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Globalização e Desigualdades

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Tópicos em Ciências 
Sociais: Questões 
Contemporânea
Responsável pelo Conteúdo:
Prof. Dr. Silvio Pinto Ferreira Junior
Revisão Textual:
Prof.ª Esp. Márcia Ota
Globalização e Desigualdades
Globalização e Desigualdades
 
 
• Apresentar o contexto histórico do processo de globalização e a cristalização das desigual-
dades sociais.
OBJETIVO DE APRENDIZADO 
• O Surgimento da Globalização;
• A Globalização na Contemporaneidade.
UNIDADE Globalização e Desigualdades
Contextualização
Para iniciar esta Unidade, leia abaixo a notícia do ataque terrorista à revista 
francesa Charlie Hebdo. Reflita sobre a importância da leitura e da pesquisa para o 
seu conhecimento.
“Veja a repercussão do ataque à revista francesa ‘Charlie Hebdo’
Homens armados invadiram sede de publicação e mataram 12 pessoas.
Revista já havia sido alvo de atentado por publicar charge de Maomé”.
Fonte: Resvista Charlie Hebdo, 12 de Janeiro de 2015
Qual a relação entre globalização e terrorismo?
Por que os ataques terroristas, desde 11 de setembro de 2001 nos EUA, vêm aumentando 
no mundo todo?
Como a notícia repercutiu no mundo todo e o que a velocidade da informação tem a ver com 
a globalização?
8
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O Surgimento da Globalização
No século XVI, com as navegações marítimas, os europeus puderam explorar 
novos continentes até então desconhecidos. Quando os europeus chegam à América 
e Ásia, estabelecem contato com os povos autóctones, sua cultura exótica e passam 
a desfrutar de uma natureza exuberante.
Desde então, abre-se um horizonte de novas possibilidades de relações econô-
micas, políticas, sociais e culturais entre pessoas das mais diversas e contrastantes 
regiões do mundo.
Os principais países que estiveram tecnologicamente prontos para desbravar o 
oceano por meio das navegações marítimas foram Portugal, Espanha, Holanda, 
França e Inglaterra. As especiarias que os europeus exploravam das regiões coloni-
zadas eram expostas e disponibilizadas à venda em importantes centros econômicos 
de comércio, como por exemplo Veneza na Itália, e Delft na Holanda.
Figura 1
Fonte: cdcc.usp.br
À medida que a exploração das terras ocupadas ocorria, extraía-se o que servia ao 
comércio para a venda e troca na Europa, mas também, a cada vez que as embarca-
ções chegavam aos novos territórios, os europeus traziam também muito da cultura 
europeia até então desconhecida aos nativos.
Do comércio, do extrativismo, da colonização e da exploração, de certa forma, 
originaram uma rede de troca de informações, experiências e conhecimentos numa 
ida e vinda de mercadorias, entendendo-se também como parte desse processo o 
tráfico de escravos. Uma rota comercial se desenhava cada vez mais abrangente en-
tre os continentes europeu, americano, asiático, africano e a Oceania. 
A Europa, centro das relações comerciais, vivia então o renascimento. Alguns 
países se afirmavam no cenário político como potências econômicas. Enquanto os 
territórios colonizados eram explorados e saqueados, sua gente era escravizada, ca-
tequizada, expulsa ou exterminada em nome da civilização. Contudo, configura-se 
9
UNIDADE Globalização e Desigualdades
 nesse intercâmbio transnacional um sistema econômico baseado na mercadoria. 
A esse processo de exploração de mercado e acúmulo de riquezas dos países mais 
fortes em detrimento dos mais fracos, chamaremos de capitalismo. 
No entanto, o que nos interessa aqui é constatar que as navegações marítimas 
deram origem a uma rede de comunicação entre os povos de diferentes origens. 
A  ida e vinda das embarcações levaram e trouxeram muitas transformações para 
ambos os lados, seja para os colonizadores, seja para os colonizados. Aos poucos, 
as línguas foram se misturando, bem como as diferentes etnias e logo alguns hábitos 
foram sendo incorporados cá e lá.
Dessa forma, se compreendemos a globalização como um processo de comu-
nicação em rede entre povos diferentes, aproximando culturas desconhecidas, ala-
vancando potencialidades políticas e econômicas de forma cada vez mais rápida 
e abrangente, então, podemos dizer que a globalização teve sua primeira fase no 
século XVI.
