que o Brasil é um país desigual (certo). O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Amanda - amanda-lov@hotmail.com, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. LÍ N G U A P O RT U G U ES A 81 INTERJEIÇÕES As interjeições também fazem parte do grupo de palavras invariáveis, tal como as prepo- sições e as conjunções. Sua função é expressar estado de espírito e emoções; por isso, apre- sentam forte conotação semântica. Uma interjeição sozinha pode equivaler a uma frase. Ex.: Tchau! As interjeições indicam relações de sentido diversas. A seguir, apresentamos um quadro com os sentimentos e sensações mais expressos pelo uso de interjeições: VALOR SEMÂNTICO INTERJEIÇÃO Advertência Cuidado! Devagar! Calma! Alívio Arre! Ufa! Ah! Alegria/Satisfação Eba! Oba! Viva! Desejo Oh! Tomara! Oxalá! Repulsa Irra! Fora! Abaixo! Dor/Tristeza Ai! Ui! Que pena! Espanto Oh! Ah! Opa! Putz! Saudação Salve! Viva! Adeus! Tchau! Medo Credo! Cruzes! Uh! Oh! É salutar lembrar que o sentido exato de cada interjeição só poderá ser apreendido diante do contexto. Por isso, em questões que abordem essa classe de palavras, o candidato deve reler o trecho em que a interjeição aparece, a fim de se certificar do sentido expresso no texto. Isso acontece pois qualquer expressão exclamativa que expresse sentimento ou emoção pode funcionar como uma interjeição. Lembre-se dos palavrões, por exemplo, que são inter- jeições por excelência, mas que, dependendo do contexto, podem ter seu sentido alterado. Antes de concluirmos, é importante ressaltar o papel das locuções interjetivas, conjunto de palavras que funciona como uma interjeição, como: Meu Deus! Ora bolas! Valha-me Deus! Ao selecionar palavras, nós as escolhemos entre os grandes grupos de palavras existentes na língua, como verbos, substantivos ou adjetivos. Esses são grupos morfológicos. Ao combi- nar as palavras em frases, nós construímos um painel morfológico. As palavras normalmente recebem uma dupla classificação: a morfológica, que está rela- cionada à classe gramatical a que pertence, e a sintática, relacionada à função específica que assumem em determinada frase. Frase Frase é todo enunciado com sentido completo. Pode ser formada por apenas uma palavra ou por um conjunto de palavras.Ex.: Fogo! Silêncio! “A igreja, com este calor, é fornalha...” (Graciliano Ramos). O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Amanda - amanda-lov@hotmail.com, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. 82 Oração Enunciado que se estrutura em torno de um verbo (explícito, implícito ou subentendido) ou de uma locução verbal. Quanto ao sentido, a oração pode apresentá-lo completo ou incompleto. Ex.: Você é um dos que se preocupam com a poluição. “A roda de samba acabou” (Chico Buarque). Período Período é o enunciado constituído de uma ou mais orações. Classifica-se em: z Simples: possui apenas uma oração. Ex.: O sol surgiu radiante. Ninguém viu o acidente. z Composto: possui duas ou mais orações. Ex.: “Amou daquela vez como se fosse a última.” (Chico Buarque) Chegou em casa e tomou banho. PERÍODO SIMPLES — TERMOS DA ORAÇÃO Os termos que formam o período simples são distribuídos em: essenciais (Sujeito e Predi- cado), integrantes (complemento verbal, complemento nominal e agente da passiva) e aces- sórios (adjunto adnominal, adjunto adverbial e aposto). TERMOS ESSENCIAIS DA ORAÇÃO São aqueles indispensáveis para a estrutura básica da oração. Costuma-se associar esses termos a situações analógicas, como um almoço tradicional brasileiro constituído basicamente de arroz e feijão, por exemplo. São eles: sujeito e predicado. Veremos a seguir cada um deles. Sujeito É o elemento que faz ou sofre a ação determinada pelo verbo. O sujeito pode ser: z o termo sobre o qual o restante da oração diz algo; z o elemento que pratica ou recebe a ação expressa pelo verbo; z o termo que pode ser substituído por um pronome do caso reto; z o termo com o qual o verbo concorda. Ex.: A população implorou pela compra da vacina da covid-19. No exemplo anterior a população é: z o elemento sobre o qual se declarou algo (implorou pela compra da vacina); O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Amanda - amanda-lov@hotmail.com, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. LÍ N G U A P O RT U G U ES A 83 z o elemento que pratica a ação de implorar; z o termo com o qual o verbo concorda (o verbo implorar está flexionado na 3ª pessoa do singular); z o termo que pode ser substituído por um pronome do caso reto. (Ela implorou pela compra da vacina da covid-19.) Núcleo do Sujeito O núcleo é a palavra base do sujeito. É a principal porque é a respeito dela que o predicado diz algo. O núcleo indica a palavra que realmente está exercendo determinada função sintáti- ca, que atua ou sofre a ação. O núcleo do sujeito apresentará um substantivo, ou uma palavra com valor de substantivo, ou pronome. z O sujeito simples contém apenas um núcleo. Ex.: O povo pediu providências ao governador. Sujeito: O povo Núcleo do sujeito: povo z Já no sujeito composto, o núcleo será constituído de dois ou mais termos. As luzes e as cores são bem visíveis. Sujeito: As luzes e as cores Núcleo do sujeito: luzes/cores Dica Para determinar o sujeito da oração, colocam-se as expressões interrogativas quem? ou o quê? antes do verbo. Ex.: A população pediu uma providência ao governador. Quem pediu uma providência ao governador? Resposta: A população (sujeito). Ex.: O pêndulo do relógio iria de um lado para o outro. O que iria de um lado para o outro? Resposta: O pêndulo do relógio (sujeito). Tipos de Sujeito Quanto à função na oração, o sujeito classifica-se em: DETERMINADO Simples Composto Elíptico INDETERMINADO Com verbos flexionados na 3ª pessoa do plural Com verbos acompanhados do se (índice de indeterminação do sujeito) O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Amanda - amanda-lov@hotmail.com, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. 84 INEXISTENTE Usado para fenômenos da natureza ou com verbos impessoais z Determinado: quando se identifica a pessoa, o lugar ou o objeto na oração. Classifica-se em: � Simples: quando há apenas um núcleo. Ex.: O [aluguel] da casa é caro. Núcleo: aluguel Sujeito simples: O aluguel da casa; � Composto: quando há dois núcleos ou mais. Ex.: Os [sons] e as [cores] ficaram perfeitos. Núcleos: sons, cores. Sujeito composto: Os sons e as cores; � Elíptico, oculto ou desinencial: quando não aparece na oração, mas é possível de ser identificado devido à flexão do verbo ao qual se refere.Ex.: Vi o noticiário hoje de manhã. Sujeito: (Eu) z Indeterminado: quando não é possível identificar o sujeito na oração, mas ainda sim está presente. Encontra-se na 3ª pessoa do plural ou representado por um índice de indetermi- nação do sujeito, a partícula “se”. � Colocando-se o verbo na 3ª pessoa do plural, não se referindo a nenhuma palavra deter- minada no contexto. Ex.: Passaram cedo por aqui, hoje. Entende-se que alguém passou cedo; � Colocando-se verbos (intransitivos, transitivos diretos ou de ligação) sem complemento direto na 3ª pessoa do singular acompanhados do pronome se, pronome que atua como índice de indeterminação do sujeito. Ex.: Não se vê com a neblina. Entende-se que ninguém consegue ver nessa condição. Sujeito Inexistente ou Oração sem Sujeito Esse tipo de situação ocorre quando uma oração não tem sujeito mas tem sentido com- pleto. Os verbos são impessoais e normalmente representam fenômenos da natureza. Pode ocorrer também o verbo fazer ou haver no sentido de existir. Geia no Paraná. Fazia um mês que tinha sumido. Basta de confusão. Há dois anos esse restaurante abriu. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Amanda - amanda-lov@hotmail.com, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. LÍ N G U A P O RT U G U ES A 85 Classificação do Sujeito Quanto à Voz z Voz ativa (sujeito agente) Ex.: Cláudia corta cabelos de terça a sábado. Nesse caso, o termo “Cláudia” é a pessoa que exerce a ação na frase; z Voz passiva sintética (sujeito paciente) Ex.: Corta-se cabelo. Pode-se ler “Cabelo é cortado”, ou seja, o sujeito “cabelo” sofre uma ação, diferente do exemplo do item anterior. O “-se” é a partícula apassivadora da oração. Importante notar que não há preposição entre o verbo e o substantivo. Se houvesse, por exemplo, “de” no meio da frase, o termo “cabelo” não seria mais sujeito, seria objeto indireto, um complemento verbal. Precisa-se de cabelo. Assim, “de cabelo” seria um complemento verbal, e não um sujeito da oração. Nesse caso, o sujeito é indeterminado, marcado pelo índice de indeterminação “-se”. z Voz passiva analítica (sujeito paciente) Ex.: A minha saia azul está rasgada. O sujeito está sofrendo uma ação, e não há presença da partícula -se. Predicado É o termo que contém o verbo e informa algo sobre o sujeito. Apesar de o sujeito e o pre- dicado serem termos essenciais na oração, há casos em que a oração não possui sujeito. Mas, se a oração é estruturada em torno de um verbo e ele está contido no predicado, é impossível existir uma oração sem sujeito. O predicado pode ser: z Aquilo que se declara a respeito do sujeito. Ex.: “A esposa e o amigo seguem sua marcha.” (José de Alencar); Predicado: seguem sua marcha; z Uma declaração que não se refere a nenhum sujeito (oração sem sujeito): Ex.: Chove pouco nesta época do ano; Predicado: Chove pouco nesta época do ano. Para determinar o predicado, basta separar o sujeito. Ocorrendo uma oração sem sujeito, o predicado abrangerá toda a declaração. A presença do verbo é obrigatória, seja de forma explícita ou implícita: Ex.: “Nossos bosques têm mais vidas.” (Gonçalves Dias)Sujeito: Nossos bosques. Predicado: têm mais vida. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Amanda - amanda-lov@hotmail.com, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. 86 Ex.: “Nossa vida mais amores”. (Gonçalves Dias) Sujeito: Nossa vida. Predicado: mais amores. Classificação do Predicado A classificação do predicado depende do significado e do tipo de verbo que apresenta. z Predicado nominal: ocorre quando o núcleo significativo se concentra em um nome (cor- responde a um predicativo do sujeito). O verbo deste tipo de oração é sempre de ligação. O predicado nominal tem por núcleo um nome (substantivo, adjetivo ou pronome). Ex.: “Nossas flores são mais bonitas.” (Murilo Mendes) Predicado: são mais bonitas. Ex.: “As estrelas estão cheias de calafrios.” (Olavo Bilac) Predicado: estão cheias de calafrios. É importante não confundir: z Verbo de ligação: quando não exprime uma ação, mas um estado momentâneo ou per- manente que relaciona o sujeito ao restante do predicado, que é o predicativo do sujeito; z Predicativo do sujeito: função exercida por substantivo, adjetivo, pronomes e locuções que atribuem uma condição ou qualidade ao sujeito. Ex.: O garoto está bastante feliz. Verbo de ligação: está. Predicativo do sujeito: bastante feliz. Ex.: Seu batom é muito forte. Verbo de ligação: é. Predicativo do sujeito: muito forte. Predicado Verbal Ocorre quando há dois núcleos significativos: um verbo (transitivo ou intransitivo) e um nome (predicativo do sujeito ou, em caso transitivo, predicativo do objeto). Da natureza des- se verbo é que decorrem os demais termos do predicado. O verbo do predicado pode ser classificado em transitivo direto, transitivo indireto, verbo transitivo direto e indireto ou verbo intransitivo. z Verbo transitivo direto (VTD): é o verbo que exige um complemento não preposicionado, o objeto direto. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Amanda - amanda-lov@hotmail.com, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. LÍ N G U A P O RT U G U ES A 87 Ex.: “Fazer sambas lá na vila é um brinquedo.” Noel Rosa Verbo Transitivo Direto: Fazer. Ex.: Ele trouxe os livros ontem. Verbo Transitivo Direto: trouxe; z Verbo transitivo indireto (VTI): o verbo transitivo indireto tem como necessidade o com- plemento acompanhado de uma preposição para fazer sentido. Ex.: Nós acreditamos em você. Verbo transitivo indireto: acreditamos Preposição: em Ex.: Frida obedeceu aos seus pais. Verbo transitivo indireto: obedeceu Preposição: a (a + os) Ex.: Os professores concordaram com isso. Verbo transitivo indireto: concordaram Preposição: com; z Verbo transitivo direto e indireto (VTDI): é o verbo de sentido incompleto que exige dois complementos: objeto direto (sem preposição) e objeto indireto (com preposição). Ex.: “Ela contava-lhe anedotas, e pedia-lhe outras.” (Machado de Assis) Verbo transitivo direto e indireto 1: contava Objeto direto 1: anedotas Objeto indireto 1: lhe Verbo transitivo direto e indireto 2: pedia Objeto direto 2: outras Objeto indireto 2: lhe; z Verbo intransitivo (VI): é aquele capaz de construir sozinho o predicado, que não precisa de complementos verbais, sem prejudicar o sentido da oração. Ex.: Escrevia tanto que os dedos adormeciam. Verbo intransitivo: adormeciam. Predicado Verbo-Nominal Ocorre quando há dois núcleos significativos: um verbo nocional (intransitivo ou tran- sitivo) e um nome (predicativo do sujeito ou, em caso de verbo transitivo, predicativo do objeto). Ex.: “O homem parou atento.” (Murilo Mendes) Verbo intransitivo: parou Predicativo do sujeito: atento Repare que no primeiro exemplo o termo “atento” está caracterizando o sujeito “O homem” e, por isso, é considerado predicativo do sujeito. Ex.: “Fabiano marchou desorientado.” (Olavo Bilac) Verbo intransitivo: marchou Predicativo do sujeito: desorientado O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Amanda - amanda-lov@hotmail.com, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. 88 No segundo exemplo, o termo “desorientado” indica um estado do termo “Fabiano”, que também é sujeito. Temos mais um caso de predicativo do sujeito. Ex.: “Ptolomeu achou o raciocínio exato.” (Machado de Assis) Verbo transitivo direto: achou Objeto direto: o raciocínio Predicativo do objeto: exato No terceiro exemplo, o termo “exato” caracteriza um julgamento relacionado ao termo “o raciocínio”, que é o objeto direto dessa oração. Com isso, podemos concluir que temos um caso de predicativo do objeto, visto que “exato” não se liga a “Ptolomeu”, que é o sujeito. O que é o predicativo do objeto? É o termo que confere uma característica, uma qualidade, ao que se refere. A formação do predicativo do objeto se dá por um adjetivo ou por um substantivo. Ex.: Consideramos o filme proveitoso. Predicativo do objeto: proveitoso Ex.: Chamavam-lhe vitoriosa, pelas conquistas. Predicativo do objeto: vitoriosa Para facilitar a identificação do predicativo do objeto, o recomendável é desdobrar a ora- ção, acrescentando-lhe um verbo de ligação, cuja função específica é relacionar o predicativo ao nome. O filme foi proveitoso. Ela era vitoriosa. Nessas duas últimas formas, os termos seriam predicativos do sujeito, pois são precedidos de verbos de ligação (foi e era, respectivamente). TERMOS INTEGRANTES DA ORAÇÃO São vocábulos que se agregam a determinadas estruturas para torná-las completas. De acordo com a gramática da língua portuguesa, esses termos são divididos em: Complementos Verbais São termos que completam o sentido de verbos transitivos diretos e transitivos indiretos. z Objeto direto: revela o alvo da ação. Não é acompanhado de preposição. Ex.: Examinei o relógio de pulso. Gostaria de vê-lo no topo do mundo. O técnico convocou somente os do Brasil. (os = aqueles). Pronomes e sua Relação com o Objeto Direto Além dos pronomes oblíquos o(s), a(s) e suas variações lo(s), la(s), no(s), na(s), que quase sempre exercem função de objeto direto, os pronomes oblíquos me, te, se, nos, vos também podem exercer essa função sintática. Ex.: Levou-me à sabedoria esta aula. (= “Levaram quem? A minha pessoa”) Nunca vos tomeis como grandes personalidades. (= “Nunca tomeis quem? Vós”) O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Amanda - amanda-lov@hotmail.com, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. LÍ N G U A P O RT U G U ES A 89 Convidaram-na para o almoço de despedida. (= “Convidaram quem? Ela”) Depois de terem nos recebido, abriram a caixa. (= “Receberam quem? Nós”) Os pronomes demonstrativos o, a, os, as podem ser objetos diretos. Normalmente, apare- cem antes do pronome relativo que. Ex.: Escuta o que eu tenho a dizer. (Escuta algo: esse algo é o objeto direto) Observe bem a que ele mostrar. (a = pronome feminino definido) z Objeto direto preposicionado Mesmo que o verbo transitivo direto não exija preposição no seu complemento, algumas palavras requerem o uso da preposição para não perder o sentido de “alvo” do sujeito. Além disso, há alguns casos obrigatórios e outros facultativos. � Exemplos com ocorrência obrigatória de preposição: Não entendo nem a ele nem a ti. Respeitava-se aos mais antigos. Ali estava o artista a quem nosso amigo idolatrava. Amavam-se um ao outro. “Olho Gabriela como a uma criança, e não mulher feita.” (Ciro dos Anjos). � Exemplos com ocorrência facultativa de preposição: Eles amam a Deus, assim diziam as pessoas daquele templo. A escultura atrai a todos os visitantes. Não admitoque coloquem a Sua Excelência num pedestal. Ao povo ninguém engana. Eu detesto mais a estes filmes do que àqueles. No caso “Você bebeu dessa água?”, a forma “dessa” (preposição de + pronome essa) pre- cisa estar presente para indicar parte de um todo, quando assim for o contexto de uso. Logo, a pergunta é se a pessoa bebeu uma porção da água, e não ela toda. z Objeto direto pleonástico: é a dupla ocorrência dessa função sintática na mesma oração, a fim de enfatizar um único significado. Ex.: “Eu não te engano a ti”. (Carlos Drummond de Andrade) z Objeto direto interno: representado por palavra que tem o mesmo radical do verbo ou apresenta mesmo significado. Ex.: Riu um riso aterrador. Dormiu o sono dos justos. Como diferenciar objeto direto de sujeito? Já começaram os jogos da seleção. (sujeito) Ignoraram os jogos da seleção. (objeto direto) O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Amanda - amanda-lov@hotmail.com, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. 90 O objeto direto pode ser passado para a voz passiva analítica e se transforma em sujeito. Os jogos da seleção foram ignorados. z Objeto indireto: é complemento verbal regido de preposição obrigatória, que se liga dire- tamente a verbos transitivos indiretos e diretos. Representa o ser beneficiado ou o alvo de uma ação. Ex.: Por favor, entregue a carta ao proprietário da casa 260. Gosto de ti, meu nobre. Não troque o certo pelo duvidoso. Vamos insistir em promover o novo romance de ficção. z Objeto indireto e o uso de pronomes pessoais Pode ser representado pelos seguintes pronomes oblíquos átonos: me, te, se, no, vos, lhe, lhes. Os pronomes o, a, os, as não exercerão essa função. Ex.: Mostre-lhe onde fica o banheiro, por favor. Todos os pronomes oblíquos tônicos (me, mim, comigo, te, ti, contigo) podem funcionar como objeto indireto, já que sempre ocorrem com preposição. Ex.: Você escreveu esta carta para mim? z Objeto indireto pleonástico: ocorrência repetida dessa função sintática com o objetivo de enfatizar uma mensagem. Ex.: A ele, sem reservas, supliquei-lhe ajuda. Complemento Nominal Completa o sentido de substantivos, adjetivos e advérbios. É uma função sintática regida de preposição e com objetivo de completar o sentido de nomes. A presença de um complemento nominal nos contextos de uso é fundamental para o esclarecimento do sentido do nome. Ex.: Tenho certeza de que tu serás aprovado. Estou longe de casa e tão perto do paraíso. Para melhor identificar um complemento nominal, siga a instrução: Nome + preposição + quem ou quê Como diferenciar complemento nominal de complemento verbal? Ex.: Naquela época, só obedecia ao meu coração. (complemento verbal, pois “ao meu cora- ção” liga-se diretamente ao verbo “obedecia”) Naquela época, a obediência ao meu coração prevalecia. (complemento nominal, pois “ao meu coração” liga-se diretamente ao nome “obediência”). Agente da Passiva É o complemento de um verbo na voz passiva analítica. Sempre é precedido da preposição por, e, mais raramente, da preposição de. