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Impresso por Rafael horácio, E-mail horacio_rafael13@hotmail.com para uso pessoal e privado. Este material pode ser protegido por direitos autorais e não pode ser reproduzido ou repassado para terceiros. 20/11/2023, 15:00:40 8 A importância de estudarmos os precedentes históricos é dupla. Primeiro porque esses precedentes são acontecimentos que marcam o surgimento e a consolidação dos Direitos Humanos na órbita internacional. Segundo porque o assunto é constante em provas de concurso público. Os Direitos Humanos difundiram-se pouco antes da 1ª Guerra Mundial, vindo a se consolidar definitivamente como ramo do Direito Internacional Público, após a 2ª Guerra Mundial, com a criação da ONU em 1945. O impacto que a 2ª Guerra gerou nas relações internacionais é de tamanho relevo que se pode falar que o processo histórico de afirmação dos DH pode ser dividido em antes de depois da 2ª Guerra. Antes, o debate era ainda embriónário, começando a ocupar a pauta de discussões internacionais; depois, passa a dominar a pauta de discussões internacionais. (Barreto, 2014, p. 107) 2. Precedentes Históricos a) Direito Humanitário (Direito das Guerras) O direito humanitário refere-se ao conjunto de normas e de medidas que objetivam proteger os direitos humanos nos períodos de guerra, em especial, prisioneiros, combatentes (feridos, doentes e posto fora de combate) e civis envolvidos. Vamos esclarecer que Direitos Humanos é algo distinto de Direito Humanitário. Direitos Humanos Direito Humanitário são aqueles direitos que vigem em nosso dia a dia, num contexto de normalidade; são os direitos que surge nos momentos de conflitos armados, de confrontos bélicos para proteger as comunidades envolvidas nesses conflitos. O direito humanitário é também é conhecido pelo nome de direito dos conflitos armados direito ou de guerras, nomenclatura muito utilizada no âmbito da Organização das Nações Unidas. Segundo Barreto (2014, p. 102), O maior exemplo do movimento humanitário é o Movimento Internacional da Cruz Vermelha Crescente Vermelho e do , ou, como é mais conhecido, movimento da Cruz Vermelha. Trata-se de um movimento neutro e imparcial não vinculando a qualquer Estado, que está presente em praticamente todos os países do mundo, contando com o apoio de milhões de voluntários, podendo ser considerado o maior movimento humanitário existente no mundo. b) Liga das Nações A Liga das Nações, por sua vez, criada em 1920, após a 1ª Guerra Mundial, teve por finalidade promover a cooperação, a paz e a segurança internacional. Segundo os doutrinadores, embora não tenha conseguido implementar seus objetivos tendo em vista a deflagração da 2ª Guerra Mundial anos mais tarde, a Liga das Nações constitui o “embrião da ONU”. A criação da Liga é fruto da preocupação que a guerra deixou em relação à paz e segurança internacional, que ficaram fortemente ameaçadas pelo conflito armado, levando alguns países, temerosos quanto à possibilidade de um novo conflito armado, a se unir em torno daqueles objetivos. (Barreto, 2014, p. 106). Proteção Internacional dos Direitos Humanos Direito Humanitário Liga das Nações Organização Internacional do Trabalho Impresso por Rafael horácio, E-mail horacio_rafael13@hotmail.com para uso pessoal e privado. Este material pode ser protegido por direitos autorais e não pode ser reproduzido ou repassado para terceiros. 20/11/2023, 15:00:40 9 c) Organização Mundial do Trabalho (OIT) A Organização Mundial do Trabalho (OIT), criada em 1919, com objetivo de instituir e de promover normas internacionais de condições mínimas e dignas de trabalho. Conforme ensina Flávia Piovesan, esses precedentes marcam o surgimento dos Direitos Humanos, que irão se consolidar após a 2ª Guerra Mundial. A criação da Liga é fruto da preocupação que a guerra deixou em relação à paz e segurança internacional, que ficaram fortemente ameaçadas pelo conflito armado, levando alguns países, temerosos quanto à possibilidade de um novo conflito armado, a se unir em torno daqueles objetivos. (Barreto, 2014, p. 107) 3. Internacionalização dos