Em Síntese
A primeira fase da globalização se deu com as navegações marítimas do século XVI. As rotas 
traçadas pelas principais potências políticas e econômicas entre colonizadores e colonizados 
estabeleceram um processo de comunicação e, de certa forma, permitiram o contato com 
novas culturas, hábitos, crenças e etnias em nível global. Aos poucos, foram sendo estabe-
lecidas políticas internacionais e a afirmação de um modelo econômico – o capitalismo.
A Globalização na Contemporaneidade
A segunda fase da globalização, como assim alguns estudiosos descrevem, diz 
respeito à reconfiguração geopolítica e econômica a partir do final dos anos 1980. 
O fim da Guerra Fria entre capitalistas e comunistas, mais precisamente a queda, em 
1989, do simbólico muro de Berlim que separava a Alemanha oriental comunista da 
Alemanha ocidental capitalista, define um marco para este processo global recente.
Voltemos um pouco na história para compreender a Guerra Fria. Para tanto, 
devemos retomar alguns aspectos da Segunda Guerra Mundial. Lembremos que a 
Segunda Guerra Mundial foi um conflito entre as principais potências do mundo em 
defesa de mercado para suas indústrias e hegemonia política. 
O conflito se deu pelo fato de os alemães não se subordinarem às duras im-
posições que lhe foram conferidas pelo Tratado de Versalhes assinado no final da 
 Primeira Guerra Mundial. Desta forma, os alemães que haviam perdido 13% de seu 
território para países como a França, Polônia, Dinamarca e Bélgica e proibidos pelos 
aliados de desenvolver forças militares, encontram sob a liderança fascista do Füher 
Adolf Hitler e da criação do partido Nacional socialista, conhecido como Nazismo, 
uma liderança para sair da crise que afundava o país.
10
11
Por outro lado, os EUA se consolidaram, desde a primeira Guerra Mundial, como 
superpotência econômica capitalista e a URSS – União das Repúblicas Socialistas 
Soviéticas – era o contraponto mais incômodo à liderança norte- americana.
Assim, temos no cenário brevemente descrito acima, um conflito global entre três 
modelos econômicos: nazismo, capitalismo e socialismo.
Capitalismo: sistema economico baseado na propriedade privada, produção e consumo. 
Dividido em classes sociais, de um lado os detentores dos meios de produção e de outro o 
trabalhador assalariado;
Socialismo: sistema econômico transitório para se atingir o comunismo. Os meios de produ-
ção são de propriedade comum a todos os cidadãos e são controlados por seus trabalhadores. 
Porém, as ditaduras e o Estado totalitário mantêm o poder até atingir o estágio desejado;
Fascismo: sistema econômico em que um líder carismático exalta a nação e o Estado, bem 
como usa modernas técnicas de propaganda e censura para suprimir pela força a oposição 
política. O nazismo é uma expressão do fascismo.
Para pôr um ponto final na Segunda Guerra Mundial, a derrota dos nazistas ale-
mães só seria possível pela união militar das outras duas forças econômicas. Assim, 
os capitalistas americanos e os socialistas soviéticos aliaram-se, vencendo a guerra. 
Você pode se perguntar – Mas se havia três modelos econômicos em disputa, por 
que os capitalistas se uniram aos socialistas e nenhum destes preferiram se juntar 
aos nazistas?
Pensemos que tanto o capitalismo, como o 
socialismo têm como centro de sua estrutura 
política os meios de produção, o mercado e a 
mercadoria. A diferença básica é que o capita-
lismo se estrutura pelo livre mercado e o so-
cialismo é estruturado pelo Estado totalitário. 
No entanto, o nazismo era o único dos três 
modelos que operava com a política de lim-
peza étnica. A barbárie nazista perseguiu e 
exterminou milhões de judeus, ciganos, imi-
grantes, negros, homossexuais, eslavos e de-
ficientes físicos e mentais.
Para acabar com a barbárie nazista, na-
quele momento, somente com a aliança en-
tre capitalistase soviéticos parecia possível. 
A união das duas forças militares foi capaz 
de pôr fim à guerra, mas com a condição 
de que as potências americana e soviética 
não provocassem um novo conflito, daí a 
Guerra Fria.