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Amanda - amanda-lov@hotmail.com, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. LÍ N G U A P O RT U G U ES A 91 Forma-se essencialmente pelos verbos auxiliares ser, estar, viver, andar, ficar. TERMOS ACESSÓRIOS DA ORAÇÃO Há termos que, apesar de dispensáveis na estrutura básica da oração, são importantes para compreensão do enunciado porque trazem informações novas. Esses termos são cha- mados acessórios da oração. Adjunto Adnominal São termos que acompanham o substantivo, núcleo de outra função, para qualificar, quan- tificar, especificar o elemento representado pelo substantivo. Categorias morfológicas que podem funcionar como adjunto adnominal: z artigos; z adjetivos; z numerais; z pronomes; z locuções adjetivas. Ex.: Aqueles dois antigos soldadinhos de chumbo ficaram esquecidos no quarto. Iam cheios de si. Estava conquistando o respeito dos seus. O novo regulamento originou a revolta dos funcionários. O doutor possuía mil lembranças de suas viagens. z Pronomes oblíquos átonos e a função de adjunto adnominal: os pronomes me, te, lhe, nos, vos, lhes exercem essa função sintática quando assumem valor de pronomes possessivos. Ex.: Puxaram-me o cabelo (Puxam meu cabelo). z Como diferenciar adjunto adnominal de complemento nominal? Quando o adjunto adnominal for representado por uma locução adjetiva, ele pode ser confundido com complemento nominal. Para diferenciá-los, siga a dica: � Será adjunto adnominal: se o substantivo ao qual se liga for concreto. Ex.: A casa da idosa desapareceu. Se indicar posse ou o agente daquilo que expressa o substantivo abstrato. Ex.: A preferência do grupo não foi respeitada; � Será complemento nominal: se indicar o alvo daquilo que expressa o substantivo. Ex.: A preferência pelos novos alojamentos não foi respeitada. Notava-se o amor pelo seu trabalho. Se vier ligado a um adjetivo ou a um advérbio: Ex.: Manteve-se firme em seus objetivos. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Amanda - amanda-lov@hotmail.com, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. 92 Adjunto Adverbial Termo representado por advérbios, locuções adverbiais ou adjetivos com valor adverbial. Relaciona-se ao verbo ou a toda oração para indicar variadas circunstâncias. z Tempo: Quero que ele venha logo; z Lugar: A dança alegre se espalhou na avenida; z Modo: O dia começou alegremente; z Intensidade: Almoçou pouco; z Causa: Ela tremia de frio; z Companhia: Venha jantar comigo; z Instrumento: Com a máquina, conseguiu lavar as roupas; z Dúvida: Talvez ele chegue mais cedo; z Finalidade: Vivia para o trabalho; z Meio: Viajou de avião devido à rapidez; z Assunto: Falávamos sobre o aluguel; z Negação: Não permitirei que permaneça aqui; z Afirmação: Sairia sim naquela manhã; z Origem: Descendia de nobres. Não confunda! Para conseguir distinguir adjunto adverbial de adjunto adnominal, basta saber se o ter- mo relacionado ao adjunto é um verbo ou um nome, mesmo que o sentido seja parecido. Ex.: Descendência de nobres. (O “de nobres” aqui é um adjunto adnominal) Descendia de nobres. (O “de nobres” aqui é um adjunto adverbial) Aposto Estruturas relacionadas a substantivos, pronomes ou orações. O aposto tem como propósi- to explicar, identificar, esclarecer, especificar, comentar ou apontar algo, alguém ou um fato. Ex.: Renata, filha de D. Raimunda, comprou uma bicicleta. Aposto: filha de D. Raimunda Ex.: O escritor Machado de Assis escreveu grandes obras. Aposto: Machado de Assis. Classifica-se nas seguintes categorias: z Explicativo: usado para explicar o termo anterior. Separa-se do substantivo a que se refe- re por uma pausa, marcada na escrita por vírgulas, travessões ou dois-pontos. Ex.: As filhas gêmeas de Ana, que aniversariaram ontem, acabaram de voltar de férias. Jéssica, uma ótima pessoa, conseguiu apoio de todos; z Enumerativo: usado para desenvolver ideias que foram resumidas ou abreviadas em um termo anterior. Mostra os elementos contidos em um só termo. Ex.: Víamos somente isto: vales, montanhas e riachos. Apenas três coisas me tiravam do sério, a saber, preconceito, antipatia e arrogância; z Recapitulativo ou resumidor: é o termo usado para resumir termos anteriores. É expres- so, normalmente, por um pronome indefinido. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Amanda - amanda-lov@hotmail.com, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.LÍ N G U A P O RT U G U ES A 93 Ex.: Os professores, coordenadores, alunos, todos estavam empolgados com a feira. Irei a Moçambique, Cabo Verde, Angola e Guiné-Bissau, países africanos onde se fala português; z Comparativo: estabelece uma comparação implícita. Ex.: Meu coração, uma nau ao vento, está sem rumo; z Circunstancial: exprime uma característica circunstancial. Ex.: No inverno, busquemos sair com roupas apropriadas; z Especificativo: é o aposto que aparece junto a um substantivo de sentido genérico, sem pausa, para especificá-lo ou individualizá-lo. É constituído por substantivos próprios. Exs.: O mês de abril. O rio Amazonas. Meu primo José; z Aposto da oração: é um comentário sobre o fato expresso pela oração, ou uma palavra que condensa. Ex.: Após a notícia, ficou calado, sinal de sua preocupação. O noticiário disse que amanhã fará muito calor — ideia que não me agrada; z Distributivo: dispõe os elementos equitativamente. Ex.: Separe duas folhas: uma para o texto e outra para as perguntas. Sua presença era inesperada, o que causou surpresa. Dica z O aposto pode aparecer antes do termo a que se refere, normalmente antes do sujeito. Ex.: Maior piloto de todos os tempos, Ayrton Senna marcou uma geração. z Segundo o gramático Cegalla, quando o aposto se refere a um termo preposicionado, pode ele vir igualmente preposicionado. Ex.: De cobras, (de) morcegos, (de) bichos, de tudo ele tinha medo. z O aposto pode ter núcleo adjetivo ou adverbial. Ex.: Tuas pestanas eram assim: frias e curvas. (adjetivos, apostos do predicativo do sujeito) Falou comigo deste modo: calma e maliciosamente. (advérbios, aposto do adjunto adver- bial de modo). z Diferença de aposto especificativo e adjunto adnominal: normalmente, é possível reti- rar a preposição que precede o aposto. Caso seja um adjunto, se for retirada a preposição, a estrutura fica prejudicada. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Amanda - amanda-lov@hotmail.com, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. 94 Ex.: A cidade Fortaleza é quente. (aposto especificativo / Fortaleza é uma cidade) O clima de Fortaleza é quente. (adjunto adnominal / Fortaleza é um clima?); z Diferença de aposto e predicativo do sujeito: o aposto não pode ser um adjetivo nem ter núcleo adjetivo. Ex.: Muito desesperado, João perdeu o controle. (predicativo do sujeito; núcleo: desesperado — adjetivo) Homem desesperado, João sempre perde o controle. (aposto; núcleo: homem — substantivo). Vocativo O vocativo é um termo que não mantém relação sintática com outro termo dentro da oração. Não pertence nem ao sujeito, nem ao predicado. É usado para chamar ou interpelar a pessoa que o enunciador deseja se comunicar. É um termo independente, pois não faz parte da estrutura da oração. Ex.: Recepcionista, por favor, agende minha consulta. Ela te diz isso desde ontem, Fábio. z Para distinguir vocativo de aposto: o vocativo não se relaciona sintaticamente com nenhum outro termo da oração. Ex.: Lufe, faz um almoço gostoso para as crianças. O aposto se relaciona sintaticamente com outro termo da oração. A cozinha de Lufe, cozinheiro da família, é impecável. Sujeito: a cozinha de Lufe. Aposto: cozinheiro da família (relaciona-se ao sujeito). PERÍODO COMPOSTO Observe os exemplos a seguir: A apostila de Português está completa. Um verbo: Uma oração = período simples Português e Matemática são disciplinas essenciais para ser aprovado em concursos. Dois verbos: duas orações = período composto O período composto é formado por duas ou mais orações. Num parágrafo, podem aparecer misturados períodos simples e períodos. PERÍODO SIMPLES PERÍODO COMPOSTO Era dia de eleição O povo levantou-se cedo para evitar aglomeração Para não esquecer: O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Amanda - amanda-lov@hotmail.com, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. LÍ N G U A P O RT U G U ES A 95 Período simples é aquele formado por uma só oração. Período composto é aquele formado por duas ou mais orações. Classifica-se nas seguintes categorias: z Por coordenação: orações coordenadas assindéticas; � Orações coordenadas sindéticas: aditivas, adversativas, alternativas, conclusivas, explicativas. z Por subordinação: � Orações subordinadas substantivas: subjetivas, objetivas diretas, objetivas indiretas, completivas nominais, predicativas, apositivas; � Orações subordinadas adjetivas: restritivas, explicativas; � Orações subordinadas adverbiais: causais, comparativas, concessivas, condicionais, conformativas, consecutivas, finais, proporcionais, temporais. z Por coordenação e subordinação: orações formadas por períodos mistos; z Orações reduzidas: de gerúndio e de infinitivo. RELAÇÕES DE COORDENAÇÃO ENTRE ORAÇÕES E ENTRE TERMOS DA ORAÇÃO As orações são sintaticamente independentes. Isso significa que uma não possui relação sintática com verbos, nomes ou pronomes das demais orações no período. Ex.: “Deus quer, o homem sonha, a obra nasce.” (Fernando Pessoa) Oração coordenada 1: Deus quer Oração coordenada 2: o homem sonha Oração coordenada 3: a obra nasce. Ex.: “Subi devagarinho, colei o ouvido à porta da sala de Damasceno, mas nada ouvi.” (M. de Assis) Oração coordenada assindética: Subi devagarinho Oração coordenada assindética: colei o ouvido à porta da sala de Damasceno Oração coordenada sindética: mas nada ouvi Conjunção adversativa: mas nada Orações Coordenadas Sindéticas As orações coordenadas podem aparecer ligadas às outras através de um conectivo (elo), ou seja, através de um síndeto, de uma conjunção, por isso o nome sindética. Veremos agora cada uma delas: z Aditivas: exprimem ideia de sucessibilidade ou simultaneidade. Conjunções constitutivas: e, nem, mas, mas também, mas ainda, bem como, como tam- bém, senão também, que (= e). Ex.: Pedro casou-se e teve quatro filhos. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Amanda - amanda-lov@hotmail.com, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. 96 Os convidados não compareceram nem explicaram o motivo; z Adversativas: exprimem ideia de oposição, contraste ou ressalva em relação ao fato anterior. Conjunções constitutivas: mas, porém, todavia, contudo, entretanto, no entanto, senão, não obstante, ao passo que, apesar disso, em todo caso. Ex.: Ele é rico, mas não paga as dívidas. “A morte é dura, porém longe da pátria é dupla a morte.” (Laurindo Rabelo); z Alternativas: exprimem fatos que se alternam ou se excluem. Conjunções constitutivas: (ou), (ou ... ou), (ora ... ora), (que ... quer), (seja ... seja), (já ... já), (talvez ... talvez). Ex.: Ora responde, ora fica calado. Você quer suco de laranja ou refrigerante? z Conclusivas: exprimem uma conclusão lógica sobre um raciocínio. Conjunções constitutivas: logo, portanto, por conseguinte, pois isso, pois (o “pois” sem ser no início de frase). Ex.: Estou recuperada, portanto viajarei próxima semana. “Era domingo; eu nada tinha, pois, a fazer.” (Paulo Mendes Campos); z Explicativas: justificam uma opinião ou ordem expressa. Conjunções constitutivas: que, porque, porquanto, pois. Ex.: Vamos dormir, que é tarde. (o “que” equivale a “pois”) Vamos almoçar de novo porque ainda estamos com fome. RELAÇÕES DE SUBORDINAÇÃO ENTRE ORAÇÕES E ENTRE TERMOS DA ORAÇÃO Formado por orações sintaticamente dependentes, considerando a função sintática em relação a um verbo, nome ou pronome de outra oração. Tipos de orações subordinadas: z substantivas; z adjetivas; z adverbiais. Orações Subordinadas Substantivas São classificadas nas seguintes categorias: z Orações subordinadassubstantivas conectivas: são introduzidas pelas conjunções subordinativas integrantes que e se. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Amanda - amanda-lov@hotmail.com, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. LÍ N G U A P O RT U G U ES A 97 Ex.: Dizem que haverá novos aumentos de impostos. Não sei se poderei sair hoje à noite; z Orações subordinadas substantivas justapostas: introduzidas por advérbios ou prono- mes interrogativos (onde, como, quando, quanto, quem etc.); z Ex.: Ignora-se onde eles esconderam as joias roubadas. Não sei quem lhe disse tamanha mentira; z Orações subordinadas substantivas reduzidas: não são introduzidas por conectivo, e o verbo fica no infinitivo. Ex.: Ele afirmou desconhecer estas regras; z Orações subordinadas substantivas subjetivas: exercem a função de sujeito. O verbo da oração principal deve vir na voz ativa, passiva analítica ou sintética. Em 3ª pessoa do singular, sem se referir a nenhum termo na oração. Ex.: Foi importante o seu regresso. (sujeito) Foi importante que você regressasse. (sujeito oracional) (or. sub. subst. subje.); z Orações subordinadas substantivas objetivas diretas: exercem a função de objeto direto de um verbo transitivo direto ou transitivo direto e indireto da oração principal. Ex.: Desejo o seu regresso. (OD) Desejo que você regresse. (OD oracional) (or. sub. subst. obj. dir.); z Orações subordinadas substantivas completivas nominais: exercem a função de com- plemento nominal de um substantivo, adjetivo ou advérbio da oração principal. Ex.: Tenho necessidade de seu apoio. (complemento nominal) Tenho necessidade de que você me apoie. (complemento nominal oracional) (or. sub. subst. compl. nom.); z Orações subordinadas substantivas predicativas: funcionam como predicativos do sujeito da oração principal. Sempre figuram após o verbo de ligação ser. Ex.: Meu desejo é a sua felicidade. (predicativo do sujeito) Meu desejo é que você seja feliz. (predicativo do sujeito oracional) (or. sub. subst. predic.); z Orações subordinadas substantivas apositivas: funcionam como aposto. Geralmente vêm depois de dois-pontos ou entre vírgulas. Ex.: Só quero uma coisa: a sua volta imediata. (aposto) Só quero uma coisa: que você volte imediatamente. (aposto oracional) (or. sub. aposi.); O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Amanda - amanda-lov@hotmail.com, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. 98 Orações Subordinadas Adjetivas Desempenham função de adjetivo (adjunto adnominal ou, mais raramente, aposto expli- cativo). São introduzidas por pronomes relativos (que, o qual, a qual, os quais, as quais, cujo, cuja, cujos, cujas etc.) . As orações subordinadas adjetivas classificam-se em: explica- tivas e restritivas. z Orações subordinadas adjetivas explicativas: não limitam o termo antecedente, e sim acrescentam uma explicação sobre o termo antecedente. São consideradas termo acessó- rio no período, podendo ser suprimidas. Sempre aparecem isoladas por vírgulas. Ex.: Minha mãe, que é apaixonada por bichos, cria trinta gatos; z Orações subordinadas adjetivas restritivas: especificam ou limitam a significação do termo antecedente, acrescentando-lhe um elemento indispensável ao sentido. Não são iso- ladas por vírgulas. Ex.: A doença que surgiu recentemente ainda é incurável; Lembre-se: como diferenciar as orações subordinadas adjetivas restritivas das ora- ções subordinadas adjetivas explicativas? Ele visitará o irmão que mora em Recife. (restritiva, pois ele tem mais de um irmão e vai visitar apenas o que mora em Recife) Ele visitará o irmão, que mora em Recife. (explicativa, pois ele tem apenas um irmão que mora em Recife) Orações Subordinadas Adverbiais Exprimem uma circunstância relativa a um fato expresso em outra oração. Têm função de adjunto adverbial. São introduzidas por conjunções subordinativas (exceto as integrantes) e se enquadram nos seguintes grupos: z Orações subordinadas adverbiais causais: são introduzidas por: como, já que, uma vez que, porque, visto que etc. Ex.: Caminhamos o restante do caminho a pé porque ficamos sem gasolina; z Orações subordinadas adverbiais comparativas: são introduzidas por: como, assim como, tal qual, como, mais etc. Ex.: A cerveja nacional é menos concentrada (do) que a importada; z Orações subordinadas adverbiais concessivas: indica certo obstáculo em relação ao fato expresso na outra oração, sem, contudo, impedi-lo. São introduzidas por: embora, ainda que, mesmo que, por mais que, se bem que etc. Ex.: Mesmo que chova, iremos à praia amanhã; z Orações subordinadas adverbiais condicionais: são introduzidas por: se, caso, desde que, salvo se, contanto que, a menos que etc. Ex.: Você terá sucesso desde que se esforce para tal; O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Amanda - amanda-lov@hotmail.com, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. LÍ N G U A P O RT U G U ES A 99 z Orações subordinadas adverbiais conformativas: são introduzidas por: como, confor- me, segundo, consoante. Ex.: Ele deverá agir conforme combinamos; z Orações subordinadas adverbiais consecutivas: são introduzidas por: que (precedido na oração anterior de termos intensivos como tão, tanto, tamanho etc.) de sorte que, de modo que, de forma que, sem que. Ex.: A garota riu tanto, que se engasgou; “Achei as rosas mais belas do que nunca, e tão perfumadas que me estontearam.” (Cecília Meireles); z Orações subordinadas adverbiais finais: indicam um objetivo a ser alcançado. São intro- duzidas por: para que, a fim de que, porque e que (= para que) Ex.: O pai sempre trabalhou para que os filhos tivessem bom estudo; z Orações subordinadas adverbiais proporcionais: são introduzidas por: à medida que, à proporção que, quanto mais, quanto menos etc. Ex.: Quanto mais ouço essa música, mas a aprecio; z Orações subordinadas adverbiais temporais: são introduzidas por: quando, enquanto, logo que, depois que, assim que, sempre que, cada vez que, agora que etc. Ex.: Assim que você sair, feche a porta, por favor. Para separar as orações de um período composto, é necessário atentar-se para dois ele- mentos fundamentais: os verbos (ou locuções verbais) e os conectivos (conjunções ou pronomes relativos). Após assinalar esses elementos, deve-se contar quantas orações ele representa, a partir da quantidade de verbos ou locuções verbais. Exs.: [“A recordação de uns simples olhos basta] — 1ª oração [para fixar outros] — 2ª oração [que os rodeiam] — 3ª oração [e se deleitem com a imaginação deles]. — 4ª oração (M. de Assis) Nesse período, a 2ª oração subordina-se ao verbo basta, pertencente à 1ª (oração principal). A 3ª e a 4ª são orações coordenadas entre si, porém ambas são dependentes do pronome outros, da 2ª oração. Orações Reduzidas z Apresentam o mesmo verbo em uma das formas nominais (gerúndio, particípio e infinitivo); z As que são substantivas e adverbiais: nunca são iniciadas por conjunções; z As que são adjetivas: nunca podem ser iniciadas por pronomes relativos; z Podem ser reescritas (desenvolvidas) com esses conectivos; z Podem ser iniciadas por preposição ou locução prepositiva. Ex.: Terminada a prova, fomos ao restaurante. O. S. Adv. reduzida de particípio: não começa com conjunção. Ex.: Quando terminou a prova, fomos ao restaurante. (desenvolvida). O. S. Adv. Desenvolvida: começa com conjunção. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Amanda - amanda-lov@hotmail.com, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratoresà responsabilização civil e criminal. 100 Orações Reduzidas de Infinitivo Podem ser substantivas, adjetivas ou adverbiais. Se o infinitivo for pessoal, irá flexionar normalmente. z Substantivas: Ex.: É preciso trabalhar muito. (O. S. substantiva subjetiva reduzida de infinitivo) Deixe o aluno pensar. (O. S. substantiva objetiva direta reduzida de infinitivo) A melhor política é ser honesto. (O. S. substantiva predicativa reduzida de infinitivo) Este é um difícil livro de se ler. (O. S. substantiva completiva nominal reduzida de infini- tivo) Temos uma missão: subir aquela escada. (O. S. substantiva apositiva reduzida de infini- tivo); z Adjetivas: Ex.: João não é homem de meter os pés pelas mãos. O meu manual para fazer bolos certamente vai agradar a todos; z Adverbiais: Ex.: Apesar de estar machucado, continua jogando bola. Sem estudar, não passarão. Ele passou mal, de tanto comer doces. Orações Reduzidas de Gerúndio Podem ser coordenadas aditivas, substantivas apositivas, adjetivas, adverbiais. z Coordenada aditiva: Ex.: Pagou a conta, ficando livre dos juros; z Substantiva apositiva: Ex.: Não mais se vê amigo ajudando um ao outro. (subjetiva) z Agora ouvimos artistas cantando no shopping. (objetiva direta); z Adjetiva: Ex.: Criança pedindo esmola dói o coração; z Adverbial: Ex.: Temendo a reação do pai, não contou a verdade. Orações Reduzidas de Particípio Podem ser adjetivas ou adverbiais. z Adjetiva: Ex.: A notícia divulgada pela mídia era falsa. Nosso planeta, ameaçado constantemente por nós mesmos, ainda resiste; z Adverbiais: Ex.: Aceitas as condições, não haveria problemas. (condicional) Dada a notícia da herança, as brigas começaram. (causal/temporal) Comprada a casa, a família se mudou logo. (temporal). O particípio concorda em gênero e número com os termos referentes. Essas orações reduzidas adverbiais são bem frequentes em provas de concurso. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Amanda - amanda-lov@hotmail.com, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. LÍ N G U A P O RT U G U ES A 101 Períodos Mistos São períodos que apresentam estruturas oracionais de coordenação e subordinação. Assim, às vezes aparecem orações coordenadas dentro de um conjunto de orações que são subordinadas a uma oração principal. 1ª oração 2ª oração 3ª oração O homem entrou na sala e pediu que todos calassem. verbo verbo verbo 1ª oração: oração coordenada assindética. 2ª oração: oração coordenada sindética aditiva em relação à 1ª oração e principal em relação à 3ª oração. 3ª oração: coordenada substantiva objetiva direta em relação à 2ª oração. Resumindo: período composto por coordenação e subordinação. As orações subordinadas são coordenadas entre si, ligadas ou não por conjunção. z Orações subordinadas substantivas coordenadas entre si Ex.: Espero que você não me culpe, que não culpe meus pais, nem que culpe meus parentes. Oração principal: Espero. Oração coordenada 1: que você não me culpe. Oração coordenada 2: que não culpe meus pais. Oração coordenada 3: nem que culpe meus parentes. Importante! O segredo para classificar as orações é perceber os conectivos (conjunções e pronomes relativos). z Orações subordinadas adjetivas coordenadas entre si Ex.: A mulher que é compreensiva, mas que é cautelosa, não faz tudo sozinha. Oração subordinada adjetiva 1: que é compreensiva Oração subordinada adjetiva 2: mas que é cautelosa; z Orações subordinadas adverbiais coordenadas entre si Ex.: Não só quando estou presente, mas também quando não estou, sou discriminado. Oração subordinada adverbial 1: quando estou presente Oração subordinada adverbial 2: quando não estou; z Orações coordenadas ou subordinadas no mesmo período Ex.: Presume-se que as penitenciárias cumpram seu papel, no entanto a realidade não é assim. Oração principal: Presume-se Oração subordinada subjetiva da principal: as penitenciárias cumpram seu papel Oração coordenada sindética adversativa da anterior: no entanto a realidade não é assim. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Amanda - amanda-lov@hotmail.com, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. 102 REGÊNCIA VERBAL E NOMINAL Regência é a maneira como o nome ou o verbo se relacionam com seus complementos, com ou sem preposição. Quando um nome (substantivo, adjetivo ou advérbio) exige com- plemento preposicionado, esse nome é um termo regente, e seu complemento é um termo regido, pois há uma relação de dependência entre o nome e seu complemento. O nome exige um complemento nominal sempre iniciado por preposição, exceto se o com- plemento vier em forma de pronome oblíquo átono. Ex.: Os discípulos daquele mestre sempre lhe foram leais. Observação: complemento de “lhe”: predicativo do sujeito (desprovido de preposição) Pronome oblíquo átono: lhe Foram leais: complemento de “lhe”, predicativo do sujeito (desprovido de preposição). Regência Verbal Relação de dependência entre um verbo e seu complemento. As relações podem ser dire- tas ou indiretas, isto é, com ou sem preposição. Há verbos que admitem mais de uma regência sem que o sentido seja alterado. Ex.: Aquela moça não esquecia os favores recebidos. V. T. D: esquecia Objeto direto: os favores recebidos. Aquela moça não se esquecia dos favores recebidos. V. T. I.: se esquecia Objeto indireto: dos favores recebidos. No entanto, na Língua Portuguesa, há verbos que, mudando-se a regência, mudam de sen- tido, alterando seu significado. Ex.: Neste país aspiramos ar poluídos. (aspiramos = sorvemos) V. T. D.: aspiramos Objeto direto: ar poluídos. Os funcionários aspiram a um mês de férias. (aspiram = almejam) V. T. I.: aspiram Objeto indireto: a um mês de férias A seguir, uma lista dos principais verbos que geram dúvidas quanto à regência: z Abraçar: transitivo direto Ex.: Abraçou a namorada com ternura. O colar abraçava-lhe elegantemente o pescoço; z Agradar: transitivo direto; transitivo indireto Ex.: A menina agradava o gatinho. (transitivo direto com sentido de “acariciar”) A notícia agradou aos alunos. (transitivo indireto no sentido de “ser agradável a”); z Agradecer: transitivo direto; transitivo indireto; transitivo direto e indireto Ex.: Agradeceu a joia. (transitivo direto: objeto não personificado) Agradeceu ao noivo. (transitivo indireto: objeto personificado) Agradeceu a joia ao noivo. (transitivo direto e indireto: refere-se a coisas e pessoas); O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Amanda - amanda-lov@hotmail.com, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. LÍ N G U A P O RT U G U ES A 103 z Ajudar: transitivo direto; transitivo indireto Ex.: Seguido de infinitivo intransitivo precedido da preposição a, rege indiferentemente objeto direto e objeto indireto. Ajudou o filho a fazer as atividades. (transitivo direto) Ajudou ao filho a fazer as atividades. (transitivo indireto) Se o infinitivo preposicionado for intransitivo, rege apenas objeto direto: Ajudaram o ladrão a fugir. Não seguido de infinitivo, geralmente rege objeto direto: Ajudei-o muito à noite; z Ansiar: transitivo direto; transitivo indireto Ex.: A falta de espaço ansiava o prisioneiro. (transitivo direto com sentido de “angustiar”) Ansiamos por sua volta. (transitivo indireto com sentido de “desejar muito” — não admite “lhe” como complemento); z Aspirar: transitivo direto; transitivo indireto Ex.: Aspiramos o ar puro das montanhas. (transitivo direto com sentido de “respirar”) Sempre aspiraremos a dias melhores. (transitivo indireto no sentido de “desejar”); z Assistir: transitivo direto; transitivo indireto Ex.: - Transitivo diretoou indireto no sentido de “prestar assistência” O médico assistia os acidentados. O médico assistia aos acidentados. - Transitivo direto no sentido de “ver, presenciar” Não assisti ao final da série; O verbo assistir não pode ser empregado no particípio. É incorreta a forma “O jogo foi assistido por milhares de pessoas.” z Casar: intransitivo; transitivo indireto; transitivo direto e indireto Ex.: Eles casaram na Itália há anos. (intransitivo) A jovem não queria casar com ninguém. (transitivo indireto) O pai casou a filha com o vizinho. (transitivo direto e indireto); z Chamar: transitivo direto; transitivo seguido de predicativo do objeto Ex.: Chamou o filho para o almoço. (transitivo direto com sentido de “convocar”); Chamei-lhe inteligente. (transitivo seguido de predicativo do objeto com sentido de “deno- minar, qualificar”); z Custar: transitivo indireto; transitivo direto e indireto; intransitivo Ex.: Custa-lhe crer na sua honestidade. (transitivo indireto com sentido de “ser difícil”) A imprudência custou lágrimas ao rapaz. (transitivo direto e indireto: sentido de “acarretar”) Este vinho custou trinta reais. (intransitivo); z Esquecer: admite três possibilidades Ex.: Esqueci os acontecimentos. Esqueci-me dos acontecimentos. Esqueceram-me os acontecimentos; z Implicar: transitivo direto; transitivo indireto; transitivo direto e indireto Ex.: A resolução do exercício implica nova teoria. (transitivo direto com sentido de “acarretar”) O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Amanda - amanda-lov@hotmail.com, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. 104 Mamãe sempre implicou com meus hábitos. (transitivo indireto com sentido de “mostrar má disposição”) Ele implicou-se em negócios ilícitos. (transitivo direto e indireto com sentido de envolver-se”); z Informar: transitivo direto e indireto Ex.: Referente à pessoa: objeto direto; referente à coisa: objeto indireto, com as preposi- ções de ou sobre Informaram o réu de sua condenação. Informaram o réu sobre sua condenação. Referente à pessoa: objeto direto; referente à coisa: objeto indireto, com a preposição a Informaram a condenação ao réu; z Interessar-se: verbo pronominal transitivo indireto, com as preposições em e por Ex.: Ela interessou-se por minha companhia; z Namorar: intransitivo; transitivo indireto; transitivo direto e indireto Ex.: Eles começaram a namorar faz tempo. (intransitivo com sentido de “cortejar”) Ele vivia namorando a vitrine de doces. (transitivo indireto com sentido de “desejar muito”) “Namorou-se dela extremamente.” (A. Garret) (transitivo direto e indireto com sentido de “encantar-se”); z Obedecer/desobedecer: transitivos indiretos Ex.: Obedeçam à sinalização de trânsito. Não desobedeçam à sinalização de trânsito; z Pagar: transitivo direto; transitivo indireto; transitivo direto e indireto Ex.: Você já pagou a conta de luz? (transitivo direto) Você pagou ao dono do armazém? (transitivo indireto). Vou pagar o aluguel ao dono da pensão. (transitivo direto e indireto); z Perdoar: transitivo direto; transitivo indireto; transitivo direto e indireto Ex.: Perdoarei as suas ofensas. (transitivo direto) A mãe perdoou à filha. (transitivo indireto) Ela perdoou os erros ao filho. (transitivo direto e indireto); z Suceder: intransitivo; transitivo direto Ex.: O caso sucedeu rapidamente. (intransitivo no sentido de “ocorrer”). A noite sucede ao dia. (transitivo direto no sentido de “vir depois”). Regência Nominal Alguns nomes (substantivos, adjetivos e advérbios) exigem complementos preposiciona- dos, exceto quando vêm em forma de pronome oblíquo átono. Advérbios Terminados em “Mente” Os advérbios derivados de adjetivos seguem a regência dos adjetivos: análoga / analogicamente a contrária / contrariamente a compatível / compativelmente com O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Amanda - amanda-lov@hotmail.com, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. LÍ N G U A P O RT U G U ES A 105 diferente / diferentemente de favorável / favoravelmente a paralela / paralelamente a próxima / proximamente a/de relativa / relativamente a Proposições Semelhantes a Primeira Sílaba dos Nomes a que se Referem Alguns nomes regem preposições semelhantes a sua primeira sílaba. Vejamos: dependente, dependência de inclusão, inserção em inerente em/a descrente de/em desiludido de/com desesperançado de desapego de/a convívio com convivência com demissão, demitido de encerrado em enfiado em imersão, imergido, imerso em instalação, instalado em interessado, interesse em intercalação, intercalado entre supremacia sobre CONCORDÂNCIA VERBAL E NOMINAL Na elaboração da frase, as palavras relacionam-se umas com as outras. Ao se relaciona- rem, elas obedecem a alguns princípios: um deles é a concordância. Observe o exemplo: A pequena garota andava sozinha pela cidade. A: artigo, feminino, singular; Pequena: adjetivo, feminino, singular; Garota: substantivo, feminino, singular. Tanto o artigo quanto o adjetivo (ambos adjuntos adnominais) concordam com o gênero (feminino) e o número (singular) do substantivo. Na língua portuguesa, há dois tipos de concordância: verbal e nominal. Concordância Verbal É a adaptação em número — singular ou plural — e pessoa que ocorre entre o verbo e seu respectivo sujeito. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Amanda - amanda-lov@hotmail.com, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. 106 Ex.: De todos os povos mais plurais culturalmente, o Brasil, mesmo diante de opiniões con- trárias, as quais insistem em desmentir que nosso país é cheio de “brasis” — digamos assim —, ganha disparando dos outros, pois houve influências de todos os povos aqui: europeus, asiáticos e africanos. Esse período, apesar de extenso, constitui-se de um sujeito simples “o Brasil”, portanto o verbo correspondente a esse sujeito, “ganha”, necessita ficar no singular. Destrinchando o período, temos que os termos essenciais da oração (sujeito e predicado) são apenas “[...] o Brasil [...]” — sujeito — e “[...] ganha [...]” — predicado verbal. Veja um caso de uso de verbo bitransitivo: Ex.: Prefiro natação a futebol. Verbo bitransitivo: Prefiro Objeto direto: natação Objeto indireto: a futebol Concordância Verbal com o Sujeito Simples Em regra geral, o verbo concorda com o núcleo do sujeito. Ex.: Os jogadores de futebol ganham um salário exorbitante. Diferentes situações: z Quando o núcleo do sujeito for uma palavra de sentido coletivo, o verbo fica no singular. Ex.: A multidão gritou entusiasmada. z Quando o sujeito é o pronome relativo que, o verbo posterior ao pronome relativo con- corda com o antecedente do relativo. Ex.: Quais os limites do Brasil que se situam mais próximos do Meridiano? z Quando o sujeito é o pronome indefinido quem, o verbo fica na 3ª pessoa do singular. Ex.: Fomos nós quem resolveu a questão. Por questão de ênfase, o verbo pode também concordar com o pronome reto antecedente. Ex.: Fomos nós quem resolvemos a questão. z Quando o sujeito é um pronome interrogativo, demonstrativo ou indefinido no plural + de nós / de vós, o verbo pode concordar com o pronome no plural ou com nós / vós. Ex.: Alguns de nós resolviam essa questão. / Alguns de nós resolvíamos essa questão. z Quando o sujeito é formado por palavras pluralizadas, normalmente topônimos (Amazo- nas, férias, Minas Gerais, Estados Unidos, óculos etc.), se houver artigo definido antes de uma palavra pluralizada, o verbo fica no plural. Caso não haja esse artigo, o verbo fica no singular. Ex.: Os Estados Unidos continuam uma potência. z Estados Unidoscontinua uma potência. z Santos fica em São Paulo. (Corresponde a: “A cidade de Santos fica em São Paulo.”) Importante! Quando se aplica a nomes de obras artísticas, o verbo fica no singular ou no plural. Os Lusíadas imortalizou / imortalizaram Camões. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Amanda - amanda-lov@hotmail.com, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. LÍ N G U A P O RT U G U ES A 107 z Quando o sujeito é formado pelas expressões mais de um, cerca de, perto de, menos de, coisa de, obra de etc., o verbo concorda com o numeral. Ex.: Mais de um aluno compareceu à aula. Mais de cinco alunos compareceram à aula. A expressão mais de um tem particularidades: se a frase indica reciprocidade (pronome reflexivo recíproco se), se houver coletivo especificado ou se a expressão vier repetida, o ver- bo fica no plural. Ex.: Mais de um irmão se abraçaram. Mais de um grupo de crianças veio/vieram à festa. Mais de um aluno, mais de um professor estavam presentes. z Quando o sujeito é formado por um número percentual ou fracionário, o verbo concor- da com o numerado ou com o número inteiro, mas pode concordar com o especificador dele. Se o numeral vier precedido de um determinante, o verbo concordará apenas com o numeral. Ex.: Apenas 1/3 das pessoas do mundo sabe o que é viver bem. Apenas 1/3 das pessoas do mundo sabem o que é viver bem. Apenas 30% do povo sabe o que é viver bem. Apenas 30% do povo sabem o que é viver bem. Os 30% da população não sabem o que é viver mal. z Os verbos bater, dar e soar concordam com o número de horas ou vezes, exceto se o sujei- to for a palavra relógio. Ex.: Deram duas horas, e ela não chegou (Duas horas deram...). Bateu o sino duas vezes (O sino bateu). Soaram dez badaladas no relógio da sala (Dez badaladas soaram). Soou dez badaladas o relógio da escola (O relógio da escola soou dez badaladas). z Quando o sujeito está em voz passiva sintética, o verbo concorda com o sujeito paciente. Ex.: Vendem-se casas de veraneio aqui. Nunca se viu, em parte alguma, pessoa tão interessada; z Quando o sujeito é um pronome de tratamento, o verbo fica sempre na 3ª pessoa. Ex.: Por que Vossa Majestade está preocupada? Suas Excelências precisam de algo? z Sujeito do verbo viver em orações optativas ou exclamativas. Ex.: Vivam os campeões! Concordância Verbal com o Sujeito Composto z Núcleos do sujeito constituídos de pessoas gramaticais diferentes Ex.: Eu e ele nos tornamos bons amigos; z Núcleos do sujeito ligados pela preposição com Ex.: O ministro, com seus assessores, chegou/chegaram ontem; z Núcleos do sujeito acompanhados da palavra cada ou nenhum Ex.: Cada jogador, cada time, cada um deve manter o espírito esportivo; z Núcleos do sujeito sendo sinônimos e estando no singular Ex.: A angústia e a ansiedade não o ajudava/ajudavam (preferencialmente no singular); z Gradação entre os núcleos do sujeito Ex.: Seu cheiro, seu toque bastou/bastaram para me acalmar (preferencialmente no singular); O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Amanda - amanda-lov@hotmail.com, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. 108 z Núcleos do sujeito no infinitivo Ex.: Andar e nadar faz bem à saúde; z Núcleos do sujeito resumidos por um aposto resumitivo (nada, tudo, ninguém) Ex.: Os pedidos, as súplicas, nada disso o comoveu; z Sujeito constituído pelas expressões um e outro, nem um nem outro Ex.: Um e outro já veio/vieram aqui; z Núcleos do sujeito ligados por nem... nem Ex.: Nem a televisão nem a internet desviarão meu foco nos estudos; z Entre os núcleos do sujeito, aparecem as palavras como, menos, inclusive, exceto ou as expressões bem como, assim como, tanto quanto Ex.: O Vasco ou o Corinthians ganhará o jogo na final; z Núcleos do sujeito ligados pelas séries correlativas aditivas enfáticas (tanto... quanto / como / assim como; não só... mas também etc.) Ex.: Tanto ela quanto ele mantém/mantêm sua popularidade em alta; z Quando dois ou mais adjuntos modificam um único núcleo, o verbo fica no singular con- cordando com o núcleo único. Mas, se houver determinante após a conjunção, o verbo fica no plural, pois aí o sujeito passa a ser composto. Ex.: O preço dos alimentos e dos combustíveis aumentou. Ou: O preço dos alimentos e o dos combustíveis aumentaram. Concordância Verbal do Verbo Ser z Concorda com o sujeito Ex.: Nós somos unha e carne; z Concorda com o sujeito (pessoa) Ex.: Os meninos foram ao supermercado; z Em predicados nominais, quando o sujeito for representado por um dos pronomes tudo, nada, isto, isso, aquilo ou “coisas”, o verbo ser concordará com o predicativo (preferen- cialmente) ou com o sujeito Ex.: No início, tudo é/são flores; z Concorda com o predicativo quando o sujeito for que ou quem Ex.: Quem foram os classificados? z Em indicações de horas, datas, tempo, distância (predicativo), o verbo concorda com o predicativo Ex.: São nove horas. É frio aqui. Seria meio-dia e meia ou seriam doze horas? z O verbo fica no singular quando precede termos como muito, pouco, nada, tudo, bastan- te, mais, menos etc. junto a especificações de preço, peso, quantidade, distância, e tam- bém quando seguido do pronome o Ex.: Cem metros é muito para uma criança. Divertimentos é o que não lhe falta. Dez reais é nada diante do que foi gasto; O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Amanda - amanda-lov@hotmail.com, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. LÍ N G U A P O RT U G U ES A 109 z Na expressão expletiva “é que”, se o sujeito da oração não aparecer entre o verbo ser e o que, o ser ficará invariável. Se o ser vier separado do que, o verbo concordará com o ter- mo não preposicionado entre eles. Ex.: Eles é que sempre chegam cedo. São eles que sempre chegam cedo. É nessas horas que a gente precisa de ajuda. (construção adequada) São nessas horas que a gente precisa de ajuda. (construção inadequada) CASOS ESPECIAIS DE CONCORDÂNCIA VERBAL Concordância do Infinitivo z Exemplos com verbos no infinitivo pessoal: Nós lutaremos até vós serdes bem tratados. (sujeito esclarecido) Está na hora de começarmos o trabalho. (sujeito implícito “nós”) Falei sobre o desejo de aprontarmos logo o site. (dois pronomes implícitos: eu, nós) Até me encontrarem, vocês terão de procurar muito. (preposição no início da oração) Para nós nos precavermos, precisaremos de luz. (verbos pronominais) Visto serem dez horas, deixei o local. (verbo ser indicando tempo) Estudo para me considerarem capaz de aprovação. (pretensão de indeterminar o sujeito) Para vocês terem adquirido esse conhecimento, foi muito tempo de estudo. (infinitivo pessoal composto: locução verbal de verbo auxiliar + verbo no particípio); z Exemplos com verbos no infinitivo impessoal: Devo continuar trabalhando nesse projeto. (locução verbal) Deixei-os brincar aqui. (pronome oblíquo átono sendo sujeito do infinitivo). Quando o sujeito do infinitivo for um substantivo no plural, usa-se tanto o infinitivo pes- soal quanto o impessoal. “Mandei os garotos sair/saírem”. Navegar é preciso, viver não é preciso. (infinitivo com valor genérico) São casos difíceis de solucionar. (infinitivo precedido de preposição de ou para) Soldados, recuar! (infinitivo com valor de imperativo) z Concordância do verbo parecer Flexiona-se ou não o infinitivo. Pareceu-me estarem os candidatos confiantes. (o equivalente a “Pareceu-me que os candi- datos estavam confiantes”, portanto, o infinitivo é flexionado de acordo com o sujeito, no plural) Eles parecem estudar bastante. (locução verbal, logo o infinitivo será impessoal); z Concordânciados verbos impessoais São os casos de oração sem sujeito. O verbo fica sempre na 3ª pessoa do singular. Ex.: Havia sérios problemas na cidade. Fazia quinze anos que ele havia se formado. Deve haver sérios problemas na cidade. (verbo auxiliar fica no singular) Trata-se de problemas psicológicos. Geou muitas horas no sul; O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Amanda - amanda-lov@hotmail.com, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. 