Direitos Humanos A verdadeira consolidação dos Direitos Humanos se deu após a 2ª Grande Guerra Mundial. O seu desenvolvimento pode ser atribuído as monstruosas violações dos Direitos Humanos da era Hitler e o Nazismo e a crença que essas atrocidades não voltassem a ocorrer Portanto, em termos bem simples, podemos dizer que a internacionalização dos direitos humanos nada mais é do que a expansão, para além das fronteiras nacionais, dos direitos fundamentais da pessoa humana, bem como a consagração das normas “jus cogens”. Para o professor Rafael Barreto (2014, p.100), o direito internacional dos direitos humanos denota que os direitos humanos, além da proteção prevista do ordenamento jurídico nacional de cada Estado, interna, também possuem uma proteção internacional, consagrada em normas jurídicas internacionais. O que são normas Jus Cogens? São regras imperativas (jus cogens) são as normas que impõem aos Estados obrigações objetivas, que prevalecem sobre quaisquer outras. Assim, o jus cogens compreende o conjunto de normas aceitas e reconhecidas pela comunidade internacional, que não podem ser objeto de derrogação pela vontade individual dos Estados, de forma que essas regras gerais só podem ser modificadas por outras de mesma natureza. (Caparroz, 2012). Precedentes Históricos Direito Humanitário (direito das guerras) Protege os direitos humanos nos períodos de guerra Liga das Nações Teve por finalidade promover a cooperação, a paz e a segurança internacional. Organização Mundial do Trabalho ( )OIT Institui e promove normas internacionais de condições mínimas e dignas de trabalho. proteção Interna de cada Estado (País) Proteção Internacional dos Dirietos Humanos (externo) Intenacionalização dos Direitos Humanos Impresso por Rafael horácio, E-mail horacio_rafael13@hotmail.com para uso pessoal e privado. Este material pode ser protegido por direitos autorais e não pode ser reproduzido ou repassado para terceiros. 20/11/2023, 15:00:40 10 4. Vertentes de proteção (eixos de proteção) A proteção dos direitos essenciais do ser humano no plano internacional recai em três sub-ramos específicos do Direito Internacional Público: o Direito Internacional dos Direitos Humanos (DIDH), o Direito Internacional Humanitário (DIH) e o Direito Internacional dos Refugiados (DIR). Por originarem de premissas diferentes, por muito tempo prevaleceu uma distinção rigorosa entre as três vertentes direitos humanos direito humanitário direito dos refugiados, como se não houvesse– stricto sensu, e diálogo. Atualmente, é unanimidade de que estas três vertentes se complementam, não se excluem, e podem se fazer presentes simultaneamente em algumas situações. Dessa forma, evitaremos a visão compartimentalizada de proteção dos Direitos Humanos, de maneira que todos os três órgãos servem para a proteção dos Direitos humanos. Com base nesse vetor de interação e não segregação, o Direito Internacional dos Direitos Humanos (DIDH) é, sem dúvida, o mais abrangente 4.1. Direitos Internacional dos Direitos Humanos (Direitos Humanos stricto sensu) Os direitos humanos, enquanto vertente de proteção internacional, ganham relevo na comunidade internacional após o término da 2ª Guerra Mundial, diante do repúdio às violações da dignidade durante a guerra. Em razão disso, os Estados passaram a se reunir e a firmar tratados internacionais que se difundiram e, com o tempo, passaram a ser implementados. Durante a 2ª guerra foram praticadas diversas atrocidades em detrimento das pessoas, vivenciando-se situações de total desprezo à dignidade da pessoa humana, promovendo-se verdadeiro genocídio. Nessa vertente de proteção os Estados decidem, por livre e espontânea vontade (no exercício da soberania), firmartratados internacionais para a proteção dos Direitos Humanos. Esses tratados internacionais, por sua vez, preveem as hipóteses de violação, a forma de apuração e as consequências decorrentes da violação aos Direitos Humanos. A principal característica dessa vertente de proteção reside na possibilidade de um signatário do tratado internacional firmado possuir legitimidade ativa para denunciar violação a direitos humanos, bem como a possibilidade de que o indivíduo, que teve seu direito violado, recorra às organizações internacionais para ver resguardado seu direito humano. Nesse eixo, destacam-se os seguintes organismos internacionais: Organização das Nações Unidas (ONU); e Organização dos Estados Americanos (OEA) Para finalizar, são documentos de destaque dessa vertente: Carta das Nações Unidas, no âmbito da ONU; e Convenção Americana de Direitos Humanos, no âmbito do Sistema Americano. 