Figura 2
Fonte: galeriadefotos.universia.com.br
11
UNIDADE Globalização e Desigualdades
O sentido dado à Guerra Fria diz respeito à Guerra de mercado e de desenvol-
vimento tecnológico que irá marcar as décadas seguintes. Americanos e soviéticos 
procuram expandir suas forças pelo mundo todo por meio de articulações políticas, 
como por exemplo as ditaduras militares na América latina, que foram apoiadas pe-
los americanos temerosos à ameaça socialista/comunista no continente.
Surgiram, desde então, algumas superpotências de ambos os lados como por exem-
plo, EUA, Japão, Inglaterra, França, Itália, Canadá, Alemanha Ocidental, Austrália; 
só para citar alguns dos países capitalistas que foram destacados pelos estudiosos e 
pela mídia como países do primeiro mundo. Do lado socialista, ou seja, do segundo 
mundo, estão grandes potências políticas, econômicas e detentoras de grande parte 
dos recursos naturais como a URSS e a China, e países estratégicos geografica-
mente como a Coréia do Norte, Cuba e Alemanha Oriental. Já o terceiro mundo 
coube aos países periféricos e dependentes que estavam em fase de industrialização; 
portanto , atrasados em comparação aos demais, dentre eles o Brasil.
A cortina de ferro que separava a URSS dos EUA se rompe com o governo de 
Mikhail Gorbachev (1985-1991) no final dos anos 1980. Gorbachev irá criar medi-
das de sustentação da economia soviética; entre elas estão a abertura dos veículos 
de comunicação, novas medidas para atuar no mercado internacional, favorecendo 
exportação e importação, etc.
Entre suas maiores metas governamentais, Gorbatchev empreendeu duas medidas: 
a perestroika (reestruturação) e a glasnost (transparência). A primeira visava moderni-
zar a economia soviética, adotando medidas que diminuíam a participação do Estado 
na economia. Já a glasnost objetivava abrandar o poder de interferência e controle do 
governo nas questões civis.
Essas medidas foram pouco a pouco abrindo o mercado soviético para o mundo, 
o que provocou os primeiros movimentos separatistas das repúblicas soviéticas, en-
fraquecendo paulatinamente o regime.
A Alemanha oriental e a Alemanha ocidental, por fim, decidem acabar com a 
separação política em seu território e se unem com a queda do muro de Berlim, 
símbolo do final da Guerra Fria e início do processo de globalização contemporâneo.
Figura 3
Fonte: esglobal.org
O final da Guerra Fria deixou muitos países em crise, para sair dela e firmarem-se 
como países competitivos, formaram blocos econômicos. O primeiro bloco econô-
mico de muitos outros que se formarão, a partir de então, é a União Europeia. Hoje, 
12
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conhecemos o MERCOSUL, Tigres Asiáticos, Caribean, ALCA, etc. Para sobreviver 
num mundo altamente competitivo a que os americanos projetaram, somente unin-
do forças regionais como os blocos econômicos.
Os blocos econômicos reconfiguraram a política internacional, no sentido legisla-
tivo, monetário, geográfico e cultural.
Então, temos até aqui algumas características da globalização contemporânea. 
São elas: a hegemonia do capitalismo, o gradativo fim do socialismo, a formação de 
blocos econômicos, a abertura dos mercados disputados pelas empresas transnacio-
nais e a abertura dos veículos de comunicação.
Dois outros fatores fundamentais complementam a globalização que descrevemos 
aqui: o surgimento da internet no final dos anos 1980 e a definição de um idioma 
global: o inglês.
A internet está ligada à globalização por ter surgido no mesmo momento his-
tórico que aqui destacamos, qual seja, a Guerra Fria. A união dos mercados por 
intermédio de sistemas financeiros, o desenvolvimento tecnológico dos meios de 
comunicação pelas fibras óticas permitiram uma rápida comunicação em rede e a 
custo baixo. Aos poucos, foram sendo acessíveis à massa nos formatos de compu-
tadores pessoais, notes, tablets e celulares. Assim, estabeleceu-se uma cultura de 
massa consumista e ávida pelas novidades tecnológicas cada vez mais possíveis ao 
cidadão comum.
Você Sabia?
Como Surgiu a internet?
A internet nasceu de uma experiência militar norte-americana durante a Guerra Fria. 
A ideia inicial era criar uma rede de comunicação entre as bases militares, cujos cabos 
eram subterrâneos e de longo alcance, a fim de proteger o sistema de qualquer ataque 
que pudesse destruí-lo. No final dos anos 80, essa tecnologia passou a ser utilizada pelas 
universidades, centros de pesquisas e empresas. Aos poucos, a internet, nos anos 90, foi 
chegando ao uso cotidiano do cidadão comum.