110 z Concordância com sujeito oracional Quando o sujeito é uma oração subordinada, o verbo da oração principal fica na 3ª pessoa do singular. Ex.: Ainda vale a pena investir nos estudos. Sabe-se que dois alunos nossos foram aprovados. Ficou combinado que sairíamos à tarde. Urge que você estude. Era preciso encontrar a verdade. Casos mais Frequentes em Provas Veja agora uma lista com os casos mais abordados em concursos: z Sujeito posposto distanciado Ex.: Viviam no meio de uma grande floresta tropical brasileira seres estranhos; z Verbos impessoais (haver e fazer) Ex.: Faz dois meses que não pratico esporte. Havia problemas no setor. Obs.: Existiam problemas no setor. (verbo existir vai ter sujeito “problemas”, e vai ser variável); z Verbo na voz passiva sintética Ex.: Criaram-se muitas expectativas para a luta; z Verbo concordando com o antecedente correto do pronome relativo ao qual se liga Ex.: Contratei duas pessoas para a empresa, que tinham experiência; z Sujeito coletivo com especificador plural Ex.: A multidão de torcedores vibrou/vibraram; z Sujeito oracional Ex.: Convém a eles alterar a voz. (verbo no singular); z Núcleo do sujeito no singular seguido de adjunto ou complemento no plural Ex.: Conversa breve nos corredores pode gerar atrito. (verbo no singular). Casos Facultativos z A multidão de pessoas invadiu/invadiram o estádio; z Aquele comediante foi um dos que mais me fez/fizeram rir; z Fui eu quem faltou/faltei à aula; z Quais de vós me ajudarão/ajudareis? z “Os Sertões” marcou/marcaram a literatura brasileira; z Somente 1,5% das pessoas domina/dominam a ciência. (1,5% corresponde ao singular); z Chegaram/Chegou João e Maria; z Um e outro / Nem um nem outro já veio/vieram aqui; z Eu, assim como você, odeio/odiamos a política brasileira; z O problema do sistema é/são os impostos; z Hoje é/são 22 de agosto; z Devemos estudar muito para atingir/atingirmos a aprovação; z Deixei os rapazes falar/falarem tudo. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Amanda - amanda-lov@hotmail.com, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. LÍ N G U A P O RT U G U ES A 111 Silepse de Número e de Pessoa Conhecida também como “concordância irregular, ideológica ou figurada”. Vejamos os casos: z Silepse de número: usa-se um termo discordando do número da palavra referente, para concordar com o sentido semântico que ela tem. Ex.: Flor tem vida muito curta, logo mur- cham. (ideia de pluralidade: todas as flores); z Silepse de pessoa: o autor da frase participa do processo verbal. O verbo fica na 1ª pessoa do plural. Ex.: Os brasileiros, enquanto advindos de diversas etnias, somos multiculturais. Concordância Nominal Define-se como a adaptação em gênero e número que ocorre entre o substantivo (ou equi- valente, como o adjetivo) e seus modificadores (artigos, pronomes, adjetivos, numerais). O adjetivo e as palavras adjetivas concordam em gênero e número com o nome a que se referem. Ex.: Parede alta. / Paredes altas. Muro alto. / Muros altos. Casos com Adjetivos z Com função de adjunto adnominal: quando o adjetivo funcionar como adjunto adno- minal e estiver após os substantivos, poderá concordar com as somas desses ou com o elemento mais próximo. Ex.: Encontrei colégios e faculdades ótimas. / Encontrei colégios e faculdades ótimos. Há casos em que o adjetivo concordará apenas com o nome mais próximo, quando a qua- lidade pertencer somente a este. Ex.: Saudaram todo o povo e a gente brasileira. Foi um olhar, uma piscadela, um gesto estranho Quando o adjetivo funcionar como adjunto adnominal e estiver antes dos substantivos, poderá concordar apenas com o elemento mais próximo. Ex.: Existem complicadas regras e conceitos. Quando houver apenas um substantivo qualificado por dois ou mais adjetivos pode-se: Colocar o substantivo no plural e enumerar o adjetivo no singular. Ex.: Ele estuda as línguas inglesa, francesa e alemã. Colocar o substantivo no singular e, ao enumerar os adjetivos (também no singular), antepor um artigo a cada um, menos no primeiro deles. Ex.: Ele estuda a língua inglesa, a francesa e a alemã. z Com função de predicativo do sujeito Com o verbo após o sujeito, o adjetivo concordará com a soma dos elementos. Ex.: A casa e o quintal estavam abandonados. Com o verbo antes do sujeito o predicativo do sujeito acompanhará a concordância do verbo, que por sua vez concordará tanto com a soma dos elementos quanto com o nome mais próximo. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Amanda - amanda-lov@hotmail.com, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. 112 Ex.: Estava abandonada a casa e o quintal. / Estavam abandonados a casa e o quintal. Como saber quando o adjetivo tem valor de adjunto adnominal ou predicativo do sujeito? Substitua os substantivos por um pronome: Ex.: Existem conceitos e regras complicados. (substitui-se por “eles”) Fazendo a troca, fica “Eles existem”, e não “Eles existem complicados”. Como o adjetivo desapareceu com a substituição, então é um adjunto adnominal. z Com função de predicativo do objeto Recomenda-se concordar com a soma dos substantivos, embora alguns estudiosos admi- tam a concordância com o termo mais próximo. Ex.: Considero os conceitos e as regras complicados. Tenho como irresponsáveis o chefe do setor e seus subordinados. Algumas Convenções z Obrigado / próprio / mesmo Ex.: A mulher disse: “Muito obrigada”. A própria enfermeira virá para o debate. Elas mesmas conversaram conosco; Dica O termo mesmo no sentido de “realmente” será invariável. Ex.: Os alunos resolveram mesmo a situação. z Só / sós Variáveis quando significarem “sozinho” / “sozinhos”. Invariáveis quando significarem “apenas, somente”. Ex.: As garotas só queriam ficar sós. (As garotas apenas queriam ficar sozinhas.) A locução “a sós” é invariável. Ex.: Ela gostava de ficar a sós. / Eles gostavam de ficar a sós; z Quite / anexo / incluso Concordam com os elementos a que se referem. Ex.: Estamos quites com o banco. Seguem anexas as certidões negativas. Inclusos, enviamos os documentos solicitados; z Meio Quando significar “metade”: concordará com o elemento referente. Ex.: Ela estava meio (um pouco) nervosa. Quando significar “um pouco”: será invariável. Ex.: Já era meio-dia e meia (metade da hora); z Grama Quando significar “vegetação”, é feminino; quando significar unidade de medida, é masculino. Ex.: Comprei duzentos gramas de farinha. “A grama do vizinho sempre é mais verde.”; O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Amanda - amanda-lov@hotmail.com, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. LÍ N G U A P O RT U G U ES A 113 z É proibido entrada / É proibida a entrada Se o sujeito vier determinado, a concordância do verbo e do predicativo do sujeito será regular, ou seja, tanto o verbo quanto o predicativo concordarão com o determinante. Ex.: Caminhada é bom para a saúde. / Esta caminhada está boa. É proibido entrada de crianças. / É proibida a entrada de crianças. Pimenta é bom?/ A pimenta é boa?; z Menos / pseudo São invariáveis. Ex.: Havia menos violência antigamente. Aquelas garotas são pseudoatletas. / Seu argumento é pseudo-objetivo; z Muito / bastante Quando modificam o substantivo: concordam com ele. Quando modificam o verbo: invariáveis. Ex.: Muitos deles vieram. / Eles ficaram muito irritados. Bastantes alunos vieram. / Os alunos ficaram bastante irritados. Se ambos os termos puderem ser substituídos por “vários”, ficarão no plural. Se puderem ser substituídos por “bem”, ficarão invariáveis; z Tal qual Tal concorda com o substantivo anterior; qual, com o substantivo posterior. Ex.: O filho é tal qual o pai. / O filho é tal quais os pais. Os filhos são tais qual o pai. / Os filhos são tais quais os pais. z Silepse (também chamada concordância figurada) É a que se opera não com o termo expresso, mas o que está subentendido. Ex.: São Paulo é linda! (A cidade de São Paulo é linda!) Estaremos aberto no final de semana. (Estaremos com o estabelecimento aberto no final de semana.) Os brasileiros estamos esperançosos. (Nós, brasileiros, estamos esperançosos.); z Possível Concordará com o artigo, em gênero e número, em frases enfáticas com o “mais”, o “menos”, o “pior”. Ex.: Conheci crianças o mais belas possíveis. / Conheci crianças as mais belas possíveis. PLURAL DE COMPOSTOS Substantivos O adjetivo concorda com o substantivo referente em gênero e número. Se o termo que funciona como adjetivo for originalmente um substantivo fica invariável. Ex.: Rosas vermelhas e jasmins pérola. (pérola também é um substantivo; mantém-se no singular) Ternos cinza e camisas amarelas. (cinza também é um substantivo; mantém-se no singular) Adjetivos Quando houver adjetivo composto, apenas o último elemento concordará com o substan- tivo referente. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Amanda - amanda-lov@hotmail.com, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. 114 Os demais ficarão na forma masculina singular. Se um dos elementos for originalmente um substantivo, todo o adjetivo composto ficará invariável. Ex.: Violetas azul-claras com folhas verde-musgo. No termo “azul-claras”, apenas “claras” segue o plural, pois ambos são adjetivos. No termo “verde-musgo”, “musgo” permanece no singular, assim como “verde”, por ser substantivo. Nesse caso, o termo composto não concorda com o plural do substantivo refe- rente, “folhas”. Ex.: Calças rosa-claro e camisas verde-mar. O termo “claro” fica invariável porque “rosa” também pode ser um substantivo. O termo “mar” fica invariável por seguir a mesma lógica de “musgo” do exemplo anterior. Lembre-se: azul-marinho, azul-celeste, ultravioleta e qualquer adjetivo composto inicia- do por “cor-de” são sempre invariáveis. O adjetivo composto pele-vermelha tem os dois elementos flexionados no plural (peles-vermelhas). Lista de Flexão dos Dois Elementos z Nos substantivos compostos formados por palavras variáveis, especialmente subs- tantivos e adjetivos: segunda-feira — segundas-feiras; matéria-prima — matérias-primas; couve-flor — couves-flores; guarda-noturno — guardas-noturnos; primeira-dama — primeiras-damas; z Nos substantivos compostos formados por temas verbais repetidos: corre-corre — corres-corres; pisca-pisca — piscas-piscas; pula-pula — pulas-pulas. Nestes substantivos também é possível a flexão apenas do segundo elemento: corre-cor- res, pisca-piscas, pula-pulas. Flexão Apenas do Primeiro Elemento z Nos substantivos compostos formados por substantivo + substantivo em que o segun- do termo limita o sentido do primeiro termo: decreto-lei — decretos-lei; cidade-satélite — cidades-satélite; público-alvo — públicos-alvo; elemento-chave — elementos-chave. Nestes substantivos também é possível a flexão dos dois elementos: decretos-leis, cidades- -satélites, públicos-alvos, elementos-chaves; z Nos substantivos compostos preposicionados: cana-de-açúcar — canas-de-açúcar; pôr do sol — pores do sol; fim de semana — fins de semana; pé de moleque — pés de moleque. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Amanda - amanda-lov@hotmail.com, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. LÍ N G U A P O RT U G U ES A 115 Flexão Apenas do Segundo Elemento z Nos substantivos compostos formados por tema verbal ou palavra invariável + subs- tantivo ou adjetivo: bate-papo — bate-papos; quebra-cabeça — quebra-cabeças; arranha-céu — arranha-céus; ex-namorado — ex-namorados; vice-presidente — vice-presidentes; z Nos substantivos compostos em que há repetição do primeiro elemento: zum-zum — zum-zuns; tico-tico — tico-ticos; lufa-lufa — lufa-lufas; reco-reco — reco-recos; z Nos substantivos compostos grafados ligadamente, sem hífen: girassol — girassóis; pontapé — pontapés; mandachuva — mandachuvas; fidalgo — fidalgos; z Nos substantivos compostos formados com grão, grã e bel: grão-duque — grão-duques; grã-fino — grã-finos; bel-prazer — bel-prazeres. Não flexão dos elementos; z Em alguns casos, não ocorre a flexão dos elementos formadores, que se mantêm invariá- veis. Isso ocorre em frases substantivadas e em substantivos compostos por um tema verbal e uma palavra invariável ou outro tema verbal oposto: o disse me disse — os disse me disse; o leva e traz — os leva e traz; o cola-tudo — os cola-tudo. FUNÇÕES DO SE Embora já tenhamos abordado esse tema anteriormente, deixamos aqui uma síntese das funções mais cobradas desse vocábulo. Funções Morfológicas z Pronome; z Conjunção. Funções Sintáticas z Pronome reflexivo com a função sintática de objeto direto Ex.: Elas não se encontram na redação; O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Amanda - amanda-lov@hotmail.com, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. 116 z Pronome reflexivo com a função sintática do objeto indireto Ex.: Ele atribuía-se o direito de julgar; z Pronome reflexivo recíproco com a função sintática do objeto direto Ex.: Admiravam-se de longe; z Pronome reflexivo recíproco com a função sintática do objeto indireto Ex.: Eles retribuíram-se as respectivas malvadezas; z Pronome reflexivo com a função de sujeito de um infinitivo Ex.: Ela deixou-se ir; z Pronome apassivador Ex.: Compram-se jornais; z Pronome de realce Ex.: O mestre da outra escola sorriu-se da tradução; z Índice de indeterminação do sujeito Ex.: Assistiu-se a um belo espetáculo; z Parte integrante dos verbos essencialmente pronominais Ex.: Queixou-se muito da vida; z Conjunção subordinativa integrante Ex.: Ela queria ver se conseguiria; z Conjunção subordinativa condicional Ex.: Se eles vierem, serão bem-vindos. FUNÇÕES DO QUE Funções Morfológicas z Pronome; z Substantivo; z Preposição; z Advérbio; z Interjeição; z Conjunção. Funções Sintáticas z Pronome relativo (igual a “o qual”, “a qual”) Ex.: A curiosidade é um vício que desconhece termos; z Pronome substantivo indefinido (igual a “que coisa”) ligado ao verbo Ex.: Elas não sabiam o que fazer; z Pronome adjetivo indefinido (igual a “quanto”, “quanta”) ligado ao substantivo Ex.: Que alegria!; z Pronome interrogativo (no final de frase é acentuado) Ex.: Por que não vai conosco? Não vai conosco por quê?; z Substantivo (quando é antecedido de artigo) (é acentuado) Ex.: Havia em seus olhos um quê de curiosidade; O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Amanda - amanda-lov@hotmail.com, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. LÍ N G U A P O RT U G U ES A 117 z Preposição (a dependerdo contexto, pode ser substituído por “de”) Ex.: A gente tem que explicar com franqueza certas coisas; z Advérbio de intensidade (igual a “muito”, ligado ao adjetivo) Ex.: Que bela tarde! z Interjeição (sempre acentuado) Ex.: Quê! Você tem coragem? z Partícula expletiva Ex.: Que experto que é teu irmão! z Faz parte da locução expletiva Ex.: Ele é que sabe das coisas! z Conjunção causal (igual a “porque”) Ex.: Disse que não iria, que não tinha roupas adequadas; z Conjunção integrante Ex.: Suponhamos que elas viessem; z Conjunção comparativa Ex.: Uma era mais esperta que a outra; z Conjunção concessiva (igual a “embora”) Ex.: Que não seja rico, sempre me casarei com ele; z Conjunção condicional (igual a “se”) Ex.: Que você pague a promissória, hão de entregar a mercadoria; z Conjunção conformativa (igual a “conforme”) Ex.: Aos que dizem, os exames serão dificílimos; z Conjunção temporal Ex.: Chegados que foram à cabana, reviraram tudo; z Conjunção final Ex.: Fiz-lhe sinal que se calasse; z Conjunção consecutiva Ex.: Falou tanto que ficou rouco; z Conjunção aditiva Ex.: Anda que anda e nada encontra; z Conjunção explicativa Ex.: Fique quieto, que eu quero dormir. FUNÇÕES DO SEM QUE Locução conjuntiva com valor de condição, concessão, consequência, negação de conse- quência, negação de causa, modo. Essa locução pode ser substituída para formar orações subordinadas reduzidas de infinitivo. Ex.: “Empurrava a cadeira sem que a mãe corresse atrás.” Poderia ser reescrita como “Empurrava a cadeira sem a mãe correr atrás”, e então tería- mos uma oração reduzida de infinitivo. Ex.: “A democracia não será efetiva sem liberdade de informação e não será exercida sem que esta esteja assegurada a todos os veículos de comunicação visual.” Poderia ser reescrita como “A democracia não será efetiva sem liberdade de informação e não será exercida sem esta estar assegurada a todos os veículos de comunicação visual”, formando agora uma oração reduzida de infinitivo. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Amanda - amanda-lov@hotmail.com, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. 118 EMPREGO DOS SINAIS DE PONTUAÇÃO Um tópico que gera dúvidas é a pontuação. Veremos a seguir as regras sobre seus usos. USO DE VÍRGULA A vírgula é um sinal de pontuação que exerce três funções básicas: marcar as pausas e as inflexões da voz na leitura; enfatizar e/ou separar expressões e orações; e esclarecer o signi- ficado da frase, afastando qualquer ambiguidade. Quando se trata de separar termos de uma mesma oração, deve-se usar a vírgula nos seguintes casos: z Para separar os termos de mesma função: Ex.: Comprei livro, caderno, lápis, caneta; z Usa-se a vírgula para separar os elementos de enumeração: Ex.: Pontes, edifícios, caminhões, árvores... tudo foi arrastado pelo tsunami; z Para indicar a elipse (omissão de uma palavra que já apareceu na frase) do verbo: Ex.: Comprei melancia na feira; ele, abacate. Ela prefere filmes de ficção científica; o namorado, filmes de terror; z Para separar palavras ou locuções explicativas, retificativas: Ex.: Ela completou quinze primaveras, ou seja, 15 anos; z Para separar datas e nomes de lugar: Ex.: Belo Horizonte, 15 de abril de 1985; z Para separar as conjunções coordenativas, exceto e, nem, ou: Ex.: Treinou muito, portanto se saiu bem. A vírgula também é facultativa quando o termo que exprime ideia de tempo, modo e lugar não for uma locução adverbial, mas um advérbio. Exemplos: Antes vamos conversar. / Antes, vamos conversar. Geralmente almoço em casa. / Geralmente, almoço em casa. Ontem choveu o esperado para o mês todo. / Ontem, choveu o esperado para o mês todo. Não se Usa Vírgula nas Seguintes Situações z Entre o sujeito e o verbo: Ex.: Todos os alunos daquele professor, entenderam a explicação. (errado) Muitas coisas que quebraram meu coração, consertaram minha visão. (errado); z Entre o verbo e seu complemento, ou mesmo predicativo do sujeito: Ex.: Os alunos ficaram, satisfeitos com a explicação. (errado) Os alunos precisam de, que os professores os ajudem. (errado) Os alunos entenderam, toda aquela explicação. (errado); z Entre um substantivo e seu complemento nominal ou adjunto adnominal: Ex.: A manutenção, daquele professor foi exigida pelos alunos. (errado); z Entre locução verbal de voz passiva e agente da passiva: O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Amanda - amanda-lov@hotmail.com, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. LÍ N G U A P O RT U G U ES A 119 Ex.: Todos os alunos foram convidados, por aquele professor para a feira. (errado); z Entre o objeto e o predicativo do objeto: Ex.: Considero suas aulas, interessantes. (errado) Considero interessantes, as suas aulas. (errado). USO DE PONTO E VÍRGULA É empregado nos seguintes casos o sinal de ponto e vírgula (;): z Nos contrastes, nas oposições, nas ressalvas: Ex.: Ela, quando viu, ficou feliz; ele, quando a viu, ficou triste; z No lugar das conjunções coordenativas deslocadas: Ex.: O maratonista correu bastante; ficou, portanto, exausto; z No lugar do e seguido de elipse do verbo (= zeugma): Ex.: Na linguagem escrita é o leitor; na fala, o ouvinte. Prefiro brigadeiros; minha mãe, pudim; meu pai, sorvete; z Em enumerações, portarias, sequências: Ex.: São órgãos do Ministério Público Federal: O Procurador-Geral da República; O Colégio de Procuradores da República; O Conselho Superior do Ministério Público Federal. DOIS-PONTOS Marcam uma supressão de voz em frase que ainda não foi concluída. Servem para: z Introduzir uma citação (discurso direto): Ex.: Assim disse Voltaire: “Devemos julgar um homem mais pelas suas perguntas que pelas suas respostas”; z Introduzir um aposto explicativo, enumerativo, distributivo ou uma oração subordinada substantiva apositiva: Ex.: Em nosso meio, há bons profissionais: professores, jornalistas, médicos; z Introduzir uma explicação ou enumeração após expressões como por exemplo, isto é, ou seja, a saber, como: Ex.: Adquirimos vários saberes, como: Linguagens, Filosofia, Ciências...; z Marcar uma pausa entre orações coordenadas (relação semântica de oposição, explicação/ causa ou consequência): Ex.: Já leu muitos livros: pode-se dizer que é um homem culto. Precisamos ousar na vida: devemos fazê-lo com cautela; z Marcar invocação em correspondências: Ex.: Prezados senhores: Comunico, por meio deste, que... O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Amanda - amanda-lov@hotmail.com, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. 