4.2. Direito Humanitário A proteção internacional humanitária objetiva criar condições de paz e de segurança às pessoas que se encontram em condições de vulnerabilidade em razão de conflitos militares e bélicos. Essa vertente da proteção internacional não compreende exclusivamente a responsabilidade do Estado soberano, mas pode abranger também violações decorrentes de grupos armados, de milícias, de grupos racistas etc. Em termos gerais, o Direito Humanitário faz a regulamentação jurídica da violência no âmbito internacional e do modo com que é empregada nos períodos de guerra e de combates armados. No que tange aos organismos de destaque dessa vertente, mencionam os estudiosos: Movimento Internacional da Cruz Vermelha; e vertentes de Proteção dos Direitos Humanos Direitos Humanos Direitos Humanitários Direitos dos Refugiados Impresso por Rafael horácio, E-mail horacio_rafael13@hotmail.com para uso pessoal e privado. Este material pode ser protegido por direitos autorais e não pode ser reproduzido ou repassado para terceiros. 20/11/2023, 15:00:40 11 Tribunal Penal Internacional – que representa a possibilidade de sanção por violação de direito humanitário. Em relação ao documento de destaque desse período, cita-se o denominado Direito de Genebra, que contempla quatro normas internacionais, editadas e Genebra relativas à proteção das vítimas em combate. 4.3. Direito dos Refugiados O Direito dos Refugiados relaciona-se com a proteção aos direitos civis, em decorrência de discriminação (cultural, racial), de limitações às liberdades de expressão e de opinião política. A proteção dos refugiados demanda especial atenção na temática dos direitos humanos, sendo objeto de disciplina por normas internacionais. Pode-se dizer que refugiado é o indivíduo que se encontra fora de seu país devido a temores fundados de perseguição por motivos discriminatórios e a ele não pode ou não deseje regressar, bem como aquele que, não tendo nacionalidade, se encontre fora do país de sua residência habitual pelas mesmas razões. (Barreto, 2014, p. 170) A condição de refugiado denota a violação de direitos humanos básicos previstos na Declaração Universal dos Direitos Humanos e possui relação com o direito de solicitar asilo, previsto no art. 14, da referida declaração. Artigo 14 I) Todo o homem, vítima de perseguição, tem o direito de procurar e de gozar asilo em outros países. II) Este direito não pode ser invocado em casos de perseguição legitimamente motivada por crimes de direito comum ou por atos contrários aos objetivos e princípios das Nações Unidas. Dois princípios informam essa vertente: 1. princípio do in dubio pro refugiado – tra -se de presunção relativa que obriga, desde logo, ta a conferir proteção ao refugiado para ulterior averiguação da situação da pessoa. Cria-se a presunção de que, se a pessoa pede asilo, é porque ela sofreu violação dos seus direitos; e 2. princípio da não-devolução (non-refoulement) nenhum dos Estados dev– e expulsar pessoa para território em que a sua vida ou liberdade se encontrem ameaçadas em decorrência de etnia, de religião, de nacionalidade, de grupo social ou de opiniões políticas. O marco histórico desse período é o pós 2ª Guerra Mundial, quando houve a necessidade de os vencedores da Guerra repatriarem as vítimas dos conflitos bélicos. O documento mais importante dessa vertente, por sua vez, é o Estatuto dos Refugiados, de 1951. 