Para Nestor García Canclini:
A globalização pode ser vista como um conjunto de estratégias para re-
alizar a hegemonia de conglomerados industriais, corporações financei-
ras, majors do cinema, da televisão, da música e da informática, para 
apropriar-se dos recursos naturais e culturais, do trabalho, do ócio e do 
dinheiro dos países pobres, subordinando-os à exploração concentra-
da com que esses atores reordenaram o mundo na segunda metade do 
século XX. (2003, pg. 29)
Segundo Canclini, a globalização gerou um processo de desigualdade e exclusão 
social, conforme veremos a seguir. 
13
UNIDADE Globalização e Desigualdades
A acentuação das desigualdades 
sociais provocadas pela globalização
Apesar dos benefícios indiscutíveis que o desenvolvimento tecnológico trouxe 
para o cotidiano das pessoas, uma parcela da sociedade ficou fora ou não alcança 
um patamar mínimo de sobrevivência para uma vida digna.
Para Canclini:
Ao relacionar as estratégias globalizadoras e hibridadoras com as diversas 
experiências da interculturalidade, salta aos olhos que, por mais que se 
forme um mercado mundial das finanças, de alguns bens e circuitos mi-
diáticos, por mais que o inglês se consolide como “língua universal”, as 
diferenças persistem, e a traduzibilidade entre as culturas é limitada. Não 
impossível. Para além das narrativas fáceis da homogeneização absoluta 
e da resistência do local, a globalização nos defronta à possibilidade de 
apreender fragmentos, nunca a totalidade, de outras culturas e refazer o 
que imaginávamos como próprio em interações e acordos com outros, 
nunca com todos. (2003, pg. 114-115)
Aparentemente, a maioria das pessoas no mundo possuem celulares, notebooks, 
frequentam uma universidade, possuem moradia ou realizam o trabalho que sem-
pre sonharam.
Há uma ideologia que envolve a grande massa da sociedade, fazendo-a acreditar 
que tudo isso é possível e está ao alcance de todos; basta querer.
Ideologia: Ideias ou crenças partilhadas que servem para justificar os interesses dos grupos 
dominantes. Há ideologias em todas as sociedades em que existem desigualdades enrai-
zadas sistemáticas entre os indivíduos. O conceito de ideologia tem uma ligação estreita 
com o de poder, na medida em que os sistemas ideológicos servem para legitimar o poder 
diferenciado detido por grupos (GIDDENS, 2004, pg. 694-695).
No entanto, a globalização acentuou o efeito contrário. A grande maioria das 
pessoas no mundo vivem enfrentando um conjunto de problemas que engloba a edu-
cação precária, a falta de acesso à moradia, sem condições mínimas para higiene e 
saúde, saneamento básico, fome, desemprego e discriminação, só para citar alguns 
dos maiores problemas enfrentados por grande parte dos países de todo o mundo. 
Sim, de todo o mundo – inclusive os países ricos.
Vejamos: os países ricos, principalmente aqueles que atingiram o welfere state, ou 
seja, estado de bem estar social, enfrentam, por exemplo, problemas com o equilí-
brio das contas do estado para arcar com as despesas de uma sociedade envelhecida 
por conta da melhora da qualidade de vida. Imagine que um europeu no início do sé-
culo XX chegava em média aos 60 anos e, hoje, sua expectativa de vida já passa dos 
80. Se voltarmos mais ainda na história,na idade média, a maioria das pessoas, ou 
seja, os camponeses, viviam em média 40-45 anos. Vivemos hoje o dobro de tempo!
14
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As epidemias, guerras, escravidão, extermínio, etc.; que existiam sem controle, 
hoje, podem ser controlados (de certa forma) pelos avanços da medicina, da ciência, 
das leis, da educação, dos organismos internacionais como a ONU e a UNESCO, 
OMC, FMI, etc.
Para o mundo de hoje, o enfrentamento de um problema que pode afetar a todos, 
existe mecanismos que envolvem os países do mundo todo, e tais mecanismos podem 
ser acionados em nome dos direitos humanos, da paz e do bem estar. Algo impen-
sável um século atrás.
Tomemos como exemplo a epidemia da AIDS e os avanços da ciência para con-
trolá-la com excelentes resultados, os avanços na legislação para garantir o direito à 
democracia para a maior parte dos cidadãos, bem como os excepcionais avanços na 
tecnologia da comunicação nos últimos 50 anos.