120 TRAVESSÃO z Usado em discursos diretos, indica a mudança de discurso de interlocutor: Ex.: — Bom dia, Maria! — Bom dia, Pedro!; z Serve também para colocar em relevo certas expressões, orações ou termos. Pode ser subs- tituído por vírgula, dois-pontos, parênteses ou colchetes: Ex.: Os professores ― amigos meus do curso carioca ― vão fazer videoaulas. (aposto explicativo) Meninos ― pediu ela ―, vão lavar as mãos, que vamos jantar. (oração intercalada) Como disse o poeta: “Só não se inventou a máquina de fazer versos ― já havia o poeta parnasiano”. PARÊNTESES Têm função semelhante a dos travessões e das vírgulas no sentido que colocam em relevo certos termos, expressões ou orações. Ex.: Os professores (amigos meus do curso carioca) vão fazer videoaulas. (aposto explicativo) Meninos (pediu ela), vão lavar as mãos, que vamos jantar. (oração intercalada) PONTO-FINAL É o sinal que denota maior pausa. Usa-se: z Para indicar o fim de oração absoluta ou de período. Ex.: “Itabira é apenas uma fotografia na parede.” Carlos Drummond de Andrade; z Nas abreviaturasEx.: apart. ou apto. = apartamento. sec. = secretário. a.C. = antes de Cristo. Dica Símbolos do sistema métrico decimal e elementos químicos não vêm com ponto final: Exemplos: km, m, cm, He, K, C. PONTO DE INTERROGAÇÃO Marca uma entonação ascendente (elevação da voz) em tom questionador. Usa-se: z Em frase interrogativa direta: Ex.: O que você faria se só lhe restasse um dia?; z Entre parênteses para indicar incerteza: Ex.: Eu disse a palavra peremptório (?), mas acho que havia palavra melhor no contexto; z Junto com o ponto de exclamação, para denotar surpresa: Ex.: Não conseguiu chegar ao local de prova?! (ou !?); O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Amanda - amanda-lov@hotmail.com, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. LÍ N G U A P O RT U G U ES A 121 z E interrogações retóricas: Ex.: Jogaremos comida fora à toa? (Ou seja: “Claro que não jogaremos comida fora à toa”). PONTO DE EXCLAMAÇÃO z É empregado para marcar o fim de uma frase com entonação exclamativa: Ex.: Que linda mulher! Coitada dessa criança!; z Aparece após uma interjeição: Ex.: Nossa! Isso é fantástico; z Usado para substituir vírgulas em vocativos enfáticos: Ex.: “Fernando José! Onde estava até esta hora?”; z É repetido duas ou mais vezes quando se quer marcar uma ênfase: Ex.: Inacreditável!!! Atravessou a piscina de 50 metros em 20 segundos!!! RETICÊNCIAS São usadas para: z Assinalar interrupção do pensamento: Ex.: ― Estou ciente de que... ― Pode dizer...; z Indicar partes suprimidas de um texto: Ex.: Na hora em que entrou no quarto ... e depois desceu as escadas apressadamente. (Tam- bém pode ser usado: Na hora em que entrou no quarto [...] e depois desceu as escadas apressadamente.); z Para sugerir prolongamento da fala: Ex.: ― O que vocês vão fazer nas férias? ― Ah, muitas coisas: dormir, nadar, pedalar...; z Para indicar hesitação: Ex.: ― Eu não a beijava porque... porque... tinha vergonha; z Para realçar uma palavra ou expressão, normalmente com outras intenções: Ex.: ― Ela é linda...! Você nem sabe como...! USO DAS ASPAS São usadas em citações ou em algum termo que precisa ser destacado no texto. Podem ser substituídas por itálico ou negrito, que têm a mesma função de destaque. Usam-se nos seguintes casos: z Antes e depois de citações: Ex.: “A vírgula é um calo no pé de todo mundo”, afirma Dad Squarisi, 64; z Para marcar estrangeirismos, neologismos, arcaísmos, gírias e expressões populares ou vulgares, conotativas: Ex.: O homem, “ledo” de paixão, não teve a fortuna que desejava. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Amanda - amanda-lov@hotmail.com, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. 122 Não gosto de “pavonismos”. Dê um “up” no seu visual; z Para realçar uma palavra ou expressão imprópria, às vezes com ironia ou malícia: Ex.: Veja como ele é “educado”: cuspiu no chão. Ele reagiu impulsivamente e lhe deu um “não” sonoro; z Para citar nomes de mídias, livros etc.: Ex.: Ouvi a notícia do “Jornal Nacional”. COLCHETES Representam uma variante dos parênteses, porém têm uso mais restrito. Usam-se nos seguintes casos: z Para incluir num texto uma observação de natureza elucidativa: Ex.: É de Stanislaw Ponte Preta [pseudônimo de Sérgio Porto] a obra “Rosamundo e os outros”; z Para isolar o termo latino sic (que significa “assim”), a fim de indicar que, por mais estra- nho ou errado que pareça, o texto original é assim mesmo: Ex.: “Era peior [sic] do que fazer-me esbirro alugado.” (Machado de Assis); z Para indicar os sons da fala, quando se estuda Fonologia: Ex.: mel: [mɛw]; bem: [bẽy]; z Para suprimir parte de um texto (assim como parênteses): Ex.: Na hora em que entrou no quarto [...] e depois desceu as escadas apressadamente. ou Na hora em que entrou no quarto (...) e depois desceu as escadas apressadamente (caso não preferível segundo as normas da ABNT). ASTERISCO z É colocado à direita e no canto superior de uma palavra do trecho para se fazer uma cita- ção ou comentário qualquer sobre o termo em uma nota de rodapé: Ex.: A palavra tristeza é formada pelo adjetivo triste acrescido do sufixo -eza*. *-eza é um sufixo nominal justaposto a um adjetivo, o que origina um novo substantivo; z Quando repetido três vezes, indica uma omissão ou lacuna em um texto, principalmente em substituição a um substantivo próprio: Ex.: O menor *** foi apreendido e depois encaminhado aos responsáveis; z Quando colocado antes e no alto da palavra, representa o vocábulo como uma forma hipo- tética, isto é, cuja existência é provável, mas não comprovada: Ex.: Parecer, do latim *parescere; z Antes de uma frase para indicar que ela é agramatical, ou seja, uma frase que não respeita as regras da gramática. * Edifício elaborou projeto o engenheiro. USO DA BARRA A barra oblíqua [ / ] é um sinal gráfico usado: O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Amanda - amanda-lov@hotmail.com, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. LÍ N G U A P O RT U G U ES A 123 z Para indicar disjunção e exclusão, podendo ser substituída pela conjunção “ou”: Ex.: Poderemos optar por: carne/peixe/dieta. Poderemos optar por: carne, peixe ou dieta; z Para indicar inclusão, quando utilizada na separação das conjunções e/ou: Ex.: Os alunos poderão apresentar trabalhos orais e/ou escritos; z Para indicar itens que possuem algum tipo de relação entre si: Ex.: A palavra será classificada quanto ao número (plural/singular). O carro atingiu os 220 km/h; z Para separar os versos de poesias, quando escritos seguidamente na mesma linha. São utilizadas duas barras para indicar a separação das estrofes: Ex.: “[…] De tanto olhar para longe,/não vejo o que passa perto,/meu peito é puro deserto./ Subo monte, desço monte.//Eu ando sozinha/ao longo da noite./Mas a estrela é minha.” Cecília Meireles; z Na escrita abreviada, para indicar que a palavra não foi escrita na sua totalidade: Ex.: a/c = aos cuidados de; s/ = sem; z Para separar o numerador do denominador nos números fracionários, substituindo a bar- ra da fração: Ex.: 1/3 = um terço; z Nas datas: Ex.: 31/03/1983 z Nos números de telefone: Ex.: 225 03 50/51/52; z Nos endereços: Ex.: Rua do Limoeiro, 165/232; z Na indicação de dois anos consecutivos: Ex.: O evento de 2012/2013 foi um sucesso; z Para indicar fonemas, ou seja, os sons da língua: Ex.: /s/. Embora não existam regras muito definidas sobre a existência de espaços antes e depois da barra oblíqua, privilegia-se o seu uso sem espaços: plural/singular, masculino/feminino, sinônimo/antônimo. EMPREGO DO SINAL INDICATIVO DE CRASE Um assunto que causa grande dúvida é o uso da crase, fenômeno gramatical que corres- ponde à junção da preposição a + artigo feminino definido a, ou da junção da preposição a + os pronomes relativos aquele, aquela ou aquilo. Representa-se graficamente pela marcação (`) + (a) = (à). Ex.: Entregue o relatório à diretoria. Refiro-me àquele vestido que está na vitrine. Regra geral: haverá crase sempre que o termo antecedente exija a preposição a e o termo consequente aceite o artigo a. Ex.: Fui à cidade (a + a = preposição + artigo) Conheço a cidade (verbo transitivo direto: não exige preposição). O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Amanda - amanda-lov@hotmail.com, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. 124 Vou a Brasília (verbo que exige preposição a + palavra que não aceita artigo). Essas dicas são facilitadoras quanto à orientação no uso da crase, mas existemespecifici- dades que ajudam no momento de identificação: Casos Convencionados z Locuções adverbiais formadas por palavras femininas: Ex.: Ela foi às pressas para o camarim. Entregou o dinheiro às ocultas para o ministro. Espero vocês à noite na estação de metrô. Estou à beira-mar desde cedo; z Locuções prepositivas formadas por palavras femininas: Ex.: Ficaram à frente do projeto; z Locuções conjuntivas formadas por palavras femininas: Ex.: À medida que o prédio é erguido, os gastos vão aumentando; z Quando indicar marcação de horário, no plural Ex.: Pegaremos o ônibus às oito horas. Fique atento ao seguinte: entre números teremos que de = a / da = à, portanto: Ex.: De 7 as 16 h. De quinta a sexta. (sem crase) Das 7 às 16 h. Da quinta à sexta. (com crase); z Com os pronomes relativos aquele, aquela ou aquilo: Ex.: A lembrança de boas-vindas foi reservada àquele outono. Por favor, entregue as flores àquela moça que está sentada. Dedique-se àquilo que lhe faz bem; z Com o pronome demonstrativo a antes de que ou de: Ex.: Referimo-nos à que está de preto. Referimo-nos à de preto; z Com o pronome relativo a qual, as quais: Ex.: A secretária à qual entreguei o ofício acabou de sair. As alunas às quais atribuí tais atividades estão de férias. Casos Proibitivos Em resumo, seguem-se as dicas abaixo para melhor orientação de quando não usar a crase. z Antes de nomes masculinos Ex.: “O mundo intelectual deleita a poucos, o material agrada a todos.” (MM) O carro é movido a álcool. Venda a prazo; z Antes de palavras femininas que não aceitam artigos Ex.: Iremos a Fortaleza. Macete de crase: Se vou a; Volto da = Crase há! Se vou a; Volto de = Crase pra quê? Ex.: Vou à escola / Volto da escola. Vou a Fortaleza / Volto de Fortaleza; O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Amanda - amanda-lov@hotmail.com, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. LÍ N G U A P O RT U G U ES A 125 z Antes de forma verbal infinitiva Ex.: Os produtos começaram a chegar. “Os homens, dizendo em certos casos que vão falar com franqueza, parecem dar a enten- der que o fazem por exceção de regra.” (MM); z Antes de expressão de tratamento Ex.: O requerimento foi direcionado a Vossa Excelência; z No a (singular) antes de palavra no plural, quando a regência do verbo exigir preposição Ex.: Durante o filme assistimos a cenas chocantes; z Antes dos pronomes relativos quem e cuja Ex.: Por favor, chame a pessoa a quem entregamos o pacote. Falo de alguém a cuja filha foi entregue o prêmio; z Antes de pronomes indefinidos alguma, nenhuma, tanta, certa, qualquer, toda, tama- nha e antes do pronome “uma” Ex.: Direcione o assunto a alguma cláusula do contrato. Não disponibilizaremos verbas a nenhuma ação suspeita de fraude. Eles estavam conservando a certa altura. Faremos a obra a qualquer custo. A campanha será disponibilizada a toda a comunidade. Refiro-me a uma pessoa especial. z Antes de demonstrativos Ex.: Não te dirijas a essa pessoa; z Antes de nomes próprios, mesmo femininos, de personalidades históricas Ex.: O documentário referia-se a Janis Joplin; z Antes dos pronomes pessoais retos e oblíquos Ex.: Por favor, entregue as frutas a ela. O pacote foi entregue a ti ontem; z Nas expressões tautológicas (face a face, lado a lado) Ex.: Pai e filho ficaram frente a frente no tribunal de justiça; z Antes das palavras casa, Terra ou terra, distância sem determinante Ex.: Precisa chegar a casa antes das 22h. Astronauta volta a Terra em dois meses. Os pesquisadores chegaram a terra depois da expedição marinha. Vocês o observaram a distância. Crase Facultativa Nestes casos, podemos escrever as palavras das duas formas: utilizando ou não a crase. Para entender detalhadamente, observe as seguintes dicas: z Antes de nomes de mulheres comuns ou com quem se tem proximidade Ex.: Ele fez homenagem a/à Bárbara; z Antes de pronomes possessivos no singular Ex.: Iremos a/à sua residência; z Após preposição até, com ideia de limite Ex.: Dirija-se até a/à portaria. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Amanda - amanda-lov@hotmail.com, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. 126 “Ouvindo isto, o desembargador comoveu-se até às (ou “as”) lágrimas, e disse com mui estranho afeto.” (CBr. 1, 67) Casos Especiais Veremos a seguir alguns casos que fogem à regra. Quando se relacionar a instrumentos cujos nomes forem femininos, normalmente a crase não será utilizada. Porém, em alguns casos, utiliza-se a crase para evitar ambiguidades. Ex.: Matar a fome. (Quando “fome” for objeto direto). Matar à fome. (Quando “fome” for advérbio de instrumento). Fechar a chave. (Quando “chave” for objeto direto). Fechar à chave. (Quando “chave” for advérbio de instrumento). Quando Usar ou Não a Crase em Sentenças com Nomes de Lugares z Regidos por preposições de, em, por: não se usa crase Ex.: Fui a Copacabana. (Venho de Copacabana, moro em Copacabana, passo por Copacabana); z Regidos por preposições da, na, pela: usa-se crase Ex.: Fui à Bahia. (Venho da Bahia, moro na Bahia, passo pela Bahia). Macetes z Haverá crase quando o “à” puder ser substituído por ao, da na, pela, para a, sob a, sobre a, contra a, com a, à moda de, durante a; z Quando o de ocorre paralelo ao a, não há crase. Quando o da ocorre paralelo ao à, há crase; z Na indicação de horas, quando o “à uma” puder ser substituído por às duas, há crase. Quando o a uma equivaler a a duas, não ocorre crase; z Usa-se a crase no “a” de àquele(s), àquela(s) e àquilo quando tais pronomes puderem ser substituídos por a este, a esta e a isto; z Usa-se crase antes de casa, distância, terra e nomes de cidades quando esses termos esti- verem acompanhados de determinantes. Ex.: Estou à distância de 200 metros do pico da montanha. A compreensão da crase vai muito além da estética gramatical, pois serve também para evitar ambiguidades comuns, como o caso seguinte: Lavando a mão. Nessa ocasião, usa-se a forma “Lavando a mão”, pois “a mão” é o objeto direto, e, portanto, não exige preposição. Usa-se a forma “à mão” em situações como “Pintura feita à mão”, já que “à mão” seria o advérbio de instrumento da ação de pintar. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Amanda - amanda-lov@hotmail.com, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. LÍ N G U A P O RT U G U ES A 127 REESCRITA DE FRASES E PARÁGRAFOS DO TEXTO: REORGANIZAÇÃO DA ESTRUTURA DE ORAÇÕES E DE PERÍODOS DO TEXTO A reescrita de textos é essencial em vários aspectos, como para corrigir erros e escrever mais claramente. No contexto dos concursos públicos, para responder às questões apresenta- das, é necessário identificar qual é a opção cuja reescrita mantém o sentido do texto original, sem que haja mudança de compreensão, baseada na intenção do emissor da mensagem. A coesão é um dos principais pontos a se observar na produção de um texto e, consequen- temente, na reescritura, para manter a coesão e a harmonia do texto. Conjunções, advérbios, preposições e pronomes, principalmente, apresentam aspectos que podem transformar com- pletamente o sentido de um enunciado. Portanto, eles merecem especial atenção. Além disso, até mesmo uma vírgula pode mudar o sentido de um enunciado, assim, elas também devem ser observadas. As frases reescritas precisam manter a essência do texto base, ou seja, a informação prin- cipal. É importante observar os tempos verbais empregados e a ordem das palavras também. Após a reescrita, as frases precisam: z manter o significado original; z manter a coesão; z não expressar opinião que não esteja na frase original; zrespeitar a sequência das ideias apresentadas no texto original. Há algumas maneiras de reEscrever um texto. Destacaremos aqui o deslocamento dos enunciados e a substituição de palavras ou trechos. SUBSTITUIÇÃO DE PALAVRAS OU DE TRECHOS DE TEXTO A substituição pode ser realizada por meio de recursos como sinônimos, antônimos, locu- ção verbal, verbos por substantivos e vice-versa, voz verbal, conectivos, dentre outros. Sinônimos Palavras ou expressões que possuem significados iguais ou semelhantes. Ex.: z O carro está com algum problema/O automóvel apresentou defeitos. Antônimos Palavras que possuem significados diferentes, ou seja, significados opostos que podem ser usados para substituir a palavra anterior. Ex.: z O homem estava nervoso e inquieto/O senhor não estava calmo. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Amanda - amanda-lov@hotmail.com, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. 