5. Sistemas jurídicos internacionais protetivos de direitos humanos. A noção de sistema jurídico remonta a um conjunto de normas jurídicas coordenadas, integradas a um Ordenamento, de modo que, quando se fala de sistema jurídico internacional protetivo de direitos humanos se fala sobre um conjunto de normas jurídicas internacionais que tem por objeto a tutela dos direitos humanos e que estão integradas a um Ordenamento. (Barreto, 2014, p.114) O professor Rafael Barreto ensina que quando se fala de sistema jurídico internacional protetivo de direitos humanos se fala sobre um conjunto de normas jurídicas internacionais que tem por objeto a tutela dos direitos humanos e que estão integradas a um Ordenamento. No tocante aos Sistemas de Proteção aos Direitos Humanos temos o Sistema Global (também chamado de Sistema ONU) e os Sistemas Regionais de Proteção aos Direitos Humanos. Não nos cansamos de dizer que a Segunda Guerra Mundial foi a tal ponto assustadora que obrigou os países a cuidar de estabelecer uma nova ordem, especialmente voltada para a prevenção de crimes contra a humanidade. A instituição da ONU, em 1945, estabeleceu um marco divisor do Direito, especialmente no que tange aos direitos humanos. Hoje, a ONU tem 192 países membros e seus principais órgãos são a Assembleia Geral, o Conselho de Segurança, a Corte Internacional de Justiça, o Conselho Econômico e Social, o Conselho de Tutela e o Secretariado, além das organizações setoriais, como a Unesco e a Unicef. Ocorre que, paralelamente ao surgimento da , surgiram também, na ONU Europa América, na e na África, entidades com propósitos de afirmação dos direitos humanos, e que igualmente passaram a produzir documentos internacionais sobre a matéria. (Barreto, 2014, p.114) No âmbito europeu surgiu o conselho da Europa, organização que tem como objetivo a defesa dos direitos humanos e o desenvolvimento democrático, e que produziu instrumentos afirmativos de direitos humanos no continente europeu. Impresso por Rafael horácio, E-mail horacio_rafael13@hotmail.com para uso pessoal e privado. Este material pode ser protegido por direitos autorais e não pode ser reproduzido ou repassado para terceiros. 20/11/2023, 15:00:40 12 No âmbito americano surgiu a Organização dos Estados Americanos (OEA), que produziu diversos instrumentos internacionais afirmativos de direitos humanos no âmbito americano, destacando a Convenção Americana sobre direitos humanos, conhecida como Pacto de San José de Costa Rica. Na África veio a Organização da Unidade Africana, depois convertida em União Africana, que produziu a Carta Africana dos Direitos do Homem e dos Povos. Desse modo, a proteção internacional dos direitos humanos se desenvolveu em planos diferentes: um plano global (ou universal), coordenado pela ONU, aberto a qualquer Estado; e em planos regionais, congregando Estados dos respectivos continentes europeu, americano e africano. IMPORTANTE: Há um sistema global de proteção de direitos humanos, capitaneado pela ONU, e sistemas regionais (ou continentais), capitaneados por entidades regionais. No âmbito americano o sistema se desenvolve em torno da Organização dos Estados Americanos (OEA). Apesar da existência desses múltiplos Sistemas de Proteção, eles não são conflitantes. Há uma coexistência em diferentes níveis, aumentando assim, a proteção dos Direitos Humanos. Ademais, a relação entre os diferentes sistemas é de COMPLEMENTARIEDADE, no sentido que um sistema complementa o outro. Sistemas de proteção dosDireitos Humanos sistema global (ONU) Sistemas regionais Sistema Europeu de Direitos Humanos Organização dos Estados Americanos (OEA) Organização da Unidade Africana Proteção Internacio- nal dos Direitos Humanos Sistema Global (ONU) Sistema Regional Sistema Interno de cada Estado Impresso por Rafael horácio, E-mail horacio_rafael13@hotmail.com para uso pessoal e privado. Este material pode ser protegido por direitos autorais e não pode ser reproduzido ou repassado para terceiros. 