Há toda uma geração capaz de nos contar como era a vida sem TV, porque sim-
plesmente não existia televisão até os anos 1940! O telefone era artigo de luxo até 
pouco mais de meio século. Enviar uma mensagem para alguém poderia levar meses. 
No entanto, hoje, com a comunicação digital, a TV, o cinema, a internet e a informática, 
a informação ficou praticamente à disposição de todos e na palma da mão. Veja bem, à 
disposição não significa que todos terão meios iguais para ter acesso a tudo isso.
Pois bem, há entorno de 6 milhões de migrantes pelo mundo em busca de empre-
go, a criminalidade e o terrorismo são notícias frequentes e há milhões de pessoas 
no mundo desabrigadas, refugiadas, famintas, analfabetas, discriminadas, etc.
O lado cruel da globalização é justamente o aumento da pobreza e da desigualdade.
Parece dicotômico dizer que a globalização, a qual envolve o mundo todo numa 
rede, deixe tanta gente fora dela. Porém, na sociedade de massa, cidadania se con-
funde com consumo, ou seja, na sociedade de consumo, aquele indivíduo que faz o 
capitalismo se regenerar porque trabalha, recebe salários e consome, a este se reser-
va uma visibilidade especial. Há interesse nesse cliente para o setor financeiro, pois 
os bancos lhe abrirão contas, lhe darão crédito, empréstimos, etc. Também no setor 
de serviços, pois o cidadão-consumidor terá acesso a uma formação educacional, 
profissional, cultural, vestuário, lazer, etc.
A principal causa da desigualdade na contemporaneidade está justamente ligada à 
falta de trabalho, inexistência de renda e descrédito no cidadão excluído. 
Façamos aqui um parêntese, o termo “exclusão social” ou “excluídos” fica sem 
sentido quando compreendemos que o capitalismo, sistema econômico hegemônico 
atual, produz ricos e pobres, burgueses e proletários, consumidores e não consu-
midores. Pois, se tudo isso faz parte de um único sistema econômico, então, a própria 
pobreza é gerada pelo acúmulo de capital e da má distribuição de riquezas. Portanto, 
como excluir o próprio produto do capital, ou seja, a pobreza e a desigualdade?
Esse é o grande enfrentamento dos países do mundo. Quando os países pobres não 
conseguem resolver seus problemas políticos, econômicos e sociais, os países ricos 
precisam socorrê-los para evitar as constantes crises mundiais. Por outro lado, os 
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UNIDADE Globalização e Desigualdades
países ricos também vivem crises de desemprego, violência, urbanização acelerada , 
alta densidade demográfica, escassez de recursos naturais, etc. 
Como vemos, a globalização envolve todo o mundo e as desigualdades só podem 
ser combatidas com ações conjuntas entre os países.
Tomemos como exemplo um dos principais fenômenos da globalização – o aumento 
de indivíduos no mundo na condição de imigrante. À medida que o capital está concen-
trado em uma determinada zona geográfica do planeta, as ondas migratórias confluem 
nessa direção. Como o capital migra, ora investe em países ricos, ora em países pobres, 
ora numa determinada região, o fluxo migratório também é mutante. 
Os migrantes, de fato, sempre existiram, porém, o migrante de hoje tem uma ra-
zão muito especial para se deslocar. A principal razão para um indivíduo se deslocar 
de sua cidade, estado ou país em direção a outro, está direta ou indiretamente ligada 
ao trabalho. Portanto, a principal razão para emigrar é a razão econômica.
Ainda que a maioria dos migrantes se desloquem claramente em busca de traba lho, 
existem aqueles que migram para estudar, conhecer idiomas, culturas, etc.; porém, 
tudo isso é valorado e servirá ao indivíduo para encontrar um trabalho melhor. 
Por isso, dizemos que essa migração está ligada indiretamente ao trabalho.
A outra parte que não se inclui nessa maioria que migra em busca de trabalho, 
é composta, em crescentes percentuais, por refugiados e exilados que migram por 
questões políticas, culturais e religiosas. 
Segundo a socióloga Saskia Sassen, antes da Segunda Guerra Mundial, Berlim 
e Viena eram cidades receptoras de grandes migrações de uma vasta região da Eu-
ropa oriental, “a agressiva campanha da Guerra Fria mostrando o Oeste como 
um lugar onde o bem-estar econômico é a norma e é fácil conseguir um em-
prego bem remunerado teve o efeito de induzir a migração para o Ocidente.’’ 