128 Locução Verbal Ao invés de usar a forma única do verbo, é possível substituir o verbo por uma locução verbal e vice-versa. Exs.: z Vou solicitar os documentos amanhã/Solicitarei os documentos amanhã. Verbo por Substantivo e Vice-Versa Pode-se usar um substantivo correspondente no lugar de um verbo ou vice-versa, desde que isso faça sentido dentro do contexto. Exs.: z Caminhar: caminho; z Resolver: resolução; z Trabalhar: trabalho; z Necessitar: necessidade; z Estudar: estudos; z Beijar: beijo; z O trabalho enobrece o homem/Trabalhar enobrece o homem. Voz Verbal É possível mudar a voz verbal sem mudar a mensagem do enunciado. Exs.: z Eu fiz todo o trabalho/Todo o trabalho foi feito por mim. Palavra por Locução Correspondente Pode-se, na reescrita, trocar uma palavra por locução que corresponda a ela, ou vice-ver- sa. Ex.: z O amor materno é singular/O amor de mãe é singular. Conectivos com Mesmo Valor Semântico Os conectivos são palavras ou expressões que têm a função de ligar os períodos e pará- grafos do texto. Os conectores ou conectivos podem ser conjunções ou advérbios/locuções adverbiais e sempre promovem uma relação entre os termos conectados. Por meio da substituição de conectivos, é possível modificar e reescrever um trecho sem que haja mudança de sentido. Atenção! Identifique a relação que cada conector indica, pois, ao substituir um conector por outro que não possui relação semântica, pode ocorrer mudança no sentido do texto. Ao usar um conectivo para substituir outro, é necessário que ambos estabeleçam o mesmo tipo de relação. A seguir, relembraremos algumas das principais relações que os conectores expressam: O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Amanda - amanda-lov@hotmail.com, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. LÍ N G U A P O RT U G U ES A 129 z Adição: e, também, além disso, mas também; z Oposição: mas, porém, contudo, entretanto, no entanto; z Causa: por isso, portanto, certamente; z Tempo: atualmente, nos dias de hoje, na sociedade atual, depois, antes disso, em seguida, logo, até que; z Consequência: logo, consequentemente, por consequência; z Confirmação/Reafirmação: ou seja, nesse sentido, nessa perspectiva, em suma, em outras palavras, dessa forma; z Hipótese/Probabilidade: a menos que, mesmo que, supondo que; z Semelhança: do mesmo modo, assim como, bem como; z Finalidade: a fim de, para, para que, com a finalidade de, com o objetivo de; z Exemplificação: por exemplo, a exemplo de, isto é; z Ênfase: na verdade, efetivamente, certamente, com efeito; z Dúvida: talvez, por ventura, provavelmente, possivelmente; z Conclusão: portanto, logo, enfim, em suma. Dentro de cada um dos grupos de conjunções acima citados é possível haver substituição entre as conjunções sem que haja prejuízo no entendimento final do trecho reescrito. DESLOCAMENTO Deslocamento é o recurso utilizado para reescrever determinado trecho, que se baseia em modificar de lugar determinados termos. Ou seja: um termo que estava no início pode ir para o final do texto e vice-versa. Podemos citar como exemplo os períodos a seguir: z Faleceu, em São Paulo, o jornalista Ricardo Boechat; z O jornalista Ricardo Boechat faleceu em São Paulo. Para reescrever frases utilizando o deslocamento, é necessário observar se há mudança de sentido e se a correção gramatical foi mantida. Do mesmo modo, para analisar uma questão de reescritura, é necessário observar qual elemento foi deslocado e se esse deslocamento provocou mudança de sentido ou inadequação gramatical. É possível deslocar os seguintes termos em uma oração: Adjunto Adverbial Ex.: Na semana passada, participei de todas as aulas da faculdade. Participei de todas as aulas da faculdade na semana passada. Observando os pontos anteriormente mencionados, é possível perceber que neste caso não há mudança de sentido, e que a correção gramatical foi mantida, já que o adjunto adver- bial de tempo no final da oração não precisa de vírgula. Adjetivo O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Amanda - amanda-lov@hotmail.com, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. 130 Ex.: Meu novo namorado trabalha com vendas; Meu namorado novo trabalha com vendas. Na frase original, o adjetivo “novo” está antes do substantivo, e na segunda frase, aparece depois. No entanto, é possível perceber que não há mudança de sentido e que a correção gra- matical foi mantida, já que essa mudança não implica necessidade de vírgula nem provoca erro gramatical. Pronome Indefinido Ex.: Não quero que alguma situação tire nossa paz; Não quero que situação alguma tire nossa paz. Neste caso, não há mudança de sentido e a correção gramatical foi mantida, pois essa mudança não implica necessidade de vírgula nem provoca erro gramatical. Observe o quadro a seguir para sanar suas dúvidas sobre as diferenças entre os recursos: DIFERENÇAS ENTRE OS RECURSOS Deslocamento Substituição Muda um termo de lugar dentro do próprio enunciado Substitui determinado termo do trecho, mantendo o mesmo sentido Antes Ex.: Dessa forma, todos poderemos ir juntos ao local do evento Antes Ex.: Dessa forma, todos poderemos ir juntos ao local do evento Depois Ex.: Todos poderemos, dessa forma, ir juntos ao local do evento Depois Ex.: Assim, todos poderemos ir juntos ao local do evento Este tema da reescrita de textos pode ser aplicado tanto a questões de concursos quanto à produção de redações e textos diversos. Nas questões, é necessário analisar as opções dadas para encontrar aquela na qual a escri- ta esteja gramaticalmente correta e o sentido original do texto esteja presente, sem mudan- ças na compreensão. Já nas redações, a reescrita é essencial para corrigir erros e escrever de forma mais clara. Ela auxilia, também, para poder utilizar o texto-base como subsídio para a escrita, fazendo modificações de alguns trechos e adaptando-os para a sua escrita. REESCRITA DE TEXTOS DE DIFERENTES GÊNEROS E NÍVEIS DE FORMALIDADE A língua não é uma, ou seja, não é indivisível; ela pode ser considerada um conjunto de dialetos. Alguém já disse que em país algum se fala uma língua só, há várias línguas dentro da língua oficial. E no Brasil não é diferente: pode-se até afirmar que cada cidadão tem a sua. A essa característica da língua damos o nome de variação linguística. De forma sintética, podemos dividir de duas formas a língua “brasileira”: padrão formal e padrão informal; cada um desses tipos apresenta suas peculiaridades e espécies derivadas. Vejamos: O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Amanda - amanda-lov@hotmail.com, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução,cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. LÍ N G U A P O RT U G U ES A 131 PADRÃO FORMAL Norma Culta A norma culta da língua portuguesa é estabelecida pelos padrões definidos conforme a classe social mais abastada, detentora de poder político e cultural. As pessoas cujo padrão social lhe permite gozar de privilégios na sociedade têm o poder de ditar, inclusive, as regras da língua, direcionando o que é considerado permitido e aquilo que não é. Norma Padrão A norma padrão diz respeito às regras organizadas nas gramáticas, estabelecendo um conjunto de regras e preceitos que devem ser respeitados na utilização da língua. Essa norma apresenta um caráter mais abstrato, tendo em vista que também considera fatores sociais, como a norma culta. Língua Formal A língua formal não está, diretamente, associada a padrões sociais; embora saibamos que a influência social exerce grande poder na língua, a língua formal busca formalizar em regras e padrões as suas normas a fim de estabelecer um preceito mais concreto sobre a linguagem. PADRÃO INFORMAL Coloquialismo Diz respeito a qualquer traço de linguagem (fonético, lexical, morfológico, sintático ou semântico) que apresenta formas informais no falar e/ou escrever. Oralidade A oralidade marca as maneiras informais de se comunicar. Tais formas não são reconhe- cidas pela norma formal, e, por isso, são chamadas de registros orais ou coloquiais, embora nem sempre sejam realizados apenas pela linguagem oral. Linguagem Coloquial A linguagem coloquial marca formas fora do padrão estabelecido pela gramática. Como sabemos, existem alguns tipos de variação linguística; dentre elas, as mais comuns em provas de concurso são: z Variação diatópica ou geográfica A variação diatópica pode ocorrer com sons diferentes. Quando isso acontece, dizemos que ocorreu uma variação diatópica fonética, já que fonética significa aquilo que diz respeito aos sons da fala. Temos também o exemplo das variações que ocorrem em diversas partes do país. Em O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Amanda - amanda-lov@hotmail.com, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. 132 Curitiba, PR, os jovens chamam de penal o estojo escolar para guardar canetas e lápis; no Nordeste, é comum usarem a palavra cheiro para representar um carinho feito em alguém. O que em outras regiões se chamaria de beijinho. Macaxeira, no Norte e no Nordeste, é a mandioca ou o aipim. Essa variação denominamos diatópica lexical, já que lexical significa algo relativo ao vocabulário. z Variação diastrática ou sociocultural A variação diastrática, como também ocorre com a diatópica, pode ser fonética, lexical e sintática, dependendo do que seja modificado pelo falar do indivíduo: falar adevogado, pineu, bicicreta, é exemplo de variação diastrática fonética. Usar “presunto” no lugar de corpo de pessoa assassinada é variação diastrática lexical. E falar “Houveram menas per- cas” no lugar de “Houve menos perdas” é variação diastrática sintática. z Variação diafásica ou estilística A variação diafásica, como ocorreu com a diatópica e com a diastrática, pode ser também fonética, lexical e sintática. Dizer “veio”, com o e aberto, não por morar em determinado lugar nem porque todos de sua camada social usem, é usar a variação diafásica fonética. Um padre, em um momento de descontração, brincando com alguém, dizer “presunto” para representar o “corpo de pessoa assassinada”, usa a variação diafásica lexical. E, finalmen- te, um advogado dizer “Encontrei ele”, também em momento de descontração, no lugar de “Encontrei-o” é usar a variação diafásica sintática. VARIAÇÃO DIAFÁSICA Diafásica fonética Mudança no som, como veio (pronúncia com E aberto) e more (pronúncia com E fechado, assemelhando-se quase a pronúncia de i) Diafásica lexical Ocorre em contextos de informalidade, em que há mais liberdade para usar gírias e expressões lexicais diferentes Diafásica sintática Ocorre com a alteração dos elementos sintáticos, ocasionando erros z Variação diacrônica Diz respeito à mudança de forma e/ou sentido estabelecido em algumas palavras ao longo dos anos. Podemos citar alguns exemplos comuns, como as palavras Pharmácia – Farmácia; Vossa Mercê – Você. Além dessas, a variação diacrônica também marca a presença de gírias comuns em determinadas épocas, como broto, chocante, carango etc. SIGNIFICAÇÃO DAS PALAVRAS DENOTAÇÃO O sentido denotativo da linguagem compreende o significado literal da palavra indepen- dente do seu contexto de uso. Preocupa-se com o significado mais objetivo e literal associado O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Amanda - amanda-lov@hotmail.com, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. LÍ N G U A P O RT U G U ES A 133 ao significado que aparece nos dicionários. A denotação tem como finalidade dar ênfase à informação que se quer passar para o receptor de forma mais objetiva, imparcial e prática. Por isso, é muito utilizada em textos informativos, como notícias, reportagens, jornais, arti- gos, manuais didáticos, entre outros. Ex.: O fogo se alastrou por todo o prédio. (fogo: chamas) O coração é um músculo que bombeia sangue para o corpo. (coração: parte do corpo) CONOTAÇÃO O sentido conotativo compreende o significado figurado e depende do contexto em que está inserido. A conotação põe em evidência os recursos estilísticos dos quais a língua dispõe para expressar diferentes sentidos ao texto de maneira subjetiva, afetiva e poética. A conota- ção tem como finalidade dar ênfase à expressividade da mensagem de maneira que ela possa provocar sentimentos ou diferentes sensações no leitor. Por esse motivo, é muito utilizada em poesias, conversas cotidianas, letras de músicas, anúncios publicitários e outros. Ex.: “Amor é fogo que arde sem se ver”. Você mora no meu coração. O SIGNIFICADO DAS PALAVRAS Quando escolhemos determinadas palavras ou expressões dentro de um conjunto de pos- sibilidades de uso, estamos levando em conta o contexto que influencia e permite o esta- belecimento de diferentes relações de sentido. Essas relações podem se dar por meio de: sinonímia, antonímia, homonímia, paronímia, polissemia, hiponímia e hiperonímia. Importante! Léxico: conjunto de todas as palavras e expressões de um idioma. Vocabulário: conjunto de palavras e expressões que cada falante seleciona do léxico para se comunicar. Sinonímia São palavras ou expressões que, empregadas em um determinado contexto, têm signifi- cados semelhantes. É importante entender que a identidade dos sinônimos é ocasional, ou seja, em alguns contextos uma palavra pode ser empregada no lugar de outra, o que pode não acontecer em outras situações. O uso das palavras “chamar”, “clamar” e “bradar”, por exemplo, pode ocorrer de maneira equivocada se utilizadas como sinônimos, uma vez que a intensidade de suas significações é diferente. O emprego dos sinônimos é um importante recurso para a coesão textual, uma vez que essa estratégia revela, além do domínio do vocabulário do falante, a capacidade que ele tem de realizar retomadas coesivas, o que contribuiu para melhor fluidez na leitura do texto. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Amanda - amanda-lov@hotmail.com, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. 134 Antonímia São palavras ou expressões que, empregadas em um determinado contexto, têm significa- dos opostos. As relações de antonímia podem ser estabelecidas em gradações (grande/peque- no; velho/jovem); reciprocidade (comprar/vender) ou complementaridade (ele é casado/eleé solteiro). Vejamos o exemplo a seguir: Fonte: https://bit.ly/3kETkpl. Acesso em: 16 out. 2020. A relação de sentido estabelecida na tirinha é construída a partir dos sentidos opostos das palavras “prende” e “solta”, marcando o uso de antônimos, nesse contexto. Homonímia Homônimos são palavras que têm a mesma pronúncia ou grafia, porém apresentam sig- nificados diferentes. É importante estar atento a essas palavras e a seus dois significados. A seguir, listamos alguns homônimos importantes: acender (colocar fogo) ascender (subir) acento (sinal gráfico) assento (local onde se senta) acerto (ato de acertar) asserto (afirmação) apreçar (ajustar o preço) apressar (tornar rápido) bucheiro (tripeiro) buxeiro (pequeno arbusto) bucho (estômago) buxo (arbusto) caçar (perseguir animais) cassar (tornar sem efeito) cegar (deixar cego) segar (cortar, ceifar) cela (pequeno quarto) sela (forma do verbo selar; arreio) censo (recenseamento) senso (entendimento, juízo) céptico (descrente) séptico (que causa infecção) cerração (nevoeiro) serração (ato de serrar) cerrar (fechar) serrar (cortar) cervo (veado) servo (criado) O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Amanda - amanda-lov@hotmail.com, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. LÍ N G U A P O RT U G U ES A 135 chá (bebida) xá (antigo soberano do Irã) cheque (ordem de pagamento) xeque (lance no jogo de xadrez) círio (vela) sírio (natural da Síria) cito (forma do verbo citar) sito (situado) concertar (ajustar, combinar) consertar (reparar, corrigir) concerto (sessão musical) conserto (reparo) coser (costurar) cozer (cozinhar) esotérico (secreto) exotérico (que se expõe em público) espectador (aquele que assiste) expectador (aquele que tem esperança, que espera) esperto (perspicaz) experto (experiente, perito) espiar (observar) expiar (pagar pena) espirar (soprar, exalar) expirar (terminar) estático (imóvel) extático (admirado) esterno (osso do peito) externo (exterior) estrato (camada) extrato (o que se extrai de algo) estremar (demarcar) extremar (exaltar, sublimar) incerto (não certo, impreciso) inserto (inserido, introduzido) incipiente (principiante) insipiente (ignorante) laço (nó) lasso (frouxo) ruço (pardacento, grisalho) russo (natural da Rússia) tacha (prego pequeno) taxa (imposto, tributo) tachar (atribuir defeito a) taxar (fixar taxa) Fonte: https://www.soportugues.com.br/secoes/seman/seman6.php. Acesso em: 17 out. 2020. Parônimos Parônimos são palavras que apresentam sentido diferente e forma semelhante, conforme demonstramos nos exemplos a seguir: z Absorver/absolver � Tentaremos absorver toda esta água com esponjas. (sorver) � Após confissão, o padre absolveu todos os fiéis de seus pecados (inocentar). z Aferir/auferir � Realizaremos uma prova para aferir seus conhecimentos (avaliar, cotejar). � O empresário consegue sempre auferir lucros em seus investimentos (obter). O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Amanda - amanda-lov@hotmail.com, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. 136 z Cavaleiro/cavalheiro � Todos os cavaleiros que integravam a cavalaria do rei participaram na batalha (homem que anda de cavalo). � Meu marido é um verdadeiro cavalheiro, abre sempre as portas para eu passar (homem educado e cortês). z Cumprimento/comprimento � O comprimento do tecido que eu comprei é de 3,50 metros (tamanho, grandeza). � Dê meus cumprimentos a seu avô (saudação). z Delatar/dilatar � Um dos alunos da turma delatou o colega que chutou a porta e partiu o vidro (denunciar). � Comendo tanto assim, você vai acabar dilatando seu estômago (alargar, estender). z Dirigente/diligente � O dirigente da empresa não quis prestar declarações sobre o funcionamento da mesma (pessoa que dirige, gere). � Minha funcionária é diligente na realização de suas funções (expedito, aplicado). z Discriminar/descriminar � Ela se sentiu discriminada por não poder entrar naquele clube (diferenciar, segregar). � Em muitos países se discute sobre descriminar o uso de algumas drogas (descrimina- lizar, inocentar). Fonte: https://www.normaculta.com.br/palavras-paronimas/. Acesso em: 17 out. 2020. Polissemia (Plurissignificação) Multiplicidade de sentidos encontrados em algumas palavras, dependendo do contexto. As palavras polissêmicas guardam uma relação de sentido entre si, diferenciando-as das pala- vras homônimas. A polissemia é encontrada no exemplo a seguir: Fonte: https://bit.ly/3jynvgs. Acesso em: 17 out. 2020. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Amanda - amanda-lov@hotmail.com, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. LÍ N G U A P O RT U G U ES A 137 Hipônimo e Hiperônimo Relação estabelecida entre termos que guardam relação de sentido entre si e mantêm uma ordem gradativa. Exemplo: hiperônimo – veículo; hipônimos – carro, automóvel, moto, bicicleta, ônibus... HORA DE PRATICAR! 1. (CESGRANRIO — 2023) Floresta amazônica vai virar savana Pesquisadores afirmam que mudança no ecossistema da Amazônia é iminente Se a Amazônia perder mais de 20% de sua área para o desmatamento, ela pode se descaracteri- zar de tal forma que deixaria de ser uma floresta e se transformaria em área de savana, alertam dois conceituados pesquisadores da área, em um artigo publicado recentemente. Hoje, o desma- tamento acumulado está em 17%. Os cientistas acreditam que as sinergias negativas entre desmatamento, mudanças climáticas e uso indiscriminado de incêndios florestais indicam um tipping point (ponto crítico), um ponto sem volta, para transformar as partes Sul, Leste e central da Amazônia em um ecossistema não florestal se o desmatamento chegar a entre 20% e 25%. Os pesquisadores partiram do conceito da “savanização” da Amazônia, que surgiu após a desco- berta de que as florestas interferem no regime de chuvas. Na Amazônia, por exemplo, estima-se que metade das chuvas na região é resultado da umidade produzida pela evapotranspiração (a transpiração das árvores), que “recicla” as correntes de ar úmido provenientes do Oceano Atlântico. Caso perca uma quantidade grande de árvores, a floresta recicla menos chuva, ficando mais suscetível a incêndios. O fogo altera a vegetação, favorecendo o avanço de gramíneas onde antes havia espécies florestais. O resultado desse processo ecológico é que grandes fragmentos de florestas se transformam em savanas ou cerrados, descaracterizando a Amazônia como a conhecemos hoje. A primeira estimativa de qual seria o tipping point para a Amazônia virar savana foi feita em um estudo em 2007, e chegou à conclusão de que esse valor era de 40% de florestas derrubadas. Só que esse estudo avaliou apenas uma variável, o desmatamento. Segundo um dos autores, quando se consideram outros fatores, como os incêndios florestais e o aquecimento global, essa margem diminui consideravelmente. Os focos de incêndio têm aumentado. O aquecimento glo- bal já está acontecendo, com um aumento de 1 grau Celsius na temperatura média da Amazônia. De acordo com uma especialista em ciência e Amazônia, a hipótese de savanização precisa ser encarada com seriedade, porque a floresta amazônica tem resiliência, ela consegue resistir a algum desmatamento. Mas essa possibilidade não é infinita, chega a um ponto que não tem retorno. Além disso, é preciso considerar a população da região, investindo na produção com sustentabilidade. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Amanda - amanda-lov@hotmail.com, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-seaos infratores à responsabilização civil e criminal. 