20/11/2023, 15:00:40 13 Assim em um eventual conflito de normas pertencentes a sistemas diferentes se utiliza a NORMA MAIS FAVORÁVEL PARA O SER HUMANO. ATENÇÃO: Havendo conflito entre as normas de sistema de proteção diversos, utiliza-se no caso concreto, a norma mais favorável ao ser humano. (Princípio da aplicação da norma mais benéfica à pessoa humana) Vejamos um exemplo: Imagine que em um sistema de proteção “A” tem uma norma que informa que o preso deve ser levado “imediatamente” a presença do juiz; por outro lado, em um sistema de proteção “B” existe uma norma que o preso deve ser levado à presença do juiz em “72” horas. Veja bem, no sistema de proteção “A” a norma é mais favorável ao preso e assim deverá ser usada no caso concreto. 6. Mecanismos de fiscalização dos Tratados Internacionais Nos tópicos anteriores, você estudou o sistema de proteção global e regionais. No sistema global há vários mecanismos de proteção convencionais, fundados nos tratados. Dessa forma, são vários tratados de direitos humanos que preveem mecanismos de monitoramento. Veremos de maneira esquematizadas esses mecanismos. i) Mecanismos convencionais e não convencionais O Direito Internacional dos Direitos Humanos é formado por Mecanismos de natureza convencional e mecanismos de natureza não convencional, se diferenciando, uns dos outros, pelo fato de serem extraídos, ou não, de convenções tratados, . (Barreto, 2014, p. 117) a) Mecanismos Convencionais: são aqueles que resultam de Tratados, Convenções ou Acordos de Direitos Humanos. No documento internacional são fixadas regras a serem observadas pelos signatários dos tratados internacionais, quando da violação de seus preceitos. Assim, os mecanismos convencionais são aqueles previstos nos tratados. b) mecanismos não convencionais: representam medidas afirmativas de Direitos Humanos tomadas nos casos de violações sistemáticas, com a peculiaridade de que são aplicáveis a todos os Estados. Segundo Barreto (2014), uma diferença básica entre os tipos de mecanismos é que os convencionais somente podem ser aplicados e relação aos Estados signatários das Convenções, ao passo que os não convencionais m podem ser aplicados em relação a qualquer Estado. Um grande problema é que A grande questão é que os Estados que promovem violações sistemáticas de direitos humanos não costumam aderir às convenções internacionais, e indaga-se, então, como impor a esses Estados o respeito aos direitos humanos, e é justamente aí que entram os mecanismos não convencionais. Complementa Professor Rafael Barreto. ii) Convenções Gerais e Convenções Especiais As convenções internacionais em matérias de direitos humanos podem ser classificadas, quanto aos sujeitos destinatários dos direitos, em convenções gerais e convenções especiais. a) Convenções gerais: são aquelas que se destinam ao ser humano em geral, aplicando-se a toda e qualquer pessoa como é o caso da Declaração Universal dos Direitos Humanos e do Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos. b) Convenções especiais: objetivam uma determinada classe de ser humano. As convenções especiais partem diante de uma constatação fática que justifique um tratamento especial. Cita-se, exemplificativamente, a Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra a Mulher e a Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência. As convenções especiais sugerem, também, a ação de políticas de fomento para a proteção de grupos marginalizados e/ou vulneráveis. Impresso por Rafael horácio, E-mail horacio_rafael13@hotmail.com para uso pessoal e privado. Este material pode ser protegido por direitos autorais e não pode ser reproduzido ou repassado para terceiros. 20/11/2023, 15:00:40 14 As convenções especiais não criam direitos novos, senão que reafirmam direitos já reconhecidos nas convenções gerais, só que enfatizando esses direitos em relação ao sujeito concreto destinatário da convenção. 6.1. Fiscalização e cumprimento dos Tratados de Direitos Humanos Para que um Estado seja responsabilizado por ferir Direitos Humanos é necessária a existência de órgãos e mecanismos de fiscalização e de cumprimento das obrigações assumidas de nada adiantaria prever as obrigações e não ter como monitorar se elas estão sendo cumpridas. (Barreto, 2014, p. 122) Por conta disso, os tratados internacionais preveem mecanismos de fiscalização, com órgãos de monitoramento e de procedimentos para denúncias e investigações. Iremos analisar os aspectos gerais desses mecanismos de fiscalização, pois cada sistema (global ou regional) e cada tratado preveem regras específicas. 