(2010, pg. 120).
Esse contato com o ‘outro’ acaba por gerar choques culturais e atitudes extre-
mas como o surgimento do terrorismo, políticas racistas, discriminação, intolerância, 
 genocídios, etc.
Levantadas estas questões que objetivaram uma reflexão sobre o dualismo provo-
cado pela globalização, ou seja, um lado bom e um lado ruim, conforme destacamos 
acima brevemente, é importante direcionarmos nossa atenção para o futuro que 
estamos construindo. Que atitudes e ações podem ajudar a minimizar as desigual-
dades aprofundadas pela globalização? A participação política de cada cidadão pode 
ser um caminho para novos diálogos? Você já notou que há um crescente levante 
popular que busca se organizar pelas redes sociais para protestar por uma causa em 
comum? A internet pode ser um espaço mais democrático para troca de ideias sobre 
o capitalismo e suas consequências?
Essas perguntas podem nos ajudar a refletir um pouco mais sobre os caminhos 
 abertos pela globalização a partir do final dos anos 1980 e os rumos que foram tomados 
no início do século XXI. 
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Há uma lista grande de aspectos a serem tratados sobre este assunto tão recente 
e tão amplo interesse das ciências sociais. O termo globalização era praticamente 
desconhecido até os anos 1990. Isso quer dizer: ainda que haja uma ampla literatura 
a respeito da globalização, estamos ainda tentando compreendê-la de fato.
Em Síntese
Nesta unidade, estudamos a formação do processo de globalização em duas fases, a 
primeira no renascimento, século XVI, e a segunda com o fim da Guerra Fria no final dos 
anos 1980.
Procuramos relacionar os dois lados da globalização ressaltados amplamente quando se 
trata deste tema, o lado positivo, ou seja, dos avanços tecnológicos, da comunicação em 
rede, da internet, etc.; e o lado negativo, ou seja, da desigualdade causada pelo abismo 
que separa os ‘incluídos’ dos ‘excluídos’, ainda que tanto uns quanto os outros façam 
parte de um único sistema político-econômico – o capitalismo.
Objetivamos aqui apresentar a você, caro(a) aluno(a), argumentos para refletir sobre 
tais aspectos, bem como desenvolver uma visão crítica da globalização contemporânea 
quanto à ideologia otimista que, normalmente, apresenta apenas os aspectos favore-
cedores do capital, enquanto as desigualdades, muitas vezes, são apresentadas como 
descompasso e atraso perante o encantador mundo globalizado, ao qual tantos gosta-
riam de fazer parte.
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UNIDADE Globalização e Desigualdades
Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
 Livros
Globalização e espaço geográfico
SENE, E. de. Globalização e espaço geográfico. São Paulo: Editora Contexto, 2003.
Globalização, cultura e identidade
CARVALHO, A.P. C. de; et al. Globalização, cultura e identidade. Curitiba: 
InterSaberes, 2013.
Globalização e desemprego: diagnóstico e alternativas
SINGER, P. Globalização e desemprego: diagnóstico e alternativas. São Paulo: 
Editora Contexto, 1998.
 Filmes
Privatizações: a Distopia do Capital (2014)
O filme de Silvio Tendler ilumina e esclarece a lógica da política em tempos 
marcados pelo crescente desmonte do Estado brasileiro. A visão do Estado 
mínimo; a venda de ativos públicos ao setor privado; o ônus decorrente das 
políticas de desestatização traduzidos em fatos e imagens que emocionam e se 
constituem em uma verdadeira aula sobre a história recente do Brasil. Assim é 
Privatizações: a Distopia do Capital. Realização do Sindicato dos Engenheiros no 
Estado do Rio de Janeiro (Senge-RJ) e da Federação Interestadual de Sindicatos 
de Engenheiros (Fisenge), com o apoio da CUT Nacional, o filme traz a assinatura 
da produtora Caliban e a força da filmografia de um dos mais respeitados nomes 
do cinema brasileiro.
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Referências
CANCLINI, N. A globalização imaginada. São Paulo: Iluminuras, 2003.
CASTELLS, M. A sociedade em rede. São Paulo: Paz e Terra, 1999.
GIDDENS, A. O mundo na era da globalização. Lisboa: Editorial Presença, 2000.
SASSEN, S. Sociologia da globalização. Porto Alegre: Artmed, 2010.
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