138 Uma das propostas para que se possa evitar o tipping point é o reflorestamento. Com esse objeti- vo, o Brasil se comprometeu, na Conferência da ONU sobre Clima em Paris, em 2015, a reflorestar 12 milhões de hectares até 2030. CALIXTO, B. O Globo. Sociedade. Rio de Janeiro, 22 fev. 2018. Adaptado. No trecho “metade das chuvas na região é resultado da umidade produzida pela evapotranspira- ção (a transpiração das árvores)” (parágrafo 3), a palavra destacada é derivada do verbo transpi- rar, com o acréscimo do sufixo “ção”. O grupo em que todos os verbos também formam substantivos pelo acréscimo do sufixo “ção” é: a) ceder, conservar, repercutir b) conceder, transgredir, poluir c) evaporar, inserir, preservar d) renovar, devastar, admitir e) transmitir, permitir, introduzir Leia o texto para responder às questões 2, 3 e 4. Uma cena É de manhã. Não num lugar qualquer, mas no Rio. E não numa época qualquer, mas no outono. Outono no Rio. O ar é fino, quase frio, as pedras portuguesas da calçada estão úmidas. No alto, o céu já é de um azul escandaloso, mas o sol oblíquo ainda não conseguiu vencer os prédios e arrasta seus raios pelo mar, pelas praias, por cima das montanhas, longe dali. Não chegou à rua. E, naquele trecho, onde as amendoeiras trançam suas copas, ainda é quase madrugada. Mesmo assim, ela já está lá – como se à espera do sol. É uma senhora de cabelos muito brancos, sentada em sua cadeira, na calçada. Na rua tranquila, de pouco movimento, não passa quase ninguém a essa hora, tão de manhãzinha. Nem carros, nem pessoas. O que há mais é o movimento dos porteiros e dos pássaros. Os primeiros, com suas vassouras e mangueiras, conversando sobre o futebol da véspera. Os segundos, cantando – dentro ou fora das gaiolas. Mas, mesmo com tão pouco movimento, a senhora já está sentada muito ereta, com seu vestido estampado, de corte simples, suas sandálias. Tem o olhar atento, o sorriso pronto a cumprimen- tar quem surja. No braço da cadeira de plástico branco, sua mão repousa, mas também parece pronta a erguer -se num aceno, quando alguém passar. É uma cena bonita, eu acho. Cena que se repete todos os diasa. Parece coisa de antigamente. Parece. Não fosse por um detalhe. A senhora, sentada placidamente em sua cadeira na calçada, observando as manhãs, está atrás das grades. Meu irmão, que foi morar fora do Brasil e ficou 15 anos sem vir aqui, ao voltar só teve um choque: as grades. Nada mais o impressionou, tudo ele achou normal. Fez comentários vagos sobre as árvores crescidas no Aterro, sobre o excesso de gente e carros, tudo sem muita ênfase. Mas e essas grades, me perguntou, por que todas essas grades? E eu, espantada com seu espanto, eu que de certa forma já me acostumara à paisagem gradeadab, fiquei sem saber o que dizer. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Amanda - amanda-lov@hotmail.com, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. LÍ N G U A P O RT U G U ES A 139 Penso nisso agora, ao passar pela rua e ver aquela senhora. Todos os dias, o porteiro coloca ali a cadeira para que ela se sentec, junto ao jardim, em frente à portaria, por trás da proteção do gradil pintado com tinta cor de cobre. E essa cena tão singela, de sabor tão antigo, se desenrola assim, por trás de barras de ferro, que mesmo sendo de alumínio para não enferrujar são de um ferro simbólico, que prende, constrange, restringed. Eu, da calçada, vejo-a sempre por entre as tiras verticais de metal, sua figura frágil me fazendo lembrar os passarinhos que os porteiros guardam nas gaiolas, pendurados nas árvorese. SEIXAS, Heloisa. Contos mínimos. Rio de Janeiro: Record, 2001 2. (CESGRANRIO — 2022) O emprego do pronome oblíquo em destaque respeita a norma-padrão da língua em: a) Quando perguntaram sobre as grades, fiquei sem saber o que lhes dizer. b) O sol oblíquo nasce atrás dos prédios, mas ainda não conseguiu vencer-lhes. c) A velha senhora está sempre lá. Já espero lhe ver quando saio todas as manhãs. d) Ainda demora para o sol nascer, mas, mesmo assim, a velha senhora já está lá a lhe esperar. e) Quando as pessoas passam na calçada, aquela senhora tem o sorriso pronto para lhes cumprimentar. 3. (CESGRANRIO — 2022) Para atender aos padrões de escrita formal do português, observando-se a norma-padrão, o acento grave indicativo da crase deve ser empregado em: a) A paisagem a qual descrevi me deslumbra até hoje. b) Não havia ninguém na rua quando a manhã se descortinou. c) Meu irmão demonstrava surpresa sempre que via as grades. d) A velha senhora tem o olhar atento as belas paisagens da cidade. e) Minha percepção sobre o Rio mudou a partir da visão daquela senhora. 4. (CESGRANRIO — 2022) A frase na qual o que cumpre somente a função de promover a continui- dade do texto sem acumular a função de retomar um antecedente é: a) “Cena que se repete todos os dias”. b) “eu que de certa forma já me acostumara à paisagem gradeada”. c) “Todos os dias, o porteiro coloca ali a cadeira para que ela se sente”. d) “são de um ferro simbólico, que prende, constrange, restringe.” e) “os passarinhos que os porteiros guardam nas gaiolas, pendurados nas árvores.” Leia o texto para responder às questões 5, 6 e 7. A história do método braile Ler no escuro. Quem já tentou sabe que é impossível. Mas foi exatamente a isso que um francês chamado Louis Braille dedicou a vida. Nascido em Coupvray, uma pequena aldeia nos arredores de Paris, em 1809, desde cedo ele mostrou muito interesse pelo trabalho do pai. Seus olhos azuis brilhavam da admiração de vê-lo cortar, com extrema perícia, selas e arreios. Pouco depois de completar 3 anos, o menino começou a brincar na selaria do pai, cortando pequenas tiras de couro. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Amanda - amanda-lov@hotmail.com, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. 140 Uma tarde, uma sovela, instrumento usado para perfurar o couro, escapou-lhe da mão e atingiu o seu olho esquerdo. O resultado foi uma infecção que, seis meses depois, afetaria também o olho direito. Aos 5 anos, o garoto estava completamente cego. A tragédia não o impediu, porém, de frequentar a escola por dois anos e de se tornar ainda um alu- no brilhante. Por essa razão, ele ganhou uma bolsa de estudos no Instituto Nacional para Jovens Cegos, em Paris, um colégio interno fundado por Valentin Haüy (1745-1822). Além do currículo normal, Haüy introduzira um sistema especial de alfabetização, no qual letras de forma impressas em relevo, em papelão, eram reconhecidas pelos contornos. Desde o início do curso, Braille desta- cou-se como o melhor aluno da turma e logo começou a ajudar os colegas. Em 1821, aos 12 anos, conheceu um método inventado pouco antes por Charles Barbier de La Serre, oficial do Exército francês. O método Barbier, também chamado escrita noturna, era um código de pontos e traços em relevo impressos também em papelão. Destinava-se a enviar ordens cifradas a sentinelas em postos avançados. Estes decodificariam a mensagem até no escuro. Mas, como a ideia não pegou na tropa, Barbier adaptou o método para a leitura de cegos, com o nome de grafia sonora. O sistema permitia a comunicação entre os cegos, pois com ele era possível escrever, algo que o método de Haüy não possibilitava. O de Barbier era fonético: registrava sons e não letras. Dessa forma, as palavras não podiam ser soletradas. Além disso, o fato de um grande número de sinais ser usado para uma única palavra tornava o sistema muito complicado. Apesar dos inconvenientes, foi ado- tado como método auxiliar por Haüy. Pesquisando a fundo a grafia sonora, Braille percebeu suas limitações e pôs-se a aperfeiçoá-la. Em 1824, seu métodoestava pronto. Primeiro, eliminou os traços, para evitar erros de leitura: em segui- da, criou uma célula de seis pontos, divididos em duas colunas de três pontos cada, que podem ser combinados de 63 maneiras diferentes. A posição dos pontos na célula está ao lado. Em 1826, aos 17 anos, ainda estudante, Braille começou a dar aulas. Embora seu método fizesse sucesso entre os alunos, não podia ensiná-lo na sala de aula, pois ainda não era reconhecido ofi- cialmente. Por isso, Braille dava aulas do revolucionário sistema escondido no quarto, que logo se transformou numa segunda sala de aula. O braile é lido passando-se a ponta dos dedos sobre os sinais de relevo. Normalmente se usa a mão direita com um ou mais dedos, conforme a habilidade do leitor, enquanto a mão esquerda pro- cura o início da outra linha. Aplica-se a qualquer língua, sem exceção, e também à estenografia, à música – Braille, por sinal, era ainda exímio pianista – e às notações científicas em geral. A escrita é feita mediante o uso da reglete, também idealizada por Braille: trata-se de uma régua especial, de duas linhas, com uma série de janelas de seis furos cada, correspondentes às células braile. Louis Braille morreu de tuberculose em 1852, com apenas 43 anos. Temia que seu método desapa- recesse com ele, mas, finalmente, em 1854 foi oficializado pelo governo francês. No ano seguinte, foi apresentado ao mundo, na Exposição Internacional de Paris, por ordem do imperador Napoleão III (1808-1873), que programou ainda uma série de concertos de piano com ex-alunos de Braille. O sucesso foi imediato, e o sistema se espalhou pelo mundo. Em 1952, o governo francês transferiu os restos mortais de Braille para o Panthéon, em Paris, onde estão sepultados os heróis nacionais. ATANES, Silvio. Super Interessante. Disponível em: https://supe.abril.]com.br/historia/. Acesso em: 23 out. 2022. Adaptado 5. (CESGRANRIO — 2023) O pronome oblíquo átono está colocado de acordo com a norma-padrão da língua portuguesa em: O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Amanda - amanda-lov@hotmail.com, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. LÍ N G U A P O RT U G U ES A 141 a) Me surpreende a história de vida de Braille. b) Seu método não trouxe-lhe reconhecimento em vida. c) O menino cego aos cinco anos tornar-se-ia um herói nacional na França. d) Quantos impressionaram-nos como Braille? e) Braille recebia os alunos e sempre auxiliava-os com o método criado. 6. (CESGRANRIO — 2023) Em “Mas, como a ideia não pegou na tropa, Barbier adaptou o método para a leitura de cegos”, a oração destacada apresenta o valor semântico de a) fim b) causa c) tempo d) proporção e) consequência 7. (CESGRANRIO — 2023) Considere a expressão em destaque da seguinte passagem do parágrafo 3: O método Barbier, também chamado escrita noturna, era um código de pontos e traços em relevo impressos também em papelão. Destinava-se a enviar ordens cifradas a sentinelas em postos avançados. Estes decodificariam a mensagem até no escuro. Mas como a ideia não pegou na tropa, Barbier adaptou o método para a leitura de cegos, com o nome de grafia sonora. O sistema permitia a comunicação entre os cegos. No trecho, por meio do processo de coesão textual, a expressão destacada retoma a) “um código de pontos e traços em relevo impressos também em papelão” b) “ordens cifradas” c) “a mensagem” d) “a ideia” e) “grafia sonora” Leia o texto para responder às questões 8 e 9. Entulho eletrônico: risco iminente para a saúde e o ambiente Os resíduos de equipamentos eletroeletrônicos (lixo eletroeletrônico) são, por definição, produ- tos que têm componentes elétricos e eletrônicos e que, por razões de obsolescência (perspec- tiva ou programada) e impossibilidade de conserto, são descartados pelos consumidores. Os exemplos mais comuns são televisores e equipamentos de informática e telefonia, mas a lista inclui eletrodomésticos, equipamentos médicos, brinquedos, sistemas de alarme, automação e controle. Obsolescência programada é a decisão intencional de fabricar um produto que se torne obsoleto ou não funcional após certo tempo, para forçar o consumidor a comprar uma nova geração desse pro- duto. Já a obsolescência perspectiva é uma forma de reduzir a vida útil de produtos ainda funcionais. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Amanda - amanda-lov@hotmail.com, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. 142 Nesse caso, são lançadas novas gerações com aparência inovadora e pequenas mudanças funcio- nais, dando à geração em uso aspecto de ultrapassada, o que induz o consumidor à troca. O lixo eletroeletrônico é mais um desafio que se soma aos problemas ambientais da atualidade. O consumidor raramente reflete sobre as consequências do consumo crescente desses produtos, preocupando- se em satisfazer suas necessidades. Afinal, eletroeletrônicos são tidos como sinô- nimos de melhor qualidade de vida, e a explosão da indústria da informação é uma força motriz da sociedade, oferecendo ferramentas para rápidos avanços na economia e no desenvolvimento social. O mundo globalizado impõe uma constante busca de informações em tempo real, e a sua interação com novas tecnologias traz maiores oportunidades e benefícios, segundo estudo da Organização das Nações Unidas (ONU). Tudo isso exerce um fascínio irresistível para os jovens. Dois aspectos justificam a inclusão dos eletroeletrônicos entre as preocupações da ONU: as vendas crescentes, em especial nos mercados emergentes (inclusive o Brasil), e a presença de metais e substâncias tóxicas em muitos componentes, trazendo risco à saúde e ao meio ambien- te. Segundo a ONU, são gerados hoje 150 milhões de toneladas de lixo eletroeletrônico por ano, e esse tipo de resíduo cresce a uma velocidade três a cinco vezes maior que a do lixo urbano. AFONSO, J. C. Revista Ciência Hoje, n. 314, maio 2014. São Paulo: SBPC. Disponível em: https://cienciahoje. periodicos.capes. gov.br/storage/acervo/ch/ch_314.pdf. Adaptado. 8. (CESGRANRIO — 2022) No trecho “Tudo isso exerce um fascínio irresistível para os jovens.” (parágrafo 3), a palavra que apresenta o sentido contrário ao da palavra destacada é a) atração b) encanto c) repulsa d) sedução e) embevecimento 9. (CESGRANRIO — 2022) No texto, os dois primeiros parágrafos estabelecem entre si a seguinte relação: a) apresentação de problema / definição de conceitos b) definição de termos / exemplificação de casos c) proposição de tese / desenvolvimento de argumentos d) situação hipotética / comprovação por evidências e) relato de caso / explicitação de motivação Leia o texto para responder às questões 10 e 11. Eu sei, mas não devia Eu sei que a gente se acostuma. Mas não devia. A gente se acostuma a morar em apartamentos de fundos e a não ter outra vista que não as janelas ao redor. E, porque não tem vista, logo se acostuma a não olhar para fora. E, porque não olha para fora, logo se acostuma a não abrir de todo as cortinas. E, porque não abre as cortinas, logo se acostuma a acender mais cedo a luz. E, à medida que se acostuma, esquece o sol, esquece o ar, esquece a amplidão. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Amanda - amanda-lov@hotmail.com, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. LÍ N G U A P O RT U G U ES A 143 A gente se acostuma a acordar de manhã sobressaltado porque está na hora. A tomar o café cor- rendo porque está atrasado. A ler o jornal no ônibus porque não pode perder o tempo da viagem. A comer sanduíche porque não dá para almoçar. A sair do trabalho porque já é noite. A cochilar no ônibus porque está cansado.A deitar cedo e dormir pesado sem ter vivido o dia. A gente se acostuma a abrir o jornal e a ler sobre a guerra. E, aceitando a guerra, aceita os mortos e que haja números para os mortos. E, aceitando os números, aceita não acreditar nas negocia- ções de paz. E, não acreditando nas negociações de paz, aceita ler todo dia da guerra, dos núme- ros, da longa duração. A gente se acostuma a esperar o dia inteiro e ouvir no telefone: hoje não posso ir. A sorrir para as pessoas sem receber um sorriso de volta. A ser ignorado quando precisava tanto ser visto. A gente se acostuma a pagar por tudo o que deseja e o de que necessita. E a lutar para ganhar o dinheiro com que pagar. E a ganhar menos do que precisa. E a fazer fila para pagar. E a pagar mais do que as coisas valem. E a saber que cada vez paga mais. E a procurar mais trabalho, para ganhar mais dinheiro, para ter com que pagar nas filas em que se cobra. A gente se acostuma a andar na rua e ver cartazes. A abrir as revistas e ver anúncios. A ligar a televisão e assistir a comerciais. A ir ao cinema e engolir publicidade. A ser instigado, conduzido, desnorteado, lançado na infindável catarata dos produtos. A gente se acostuma à poluição. Às salas fechadas de ar-condicionado e cheiro de cigarro. À luz artificial de ligeiro tremor. Ao choque que os olhos levam na luz natural. Às bactérias da água potável. À contaminação da água do mar. À lenta morte dos rios. Se acostuma a não ouvir pas- sarinho, a não ter galo de madrugada, a temer a hidrofobia dos cães, a não colher fruta no pé, a não ter sequer uma planta. A gente se acostuma a coisas de mais, para não sofrer. Em doses pequenas, tentando não perce- ber, vai afastando uma dor aqui, um ressentimento ali, uma revolta acolá. Se o cinema está cheio, a gente senta na primeira fila e torce um pouco o pescoço. Se a praia está contaminada, a gente molha só os pés e sua no resto do corpo. Se o trabalho está duro, a gente se consola pensando no fim de semana. E se, no fim de semana, não há muito o que fazer, a gente vai dormir cedo e ainda fica satisfeito porque tem sempre sono atrasado. A gente se acostuma para não se ralar na aspereza, para preservar a pele. Se acostuma para evitar feridas, sangramentos, para esquivar-se de faca e baioneta, para poupar o peito. A gente se acostuma para poupar a vida. Que aos poucos se gasta, e que, gasta de tanto acostumar, se perde de si mesma. COLASANTI, M. Eu sei, mas não devia. Rio de Janeiro: Rocco Editora, 1996. p. 9. Adaptado. 10. (CESGRANRIO — 2023) Considerando-se a combinação entre tempos e modos, a frase que atende à norma-padrão é: a) Como chovesse muito pela manhã, resolvi sair à tarde. b) Se nós nos acostumássemos, seremos felizes. c) Ela ligaria para mim quando chegar. d) Embora eu precisava ser visto, sou ignorado. e) Se você dormir cedo, ficaria satisfeito. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Amanda - amanda-lov@hotmail.com, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. 144 11. (CESGRANRIO — 2023) “A gente se acostuma a abrir o jornal e a ler sobre a guerra. E, aceitando a guerra, aceita os mortos” (parágrafo 4) Nesse trecho, a oração destacada apresenta, em relação à seguinte, o valor semântico de a) causa b) concessão c) comparação d) conformidade e) consequência Leia o texto para responder às questões 12 e 13. Empreendedorismo social: um caminho para quem quer mudar o mundo Ainda que não exista uma concepção única sobre o empreendedorismo social, de forma geral, o conceito está relacionado ao ato de empreender ou inovar com o objetivo de alavancar causas sociais e ambientais. A meta é transformar uma realidade, promover o bem-estar da sociedade e agregar valor com cunho social. Um empreendedor social produz bens e serviços que irão impactar positivamente a comunidade em que ele está inserido e solucionar algum problema ou necessidade daquele grupo. Apesar de poder ter retorno financeiro, os empreendimentos sociais analisam seu desempenho a partir do impacto social gerado por sua atuação. Vale ressaltar que, apesar de apresentarem muitas similaridades, empreendedorismo social e negócio social não são sinônimos. O empreendedorismo social cria valor por meio da inovação, que gera uma transformação social. O foco não é o retorno financeiro, mas a resolução de proble- mas sociais e o impacto positivo. Enquanto isso, os negócios sociais seguem a lógica tradicional do mercado, porém com a ambição de gerar valor social. Cinco características também são essenciais para a iniciativa: ser inovadora; realizável; autos- sustentável; contar com a participação de diversos segmentos da sociedade, incluindo as pes- soas impactadas; e promover impacto social com resultados mensuráveis. Quem tem interesse de atuar nessa área precisa trabalhar em grupo e formar parcerias, saber lidar bem com as pessoas e buscar formas de trazer resultados de impacto social. Além disso, o profissional precisa ter flexibilidade e vontade de explorar, pois é possível que ele acabe exercendo um papel que não seja necessariamente na sua área de formação, ou que sua atuação se transforme rapidamente, por conta do dinamismo e das necessidades do negócio. MENDES, T. Empreendedorismo social: um caminho para quem quer mudar o mundo. Na prática, 7 jul. 2022 Disponível em: https://www.napratica.org.br/empreendedorismo-social/. Acesso em: 2 set. 2022. Adaptado 12. (CESGRANRIO — 2023) O emprego da vírgula atende às exigências da norma-padrão da língua portuguesa em: a) A execução de novas tarefas em um supermercado, envolve a disposição dos funcionários de aceitarem as mudanças propostas pelo RH. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Amanda - amanda-lov@hotmail.com, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. LÍ N G U A P O RT U G U ES A 145 b) Ao consultar os fornecedores de produtos para suas lojas, os responsáveis por esse departa- mento devem ser cuidadosos. c) A escolha do funcionário para proferir uma palestra em nome da empresa, compete à adminis- tração da instituição. d) O profissional interessado em mudanças na sua área de atuação deve estudar, com antecedên- cia as suas possibilidades de crescimento. e) Para desenvolver projetos cabe ao gerente da organização, a iniciativa de implementar novas técnicas à disposição dos empreendedores. 13. (CESGRANRIO — 2023) A palavra destacada atende às exigências de concordância de acordo com a norma-padrão da língua portuguesa em: a) A administração de empresas de tecnologia e o marketing profissional estão envolvidos na pro- moção de novos negócios na área econômica. b) A assistência social às pessoas carentes e os cuidados com o aparecimento de novas doenças são necessárias para manter a saúde da população. c) A iniciativa de implementar mudanças nas empresas e o sucesso ao alcançar êxito são come- moradas pelos funcionários. d) O financiamento de projetos e a assistência aos necessitados, desejadas pelos empreendedores sociais, precisam da atenção redobrada dos responsáveis. e) A vacinação de toda a população e a intensificação dos estudos sobre a pandemia devem ser implementados pelas autoridades. 14. (CESGRANRIO — 2023) O emprego da vírgula está plenamente de acordo com a norma-padrão no seguinte período: a) A agricultura depende, de serviços para combater pragas e manter a disponibilidade de água. b) A água é uma das maiores dádivas, que o planeta nos concede e um dos recursos naturais mais lembrados quando se considera o futuro da humanidade. c) Apesar de nosso país apresentar inúmeros atrativos naturais, a maioria das áreas de proteção ambiental ainda precisa cuidar da infraestrutura básica. d) O Brasil tem a maior diversidade, de todas as partes do planeta Terra ondeexiste ou pode existir vida e ampla variedade de paisagens. e) O fato de que devemos nos preocupar com o meio ambiente e economizar água deixou de ser, há muito tempo um simples conceito. Leia o texto para responder às questões 15, 16 e 17. Implantação do código de ética nas empresas Desde a infância, estamos sujeitos à influência de nosso meio social, por intermédio da família, da escola, dos amigos, dos meios de comunicação de massa. Ao nascer, o homem já se defronta com um conjunto de regras, normas e valores aceitos em seu grupo social. As palavras “ética” e “moral” indicam costumes acumulados — conjunto de normas e valores dos grupos sociais em um contexto. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Amanda - amanda-lov@hotmail.com, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. 146 A ética é um conjunto de princípios e disposições cujo objetivo é balizar as ações humanas. A ética existe como uma referência para os seres humanos em sociedade, de modo tal que a socie- dade possa se tornar cada vez mais humana. Ela pode e deve ser incorporada pelos indivíduos, sob a forma de uma atitude diante da vida cotidiana. Mas ela não é um conjunto de verdades fixas, imutáveis. A ética se move historicamente, se amplia e se adensa. Para entendermos como isso acontece na história da humanidade, basta lembrarmos que, um dia, a escravidão foi consi- derada “natural”. Ética é o que diz respeito à ação quando ela é refletida, pensada. A ética preocupa-se com o certo e com o errado, mas não é um conjunto simples de normas de conduta como a moral. Ela promove um estilo de ação que procura refletir sobre o melhor modo de agir que não abale a vida em sociedade e não desrespeite a individualidade dos outros. As empresas precisam desenvolver-se de tal forma que a conduta ética de seus integrantes, bem como os valores e convicções primários da organização, se tornem parte de sua cultura. Assim, a ética vem sendo vista como uma espécie de requisito para a sobrevivência das empresas no mundo moderno e pode ser definida como a transparência nas relações e a preocupação com o impacto das suas atividades na sociedade. Muitos exemplos poderiam ser citados de empresas que estão começando a valorizar e a aler- tar seus funcionários sobre a ética. Algumas empresas já implantaram, inclusive, um comitê de ética, o qual se destina à proteção da imagem da companhia. É preciso, portanto, que haja uma conscientização da importância de uma conduta ética ou mesmo a implantação de um código de ética nas organizações, pois a cada dia que passa a ética tem mostrado ser um dos caminhos para o sucesso e para o bem comum, agregando valor moral ao patrimônio da organização. O Código de Ética é um instrumento de realização dos princípios, da visão e da missão da empre- sa. Serve para orientar as ações de seus colaboradores e explicitar a postura social da empresa em face dos diferentes públicos com os quais interage. É da máxima importância que seu con- teúdo seja refletido nas atitudes das pessoas a que se dirige e encontre respaldo na alta admi- nistração da empresa, que, tanto quanto o último empregado contratado, tem a responsabilidade de vivenciá-lo. As relações com os funcionários, desde o processo de contratação, desenvolvimento profissio- nal, lealdade mútua, respeito entre chefes e subordinados, saúde e segurança, propriedade da informação, assédio profissional e sexual, alcoolismo, uso de drogas, entre outros, são aspectos que costumam ser abordados em um Código de Ética. Cumprir horários, entregar o trabalho no prazo, dar o seu melhor ao executar uma tarefa e manter a palavra dada são exemplos de atitu- des que mostram aos superiores e aos colegas que o funcionário valoriza os princípios éticos da empresa ou da instituição. O Código também pode envolver situações de relacionamento com clientes, fornecedores, acio- nistas, investidores, comunidade vizinha, concorrentes e mídia. O Código de Ética pode esta- belecer ações de responsabilidade social dirigidas ao desenvolvimento social de comunidades vizinhas, bem como apoio a projetos de educação voltados ao crescimento pessoal e profissional de jovens carentes. Também pode fazer referência à participação da empresa na comunidade, dando diretrizes sobre as relações com os sindicatos, outros órgãos da esfera pública, relações com o governo, entre outras. Portanto, conclui-se que o Código de Ética se fundamenta em deveres para com os colegas, clientes, profissão, sociedade e para consigo próprio. MARTINS,Rosemir. UFPR, 2003. Disponível em: https://acervodigital. ufpr.br. Acesso em: 16 nov. 2022. Adaptado O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Amanda - amanda-lov@hotmail.com, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. LÍ N G U A P O RT U G U ES A 147 15. (CESGRANRIO — 2023) O acento grave indicativo de crase está empregado de acordo com a norma-padrão da língua portuguesa em: a) A conclusão dos projetos da empresa, durante o ano de 2020, foi realizada à custa de muito empenho por parte dos empreendedores e dos funcionários especializados. b) A preocupação da empresa com os funcionários destinados à catalogar os arquivos de maior importância justifica os altos valores a eles atribuídos. c) A valorização da ética em uma instituição é uma oportunidade de integrar todos os funcionários nos mesmos objetivos e se aplica à diversas situações por que passa toda a organização. d) O conjunto de valores, individuais ou coletivos, que orienta as relações sociais deve garantir o cumprimento daquilo que é esperado por toda à comunidade. e) Os indivíduos estabelecem a principal meta de suas vidas, a fim de alcançar à realização de seus sonhos ao final de seu percurso. 16. (CESGRANRIO — 2023) O texto pode ser dividido em duas grandes partes. Na primeira parte, apresenta-se a definição do conceito de “ética” e, na segunda parte, apresentam-se a) consequências econômicas da implantação dos códigos de ética no dia a dia das empresas. b) exemplos de ações que devem ser implementadas para atender aos códigos de ética das empresas. c) explicações sobre diferentes concepções de ética em função dos objetivos das empresas. d) penalizações a serem infringidas aos funcionários que desrespeitarem o código de ética da empresa. e) situações concretas em que os conceitos de “ética” e “moral” se aplicam no processo de seleção de pessoal. 17. (CESGRANRIO — 2023) Um trecho do texto que apresenta uma definição de ética é a) “Ao nascer, o homem já se defronta com um conjunto de regras, normas e valores aceitos em seu grupo social.” b) “A ética é um conjunto de princípios e disposições cujo objetivo é balizar as ações humanas.” c) “As empresas precisam desenvolver-se de tal forma que a conduta ética de seus integrantes, bem como os valores e convicções primários da organização, se tornem parte de sua cultura.” d) “Muitos exemplos poderiam ser citados de empresas que estão começando a valorizar e a aler- tar seus funcionários sobre a ética.” e) “É da máxima importância que seu conteúdo seja refletido nas atitudes das pessoas a que se dirige e encontre respaldo na alta administração da empresa.” 18. (CESGRANRIO — 2023) Brasil, paraíso dos agrotóxicos O Brasil vive um drama: ao acordar do sonho de uma economia agrária pujante, o país desperta para o pesadelo de ser, pelo quinto ano consecutivo, o maior consumidor de agrotóxicos do pla- neta. Balança comercial tinindo; agricultura a todo vapor. Mas quanto custa, por exemplo, uma O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Amanda - amanda-lov@hotmail.com, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilizaçãocivil e criminal. 148 saca de milho, soja ou algodão? Será que o preço de tais commodities – que há tempos são o motor de uma economia primária à la colonialismo moderno – compensa os prejuízos sociais e ambientais negligenciados nos cálculos do comércio internacional? “Pergunta difícil”, diz o economista Wagner Soares, do Instituto Brasileiro de Geografia e Esta- tística (IBGE). A Bolsa de Chicago define o preço da soja; mas não considera que, para se pro- duzir cada saca, são aplicadas generosas doses de agrotóxicos que permanecem no ambiente natural – e no ser humano – por anos ou mesmo décadas. “Ao final das contas, quem paga pela intoxicação dos trabalhadores e pela contaminação ambiental é a sociedade”, afirma Soares. Em seu melhor economês, ele garante que as “externalidades negativas” de nosso modelo agrário continuam de fora dos cálculos. Segundo o economista do IBGE, que estudou propriedades rurais no Paraná, cada dólar gasto na compra de agrotóxicos pode custar aos cofres públicos 1,28 dólar em futuros gastos com a saúde de camponeses intoxicados. Mas este é um valor subestimado. Afinal, Soares contabili- zou apenas os custos referentes a intoxicações agudas. Levando-se em conta os casos crônicos, acrescidos da contaminação ambiental difusa nos ecossistemas, os prejuízos podem atingir cifras assustadoramente maiores. “Estamos há décadas inseridos nesse modelo agrário, e estu- dos mensurando seus reais custos socioambientais são raros ou inexistentes”, diz. Seja na agricultura familiar, seja nas grandes propriedades rurais, “os impactos dos agrotóxicos na saúde pública abrangem vastos territórios e envolvem diferentes grupos populacionais”, afir- ma dossiê publicado pela Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco), entidade que reúne pesquisadores de diversas universidades do país. Não são apenas agricultores e suas famílias que integram grupos de risco. Todos os milhares de profissionais envolvidos no comércio e na manipulação dessas substâncias são potenciais vítimas. E, além deles, “todos nós, diariamente, a cada refeição, ingerimos princípios ativos de agrotóxicos em nossos alimentos”, garante uma médica da Universidade Federal do Ceará (UFC). “Hoje, todo mundo come veneno”, afirma um agricultor. Produtores e especialistas alinhados ao modelo convencional de produção agrícola insistem: sem agrotóxicos seria impossível alimentar uma população mundial em constante expansão. Esses venenos seriam, portanto, um mal necessário, de acordo com esses produtores. Agricul- tores garantem que não há nenhuma dificuldade em produzir alimentos orgânicos, sem agrotó- xicos, para alimentar a população. Segundo eles, “a humanidade domina a agricultura há pelo menos 10 mil anos, e o modelo imposto no século 20 vem apagando a herança e o acúmulo de conhecimento dos métodos tradicionais.” Mas a pergunta que não quer calar é: será que um modelo dito “alternativo” teria potencial para alimentar uma população que, até 2050, deverá chegar a 9 bilhões? Certamente tem muito mais potencial do que o agronegócio que, hoje, não dá conta nem de alimentar 7 bilhões, retrucam estudiosos. Sistemas de produção descentralizados têm muito mais condições de produzir e distribuir alimentos em quantidade e qualidade. Precisamos de outra estrutura agrária – baseada em propriedades menores, com produção diversificada, privilegiando mercados locais e contem- plando a conservação da biodiversidade. A engenheira agrônoma Flávia Londres assina embai- xo e defende que “Monoculturas são grandes desertos verdes. A agroecologia, portanto, requer uma mudança paradigmática no modelo agrário, que resultaria, na verdade, em uma mudança cultural”. KUGLER, H. Revista Ciência Hoje, n. 296, v. 50. RJ: SBPC. set. 2012. Adaptado O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Amanda - amanda-lov@hotmail.com, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. LÍ N G U A P O RT U G U ES A 149 De acordo com as regras de concordância nominal da norma-padrão da língua portuguesa, a palavra destacada está empregada corretamente em: a) A mudança das leis sobre o uso de agrotóxicos e a repressão dos órgãos de vigilância sanitária devem ser implementadas com urgência para evitar mais mortes. b) As leis instituídas para proteger os cidadãos e os ensinamentos dos estudiosos sobre o uso de agrotóxicos devem ser divulgadas para que tenham alcance geral. c) O desenvolvimento de novas estratégias de plantio e a substituição da agricultura convencional pela orgânica são consideradas uma exigência dos tempos atuais para muitos produtores rurais. d) Os estudos realizados por especialistas de saúde em laboratórios e a busca por exterminar doen- ças contagiosas são indicativas do progresso da medicina nos últimos tempos. e) Os procedimentos orientados pelos especialistas e a concessão de verbas públicas pelos órgãos governamentais têm sido entendidas como imprescindíveis para o desenvolvimento da agricul- tura familiar. 19. (CESGRANRIO — 2023) À moda brasileira Estou me vendo debaixo de uma árvore, lendo a pequena história da literatura brasileira. Olavo Bilac! – eu disse em voz alta e de repente parei quase num susto depois que li os primeiros versos do soneto à língua portuguesa: Última flor do Lácio, inculta e bela / És, a um tempo, esplendor e sepultura. Fiquei pensando, mas o poeta disse sepultura?! O tal de Lácio eu não sabia onde ficava, mas de sepultura eu entendia bem, disso eu entendia, repensei baixando o olhar para a terra. Se escrevia (e já escrevia) pequenos contos nessa língua, quer dizer que era a sepultura que esperava por esses meus escritos? Fui falar com meu pai. Comecei por aquelas minhas sondagens antes de chegar até onde queria, os tais rodeios que ele ia ouvindo com paciência enquanto enrolava o cigarro de palha, fumava nessa época esses cigarros. Comecei por perguntar se minha mãe e ele não tinham viajado para o exterior. Meu pai fixou em mim o olhar verde. Viagens, só pelo Brasil, meus avós é que tinham feito aque- las longas viagens de navio, Portugal, França, Itália... Não esquecer que a minha avó, Pedrina Perucchi, era italiana, ele acrescentou. Mas por que essa curiosidade? Sentei-me ao lado dele, respirei fundo e comecei a gaguejar, é que seria tão bom se ambos tives- sem nascido lá longe e assim eu estaria hoje escrevendo em italiano, italiano! – fiquei repetindo e abri o livro que trazia na mão: Olha aí, pai, o poeta escreveu com todas as letras, nossa língua é sepultura mesmo, tudo o que a gente fizer vai para debaixo da terra, desaparece! Calmamente ele pousou o cigarro no cinzeiro ao lado. Pegou os óculos. O soneto é muito bonito, disse me encarando com severidade. Feio é isso, filha, isso de querer renegar a própria língua. Se você chegar a escrever bem, não precisa ser em italiano ou espanhol ou alemão, você ficará na nossa língua mesmo, está me compreendendo? E as traduções? Renegar a língua é renegar o país, guarde isso E depois (ele voltou a abrir o livro), olha que beleza o que o poeta escreveu em seguida, Amo-te assim, desconhecida e obscura, veja que confissão de amor ele fez à nossa língua! Tem mais, ele precisava da rima para sepultura e calhou tão bem essa obscura, entendeu agora? – acrescentou e levantou- se. Deu alguns passos e ficou olhando a borboleta que entrou na varanda: Já fez a sua lição de casa? O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Amanda - amanda-lov@hotmail.com, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. 150 Fechei o livro e recuei. Sempre que meu pai queria mudar de assunto ele mudava de lugar: saía da pol- trona e ia para a cadeira de vime. Saía da cadeira de vime e ia para a rede ou simplesmente começava a andar. Era o sinal, Nãoquero falar nisso, chega. Então a gente falava noutra coisa ou ficava quieta. Tantos anos depois, quando me avisaram lá do pequeno hotel em Jacareí que ele tinha morrido, fiquei pensando nisso, ah! se quando a morte entrou, se nesse instante ele tivesse mudado de lugar. Mudar depressa de lugar e de assunto. Depressa, pai, saia da cama e fique na cadeira ou vá pra rua e feche a porta! TELLES, Lygia Fagundes. Durante aquele estranho chá: perdidos e achados. Rio de Janeiro: Rocco, 2002, p.109- 111. Fragmento adaptado De acordo com o texto, na opinião do pai, a filha deveria a) aprender a língua da avó. b) valorizar a língua materna. c) escrever em idiomas diversos. d) ler outros poemas de Olavo Bilac. e) estudar história da literatura brasileira. 20. (CESGRANRIO — 2022) “Maior fronteira agrícola do mundo está no bioma amazônico”, diz pesquisador da Embrapa O Brasil é um dos poucos países no mundo com a possibilidade de ampliar áreas com a agropecuária. De fato, um estudo da ONU mostra que o país será o grande responsável por produzir os alimentos necessários para atender os mais de 9 bilhões de pessoas que habitarão o planeta em 2050. De acordo com pesquisadores da Embrapa, a região possui potencial e áreas para ampliação sustentável da agri- cultura. Portanto, a responsabilidade do agricultor brasileiro é muito grande. A região amazônica se mostra promissora para a agricultura, pois ela é rica em um insumo fundamen- tal, a água. Estados como Rondônia e Acre têm municípios que recebem até 2.800 milímetros de chu- vas por ano. E isso proporciona a qualidade e a possibilidade de semear mais de uma cultura por ano. Entretanto, as críticas internacionais, quanto ao uso e à ampliação da agricultura na região ama- zônica, são um limitante para a exploração dessas áreas. Para cada nova área aberta para a agricultura, parte deveria ser obrigatoriamente destinada à preservação ambiental, segundo as exigências dos países que compram nossos produtos agrícolas. POPOV, Daniel. Canal Rural. Disponível em https://www.canalrural. com.br/projeto-soja-brasil/noticia/ maior- fronteira-agricola- -mundo-amazonia-embrapa/. 19 set. 2019. Acesso em: 30 nov. 2021. Adaptado No trecho “Portanto, a responsabilidade do agricultor brasileiro é muito grande.”, a palavra desta- cada pode ser substituída, sem prejuízo do sentido, por a) com o fim de b) dessa forma c) apesar de d) porque e) quando O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Amanda - amanda-lov@hotmail.com, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. LÍ N G U A P O RT U G U ES A 151 9 GABARITO 1 C 2 A 3 D 4 C 5 C 6 B 7 E 8 C 9 A 10 A 11 A 12 B 13 A 14 c 15 a 16 b 17 B 18 a 19 b 20 B ANOTAÇÕES O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Amanda - amanda-lov@hotmail.com, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. 152 ANOTAÇÕES O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Amanda - amanda-lov@hotmail.com, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.