6.2. Órgãos executivos Os órgãos executivos são denominados de COMITÊ COMISSÃO ou que são responsáveis pela fiscalização do cumprimento das obrigações internacionais acerca dos Direitos Humanos. Esses órgãos devem atuar frente as denúncias e os relatórios sobre violação de Direitos humanos. Os comitês ou comissões são órgãos que se aproximam ao Ministério Público aqui no Brasil, que possui a competência para apurar casos de violação de direitos humanos e para acionar em juízo responsáveis por violação de direitos humanos, como ensina Rafael Barreto. Dessa forma, esses órgãos internacionais são os primeiros a terem contato com as violações de Direitos Humanos e assim, tomar as medidas necessárias instaurando um tipo de “inquérito civil”. É possível, também, a esses órgãos executivos, a realização de investigações no Estado acusado, que tem o dever de cooperar com as atividades desenvolvidas para a elucidação da situação. A depender do sistema, eles possuem ainda competência para denunciar o Estado violador de direitos humanos perante um Tribunal Internacional, atuando como órgão acusador. É o que ocorre, por exemplo, no sistema interamericano, em que a Comissão lnteramericana de Direitos Humanos possui legitimidade para acionar Estados na Corte. Já no sistema universal existem vários órgãos executivos, sendo principal o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos, que é uma espécie de escritório central da ONU sobre direitos humanos. Recapitulando: o que os órgãos executivos fazem? 1) fiscalização do cumprimento do tratado; 2) recebem reclamações, petições, comunicações interestatais; 3) objetivam, num primeiro momento, acordos para a solução do impasse; 4) realizam investigações. Voltaremos mais adiante sobre esse tema quando trataremos do Pacto de San José da Costa Rica. Mecanismos de �scalização dos Tratados Internacionais Órgãos Execu�vos Tribunais Internacionais Relatórios Pe�ções Individuais Inves�gações de Inicia�va Própria Comunicações Interestatais Impresso por Rafael horácio, E-mail horacio_rafael13@hotmail.com para uso pessoal e privado. Este material pode ser protegido por direitos autorais e não pode ser reproduzido ou repassado para terceiros. 20/11/2023, 15:00:40 15 6.3. Órgãos jurisdicionais Os órgãos jurisdicionais TRIBUNAIS INTERNACIONAIS são os , existentes em cada sistema, e competentes para julgar os Estados acusados por descumprirem as obrigações internacionais em torno dos Direitos Humanos. (Barreto, 2014, p.125) Cada sistema possui sua corte. No sistema da ONU há a Corte Internacional de justiça; no sistema Europeu a Corte Europeia de Direitos Humanos; no sistema interamericano a Corte lnteramericana de DireitosHumanos; e no sistema Africano o Tribunal Africano de justiça e Direitos Humanos. Existe ainda o Tribunal Penal Internacional, que ao contrário que muita gente imagina, não é vinculado a ONU, apesar de ter uma estreita relação. O Tribunal Penal Internacional julga pessoas e não Estados Assim, podemos concluir que os tribunais internacionais, em regra, possuem duas naturezas: criminal ou não criminal. Assim, de uma maneira geral, Os Tribunais Internacionais possuem competência CONSULTIVA e CONTENCIOSA sendo competentes tanto para responder consultas sobre a aplicação do sistema, bem com o para julgar as lides q u e surgem envolvendo as normas do sistema. (Barreto, 2014, p.125) Iremos tratar mais sobre as Cortes quanto tratarmos da Corte Interamericana de Direitos Humanos. Recapitulando: o que as Cortes fazem? 1) função julgadora 2) função contenciosa e consultiva, quanto à interpretação do tratado internacional 4) não podem ser provocados por pessoas 6.4. Relatórios Os relatórios consistem na obrigação que todos os Estados signatários dos tratados internacionais possuem de enviar periodicamente, e sempre que forem solicitados pelos órgãos executivos, um documento relatando as medidas adotadas quanto ao cumprimento das obrigações assumidas no pacto internacional. Segundo Rafael Barreto (2014, p.128), esse mecanismo está previsto em todas as convenções internacionais e possui natureza obrigatória, o que significa dizer que o simples fato de o Estado aderir a uma Convenção já o obriga a encaminhar relatórios ao órgão fiscalizador. Nota: lembrem-se da natureza OBRIGATÓRIA dos relatórios. 6.5. Denúncias ou comunicações interestatais As denúncias interestatais - tecnicamente denominadas comunicações interestatais - consistem em comunicações feitas por um Estado alegando que outro Estado está descumprindo as obrigações assumidas em razão da Convenção. (Barreto, 2014, p. 129) Trata-se de um instituto que um Estado ( ) denuncia um outro Estado de descumprimento de acordo X9 de direitos humanos previstos na Convenção. Em razão dessa comunicação, surge o dever do Estado comunicado de prestar explicações e esclarecimentos ao emissor. Nos ensinamentos de Barreto (2014, p. 129), esse mecanismo não está previsto em todas as Convenções e, quando previsto, costuma ter natureza facultativa, NÃO OBRIGATÓRIA. Denúncias Relatórios Nem todas convenções Internacionais Todas as Convenções Internacionais possuem. Caráter facultativo Caráter obrigatório Não solucionado o impasse entre os Estados, poderão os órgãos executivos (comitê ou comissão) atuar no sentido de dirimir o conflito. Impresso por Rafael horácio, E-mail horacio_rafael13@hotmail.com para uso pessoal e privado. Este material pode ser protegido por direitos autorais e não pode ser reproduzido ou repassado para terceiros. 20/11/2023, 15:00:40 16 De uma maneira geral, o órgão de fiscalização somente admitirá o caso se presentes os seguintes requisitos de procedibilidade: a) é preciso que tenham sido esgotados os recursos internos de solução do conflito (caráter subsidiário da atuação dos órgãos internacionais), o que pode ser excepcionado se houver demora injustificada na via interna ou se a via interna não se mostrar apta a solucionar o caso. b) o mesmo caso não pode estar sendo apreciado por outra instância internacional, evitando uma "litispendência internacional". Conhecendo do caso, o órgão vai instaurar um procedimento para apurar e atuará no intuito de alcançar uma solução amistosa para a questão, apresentando, ao final, um relatório conclusivo sobre o caso. A eficiência desse mecanismo também é discutível, pois não é comum Estado ficar acusando outro de descumprir as Convenções, mormente porque também poderá ser alvo de acusações, conclui Rafael Barreto (2014, p. 130) 6.6. Petições Individuais As petições individuais consistem em denúncias feitas por pessoas, grupo de pessoas ou organizações não governamentais relacionadas com a afirmação dos direitos humanos. (Barreto, 2014 p. 130) As petições individuais são mecanismos mais eficientes do que a denúncias interestatais, pois permite que as próprias pessoas que sofreram violação de direitos humanos façam a denúncia. Uma característica interessante, que poderá ser cobrada em provas, é o fato que as petições individuais não estão previstas em todas as Convenções e, quando previstas, costuma ter na natureza facultativa o que significa dizer que o órgão de fiscalização somente poderá atuar em relação a Estados que tenham declarado aceitar esse procedimento. Para que a petição seja admita pelo órgão de fiscalização existem alguns requisitos de procedibilidade, cabendo destacar os seguintes: a) as petições não podem ser anônimas b) o caso não pode estar sendo apreciado por outra instância internacional e) é preciso esgotar os recursos internos (caráter subsidiário da atuação dos órgãos internacionais), requisito que é dispensado se os órgãos internos se demonstrarem ineficientes, seja por ausência de mecanismos, seja por excessiva demora na atuação. 6.7. Investigações de iniciativa própria A sistemática internacional de proteção dos direitos humanos consagra a possibilidade de os órgãos executivos de fiscalização atuarem por iniciativa própria (motu proprio), sem depender da apresentação de uma denúncia. (Barreto, 2014, p.131) Assim, ao órgão executivo, constituídos pelos tratados junto às organizações, é assegurada a prerrogativa de instaurar, de ofício, procedimento investigativo para apurar notícia de violação de direitos humanos. Esquematizando: Quem pode peticionar? pessoa grupo de pessoas organizações não- governamentais Impresso por Rafael horácio, E-mail horacio_rafael13@hotmail.com para uso pessoal e privado. Este material pode ser protegido por direitos autorais e não pode ser reproduzido ou repassado para terceiros. 20/11/2023, 15:00:40 17 Mecanismos de fiscalização dos Tratados Internacionais 1. Órgãos executivos Comissão e comitê - são responsáveis pela fiscalização do cumprimento das obrigações internacionais acerca dos Direitos Humanos. 2. Órgãos jurisdicionais são os TRIBUNAIS INTERNACIONAIS, existentes em cada sistema, e competentes para julgar os Estados acusados por descumprirem as obrigações internacionais em torno dos Direitos Humanos. 3. Relatórios É obrigação que todos os Estados signatários dos tratados internacionais possuem de enviar periodicamente, e sempre que forem solicitados pelos órgãos executivos, um documento relatando as medidas adotadas quanto ao cumprimento das obrigações assumidas no pacto internacional Natureza OBRIGATÓRIA nos tratados 4. Denúncias ou comunicações interestatais consistem em comunicações feitas por um Estado alegando que outro Estado está descumprindo as obrigações assumidas em razão da Convenção. Natureza FACULTATIVA nos tratados 5. Petições Individuais consistem em denúncias feitas por pessoas, grupo de pessoas organizações não ou governamentais relacionadas com a afirmação dos direitos humanos Natureza FACULTATIVA nos tratados 6. Investigações de iniciativa própria a possibilidade de os órgãos executivos de fiscalização atuarem por iniciativa própria (motu proprio), sem depender da apresentação de uma denúncia. Ocorre de ofício 7. Responsabilidade internacional dos Estados em matéria de direitos humanos Após a 2ª Guerra Mundial, surgiu uma série de normas jurídicas tratando da responsabilidade estatal por violação dos Direitos Humanos. O objetivo da responsabilização é exclusivamente buscar maior respeito às normas imperativas, dentre as quais estão os direitos fundamentais do homem. Segundo Rafael Barreto (2014, p. 122), a Responsabilidade é um instituto jurídico relacionado ao descumprimento da obrigação; o descumprimento de uma obrigação faz surgir, para o obrigado, a responsabilidade. Nessa esteira,o Estado que descumprir as obrigações internacionais em torno dos direitos humanos poderá ser responsabilizado. Em nossa história, há vários casos de responsabilização de Estados por violações dos Direitos Humanos, como por exemplo, a Lei Maria da Penha, que sua criação foi devido a uma condenação que o Brasil sofreu nos tribunais internacionais. Essa possibilidade de responsabilização internacional é muito significativa, em especial para as vítimas das lesões, que, muitas vezes, não têm uma reparação adequada no plano interno e ficavam prejudicadas em seus direitos, mas que agora podem socorrer-se dos órgãos internacionais. (Barreto, 2014, p.122) 7.1. Finalidades da responsabilidade internacional Conforme ensina Mazzuoli (2014, p.29), O instituto da responsabilidade internacional tem duas principais finalidades: 1) visa coagir psicologicamente os Estados a fim de que eles não deixem de cumprir com os seus compromissos internacionais (finalidade preventiva); e 2) visa atribuir àquele Estado que sofreu um prejuízo, em decorrência de um ato ilícito cometido por outro, uma justa e devida reparação (finalidade repressiva). O fundamento da responsabilização está no princípio da igualdade da igualdade jurídica entre os Estados. Os Estados signatários dos tratados internacionais são tratados como iguais, de forma que aqueles que violarem as normas devem ser responsabilizados como medida de justiça, ante o tratamento igualitário conferido aos estados. Há uma terceira finalidade da responsabilidade internacional, porém secundária, que é impor aos Estados limites de atuação no plano externo, impedindo-lhes de agir de forma leviana ou da maneira que lhes convém,
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